Doenças reumáticas

Polimialgia Reumática: dor e incapacidade dominam o quadro da doença

Atualizado: 
31/10/2019 - 12:38
Trata-se de uma doença reumática inflamatória, relativamente comum, e que atinge as pessoas com mais de 50 anos, sobretudo os idosos. Dor intensa nos ombros, região cervical e ancas estão entre os principais sintomas da Polimialgia Reumática. Neste artigo, o reumatologista António Vilar descreve uma doença para qual ainda não há uma causa conhecida.
Dores nas costas

Uma palavra para descrever uma doença reumática menos frequente que a osteoartrose e a osteoporose, mas que é frequente nos idosos.

Falemos da Polimialgia reumática (PMR) que se manifesta com dor e limitação nos ombros e nas ancas, afetando seriamente a autonomia destes doentes e que se acompanha de manifestações gerais e sistémicas com febre habitualmente baixa, perda de peso e do apetite, acompanhadas de alteração do humor e depressão. O envolvimento da coluna cervical acompanha muitas vezes o quadro inicial.

Na observação clínica, estes doentes apresentam grande dificuldade dos movimentos ativos, particularmente na elevação dos ombros e dificuldade em se levantarem repetidamente de uma cadeira sem apoio.

Rapidamente perdem autonomia, não conseguindo levantar os braços, pentearem-se ou calçar os sapatos. Esta limitação contrasta com a facilidade com que o médico mobiliza passivamente as mesmas articulações diferenciando-se assim do quadro clínico da Artrite Reumatoide e de outros reumatismos inflamatórios.

A prostração com fadiga intensa e a perda de peso podem fazer pensar em doenças malignas mas é a dor e a incapacidade que dominam o quadro.

Do ponto de vista laboratorial a velocidade sedimentação (VS) e a proteína C reativa (PCR) estão habitualmente muito elevadas, como acontece em quadros inflamatórios agudos ou infecciosos com anemia presente.

Uma prova terapêutica com corticoesteroides em dose média ou média alta provoca uma rápida resposta clínica em apenas alguns dias. 20% destes doentes podem ter associado um quadro de arterite temporal com dor, tumefação e edema da artéria temporal superficial e/ou claudicação da fala, por arterite de células gigantes. Esta apresentação pode acompanhar-se de uma inflamação do nervo ótico com evolução rápida para a cegueira irreversível.

O diagnóstico clinico é feito pela história que o doente nos conta que sugere doença muito ativa e agressiva, contrastando com a facilidade e ausência de dor nos movimentos feitos pelo médico sem a colaboração do doente (movimentos passivos). A ocorrência de anemia com VS e PCR elevadas em doente idoso admitem o diagnóstico que se confirma com a prova terapêutica com corticoides que numa semana recuperam surpreendentemente o doente.

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Autor: 
Dr. António Vilar - Reumatologista Coordenador da Unidade de Reumatologia do Hospital Lusíadas Lisboa
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Foto: 
Pixabay