Saúde Mental

Transtorno de Ansiedade Generalizada: os sinais que não deve ignorar

Atualizado: 
15/07/2019 - 16:14
Trata-se de um quadro de ansiedade ou preocupação excessiva, quase permanente, de difícil controlo e que se prolonga no tempo, muitas vezes sem um motivo aparente. Conhecido como Transtorno de Ansiedade Generalizada, este é um distúrbio que interfere na qualidade de vida de quem dele padece. Inquietação, fadiga, irritabilidade, dificuldade de concentração, tensão muscular e perturbação do sono estão entre os principais sintomas. Esteja atento!
Mulher de costas com as mãos na cabeça

A ansiedade é uma reação natural do corpo ao stress. “Sentimos ansiedade sempre que temos medo de alguma coisa ou circunstância”, começa por explicar o psicoterapeuta Pedro Brás. Quando bem “doseada”, é até saudável na medida em que nos leva a reagir perante os desafios da vida. O problema é quando a ansiedade surge sem uma razão aparente e se prolonga no tempo, dominando por completo o nosso dia-a-dia. “Falamos em Transtorno de Ansiedade Generalizada quando as pessoas que sofrem dizem que sentem um estado de ansiedade permanente e que, na maioria das vezes, dizem desconhecer a causa de tanta ansiedade”, diz o especialista.

Entre os principais sintomas encontram-se a fadiga, irritabilidade, dificuldade de concentração e perturbação do sono. No entanto, ela pode assumir manifestações distintas, desde físicas – coração acelerado, sensação de formigamento, falta de ar, suores, tonturas, dor de cabeça ou dores musculares -, emocionais – tristeza ou nervosismo – ou mentais/cognitivas. “Em termos mentais, a ansiedade pode criar estados obsessivos de pensamentos constantes focados nos medos que muitas vezes não são reais (…) as pessoas com este tipo de ansiedade estão sempre preocupadas com o seu desempenho, com medo de falhar até em tarefas mais simples”, revela. De acordo com o especialista são pessoas com pouca autoconfiança e que podem “manifestar um grau de timidez e fobia social mais intenso”.

As causas dos transtornos de ansiedade não são completamente conhecidas, no entanto, o especialista salienta que este problema não tem na sua origem qualquer causa biológica ou alteração bioquímica física. “Este transtorno de ansiedade tem na sua origem causas psicológicas que provocam comportamentos ansiosos”, explica acrescentando que o principal motivo para a diminuição da autoestima e da autoconfiança, que gera estes comportamentos, tem origem na infância. “Crianças que sofrem muita pressão dos seus pais, tutores e professores, com graves repressões por falharem nas tarefas propostas, com exigências excessivas de perfecionismo, têm uma tendência a gerarem estados de Ansiedade generalizada”, revela.

Embora este seja um transtorno mais frequente no adulto, é possível a criança manifestar desde cedo alguns sintomas. “Crianças muito nervosas, com dificuldade de concentração, com comportamentos hiperativos, são crianças expostas a um nível de stress excessivo e que, se os seus tutores não reverterem as estratégias educativas, podem prolongar a ansiedade e o stress para a vida adulta”, descreve o psicoterapeuta.

A psicoterapia é o tratamento aconselhado para estes casos. “Um processo psicoterapêutico ajudará as pessoas a gerirem os seus medos, conseguindo colocar em perspectiva os acontecimentos que no passado criaram estados de stress e medo”, explica Pedro Brás. No entanto, nem sempre é fácil chegar até aqui. “O principal obstáculo para o tratamento desta perturbação é as pessoas não reconhecerem que estão doentes ou que precisam de ajuda. O tratamento existe e é eficaz, mas devido ao estigma da doença mental, ninguém quer assumir que sofre com esta perturbação psicológica”, revela.

Quando se deve procurar ajuda especializada?

Sempre que as pessoas que sofrem de ansiedade reconhecem que não conseguem sozinhas sair desse estado, devem pedir ajuda.

“O primeiro sinal de alerta é a dificuldade em manter um sono reparador. As pessoas ansiosas não dormem bem e isso prejudica imenso a sua recuperação e a sua qualidade de vida”, chama a atenção o especialista.

E, uma vez que esta é uma perturbação que nasce do stress, sobretudo do stress criado nas crianças em tenra idade, “os pais devem estar atentos”. “Como são os pais que muitas vezes, sem quererem, potenciam este nível de stress aos filhos, são os pais que devem pedir ajuda para encontrarem outras formas de parentalidade e criar ambientes mais relaxantes e protetores do bem-estar dos filhos”, conclui.

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Autor: 
Sofia Esteves dos Santos
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Foto: 
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