Saúde Oral

Alimentação e Cárie Dentária

Atualizado: 
20/03/2019 - 11:34
Atualmente, 70% dos portugueses têm falta de dentes e cerca de 30% nunca visitaram o dentista ou só recorreram apenas em casos de urgência. Mais preocupante ainda, 63% das crianças menores de 6 anos nunca foi a uma consulta. Apesar de já termos assistido a algumas melhorias, esta é ainda a nossa realidade. Há que mudar!

No dia que celebramos o dia Mundial da Saúde Oral procuramos refletir sobre o impacto que os nossos hábitos e rotinas podem ter na nossa saúde.

De que forma podemos viver com saúde se não tivermos dentes para mastigar os alimentos? E se existirem focos de infeção na nossa boca, muitas vezes silenciosos, que poderão constituir um importante fator de risco para a nossa saúde geral?

Uma prevenção com vigilância regular, abrangente e holística poderá ser uma vantagem considerável, prevenindo assim fatores de risco. A prevenção é o caminho para mudarmos a atual realidade. Escovar os dentes e utilizar fio dentário não chega.

Hoje falo-vos da cárie dentária e como, a partir da alimentação, podemos mudar a nossa epigenética revertendo a tendência natural que podemos ter para o aparecimento de cáries. Alterando o nosso “meio oral” conseguimos fazer com que as bactérias mais cariogénicas não “gostem de lá viver”.

A cárie dentária, uma das doenças mais frequentes que afeta cerca de 90% da população mundial, é provocada por bactérias que podem levar à destruição parcial ou total da estrutura dentária.

A evolução desta doença está condicionada por diferentes etiologias, tais como: a presença de bactérias, alimentação inadequada, má higiene e pH salivar.

Uma alimentação rica em hidratos de carbono é um dos principais fatores para a ocorrência de cáries. Alimentos ricos em hidratos de carbono quando ingeridos, permitem às bactérias existentes na cavidade oral metabolizarem-se e provocarem um ambiente ácido. Este ambiente ácido faz com que haja uma desmineralização acentuada do esmalte dentário, processo inicial da lesão de cárie dentária.

Atualmente, a alimentação mais comum da população mundial é rica em gorduras, principalmente de origem animal, açucares e alimentos refinados. Estes são economicamente mais acessíveis e de fácil acesso, levando um aumento progressivo de desnutrição e aumento da obesidade.

Estes hábitos alimentares por si só são um fator de risco, mas a frequência de ingestão destes alimentos determina de forma exponencial a prevalência da cárie dentária.

Uma alimentação equilibrada é claramente uma vantagem para a saúde oral. Para prevenir destas lesões, é necessário incluir na dieta proteínas, verduras e legumes, pois estes ajudam a remineralização do esmalte. Alimentos como a maçã, laranja, pera, cenoura ajudam a limpar mecanicamente os dentes, prevenindo as lesões de cárie por remoção da placa bacteriana, são assim alimentos anticariogénicos.

Para concluir, a educação nutricional é essencial para a saúde geral e oral. O futuro da saúde oral passa pela prevenção.

Alimentar-se bem é prevenir-se corretamente.


Dra. Inês Carpinteiro - Médica Dentista Clínicas Viver

Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
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