Prevenção
Numa altura em que a primavera convida à prática de atividade física ao ar livre, a Sociedade Portuguesa de Oftalmologia (SPO)...

Luís Torrão, oftalmologista da SPO, começa por explicar que “a conjuntivite, uma inflamação da conjuntiva, a túnica fina que reveste o globo e a pálpebra, pode ser de causa infeciosa ou não infeciosa. Entre as não infeciosas, as conjuntivites alérgicas são as mais comuns, atingindo uma larga margem dos pacientes, sendo os principais sintomas apontados: ardor nos olhos, os olhos vermelhos, o lacrimejo, o inchaço e/ou a dor ou desconforto nos olhos.”

Pela sua epidemiologia, a conjuntivite alérgica acaba por ser mais penosa para as pessoas em momentos sazonais, como na primavera, especialmente se forem adeptos de exercícios ao ar livre. “Isto acontece porque as pessoas ficam mais expostas ao elevado nível alergénios, como por exemplos os pólens típicos da primavera,” explica o oftalmologista da SPO.

De forma a proteger os olhos e a aliviar os sintomas de quem pratica exercício físico ao ar livre e sofre de conjuntivite alérgica, a SPO deixa conselhos importantes:

  • Podem ser utilizados colírios adequados à diminuição da carga de alergénios, como as  lágrimas artificiais, ou agentes terapêuticos como os anti-histamínicos tópicos ou sistémicos;
  • Devem-se evitar zonas de maior concentração de alergénios aquando a prática desportiva;
  • É importante não usar lentes de contacto e, se necessário, optar por proteções oculares certificadas à medida de cada modalidade desportiva que podem proteger tanto os sintomas da conjuntivite, como outros problemas maiores;
  • Sempre que tiver com as mãos em contacto com a natureza lave-as antes de mexer nos olhos. 

“Mas mais importante que tudo, deve consultar o seu médico oftalmologista porque cada caso é um caso e com a prevenção certa poderá fazer todo o tipo de exercício físico ao ar livre sem prejudicar a sua visão”, termina o especialista. 

 

Medicamentos
Comissão Europeia (CE) concedeu a Autorização de Introdução no Mercado da substância ativa fremanezumab, solução injetável ,...

Nos ensaios clínicos, os doentes tratados com esta substância ativa apresentaram reduções significativas, de pelo menos 50%, no número de dias mensais com enxaqueca, sendo esta redução observada logo na primeira semana.

O fremanezumab  é um anticorpo monoclonal humanizado (mAb) que se liga ao CGRP (péptido relacionado com o gene da calcitonina) e bloqueia a sua ligação ao recetor. AJOVY (fremanezumab ) é o primeiro e único tratamento anti-CGRP aprovado na União Europeia (UE) e nos Estados Unidos (EUA) desenvolvido para a prevenção da enxaqueca que oferece a opção de regime mensal e trimestral.

Elena Ruiz de la Torre, diretora executiva da Migraine & Headache Alliance, afirma: “A enxaqueca não é apenas uma dor de cabeça, é uma doença neurológica imprevisível frequentemente subdiagnosticada e subtratada. Depois de várias décadas em que os doentes com enxaqueca se sentiram esquecidos, estamos muito satisfeitos por ver progressos em termos de tratamentos preventivos que oferecem aos doentes uma nova esperança na gestão da sua doença. A disponibilidade de um novo tratamento, especificamente desenvolvido para a prevenção da enxaqueca, é mais um passo positivo para a comunidade da enxaqueca e congratulamo-nos com o facto de os mais de 50 milhões de doentes na Europa terem agora mais opções de tratamento e mais dias livres de enxaqueca".

AJOVY foi avaliado em dois ensaios clínicos de Fase III que incluíram doentes com enxaqueca incapacitante e que estudaram o fremanezumab no tratamento profilático da enxaqueca em adultos. Nestes ensaios, os doentes tratados com fremanezumab, obtiveram uma redução significativamente maior nos dias de enxaqueca por mês comparativamente com o placebo. As reações adversas ao medicamento observadas com fremanezumab foram, na sua maioria, reações cutâneas ligeiras a moderadas e de curta duração no local da injeção: dor, endurecimento, vermelhidão, prurido e erupção cutânea.

Messoud Ashina, professor de Neurologia na Faculdade de Saúde e Ciências Médicas da Universidade de Copenhaga, na Dinamarca, refere: “A enxaqueca é uma doença neurológica incapacitante que pode ter um impacto significativo na qualidade de vida. A doença é mais comum entre os 25 e os 55 anos, o que significa que ocorre durante os anos mais produtivos, prejudicando a vida pessoal e profissional dos doentes. A aprovação do fremanezumab na UE proporcionará aos médicos europeus uma importante opção de tratamento e oferece aos doentes maior flexibilidade ao permitir a opção por um regime mensal ou trimestral e, mais importante, uma redução significativa no número de dias com enxaqueca.”

Elsa Parreira, neurologista e Presidente da Sociedade Portuguesa de Cefaleias, afirma: “A enxaqueca atinge cerca de 15% da população mundial: é mais frequente na mulher que no homem  e surge sobretudo na população em idade mais ativa (da segunda à quarta década de vida ). As crises de cefaleias e outros sintomas associados provocam significativa incapacidade pelo que a enxaqueca, dada a sua elevada prevalência, acarreta importantes custos pessoais, sociais e económicos."

O desenvolvimento de um grupo de novos fármacos, os anticorpos monoclonais dirigidos contra o CGRP (entre eles o fremanezumab agora aprovado pela União Europeia) constitui um importante avanço no tratamento da enxaqueca. Estes anticorpos, que foram produzidos com base no conhecimento científico atual sobre a patogénese das crises, são medicamentos bem tolerados e eficazes no tratamento preventivo dos vários tipos de enxaqueca, permitindo uma melhoria da qualidade de vida das pessoas que dela sofrem”.

Ensaio Clínico
Publicados no New England Journal of Medicine, os dados do ensaio de registo de Fase III de avelumab em associação com axitinib...

De acordo com a análise interina do ensaio clínico de registo JAVELIN Renal 101, a associação terapêutica de avelumab e axitinib prolongou significativamente a mediana da sobrevivência livre de progressão (PFS) em mais de cinco meses, em comparação com sunitinib, como tratamento de primeira linha em  doentes com carcinoma de células renais (CCR) avançado, independentemente da expressão de PD-L1 (HR: 0,69 [IC 95%: 0,56–0,84]; BAVENCIO+INLYTA: 13,8 meses [IC 95%: 11,1-NE]; SUTENT: 8,4 meses [IC 95%: 6,9-11,1]; p<0,001). Adicionalmente, a taxa de resposta objetiva (ORR) aumentou para o dobro com BAVENCIO+INLYTA vs SUTENT nesta população (51,4% [IC 95%: 46,6-56,1] e 25,7% [IC 95%: 21,7-30,0]) respetivamente. O endpoint primário de sobrevivência global (OS) não foi ainda alcançado.

Os dados adicionais apresentados no Genitourinary Cancers Symposium2019 reforçam os resultados de sobrevivência livre de progressão (PFS) e taxa de resposta global (ORR) em vários subgrupos de doentes, incluindo doentes com prognóstico favorável, intermédio e desfavorável, bem como doentes com tumores com ou sem expressão de PD-L1.

Nas análises de subgrupos, cerca de dois terços dos doentes de prognóstico favorável (66% dos doentes utilizando o modelo  do Memorial Sloan Kettering Cancer Center -MSKCC e 68% considerando o modelo do International Metastatic Renal Cell Carcinoma Database Consortium-IDMC) alcançaram uma resposta completa ou parcial com BAVENCIO+INLYTA. A mediana da sobrevivência livre de progressão (PFS) nestes doentes ainda não foi alcançada. BAVENCIO+INLYTA também prolongou a mediana da sobrevivência livre de progressão 2 (PFS2), definida como o tempo desde a aleatorização até progressão de doença na linha de tratamento subsequente (HR: 0,56 [IC 95%: 0,421-0,735]; NE [IC 95%: 19,9-NE] vs. 18,4 meses [IC 95%: 15,7-23,6]) e aumentou a mediana da duração da resposta em mais de quatro meses (IC 95%: 2,9-5,1) na população global.

O estudo de fase III JAVELIN Renal 101 avalia a associação terapêutica de BAVENCIO+INLYTA comparativamente com SUTENT em 886 doentes com carcinoma de células renais (CCR) avançado sem tratamento prévio.

A associação dos dois fármacos reduziu significativamente o risco de progressão de doença ou morte em 39% em doentes com tumores com expressão de PD-L1 ≥1%, um dos parâmetros de avaliação primário deste estudo (HR: 0,61 [IC 95%: 0,47–0,79], p<0,001; a mediana da sobrevivência livre de progressão (PFS) neste subgrupo foi  de 13,8 meses [IC 95%: 11,1-NE] para a associação vs 7,2 meses [IC 95%: 5,7-9,7]) para SUTENT. A taxa de resposta global (ORR) confirmada em doentes com tumores com expressão de PD-L1 foi de 55,2% com BAVENCIO+INLYTA vs 25,5% com SUTENT (odds ratio: 3,73 [IC 95%: 2,53-5,37]).

 

No braço de BAVENCIO+INLYTA, 20,8% dos doentes receberam terapêutica subsequente comparativamente com 39,2% no braço de SUTENT. Neste último, 66,7% dos doentes foram tratados com um agente anti-PD-1/PD-L1.

Ocorreram acontecimentos adversos de grau 3 ou superior durante o tratamento (eventos adversos relacionados com o tratamento [EART]) em 71,2% dos doentes no braço de BAVENCIO+INLYTA e em 71,5% no braço de SUTENT); os EART de grau 3 ou superior que ocorreram em mais de 5% dos doentes tratados com a associação foram hipertensão (25,6%), diarreia (6,7%), aumento dos níveis de alanina aminotransferase (6,0%) e síndrome mão-pé (5,8%). No braço da associação, 9,0% dos doentes apresentaram eventos adversos imunorelacionados de grau 3 ou superior. Ocorreram acontecimentos de grau 5 em três doentes no braço de BAVENCIO+INLYTA (miocardite, pancreatite necrotizante, morte súbita) e num doente no braço de SUTENT (perfuração intestinal). As descontinuações devido a eventos adversos durante o tratamento com BAVENCIO+INLYTA foram inferiores comparativamente com SUTENT (7,6% vs. 13,4%).

Apesar dos resultados desta análise, a associação de BAVENCIO e INLYTA encontra-se em investigação clínica para carcinoma de células renais (CCR) avançado, e não existem garantias de que esta associação seja aprovada para carcinoma de células renais (CCR) avançado por alguma autoridade de saúde no mundo. INLYTA está aprovado pela Agência Europeia de Medicamentos (EMA) para utilização na UE em doentes adultos com CCR avançado após a falência de tratamento prévio com SUTENT ou uma citocina.

Sobre o Carcinoma de Células Renais

O carcinoma de células renais (CCR) é a forma mais comum de cancro renal, representando cerca de 2% a 3% de todos os cancros em adultos.

O tipo mais frequente de CCR é o carcinoma das células claras, correspondendo a aproximadamente 70% de todos os casos.

Em 2019, estima-se que serão diagnosticados 73.820 novos casos de cancro renal nos EUA, e cerca de 14.770 pessoas morrerão desta doença.

Cerca de 20% a 30% dos doentes são diagnosticados em estádio metastático.

A taxa de sobrevivência a 5 anos para doentes com CCR metastático é de aproximadamente 12%.1 

Estudo
Redução de 23% do mercado nos últimos 10 anos, associado à degradação do preço dos medicamentos, coloca em risco o serviço de...

A degradação do preço dos medicamentos coloca em risco o serviço de interesse público prestado pelos distribuidores farmacêuticos de serviço completo. Esta é uma das principais conclusões do estudo “Caracterização e impacto da Distribuição Farmacêutica em Portugal”, desenvolvido pela Deloitte Consultores, divulgado hoje pela ADIFA - Associação de Distribuidores Farmacêuticos.

Mostrar a importância do serviço de interesse público prestado pelos distribuidores farmacêuticos de serviço completo, elencar as ameaças à sustentabilidade económico-financeira do setor e analisar as oportunidades de melhoria do circuito do medicamento foram os principais objetivos deste estudo, apresentado no Congresso Nacional da Distribuição Farmacêutica.

O estudo demonstra que os distribuidores de serviço completo desempenham um serviço fundamental para a sociedade. Em média, percorrem diariamente o equivalente a 5 voltas ao mundo, realizando mais de 11 mil entregas (cerca de 800 mil embalagens), para garantir uma gama completa de medicamentos e produtos de saúde às farmácias comunitárias.

A distribuição farmacêutica assegura, em média, 3 vezes ao dia, um fornecimento atempado às farmácias em qualquer localização geográfica, sem exceção ou diferenciação, com elevados índices de satisfação. O tempo médio de entrega após uma encomenda é de 2,8 horas e, no máximo, uma farmácia aguarda 5,7 horas, fator essencial para a coesão territorial e para o acesso das populações isoladas à terapêutica.

Ao analisar a situação económico-financeira do setor, o estudo revela que a distribuição farmacêutica é o elo da cadeia de valor com a rentabilidade mais baixa, apresentando um EBITDA médio anual de apenas 1,2%.

Os resultados líquidos do setor demonstram as dificuldades e pressão económico-financeira das empresas. Entre 2010 e 2017, a rentabilidade líquida média foi de 0,4%, havendo anos em que, inclusivamente, o setor registou prejuízo.

“A ADIFA tem vindo a manifestar a sua preocupação com a sustentabilidade da cadeia de valor do medicamento, que, nos últimos anos, tem sido sujeita a enormes constrangimentos. Em concreto, o mercado de ambulatório de medicamentos sofreu, desde 2008, uma redução superior a 640 milhões de euros (-22,8%), devido à degradação dos preços dos medicamentos, situação agravada por uma queda das margens de comercialização da distribuição farmacêutica de aproximadamente 23%. Estas circunstâncias resultam numa enorme pressão sobre o setor, que quer continuar a prestar um serviço de qualidade às farmácias e, consequentemente, à população portuguesa, mas precisa de meios para tal”, alerta Diogo Gouveia presidente da Associação.

Por último, quando se avalia o valor acrescentado que a distribuição farmacêutica traz ao sistema de saúde nacional, conclui-se que, para além do serviço público que presta, este setor tem participado em vários programas de saúde pública, nomeadamente o Programa Troca de Seringas, a Via Verde do Medicamento, o Projeto-piloto de Dispensa de Medicamentos Antirretrovirais nas Farmácias, o Projeto-Piloto de Vacinação contra a Gripe nas Farmácias de Loures, entre outros.

O presidente da ADIFA adianta que os distribuidores farmacêuticos de serviço completo “defendem que se deverá avançar com a transição de alguns medicamentos de uso exclusivo hospitalar para o meio ambulatório, em linha do que já é praticado na Europa, assim como a expansão dos programas de saúde pública, o outsourcing da logística hospitalar e a otimização do mecanismo Via Verde do Medicamento”.

Perspetivando o futuro, Diogo Gouveia assinala que “a situação do setor da distribuição é manifestamente frágil e, neste sentido, as políticas de definição de preços dos medicamentos e de regulação do setor da saúde devem ser projetadas para contribuir para a sustentabilidade dos diversos agentes económicos, essenciais para continuar a garantir a acessibilidade dos cidadãos aos medicamentos, dispositivos médicos e produtos de saúde.”

Investigação
Estas partículas têm um papel fundamental na comunicação entre o embrião e o endométrio e têm o potencial para servir de...

“O melhor embrião equivale aos melhores resultados de gravidez”, esta é uma verdade inquestionável na medicina reprodutiva. Assim, o foco dos laboratórios de embriologia é melhorar os métodos de seleção embrionária e escolher os embriões que apresentam maior potencial de implantação. Na oitava edição do International IVIRMA Congress o IVI apresenta um estudo sobre as vesículas extracelulares e abre uma nova via para melhorar esta seleção e aumentar as taxas de sucesso dos tratamentos reprodutivos.

“Extracellular vesicles can be isolated from culture media with and without exposure to human preimplantation embryos”, o estudo liderado pelo Diego Marín, embriologista do IVIRMA em New Jersey, nasce com o objetivo de encontrar um biomarcador (entidades que podem ser medidas e indicam a ocorrência de uma determinada função normal ou patológica de um organismo) que permita otimizar o processo de seleção embrionária mediante um método não invasivo, e aumentar desta forma as taxas de implantação dos embriões, neste caso euploides – aqueles que contêm 46 cromossomas normais – que atualmente se situam em 70%.

“As vesículas extracelulares são partículas derivadas de células com uma membrana de duas capas que segregam moléculas e desempenham um papel fundamental na comunicação intercelular. Dado que a interação entre o embrião e o endométrio é crucial para uma correta implantação e uma gravidez normal de termo. Queremos demonstrar que estas vesículas extracelulares segregadas pelo embrião antes da sua implantação têm uma função central nesta comunição e podem converter-se em biomarcadores potenciais para o desempenho reprodutivo embrionário”, comenta o Juan Antonio Garcia Velasco, diretor científico do 8th International IVIRMA Congress. Esta investigação decorre há dois anos e a longo prazo pretende-se identificar estas vesículas, isolá-las do meio de cultura e analisar para ver os efeitos que podem ter sobre o embrião, euploide, otimizando assim o potencial destas vesículas no campo da medicina reprodutiva.

“Ainda que existam estudos sobre a relação entre estas vesículas e a sua aplicação no tratamento de doenças renais ou infeções tumorais, não se tinha aplicado ainda na medicina reprodutiva. As vesículas extracelulares embrionárias são uma oportunidade encorajadora e não invasiva para avaliar a viabilidade do embrião, ajudar a melhorar a seleção embrionária e a entender o diálogo molecular entre o embrião e o endométrio. E assim, aumentar significativamente os resultados de gravidez, ao comparar esta ferramenta com outras tecnologias de diagnóstico. Mas são necessários estudos mais complexos para implementar o seu perfil como um teste de diagnóstico para a seleção de embriões”, acrescenta García Velasco.

À procura da panaceia reprodutiva

Devido à sua acessibilidade imediata, a morfologia do embrião converteu-se no método padrão para a seleção embrionária. Posteriormente, com a realização dos testes genéticos pré-implantação e concretamente o estudo das aneuplodias [anomalia cromossómica (PGT-A)] vieram melhorar os resultados clínicos, pois, permitiram selecionar embriões para além da sua aparência, através da constituição genética. Assim, pode observar-se que a transferência de embriões cromossomicamente normais conduzia a maiores taxas de implantação, menores taxas de aborto involuntário e tempos mais curtos para conseguir engravidar.

Por consequência, realizaram-se várias tentativas com a finalidade de encontrar variáveis sólidas e mensuráveis, que pudessem identificar biomarcadores do desempenho embrionário e continuar a melhorar assim os resultados reprodutivos. É neste ponto que se destaca a implementação de dispositivos como o Embryoscope, que permite o estudo de parâmetros morfocinéticos (relativamente à forma e ao movimento simultaneamente).

“Embora a morfologia embrionária, a constituição genética e os parâmetros morfocinéticos tenham vindo a aumentar os resultados clínicos, o cenário atual da taxa de implantação ainda pode melhorar: cerca de um terço dos embriões cromossomicamente normais não implantam no útero, explica Sofia Nunes, diretora do Laboratório de fecundação in vitro do IVI Lisboa.

“Agora, damos um passo mais à frente e investimos no estudo das vesículas extracelulares com o objetivo de aumentar a taxa de implantação embrionária com um conhecimento detalhado das possibilidades de estas partículas e a sua influência no processo reprodutivo”, conclui García Velasco.

OMS
Cerca de metade da população mundial não tem acesso a uma cobertura total de serviços de saúde essenciais, de acordo com os...

Em vésperas do Dia Mundial da Saúde, que se assinala no domingo, dados das Nações Unidas mostram também que há 100 milhões de pessoas arrastadas para a pobreza extrema por terem de pagar por cuidados de saúde.

A Cobertura Universal de Saúde é o tema escolhido este ano para assinalar o Dia Mundial da Saúde, que em Portugal será hoje celebrado numa cerimónia em Lisboa, com a presença da ministra da Saúde.

Os dados da Organização Mundial da Saúde mostram ainda que cerca de 800 milhões de pessoas, correspondendo a 12% da população mundial, gastam pelo menos 10% do seu orçamento familiar para ter acesso a cuidados de saúde.

Os países membros das Nações Unidas comprometeram-se em alcançar até 2030 a cobertura universal de cuidados de saúde.

Para atingir esse objetivo, a OMS estima que sejam necessários mais 18 milhões de profissionais de saúde dentro dos próximos dez anos.

Em Portugal, decorrem hoje as comemorações do Dia Mundial da Saúde, numa cerimónia em Lisboa onde serão atribuídos o Prémio Nacional de Saúde, o Prémio de Saúde Pública Francisco George, bem como distinções de mérito e medalhas por serviços distintos do Ministério da Saúde.

O Prémio Nacional de Saúde 2018 será atribuído a José Castro Lopes, médico neurologista e presidente da Sociedade Portuguesa do Acidente Vascular Cerebral (AVC) desde a sua fundação.

O prémio foi atribuído pela “excelência do percurso profissional e clínico” e pelo contributo para obtenção de ganhos em saúde na área da doença vascular cerebral, como redução de mortalidade e morbilidade, sobretudo na área do AVC.

Já o Prémio de Saúde Pública Francisco George será atribuído ao psicólogo Miguel Telo de Arriaga, chefe da Divisão de Literacia, Saúde e Bem-Estar da Direção-geral de Saúde.

 

Estudo
Um estudo, recentemente, publicado na revista científica ‘The Lancet’ veio refutar a ideia de que o consumo moderado de álcool ...

A investigação, desenvolvida por especialistas da universidade britânica de Oxford, da Universidade de Pequim e da Academia Chinesa de Ciências Médicas, acompanhou durante cerca de 10 anos, através de registos hospitalares e de 'morbimortalidade', 512.715 pessoas da Ásia Oriental, dos quais 210.205 eram homens e 302.510 mulheres e apresenta "novas provas" que "refutam" a hipótese de que beber moderadamente pode proteger contra o risco de acidentes vasculares cerebrais (AVC).

"Nas populações da Ásia Oriental, existem variantes genéticas comuns que reduzem a tolerância ao álcool, uma vez que causam uma reação extremamente desagradável após o seu consumo. Embora as variantes genéticas reduzam a quantidade de pessoas que bebem, elas não estão relacionadas com outros fatores, como o estilo de vida ou tabagismo, portanto, podem ser usadas para estudar os efeitos causais da ingestão de álcool", esclarece a revista científica em comunicado.

Segundo Iona Millwood, principal autora do estudo e investigadora da Unidade de Pesquisa de Saúde Populacional da Universidade de Oxford, citada no comunicado, "usar a genética é um novo método de avaliar os efeitos do álcool sobre a saúde e descobrir se a bebida moderada é realmente protetora ou, se é prejudicial".

Em 161.498 dos mais de 500 mil participantes, os investigadores mediram as duas variantes genéticas, a ALDH2-rs 671 (variante que retarda a quebra de etanal, produto da metabolização do etanol no organismo e a substância responsável pela ressaca) e ADH1Brs1229984 (variante que acelera a conversão de álcool (etanol) para etanal), e concluíram que as variantes "diminuíram a ingestão de álcool" assim como "diminuíram a pressão arterial e o risco de derrame".

"Os investigadores concluíram que o álcool aumenta o risco de acontecer um derrame em cerca de um terço (35%) por cada quatro doses adicionais por dia (280 gramas de álcool por semana), sem efeitos protetores associados a ingestão leve ou moderada", aponta o comunicado.

Também citado no comunicado, Zhengming Chen do departamento de saúde da população de Nuffield, da Universidade de Oxford, adianta não existirem "efeitos protetores contra o derrame da ingestão moderada", acrescentando que "as descobertas foram menos claras para o ataque cardíaco" e que por isso a equipa de investigadores está a planear recolher mais evidências.

O comunicado acrescenta que cerca de dez mil dos homens que foram acompanhados no decorrer da investigação "tiveram um derrame" e que dois mil "tiveram um ataque cardíaco", contrariamente às mulheres.

"Na China, são poucas as mulheres que bebem álcool (menos de 2% das mulheres do estudo bebiam na maioria das semanas, e, quando bebiam consumiam menos que os homens), e as variantes genéticas que causam intolerância ao álcool tiveram pouco efeito sobre a pressão arterial ou o risco de derrame", salienta o comunicado, acrescentando que este facto "ajuda a confirmar que os efeitos dessas variantes genéticas no risco de AVC em homens foram causados pelo consumo de álcool e não por outro mecanismo".

O estudo estima ainda que, entre os homens chineses, o álcool é a causa de 8% de todos coágulos no cérebro, assim como de 16% de todas as hemorragias no cérebro.

Liming Li, da Universidade de Pequim, citado no comunicado, conclui que sendo o AVC "uma das principais causas de morte e incapacidade", o presente estudo deverá servir para "ajudar a informar as escolhas das pessoas e as estratégias de saúde pública".

Também Tai-Hing Lam e Au Yeung, da Universidade de Hong Kong, salientam, num comentário vinculado ao artigo, que à semelhança da Convenção Quadro da Organização Mundial de Saúde para o Controlo de Tabaco deve ser criada uma convenção "para o controlo do álcool" uma vez que a indústria está a prosperar e que "deve ser regulamentada" tal como a indústria do tabaco.

O estudo foi financiado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia da China, Kadoorie Charitable Foundation, de Hong Kong, Fundação Nacional de Ciência Natural da China, Fundação Britânica do Coração, Cancer Research UK, pela farmacêutica GlaxoSmithKline, Conselho de Pesquisa Médica e Wellcome Trust do Reino Unido.

Hospital
O alerta é do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) que chama a atenção para a falta de médicos na urgência pediátrica do...

“O motivo desta alarmante possibilidade deve-se à falta de médicos na instituição, desconhecendo-se que haja um plano de encaminhamento alternativo das cerca de 130 crianças que recorrem diariamente a estes serviços”, informou o SEP, em comunicado.

Por este motivo, o sindicato considerou que, a partir de 13 de abril, as crianças dos concelhos de Almada e do Seixal estão em risco de ficar sem recurso à urgência pediátrica deste hospital.

Segundo a nota enviada, os enfermeiros do Garcia de Orta “têm manifestado preocupação”, não só na qualidade de profissionais, mas também como utentes, uma vez que grande parte “reside nos concelhos abrangidos”.

“É inadmissível que o conselho de Administração e a tutela não encontrem uma solução definitiva para este problema, que consubstancia um desinvestimento numa instituição de referência na margem sul do Tejo, com prejuízos elevados para as populações/utentes abrangidas”, frisou.

Na semana passada, a Ordem dos Médicos tinha alertado para o “cenário muito grave” da urgência pediátrica do Hospital Garcia de Orta, avisando que o serviço poderá encerrar alguns dias ou em alguns períodos do mês de abril.

Nesta sequência, a administração do Garcia de Orta garantiu estarem a ser tomadas medidas para colmatar a falta de médicos na urgência pediátrica, como a contratação de dois especialistas e a colaboração de pediatras de outros hospitais.

Na visão do sindicato, contudo, nada está a ser feito para resolver o problema e, por isso, deu conhecimento da situação às “autarquias e comissão de utentes” de Almada e Seixal.

 

Relatório
A esperança de vida nos homens é, em média, 4,4 anos mais baixa do que nas mulheres, uma diferença que aumentou em 16 anos, de...

A esperança de vida nos homens é em média 4,4 anos mais baixa do que nas mulheres, uma diferença que aumentou em 16 anos, de acordo com as estatísticas globais da Organização Mundial de Saúde. Esta foi a primeira vez que o estudo teve em conta as diferenças de sexo.

Segundo o relatório anual da OMS, em 2000, a esperança de vida média global era de 66,5 anos. 16 anos depois, passou para os 74 (74,2 anos para as mulheres e 69,8 anos para os homens).  Esta diferença entre os dados permitiu concluir que deve prestar-se maior atenção às diferenças de género na elaboração de políticas sanitárias.

De acordo com o relatório, alguns países já têm políticas especiais de prevenção para o sexo masculino, que em geral vai com menos frequência ao médico ou consome cinco vezes mais tabaco e álcool do que as mulheres, fatores que contribuem todos para uma menor esperança de vida.

“Em muitas circunstâncias, os homens têm pior saúde do que as mulheres e embora muito disso tenha uma base biológica, pode ver-se expandida pelas diferenças de género”, destacam as conclusões do relatório da OMS.

O documento também observa que a taxa de suicídio é 75% maior nos homens do que nas mulheres e que a taxa de mortalidade em homicídios é quatro vezes maior no sexo masculino.

As causas desses dados são difíceis de sistematizar porque algumas têm base biológica e outras sociais, admite a OMS, que como exemplo indica que as taxas de mortalidade por acidentes de trânsito entre os homens são o dobro das mulheres.

As causas biológicas geram, no entanto, maior mortalidade de rapazes menores de cinco anos (41 por mil) do que de meninas (37 por mil), enquanto as mortes relacionadas com a doença de Alzheimer são mais frequentes nas mulheres do que nos homens, pela sua maior expectativa de vida.

O planeamento da saúde deve levar em conta as diferenças entre homens e mulheres em termos de exposição a fatores de risco, acesso a serviços e diferenças de salário e é necessário agir quanto antes, aconselha a OMS.

Isto não só leva em conta as diferenças de género, mas também outros fatores estudados em estatísticas anteriores, como o nível de desenvolvimento, uma vez que o relatório também regista uma diferença de 18,1 anos na expectativa de vida entre os países em desenvolvimento (62,7 anos) e desenvolvidos (80,8 anos).

"Dividir os dados por idade, sexo e salários é vital para entender quem está atrasado e por quê", disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, num comunicado emitido após a publicação das estatísticas.

A taxa de mortalidade materna no parto é 29 vezes maior nos países em desenvolvimento (onde uma em 41 mulheres que morrem é por causas relacionadas com a maternidade) do que em países desenvolvidos, onde a taxa é reduzida para uma morte por 3.300 partos.

Enquanto nos países desenvolvidos cerca de 80% das mortes ocorrem na faixa etária acima de 70 anos, nas nações mais pobres as mortes de crianças menores de cinco anos ainda representam um terço do total, sendo que uma em cada 14 crianças morrerá antes do quinto aniversário.

Estudo
Investigadores do Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra desenvolveram, em colaboração com...

O trabalho foi recentemente publicado na revista científica Nature Communications, tendo sido financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, pela Fundação Bial, pela Brain & Behavior Research Foundation (dos EUA) e contado com o apoio do projeto europeu "Marie Curie".

O espetro do autismo é um transtorno neurológico geralmente causado por mutações de diferentes genes, que resultam em formas distintas da doença, caracterizado por estereotipias (ações repetitivas), alterações na linguagem e nos comportamentos sociais.

"No entanto, existem algumas alterações comuns às várias formas de autismo, como modificações ao nível dos recetores metabotrópicos de glutamato, um conjunto de recetores específico dos neurónios", explica a Universidade de Coimbra (UC), em nota divulgada hoje.

É no estudo destes recetores que o trabalho da equipa do Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra (CNC-UC) alcançou um "relevante" avanço.

"Com este estudo pretendemos ter um conhecimento mais profundo sobre determinados aspetos importantes da patologia do autismo. O nosso trabalho é o primeiro a olhar para o gene GPRASP2 em detalhe. Achamos que este é um alvo interessante pois poderá ser utilizado na regulação de múltiplas formas desta doença", descreve João Peça, líder da equipa de investigação.

O estudo demonstrou em ratinhos que a remoção do gene GPRASP2, que faz a reciclagem dos recetores metabotrópicos durante a comunicação neuronal, afeta o funcionamento do cérebro e os comportamentos dos animais.

"Através de engenharia genética, foi comprovado que esta função de reciclagem é extremamente importante, pois na sua ausência há uma menor maturação dos neurónios durante o desenvolvimento cerebral, particularmente na região do hipocampo, a zona do cérebro que possibilita a aprendizagem e a formação de novas memórias", explica o investigador.

Para além de João Peça, o estudo contou com Mohamed Edfawy como autor principal e com Joana Guedes, Marta Pereira, Mariana Laranjo, Mário Carvalho, Pedro Ferreira, Gladys Caldeira, Lara Franco, Ana Luísa Cardoso e Ana Luísa Carvalho como coautores.

Estudo
Apenas três em cada 10 pessoas com diabetes tipo 2, envolvidas num estudo, relataram sintomas de hipoglicemia e quase metade...

O facto de o doente não sentir sintomas faz aumentar “o perigo das hipoglicemias não serem devidamente tratadas”, refere o estudo HipoDiab, que envolveu 60 doentes, promovido pela Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal (APDP).

Esta situação foi confirmada pela investigação, que concluiu que seis em cada 10 episódios de hipoglicemia não foram tratados convenientemente, o que demonstra que “existe uma lacuna no sentido da perceção das pessoas com diabetes da gravidade que uma hipoglicemia pode ter, especialmente quando não é devidamente identificada pelo doente ou profissional de saúde e a importância de atuar corretamente nestas situações".

No estudo foram ainda identificadas hipoglicemias assintomáticas, quer nas pessoas que notificaram sintomas (56%) quer nas que não os referiram (40%).

Em declarações hoje à agência Lusa, o diretor clínico da APDP, João Raposo, explicou que o estudo foi feito em pessoas com diabetes tipo 2, a mais prevalente no mundo e em Portugal, que estão a fazer tratamento com insulina.

O objetivo foi perceber se estas pessoas reconheciam as hipoglicemias (valores baixos de açúcar no sangue), que normalmente estão associadas à existência de sintomas desconfortáveis e que tendencialmente as pessoas até deixam de fazer a terapêutica por causa desta situação, disse João Raposo.

“Nós queríamos ter uma ideia se os sintomas eram reconhecidos pelas pessoas, se isso correspondia ao valor real dos níveis de açúcar baixo e se sabiam interpretar bem os sintomas”, afirmou.

O se verificou foi que “as pessoas reconheciam muitas vezes os sintomas de hipoglicemia e na verdade não os tinham”.

Por outro lado, “havia muitas pessoas que tinham hipoglicemia, mas não a reconheceram, e em terceiro lugar, uma percentagem significativa das pessoas, mesmo quando tinham sintomas, não tratavam bem esses sintomas”, sublinhou.

João Raposo advertiu que a não deteção dos episódios de glicemia e a incorreta atuação perante os mesmos pode levar à perda da resposta de um tratamento eficaz.

“Os episódios de hipoglicemia podem representar uma barreira importante na manutenção dos objetivos de tratamento definidos e na adesão terapêutica dos doentes, uma vez que, por medo, ansiedade e depressão, ou por se associarem à perceção de uma redução da qualidade de vida, aumento do absentismo, redução da produtividade e aumento dos custos de saúde, podem desencadear comportamentos defensivos, refere a associação.

Os sintomas mais apontados pelos participantes no estudo foram os tremores (52%), a fome (29%), as alterações visuais (29%) e os suores (21%), mas também pode ocorrer dificuldade na concentração, irritabilidade, agressividade, alteração da consciência, confusão mental ou dificuldade em falar.

O HipoDiab conclui que “ainda há um importante caminho a fazer na perceção e identificação das hipoglicemias por parte dos doentes, bem como no seu tratamento”.

A hipoglicemia pode ser provocada por erros na alimentação, como passar várias horas sem comer ou ingerir quantidades insuficientes de hidratos de carbono, erros na administração de medicação oral ou excesso de insulina, exercício físico não programado e sem suporte alimentar.

Entrevista
Sem movimento o nosso corpo caminha, inevitavelmente, para estados de dor.

Estima-se que cerca de 40% dos portugueses sofra de dor crónica, embora se saiba que haverá uma percentagem significativa de casos que fica por diagnosticar. Sendo esta uma condição que afeta a qualidade de vida dos doentes, começo por lhe perguntar qual o seu verdadeiro impacto socioeconómico?

O impacto é imenso, é provavelmente a doença com maior impacto na sociedade. Estima-se que cerca de 60% dos doentes com dor crónica são incapazes de trabalhar fora de casa ou de executar o seu trabalho em plenas funções e que 50% tem grande interferência nas relações familiares, entendendo-se assim o impacto desta condição em todas as esferas da sociedade. Do ponto de vista de fardo económico os gastos com esta patologia atingem mais de 4 mil milhões de euros por ano.

A dor é toda igual?

Não é toda igual e não é vivenciada por cada um de forma igual. Contudo, é sempre uma sensação desagradável. Pode ter múltiplas causas, diferentes intensidades e características. Para fins terapêuticos e de forma genérica interessa identificar causas tratáveis, caso existam; diferenciar dor oncológica de dor não oncológica e a presença de características de dor neuropática (dor que tem origem em lesão de nervos).

Quais são as principais causas da dor? Podemos falar em fatores de risco e atribuir ao sedentarismo parte da responsabilidade na cronificação da dor?

As principais causas estão associadas a distúrbios do sistema músculo-esquelético (músculos, ossos e articulações), sendo a principal causa de dor a lombalgia (dor lombar). Esta, juntamente com a cervicalgia constituem as doenças que conduzem a maior perda de dias vividos com qualidade (uma medida importante do ponto de vista do fardo que uma doença tem na sociedade), estando estes valores acima dos atribuídos à patologia cardiovascular e à diabetes.

Diria que o sedentarismo é o fator de risco. Sem movimento o nosso corpo caminha inevitavelmente para estados de dor. Essa também parece ser a razão pela qual se verifica maior incidência de dor crónica em jovens, que parecem estar cada vez menos ativos.

No que diz respeito à prevenção e ao tratamento da dor crónica, as opiniões são unânimes quanto aos benefícios da atividade física. De que forma o exercício físico pode ajudar a prevenir e/ou aliviar a dor?

Sendo o aparelho músculo-esquelético o mais afetado torna-se óbvio que a otimização deste sistema promova resistência à dor e que melhore quem já dela padece. O movimento de forma genérica e o exercício físico de forma mais específica conduzem a uma maior resistência e força muscular, assim como fortalecimento da estrutura óssea permitindo estabilidade do esqueleto, nomeadamente do esqueleto axial (coluna). Assim sendo ficamos mais resistentes aos pequenos traumatismos diários e atrasamos o envelhecimento articular.

Para além deste efeito direto, o exercício tem outros benefícios que previnem e melhoram os estados de dor crónica, como sejam, a melhoria da qualidade do sono, o aumento da sensação de bem-estar, aumento da capacidade de concentração, otimização do sistema imunitário, reduzindo o número de infeções, melhoria da condição cardiovascular com redução no número de enfartes e acidentes vasculares cerebrais, prevenção da diabetes e melhoria da função respiratória, entre outros.

E todos os doentes podem praticar exercício físico? Qual ou quais as atividades físicas mais recomendadas?

Em princípio todos os doentes poderão fazer algum tipo de atividade física. Em casos com condicionantes específicas o exercício físico deve ser prescrito e se necessário monitorizado. Interessa talvez distinguir o movimento/atividade física do exercício físico já que a primeira é algo mais simples e que deverá encaixar naturalmente na rotina diária, enquanto o segundo é algo mais estruturado e específico.

Quanto ao tipo de atividades recomendadas devem ser aquelas que promovem reforço muscular e otimização do movimento articular, desde que com baixa probabilidade de promover lesões, ou seja, caminhadas, natação, treino de flexibilidade, bicicleta, etc.

É possível que a prática de exercício físico possa substituir, ou pelo menos reduzir, o recurso à terapêutica medicamentosa? Embora possa não ser uma «receita milagrosa», pode ajudar a diminuir o consumo de fármacos?

Sem dúvida, o exercício deve ser encarado como parte integrante do plano terapêutico da dor. Infelizmente, embora importante, a terapêutica farmacológica está longe de ser suficiente. Para além do efeito direto que o exercício tem na prevenção e tratamento da dor, o exercício tem outros efeitos que indiretamente melhoram este estado, como a melhoria da qualidade do sono, maior sensação de bem-estar, aumento da capacidade de concentração, fortalecimento do sistema imunitário e otimização dos sistemas cardíaco e respiratório.

Que mitos ainda persistem relativamente a esta matéria? Quais as principais dúvidas no diz respeito à prática de exercício físico?

O principal mito em relação ao exercício em pessoas com dor é considerar que o mesmo aumentará a dor. De facto, numa fase inicial pode aumentar a dor muscular pela mera ativação deste sistema, mas isso será um efeito passageiro. Se há limitações específicas o exercício deverá ser prescrito tendo em conta as mesmas de forma a prevenir agravamentos.

Relativamente à campanha “Movimento para o Futuro”, que mensagem pretende passar?

Penso que os portugueses percebem que a atividade física é benéfica, mas não sei se entendem a real gravidade de não o praticarem. Associam fundamentalmente à prevenção da doença cardiovascular e da diabetes, mas não quanto ao resto. O pior é que nem a doença cardíaca nem a diabetes se fazem sentir até ser tarde demais e, como tal, talvez não seja uma informação suficientemente motivadora, principalmente para os jovens.

Talvez estejamos a ficar um pouco mais ecológicos, mas, definitivamente, não menos sedentários, senão vejamos os dados da OMS de 2018 para os níveis de atividade física em Portugal: Apenas 38% das crianças até aos 11 anos, 12% dos jovens até aos 15 anos e 35% dos adultos têm atividade física diária suficiente. São dados alarmantes e, podem inclusive implicar uma diminuição da esperança média de vida dos escalões mais jovens o que, a verificar-se, seria a primeira vez na existência do Ser Humano.

É preciso aceitar a nossa condição original, que é estar em movimento.

Esta mudança no estilo de vida pode trazer benefícios incalculáveis, não só individualmente como para toda a sociedade, já que reduz o fardo económico de uma nação.

No terreno pretendemos veicular a informação nas mais variadas formas, quer seja pela imprensa física e digital, quer pelas redes sociais ou em ações de rua.

É importante a associação com diferentes organismos de interesse comum como sejam as diferentes associações médicas, grupos de doentes, organismos governamentais, etc.

Quais as principais recomendações quanto a este tema?

As várias sociedades internacionais que se debruçam sobre este assunto como, são exemplo, a Sociedade Americana de Cardiologia e a Sociedade Europeia Contra o Reumatismo, advogam 150 minutos por semana de exercício aeróbico de intensidade moderada ou 75 minutos de exercício vigoroso. A estes deve-se acrescentar 2 h de reforço muscular por semana.

No caso das crianças até aos 6 anos deve-se promover o máximo de atividades diárias a seu gosto e, nos jovens entre os 6 e os 17 anos devem fazer 60 min. por dia de atividade física moderada a vigorosa e ainda promover atividades de reforço muscular.

Consideram-se atividades de intensidade moderada a caminhada, atividades aquáticas, dança, jardinagem, bicicleta (até 15km/h), etc. Enquanto que as atividades vigorosas incluem corrida, escalada, natação, dança aeróbica, bicicleta (>15 km/h), etc.

Sobre a campanha “Movimento para o Futuro”:
A campanha “Movimento para o Futuro” é uma campanha nacional que conta com o apoio de várias associações de doentes e sociedades científicas. Foi desenvolvida em parceria com a escola ETIC e pretende sensibilizar a população para a adoção de comportamentos saudáveis e incentivar o movimento como forma de prevenção e tratamento de estados de dor ligeira a moderada.
O exercício físico é usado frequentemente na reabilitação como componente integral no controlo da dor, sendo que o tempo e tipo de exercício a realizar pode variar de acordo com a condição álgica ou a tolerância do doente. Este é benéfico para a maioria das condições álgicas músculo-esqueléticas, incluindo cervicalgias, osteoartrite, artrite reumatoide, fibromialgia, dor miosfacial e lombalgia, embora ainda não seja conhecido o tempo e duração ideal de exercício a realizar para cada uma destas patologias.

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Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Investigação Clínica
A Associação Nacional dos Doentes com Artrite Reumatoide (ANDAR) vai construir um centro no bairro lisboeta de Marvila dedicado...

O projeto do centro vai ser apresentado no sábado nas XIX Jornadas da ANDAR, em Lisboa, e é “um sonho” da associação para “poder ajudar melhor os doentes”, disse à agência Lusa a presidente da Associação, na véspera de se assinalar o Dia Nacional do Doente com Artrite Reumatóide.

Arsisete Saraiva deseja que o centro, que foi criado e pensado de raiz para doentes com artrite reumatoide, possa abrir as portas em 2022, estando ainda à procura de investidores que ajudem a concretizar a obra.

O novo edifício, que será também a nova sede da associação, terá nove pisos, dois dos quais cave, e disporá de gabinetes médicos, salas de tratamentos e exames, sala de trabalho de enfermagem, ginásio, um centro de dia e um auditório com capacidade para 300 lugares.

“Sentimos que havia um espaço que podia ser preenchido para poder ajudar melhor os doentes e onde pudessem ter um espaço de lazer, de convívio, para os obrigar quase a sair de casa porque há muitos doentes que ficam em casa e ficam muito pior porque não têm com quem falar”, disse Arsisete Saraiva.

O centro terá consultas de reumatologia e de outras especialidades, porque a artrite reumatoide “mexe com todos os órgãos do corpo”, um espaço de fisioterapia e uma piscina onde os doentes podem fazer hidroterapia.

“Como achámos que ainda era pouco, decidimos ter também um centro de investigação clínica”. “Temos ali os médicos, os doentes, se pudermos fazer lá os ensaios clínicos é fantástico”, salientou.

Também terá uma unidade de cuidados continuados, para colmatar a “falta enorme” que existe destes cuidados no país, e uma área residencial para acolher doentes de todo o país que precisam de deslocar-se a Lisboa para fazer tratamentos e que não vêm porque a sua condição económica não lhes permite.

“Vamos ter ali tudo o que faz falta numa associação de doentes, isto é um sonho”, resumiu Arsisete Saraiva, a principal mentora do projeto.

No dia das jornadas a associação vai “abrir oficialmente a angariação de fundos” para que todos possam participar na concretização da obra, nomeadamente através do IRS.

A conta destinada à angariação de fundos “irá estar sempre visível” no ‘site’ da associação e terá periodicamente auditoria, é “uma questão de honra da ANDAR”, disse Arsisete Saraiva.

“Esta angariação de fundos vai ser feita com muita transparência, em que todos podem saber o que deram, onde é que está o dinheiro e onde está a ser aplicado, o que sobrou e onde é que ele se mantém, porque só assim eu tenho coragem de pedir às pessoas para nos ajudarem”, sustentou.

Segundo dados divulgados pela associação, existem cerca de 50.000 a 70.000 doentes diagnosticados com artrite reumatoide, uma doença inflamatória crónica que pode limitar os gestos diários, que ocorre em todas as idades, sendo mais prevalente nas mulheres.

Quando a doença não é tratada precoce e corretamente, acarreta, em geral, graves consequências para os doentes, traduzidas em incapacidade funcional e para o trabalho, refere a ANDAR.

Consultas de especialidade
O número de doentes com artrite reumatoide seguidos por reumatologistas está a aumentar, tendo ultrapassado os 7.700 no ano...

Os dados foram divulgados pela Sociedade Portuguesa de Reumatologia (SPR) na véspera do Dia Nacional do Doente com Artrite Reumatoide, uma doença reumática crónica e inflamatória, que se caracteriza pela inflamação das articulações e “pode conduzir à destruição do tecido articular e periarticular”.

Segundo os dados do Reuma.pt, que existe desde 2008 e é, segundo a SPR, “uma das ferramentas essenciais no seguimento e na melhoria clínica dos doentes em consultas de reumatologia”, no ano passado foram identificados 7.758 doentes seguidos por reumatologistas, contra os 5.002 de 2014.

O número de consultas também disparou, passando de 39.805, em 2014, para as 80.819, em 2018, um crescimento que a SPR considera que permite um melhor controlo da doença, apesar de recordar que muito tem de ser feito em Portugal para fazer chegar em tempo útil estes doentes ao especialista.

Segundo o presidente da SPR, Luís Cunha Miranda, a artrite reumatoide é uma “doença crónica porque não tem cura, mas se eficazmente diagnosticada e tratada com o seguimento em consultas de Reumatologia tem bom prognóstico.”

A SPR diz ainda que, nos últimos anos, “tem havido uma melhoria significativa no tratamento desta doença com o uso mais eficaz dos medicamentos existentes e dos novos que vão surgindo no mercado”.

“O tratamento precoce pode resultar em melhoria substancial do prognóstico a longo prazo. A artrite reumatoide não é uma doença rara e a sua prevalência (frequência) varia de 0,5-1,5% da população nos países industrializados. Em Portugal estima-se que afete 0,7% da população” explica o presidente da SPR

Os doentes com artrite reumatoide sentem dor e dificuldade em mobilizar as articulações, mas os sintomas podem ser muito variados.

Apesar de atingir homens e mulheres, a artrite reumatoide é duas a quatro vezes maior nas mulheres, com o pico de incidência a registar-se após a menopausa. Mas a doença pode desenvolver-se em todas as idades, incluindo na adolescência.

Farmácias
As farmácias devem mais de 80 milhões de euros aos distribuidores farmacêuticos apenas em dívidas acumuladas e dificilmente...

O valor das dívidas dificilmente recuperáveis das farmácias aos distribuidores farmacêuticos têm reduzido de forma significativa nos últimos três anos, mas mantém-se mais do dobro do que acontecia em 2012.

O estudo encomendado pela Associação de Distribuidores Farmacêuticos, e a que a agência Lusa teve acesso, mostra que as dívidas acumuladas e dificilmente cobráveis atingiram um pico de 107,9 milhões de euros em 2014, estando em 2017 em quase 81 milhões de euros.

O presidente da Associação, Diogo Gouveia, avisa que a crise que foi vivida nas farmácias teve impacto na distribuição dos medicamentos e que ainda se sentem esses efeitos.

“Há um problema que não está resolvido, que são os 80 milhões de imparidades. As empresas [de distribuição] têm de ter resultados suficientes para conseguir recuperar esse valor perdido. Não há, atualmente, imparidades novas, mas há um passado que não está totalmente resolvido”, afirmou Diogo Gouveia à agência Lusa.

Para a Associação de Distribuidores Farmacêuticos, a “degradação do preço dos medicamentos coloca em risco” o serviço prestado pelas empresas de distribuição.

Defendem os distribuidores que devem ser revistos os preços dos medicamentos, porque Portugal tem dos preços “mais baixos da Europa”.

Segundo o estudo que hoje é divulgado, o mercado dos medicamentos vendidos em farmácias sofreu uma redução de 640 milhões de euros numa década, o que corresponde a uma queda de quase 23%.

Após o período de maior contração do mercado, no período de crise económico-financeira, o mercado farmacêutico português cresceu entre 2014 e 2016 a uma taxa de 6%, ainda assim a um ritmo inferior ao da média dos países da União Europeia, que foi de 9%, refere o estudo encomendado pela Associação à consultora Deloitte.

Os dados indicam que a distribuição farmacêutica contribui com mais de 218 milhões para o PIB, sendo 144 milhões de impacto direto e 74 milhões de impacto indireto.

 

Investigação
O muco que torna os peixes escorregadios pode ser fonte de novos antibióticos eficazes contra bactérias multirresistentes, como...

A substância viscosa protege os peixes de bactérias, fungos e vírus presentes na água aprisionando os micro-organismos antes que estes consigam penetrar nos tecidos dos peixes e, de acordo com o estudo, que será apresentado na reunião anual da Sociedade Americana de Química, tem também uma composição rica em polissacarídeos (hidratos de carbono que integram estruturas orgânicas) e peptídeos (biomoléculas que agregam aminoácidos) com propriedades antibacterianas conhecidas.

Uma equipa de investigadores das universidades de Oregon e da Califórnia, nos Estados Unidos, liderada por Sandra Loesgen isolou em amostras de muco de peixes, retiradas tanto de espécies de águas profundas como de águas costeiras, 47 estirpes diferentes de bactérias, das quais cinco revelaram propriedades inibidoras da 'Staphylococcus aureus', responsável por muitas infeções hospitalares, e três manifestaram-se como inibidoras do fungo 'Candida albicans', que provoca doenças como a candidíase.

Sandra Loesgen, citada num comunicado da Sociedade Americana de Química, adianta que uma bactéria encontrada no muco de uma espécie da família dos pargos revelou atividade contra células cancerígenas do cólon e sublinha o potencial, ainda pouco estudado, dos micro-organismos e substâncias naturalmente presentes nos animais marinhos face às descobertas que têm vindo a ser feitas sobre a importância das bactérias benéficas e protetoras presentes no organismo humano, especialmente no chamado 'microbioma' gastrointestinal.

Os investigadores estudaram o muco de peixes jovens, capturados na costa do sul da Califórnia, por terem o sistema imunitário menos desenvolvidos que o dos adultos e por estarem revestidos por uma camada mais espessa da substância.

A equipa de investigadores centrou a pesquisa na busca de substâncias ativas que poderão ser fonte de novos antibióticos para combater patologias humanas, mas, indicou Sandra Loesgen, está também a estudar outras aplicações para as descobertas, como por exemplo na redução do uso de antibióticos genéricos na indústria da aquacultura e na criação de substâncias ativas especificamente dirigidas aos agentes patogénicos associados a espécies específicas de peixes.

Os investigadores ressalvam, no entanto, que há ainda um vasto trabalho de base a ser feito, como por exemplo a identificação das bactérias e compostos orgânicos que fazem naturalmente parte da camada protetora dos peixes e aqueles que poderão fazer parte do meio ambiente e estarem presentes nos peixes mas sem fazerem parte de um mecanismo natural de defesa.

Medicamentos
O mercado dos medicamentos vendidos em farmácias sofreu uma redução de 640 milhões de euros numa década, o que corresponde a...

A análise foi encomendada pela Associação de Distribuidores Farmacêuticos, que se manifesta preocupada com “a sustentabilidade da cadeia de valor do medicamento”.

Os dados do estudo elaborado pela consultora Deloitte indicam que entre 2008 e 2018 o mercado dos medicamentos vendidos em ambulatório caiu 642 milhões de euros, sendo uma redução de 22,8%.

Em termos de embalagens, tanto de medicamentos sujeitos a receita como de venda livre, em 2018 venderam-se menos 11 milhões de unidades do que em 2008, uma redução de 4%, ainda assim bem menor do que a redução em valor.

“O mercado atual de medicamentos [em ambulatório] é comparável ao mercado em 2003, evidenciando a forte queda registada desde 2008”, indica o estudo, que hoje será apresentado no Congresso de Distribuição Farmacêutica, em Lisboa, e a que a agência Lusa teve acesso.

O presidente da Associação de Distribuidores Farmacêuticos, Diogo Gouveia, sublinha que “a degradação do preço dos medicamentos coloca em risco o serviço público prestado pelos distribuidores farmacêuticos de serviço completo”.

Em declarações à agência Lusa, Diogo Gouveia defende que a política de definição do preço dos medicamentos deve ser revista, sublinhando que Portugal tem dos fármacos “a preços mais baixos da Europa”.

“Houve uma forte contração do mercado entre 2008 e 2014, por redução administrativa do preço dos medicamentos e por redução das margens de comercialização, e essa contração teve um forte impacto no setor da distribuição”, afirmou o responsável à Lusa.

Para a Associação de Distribuidores esta “degradação do mercado” põe em causa a sustentabilidade do setor e ameaça os “propósitos” que os distribuidores assumem como agentes de saúde pública.

Os distribuidores farmacêuticos de serviço completo entendem que desempenham um serviço de interesse público, porque asseguram diariamente o acesso ao medicamento, com fornecimento às farmácias de todo o território nacional sem introdução de custos adicionais para as farmácias mais distantes ou menos centralizadas.

Além de medicamentos sujeitos a receita e dos de venda livre, os distribuidores também levam à farmácia toda a gama de outros produtos de saúde.

Aliás, o estudo mostra que o negócio dos distribuidores teria “rentabilidade negativa” se dependesse exclusivamente dos medicamentos sujeitos a receita médica (MSRM).

“Conclui-se que cumprindo o seu dever de serviço público apenas com o abastecimento de MSRM, a sustentabilidade da distribuição farmacêutica estaria comprometida no longo prazo”, refere o documento, a que a Lusa teve acesso.

Além da revisão dos preços dos medicamentos e da sua fórmula de cálculo, a Associação dos Distribuidores Farmacêuticos sugere como medida importante para o setor a passagem para as farmácias de mais medicamentos até agora exclusivos de uso hospitalar.

Diogo Gouveia lembra o exemplo do projeto em curso com dispensa de medicamentos hospitalares para a infeção por VIH nas farmácias comunitárias, entendendo que pode ser alargado a outros fármacos.

“É uma oportunidade para o futuro a transferência de medicamentos do canal hospitalar para o canal de ambulatório”, sugere e considera que traria vantagens para os cidadãos, para as farmácias e para o setor da distribuição.

O estudo que hoje será apresentado veio ainda mostrar que os distribuidores farmacêuticos têm uma margem líquida de 1,8% do preço final de venda ao público. Isto significa que num medicamento que custe 10 euros, a margem líquida é de 0,18 euros.

 

Hospitais
Cerca de 40% dos atendimentos em urgência nos hospitais públicos no ano passado foram considerados pouco ou nada urgentes,...

Os números das urgências por triagem de Manchester, que determina o grau de prioridade clínica, indicam que quase 2,2 milhões dos atendimentos receberam pulseira verde ou azul, sendo considerados pouco urgentes ou não urgentes, segundo dados do portal da Transparência do SNS analisados pela agência Lusa.

A Lusa recupera estes dados que analisou em fevereiro, que reportam a 2018, num dia em que a bastonária da Ordem dos Enfermeiros denunciou na comissão parlamentar de Saúde da Assembleia da República que os enfermeiros estão a recusar-se a participar num projeto-piloto nas urgências do Hospital de Barcelos que pretende que os profissionais mandem para os centros de saúde os doentes triados com pulseira verde e azul.

A bastonária Ana Rita Cavaco entende que essa não é uma responsabilidade dos enfermeiros e que as pessoas procuram as urgências hospitalares porque têm um problema para resolver e que o sistema não aposta o suficiente nos cuidados de saúde primários.

A Ordem dos Enfermeiros considera a situação grave e diz que não compete aos enfermeiros mandarem embora da urgência os doentes.

A atribuição das cores verde e azul como prioridade clínica significa que os utentes poderiam, à partida, ser vistos noutros serviços de saúde, como os cuidados primários.

Os 40% de atendimentos em urgência hospitalar que em 2018 não foram considerados realmente urgentes aquando da triagem estão em linha com a proporção que se tem verificado nos últimos anos.

A análise da agência Lusa aos dados do portal do SNS sobre a proporção na atribuição de prioridades teve em conta os 5,5 milhões de atendimentos com uma das cinco cores da triagem de Manchester, uma vez que há casos sem pulseira atribuída e outros com pulseira branca (recebidos por razões administrativas ou casos clínicos específicos).

As cores da triagem de Manchester são vermelho (emergente), laranja (muito urgente), amarelo (urgente), verde (pouco urgente) e azul (não urgente).

Os dados de 2018 mostram que a cor amarela foi a pulseira mais vezes atribuída nas urgências no ano passado, com 2,6 milhões de atendimentos.

A atribuição de prioridade laranja – casos muito urgentes – foi dada a menos de 600 mil atendimentos num total de 6,3 milhões, enquanto a vermelha foi atribuída em 20.500 casos.

De acordo com os números do portal do SNS, houve ainda no ano passado mais de 700 mil atendimentos sem triagem de Manchester efetuada e cerca de 160 mil casos com atribuição de pulseira branca.

Efeitos colaterais
As autoridades de saúde dos Estados Unidos informaram que estão a investigar a possibilidade de os cigarros eletrónicos...

A Food and Drug Administration (FDA), agência federal da área da saúde e segurança alimentar, divulgou que está a analisar 35 relatos de convulsões entre utilizadores de cigarros eletrónicos, especialmente de jovens.

A entidade informou que ainda não é claro se os cigarros eletrónicos estão ou não na origem das convulsões, e pede que a população relate qualquer informação sobre o assunto.

A maioria dos cigarros eletrónicos funciona com o aquecimento de uma solução aromatizada que contém nicotina e que produz um vapor inalável.

O envenenamento por nicotina pode causar convulsões, vómitos e danos cerebrais. A FDA já tinha alertado para o envenenamento por nicotina em crianças que acidentalmente engoliram as soluções usadas para os cigarros eletrónicos.

 

Prémio Nacional de Saúde
Na próxima sexta-feira, dia 5 de abril, o Ministério da Saúde organiza um evento a propósito do Dia Mundial da Saúde ...

De acordo com a Direção-Geral da Saúde (DGS), “a atribuição do prémio ao Professor Castro Lopes teve em conta, além da excelência do seu percurso profissional, clínico e académico, o seu contributo para a obtenção de ganhos em saúde na área da doença vascular cerebral, com incessante atividade de difusão de princípios e terapias, com resultados na redução da morbilidade e mortalidade desta patologia tão grave e significativa em termos de saúde pública”. Fundador e presidente da Sociedade Portuguesa do Acidente Vascular Cerebral (SPAVC) desde a sua criação até à atualidade, José Castro Lopes dedicou todo o seu percurso académico, clínico e científico ao estudo, tratamento e combate ao Acidente Vascular Cerebral (AVC).

“Tem sido líder indiscutível de uma causa no nosso país: a de diminuir a incidência e prevalência do AVC em Portugal, lutando pelo acesso aos melhores tratamentos para os doentes com AVC e também para os sobreviventes”, afirma Patrícia Canhão, vice-presidente da SPAVC, referindo-se a Castro Lopes.

Em representação dos elementos que compõem a Direção desta sociedade científica, a médica neurologista acrescenta: “O Prof. Castro Lopes, ao longo do seu percurso, tem intervindo energeticamente em todas as vertentes possíveis: 1) na clínica, com os melhores cuidados para os seus doentes; 2) na sociedade, convocando e informando a população sobre AVC, com enfoque nas medidas de prevenção e no reconhecimento dos sinais de alerta; 3) na ciência, impulsionando grupos de estudo e projetos de investigação, promovendo a internacionalização dos nossos profissionais e investigadores; 4) na SPAVC, criando e dinamizando esta sociedade ao longo dos seus 14 anos de existência, nomeadamente com a organização de congressos, reuniões e outros eventos para divulgar o conhecimento de todos os profissionais, sempre com a melhor qualidade”.

“Dedicado, persistente, inovador e de uma lucidez invulgar”, adjetiva a especialista referindo-se ao caráter do colega que com orgulho vê distinguido com este “tão importante reconhecimento”. “É sem dúvida o exemplo junto de todos os que o acompanham nesta virtuosa causa!”, afirma Patrícia Canhão, deixando a todos o convite para aplaudir presencialmente esta distinção na próxima sexta-feira.

O Conselho de Administração do Centro Hospitalar do Porto – Hospital de Santo António, presidido por Paulo Barbosa, salienta que se trata de “uma homenagem justa ao trabalho de criação, liderança e desenvolvimento da SPAVC, mas seguramente também à sua longa carreira no Hospital de Santo António, como interno, neurologista, chefe de equipa do Serviço de Urgência, diretor de serviço, diretor de departamento, diretor clínico, professor catedrático convidado de Neurologia, além de outras funções institucionais neste hospital”.

A DGS termina sublinhando que “as atividades promovidas, direta ou indiretamente, pelo Professor José Castro Lopes contribuíram para a significativa redução da morbilidade e mortalidade associada ao AVC que se tem verificado no nosso país nos últimos anos”, aludindo ao seu extenso currículo e atividade de difícil enumeração na íntegra.

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