Pele
A pele, o maior órgão do corpo humano, é geralmente vista como uma janela do bem-estar de uma pessoa, já que pode mostrar...

De acordo com dermatologistas, alterações cutâneas, que vão desde a descoloração ao aparecimento de marcas, podem ser os primeiros sinais de problemas de saúde mais sérios.

Segundo Doris Day, dermatologista no Hospital Lenox Hill em Nova Iorque, quando as pessoas detectam sinais devem procurar um médico. "Quando essas alterações permanecem por algumas semanas, vão e voltam, pode ser até normal. Mas se persistirem, a melhor coisa a fazer é procurar ajuda médica, principalmente se piorar”, diz Day citado num artigo da plataforma brasileira R7.

Erupções cutâneas e manchas na pele

Em geral, uma erupção que não responde ao tratamento e é acompanhada por outros sintomas - como febre, dor nas articulações e dores musculares - pode ser um sinal de um problema interno ou uma infecção. De acordo com a Academia Americana de Dermatologia (AAD), também pode haver relação com uma alergia ou sinalizar uma reação a algum medicamento.

Uma erupção aveludada na parte de trás do pescoço, ou em torno dos braços, normalmente com uma cor ligeiramente mais escura do que o tom de pele normal da pessoa, é um sinal de que o paciente pode ter propensão para o desenvolvimento de diabetes do tipo 2. "Quando noto esses sinais, pergunto ao paciente se o açúcar no sangue estão controlados e verifico sua dieta”, diz Day.

Doris Day também explica que uma erupção roxa nas pernas que não responde à medicação, pode ser um sinal de hepatite C.

Bronzeamento da pele e outras descolorações

De acordo com Day, em pessoas com diabetes, um bronzeamento da pele pode ser um sinal de um problema com ferro no metabolismo. A coloração amarelada da pele, por outro lado, pode ser sinal de insuficiência hepática, e podem ocorrer também nos olhos, alterando sua coloração.

Um escurecimento - principalmente visível em cicatrizes e dobras da pele, bem como sobre as articulações, como cotovelos e joelhos - poderia ser um sinal de doença hormonal, como a doença de Addison, o que afecta as glândulas supra-renais, de acordo com a AAD.

Escoriações

De acordo com a AAD, as pessoas que veem escoriações na pele devem sempre procurar ajuda médica, tendo em vista que podem ser sinais de cancro de pele, doenças internas ou uma síndrome genética.

Um exemplo dado pela Associação Americana de Dermatologia (AAD) é que em uma condição chamada de “exantema eruptiva”, colisões amarelas nos braços, pernas ou regiões lombares, poderia ser um resultado de altos níveis de triglicéridos, indiciando uma diabetes não controlada.

O padrão de distribuição da acne também pode fornecer pistas sobre o problema subjacente. Nas mulheres, a acne que aparece principalmente ao longo da face inferior ou linha da mandíbula pode ser um sinal da síndrome do ovário policístico, de acordo com Day.

A condição, muitas vezes faz com que outros sintomas, como alterações de peso, queda de cabelo e aumento do crescimento de pelos no rosto, apareçam.

Alterações nas unhas

Segundo Doris Day, alterações na cor ou forma das unhas, muitas vezes podem ser um sinal de problemas de deficiência nos órgãos.

Por exemplo, alterações das unhas assemelhando-se a uma infecção fúngica, na verdade, pode ser um resultado de psoríase nas unhas. Pessoas que apresentem dores nas articulações devem levar em conta uma possível artrite psoriática. Além disso, problemas de fígado e problemas renais, também podem causar, em alguns casos, alterações na cor das unhas.

Mudanças na rigidez da pele e secura

Problemas de pressão arterial alta e rins, por vezes, resultam em um espessamento da pele na região das pernas, diz Day. Além disso, a pele muito seca com indícios de comichão, pode indicar problemas hormonais, como uma disfunção da tiróide.

Pessoas com uma doença auto-imune também designada esclerose sistémica, podem apresentar inchaço e endurecimento da pele. Em casos mais graves, pode resultar no endurecimento de órgãos internos, tais como os pulmões ou o coração, de acordo com dados da AAD.

 

Por outro lado, a pele muito frágil e sedosa pode ser um sintoma de uma doença rara do tecido conjuntivo, podendo levar a um linfoma ou mieloma múltiplo. Segundo a AAD, isso afectaria directamente os órgãos internos, em caso de progressão sem tratamento.

Austrália aprovou
As autoridades australianas aprovaram um preservativo desenvolvido no país que possui uma substância capaz de anular quase...

A empresa de biotecnologia Starpharma desenvolveu um composto antiviral denominado VivaGel que segundo os testes de laboratório é capaz de anular até 99,9% o VIH, herpes e outros vírus de transmissão sexual, noticiou a cadeia ABC.

A substância antiviral foi incluída nos lubrificantes de preservativos produzidos pela Ansell, que já foram aprovados pela Administração de Bens Terapêuticos.

Vai ser possível
Um pequeno dispositivo vai passar a ser o suficiente para descobrir se a sua bebida tem droga. O Pd.id, ou Personal Drink ID, é...

O dispositivo, que ainda não é comercializado, recolhe uma pequena amostra da bebida e faz três testes distintos para analisar se a bebida foi ou não alterada. Caso a bebida tenha droga, o consumidor será alertado por uma luz LED incorporada no dispositivo.

O aparelho pode ser conectado a um smartphone, para o qual será enviado um alerta que esclarecerá quais são as drogas que contaminam a bebida, e permite o acesso a uma base de dados actualizada sobre os tipos de drogas usadas.

A equipa que desenhou este aparelho lançou uma campanha de crowdfunding para tentarem angariar 100 mil dólares, de modo a possibilitar a venda do Pd.id no mercado - estimada para Abril de 2015 - com um custo reduzido de cerca de 56 euros. Os responsáveis têm outras metas para o projecto, entre as quais, angariar 500 mil dólares para criar uma base de dados que fornecerá o conteúdo nutricional e calórico da bebida, e aos 750 mil dólares pretendem criar um mapa que destaca quais os estabelecimentos mais seguros para o consumo de bebidas.

“O nosso grande objectivo é capacitar as nossas filhas, filhos, irmãs, irmãos, parceiros, amigos, colegas de trabalho e nós mesmos num mundo que é muitas vezes inseguro”, escreve David Wilson, responsável pelo Pd.id.

Ordem dos Médicos denuncia
O Conselho Regional do Norte da Ordem dos Médicos denunciou ontem listas de espera que "ultrapassam largamente os tempos...

Em conferência de imprensa, o presidente do Conselho Regional do Norte da Ordem dos Médicos (CRN-OM), Miguel Guimarães, disse que "as listas de espera para tratamentos fisiátricos têm aumentado de forma substancial nos últimos anos, em todas as unidades do Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro (CHTMAD)".

O CHTMAD concentra os hospitais de Vila Real, Chaves, Régua e Lamego.

Esta situação deve-se, denunciou o CRN-OM, a "falta de contratação de profissionais, nomeadamente de técnicos de fisioterapia, terapeutas da fala e terapeutas ocupacionais".

Os dados apresentados ontem indicam que, em fisioterapia, existem 255 doentes em espera em Vila Real, 539 doentes em Lamego e 107 doentes em Chaves.

Em terapia da fala são 61 doentes em espera em Vila Real, 52 em Lamego e 127 em Chaves, enquanto em terapia ocupacional são 11 doentes em Vila Real, nove em Lamego e sete em Chaves.

"Existem doentes que estão alguns anos à espera do tratamento prescrito na consulta", indicou o CRN-OM, tendo Miguel Guimarães acrescentado que "esperas aceitáveis em casos de situações agudas (urgentes como por exemplo Acidentes Vasculares Cerebrais, Paralisia Cerebral e crianças) é de uma semana" e "um mês em outros casos".

"Neste momento os atrasos chegam a três anos", disse o responsável do CRN-OM, segundo o qual "o CHTMAD está a recusar, actualmente, consultas de fisiatria a doentes não agudos".

Contactado, o CHTMAD referiu que o tempo de espera médio para consulta de medicina física em todas as unidades do centro hospitalar é de 36 dias.

A unidade hospitalar reconhece algumas dificuldades pontuais nesta área devido a algumas ausências de técnicos de fisiatria, o que disse que tem levado a um aumento dos tempos de espera para início de alguns tratamentos.

Para minimizar estas situações, por exemplo, começou a trabalhar no Hospital de Lamego, no início de Junho, um técnico de fisiatria.

Na conferência de imprensa, em resposta a questões dos jornalistas, Miguel Guimarães disse que, quanto a transferências para outros hospitais, nomeadamente para o Centro de Reabilitação do Norte que abriu em Fevereiro deste ano em Vila Nova de Gaia, "talvez os directores dos hospitais poderão explicar essa questão".

Em resposta, relativamente à transferência de doentes, o CHTMAD diz "cumprir o que está previsto nas regras e procedimentos de referenciação de doentes". A fonte salientou, ainda que sempre que clinicamente se revela necessário, os pacientes são enviados para outras instituições.

Estudos demonstram
Tudo são benefícios para quem o pratica: músculos tonificados, melhoria da capacidade respiratória e circulatória, diminuição...

Um destes estudos, intitulado Nurses Health Study II, permitiu analisar os dados recompilados de quase 70 mil mulheres. Os investigadores analisaram a informação do índice de massa corporal, circunferência de cintura e actividade física.

Os resultados foram ilustrativos: nas mulheres com um índice de massa corporal entre 30 e 34, o risco relativo de padecer de perda auditiva é 17% maior, e se este índice é de 40 ou superior, o risco é de 25% maior do que em comparação com as mulheres cujo índice de massa corporal é menor a 25. 

Ainda assim, em mulheres com uma circunferência de cintura de 80 a 88 cm, o risco relativo de sofrer de perda de audição era 11% maior; se o seu contorno de cintura fosse superior a 88 cm, o risco ascendia até 27% em comparação com mulheres cuja circunferência de cintura fosse inferior a 71 cm.

“Estas investigações mostram que para cuidar do nosso ouvido não basta apenas protegê-lo do excesso de decibéis. Uma boa alimentação e a prática de exercício diário são chaves para evitar problemas circulatórios que, curiosamente se manifestam primeiro no ouvido. Uma elevada taxa de gordura pode ocasionar problemas como ruídos ou zumbidos no ouvido (acufenos) e diminuição na capacidade de distinguir sons (hipoacusia)”, referiu Alexandra Marinho, audiologista da GAES – Centros Auditivos.

Ordem dos Médicos acusa
O Conselho Regional do Norte da Ordem dos Médicos acusou ontem a Administração Regional de Saúde do Norte de colocar em causa o...

Em causa está uma directiva que a Administração Regional de Saúde do Norte (ARS-Norte), de acordo com o presidente do Conselho Regional do Norte da Ordem dos Médicos (CRN-OM), Miguel Guimarães, enviou aos centros de saúde, na qual refere que "a prescrição de aerossolterapia (sistemas de nebulização) e do aspirador de secreções está limitada a situações clínicas seguidas em serviços especializados".

"O CRN recebeu várias denúncias alertando que a imposição da prescrição de cuidados respiratórios domiciliários a consultas de especialidade hospitalar, limita a actuação dos médicos especialistas em Medicina Geral e Familiar, responsáveis pela primeira linha de atuação no SNS (Serviço Nacional de Saúde)", referiu, em conferência de imprensa.

O responsável do CRN-OM acrescentou que esta imposição não "assegura" as condições necessárias que "garantam os cuidados de proximidade e o acesso aos cuidados de saúde que os doentes, com doenças respiratórias crónicas, têm direito" e que "tal situação é particularmente grave no caso de doentes acamados com múltiplas comorbilidades".

Questionado sobre quantos doentes o CRN-OM estima que sejam afectados por esta situação, Miguel Guimarães respondeu que serão "seguramente milhares", acrescentando que "esta iniciativa é iníqua" e "contrária aos princípios do SNS", pelo que recomendou "de imediato a suspensão da directiva".

Contactada sobre esta questão, a ARS-Norte indicou ter "cumprido indicações da Direcção-Geral de Saúde".

Ontem, na mesma conferência de imprensa, o CRN-OM também pediu a "revogação imediata" da Portaria 82/2014, que data de 10 de Abril, a qual reclassifica vários centros hospitalares e admite o encerramento de serviços em vários hospitais.

"É uma portaria que mexe na essência do que é o SNS", disse Miguel Guimarães, dando como exemplo prático a cirurgia cardiotorácica: "Primeiro tem de se analisar quantos centros de cirurgia cardiotorácica é que devem existir por cem mil habitantes. Na região Norte, quantos centros devem existir de cirurgia cardiotorácica? E onde devem ficar? E depois tem de se ver o que já temos. O que é que existe de cirurgia cardiotorácica? O trabalho faz-se da base para o teto e não do teto para a base", defendeu.

Miguel Guimarães enumerou as valências que, de acordo com a leitura feita pelo CRN-OM da portaria em causa, serão "excluídas" ou cuja "existência fica dependente de critérios populacionais não definidos e de referenciação" em cada um das 12 unidades da região Norte.

Questionado, sobre quais os casos que considera mais "escandalosos", o responsável referiu o Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho, que perde cardiologia pediátrica, cirurgia cardiotorácica e cirurgia pediátrica, o de Trás-os-Montes e Alto Douro (hospitais de Vila Real, Chaves, Régua e Lamego) pela sua população "envelhecida" e distância face a unidades de referência, bem como o do Alto Ave (Guimarães e Famalicão) por servir "uma enorme população e estar muito bem equipado".

O CRN-OM considerou que o Despacho 8175/2014, de 23 de Junho, um procedimento concursal que na prática abre vagas para médicos de várias especialidades em determinados hospitais, mostra a "incongruência" da Portaria 82/2014.

"Este despacho abriu, em 17 especialidades, vagas para serviços e hospitais, onde teoricamente segundo a Portaria 82/2014 as especialidades vão deixar de existir ou podem deixar de existir", argumentou.

Contactado, o Ministério da Saúde que preferiu não comentar este pedido de revogação.

IPO de Lisboa e Porto
A campanha de recolha de sangue nos institutos de oncologia de Lisboa e Porto foi um sucesso. Dos dadores que responderam...

Mais de 600 doações de sangue foram conseguidas nos seis dias em que decorreu a campanha de recolha de sangue “Por uma vida com mais sentido”, nos institutos de oncologia de Lisboa e do Porto, informaram estas instituições.

As 614 doações recolhidas entre os dias 14 deste mês e o passado sábado representaram mais do dobro do número registado na melhor semana do ano passado, adiantam os institutos.

Dos dadores que responderam positivamente ao apelo à dádiva, 379 eram novos dadores.

Ao todo, 762 pessoas passaram pelo serviço de dádiva de sangue dos IPO do Porto e de Lisboa”, adiantou.

“Graças ao espírito solidário de todos os que se dirigiram aos IPO para fazer a sua dádiva conseguimos superar os objectivos propostos”, afirmou a directora do serviço de Imuno-Hemoterapia do IPO do Porto, Luísa Lopes dos Santos.

Investigadores de Coimbra desenvolvem
Investigadores da Universidade de Coimbra desenvolveram um programa pioneiro para a infertilidade e “provaram a sua eficácia”...

Uma equipa de especialistas do Centro de Investigação do Núcleo de Estudos e Intervenção Cognitivo-Comportamental (CINEICC), da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra (UC), “desenvolveu e testou o primeiro programa baseado no Mindfulness (atenção plena) para a infertilidade (PBMI) do mundo”.

O programa visa melhorar a qualidade de vida e reduzir a ansiedade e depressão das mulheres que vivem a experiência da infertilidade, “por norma dolorosa e traumática”, afirma a UC, numa nota hoje divulgada e noticiada pelo Jornal de Notícias Online.

O Mindfulness é um treino mental que ensina as pessoas a lidarem com os seus pensamentos e emoções, que “muda o relacionamento com a mente, ensina a distinguir o pensamento útil do pensamento inútil ou mesmo prejudicial”, explica o coordenador dos estudos que culminaram na criação do PBMI, José Pinto Gouveia.

O Mindfulness é “uma abordagem que evidencia a transitoriedade das emoções”, por isso, “há que as reconhecer e não lutar com elas, porque uma cadeia de pensamentos negativos conduz a uma exaustão de energia e a possíveis quadros clínicos como a depressão”, sustenta o investigador.

Trata-se de uma ferramenta "pioneira" de “intervenção psicológica”, sublinha a UC, adiantando que o programa tem gerado “muito interesse junto da comunidade científica internacional”, estando em fase de concretização “parcerias com uma universidade holandesa, um hospital belga e uma clínica de fertilidade da Noruega”.

Para testar a sua eficácia, o programa baseado no Mindfulness para a infertilidade foi “aplicado em 55 mulheres inférteis, de diferentes idades, a realizar tratamento médico em Lisboa, Porto e Coimbra” e abrangeu também “o acompanhamento de um grupo de controlo (sem intervenção) constituído por 41 mulheres inférteis”.

Antes do arranque do PBMI, que contou com a colaboração da Associação Portuguesa de Fertilidade, os dois grupos foram sujeitos a uma avaliação psicológica e revelaram ambos elevados níveis de ansiedade e depressão, refere José Pinto Gouveia.

No final do programa, composto por dez sessões semanais, foram evidenciadas diferenças significativas entre os grupos, concluiu a investigação.

Enquanto as mulheres do grupo de controlo não registaram alterações expressivas em nenhuma das medidas psicológicas, as mulheres submetidas à intervenção diminuíram bastante os níveis de ansiedade e depressão: “aspectos negativos como a vergonha, a derrota ou a autocompaixão e estados de depressão e ansiedade diminuíram muito significativamente”, afirma Ana Galhardo, primeira autora do artigo científico sobre este assunto publicado na revista norte-americana Fertility and Sterility.

Assim, “os pensamentos e sentimentos relacionados ao passado doloroso” (o aborto “anterior”, entre outras situações) ou para o futuro (“eu nunca vou ser mãe”, por exemplo) são reconhecidos “sem tentar suprimir ou modificá-los”, sublinha a investigadora.

 

Recomendações
As emissões provenientes do sol e que atingem a superfície terrestre incluem a luz visível, o calor
Roupa e calor

Se não se proteger do sol, a exposição excessiva pode acarretar vários problemas de saúde, dos quais se destacam, no caso do calor, a desidratação e o golpe de calor e, no caso dos ultravioletas, o cancro da pele e as cataratas.

O vestuário e demais acessórios constituem elementos adoptados pelo homem na protecção não só do calor e do frio, mas também da radiação UV e de outros elementos externos agressivos ao organismo.

Em Portugal, os níveis de UV são frequentemente elevados durante todo o ano, independentemente da temperatura. Porém, enquanto no Inverno a utilização de roupas relativamente densas e que cobrem grande parte do corpo permite proteger, em simultâneo, do frio e das radiações UV, na época de Verão, as temperaturas mais elevadas levam à diminuição do número de peças de roupa e, consequentemente, à exposição de grande parte do corpo, muitas vezes sem a consciência dos efeitos que daí podem advir para a saúde humana.

Assim, em períodos de temperaturas amenas ou elevadas, a escolha do vestuário deve ter em conta o controlo da temperatura corporal (libertando-o do calor em excesso), mas também os raios UV, que podem apresentar níveis elevados mesmo quando as temperaturas são baixas.

Protecção face ao calor
O vestuário apropriado é uma das condições essenciais para a libertação do calor excessivo, salientando-se os seguintes aspectos:

  • Devem usar-se peças de roupa leves, largas e frescas, de preferência de algodão ou poliéster. Quando exposto ao sol, se os tecidos forem pouco densos, optar pelas cores escuras. Quando o tecido é mais denso, não poroso, optar pelas cores claras. Deve aplicar-se protector solar nas áreas expostas directamente ao sol;
  • Se andarem ao ar livre, as crianças e pessoas de pele clara devem usar chapéu, de preferência de abas largas e óculos escuros;
  • Durante a noite, dormir com roupas leves e largas;
  • No caso dos bebés, nos períodos de sono ao longo do dia, utilizar vestuário leve, sem os cobrir com lençóis ou cobertores;
  • Os familiares de idosos que revelem insensibilidade à temperatura ambiente devem procurar aconselhá-los na roupa que utilizam.

Protecção contra radiação ultravioleta
O espectro de radiação UV cobre o intervalo de comprimentos de onda entre os 100 e os 400 nanómetros (milionésimo de milímetro) e divide-se em três zonas (UVA, UVB e UVC).

À medida que a luz atravessa a atmosfera, toda a radiação UVC e grande parte da UVB (cerca de 90%) são absorvidas pelos gases nela contidos (ozono, vapor de água, oxigénio e dióxido de carbono). A radiação UVA é aquela que é menos filtrada pela atmosfera e que mais atinge a terra.

Os níveis de radiação são influenciados por alguns factores ambientais como a altura a que o Sol se encontra, a latitude, o céu encoberto, a altitude, o ozono e a reflexão do solo.

Nos meses de Verão, em que a exposição à radiação solar é mais frequente e, consequentemente, a exposição à radiação UV é maior, deve ter-se particular atenção quando:

  • O céu se apresenta encoberto, pois mesmo nestes casos os níveis de radiação UV podem ser elevados, devido à sua dispersão pelas moléculas de água e outras partículas da atmosfera;
  • Ocorre reflexão, uma vez que a radiação UV é reflectida em vários graus por diferentes superfícies, por exemplo, a areia seca da praia reflecte cerca de 15% da radiação e a espuma do mar cerca de 25%;
  • Se permanece debaixo de uma sombra, por exemplo, a sombra de uma árvore ou de um chapéu-de-sol, esta não oferece suficiente protecção contra a radiação UV.

No entanto, a melhor e mais eficaz protecção para a pele contra a radiação ultravioleta é o uso de roupa apropriada e que cubra o corpo o máximo possível.

Contudo, nem todas as peças de vestuário são adequadas quando se trata de proteger a pele, com eficácia, contra a radiação UV. Devem ter-se em atenção algumas características, como o design da peça de roupa, a densidade e composição do tecido, a cor, o grau de elasticidade e o conteúdo de humidade.

  • A protecção contra a radiação UV é tanto maior quanto maior for a densidade do tecido, ou seja, com uma composição hermeticamente tecida ou de malha;
  • A maioria dos tecidos de algodão ou com uma mistura de algodão com poliéster providenciam uma boa protecção contra a radiação UV. Os algodões contêm pigmentos especiais - denominados ligninas - que actuam como absorvedores de UV, enquanto os poliésteres reflectem a radiação;
  • As cores mais escuras (preto, azul, verde ou vermelho escuro), apesar de se tornarem mais quentes, são mais eficazes do que as mais claras (branco, azul ou verde claro) em bloquear a passagem da radiação UV;
  • A maior parte das peças de vestuário oferece pouca protecção à radiação UV quando se encontram húmidas, esticadas ou desgastadas. Contudo, a lavagem repetida pode aumentar o nível de protecção, principalmente em tecidos como o algodão, pela redução dos espaços existentes entre as fibras do tecido.

Durante os últimos anos, foi introduzido o conceito de Factor de Protecção Ultravioleta (UPF) e, em alguns países, os fabricantes incluem este factor nas etiquetas de vestuário. UPF indica a quantidade de radiação UV que é absorvida pela peça de roupa e é o equivalente ao Factor de Protecção Solar (SPF) nos protectores solares.

Quanto maior for o valor de UPF menor é a quantidade de radiação UV que atinge a pele. Por exemplo, um material com uma UPF de 20 apenas permite a passagem de 1/20 da radiação UV para a pele, ou seja, o material absorve 95% da radiação deixando passar 5%.

Actualmente, já se encontra à venda vestuário específico para protecção UV. Este tipo de vestuário é especialmente tratado com determinados compostos absorvedores de UV, que previnem a passagem de radiação UVA em UVB, sem alterar as suas características e conforto.

Sempre que haja exposição solar, para além dos cuidados na escolha do vestuário, é importante que se utilizem protectores solares de índice elevado (igual ou superior a 30), pois estes constituem uma forma eficaz de protecção contra os efeitos indesejáveis provenientes do sol.

Recomendações gerais
A escolha do vestuário deve ser feita de modo a ser eficaz na protecção contra o calor excessivo, mas também contra as radiações UV, recomendando-se:

  • Em períodos de temperaturas elevadas, se permanecer a maior parte do dia dentro de edifícios, a atenção deverá centrar-se no efeito protector contra o calor;
  • Se pretender permanecer longos períodos em ambientes exteriores, deverá evitar a exposição directa ao sol, em especial, entre as 11 e as 17 horas e utilizar protector solar com índice de protecção elevado (igual ou superior a 30) de duas em duas horas, tendo em consideração as seguintes situações:
  1. Em períodos de temperaturas amenas, a atenção deverá centrar-se no efeito protector contra a radiação UV;
  2. Em períodos de temperaturas elevadas, deverá procurar conjugar os efeitos protectores contra o calor e radiação ultravioleta. Uma vez que os factores de protecção relacionados com a cor e a densidade do tecido variam de forma inversa, quando o nível de radiação UV for elevado, deverá conjugar-se uma peça de roupa mais clara mas com uma densidade maior ou uma peça de roupa escura com uma densidade menor.
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As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico e/ou Farmacêutico.
Alimentos a evitar
A utilização de cremes e outros produtos para prevenir a celulite, assim como a prática de exercício
Celulite

 

 

Assim como existem alimentos que ajudam bastante a prevenir e evitar a celulite, existem outros que se devem evitar ao máximo para que a celulite não apareça.

 

 

 

Esta é uma lista de alimentos que podem contribuir para o aparecimento ou para aumentar os níveis de celulite:

1.       Gorduras
Os fritos e os alimentos ricos em gordura saturada são inimigos para uma pele saudável, pois fazem com que haja um acumular de gordura localizada, o que vai criar ou agravar a celulite. Tenha em consideração que mesmo os alimentos ricos em gorduras boas, ao serem cozinhados a altas temperaturas transformam-se em gorduras saturadas.

2.       Doces
Talvez o tipo de alimentos que, para a maioria, sejam os mais difíceis de resistir. É certo que o açúcar é uma fonte de energia, porém quando consumido em excesso não é transformado em energia mas sim armazenado como gordura. Essa gordura tem tendência a ficar acumulada na pele dando origem ao aparecimento de celulite.

3.       Alimentos ricos em maus hidratos de carbono
Alguns exemplos destes alimentos são o pão refinado, os cereais e a pastelaria industrial. Estes alimentos, por serem metabolizados mais rapidamente no organismo, são facilmente transformados em açúcar que por sua vez acaba por ser armazenado como gordura.

4.       Sódio
O sal em excesso pode levar à retenção de líquidos, o que vai influenciar directamente o aparecimento de celulite. Não basta apenas ter cuidado com o sal que usa para temperar os alimentos, há que ter em atenção também muitos dos produtos que são vendidos nos supermercados, pois podem conter elevado teor de sódio na sua composição. Esteja atento aos rótulos.

5.       Cafeína
A cafeína, quando consumida em excesso, provoca a desidratação do organismo o que por sua vez contribui para a má circulação sanguínea. A má circulação faz com que a celulite aumente, logo procure ingerir cafeína com moderação.

6.       Bebidas com gás
Tal como a cafeína, as bebidas com gás também prejudicam a circulação sanguínea dificultando a irrigação dos tecidos e contribuindo para o aparecimento de celulite.

7.       Bebidas alcoólicas
O álcool também prejudica a circulação sanguínea e causa a retenção de líquidos. Para além disso, o álcool é automaticamente transformado em gordura pelo fígado o que faz com que contribua também para o aparecimento de celulite.

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Cuidados a ter
Quando viaja deve tomar algumas precauções em relação aos medicamentos a utilizar, as causas prováve
Medicamentos viagem

Quando vai viajar, tenha em atenção o seguinte:

- Antes de partir em viagem, faça uma lista de todos os medicamentos de que precisa, incluindo o nome do seu médico e da farmácia onde habitualmente os costuma adquirir;

- Arrume os seus medicamentos, numa bolsa à parte. Leve consigo uma cópia das receitas médicas ou uma declaração do médico que descreva os medicamentos que habitualmente utiliza;

- Leve sempre uma quantidade superior à necessária para a estadia, pois podem surgir imprevistos;

- Nunca deixe medicamentos no carro, onde o calor pode alterar o medicamento;

- Alguns medicamentos podem causar fotossensibilidade ou aumentar a sensibilidade à luz. Verifique com o seu médico ou farmacêutico se pode expor-se ao sol ou quais as precauções adicionais a ter;

- Quando visitar países estrangeiros, fale com o seu médico ou farmacêutico para verificar a necessidade de cuidados especiais, como vacinas, repelentes ou outros medicamentos que deve levar. Tenha atenção à composição dos medicamentos caso os adquira no país de destino, pois o mesmo nome nem sempre significa a mesma composição;

- Não se esqueça dos fusos horários. Se necessário, mantenha um relógio com a hora do seu local de partida, para que possa controlar os intervalos das tomas dos medicamentos;

- Se vai andar de avião, guarde os seus medicamentos na bagagem de mão, de modo a que consiga aceder-lhes durante o voo. Desta forma, evita a exposição dos medicamentos às temperaturas extremas do porão de carga. Esta opção também será útil em caso de extravio de bagagem. Contudo, atendendo a que existem restrições para o transporte de líquidos nos aviões, no caso de transportar este tipo de medicamentos ou medicamentos injectáveis, deverá contactar o Instituto Nacional de Aviação Civil.

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Nasce em Portugal
A linkedcare, aplicação que liga médicos e cidadãos com o objectivo de criar o primeiro ecossistema digital na área da saúde a...

Numa altura em que existe uma multiplicidade de sensores no mercado para medir desempenho das actividades físicas, a linkedcare dá mais um passo na sua visão congregadora da saúde. Com esta plataforma agregadora, o utilizador ficará com o registo de toda a actividade física do mês na sua página mylinkedcare, podendo verificar essa informação e levar a cabo uma análise comparativa das calorias e distancias percorridas ao longo dos meses. Esta informação poderá, posteriormente, partilhada com o seu médico, dando-lhe assim mais informação na hora de fazer um diagnóstico.

“São cada vez mais os portugueses que começam a ganhar consciência da importância da actividade física para a sua saúde e o seu bem-estar e que muitas vezes não têm forma de avaliar a evolução das suas performances. Ao desenvolvermos esta funcionalidade a linkedcare, proporciona um maior controlo sobre os resultados obtidos e acrescenta uma vertente de gestão activa da saúde à utilização de sensores”, afirma Hans-Erhard Reiter, Founder and CEO da linkedcare.

Para ter acesso a esta funcionalidade gratuita basta seleccionar a opção “sincronizar sensor” e depois a respectiva marca de sensores. A linkedcare permite a sincronização com mais de 70 sensores de 21 marcas diferentes, tais como Nike +, Strava, RunKeeper, Garmin Fit, Fitbit, entre outras marcas.

Com a ligação dos utilizadores à linkedcare, é, agora, possível fazer a partilha online com o seu médico, e assim contribuir para que o acompanhamento clinico seja mais assertivo, potenciando desta forma um diagnóstico mais correto.

A linkedcare dispensa a instalação de software e pode ser acedida através de um computador com ligação à internet, sem custos para médicos e cidadãos.

Para mais informações consulte: http://mylinkedcare.com/ e http://www.linkedcare.com/

Sindicato dos Enfermeiros diz
O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses avisa que o funcionamento dos centros de saúde “está em risco” e ameaça marcar novas...

“A grave carência de enfermeiros em todas a instituições de saúde e, particularmente, nos centros de saúde está a colocar em causa a (sua) organização e funcionamento”, justifica a Direcção Nacional do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), em comunicado divulgado na passada sexta-feira. “Os centros de saúde, pela sua complexidade geográfica, características das populações a quem têm que dar respostas, dimensão, proximidade e missão têm, obrigatoriamente, que estar no topo das prioridades do Governo. Apesar de ser esse o discurso oficial, a realidade demonstra o contrário”, critica o sindicato.

Em declarações, Guadalupe Simões, do SEP, defende mesmo que vários programas de saúde e de prevenção "estão a ser postos em causa” devido à falta de profissionais e estima que, para dar resposta cabal às actuais necessidades, seriam preciso recrutar cerca de seis mil enfermeiros para os centros de saúde. Nos hospitais, as necessidades são ainda maiores, calcula, defendendo que faltarão 15 mil enfermeiros.

Sem resposta ao pedido endereçado há três meses para uma reunião, com o secretário de Estado Adjunto da Saúde, a Direcção do SEP lamenta o “autismo” do governante e ameaça avançar com novas formas de luta. Depois da greve nos centros de saúde Arnaldo Sampaio, em Leiria, está já marcada uma nova paralisação, para os próximos dias 22 e 23, nos centros de saúde da Marinha Grande e outras “se seguirão”, avisa.

A carência de enfermeiros tem-se agravado nos últimos tempos, com a saída de muitos profissionais para a reforma ou para o estrangeiro, afirma Guadalupe Simões. "Face ao grau de exaustão que os profissionais estão a atingir, as formas de luta podem vir a generalizar-se", diz a dirigente sindical que considera que as admissões que têm sido anunciadas representam "apenas uma gota no oceano das necessidades".

Produzida em Portugal
Está a chegar uma solução, produzida em Portugal, para aqueles que se esquecem sistematicamente de tomar os medicamentos a...

Um grupo de jovens empreendedores desenvolveu o PharmaAssistant. É uma "caixa inteligente", que se liga a um "smartphone". Emite um sinal sonoro e visual quando está na hora do comprimido.

"Não é para controlar ninguém", explica um dos criadores e director executivo da empresa, Diogo Ortega, mas antes uma ferramenta para lembrar aos mais distraídos que têm que tomar os medicamentos a horas.

Com um sistema de monitorização "online", o sistema permite também que familiares, cuidadores ou profissionais de saúde saibam se os medicamentos foram tomados.

A PharmaAssistant foi uma das "startups" que se apresentou a concurso na Conferência de Lisboa sobre Empreendedorismo, na semana passada. No concurso promovido pela IE – Escola de Negócios, foi a preferida do júri, arrecadando um financiamento de 80 mil euros.

O prémio não é o primeiro que a PharmaAssistant recebe. Um outro galardão conquistado vai levar a equipa para Berlim durante três meses. Na capital alemã, a PharmaAssistant vai desenvolver o produto com a ajuda de uma grande farmacêutica.

Testes ainda este ano
Para já a empresa portuguesa está a aperfeiçoar o protótipo. Diogo Ortega espera começar os testes com utilizadores ainda antes do fim do ano. As parcerias com lares de idosos, residências assistidas e serviços de apoio domiciliário estão encaminhadas, em Portugal e no estrangeiro.

O CEO da PharmaAssistant diz que a aplicação para "smartphone" deverá ser gratuita e o objectivo é que, futuramente, toda a solução (caixa e aplicação) também fiquem a custo zero para o utilizador.

E como é que isso será possível? "Através de parcerias com farmacêuticas e cadeias de farmácias que estejam dispostas a pagar o serviço" e a oferecê-lo aos seus clientes – apresentando, desta forma, uma "mais-valia" face à concorrência.

Nem crime público nem particular
É uma das questões mais sensíveis no debate em curso no parlamento e, também por isso, que mais divide não só os partidos como...

O projecto de lei apresentado pelo Bloco de Esquerda - que foi aprovado na generalidade, mas foi entretanto chumbado - avançava nesse sentido, que é também o apontado pela Convenção de Istambul. Para a deputada bloquista Cecília Honório, esta é "uma alteração de paradigma que se impõe". Mas os restantes partidos mostram reservas, e no grupo de trabalho tem-se apontado para uma posição intermédia, que já foi usada para o crime de maus-tratos, antes de este se tornar público - uma espécie de crime quase público, em que a decisão caberá ao Ministério Público, levando em conta a vontade da vítima.

"Excessivo"
Para a deputada socialista Isabel Moreira a definição da violação como crime público será uma alteração "muito brusca" e "excessiva" como passo inicial. "Tenho dificuldades em entender que o Estado possa avançar, diga a vítima o que disser", afirmou, sublinhando que neste quadro há uma "substituição da vontade da vítima pela vontade do Estado". "Acho excessivo, a vontade da vítima é irrelevante", refere a parlamentar do PS e constitucionalista, que defende que será de ponderar uma solução intermédia. Um cenário que foi também sugerido pelo penalista Rui Pereira, numa audição no parlamento: "Talvez valha a pena encarar, como plataforma transitória, a transformação da violação num crime dessa natureza, quase público, em que o Ministério Público possa dar início ao processo, tendo em conta que, em muitas situações, a estigmatização, vergonha e até pressões dos criminosos impedem que uma mulher violada faça a respectiva queixa".

Para Teresa Anjinho, do CDS, esta é uma proposta "sensata". "Deve haver uma protecção da vontade da própria vítima", refere, sublinhando o perigo de uma "vitimização secundária", um alerta que também foi deixado por algumas das entidades que têm colaborado com o grupo de trabalho. Carla Rodrigues, do PSD, também aponta para uma solução intermédia: a vontade da vítima não deve ser irrelevante, mas "é importante que se dê ao Ministério Público o poder de actuar, para protecção da comunidade". "Temos que encontrar aqui uma solução intermédia", sublinha a deputada.

Entre as entidades ouvidas no grupo de trabalho as posições são divergentes. Para o Conselho Superior da Magistratura (CSM) "deverá ser à vítima que deve caber sempre a decisão". A Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV), no parecer que enviou ao parlamento, diz acompanhar "as preocupações manifestadas pelo CSM quanto à natureza pública deste crime quando cometido sobre adultos, por não estarmos certos de que essa seja a melhor forma de acautelar os interesses da vítima". Já a Associação Portuguesa de Mulheres Juristas e a União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR) manifestam-se favoráveis à tipificação da violação como crime público.

Cientistas tentam saber porquê
A introspecção é uma capacidade exclusiva do ser humano, mas não gostamos da experiência. Cientistas tentam perceber porque é...

Pensar ou causar dor em si próprio? Os cientistas do departamento de Psicologia da Universidade de Virgínia demonstraram que a maioria prefere a segunda hipótese. A conclusão é surpreendente e agora será preciso perceber porquê. Os investigadores de um dos núcleos de psicologia social mais conceituados nos Estados Unidos acreditam que os estudos publicados este mês na revista "Science" são agora mais um passo para entender melhor uma das contradições da existência humana. Por um lado, as neurociências percebem cada vez melhor como é que estamos equipados para nos abstrairmos do mundo real, mergulhando nos pensamentos. Por outro, esse é um dom que não parece ser do nosso agrado, apesar de sermos a única espécie com essa capacidade.

Numa síntese de 11 estudos que explora este paradoxo, os psicólogos perceberam que a aversão vai ao ponto de 67% dos homens e 25% das mulheres não hesitarem em apanhar choques eléctricos quando a alternativa é ficar sozinho 15 minutos numa sala com a simples tarefa de pensar. E isto apesar de terem assegurado instantes antes que pagariam para evitar essa autopunição.

Autores clássicos, como o inglês Bertrand Russell, já tinham percebido que haveria um qualquer duelo do homem com a sua capacidade de autoconsciência. "A maior parte das pessoas prefere morrer a pensar; na verdade, é isso que fazem", escreveu o filósofo. Em pleno século XXI, contudo, esta equipa acredita que está na altura de voltar à pergunta, até porque alguma coisa tem atraído cada vez mais pessoas para técnicas como a meditação, aparentemente porque isso as faz sentir bem.

Resultados O método dos 11 estudos foi relativamente simples. Era pedido às cobaias - estudantes universitários e posteriormente pessoas recrutadas num mercado e numa igreja local - que estivessem períodos entre seis e 15 minutos sentados numa sala sem decoração e sem ter por perto objectos pessoais. Durante esse tempo poderiam pensar no que quisessem. Numa primeira fase, mais de metade dos participantes informou ter sido difícil concentrar-se, mesmo sem haver nada a distrai--los. Quase cinco em dez (49,3%) considerou a experiência desagradável.

Para perceber se era o ambiente asséptico de laboratório que dificultava o desfrutar do tempo a sós, os investigadores desafiaram 15 cobaias a fazer a experiência em casa, seguindo as instruções para ficarem em estado de introspecção por um quarto de hora. No fim, um terço admitiu ter feito batota e não ter resistido a mexer no telemóvel ou a ouvir música.

A descoberta de que a aversão a estar sozinho com os pensamentos foi a mais surpreendente, explicou Erin Westgate, uma das autoras, a investigação visa tentar estudar porque é que parece ser tão difícil pensar e, por outro lado, porque é que há pessoas que lidam melhor com a experiência.

E aqui, os resultados mostram que ainda há muito por perceber. Uma das teorias seria que as pessoas, ao ficarem sozinhas com os seus pensamentos, poderiam começar a "ruminar" sobre os seus defeitos, o que explicaria o desconforto. Mas, ao testar a ideia, a equipa percebeu que pensar em si próprio não estava correlacionado com mais ou menos satisfação. Outro problema poderia ser terem de pensar no próprio momento em como iriam ocupar a cabeça. Porém, quando deram tempo para planear, os resultados não se alteraram.

A única ligação que, para já, dá pistas tem a ver com o tipo de personalidade dos participantes, mas ainda assim as correlações encontradas foram limitadas. Após testes psicológicos, perceberam apenas que quem consegue direccionar os pensamentos para sentimentos de felicidade tem 20% mais probabilidade de encontrar prazer na experiência.

Erin Westgate conta que avaliaram também se usar mais ou menos o telemóvel no dia-a-dia tinha alguma correlação com a capacidade de desfrutar do devaneio mental, o que também não se verificou. O que leva a outra conclusão do estudo: "O uso parece ser um sintoma de um problema, não a causa. Talvez os telemóveis e as redes sociais sejam tão apelativos precisamente porque somos tão maus a entretermo-nos com as nossas cabeças. Se algumas pessoas até preferem electrocutar-se, obviamente que a maioria de nós prefere mexer no telemóvel a pensar."

A investigadora acredita que estamos perante um problema, que não sendo novo está a aumentar e só agora começa a ser estudado: "Dantes havia outras distracções. Ao longo dos séculos, líderes religiosos têm pedido às pessoas para passarem mais tempo em contemplação e silêncio: se fosse fácil aderir a isso, não estaríamos sempre a ouvir a mensagem."

A ideia do grupo é conseguir respostas e encontrar uma forma de treino que permita contrariar o que parece ser a dificuldade natural de desfrutar do pensamento. Enquanto não há novas experiências, Westgaste explica, qualquer adulto pode fazer a experiência em casa. Desde que, por precaução, substitua os choques eléctricos por algo mais inofensivo: uma fotografia desagradável ou uma gravação de um barulho enervante.

Basta escolher um momento do dia em que se esteja sozinho, ir para um corredor sem decoração e deixar todos os bens pessoais, dos telefones ao relógio, na sala ao lado. Se conseguir estar 12 minutos sozinho sem olhar para a fotografia ou ligar o som e apreciar a experiência faz parte de uma minoria. A mente do comum dos mortais, concluí a equipa, "se não for disciplinada não gosta de estar sozinha com ela própria."

Violência contra as mulheres
A Assembleia da República está a preparar um conjunto de alterações legislativas em matéria de violência doméstica e violência...

Desde Março que um grupo de trabalho com deputados de todos os partidos está a analisar as implicações, para a legislação nacional, da Convenção do Conselho da Europa para a Prevenção e o Combate à Violência contra as Mulheres e a Violência Doméstica - ou, resumidamente, a Convenção de Istambul, já ratificada por Portugal e que entrará em vigor a 1 de Agosto. O objectivo passa por identificar as lacunas no quadro legal, face ao que está definido na Convenção. Os trabalhos vão-se estender para a próxima sessão legislativa. O jornal i fez o ponto da situação sobre as alterações que estão a ser analisadas.

Perseguição (stalking)
Se alguém telefonar todos os dias de madrugada para casa de uma pessoa, se lhe mandar insistentemente mensagens, se frequentemente a seguir nos locais que frequenta, o visado terá dificuldades em travar este comportamento na Justiça - a perseguição não está prevista no ordenamento jurídico português. Mas vai deixar de ser assim: quer entre as entidades ouvidas no parlamento, quer entre os vários partidos, a opinião geral é que este crime deve ficar previsto na lei.

O stalking - já criminalizado em vários países - pode ser traduzido como uma perseguição persistente que, podendo não envolver actos que, por si, constituam uma ameaça, se traduz numa invasão da privacidade. "Representa uma inibição da autodeterminação e da liberdade das pessoas", sublinha a deputada social-democrata Carla Rodrigues (que preside ao grupo de trabalho parlamentar), destacando que "face ao que está hoje no Código Penal não é possível um juiz condenar uma pessoa a manter-se afastada". Esse é, aliás, um dos pedidos da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) - "medidas de protecção e penas acessórias que façam face às concretas necessidades levantadas por este fenómeno", nomeadamente a proibição de contacto com a vítima.

Também o cyberstalking - a perseguição, mas na versão aberta pelas novas tecnologias, nomeadamente através das redes sociais - está a ser analisado.

Casamentos Forçados
No actual quadro legal um casamento forçado pode reportar-se aos crimes de sequestro ou coacção, mas não está tipificado no Código Penal. A Convenção de Istambul impõe a "criminalização da conduta de quem intencionalmente forçar um adulto ou uma criança a contrair matrimónio", e também de "quem intencionalmente atrair uma criança ou um adulto" para outro Estado, com o "intuito de os forçar a contrair matrimónio".

Na audição realizada no parlamento, o penalista Rui Pereira defendeu que se "devia criar um ilícito criminal novo", com penas "mais severas que as previstas para o crime de coacção". Entre os partidos, é ponto assente que este crime deve ficar previsto na lei. A Inglaterra criminalizou no mês passado os casamentos forçados, que passaram a ser punidos com a pena máxima de sete anos de prisão.

Mutilação genital feminina (MGF)
É o tema mais consensual dos vários que estão a ser analisados. Em cima da mesa estão dois projectos de lei - do CDS e PSD - já aprovados na generalidade, estabelecendo que a mutilação genital feminina seja autonomizada como crime (público) na lei. Actualmente, a MGF enquadra-se no crime de ofensas à integridade física - a ofensa corporal grave tem uma moldura penal entre os dois e os dez anos de prisão. Os diplomas em discussão estipulam penas até aos 12 anos para quem "mutilar genitalmente, total ou parcialmente, pessoa do sexo feminino, através de clitoridectomia (extracção total ou parcial do clítoris), de infibulação, de excisão ou de qualquer outra prática". Os projectos prevêem ainda punições para quem constranger, incitar ou providenciar meios para esta prática. De acordo com números avançados pela secretária de Estado da Igualdade, Teresa Morais, registaram-se nove casos de MGF em Portugal desde Março.

Violação
Sobre este ponto há apenas uma certeza: o crime de violação vai sofrer alterações, nomeadamente quanto à obrigatoriedade de queixa da vítima (ver texto ao lado). Por decidir está outra alteração de peso: o crime deixar de assentar na existência de violência ou ameaça grave, tal como exige actualmente o Código Penal, passando a ser definido pelo não consentimento. A alteração constava de um projecto de lei do BE que chegou a ser aprovado na generalidade, mas foi depois chumbado em comissão (com as bancadas a apontarem uma questão de timing da votação e não de conteúdo). O BE garante que vai voltar a apresentar o projecto em Setembro, pelo que o tema vai voltar ao grupo de trabalho. O projecto do Bloco - que assenta também na Convenção de Istambul - refere que é no "não consentimento que se configura o atentado à autodeterminação e liberdade sexual, e as demais formas de violência usadas para a consecução do ato só podem ser entendidas como agravantes".

Violência doméstica
No âmbito das audições e pareceres que têm sido enviadas ao grupo de trabalho, outras questões têm vindo a ser levantadas. Uma delas reiteradamente, pelas associações que trabalham nesta área. É o caso da APAV, que destaca a necessidade de medidas de protecção imediata para as vítimas de violência doméstica. "Os tempos judiciais não se coadunam com as necessidades de segurança e protecção das vítimas", destaca a associação, sugerindo que os órgãos de polícia criminal passem a ter a possibilidade de emitir ordens de afastamento imediato do agressor - o "que pode corresponder ao afastamento de residência ou a uma proibição de contactos sob qualquer forma". A APAV sugere que a medida tenha um limite temporal, ficando entretanto sujeita à decisão de um juiz. Também a UMAR (União de Mulheres Alternativa e Resposta) aponta a "necessidade urgente" de uma "medida de polícia", "a aplicar imediatamente pelas autoridades policiais aquando da denúncia ou conhecimento do crime, que imponha ao agressor o seu afastamento da residência". 

Organização não-governamental
Entre projectos de sensibilização, acções de rastreio ou mesmo tratamentos, a organização não-governamental Mundo a Sorrir -...

Só em Portugal, o presidente da organização não-governamental (ONG) adianta que foram feitos quase 12 mil rastreios e mais de 21 mil tratamentos, sobretudo a populações vulneráveis. Miguel Pavão acredita que, de futuro, o trabalho passará cada vez mais pela “aposta na prevenção em saúde”, numa área “muito carenciada” no país.

No mês em que a Mundo a Sorrir completa nove anos de actividade, Miguel Pavão conta que o projecto, que nasceu de uma experiência pessoal de voluntariado que este médico dentista teve em Cabo Verde com a colega Mariana Dolores, acabou por caminhar para vários países e que continua a lutar por garantir o “direito universal de acesso” a cuidados de saúde oral, trabalhando junto dos grupos de maior risco, como idosos, crianças, grávidas ou pessoas com poucos recursos financeiros. De 12 voluntários iniciais, passaram para mais de 600, entre médicos, médicos dentistas, higienistas e nutricionistas.

“Continuam a existir poucos cuidados em termos de saúde oral no país e pouca aposta na prevenção, mesmo em termos nutricionais. Temos um sistema muito voltado não para o direito à saúde mas para o direito a tratar da doença. Penso que é essa a grande viragem que temos de fazer, não tratar as doenças por si só mas olhá-las de forma interligada”, descreve o dentista, que salienta o trabalho feito neste sentido pelo Programa para a Inclusão e Vida Saudável da Mundo a Sorrir. O projecto, que conta com fundos europeus, já chegou através de acções de formação e de rastreios a 54 mil crianças e jovens e deverá terminar o ano com 70 mil.

Desde que começaram a trabalhar em 2005, só em Portugal já deram 2332 palestras de promoção de saúde e cuidados de higiene e é precisamente na “educação não formal e na introdução de conceitos de forma lúdica” que o especialista mais acredita. Para Miguel Pavão, a cobertura do país em termos de saúde oral tem melhorado, sobretudo com os chamados cheques-dentista, atribuídos a alguns grupos definidos como prioritários pelo Plano Nacional de Promoção de Saúde Oral.

O problema, diz, é que a aposta tem estado pouco do lado da prevenção. “Só 3% dos orçamentos de saúde na União Europeia é que são dedicados à promoção e prevenção em saúde”, adianta, exemplificando que tratar um cancro oral, entre cirurgia, quimioterapia e radioterapia, pode custar 100 mil euros, um valor que diz que daria para fazer acções de formação nesta área em todo o país. A ONG não tem ligações directas ao cheque-dentista, mas o médico dentista diz que têm tido uma “lógica de concertação” e adaptado os programas para “ajudar a que políticas como esta sejam melhor executadas” e sem que o trabalho dos voluntários “se sobreponha ao que existe no Estado”. “Nem toda a gente sabe que tem direito aos cheques ou como os utilizar e nos rastreios e acções ajudamos nesse sentido”, ilustra.

As iniquidades no acesso a cuidados de saúde oral continuam a ser um problema em Portugal, com a maior parte dos tratamentos a realizarem-se fora do Serviço Nacional de Saúde. Aliás, em Junho a Entidade Reguladora da Saúde (ERS) publicou um estudo onde se pronuncia sobre os cheques-dentista disponibilizados a alguns grupos de risco no âmbito do Plano Nacional de Promoção de Saúde Oral. No documento, a ERS defende que o programa deveria ser alargado a crianças e jovens de escolas privadas e também aos idosos não beneficiários do complemento solidário e ainda às grávidas que não são seguidas no Serviço Nacional de Saúde.

Por agora, só as crianças de 7, 10 e os jovens de 13 e de 16 anos que frequentam as escolas públicas têm direito a receber estes cheques no valor de 35 euros cada. Até aos seis anos os cheques só devem ser dados a casos graves. O estudo destaca, ainda, outros limites deste plano, como os que se prendem com a definição de um número máximo de cheques-dentista a atribuir a cada grupo. A ERS acrescenta, aliás, que a maioria dos médicos dentistas considera que o número de cheques e o valor destes “não são compatíveis com as necessidades dos beneficiários”.

Transplantados
António Correia Bernardo vive há três décadas com um rim de um jovem que foi vítima de um acidente de moto. “Ganhei uma segunda...

Se continuasse na hemodiálise – fazer diálise nos anos 1980 era um processo complexo, “puxava pelo coração” –, António acredita que não conseguiria ter sobrevivido durante muito tempo. Por isso, quando os médicos do Hospital da Cruz Vermelha, em Lisboa, lhe fizeram o desafio, com as ressalvas absolutamente legítimas na altura – “você vende saúde, mas isto é 50% ciência e 50% sorte” –, nem hesitou. “Tive sorte e também tenho que agradecer à ciência”, reconhece, enquanto se lembra da noite em que foi operado, 30 de Novembro, e do que lhe segredaram ao ouvido quando acordou, horas depois: “Hoje é o dia da independência” (era já 1 de Dezembro, feriado). “E foi mesmo a minha independência”, remata, cheio de entusiasmo.

Nestes 30 anos, na tal segunda vida que o novo órgão lhe proporcionou, fez muitas coisas, tirou “uma nova licenciatura, uma pós –graduação em ciências empresariais e um MBA”.  Um percurso que lhe permitiu dar aulas na universidade Lusíada e na Academia da Força Aérea ainda antes de se reformar. Hoje, António continua atento a tudo o que pode ajudar a prolongar a vida do órgão herdado e da sua vida, por inerência (nestas idades já não se fazem novos transplantes).

O seu “parceiro” (é assim que designa o doente que recebeu o rim direito do mesmo dador) morreu, entretanto. Com a imunidade reduzida, António tem consciência de que necessita de seguir “um plano de vida regrado”. Bebe muita água e praticamente não come carne nem peixe. “Sou lacto-ovo-vegetariano”, descreve, repetindo que tem que “estimar muito este órgão” e que a regra básica é não lhe “dar muito trabalho”.

António Correia Bernardo destacava-se domingo entre os mais de três dezenas de transplantados que subiram ao palco da Biblioteca Almeida Garrett, no Palácio de Cristal (Porto) para serem homenageados. Como forma de assinalar o 45º aniversário do primeiro transplante em Portugal e o dia do transplante , a Sociedade Portuguesa de Transplantação (SPT) decidiu atribuir diplomas a pessoas que receberam rins há mais de 25 anos e conseguiu encher a biblioteca com os homenageados, respectivos familiares e alguns profissionais de saúde que se dedicam a esta actividade. Mesmo assim, os presentes na cerimónia não passam de uma gota do oceano de portugueses que já receberam um transplante de rim. Foram 10 mil pessoas e, destas, cerca de 6600 estão vivas, estima Fernando Macário, presidente da Sociedade Portuguesa de Transplantação.

Os especialistas não se cansam de dizer que um órgão transplantado não é eterno e acaba por vir a ser perdido. Mas os transplantados que se concentraram domingo na biblioteca do Porto são a prova de que é possível ter uma vida prolongada e com qualidade após o transplante. Apesar de ser difícil de definir, o tempo máximo que um órgão transplantado resiste oscila, em média, entre os 12 e os 15 anos, no caso do rim.

Maria Augusta Mendes é outro caso que demonstra que as médias existem para serem ultrapassadas. Foi em plena lua-de-mel que a ex-operária metalúrgica de Marco de Canavezes descobriu que estava doente, tinha então “vinte e poucos anos”. Ainda fez hemodiálise no Hospital de S. João, no Porto, até ser transplantada já lá vão 28 anos. “Nasci de novo”, sintetiza, emocionada, a mulher que depois do transplante teve um filho e conseguiu “fazer uma vida normal”. Aos 62 anos, Maria Araújo Martins, também transplantada há 28 anos, vai mais longe e declara, pomposa, que a experiência, “a quem corre bem , é muito melhor do que o Euromilhões”.

Para Rosa Nascimento, que aos 36 descobriu que padecia da mesma doença que vitimou a mãe (“rins poliquísticos”), o transplante, após o inferno da diálise de “um ano que mais pareceram 11” no Hospital de Curry Cabral, foi também como “ nascer de novo”. “Até me esqueço que tenho um rim novo”, confidencia Rosa, 69 anos, enquanto acaricia a barriga (o órgão transplantado é colocado na fossa ilíaca, sem que haja necessidade de retirar os rins do doente). Rosa sabe que esta benesse não dura para sempre. Dois irmãos seus, afectados pela mesma doença, receberam transplantes mas acabaram por morrer alguns anos depois.  

Crescimento depois de anos de quebra
A aventura dos transplantes em Portugal começou, porém, alguns anos antes de estes doentes terem recebido rins Foi a 20 de Julho de 1969, “no mesmo dia em que o homem foi à Lua”, que em Portugal se fez o primeiro transplante renal, recordou Fernando Macário, durante a cerimónia.

O urologista Linhares Furtado, no Hospital Universitário de Coimbra, arriscou muito para transplantar em condições então bastante complicadas um rim de uma mulher de Sever de Vouga que tentou, desta forma, salvar o irmão gravemente doente. Meses depois, o homem acabou por morrer, e, só passados 11 anos, em 1980, é que iniciou a transplantação renal a partir de dador cadáver, lembrou Fernando Macário. “No início quase incipiente, a actividade veio a impôr-se” e hoje, em Portugal, além do rim, já se fazem transplantes de coração, fígado, pulmão, pâncreas, córnea, medula e osso.

Fernando Macário aproveitou a cerimónia para voltar a defender a necessidade de se facilitar o acesso dos doentes às consultas e tratamentos, porque, se os transplantados faltarem, põem em risco o novo órgão. “É transversal a todas as áreas da saúde: existe alguma dificuldade de acesso dos doentes aos cuidados de saúde”, alertou.

João Cadete, da Associação Portuguesa de Insuficientes Renais, corroborou a denúncia, notando que a associação de doentes que representa, se tem empenhado numa “luta muito grande” pelo direito a transporte pago para as consultas pós-transplante. "Este direito existe para doentes que provem insuficiência económica, mas, mesmo assim, há casos em que lhes é negado o acesso ao pagamento e isto é gravíssimo”, disse.

Para ultrapassar este problema, a SPT reivindica há muito tempo a descentralização do seguimento de doentes transplantados, mas só recentemente é que o Ministério da Saúde decidiu arrancar com esse trabalho.

Hélder Trindade, presidente do Instituto Português do Sangue e Transplantação, adiantou a propósito que essa recolha está em curso e que vai facilitar o atendimento dos doentes.

De resto, a cerimónia de ontem serviu também para alertar de novo que é preciso continua a apostar nesta actividade, que está a recuperar, depois de uma quebra acentuada em 2011 e 2012. A transplantação de órgãos em geral recuperou no ano passado e este ano voltou a aumentar. Hélder Trindade disse mesmo acreditar que há condições para que Portugal consiga chegar este ano ao "3º lugar por milhão de habitantes" nas colheitas, depois de vários anos complicados.

Os números de transplantes e de dadores vinha a cair desde 2010. Mas em 2013 já houve recuperação e os dados do primeiro semestre apontam para um aumento de 20% nos transplantes e de 19% nas colheitas de órgãos, anunciou.

Fernando Macário lembrou que é fulcral optimizar a colheita de órgãos, até no caso do rim, onde a lista de espera continua a ser grande (cerca de duas mil pessoas que aguardam em média quatro anos). "Portugal tem uma razoável taxa de colheita a partir de cadáver, mas quanto mais cedo for feito transplante melhor, sobretudo se o doente for transplantado antes de iniciar a diálise", explicou.

A SPT está empenhada em promover o transplante renal de dador vivo, uma tarefa que começou com a campanha "Doar um Rim Faz Bem ao Coração". Os doentes agradecem.

Estudo
Um estudo recente publicado na revista Sleep Medicine revela que uma noite de sono perturbado pode ser tão prejudicial para a...

O Centro de Terapias Chinesas (CTC) alerta para a existência de mais riscos associados a uma má noite de sono e admite ser no Verão que os portugueses mais sentem dificuldades em dormir. A explicação parece estar na energia e não no calor.

O estudo que foi realizado na Faculdade de Ciências Psicológicas da Universidade de Telavive explica que um sono interrompido (ou simplesmente quando não se consegue descansar) pode significar quatro horas sem dormir no nosso organismo.

Para Wenqian Chen, especialista em Medicina Tradicional Chinesa (MTC) e directora há mais de 20 anos do CTC: “É muito comum as pessoas procurarem-nos porque sentem que não descansam e que acordam cansadas. Uma noite a acordar constantemente é quase igual a uma noite sem dormir. Significa que o nosso corpo está desequilibrado e que é preciso tratar; regular. Felizmente é uma coisa simples. Em duas ou três sessões, consoante o caso, a pessoa volta a descansar e a ter uma boa noite de sono. Mas é muito importante não deixar adiar porque as consequências depois serão maiores e já não terá que se tratar apenas uma insónia.”

Segundo a Medicina Chinesa, os casos de insónia estão associados a distúrbios energéticos no coração e no fígado que podem ser de excesso de Yang e de Ying manifestando-se em sintomas como taquicardia, palpitações, tensão alta, tonturas, enxaquecas.

Chen recomenda ainda que não se consumam alimentos com excesso de picante, nesta altura, e que se procurem vegetais amargos, algo que afirma “os ocidentais quase não consomem”. O exercício físico também deve realizar-se durante a manhã e, no final do dia, ser apenas moderado e relaxante com actividades como reiki, yoga ou pilates.

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