APED promove
A Associação Portuguesa para o Estudo da Dor vai promover no próximo dia 27 de Junho, entre as 9h e as 17h30, o workshop ...

Este workshop tem como principal objectivo a promoção dos conhecimentos técnicos básicos na ecografia de intervenção no tratamento da dor. É destinado aos médicos que desempenham funções nas Unidades de Dor e que têm interesse nos tratamentos invasivos, no âmbito da medicina da dor.

De acordo com Duarte Correia, presidente da Associação Portuguesa para o Estudo da Dor (APED), “este curso contará com uma componente teórica e fundamentalmente prática sobre a aplicação da ecografia no tratamento da dor aguda e crónica. Os formandos têm a oportunidade de efetuar o treino de scanning em “modelos ”.

Os médicos Tomas Domingo, do Hospital Universitário de Bellvitge, Margarida Silva, do Instituto Português de Reumatologia, Pedro Alves, do Centro Hospitalar de Lisboa Central e Miguel Ghira, do Hospital Beatriz Ângelo, constituem a equipa de formadores convidados para este workshop.

O curso é restrito a um número limitado de participantes, sócios da APED. As inscrições são efectuadas no Secretariado Executivo da APED ou através do e-mail [email protected].

A Associação Portuguesa para o Estudo da Dor (APED) tem por objectivos promover o estudo, o ensino e a divulgação dos mecanismos fisiopatológicos, meios de prevenção, diagnóstico e tratamento da dor de acordo com os parâmetros estabelecidos pela International Association for the Study of Pain (IASP). Para mais informações consulte www.aped-dor.com.

Na Holanda
Uma empresa da Holanda diz ter desenvolvido o primeiro charro electrónico do mundo, afirmando tratar-se de "um produto...

Chama-se e-njoint e a empresa que o vende, com o mesmo nome, diz que o produto não tem THC( Tetrahidrocanabinol, a principal susbtância activa da marijuana), embora na ponta do dispositivo se acenda uma luz verde que destaca uma folha de marijuana, de cada vez que o fumador inala. Também não tem nicotina ou toxinas, garante o fabricante, com sede em Delft, na Holanda, e muitos pontos de venda nesse país.

Fora da Holanda, o produto é vendido apenas numa loja em França, mas é possível comprar online, no site da empresa. A N-joint, com sede na Holanda, diz que fabrica dez mil charros electrónicos por dia, numa fábrica em Shenzhen, na China. O e-njoint tem duas versões descartáveis (uma delas é uma edição especial para o Mundial), uma edição recarregável e apresenta um modelo customizável como a próxima novidade. O objectivo "não "é vender produtos ilegais nem estimular o consumo de cigarros ou outros maus hábitos", diz a empresa, na sua página de internet.

Acordo europeu
Há um novo acordo na União Europeia para melhorar o acesso a medicamentos e vacinas a países que por vezes têm dificuldades,...

É um entendimento no âmbito da diretiva dos cuidados de saúde transfronteiriços, que em Setembro começa a passar à prática com o primeiro encontro do comité de implementação. A explicação foi feita pelo comissário Europeu da Saúde, Tonio Borg, que também destaca um primeiro esforço de cooperação que já está a acontecer entre os Estados-membros, preocupados com os custos elevados do novo medicamento para a hepatite C. O comissário Europeu da Saúde está de visita a Portugal. Esta manhã vai participar na Conferência “Saúde no contexto Europeu” na Universidade Católica, em Lisboa.

António Vaz Carneiro
Médico à frente do recém inaugurado ramo português da Cochrane diz que foi uma surpresa a forma como o SNS resistiu à troika.

Portugal integra há 20 anos a Cochrane Colaboration, organização mundial de referência na selecção e síntese de estudos científicos em medicina e parceira da Organização Mundial de Saúde. Esta semana ganhou um novo lugar de destaque: o país passa a ser um braço da organização e tem como objectivo promover uma viragem do uso de informação sobre saúde nos países de expressão portuguesa. António Vaz Carneiro, médico e professor na Faculdade de Medicina de Lisboa, à frente do Centro de Estudos de Medicina Baseada em Evidência, coordena o projecto. Em entrevista ao jornal i, conta como a crise tornou a discussão da eficácia mais premente. E ajuda a explicar temas que saltaram para opinião pública, como o braço de ferro por preços razoáveis para a nova medicação da hepatite C.

Em 20 anos, persiste um desfasamento entre o que a ciência sabe e os cuidados de saúde prestados à população?
Há uma explosão da informação e é muito difícil geri-la. Isto sempre foi verdade e mais ou menos desfasamento implica uma boa capacidade de selecção e análise dos resultados, que foi o que a Cochrane trouxe de novo. Organizações como esta procuram olhar para os resultados publicados e sintetizar o que se sabe, sobretudo sobre medicamentos. Analisam os diferentes estudos, vêem o que é robusto e comparável e traçam uma fotografia da intervenção: quando deve ser usada, em que doentes, com que efeitos adversos.

Os médicos guiam-se por essas revisões?
Cada vez mais. O objectivo é que sejam usadas em normas de orientação clínica ou em avaliações como as que são feitas no Infarmed. Estamos a falar de análises em que seleccionamos os trabalhos com resultados confiáveis para oferecer informação rigorosa que possa ser aproveitada pelos decisores, sejam médicos, gestores ou doentes.

Há muitos resultados deitados fora? Existe a ideia de que as farmacêuticas só publicam os resultados que lhes interessam...
Até há pouco tempo pode dizer-se que era verdade. A indústria farmacêutica é responsável por 95% dos ensaios clínicos e sendo os principais patrocinadores por vezes os resultados que não conviessem não eram publicados. Isso hoje não é possível porque todos os ensaios a nível mundial têm de ser registados e ter resultados públicos com critérios bem definidos, para evitar a publicação selectiva.

Mas ainda existe uma disputa legal sobre o que tem de ser público.
Há sempre uma tensão entre a divulgação e os direitos de propriedade. Quando um laboratório está a desenvolver uma molécula para o cancro do cólon há outros cinco ou seis a fazer o mesmo e se divulgam toda a informação perdem competitividade. É uma tensão legítima mas acredito que vai esbater-se porque é possível divulgar informação agregada que não comprometa direitos de propriedade. E é crucial para a população, para que possa confirmar se os benefícios clínicos o são de facto ou se são mais modestos.

Notam um empolamento dos resultados?
Pode haver essa tentação mas quem gastou 500 milhões de euros num ensaio clínico, que é quanto custam, tem um risco financeiro colossal. O pesadelo absoluto da indústria é quando desenvolvem um medicamento durante 15 anos, passam todos as fases de ensaios e escrutínios de reguladores e passados três meses de venda o produto é retirado do mercado porque surge algum problema de segurança e todo o investimento vai por água abaixo. Esse receio obriga a rigor na informação.

Esse tipo de situações são raras, não?
Até há pouco tempo, em cada dez medicamentos introduzidos no mercado só se pagavam quatro. A indústria farmacêutica é muito lucrativa mas é fabulosa nos riscos que corre. Não conheço mais nenhuma que reserve 20% dos seus proveitos para investir em desenvolvimento. Se isso implica algum marketing, há progressos notórios e temos cada vez medicamentos mais potentes, seguros e para mais doenças. Um exemplo claro são os novos medicamentos para a hepatite C. É a primeira vez na história que curamos uma infecção viral. É extraordinário. Não conseguimos curar a sida, o herpes ou a hepatite b mas hoje finalmente temos uma cura para 90% dos casos de hepatite C.

Os 50 mil euros pedidos por um tratamento de três meses não são excessivos?
Qualquer medicamento passa por uma fase de ensaios clínicos, em que se verificam os seus benefícios e riscos. Depois há uma avaliação económica, em que se compara com alternativas e se estuda a vantagem e o contexto societal. Vai ver- -se o que se gasta com medicação e outros custos indirectos, como transplantes que não se fazem, ambulâncias ou mesmo absentismo. Aí conclui-se que o medicamento é custo-eficaz. Ser ou não muito dinheiro depende doutro problema. Pode-se concluir que um medicamento é custo eficaz, mas se eu sou o hospital e não tenho dinheiro para pagar 80 milhões de euros e dar o remédio a todos os doentes, como é que eu vou comprar?

É nesse ponto que se encontra a comparticipação destes remédios no SNS?
É claro para todos que é custo-eficaz e está-se a tentar baixar o preço. O problema aqui é mais complexo. Portugal é referência para os preços no Brasil e na Turquia. Sabe qual é o preço num dos países que tem mais hepatite C, o Egipto? 700 euros. De 50 mil passa para 700. Chato. Alguma vez vamos ter o medicamento a 700 euros? Nunca. Porque o nosso preço é referência para um mercado que vale 200 milhões e outro que vale 120 milhões. Nunca vamos ter preços baratos porque isso dá cabo do negócio.

Como se muda isto?
É lei europeia. Se saíssemos do circuito íamos ter problemas maiores como a entrada desenfreada de contrafacção. É uma realidade com que temos de lidar representando 0,1% do mercado mundial de medicamentos e estando no espaço europeu. Resolve-se com negociação, com transparência e um cuidado extremo naquilo que se aprova, garantindo que de facto se investe em tratamentos que são custo-eficazes e que a população deseja.

Qual é a validade das revisões sistemáticas da Cochrane que podem ser usadas nessas análises?
Num campo em que a investigação é muito activa, pode ser dois ou três anos. Noutros pode manter-se cinco anos. Mas permanecemos atentos e se surge algum resultado que possa alterar o panorama geral avança-se para uma nova revisão em que se começa tudo do zero.

Os médicos acompanham esse ritmo de renovação da evidência clínica?
Sim, sobretudo os mais novos. Há dez anos concluímos que abaixo dos 45 anos, a maioria socorria-se tecnologias de informação na prática clínica.

Perde-se alguma coisa no instinto do médico quando passa a socorrer-se de mais informação?
Não. A informação serve sempre de apoio à decisão. A prática médica é um tripé: os médicos pesam a evidência de que dispõe, a sua experiência e os desejos dos doentes. Quando uma pessoa diz que está cansada pode haver 85 causas. Pode estar deprimida, ter uma doença reumatológica, estar anémica, ter corrido 10 km no dia anterior. O primeiro diagnóstico é cognitivo e exclui uma série de situações com base na conversa. Depois, pede-se um teste e prescreve-se uma terapêutica. E aí é que a informação ajuda a seleccionar o exame ou terapia mais indicada. O desafio é sempre integrar a informação no acto clínico. Ainda não se descobriu uma maneira de tratar um doente que não comece por ouvi-lo. Além disso disso, os nossos doentes na maior parte das vezes são tão complicados que não são estudados.

Tendência a agravar com o envelhecimento?
Sim. Ninguém estuda um doente com cinco patologias. O exercício clínico é sempre um exercício de especulação e tende a sê-lo mais no futuro. Quando eu era jovem um homem velho tinha 75 anos. A idade média dos doentes internados hoje em Santa Maria é de 86 anos. É brutal.

A ciência e a indústria não o estuda porque não é lucrativo?
É mais porque é muito difícil analisar e interpretar os resultados de uma intervenção quando há diferentes patologias em simultâneo. Mesmo numa única doença, a incerteza é grande. Podemos ter sintomas frequentes em doenças frequentes mas também em doenças raras. E sintomas raros em doenças frequentes. Uma dor de cabeça pode ser muita coisa, um aspecto muscular ou um cancro. O que é certo é que toda a incerteza só tem a ganhar com mais informação.

Além de incerteza, estas revisões ajudam a reduzir gastos nos sistemas de saúde?
Ajuda a racionalizar-se. Alguma evidência não vai poupar dinheiro pois pode concluir-se que a melhor opção de tratamento é a mais cara. Ajuda certamente a gastar melhor. Agora nesta discussão em torno da racionalização a ciência é apenas uma das variáveis. É preciso pesar os recursos disponíveis e a vontade das pessoas. O que defendemos é que dados científicos sólidos devem ser um auxiliar da decisão.

Este foi um debate iniciado nos últimos anos no sector da saúde. Tem havido seriedade da discussão?
Na maior parte das vezes creio que sim agora estamos a falar de algo muito difícil de resolver. A minha posição enquanto é médico é simples: eu quero tratar toda a gente com tudo. Não há recursos? Então temos de arranjar o um sistema que leve a decisões assentes em evidência e participadas por todos. Primeiro a ciência e os especialistas têm de definir o que é um tratamento eficaz.

O que é?
Teríamos de definir critérios claros. Por exemplo no cancro do cólon, se a mortalidade é de 16%, poder-se-ia definir como eficaz um tratamento que a reduz para 14%. Se falamos de uma doença incurável como diabetes, seria eficaz algo que aumentasse em dez pontos a qualidade de vida. Faríamos isto para as 100 doenças que representam mais gastos e com esta base poder-se-ia definir o que é aprovado e não é. O passo seguinte seria falar com os políticos e cidadãos para que tomassem decisões. É difícil mas na Alemanha, uma inquérito revelou que a maioria considera que só se deve pagar tratamentos do cancro que prolonguem a vida um ano. Isto quando os novos medicamentos aumentam seis semanas a três meses com custos de 40 mil euros por doente. Se isto é verdade, estamos aprovar medicamentos que as pessoas acham que não se justifica. Temos de envolver os cidadãos nas tomadas de decisão e criar um sistema que possam dar o seu feedback sabendo que são temas difíceis de comunicar.

Se fizer a pergunta como na Alemanha é claro.
Sim, mas há outras subtilezas como aceitar-se que, na fase final, um não é um não. Quer se queira quer não estamos a falar de racionamento. Vamos ter terapias que funcionam mas que não vamos dar porque a sociedade opta por aplicar o dinheiro em terapias que funcionam muito. Tem de haver um trabalho claro feito por especialistas e depois de a sociedade aceitar decidir que, se é não, é não. Depois não se pode dizer que tem uma tia ou filho que precisava. Agora isto é um debate incontornável. Os custos da medicina são exponenciais, para mais quando a tendência é os laboratórios focarem-se mais em doenças raras e problemas como Alzheimer. Isto ao mesmo tempo que algumas áreas negligenciadas como vacinas e antibióticos, menos lucrativos, deviam passar a ter um maior investimento do Estado sob pena de ficarmos sem respostas.

Sendo um negócio lucrativo, não devia exigir-se mais à indústria nesses campos?
Pode dar-se vantagens do ponto de vista fiscal mas é preciso ter a noção de que a indústria vive numa posição insustentável. Estes são produtos com um enorme risco, ou porque a maioria dos estudos falham ou porque o risco de um pedido de indemnização por efeito adverso é maior. Os laboratórios demoram 15 anos a produzir um medicamento mas a cada três meses têm de dar informação a Wall Street se não os accionistas piram-se. É esquizofrénico.

Contribuiu para a demonização do sector?
Pressionados até por este contexto, os laboratórios têm uma enorme culpa nisso. Durante anos serviram-se de truques para influenciar os prescritores, o que nem sempre é fraude mas dar uma luz positiva a algo que não é assim tão positivo. Isto além de casos de corrupção directa dos médicos. Julgo que se a indústria teve culpa na sua demonização, hoje está a passar-se para o extremo oposto em que todas as relações com a indústria são conflito de interesse.

Vê o debate do racionamento a reemergir a curto prazo?
Na minha perspectiva não há alternativa. Todos os dias temos de racionar coisas que não são discutidas e deviam ser. Não damos o medicamento A mas damos o B. Como é que decidimos quem é que internamos nos cuidados intensivos? Claro que tentamos ter uma abordagem rigorosa de avaliar quem vai beneficiar mais e até hoje não houve decisões que de facto pusessem em causa os cuidados. Mas precisamos de baias e limites societais. Tudo isto é difícil de compreender quando a maioria das pessoas não percebe a importância da ciência na saúde ou não tem formação científica.

Perceber que é preciso racionar na saúde quando se tapam buracos em bancos como o BPN pode ser outra dificuldade...
Não resolveria: o dinheiro do BPN gastava-se num ano. Os médicos adoram a sua liberdade e são os principais defensores dos doentes. Desesperamos quando acontecem coisas que nos ultrapassam. Dito isto, para já o sistema aguentou-se. Qualquer sistema que tivesse levado a pancada que levámos nos nos últimos três anos ter-se-ia desagregado muto mais. Quase não temos deterioração de indicadores, não aumentou a mortalidade e as taxas de internamento.

Mas houve degradação dos tempos de resposta, nomeadamente cirurgias do cancro.
Tivemos uma alteração ligeira mas está a recuperar. Para quem cortou 500 milhões de euros no financiamento durante três anos isto pode ter duas interpretações: afinal havia 500 milhões de desperdício? A segunda, positiva, é que apesar de tudo se mantiveram os cuidados e houve uma resiliência enorme dos profissionais. Claro que houve impactos, implicaria sempre sangue, suor e lágrimas. Agora o que digo é que esperava coisas gravíssimas e foi um sucesso estrondoso. Houve problemas mas poucos quando esperava que a tuberculose disparasse, houvesse mais problemas infecciosos entre as crianças.

Esperava isso porquê?
Quando desnatamos e tiramos recursos aos tratamentos as pessoas morrem. Há consequências.

Se o lado positivo é não ter acontecido em grande escala, tem outro que é que podia ter acontecido.

Sou a primeira pessoa a dizer que o dinheiro, sendo pouco, deve ir para as coisas que funcionam. É o caso do sistemas de saúde. Temos um sistema bem montado e que funciona bastante bem. Se tem uma doença com o nível de gravidade 1 vai para um sítio, gravidade 2 vai para outro. Um juiz olha de manhã para assuntos fiscais e à tarde para pedofilia. É como eu ser oftalmologista de manhã e reumatologista à tarde. Temos de conseguir definir prioridades e perguntar as pessoas: faltam recursos, privatizam-se os tribunais? Querem saber ler melhor ou morrer menos? É um exemplo provocador mas a questão é que tendo um bolo limitado para distribuir, parece-me claro que a saúde tinha de ter muito mais do que os outro lados. Felizmente o sistema aguentou-se com um muito bom nível.

Houve sempre uma aura em torno de Paulo Macedo. Esbateu-se nos últimos tempos?
Quem está nisto há muitos anos sabe que é uma questão de tempo. É o ministério mais difícil.

Faltou capacidade reformista?
Isso foi um problema transversal e há o sentimento de oportunidade perdida. Mas a verdade é que também ninguém nos explicou o que é que a reforma do Estado implicaria em termos sociais. Posso fechar centros de saúde e hospitais, mas o que significaria ter mais 50 mil pessoas no desemprego?

Mas o SNS precisa de uma reforma?
Penso que sim. Há hospitais que podem ser repensados mas creio que a ideia de base é que hoje as coisas funcionam bem, por isso qualquer alteração requer cuidado. Precisamos de estudar mais as intervenções. Perceber qual o impacto de ter farmacêuticos a visitar idosos na adesão terapêutica, o impacto de ter equipas diferenciadas nos cuidados intensivos, de ter normas clínicas bem implementadas. A maior parte daquilo que fazemos não tem evidência mas quando a temos ou podemos ter porque é que não a usamos?

Porquê?
Porque não existe essa cultura. Começa nos decisores que não têm muitas vezes uma noção clara da importância da ciência na medicina e chega aos doentes, que por vezes não querem debater o que se passa com eles.

O que adia por exemplo mais estratégias de prevenção?
Sim, se bem que muito da medicina preventiva tem efeitos mais modestos do que se pensa. Dito isto é melhor não fumar e fazer exercício, mas nunca eliminará a doença. A par da informação, uma maior cultura de comunicação de risco é muito importante. Num único dia de Verão em que uma adolescente vai para a praia das 8h às 20h apanha mais radiação do que uma vida a usar telemóvel, ainda que a OMS pelo princípio de precaução o classifique como pesticida. A informação tem de ser mais clara.

Têm planos para isso nesta nova fase de colaboração com a Cochrane?
Sim. Além de resumos em português sobre as revisões sistemáticas talvez fosse importante um comentário semanal de algumas notícias que envolvam saúde.

Por exemplo a reacção vagal de Cavaco Silva no 10 de Junho?
É um exemplo mas sou de opinião que em situações dessas deveria haver boletins clínicos com informação clara à população.

A questão da transparência e da eficácia tornaram-se mais prementes na crise?
Julgo que fez acima de tudo que se compreendesse que as decisões mais difíceis num contexto de recursos limitados necessitam de uma base importante de informação para serem fundamentadas e aceites. Esperamos na saúde contribuir para que haja cada vez mais informação de boa qualidade para apontar as melhores decisões. 

Farmacêuticas apoiam
O Governo e a indústria farmacêutica assinaram um acordo mediante o qual as empresas farmacêuticas vão colaborar na redução da...

O acordo foi assinado ontem em Lisboa pelo ministro da Saúde, Paulo Macedo, e pelo presidente da Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica (Apifarma), João Almeida Lopes, tendo o ministro salientado a importância da contribuição da indústria, "num valor muito significativo para o Serviço Nacional de Saúde e para os Hospitais".

A adesão ao acordo por parte das empresas de medicamentos é feita a partir de agora, no prazo de um mês.

Este é o terceiro acordo que a Apifarma faz com a actual equipa do Ministério da Saúde, estando o presidente da associação convicto de que a maior parte das empresas associadas vão aderir, como disse aos jornalistas após a assinatura.

Segundo o documento, as empresas aderentes aceitam colaborar com o objectivo de reduzir a despesa pública com medicamentos "com uma contribuição cujo valor será proporcional à quota de mercado por si individualmente detida em 2014, calculada por referência aos encargos totais do Serviço Nacional de Saúde (ambulatório e hospitalar)".

Quanto às empresas que não aderirem, o Ministério irá depois "estudar" outro "tipo de medidas" que, "como no passado", podem ser "reduções administrativas de preços", disse o ministro.

"A contribuição da indústria (farmacêutica), no ano passado, foi directamente para as contas dos hospitais e foi muito importante, em termos do equilíbrio que os hospitais apresentaram" em 2013, frisou Paulo Macedo, afirmando-se satisfeito porque, "potencialmente, os hospitais têm uma contribuição de 160 milhões".

Segundo o acordo ontem assinado, o Ministério também se compromete a "desenvolver esforços" para continuar a proceder ao pagamento das dívidas do Estado à indústria farmacêutica, com o presidente da Apifarma a estimar que não esteja muito longe dos 1,3 milhões de euros.

João Almeida Lopes disse aos jornalistas que os acordos entre o Ministério da Saúde e a Apifarma representaram "uma poupança para a factura do medicamento no Serviço Nacional de Saúde de praticamente um terço".

"O acordo deste ano é ligeiramente mais gravoso do que o do ano passado, mas há uma preocupação dos agentes económicos não só em colaborar com o ajustamento, mas também em garantir condições de acesso de alguma medicação inovadora, que possa ser posta à disposição dos doentes portugueses, mais cedo e com oportunidade", disse João Almeida Lopes.

Para este ano a despesa pública com medicamentos, no Serviço Nacional de Saúde, está fixada nos dois mil milhões de euros.

Em 2014
O Governo anunciou, ontem, que vai autorizar a contratação de "mais 934 camas" para os cuidados continuados em 2014, ...

Em comunicado divulgado ao início da madrugada, o Ministério da Saúde revela que a Região de Lisboa e Vale do Tejo, por ser "apontada como a mais deficitária do país", é a que vai receber mais camas (408), seguida da Administração Regional de Saúde (ARS) Norte, com 310, da ARS Centro, com 211, e da ARS Alentejo, com cinco camas.

"O Ministério da Saúde, em conjunto com o Ministério da Segurança Social, vai autorizar a contratação, para 2014, de mais 934 camas destinadas aos cuidados continuados, de forma a dar resposta às necessidades que se têm sentido nesta área assistencial", lê-se no comunicado divulgado ontem.

De acordo com a assessoria de imprensa do Ministério da Saúde, "em 2012 foram abertas 316 novas camas e em 2013 abriram-se 731, num total de 1.047 camas em dois anos".

A disponibilização destas camas "representa um acréscimo de despesa anual de 13,5 milhões de euros por ano", refere o Ministério da Saúde no comunicado, acrescentando que "desde 2012, o acréscimo anual de despesa já foi de 14 milhões de euros".

"A actual rede é composta por 6.642 camas, o que representa um custo anual de 126 milhões de euros. No final da contratação de todas as camas já autorizadas, a rede ficará com quase 8.000 camas", acrescenta o Ministério da Saúde.

Sobre Saúde
O Governo dos Açores sublinhou ontem que a reestruturação da Saúde em São Jorge acolheu vários "argumentos" do...

Durante uma reunião do Governo dos Açores com o Conselho de Ilha de São Jorge, ontem à noite, em Velas, o presidente do executivo, Vasco Cordeiro, e o secretário regional da Saúde, Luís Cabral, lembraram que o plano de reestruturação do Serviço Regional de Saúde (SRS) é transversal a todo o arquipélago, não havendo qualquer "selectividade" em relação a São Jorge.

O Conselho de Ilha levou à reunião diversas preocupações relacionadas com a saúde, como a sua discordância face à reestruturação do sector, à falta de médicos ou "queixas" relacionadas com "falta de articulação" e mais morosidade nos casos em que é necessário acionar a Força Aérea para o transporte urgente de doentes.

Dados relativos a 2013
Quase 200 milhões de europeus dispõem já de um Cartão Europeu de Seguro de Doença, segundo os últimos dados disponíveis...

László Andor, comissário responsável pelo Emprego, Assuntos Sociais e Inclusão, afirmou: “Num momento em que muitas pessoas tencionam partir de férias de Verão, é encorajador ver que um número cada vez maior dispõe do Cartão Europeu de Seguro de Doença (CESD). Tal permite-lhes receber os tratamentos necessários ao viajarem no interior da União Europeia, na Suíça, no Liechtenstein, na Noruega e na Islândia. O número crescente de cidadãos que adquire este cartão demonstra a confiança no sistema CESD e o reconhecimento da protecção que proporciona.”

O CESD, que é concedido gratuitamente, atesta que o seu titular tem direito a receber os tratamentos médicos de que possa necessitar ao permanecer temporariamente noutro país, no âmbito do sistema de saúde público do país de acolhimento, nas mesmas condições e ao mesmo custo que os cidadãos nacionais desse mesmo país. O CESD não pode ser utilizado para a cobertura de tratamentos médicos programados noutro país.

Os hospitais que prestam serviços de saúde pública são obrigados a reconhecer o CESD. Com efeito, na grande maioria dos casos, os doentes que apresentam o CESD beneficiam dos cuidados de saúde necessários e são reembolsados sem qualquer dificuldade. No entanto, já se registaram casos de recusa que se devem geralmente à falta de conhecimento por parte dos prestadores de cuidados de saúde. Por conseguinte, a Comissão Europeia e os Estados-Membros devem prosseguir as acções de sensibilização sobre o funcionamento deste cartão, tanto entre os profissionais de saúde, como dos cidadãos.

No caso de o CESD não ser aceite, os doentes devem contactar a autoridade de saúde competente do país onde se encontram. Os números de emergência podem ser facilmente acedidos através da aplicação CESD para smartphones e outros aparelhos móveis. Em caso de recusa continuada, os doentes devem solicitar apoio junto das autoridades de saúde do seu país de origem. Por último, se, ainda assim, persistirem dificuldades, devem contactar a Comissão Europeia que poderá investigar as queixas apresentadas e colocar a questão às autoridades do país em causa. A Comissão investiga estes casos e, quando necessário, instaura processos por infracção contra os Estados-Membros que não aplicam a legislação da UE relativa à utilização do CESD.

Os cidadãos devem estar cientes de que o cartão é emitido gratuitamente pelo sistema nacional de saúde do seu país de origem, sem qualquer necessidade de pagamento a intermediários que se propõem prestar assistência para a apresentação dos pedidos, como sucede por vezes em alguns países. Os cidadãos devem declarar estes casos às autoridades nacionais responsáveis em matéria de seguro de saúde.

Antes das férias de Verão, e no intuito de promover uma maior sensibilização para a utilização do CESD, a Comissão Europeia está a lançar um concurso para guiões de videofilmes. O conceito do vencedor será desenvolvido e produzido sob a forma de videoclipe, que será utilizado para continuar a promover o CESD. O concurso tem início hoje e termina em 17 de Agosto.

A aplicação CESD inclui informações acerca do cartão, os números de emergência, os tratamentos cobertos e os custos, o reembolso das despesas e os contactos necessários em caso de extravio do cartão. A aplicação abrange 28 países da UE, a Islândia, o Liechtenstein, a Noruega e a Suíça. Está disponível em 25 línguas, sendo possível mudar de idioma. Contudo, a aplicação não substitui o CESD.

Em França
O Conselho de Estado francês, mais importante instância administrativa do país, ordenou ontem a retirada dos cuidados...

A decisão põe fim a uma batalha jurídica mantida desde 2013 entre a mulher de Lambert, Rachel, defensora da eutanásia para o marido e que contava com o apoio dos médicos, contra os pais do paciente, católicos, que se opõem à retirada da alimentação e hidratação que o mantém vivo.

Na expectativa de que o Conselho de Estado se pronunciasse contra os seus interesses, os pais de Lambert já tinham recorrido ao Tribunal Europeu dos Direitos Humanos de Estrasburgo, para pedir a suspensão cautelar da sentença.

A decisão do tribunal europeu deverá ser divulgada muito brevemente.

Os 17 magistrados do Conselho de Estado consideraram legal a decisão dos médicos de retirar os cuidados paliativos ao paciente, incluindo a alimentação e a hidratação artificial.

A decisão foi tomada tendo por base os muitos testemunhos que mostravam que antes do acidente que o levou para a cama do hospital, em Setembro de 2008, Lambert tinha mostrado a sua recusa em ser mantido artificialmente com vida.

Os médicos consideram que Lambert não recuperará e que alguns dos seus comportamentos deixam antever que se recusa a continuar a viver, opinião partilhada por seis dos seus irmãos, pela sua mulher e outros familiares e amigos.

Mas os pais e dois outros irmãos não partilham desta opinião e recusam que se lhe aplique a lei de cuidados paliativos, já que a doença de Lambert não está em fase terminal.

Lambert só pode mover os olhos e sente dor, mas os médicos não conseguiram descobrir se o paciente compreende quando se fala para ele.

O caso de Lambert e a batalha familiar que o alimentou reavivou o debate sobre a eutanásia em França e marcou a existência de duas opiniões opostas sobre o fim de vida de pessoas em situação extrema.

À espera de uma lei que aclare a situação, prometida pelo presidente François Hollande durante a campanha eleitoral de 2012, o caso ficou marcado pela ambiguidade das leis existentes.

Tal como estipula a actual lei de cuidados paliativos, uma equipa de médicos do hospital universitário de Reims, no leste de França, tomou a decisão de não continuar a manter o paciente com vida em Abril de 2013.

No entanto, um mês depois de se lhe retirarem os cuidados paliativos, os pais começaram uma batalha jurídica que obrigou a nova ligação às máquinas.

Cada vez que os médicos relançavam os procedimentos de fim de vida, as decisões dos tribunais eram sempre favoráveis aos pais.

O relator geral, representante do Governo e do Conselho de Estado, pronunciou-se favoravelmente na quinta-feira a favor de parar a alimentação artificial a Lambert, depois de ter consultado três novos relatórios médicos.

Com um andarilho
Recuperar a mobilidade há-de ser uma guerra constante da tecnologia contra as piores surpresas com que a natureza nos aflige. E...

Do outro lado do oceano, em Jacksonville, no estado norte-americano da Florida, já há pelo menos um doente a quem este aparelho mudou a vida.

Com a ajuda de um andarilho equipado com tecnologia laser, Wayne Puckett pode passear-se à vontade, algo que não conseguia fazer há quatro anos. Puckett sofre de uma variante de Parkinson, uma doença neurológica que destrói a capacidade do cérebro para controlar as funções motoras. Antigo carteiro, pai de cinco filhos, Puckett lembra-se de quando tudo começou.

“Sinto que deixei de ser um homem. Perdes o emprego, perdes o que te ocupava. Nem foi tanto o dinheiro, era uma questão de saúde. É duro de aceitar e sentimo-nos insignificantes. Já não consegues fazer o que fazias e os teus filhos estão ali, a ver isso mesmo”, lamenta Wayne Puckett.

Em 2010, Puckett encontrou-se com Jay Van Gerpen, na Clínica Mayo de Jacksonville, na Florida. Na altura estava confinado a uma cadeira de rodas, mas o médico disse-lhe que tinha um aparelho capaz de o pôr a voltar a caminhar pelos próprios pés naquele mesmo dia.

“Achei que ele era doido. Ele disse-me que tinha uma pequena linha vermelha que era o que ia conseguir pôr-me a andar. E eu, ‘estás a gozar comigo’. E ele diz-me para eu experimentar a coisa, por uma vez que fosse, e eu "está bem, quero lá saber". E ele deu-me esta coisa e eu ‘Uau!’. Funcionou”, conta Puckett.

O pequeno feixe vermelho é um laser, preso ao andarilho. O Doutor Van Gerpen diz que o laser ajuda o cérebro de Puckett a sair do “engarrafamento” neurológico que a doença provocou. E com isso, volta a ter controlo sobre os seus movimentos.

“Quando se pretende andar há uma zona do cérebro que é activada. São os núcleos basais, no córtex pré-frontal. Se esta área sofrer uma lesão, os sinais deixam de chegar ao córtex motor primário, que é a parte do cérebro que comanda o movimento voluntário dos músculos”, explica Jay Van Gerpen, neurologista na Clínica Mayo.

Van Gerpen afirma que o raio laser funciona como uma guia visual, que obriga o cérebro de Puckett a contornar a zona de congestionamento dos sinais, escapando-se pelas vias alternativas que ligam o córtex pré-frontal ao córtex motor.

“Estamos a rentabilizar as partes do cérebro que estão nas melhores condições, para compensar aquelas que não estão”, acrescenta o neurologista.

Wayne Puckett diz que o laser lhe devolveu a vida. Sente-se mais independente e está a encarar o futuro de frente. Um passo de cada vez.

“Terapia da harmónica”
Um músico da Broadway, em Nova Iorque, que passou por dois transplantes pulmonares está a recuperar em tempo recorde graças à ...

Quem canta os seus males espanta. E não é que é mesmo verdade?

Há um ditado anglo-saxónico que garante que “a música sossega as almas”... mas no caso de Larry Rawdon já fez muito mais do que isso. Ele diz que a música provavelmente lhe salvou a vida. Rawdon passou a maior parte da sua carreira musical como violoncelista profissional nas orquestras da Broadway, em musicais de sucesso como CATS. E todavia, em 2002 tudo mudou. Foi-lhe diagnosticada uma fibrose pulmonar idiopática, uma doença pulmonar mortal e incurável.

“Basicamente esta doença é assim: vai-se andando durante uns tempos, e de repente é como se caíssemos de um penhasco”, diz Larry Rawdon.

Naquela altura, e tal como a maior parte dos doentes com fibrose pulmonar idiopática, Larry Rawdon precisava de um transplante pulmonar.

“Eles têm vivido com uma doença pulmonar terminal, e os pulmões deterioram-se até ser impossível sobreviver sem um transplante. Só que durante esse processo não é só o pulmão propriamente dito que se altera. Os músculos respiratórios são afectados, os músculos do diafragma são afectados e, se a doença tiver tempo suficiente, todo o sistema muscular é afectado”, explica Cesar Keller, do Programa de Transplantes Pulmonares da Clínica Mayo.

E é aqui que entra a harmónica. Depois de dois transplantes, Larry Rawdon tem agora pulmões novos, e com a ajuda do seu instrumento está a fazer uma recuperação notável. Tanto ele como o seu médico afirmam que este é o treino ideal para quem recebeu um transplante, e andam a partilhar as boas notícias com os outros doentes.

“Tropecei nesta espécie de resfolegar, que é fazer com que a harmónica soe como um comboio a vapor. Não requer qualquer talento musical, puxa de facto pelo diafragma, e eu achei que era uma coisa que conseguia pôr os meus companheiros a fazer”, acrescenta Larry Rawdon.

Rawdon já deu dois cursos na Clínica Mayo e planeia outros tantos. Diz que ele que ouvir os companheiros tocar é música para os seus ouvidos.

Comissão de utentes de Aveiro
A Comissão de Utentes de Saúde de Aveiro, que ontem esteve em contactos com doentes no Hospital Infante D. Pedro, diz que os...

"Vamos sabendo de histórias que contradizem os indicadores que são divulgados e sentimos a contradição quando falamos com a administração e quando falamos com os utentes" afirmou Catarina Oliveira, da comissão de utentes, no final de uma visita à área de consultas externas do Hospital.

A demora no atendimento, quer nas consultas, quer nas urgências, é a principal queixa, mas também a espera "escusada" nos hospitais de Águeda e de Estarreja, cujos utentes depois acabam por ser encaminhados para os hospitais de Aveiro e de Coimbra, mesmo para "casos simples".

"O que a administração nos transmite é que o serviço não está tão mau como parece, mas a realidade é que as histórias continuam a chegar-nos e as pessoas estão preocupadas e sentem que o serviço de saúde está cada vez pior", observou Catarina Oliveira.

O objectivo da visita de ontem foi entrar em contacto com os utentes para "ouvir o que têm para dizer" e dar a conhecer a existência da comissão de utentes.

"Vimos muitas pessoas à espera e à espera durante muito tempo para fazer análises, pessoas que já vinham dos hospitais periféricos de Estarreja e de Águeda porque é para lá que têm de ir primeiro, mas já têm a noção de que acabam por ter de ir para outro hospital porque lá não há condições para as atender", descreveu.

Um dos casos que lhe foi relatado foi o de uma mulher que veio de Águeda por causa de uma espinha entalada na garganta e nem no Hospital de Aveiro foi atendida, acabando por ter de ir para Coimbra.

"Temos de lutar para que as histórias sejam cada vez menos e o bom é que nenhum utente se sinta lesado no atendimento que tem nos serviços de saúde", disse Catarina Oliveira, lembrando que a comissão está à espera que esteja constituído o conselho consultivo e da entrega "do famoso plano estratégico" para o Centro Hospitalar do Baixo Vouga.

No Algarve
A Ordem dos Médicos estima que faltem no Algarve mais de 250 clínicos e teme problemas de acesso à saúde durante o Verão,...

Numa conferência de imprensa ontem em Lisboa, Jaime Teixeira, presidente do Conselho Regional do Sul da Ordem, traçou um "quadro negro" nos Serviços de Urgência Básica (SUB) no Algarve.

No caso do SUB de Loulé, por exemplo, a situação foi definida como muito preocupante porque a urgência já fechou alguns dias, só durante este mês, por falta de médicos.

"É quase um crime económico. Vai se destruir o turismo, não havendo assistência médica suficiente", declarou Jaime Teixeira.

A Ordem dos Médicos distribuiu já um formulário e um endereço de email para que todos os clínicos possam fazer denúncias "de forma mais recatada e sem exposição pública".

Segundo o Conselho Regional do Sul, no Algarve faltarão cerca de 100 médicos de medicina geral e familiar e entre 100 a 200 médicos a nível hospitalar.

“Há falhas na rede de serviços de urgência básica – a que um número elevado de turistas terá necessidade de recorrer –, falta de médicos de família e falhas de especialidades tão importantes como a anestesiologia, dermatologia e ortopedia”, declarou Jaime Teixeira.

Ulisses Brito, presidente do Conselho Distrital do Algarve da Ordem, avisou que as falhas nos SUB vão sobrecarregar as urgências hospitalares.

“Em termos hospitalares, as escalas de serviço estão mais ou menos asseguradas. O grande problema são os serviços de urgência básica. Mas se os SUB faltarem, as urgências hospitalares vão rebentar”, frisou.

Os SUB eram da responsabilidade da Administração Regional de Saúde e passaram depois para a alçada do Centro Hospitalar do Algrave.

Contudo, segundo Ulisses Brito, neste momento “são terra de ninguém”, porque a administração do Centro Hospitalar não estará a assumir a sua responsabilidade pelos serviços de urgência básica.

Para a Ordem, ainda poderá haver tempo de resolver a situação de carência de médicos no Algarve para o período das férias de Verão, mas terá de haver “uma intenção superior, ao nível do ministro da Saúde”, bem como uma rápida decisão.

Por informar doente da falta de material
Uma médica do hospital do Barlavento Algarvio foi submetida a um processo de averiguações, por parte da administração...

Numa conferência de imprensa ontem, em Lisboa, o Conselho Regional do Sul da Ordem expôs alguns casos do que considera serem “pressões sobre os profissionais de saúde”, para não divulgarem problemas ou situações que se passam nos hospitais.

Segundo Pedro Quaresma, dirigente da Ordem no Algarve, a administração do Centro Hospitalar do Algarve abriu recentemente um processo de averiguações a uma médica do Hospital do Barlavento, “por ter informado um doente de que não poderia executar um exame, porque não tinha os instrumentos necessários para lhe fazer o procedimento”.

“Simplesmente, a doente em questão resolveu divulgar publicamente o sucedido, o que fez com que a profissional esteja ainda sob acção de um processo de averiguações”, relatou o cirurgião.

Em causa estava a realização de uma biópsia, que não foi feita por não haver material cirúrgico.

Contudo, segundo a Ordem dos Médicos, o entendimento do conselho de administração do hospital foi diferente, já que a justificação para a abertura do processo de averiguação foi a de que teria sido possível realizar o exame, havendo, assim, necessidade de apurar a responsabilidade da médica.

Para o Conselho Regional do Sul, este é um dos exemplos que decorre do Código de Ética que o Ministério da Saúde pretende implementar e a que os médicos têm chamado “lei da rolha”.

A Ordem dos Médicos compromete-se a “apoiar todos os médicos” que queiram denunciar situações nos seus serviços ou unidades e avisa o Governo de que, enquanto o Ministério da Saúde “não recuar definitivamente na intenção de produzir uma ‘lei da rolha’”, as denúncias serão repetidas.

Para isso, o Conselho Regional do Sul criou já um endereço de correio electrónico e um formulário para que os clínicos possam enviar as suas denúncias, “de forma mais recatada e sem exposição pública”.

Outro dos casos ontem divulgado foi o de “uma jovem médica, ainda interna”, a quem foi aberto um processo disciplinar pelo Centro Hospitalar do Algarve, por ter escrito no diário clínico de um doente que não se tinha procedido ainda a um determinado exame, por falta de autorização do conselho de administração.

“Está sob acção de um processo disciplinar porque repetiu, no diário clínico de um doente, uma informação que já vinha de um especialista. Isto levou a que (os administradores) entendessem que o que estava escrito no diário clínico tinha carácter difamatório e prejudicava o bom nome do centro hospitalar”, contou Pedro Quaresma.

Em relação a casos passados no Algarve, a Ordem contou ainda a situação de um director de serviço que foi “substituído compulsivamente”, sem razão ou justificação.

Médico e cientista Manuel Sobrinho Simões pede
O médico e investigador Manuel Sobrinho Simões voltou ontem a pedir políticas de investimento público na ciência que incentivem...

Em declarações, a propósito da sua participação, ontem, no parlamento, numa conferência sobre o futuro da ciência em Portugal, o director do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto (Ipatimup) voltou a manifestar que o que mais o preocupa é "a destruição do tecido institucional", o não haver, por parte do Estado, "a preocupação de avaliar e ser preciso na recompensa e no reforço" financeiro dos centros de investigação de qualidade.

"Não há política científica que se aguente no futuro se não tivermos tido o cuidado de reforçar o tecido" institucional, sustentou Sobrinho Simões, que anteriormente já tinha acusado o Governo de destruir a ciência, criticando os cortes orçamentais impostos pela austeridade.

Sobrinho Simões apontou o caso do instituto que dirige que, disse, teve uma redução de 45 por cento no seu "financiamento de base", "sem nenhuma justificação e avaliação".

Falta de financiamento
O cientista adiantou que o Ipatimup se tem mantido à custa de contratos de investigação, incluindo internacionais, e da prestação de serviços, nomeadamente a hospitais como o São João do Porto, com o qual trabalha em parceria.

"Os pagamentos da FCT (Fundação para a Ciência e Tecnologia) são erráticos", assinalou.

Manuel Sobrinho Simões, Prémio Pessoa 2002, considera que os programas da Fundação para a Ciência e Tecnologia, entidade pública que subsidia a investigação científica, "são fragmentários".

"Não têm sido feitos com regularidade, não têm sido coerentes. Têm sido pouco transparentes, com alterações das classificações... tem havido sempre trapalhadas... têm feito com que as pessoas sintam uma progressiva desconfiança", defendeu, acrescentando que, a seu ver, a FCT "não consegue cumprir prazos, abrir os concursos, avaliar as instituições".

Para o médico, especialista em cancro da tiroide, "é assustador a incompetência e a displicência" da FCT, que "não respeita os cientistas".

As críticas - da comunidade científica - à Fundação para a Ciência e Tecnologia, que tem refutado qualquer irregularidade, subiram de tom este ano, após a diminuição das bolsas individuais de doutoramento e pós-doutoramento, que a instituição alega que foram compensadas por outros programas de apoio à investigação.

O director do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto entende que o futuro da política científica em Portugal passa por políticas públicas que, além de reforçarem financeiramente as instituições de qualidade, apoiem a investigação fundamental, caso contrário "é matar a ciência", defendeu.

"A investigação tem que ter alguma utilidade, mas não pode ser medida apenas pela sua utilidade imediata", invocou, exemplificando que "há muitas coisas que estão a ser descobertas no domínio da investigação para o tratamento de cancro que podem não ter resultados imediatos, mas que vão ter resultados daqui a cinco ou dez anos".

A conferência "O Futuro da Ciência em Portugal", que se realizou ontem à tarde na Sala do Senado, foi uma iniciativa da Comissão Parlamentar de Educação, Ciência e Cultura.

O programa incluiu intervenções do presidente da FCT, Miguel Seabra, do presidente do Fórum dos Conselhos Científicos dos Laboratórios do Estado, José Manuel Catarino, e de membros do Conselho dos Laboratórios Associados e do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia.

Os cientistas Manuel Sobrinho Simões, Maria Mota - Prémio Pessoa 2013 - e Carlos Fiolhais, assim como o presidente da empresa farmacêutica Bial, Luís Portela, também constaram da lista de oradores.

Investigação
Um consórcio europeu que estuda os venenos dos animais, para descobrir a cura de doenças, já recolheu e analisou 120 espécies e...

Estes são os primeiros dados divulgados pelo consórcio europeu responsável pelo Projecto Venomics, um projecto científico iniciado no final de 2011, com conclusão prevista até ao fim de 2015, que pretende criar uma base de dados com 20 mil moléculas presentes no veneno de mais de 500 animais.

O consórcio é composto por oito empresas de cinco países europeus, entre os quais Portugal, que acreditam “poder encontrar no veneno dos animais a chave para optimizar a saúde humana no futuro próximo”.

Assim, empresas da Bélgica, Dinamarca, França e Espanha e a portuguesa NZYTech envolveram-se nesta “iniciativa inovadora”, que é simultaneamente o “maior projecto mundial nesta área”, com o objectivo final de identificar e desenvolver novos fármacos a partir de venenos de animais.

Já foram recolhidas 120 espécies de animais venenosas, das quais 90 foram analisadas geneticamente (estudado o ARN responsável pela transmissão da informação do ADN até ao local de síntese de proteínas), enquanto das restantes 30, foram analisados os péptidos do veneno (moléculas venenosas, pertencem à classe das proteínas).

“Esperamos obter um banco de 20 mil sequências até ao fim do projecto, que representará a maior base de dados de toxinas construída até ao momento”, diz Nicolas Gilles, líder de uma das empresas (francesa) que integram o consórcio.

Um dos grandes potenciais desta investigação é a descoberta de centenas de péptidos e proteínas no veneno de cada uma das espécies venenosas, o que “abre múltiplas oportunidades para a investigação farmacológica”.

O facto é que os venenos constituem uma das mais promissoras fontes de criação de novos componentes farmacológicos para o tratamento de doenças humanas, graças às suas actividades funcionais, pequeno tamanho, baixa imunogenicidade e estabilidade, explicam os investigadores.

“Os venenos dos animais são 'cocktails' complexos que contêm várias centenas de componentes, a maioria dos quais são proteínas ou péptidos”, afirmou o responsável de uma empresa farmacológica do consórcio, acrescentando que os venenos são, no fundo, reservatórios naturais que contêm muitas moléculas bioactivas com capacidade de participar em interacções moleculares, o que "as torna tão interessantes para a indústria farmacêutica".

Estima-se que existam na natureza cerca de 170 mil espécies animais venenosas que produzem globalmente mais de 40 milhões de proteínas venenosas diferentes, das quais apenas cinco mil são conhecidas até hoje.

No fundo, o trabalho da Venomics está a montante da investigação farmacológica, indo dos venenos até aos candidatos a fármacos.

 

Organização Mundial de Saúde divulga
A Organização Mundial de Saúde divulgou que um dos vírus causadores da poliomielite foi encontrado no aeroporto de Viracopos,...

O poliovírus selvagem tipo 1 foi encontrado em amostras de esgoto recolhidas pela Companhia de Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), no mês de Março.

A Organização Mundial de Saúde (OMS), agência das Nações Unidas para a Saúde, divulgou que a amostra é semelhante a outra encontrada na Guiné Equatorial, mas que tem um risco “muito baixo” de se espalhar internacionalmente.

O vírus encontrado na Guiné Equatorial tem potencial “alto” de transmissão, segundo um comunicado divulgado em Maio pela OMS, mas não foi registada nenhuma pessoa infectada com o vírus.

O Ministério da Saúde do Brasil, citado pelo jornal O Globo, informou que a detecção do vírus no aeroporto de Viracopos é “ocasional” e que uma amostra recolhida em Abril no mesmo local não registou a presença de vírus.

A poliomielite foi considerada erradicada no Brasil em 1994. Para monitorizar a presença de vírus, são recolhidas frequentemente amostras para análise.

Médicos alertam
A Ordem dos Médicos alertou hoje para a “espiral de medo” que os profissionais de saúde vivem actualmente nos hospitais, na...

“Além da lei da rolha há uma espiral de medo. O interno tem medo do especialista, o especialista tem medo do director de serviço e o director de serviço tem medo do conselho de administração. É uma espiral de medo que vamos tentar combater”, afirmou hoje numa conferência de imprensa em Lisboa o presidente do Conselho Regional do Sul da Ordem dos Médicos, divulgada pelo site da RTP.

Para Jorge Teixeira Mendes, há casos que demonstram que “há perseguições políticas” no Serviço Nacional de Saúde, que a Ordem dos Médicos quer tentar combater, tornando-se o veículo da divulgação das denúncias e queixas dos profissionais de saúde.

Para isso, a Ordem distribuiu já aos médicos um formulário e um endereço de e-mail para os clínicos denunciarem situações nos seus serviços "de forma mais recatada".

Jorge Teixeira Mendes critica ainda a “insensibilidade” do ministro da Saúde face a estas questões de alegada perseguição a profissionais de saúde.

A Ordem dos Médicos tem criticado o Código de Ética que o Ministério da Saúde pretende implementar, considerando que se trata de uma lei da rolha, ao referir que, “salvo quando se encontrem mandatados para o efeito, os colaboradores (...) devem abster-se de emitir declarações públicas, por sua iniciativa ou mediante solicitação de terceiros, nomeadamente quando possam pôr em causa a imagem [do serviço ou organismo], em especial fazendo uso dos meios de comunicação social”.

Hoje, a Ordem denunciou algumas situações que considera serem pressões aos profissionais de saúde, nomeadamente o caso de uma médica do hospital do Barlavento Algarvio que foi submetida a um processo de averiguações por parte da administração hospitalar por ter informado um doente de que não tinha instrumentos necessários para realizar uma biópsia.

 

Circular Informativa N.º 139/CD/8.1.7. Data: 23/06/2014
O Infarmed emitiu uma circular informativa sobre a falsificação do medicamento Kaletra.

A Agência Alemã do Medicamento divulgou a existência de embalagens falsificadas dos seguintes lotes do medicamento Kaletra, comprimido revestido por película, 200 mg + 50 mg:

Lote

Validade

276268D

10/2015

336398D

07/2016

345118D

08/2016

 

Apesar de não ter sido detetada a existência de medicamentos destes lotes em Portugal, e atendendo a que este medicamento é utilizado apenas em meio hospitalar, as entidades que eventualmente tenham adquirido estes lotes do medicamento não devem proceder à sua venda, dispensa ou administração, devendo comunicar de imediato ao Infarmed.

 

Vendidos na Internet
Medicamentos falsificados podem ser “ineficazes, nocivos ou mesmo mortais”, alerta comissário europeu responsável pela Saúde.

A Comissão Europeia adoptou nesta segunda-feira um regulamento no quadro da legislação comunitária contra medicamentos falsificados que estabelece um logótipo comum para as farmácias em linha para atestar a autenticidade e segurança dos medicamentos vendidos na Internet.

O logótipo só estará plenamente disponível no segundo semestre de 2015, já que o regulamento entrará em vigor dentro de quatro a seis semanas e, a partir daí, os estados-membros dispõem de um prazo de uma ano para aplicá-lo, estando também previstas campanhas nacionais de sensibilização.

"Ao comprar medicamentos através da Internet, os consumidores devem estar conscientes de que, se não os comprarem a fornecedores de medicamentos legalmente autorizados, correm o risco de estar a adquirir medicamentos falsificados. Os medicamentos falsificados podem ser ineficazes, nocivos ou mesmo mortais. A Comissão criou um logótipo comum para as farmácias em linha a fim de garantir a segurança dos consumidores", explicou nesta segunda-feira o comissário europeu responsável pela Saúde, Tonio Borg.

 

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