OES - “Oficinas de Educação para a Saúde”
A Diabetes mantém uma taxa de prevalência elevada entre a nossa população e vêm sendo cada mais conhecidos os efeitos nefastos...

As associações GIROHC e a ADSEstrela tem vindo a organizar sessões de informação e partilha de conhecimentos no domínio da Diabetes, num modelo de evento centrado na promoção da prevenção e da literacia em saúde: as  OES - “Oficinas de Educação para a Saúde”.

Focada na articulação com o meio académico, pelas faixas etárias que integra e por ser um núcleo de produção e difusão de conhecimento científico, a GIROHC e a ADS Estrela      

co-organizam, em Maio deste ano, as suas OES  com a Faculdade das Ciências da Saúde da Universidade da Beira Interior (UBI), na Covilhã.

Estarão presentes representantes do Programa Nacional da Diabetes da Direção Geral de Saúde (DGS) diversos oradores convidados, representantes associativos e de parceiros. O evento é gratuito mas sujeito a inscrição prévia. Em: www.girohc.pt/cb

As associações GIROHC e a ADSEstrela estarão disponíveis no dia 05 de Maio de 2025, pelas 17h, para responder a quaisquer questões relacionadas com este evento e com a atividade que desenvolve, conferência que realizará através do link:

https://meet.google.com/jbm-dzwy-xnb

 

Em Portugal
A Associação Portuguesa das Empresas de Dispositivos Médicos (APORMED) vai apoiar o MedTech Forum 2025, o maior Congresso...

O MedTech Forum é um dos eventos mais prestigiados do setor das tecnologias médicas e da saúde na Europa. “Este evento proporciona um espaço de discussão das oportunidades, desafios e tendências futuras do setor, e terá um impacto extremamente relevante para Portugal em termos de visibilidade e também a nível económico. A sua chegada a Lisboa será um marco importante para o país, tendo a APORMED tido um papel crucial na escolha do nosso país, em 2025, para a realização do evento”, explica Antonieta Lucas, presidente da APORMED.

E acrescenta: “O setor das tecnologias médicas irá unir-se para criar uma agenda comum e discuti-la publicamente com a comunidade de saúde internacional e com a comunidade de saúde portuguesa. Por este motivo, acreditamos que será um espaço importante para debater oportunidades, desafios e tendências futuras no setor das tecnologias médicas, através da troca de conhecimento entre especialistas, líderes de opinião, decisores políticos, e profissionais da indústria.”

O MedTech Forum 2025 contará com palestrantes internacionais e nacionais de grande prestígio, que abordarão temas como “Inovação”, “Inteligência Artificial”, e “Sustentabilidade ambiental”, “Panorama regulamentar”, entre outros

Estima-se que nesta edição sejam ultrapassados os cerca de 1.100 participantes da edição de 2024, realizada em Viena, Áustria.

As inscrições e a consulta do programa podem ser efetuadas através da página do MedTech Forum: https://www.themedtechforum.eu/

Dia da Mãe
A gravidez é uma nova etapa na vida da mulher, e manter-se ativa durante esse período não só é possível, como recomendável....

Neste contexto, a prática de exercício físico pode fazer uma grande diferença na qualidade de vida durante e após a gravidez, tanto a nível físico como emocional. Por isso, por ocasião do Dia da Mãe que se celebra no primeiro domingo de maio, Daniel Galindo, diretor do Departamento de Experiência e Inovação do VivaGym, partilha algumas ideias principais para uma atividade física adequada durante a gravidez.

 

Movimento sim, mas adaptado a cada fase

A prática de exercício físico durante a gravidez deve ser personalizada em função das caraterísticas de cada mulher e do trimestre em que se encontra. O mais importante é ouvir o seu corpo, dar prioridade à segurança e optar por rotinas de intensidade moderada. Um bom guia é o chamado “teste da conversa”: se a mulher consegue manter uma conversa enquanto se exercita, a intensidade é adequada. Entre as atividades mais recomendadas estão:

- Caminhar a um ritmo moderado.

- Natação ou atividades aquáticas, uma vez que a água alivia a pressão sobre as articulações.

- Pilates e ioga pré-natal, adaptados aos trimestres.

- Treino funcional suave centrado na mobilidade das articulações, na força do “core” e no controlo do corpo.

- Trabalho cardiovascular moderado, como bicicleta estática ou a elíptica.

Estas disciplinas promovem a mobilidade, fortalecem o corpo de forma segura e melhoram a saúde cardiovascular, ao mesmo tempo que ajudam a corrigir a postura, a aliviar dores como a lombar e a reforçar a ligação com o próprio corpo.

 

A força e o pavimento pélvico, dois fortes aliados

Contrariamente ao mito de que o treino de força deve ser evitado durante a gravidez, os especialistas consideram-no essencial. Um programa de força bem-adaptado melhora a postura, reduz as dores articulares e prepara o corpo para as exigências físicas do parto e do pós-parto. No entanto, a força máxima e os exercícios que impliquem suster a respiração (manobra de Valsalva) devem ser evitados, devendo ser dada prioridade aos movimentos funcionais com cargas leves e controladas: agachamentos, deadlifts com pesos leves, exercícios com bandas elásticas ou remo TRX são boas opções.

Para além disso, o fortalecimento do pavimento pélvico é essencial nesta fase. Exercícios como os movimentos de Kegel ajudam a prevenir a incontinência urinária e apoiam órgãos como a bexiga, o útero e o intestino de forma mais eficiente. Os especialistas recomendam a sua integração várias vezes por semana e, sempre que possível, combinando-os com movimentos respiratórios e funcionais para uma ativação completa e natural.

 

Exercícios a evitar

Nem todos os exercícios são aconselháveis durante a gravidez. Devem ser evitadas atividades de alto impacto ou que impliquem um risco de queda ou contacto físico, tais como o futebol, as artes marciais, o esqui ou bicicleta ao ar livre. Os treinos muito intensos, como o HIIT, a corrida de alta intensidade ou o CrossFit de competição, são igualmente desaconselhados. A partir do segundo trimestre, é preferível evitar o exercício prolongado na posição supina (de barriga para cima), uma vez que pode comprometer a circulação sanguínea.

Durante a gravidez, o corpo muda todos os dias. Haverá dias cheios de energia e outros em que o descanso é a prioridade. Nesses casos, optar por exercícios de respiração, mobilidade suave ou alongamentos é uma excelente forma de se manter ativa sem se esforçar demasiado. Respeitar as mudanças do corpo e compreender que o descanso também faz parte do treino é essencial para uma prática segura e sustentável.

Manter-se ativa durante a gravidez é uma das melhores decisões que uma futura mãe pode tomar para o seu bem-estar físico e emocional. Adaptar o exercício a cada fase, dar prioridade à segurança e ouvir o seu corpo são cruciais para desfrutar desta experiência de forma saudável. Com a orientação correta, o movimento torna-se um grande aliado para aliviar o desconforto, preparar o parto e viver a gravidez com mais força, energia e confiança. Cada mulher é única, assim como o seu percurso: o exercício, longe de ser uma obrigação, é uma ferramenta maravilhosa para a acompanhar nesta grande aventura.

Early Investigator Award 2025
Pedro Marques, médico e investigador, foi um dos vencedores do prestigiado Early Investigator Award 2025, atribuído pela...

Professor Convidado na Faculdade de Medicina da Universidade Católica Portuguesa, endocrinologista na CUF e atual Gestor de Projetos de Programas Científicos na Sociedade Europeia de Endocrinologia (ESE), Pedro Marques desempenha também funções como vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo (SPEDM).

“É uma enorme honra ser um dos vencedores do Early Investigator Award 2025 da Endocrine Society. Este reconhecimento significa muito para mim e motiva-me a continuar a aprender, crescer e contribuir para o campo da hipófise e da neuroendocrinologia. Importa referir que esta não é apenas uma conquista pessoal, mas também um reflexo das pessoas incríveis com quem tive (e tenho) o privilégio de trabalhar,” salienta Pedro Marques, docente da Faculdade de Medicina da Universidade Católica.

Os tumores da hipófise ou adenomas hipofisários são tumores benignos que têm origem numa glândula situada na base do crânio que controla a maior parte da atividade hormonal do nosso organismo. Estes tumores causam dano por invasão de estruturas existentes na proximidade da hipófise, tais como os nervos óticos responsáveis pela visão, e podem também originar vários problemas de saúde relacionados com o excesso de produção ou défice de hormonas hipofisárias.

O docente da Faculdade de Medicina da Universidade Católica Portuguesa explica que “compreender o papel do microambiente tumoral, e concretamente dos seus vários elementos e substâncias, incluindo a CCL2, na biologia dos tumores hipofisários, bem como a sua capacidade de interação com as células imunitárias e células tumorais, vai permitir avançar significativamente o conhecimento dos mecanismos tumorigénicos dos tumores hipofisários”, acrescentando também que “permitirá identificar novos biomarcadores úteis para o diagnóstico da doença e delinear novos alvos terapêuticos bem como novas formas de tratamento no domínio da imunoterapia para doentes com tumores hipofisários mais agressivos e resistentes às terapêuticas convencionais.”

Os Prémios Early Investigator da Endocrine Society têm como objetivo apoiar e reconhecer jovens investigadores promissores na área da investigação endócrina.

6 de maio: Dia Mundial da Asma
A Global Initiative for Asthma (GINA), da Organização Mundial da Saúde (OMS), escolheu para o Dia Mundial da Asma de 2025 o...

A asma é por definição, uma doença inflamatória crónica das vias aéreas que quando não controlada influencia negativamente a qualidade de vida dos doentes. Caracterizada pela sua heterogeneidade, os seus sintomas variam em intensidade e frequência ao longo do tempo. (2)

De acordo com um estudo recente, estima-se que 600 000 adultos em Portugal sofrem de asma e que 7 em cada 10 doentes não tem a sua doença controlada. (1)

Um fraco controlo dos sintomas da asma está associado a um aumento do risco de agudizações e a perceção da gravidade dos sintomas pode variar de doente para doente. (2)

A adesão à terapêutica e a técnica inalatória correta são fatores que influenciam o sucesso do tratamento da asma, contudo, estudos demonstram que 50% dos doentes não utilizam o seu inalador de forma correta. (3, 4)

Neste sentido emerge a necessidade de orientar o tratamento para o doente e não para a doença com uma abordagem cada vez mais personalizada e um acompanhamento mais próximo e regular dos profissionais de saúde. (5)

A Dra. Thordis Berger, Diretora Médica da Jaba Recordati, sublinha: "Com uma elevada prevalência, subdiagnosticada e mal controlada, a asma ainda pode ser causa de morte. O controlo eficaz da asma é fundamental para prevenir exacerbações e melhorar a qualidade de vida dos doentes. O mais preocupante é a taxa de mau controlo da doença pela má adesão ao tratamento. A baixa literacia da população em saúde respiratória é um obstáculo significativo. Muitas pessoas tratam a doença apenas quando têm sintomas, resultando em mau controlo da asma e aumentando o risco de complicações. Ter a asma controlada significa ter uma melhor qualidade de vida com menos limitações, podendo praticar exercício físico ou desporto, por exemplo."

O Dia Mundial da Asma foi celebrado pela primeira vez em 1998, em mais de 35 países, coincidindo com o primeiro Encontro Mundial da Asma, realizado em Barcelona, Espanha. Desde então, a participação tem vindo a aumentar, tornando esta data um dos principais eventos globais de sensibilização e educação sobre a asma. Assinalado anualmente na primeira terça-feira de maio, o Dia Mundial da Asma procura alertar a população e os profissionais de saúde para a importância do diagnóstico precoce, da adesão ao tratamento e da prevenção das complicações associadas à doença.

Em Portugal, esta efeméride reforça o papel do Programa Nacional de Controlo da Asma, uma iniciativa pioneira apoiada pelo Ministério da Saúde, que tem contribuído significativamente para uma maior consciencialização e melhoria dos resultados clínicos. Graças a esses esforços, a taxa de mortalidade por asma no país reduziu-se para um terço na última década, demonstrando o impacto positivo da educação em saúde e do acesso a tratamentos adequados.

A Recordati reafirma o seu compromisso em apoiar iniciativas que promovam a educação sobre a asma e a melhoria do acesso a tratamentos eficazes, visando reduzir a carga desta doença na sociedade portuguesa. Além disso, o Plano Nacional de Saúde 2030 destaca a importância de abordar doenças respiratórias, incluindo a asma, no contexto das prioridades de saúde pública em Portugal.

1. CINTESIS. (2023). EPI-ASTHMA: Estudo com a participação do CINTESIS indica prevalência da asma em 7,1%. https://cintesis.eu/pt/epi-asthma-estudo-com-a-participacao-do-cintesis-indica-prevalencia-da-asma-e-71/ Acedido em: 16/04/2025

2. Global Initiative for Asthma. Global Strategy for Asthma Management and Prevention, 2024. Disponível em: www.ginasthma.org

3. Busse WW, Abbott CB, Germain G, Laliberté F, MacKnight SD, Jung Y, Duh MS, Averell CM. Adherence and Persistence to Single-Inhaler Versus Multiple-Inhaler Triple Therapy for Asthma Management. J Allergy Clin Immunol Pract. 2022 Nov;10(11):2904-2913.e6. doi: 10.1016/j.jaip.2022.06.010. Epub 2022 Jun 22. PMID: 35752431.

4. Azzi E, Srour P, Armour C, Rand C, Bosnic-Anticevich S. Practice makes perfect: self-reported adherence a positive marker of inhaler technique maintenance. NPJ Prim Care Respir Med. 2017 Apr 24;27(1):29. doi: 10.1038/s41533-017-0031-0. PMID: 28439076; PMCID: PMC5435088.

5. Gibson PG, McDonald VM. Integrating hot topics and implementation of treatable traits in asthma. Eur Respir J. 2024 Dec 5;64(6):2400861. doi: 10.1183/13993003.00861-2024. PMID: 39255992; PMCID: PMC11618818

 

Apresentação do Medicina ULisboa – Campus de Torres Vedras
A Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa (FMUL) e a Câmara Municipal de Torres Vedras vão apresentar o Medicina...

“Esta é a primeira extensão da FMUL fora do campus do Centro Académico de Medicina de Lisboa (CAML) e estou convicto que, pelas suas caraterísticas singulares, vai revolucionar a visão da investigação e da prestação de cuidados à comunidade, numa perspetiva de saúde global”, refere João Eurico Cabral da Fonseca, Diretor da FMUL.

Na iniciativa, no dia 30 de abril, serão apresentadas as Unidades do Campus: Unidade de Saúde Familiar (USF) Académica, Unidade Interdisciplinar, Centro de Investigação Clínica, Centro de Investigação Tecnológica, Medicina Humanitária e Centro Académico. No final será realizada uma visita às instalações.

Para Laura Rodrigues, presidente da Câmara Municipal de Torres Vedras: “A colaboração com a Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa neste projeto pioneiro é uma aposta na saúde e investigação a nível nacional, mas também um investimento em Torres Vedras, que vai saber acolher estes profissionais de saúde e equipas multidisciplinares.”

Este novo Campus, num espaço de construção com cerca de 13 mil m2, está localizado no antigo Hospital Dr. José Maria Antunes Júnior, e espera empregar cerca de 400 pessoas entre profissionais de saúde e prestadores de serviços.

“O Medicina ULisboa - Campus de Torres Vedras representa a oportunidade de a Faculdade de Medicina sair das paredes de um grande hospital terciário e poder preparar melhor os seus alunos na abordagem dos problemas clínicos da comunidade,” conclui Joaquim Ferreira, Coordenador do projeto por parte da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa.

O Medicina ULisboa - Campus de Torres Vedras resulta de um Memorando de Entendimento entre o Município de Torres Vedras e a Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, assinado a 28 de junho de 2019. A conclusão do projeto está prevista para os próximos cinco anos. 

Aceda ao Programa aqui:  https://www.medicina.ulisboa.pt/apresentacao-do-medicina-ulisboa-campus-de-torres-vedras

Em maio, mês internacional de sensibilização para a doença
Será entregue uma petição à Assembleia da República, exigindo respostas concretas e urgentes para pessoas que vivem com...

No âmbito do Mês Internacional de Sensibilização para a Encefalomielite Miálgica/Síndrome da Fadiga Crónica (EM/SFC), celebrado mundialmente em Maio, a Aliança Millions Missing Portugal, em nome de milhares de doentes, entregará à Assembleia da República uma petição pública que exige:

  • O reconhecimento oficial da EM/SFC como doença multissistémica, grave e incapacitante;
  • A elaboração de diretrizes clínicas nacionais para diagnóstico e acompanhamento;
  • O acesso a consultas especializadas no SNS, com profissionais com formação adequada;
  • O financiamento de investigação científica nacional, incluindo estudos em saúde pública e epidemiologia;
  • A inclusão da EM/SFC nas políticas públicas de saúde e proteção social, com base na evidência científica atual.

A petição já reúne centenas de assinaturas, incluindo médicos, investigadores, profissionais de saúde, cuidadores e pessoas afetadas. Entre os subscritores, destacam-se especialistas portugueses com experiência reconhecida nas áreas clínicas, biomédicas, de saúde pública e epidemiologia, que alertam para a urgência de uma resposta nacional estruturada.

O texto foi revisto por membros do Conselho Nacional Científico para a EM, COVID Longa e Doenças Pós-Virais com Fadiga (CNCPV) e incorpora recomendações da rede europeia EUROMENE, do Instituto de Medicina dos EUA (NAM) e do NICE (Reino Unido).

A EM/SFC é uma condição crónica, grave e altamente incapacitante, que afeta os sistemas imunitário, neurológico, cardiovascular e metabólico. Os sintomas mais frequentes incluem fadiga profunda, mal-estar pós-esforço, disfunção cognitiva, intolerância ortostática e sono não reparador. Em Portugal, milhares de pessoas vivem com EM/SFC sem diagnóstico, sem acesso a cuidados adequados e sem qualquer apoio formal.

 “A ausência de reconhecimento oficial, diretrizes clínicas ou acesso a consultas especializadas deixa os doentes entregues à sua sorte. Esta realidade é eticamente inaceitável e não tem justificação à luz dos avanços científicos nacionais e internacionais.”

A entrega da petição será um marco simbólico e político das ações do mês de sensibilização e pretende romper o silêncio institucional, apelando ao compromisso com a dignidade, o cuidado e a justiça.

A Aliança Millions Missing destaca que esta é uma iniciativa liderada por doentes, construída com base na colaboração entre ciência, prática clínica e experiência vivida. A petição representa um apelo claro: Portugal tem de reconhecer, estudar e cuidar de quem vive com EM/SFC.

Investigação
A resistência ao fármaco é mais complexa do que se pensava, conclui investigação internacional que junta cientistas da UMinho.

Uma equipa científica internacional demonstrou que o parasita da malária está a resistir a tratamento devido às suas múltiplas alterações genéticas e não a uma única mutação, como se julgava até aqui. O estudo saiu na conhecida revista “Nature Communications” e reforça a teoria proposta em 2020 pela equipa de Pedro Ferreira e Isabel Veiga, do Instituto de Investigação em Ciências da Vida e Saúde (ICVS) da Escola de Medicina da Universidade do Minho, que participaram no novo trabalho e defendiam a hipótese de alterações nos genes plasmepsin e mdr1.

A recente pesquisa revela que a resistência à piperaquina (um medicamento essencial no tratamento da malária) deve-se a múltiplas alterações genéticas no parasita da malária. Em particular, variações no gene plasmepsin 3 estão associadas a uma eficácia reduzida do tratamento com di-hidroartemisinina-piperaquina e a um maior risco de recorrência da malária, sobretudo entre crianças em países africanos, onde a doença é mais prevalente.

“Esta descoberta confirma o que sugerimos há cinco anos e tem implicações importantes na forma como controlamos e tratamos a malária”, afirma Pedro Ferreira. O estudo sublinha a urgência de métodos avançados para acompanhar e monitorizar a resistência a antimaláricos. As atuais estratégias de vigilância centradas em mutações genéticas individuais podem não ser suficientes.

Tratamento repetido reduz eficácia

A piperaquina permanece no organismo humano durante várias semanas e protege contra novas infeções. Já a di-hidroartemisinina só perdura algumas horas, deixando a piperaquina depois isolada. Ou seja, futuras combinações de medicamentos antimaláricos devem ter uma farmacocinética similar para retardar a resistência do parasita.

Além disso, a vida semi-longa da piperaquina pode deixar de ser uma vantagem se o seu uso for repetido em escala, sobretudo em regiões com muitos casos de malária ou ao ser aplicada habitualmente por prevenção em crianças e grávidas. Isto é, o parasita tende a adaptar-se mais rapidamente e corre-se o risco de haver doentes novamente infetados após o tratamento. Os cientistas alertam que, se nada for feito, a piperaquina pode deixar de ser eficaz como medicamento preventivo em muitos países.

O novo estudo foi coordenado pelo Instituto Karolinska (Suécia) e juntou vinte cientistas, incluindo das universidades do Minho, Lisboa, Nova de Lisboa, Exeter (Reino Unido), Tubingen, Heidelberg (ambas na Alemanha) e de Ciências e Tecnologias de Bamako (Mali), bem como do Centro de Investigações Médicas de Lambaréné (Gabão), do Centro Alemão de Investigação de Infeções e da Fundação Oswaldo Cruz (Brasil).

Esta equipa prepara-se agora para testar alternativas antimaláricas em grávidas, como a sulfadoxina-pirimetamina e a sua eficácia profilática em alternância com a piperaquina, procurando assim formas de manter a proteção sem acelerar a resistência.

Dia Mundial da Luta contra a Malária

25 de abril assinala-se o Dia Mundial da Luta contra a Malária, reconhecendo os esforços globais neste âmbito. Esta doença é transmitida pela picada dos mosquitos Anopheles, contaminados pelo parasita Plasmodium. Segundo a Organização Mundial de Saúde, em 2023 houve 263 milhões de casos de malária, incluindo 597 mil mortes em 83 países. A África está associada a 95% dos casos, 76% dos quais com crianças até 5 anos de idade. A Ásia, a América Latina e, em menor escala, o Médio Oriente e partes da Europa também têm sido afetados.

Heliporto do Hospital de Santa Maria
Os helicópteros de emergência médica da Avincis ao serviço do INEM realizaram 29 aterragens no Hospital de Santa Maria durante...

A reabertura do heliporto constitui um avanço significativo na prestação de cuidados de saúde urgentes, permitindo que os utentes cheguem diretamente à unidade hospitalar sem necessidade de transporte adicional em ambulância. Até então, os helicópteros aterravam noutros hospitais da Grande Lisboa ou no terminal militar do Aeroporto Humberto Delgado.

No primeiro mês após a reabertura, os voos com destino ao Santa Maria representaram 36% da operação dos helicópteros de emergência médica da Avincis ao serviço do INEM e 81% de todos os voos de emergência com destino à capital.

John Boag, CEO do Grupo Avincis, destaca que “nos primeiros seis meses anteriores à reabertura do heliporto do Hospital de Santa Maria, 25% dos voos de emergência médica com destino a Lisboa aterravam na placa militar do aeroporto, o que não era a solução ideal para a comunidade. É muito positivo ver que, apenas um mês após a abertura da nova infraestrutura, esse valor desceu para 8%. Este resultado prova que o investimento feito pela administração do hospital está a dar frutos, permitindo-nos agora levar os pacientes diretamente onde precisam de estar, sem demoras."

Com quase 1.500 camas, o Hospital de Santa Maria é, desde a sua inauguração em 1953, o maior hospital do país. O heliporto, situado ao nível da rua numa área não segregada, foi objeto de um processo de renovação profundo, exigido pelas autoridades de aviação civil para a recertificação da infraestrutura.

José Miranda, piloto e responsável de operações de voo da Avincis em Portugal, acrescenta que "o balanço é muito positivo. O heliporto foi amplamente melhorado, os canais de aproximação estão mais seguros e, tendo em conta a proximidade com o aeroporto e o respetivo tráfego aéreo, os novos procedimentos implementados contribuem para uma operação mais segura."

A administração do Hospital de Santa Maria investiu mais de meio milhão de euros na renovação da infraestrutura. As melhorias incluíram a remoção de obstáculos nas áreas envolventes, instalação de nova iluminação e pavimento e a criação de corredores exclusivos para ambulâncias, veículos de emergência médica e bombeiros que apoiam as operações de aterragem.

Da perda de olfato à esperança
No âmbito do Dia da Rinossinusite Crónica com Polipose Nasal que se assinala amanhã, acaba de ser lançado um novo episódio do...

Neste novo episódio é possível conhecer os desafios enfrentados por quem tem esta doença, que é frequentemente subdiagnosticada, uma vez que os seus sintomas podem identificar-se com os de outras patologias. Apesar disso, Filipe Paço está confiante nos avanços da ciência.

Filipe Paço

Doente com Rinossinusite crónica com pólipos nasais e convidado do Podcast Vidas

Vivo há 10 anos com rinossinusite crónica com pólipos nasais. Os sintomas associados – perda de olfato, obstrução nasal, dificuldade na respiração durante o sono e asma – afetavam a minha qualidade de vida, ao nível das tarefas e das rotinas diárias. Não conseguia sentir o aroma de um perfume, acordava frequentemente à noite, era impossível cheirar a comida e o meu paladar também estava muito afetado. Hoje em dia, graças ao diagnóstico adequado, a um acompanhamento médico e à terapêutica, recuperei a qualidade de vida, já consigo fazer exercício físico, dormir bem melhor e ter paladar. Ou seja, o impacto emocional que a doença tinha em mim foi reduzido.

Há uma grande esperança nos tratamentos biológicos que estão a marcar uma nova era no tratamento da doença, com grande eficácia e benefícios na vida de quem tem esta condição.

A polipose nasal pode afetar qualquer pessoa, contudo é mais comum em pessoas do sexo masculino e a sua prevalência aumenta com a idade, sendo diagnosticada geralmente a partir dos 40 anos, com uma incidência na ordem dos 12%.  Estima-se que cerca de 250.000 portugueses vivam com Rinossinusite Crónica com Polipose Nasal. Os principais sintomas, e que têm um enorme impacto no dia a dia e na qualidade de vida dos doentes, são a congestão e obstrução nasal, dores de cabeça e faciais, dificuldade respiratória, perda olfato e paladar.

Apesar da sua prevalência, a Polipose Nasal e o seu impacto negativo ainda são desconhecidos por grande parte da população. Na verdade, os próprios doentes, muitas vezes, acabam por só ter conhecimento do nome da doença no momento do diagnóstico, dado que os sintomas podem ser comuns a outras patologias.

Este Dia da Rinossinusite Crónica com Polipose Nasal tem como objetivo sensibilizar doentes, profissionais de saúde e a sociedade em geral para a importância de efetuar um diagnóstico atempado, bem como informar que a persistência dos sintomas não deve ser desvalorizada, destacando a importância do acompanhamento por um médico especialista e dos novos tratamentos disponíveis.

O podcast Vidas, que conta agora com 14 episódios, é o primeiro podcast português a focar-se exclusivamente em entrevistas a doentes e aos seus familiares para que estes possam partilhar as suas histórias.

Todas as vidas têm uma história. Conheça melhor a história de Filipe Paço no Youtube ou no Spotify.

Saiba mais sobre a Polipose Nasal aqui

FMUL
A Faculdade de Medicina da Universidade Lisboa (FMUL) celebrou o seu Dia da Faculdade com uma cerimónia solene no Grande...

A cerimónia teve como objetivo celebrar o compromisso da Faculdade com a excelência no ensino médico, reconhecendo publicamente os contributos notáveis da sua comunidade académica. O diretor da FMUL, João Eurico Cabral da Fonseca, ficou responsável pelo arranque, marcado por uma contextualização dos valores, missão e história da faculdade. “Pensamos nas comemorações ao longo de todo o ano, dando voz a vários aspetos. A faculdade alimenta, protege, incentiva, suporta e nunca atrapalha”, destacou.

O presidente da Associação de Estudantes da FMUL, Simão Ribeiro, também foi convidado a discursar, tendo reforçado o “simbolismo” da celebração. “Este Dia da Faculdade sempre foi um marco importante a que nos associamos enquanto alunos porque acredito que estamos num ambiente que só cresce se trabalharmos todos na mesma direção”, concluiu.

A sessão continuou com um agradecimento da presidente do Gulbenkian Institute for Molecular Medicine (GIMM), Maria Mota. “Esta data é sempre muito importante porque é o dia em que nos celebramos a todos, enquanto comunidade”, frisou.

O diretor clínico para a área dos cuidados de saúde hospitalares da Unidade Local de Saúde Santa Maria (ULSSM), Rui Tato Marinho, relembrou o seu percurso naquele hospital e destacou o programa de doutoramento conjunto entre a FMUL e a ULSSM, “um projeto para parar e ter tempo de escrever”, descreveu.

O reitor da Universidade de Lisboa, Luís Ferreira, encerrou a sessão de abertura dizendo que a “instituição vive da coragem e do medo de errar, corrigindo os erros para seguir em frente e melhorar”.

O momento foi seguido por uma intervenção de Victor Oliveira do livro “Arte e História na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa”, publicado em 2022, sobre as temáticas da evolução da saúde em Portugal e a história da FMUL.

Durante a cerimónia, foram atribuídos vários prémios e distinções. O Prémio de Educação Médica da FMUL – Prof. Doutor João Gomes Pedro foi entregue ao Professor Doutor Patrício Aguiar, enquanto o Prémio de Mérito na Área Disciplinar foi atribuído à unidade de Trauma e Doente Crítico, representada pela Professora Doutora Susana Fernandes. Foram ainda atribuídas menções honrosas a docentes e áreas disciplinares que se destacaram no ano letivo de 2023/2024: Paulo Pina (Cuidados Paliativos), Inês Santos (Avaliação Nutricional), Joaquim Ferreira e Ricardo Fernandes (Decisão Terapêutica), e Rui Tato Marinho, Luís Mendes Pedro e Mariana Alves (Introdução à Clínica).

No âmbito do Prémio de Mérito Pedagógico, escolhido diretamente pelos alunos, foram distinguidos docentes dos diferentes anos do Mestrado Integrado em Medicina: Pedro Oliveira (1.º ano), Thomas Hanscheid (2.º ano), João Nave (3.º ano), Inês Chendo (4.º ano), Patrício Aguiar (4.º ano) e Susana Fernandes (5.º ano). Na Licenciatura em Ciências da Nutrição, foram distinguidos Nuno Santos (1.º ano), Telma Nogueira (2.º ano), Filipa Medeiros Almeida (3.º ano) e Inês Asseiceira (4.º ano).

O Programa Brilliant TFM premiou estudantes que alcançaram nota máxima (20 valores) e publicaram os seus trabalhos finais de mestrado em revistas científicas. Foram distinguidas: Anna Kashpor, Catarina Sofia de Freitas Lopes, Diana Sofia Rodrigues Feliciano, Juliana Filipa Fonseca Rochate, Mafalda Rita Avó Bacalhau, Maria Amélia Pereira Antunes e Maria João Mateus da Veiga Estibeiro.

O Prémio FMUL/CGD de Excelência foi entregue a Maria Joana Facha Loureiro de Brito (Ciclo de Estudos Básicos), Beatriz Anjo Santos Lima (Mestrado Integrado em Medicina) e Juliana Martins Monteiro (Licenciatura em Ciências da Nutrição).

Foram ainda entregues Diplomas de Mérito aos melhores alunos de cada ano dos cursos de Medicina e Ciências da Nutrição. No Mestrado Integrado em Medicina, destacaram-se: Valentim Ramalho Rodrigues, João Mota Oliveira, Maria Malta Coelho, Maria Garcia Farinha e Gonçalo Fulgêncio (1.º ano); Tomás Brôco, Pedro Patrício, Marta Herrero, Guilherme Gomes e Guilherme Gouveia (2.º ano); Lucas Mendes, Beatriz Graça, Maria Loureiro de Brito, Catarina Monteiro e Joana Oliveira (3.º ano); Beatriz Loures, Carolina Rodrigues, Miguel Dolores, João Temtem e João Ferreira (4.º ano); Inês Carvalho, Diogo Santos, Madalena Gil, Miguel Patrício e Maria Teles de Macedo (5.º ano); Juliana Rochate, Maria Antunes, Carolina Furtado, Catarina Lopes e Filipe Ramos (6.º ano). Na Licenciatura em Ciências da Nutrição, foram distinguidos: Clara Simões e Laura Pires (1.º ano); Joana Pires e Mariana Leitão (2.º ano); João Sebastião e Sandra Singh (3.º ano); Juliana Monteiro e Lara Tereso (4.º ano).

Esta cerimónia reafirmou o papel histórico e atual da FMUL no ensino da Medicina em Portugal, sendo uma demonstração clara da valorização do mérito, da dedicação e do compromisso com a excelência da educação médica no país.

Ordem dos Médicos e INEM
A Ordem dos Médicos e o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) congratulam-se com os importantes avanços na...

A recente publicação dos critérios de admissão por consenso pela Ordem dos Médicos é um passo fundamental no processo e uma forma de reconhecer o percurso e as competências de diversos médicos que há muito se dedicam a essa área do saber e intervenção médica.

Cumpre esclarecer que, de forma consensual, sempre foi entendimento da Ordem dos Médicos que qualquer médico, independente da sua instituição de origem, que cumpra os requisitos exigidos será admitido a essa nova especialidade.

A Ordem dos Médicos e o INEM mantêm a estreita colaboração que têm tido desde o início de todo este processo.

Outras informações serão formalmente divulgadas num documento de esclarecimento (FAQs) na página oficial da Ordem dos Médicos. 

Diretor clínico da APDP
João Filipe Raposo, diretor clínico da Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal (APDP), foi nomeado Presidente-eleito...

A eleição foi anunciada durante o Congresso Mundial da Diabetes, que decorreu este mês, em Banguecoque, e onde também foi apresentado o mais recente Atlas Mundial da Diabetes.

"É uma honra e uma grande responsabilidade ser eleito Presidente da IDF Europa," afirmou o Prof. João Filipe Raposo, garantindo que trabalhará "para fortalecer a resposta à diabetes na Europa, colaborando com organizações da sociedade civil, profissionais de saúde e decisores políticos para promover discussões, boas práticas e políticas públicas que contribuam para uma melhor prevenção, diagnóstico e tratamento da diabetes."

Esta eleição representa um marco importante para Portugal e para a comunidade europeia de diabetes, reconhecendo a liderança e o compromisso do também presidente da Sociedade Portuguesa de Diabetologia na luta contra esta doença. Com um percurso dedicado à melhoria da qualidade de vida das pessoas com diabetes, João Filipe Raposo assume este novo desafio com o objetivo de reforçar a missão da IDF Europa em criar um ecossistema da diabetes centrado na pessoa, num ambiente informado e promotor da saúde.

Em todo o mundo, segundo o mais recente Atlas Mundial da Diabetes, a diabetes foi responsável por 3,4 milhões de mortes em 2024, o equivalente a uma morte a cada seis segundos. Atualmente, cerca de um em cada nove adultos (589 milhões de pessoas) entre os 20 e os 79 anos vivem com diabetes, mas estima-se que este número suba para 853 milhões até 2050. Só na Europa, existem cerca de 65,6 milhões de adultos com diabetes (um em cada seis), prevendo-se um aumento de 10% até 2050, para um total de 72,4 milhões de casos.

O relatório estima ainda que, na Europa, 34% dos adultos que vivem com esta doença (252 milhões de pessoas) não estão diagnosticados. Em todo o mundo, esta percentagem sobe para 43%. Perante este cenário, o Atlas Mundial da Diabetes alerta para o crescente impacto da doença em todo o mundo, frisando que Governos e decisores devem adotar medidas urgentes, efetivas e sustentadas para travar as previsões.

O relatório completo, disponível em https://diabetesatlas.org/, apresenta dados detalhados sobre a prevalência, a mortalidade e o impacto socioeconómico da diabetes em todo o mundo.

 

Afasia
Portugal está preparado para apoiar pessoas com afasia? Trazer este tema para a agenda pública é essencial para garantir...

Imagine acordar e perceber que perdeu a capacidade de falar, escrever ou compreender o que lhe dizem. Sem dor, sem aviso prévio, a linguagem — algo que damos por garantido — desaparece. Esta é a realidade de quem vive com afasia, uma perturbação neurológica que afeta a comunicação e que continua a ser profundamente desconhecida pela maioria dos portugueses. Apesar de milhares de pessoas enfrentarem este desafio todos os anos, Portugal ainda está longe de oferecer uma resposta eficaz e inclusiva. 

A afasia não afeta a inteligência, mas altera profundamente a forma como a pessoa interage com o mundo. Falar ao telefone, pedir um café ou simplesmente manter uma conversa torna-se um obstáculo diário. E, além das dificuldades práticas, surgem o isolamento, a frustração e a exclusão social. 

A causa mais comum da afasia é o acidente vascular cerebral (AVC), mas também pode surgir após um traumatismo craniano, tumor cerebral ou outras lesões neurológicas. Apesar de afetar milhares de pessoas em Portugal, a afasia permanece envolta num silêncio institucional e mediático que importa quebrar. Trazer este tema para a agenda pública é essencial para garantir inclusão, acesso a terapias e visibilidade para quem perdeu a capacidade de comunicar, mas não deixou de ter voz. 

É por isso que a Associação IPAFASIA – Associação Portuguesa de Apoio à Pessoa com Afasia levanta uma questão fundamental: Portugal está preparado para apoiar estas pessoas? 

“Mais do que uma condição médica, a afasia é uma barreira social. É urgente garantir respostas terapêuticas consistentes, mas também mudar mentalidades. As pessoas com afasia continuam a pensar, a sentir, a querer comunicar. Só precisam de tempo, compreensão e das ferramentas certas”, sensibiliza Paula Valente, Diretora Executiva da IPAFASIA. 

Formação de profissionais para serviços de saúde mais acessíveis 

Nos últimos anos, a Associação IPAFASIA tem vindo a realizar ações de capacitação dirigidas a centenas de profissionais de saúde, em contextos públicos e privados, com base no método de comunicação com maior evidência científica disponível atualmente. O objetivo? Tornar os serviços de saúde mais acessíveis e inclusivos para todas as pessoas com perturbações da comunicação, como a afasia. 

“Muitas destas pessoas sentem-se frequentemente excluídas dos processos de decisão, incompreendidas e insatisfeitas com os cuidados prestados — não por falta de competência técnica, mas por barreiras de comunicação que podem e devem ser superadas. Por isso, estamos profundamente comprometidos em continuar a disseminar o método de comunicação com maior evidência científica disponível atualmente, promovendo uma prestação de cuidados verdadeiramente centrada na pessoa. Todas as instituições interessadas podem candidatar-se junto da associação para acolher esta formação, que envolve pessoas com afasia como formadoras, num modelo de workshops práticos e participativos”, esclarece Paula Valente.  

Conheça os vencedores do Prémio Missão 70/26
 Uma plataforma que integra tecnologias como a inteligência artificial e a gamificação para tornar o utente de saúde um agente...

O objetivo, distinguir ideias inovadoras capazes de contribuir para melhorar o conhecimento e a gestão da hipertensão arterial em Portugal, foi, segundo Rosa de Pinho, Presidente cessante da Sociedade Portuguesa de Hipertensão (SPH), cumprido. “O balanço é muito positivo. Tivemos a maior parte das candidaturas de equipas jovens e muitos médicos de família, assim como projetos feitos em articulação e parceria com as farmácias, que também é uma mais-valia.”

“Uma das coisas que eu tenho defendido sempre é o trabalho de equipa no seguimento do doente hipertenso. Precisamos de outros profissionais de saúde envolvidos, como os enfermeiros e as farmácias. E cada um destes projetos tem esse propósito, de envolver vários atores, que depois articulam com a comunidade. São projetos muito válidos, ideias excelentes”, acrescenta.

O primeiro prémio, atribuído à plataforma ‘Sem Pressão, Sempre São’, destinada aos utentes, mas também aos profissionais de saúde que os acompanham, apresenta várias funcionalidades - um jogo ‘Sem Pressão’, que incentiva o utilizador a aprender através de desafios e recompensas; uma monitorização personalizada, um assistente virtual, entre outros -, para, como explica uma das suas autoras, Rita Abecasis, especialista em Medicina Geral e Familiar, se aliar “à tecnologia recente para enfrentar o desafio da hipertensão”.

Facilitar o acesso a uma informação de saúde de qualidade, fazer dos doentes agentes ativos da sua própria saúde e melhorar o seu acompanhamento de uma forma acessível e divertida são os grandes objetivos deste projeto, para o qual este prémio, acrescenta Rita Abecasis, “permite que ganhe visibilidade e abre portas a colaborações futuras, para conseguirmos transmitir a ideia de que a hipertensão é um verdadeiro obstáculo a combater e que fazê-lo não tem de ser difícil”.

No 2º lugar ficou o projeto BPM - Basear, Promover, Mudar, desenvolvido por Margarida Rabaça, Nutricionista, e por Hugo Alexandre, Engenheiro Biomédico, uma ideia que, segundo os autores, pretende ser “um ecossistema onde a literacia deixa de ser um conceito distante e passa a ser algo presente no dia-a-dia das pessoas”. Para isso, utilizam uma abordagem “dinâmica, acessível e recompensadora”, suportada em três pilares: ‘Basear’, ‘Promover’ e ‘Mudar’.

O primeiro - Basear - visa “uma consciencialização e captação da atenção da população através de experiências imersivas de inteligência virtual, que permitam a visualização dos efeitos da hipertensão arterial no corpo humano”. Com o segundo pilar, a ideia é “incentivar escolhas mais saudáveis através da implementação de um mecanismo de incentivos:  as opções mais equilibradas serão recompensadas com base num sistema de pontuação, medicamente validado”, com os pontos a poderem ser convertidos em benefícios concretos, como descontos em consultas de nutrição, adesão a ginásios ou serviços gratuitos. Tudo isto para atingir a mudança, “onde pretendemos consolidar hábitos saudáveis através da criação de uma plataforma digital interativa”.

Foram, ainda, distinguidos dois projetos com menções honrosas:

- “A(tensão): alerta silencioso que revela o futuro”, que utiliza realidade virtual para, como refere Rui Rodrigues, especialista em Medicina Geral e Familiar e um dos seus autores, “as pessoas terem a oportunidade de vivenciar, vendo-se a elas mesmas, o impacto das suas escolhas diárias na saúde cardiovascular, através de uma aprendizagem mais envolvente e potencialmente mais eficaz”, terminando com um estímulo às mudanças de comportamento.

- ‘HipertArt’, um projeto desenvolvido por Sara Leite, especialista em Medicina Geral e Familiar, e por Inês Trindade, Interna de Medicina Geral e Familiar na USF Anta, que, segundo as suas autoras, “utiliza uma abordagem digital e inovadora e permite aumentar a literacia na hipertensão, facilitando o acesso a informação clara e baseada na evidência”.

Recorde-se que o vencedor arrecadou um prémio de 15.000€, tendo o 2º lugar conquistado 5.000€ e cada uma das menções honrosas uma distinção no valor de 1.500€ cada.

Opinião
A musculação, tradicionalmente associada a melhorias estéticas, ao aumento de massa muscular e ao de

Sabe-se que o treino de força desempenha um papel crucial no metabolismo da glicose e na sensibilidade à insulina, tornando-se assim um aliado poderoso no combate a esta doença.

Os músculos não são apenas estruturas responsáveis pelo movimento – funcionam também como um importante reservatório de glicose. Durante o exercício de resistência, como o treino com pesos, os músculos utilizam a glicose disponível no sangue como fonte de energia, o que contribui para a redução dos níveis de glicose circulante. Paralelamente, o treino de força melhora a sensibilidade à insulina, permitindo ao organismo utilizar esta hormona de forma mais eficiente no transporte da glicose para o interior das células. Este processo contribui significativamente para a redução da resistência à insulina, um dos principais fatores no desenvolvimento da diabetes tipo 2.

Estudos científicos demonstram que a prática regular de treino de força pode reduzir significativamente o risco de desenvolvimento de diabetes tipo 2, além de facilitar uma melhor gestão da doença em indivíduos já diagnosticados. O aumento da massa muscular está diretamente associado a um metabolismo mais ativo e a uma maior capacidade de utilização da glicose, ajudando a manter os níveis de açúcar no sangue dentro de parâmetros saudáveis.

Para além dos benefícios metabólicos, o treino de força melhora a composição corporal, promovendo a redução de gordura e o aumento da massa magra. A diminuição da gordura visceral, em particular, está associada a uma menor resistência à insulina e a um melhor controlo glicémico. Além disso, evidências científicas apontam para uma relação direta entre os níveis de força muscular, a qualidade de vida e a esperança média de vida. Indivíduos com maior força muscular tendem a apresentar um risco mais baixo de mortalidade por todas as causas, incluindo doenças cardiovasculares e metabólicas. Estudos indicam que pessoas com níveis reduzidos de força muscular têm um risco até 50% superior de mortalidade precoce, comparativamente com aquelas que apresentam níveis de força mais elevados.

Indicadores como a força das pernas e a capacidade de preensão manual em idosos estão fortemente associados a uma melhor qualidade de vida e maior longevidade.

A introdução do treino de força na rotina de indivíduos com risco de diabetes ou já diagnosticados deve ser feita de forma progressiva e adaptada às suas condições individuais. Exercícios com pesos livres, máquinas de resistência ou mesmo treino com o peso do próprio corpo são opções eficazes. Idealmente, o treino de força deve ser complementado com atividade aeróbica, para um impacto ainda mais positivo na saúde metabólica.

Em suma, investir no fortalecimento muscular não é apenas uma questão estética ou de desempenho físico, é, acima de tudo, uma estratégia eficaz para prevenir e controlar a diabetes. A musculatura ativa é uma aliada poderosa na regulação da glicose, e incorporar o treino de força na rotina diária pode ser um passo decisivo para uma vida mais saudável, equilibrada e duradoura.

Por tudo isto podemos afirmar que o músculo é de facto o órgão da longevidade.

Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
22 de abril - Dia da Faculdade
A Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa (FMUL) celebra, no próximo dia 22 de abril, o Dia da Faculdade com uma...

Realizado anualmente, o Dia da Faculdade simboliza o compromisso da FMUL com a formação médica de qualidade e com a valorização da sua comunidade académica.

Para o diretor da FMUL, João Eurico Cabral da Fonseca, “o Dia da Faculdade é um momento de celebração que honra a excelência académica, o mérito pedagógico e a identidade institucional. Este ano, é ainda mais especial, porque se insere nas comemorações do bicentenário da nossa instituição.”

O programa conta com diversas intervenções de figuras importantes para a instituição, bem como com a entrega de prémios e distinções. Entre os destaques estão os Diplomas de Mérito, os Prémios FMUL/CGD de Excelência e o Prémio de Mérito Pedagógico, relativos ao ano letivo de 2023/2024, o Prémio de Educação Médica da FMUL – Prof. Doutor João Gomes Pedro, e as distinções atribuídas no âmbito do Programa Brilliant TFM. No total, serão distinguidas mais de 60 pessoas.

O Ensino da Medicina em Lisboa teve início no Hospital de Todos-os-Santos, inaugurado em 1504 e prolongou-se por 250 anos de funcionamento regular até ao terramoto de 1755. Em 1774 passou para o Colégio de Santo Antão-o-Novo, mais tarde batizado como Hospital Real de São José, onde viria a nascer, a 24 de junho de 1825, a Real Escola de Cirurgia que em 1835 se transformou na Escola Médico-cirúrgica de Lisboa, e a 22 de abril de 1911 passou a designar-se Faculdade de Medicina de Lisboa.

Unidade Local de Saúde de Almada-Seixal
A Unidade Local de Saúde de Almada-Seixal (ULSAS) aderiu ao “Ligue Antes, Salve Vidas” (LASV), a 17 de outubro de 2024, por...

Volvidos seis meses, destacam-se os resultados positivos já alcançados. Dos mais de 116 mil contactos feitos por utentes da ULSAS com o SNS24:

  • Mais de metade (55%) resultaram em encaminhamento para os cuidados de saúde primários, tendo sido realizadas cerca de 52.600 consultas;
  • 37% foram encaminhados para serviços de urgência da ULSAS;
  • 8% ficaram em autocuidados.

Analisando as admissões nos serviços de urgência da ULSAS (geral, pediátrica e ginecológica e obstétrica) neste período, verifica-se que a grande maioria dos utentes foi referenciado (SNS24, INEM, Cuidados de Saúde Primários, Hospital, entre outros), fixando-se em 23,6% a taxa de utentes que chegaram por meios próprios.

O caminho até aqui percorrido e as etapas alcançadas não seriam possíveis sem o apoio do Ministério da Saúde, e em concreto da Direção Executiva do SNS e dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (e da equipa do SNS24), mas devem-se também, sem dúvida, ao empenho, profissionalismo e envolvimento dos profissionais dos serviços de urgência e dos cuidados de saúde primários da ULSAS, particularmente louváveis num contexto difícil como é a época do inverno.

Esta dedicação e compromisso dos profissionais tem reflexo em inúmeras vertentes, das quais destacamos a significativa taxa de encaminhamento de utentes triados com a pulseira “azul” ou “verde” para os cuidados de saúde primários (perto dos 16% no conjunto das três urgências, no acumulado dos seis meses, e que no caso do Serviço de Urgência Geral tem rondado os 30% desde o início deste ano), fruto do trabalho e esforço acrescidos dos profissionais de enfermagem e dos assistentes técnicos das urgências hospitalares.

De destacar, ainda, o facto de as unidades de cuidados de saúde primários, de forma voluntária, estarem a dar resposta em doença aguda, por via do LASV, também a utentes sem equipa de família. A média de utilização diária de consultas abertas nos CSP ronda as 780 em dias úteis e as 100 aos fins de semana e feriados.

Tratando-se de uma mudança cultural e comportamental é de esperar que os resultados venham a ser cada vez melhores, fruto de um processo contínuo que requer avaliações permanentes e introdução de eventuais melhorias.

Universidade de Coimbra
Uma equipa de investigação da Universidade de Coimbra (UC) demonstrou o impacto que certas doenças crónicas associadas ao...

Usando técnicas de inteligência artificial e várias bases de dados a nível local e mundial, foi possível diferenciar a idade biológica da idade cronológica, o que representa uma nova forma de medir o impacto destas doenças crónicas que – de forma direta ou indireta – afetam o cérebro. Nos casos de doença de Alzheimer, o envelhecimento pode chegar a mais de 9 anos do que a idade real do doente.

O estudo – que foi publicado recentemente na revista Brain Communications e tem como primeira autora Maria Fátima Dias, investigadora do Centro de Imagem Biomédica e Investigação Translacional (CIBIT) do Instituto de Ciências Nucleares Aplicadas à Saúde da UC e do Centro de Informática e Sistemas da Universidade de Coimbra (CISUC), sob orientação dos docentes e investigadores Miguel Castelo-Branco (Diretor do CIBIT e docente da Faculdade de Medicina da UC) e Paulo de Carvalho (Diretor do Laboratório de Informática Clínica do CIUSC e docente da Faculdade de Ciências e Tecnologia da UC) –  parte do novo conceito de brain age gap estimation, a diferença entre a idade cronológica de uma pessoa e a idade cerebral estimada (determinada através de modelos de inteligência artificial que analisaram imagens de ressonância magnética do cérebro), para mostrar o impacto de determinadas doenças no envelhecimento do cérebro. 

“A idade cerebral estimada é a ‘idade biológica’ do cérebro, prevista por modelos que analisam imagens cerebrais. A sua comparação com a ‘idade cronológica’ (a idade real de uma pessoa, medida em anos) permite indicar se o cérebro envelheceu mais ou menos rapidamente do que o esperado. Um valor positivo de brain age gap significa um envelhecimento cerebral acelerado, enquanto um valor negativo é indicador de um cérebro mais jovem do ponto de vista biológico, com envelhecimento retardado”, explica Miguel Castelo-Branco, autor sénior do artigo. 

No estudo, utilizando vários modelos de inteligência artificial, foram obtidos mapas que permitiram interpretar que regiões do cérebro mais contribuíam para o cálculo da idade biológica. E foram estabelecidas métricas que permitiram concluir o impacto médio de cada uma das doenças estudadas (as três estão associadas ou são factor de risco para o declínio cognitivo) no envelhecimento do cérebro. “No caso da esquizofrenia o envelhecimento cerebral é de cerca de 2 anos, na diabetes tipo 2 é de 5 anos, e na doença de Alzheimer atinge os 9 anos”, descreve o investigador e Diretor do CIBIT.

Estas conclusões podem abrir novos caminhos no diagnóstico do declínio cognitivo associado a estas enfermidades. “Na prática será possível usar esta medida como um biomarcador útil no diagnóstico precoce de doenças neurodegenerativas”, conclui Miguel Castelo-Branco.

Este estudo contou com o envolvimento de investigadores da Faculdade de Medicina da UC, do Centro de Imagem Biomédica e Investigação Translacional, do Instituto de Ciências Nucleares Aplicadas à Saúde, do Centro de Informática e Sistemas da UC e do Laboratório Associado de Sistemas Inteligentes.

O artigo publicado está disponível no endereço https://academic.oup.com/braincomms/article/7/2/fcaf109/8069058.

 

Em Portugal, menos de 1% têm acesso
A Reabilitação Respiratória tem um papel fundamental na abordagem das doenças respiratórias, uma vez que é uma das estratégias...

“A Reabilitação Respiratória consiste num tratamento não-farmacológico constituído por dois pilares essenciais: educação sobre a doença e treino de exercício físico. O principal objetivo é melhorar as capacidades de auto-gestão da doença por parte dos doentes e dos seus familiares/cuidadores, de melhorar os seus sintomas, a tolerância ao esforço, diminuir a necessidade de recorrer aos cuidados de saúde, melhorar a qualidade de vida e diminuir a mortalidade”, explica Bruno Cabrita, coordenador da Comissão de Trabalho de Reabilitação Respiratória da Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP) . 

Praticamente todos os doentes com patologia respiratória podem beneficiar de alguma estratégia de Reabilitação Respiratória, sendo que os doentes com doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC) são os que reúnem mais evidência científica dos benefícios desta intervenção, uma vez que também são os mais estudados. Contudo, “outras patologias têm sido estudadas nos últimos anos e demonstrado também significativos benefícios, tais como: asma, bronquiectasias, doenças do interstício pulmonar, cancro do pulmão ou patologias da pleura”.

De acordo com o pneumologista, na DPOC, está bem documentada a melhoria dos sintomas, da qualidade de vida, da capacidade de exercício, da redução do internamento hospitalar e também da mortalidade. Na verdade, “nestes doentes a evidência é tão clara que já nem é considerado ético realizar mais estudos com grupos de controlo aos quais não é oferecida Reabilitação Respiratória”.

Outras patologias têm demonstrado benefícios semelhantes nos últimos anos, mas ainda com menos robustez. São necessários mais estudos, com amostras maiores, tal como realizado na DPOC, embora as orientações terapêuticas recomendem oferecer Reabilitação Respiratória noutras patologias. 

A Reabilitação Respiratória tem sido cada vez mais recomendada para o tratamento da DPOC (em doentes sintomáticos ou exacerbadores apesar da terapêutica inalatória otimizada) e de outras patologias respiratórias, embora esteja ainda subutilizada a nível mundial. “Tem sido bastante fomentada e divulgada, nomeadamente pela SPP, junto da população mas também dos profissionais de saúde, pelo que a tendência de referenciação tem sido crescente”, sublinha Bruno Cabrita.

Ainda assim, a nível global, dados de 2021 reportam que menos de 3% dos doentes com patologia respiratória crónica têm acesso a um programa de Reabilitação Respiratória. “Em Portugal, os últimos dados disponíveis apontam para que menos de 1% dos doentes têm acesso a Reabilitação Respiratória”.

Facilitar o acesso de um maior número de doentes a programas de Reabilitação Respiratória implica o desenvolvimento de mais programas, “sobretudo programas menos tradicionais (comunitários, domiciliários, por telemedicina…), com menos recursos e que possam intervir em doentes mesmo à distância ultrapassando, desta forma, imensas barreiras que continuam a existir”. Outra medida, passa por estimular mais profissionais a dedicarem-se a esta área, bem como sensibilizar e atrair mais financiamento para o desenvolvimento e manutenção dos programas. “É também importante atuar junto da população e sensibilizar para a existência deste tratamento e dos benefícios que a mesma traz, ultrapassando mitos e crenças pouco fundamentadas”, defende Bruno Cabrita.

Dificuldades na integração de doentes em programas de Reabilitação Respiratória

É relativamente fácil um doente ser integrado num programa de Reabilitação Respiratória que já esteja estabelecido. No entanto, de acordo com os dois pneumologistas, existem várias barreiras que estão gradualmente a ser ultrapassadas, mas que ainda persistem. São elas: 

  • A escassa referenciação por profissionais de saúde, que ainda não estão suficientemente sensibilizados para os benefícios da Reabilitação Respiratória;
  • A reticência por parte dos doentes em aceitar realizar um tratamento que inclui exercício físico, quando os seus principais sintomas ocorrem durante o esforço;
  • A dificuldade em conseguir meios de transporte que assegurem visitas hospitalares regulares para realizar Reabilitação Respiratória, embora cada vez mais os programas domiciliários estejam a ser desenvolvidos, bem como o recurso a telemedicina;
  • O escasso número de programas de Reabilitação Respiratória tradicionalmente disponíveis e, por vezes, com escassa capacidade de resposta, embora atualmente esta barreira esteja cada vez mais ultrapassável e a rede de programas nacionais disponíveis seja mais ampla nos últimos anos.

 

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