Entrevista
A proporção de pessoas idosas está a aumentar em todo o mundo, quando comparada a população em idade

Em menos de dois séculos, a esperança média de vida subiu de menos de 30 anos para mais de 71 anos, em 2018. A esperança média de vida dos portugueses situa-se, hoje, nos 81 anos. No entanto, isto não significa que estejamos a envelhecer bem… o que falta fazer para que consigamos envelhecer com qualidade?

No que toca a anos de vida, Portugal está a par dos países nórdicos, mas a qualidade de vida dos nossos idosos, sobretudo nos seus últimos anos, não é semelhante à desses países. Para tal contribuem vários factores:  

Por um lado, o envelhecimento não é percecionado com um processo decorrente de práticas ao longo da vida, muitas das quais podem ser controladas pelas próprias pessoas, dando origem a estilos de vida mais saudáveis com os respectivos benefícios para a fase mais adiantada da vida. Envelhecer bem, sem prejuízo das variáveis que não controlamos é um investimento em nós próprios… desde jovens!

Por outro lado, a medicina ainda está muito focada no paradigma da Cura, típico do século XX e das doenças infecciosas (queixa, diagnóstico, tratamento, problema resolvido), quando o envelhecimento global da população nos exige aperfeiçoar as competências para o Cuidar, obrigatório em presença de doenças crónicas não transmissíveis, com as suas frequentes polimedicações. É claro que o objetivo de curar se mantém, mas o envelhecimento e as doenças crónicas exigem uma maior aposta em formas de garantir o bem-estar e a longevidade com qualidade dos doentes. Isto faz-se através de cuidados continuados de qualidade, da valorização dos Cuidados Primários, de pequenas unidades de saúde em articulação com outras valências e as Comunidades e da transformação dos cidadãos em “produtores de saúde” e não meros receptores de cuidados. 

Quais são, então, os principais desafios do envelhecimento?

O principal desafio do envelhecimento é conseguir viver muitos anos com qualidade, especialmente nos últimos anos de vida. Sim, as pessoas querem viver mais, mas acima de tudo querem viver com qualidade. E não estamos apenas a falar de problemas de saúde física e/ou mental, as atitudes da Sociedade são de extrema importância, assistimos com frequência à discriminação dos mais velhos – o chamado idadismo -, um bom exemplo é a sua desqualificação por não serem peritos nas valências tecnológicas. A sageza proporcionada pela experiência parece ter passado de moda, o que é um erro crasso.

Qual o papel da medicina humanizada neste contexto? Que aplicações práticas poderá vir a ter?

Em teoria a questão não se deveria colocar, pois não se centra a medicina numa relação humana, entre médico e doente? É verdade que alguns de nós tiveram dificuldade em abandonar uma prática paternalista e alguns outros esperam da tecnologia o que não pode dar, mas sejamos justos - quando os médicos têm apenas 10 minutos para uma consulta e milhares de doentes ao seu cuidado é legítimo reivindicar melhores condições para exercer boa medicina. Na realidade, a relação médico-doente é tão importante que Portugal e Espanha se uniram na tentativa de a ver elevada a Património Cultural Imaterial da Humanidade da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação e Cultura).

E a tecnologia? De que forma pode contribuir para melhorar a qualidade de vida dos portugueses, sobretudo, dos mais idosos?

Tecnologias como a telemonitorização e a tele-saúde já estão a ser implementadas em Portugal com benefícios comprovados, ao permitir a doentes e profissionais de saúde um melhor acompanhamento de doenças crónicas entre as consultas, jamais em vez delas. A Inteligência Artificial também permitirá diagnósticos mais precisos e precoces, abordagens mais adaptadas ao perfil específico de um doente e a libertação dos profissionais de tarefas burocráticas que lhes retiram disponibilidade para a consulta presencial com o doente.  

Que novidades têm existido nesta área?

As novidades tecnológicas surgem quase diariamente, na cirurgia, por exemplo. Estamos na aurora da edição genética, um tema que já provoca enorme debate na área da Bioética. Em termos de robótica, já existem robôs de companhia e robôs de assistência que libertam profissões como a enfermagem de tarefas mais básicas.  

A impressão 3D de órgãos também é uma tecnologia que se adivinha muito promissora. A lista não tem – felizmente! – fim.

Na sua opinião, o que podemos esperar do futuro?

O meu desejo é que o futuro nos traga um aumento da longevidade, mas sem perda de qualidade de vida. Um futuro em que a medicina centrada no paciente seja uma evidência, com a preciosa ajuda da tecnologia. E de cidadãos produtores de saúde e poderes políticos capazes de implementar estratégias transversais, que abordem desde as diferenças socioeconómicas, à poluição, à educação, à arquitetura urbana, etc… 

Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Investigação
Nova investigação do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S), no Porto, revela que as mutações da enzima telomerase...

Em comunicado, o i3S explica que o estudo desenvolvido pelo investigador Manuel António Campos analisou 152 tumores malignos espinocelulares de 122 pacientes tratados no Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia e Espinho (CHVNG/E),  com o objetivo de "determinar a presença das mutações do promotor da telomerase [enzima chave no processo de divisão das células tumorais] e correlacionar a sua presença com fatores de prognóstico".

O estudo, publicado na edição de março de 2019 do Journal of the American Academy of Dermatology, demonstrou que as mutações da enzima telomerase estavam associadas a "um mau prognóstico no carcinoma espinocelular".

"Estes resultados são pioneiros, não só porque é a primeira vez que se estabelece esta relação, mas também porque poderão dar origem aos primeiros marcadores genéticos de prognóstico, que permitirão determinar a agressividade e como tratar estes carcinomas. Sublinhe-se que estes carcinomas, em caso de recidiva e/ou metastização, têm uma grande mortalidade", avança o instituto de investigação.

O investigador responsável por esta pesquisa, Manuel António Campos,  esclarece que as mutações do promotor da telomerase estavam presentes "em 31,6% dos casos, sendo a taxa de mutação superior em carcinomas invasivos (34,7%) do que em carcinomas ‘in situ’ [não invasivos] (19,4%)", acrescentando que os tumores que sofreram recidiva (76,5%) ou metástases (87,5%) eram "mais frequentemente mutados".

O investigador salienta que as mutações apresentadas podem vir a tornar-se "no primeiro marcador genético de prognóstico e serem incluídas em 'guidelines' internacionais para estadiamento e tratamento destes carcinomas".

De acordo com o i3S, este estudo foi distinguido pela Sociedade Portuguesa de Dermatologia e Venereologia (SPDV), com um prémio de 15 mil euros, e conquistou o prémio de melhor comunicação oral na Reunião da Primavera da SPDV.

 

Agência Europeia de Medicamentos
Comité dos Medicamentos para Uso Humano (CHMP) da Agência Europeia de Medicamentos EMA) recomendou a substância ativa...

Este medicamento é um inibidor seletivo do transportador de glucose de sódio-2 (SGLT2), e é primeiro medicamento oral a receber uma recomendação positiva da EMA para utilização na diabetes tipo I como adjuvante da insulina, quando a insulina isolada não proporciona o controlo adequado da glicemia apesar da ótima insulina-terapia.

A opinião positiva é baseada nos dados da Fase III do programa clínico DEPICT, que consistiu em dois estudos, DEPICT-1 e -2, e demonstrou que a dapagliflozina, quando administrada como adjuvante oral à insulina ajustável em adultos com tipo I não controlado mostra reduções significativas da linha de base na HbA1c (objetivo primário), peso e dose diária total de insulina (objetivos secundários) às 24 e 52 semanas versus placebo, nas doses de 5mg e 10mg.

O medicamento está atualmente sob revisão regulamentar nos EUA e no Japão para uso como tratamento adjuvante à insulina em adultos com o transtorno metabólico.

 

Doenças do pé
A Ozonoterapia Podal é uma técnica que utiliza o ozono clínico como agente terapêutico num grande nú

O ozono (O3) clínico é uma molécula instável e obtém-se através do O2 puro; uma mistura O2-O3 normalmente constituída por 98 por cento de O2 e somente 2 por cento de O3, esta molécula é composta por três átomos de oxigénio (O2), que se forma a partir de uma reação térmica induzida na molécula de oxigénio (O2), transformando-se numa molécula rica em energia que melhora o processo de oxigenação. Dada a sua instabilidade, o contacto com o corpo humano estimula a produção de defesas antioxidantes que eliminam radicais livres (moléculas produzidas no nosso organismo, e que em excesso podem ter efeitos tóxicos).

Perante este cenário, é possível perceber que a Ozonoterapia se apresenta como um tratamento útil, uma vez que modula as estruturas celulares desde a mitocôndria (componente de uma célula animal), promove maior capacidade funcional global, ajuda a eliminar o ácido úrico, elimina bactérias, fungos e vírus da circulação, restaurando a saúde do pé.

Como foram descobertas as propriedades do ozono?

Segundo Eurico Fermi, físico italiano galardoado com o Prémio Nobel da Física em 1938, “o ozono é a maior descoberta da Química Moderna”.

Historicamente o ozono foi descoberto em 1785 pelo físico holandês Martinus Van Marum, mas só em 1857 é que o físico Werner Von Siemens desenvolveu um gerador de alta frequência, onde efetuou as primeiras tentativas de destruição de microrganismos.

Já em 1870, o médico alemão C. Lender fez a primeira publicação sobre os efeitos biológicos práticos relativos à desinfeção da água Em Portugal, mais concretamente, o ozono foi inicialmente introduzido em processos industriais de purificação do ar e da água de consumo, à semelhança de vários países europeus.

Durante a 1ª Guerra Mundial (1914-1918), médicos alemães e ingleses utilizaram o ozono para tratamento de feridas em soldados, conforme foi noticiado pela revista THE LANCET, nos anos 1916 e 1917.

Dr. Blass fundou em 1913 a primeira associação alemã de Ozonoterapia, e em 1915, Dr. Wolf, cirurgião-chefe dos serviços médicos do exército alemão, ampliou a aplicação de ozono no tratamento tópico de feridas infetadas, pé congelado, gangrena e úlceras de decúbito.

Erwin Payr, importante cirurgião austríaco e professor em Leipzig, testou em 1935 a aplicação e efeito de ozono em feridas e apresentou uma publicação de 290 páginas intitulada "O tratamento com ozono na cirurgia".

Com o passar dos anos, novas pesquisas foram surgindo. Em Portugal, no ano de 2007, surgem as primeiras notícias sobre a Ozonoterapia utilizada em dor osteoarticular e dor crónica. Em 2008 são construídas as primeiras saunas de ozono, mas ainda hoje têm pouca expressão no país. Em 2009 começam a ser utilizados cremes ozonizados, sabonete ozonizado e é incrementada a divulgação da Ozonoterapia. Em 2011 é constituído o primeiro centro especializado unicamente em Ozonoterapia - Centro de Ozonoterapia. Já o aparecimento dos primeiros suplementos de ozono em microcápsulas data sensivelmente de 2012. Em 2013 a Ozonoterapia é reconhecida como tratamento na Portaria n.º 163/2013 de 24 de abril, a qual estabelece a tabela de preços a praticar pelo Serviço Nacional de Saúde.  

Como se processa a Ozonoterapia Podal?

A aplicação de ozono no pé pode ser efetuada através de: hidrozonoterapia; bolsa de ozono; aplicação subcutânea de ozono; e aplicação tópica (de água e óleos ozonizados - activozone).

A produção de ozono destinada para esta terapia é feita através de um gerador de ozono (equipamento que transforma gás de oxigénio em gás de ozono), que ao ser infundido numa bolsa de ozono, entra em contacto com a pele, transformando-se e procurando oxidar células e tecidos mortos, fungos, bactérias, leveduras, vírus, resíduos metabólicos celulares e outros poluentes. Nos tratamentos tópicos observa-se a inativação de microrganismos por ação direta do ozono com rutura oxidativa das suas membranas.

De acordo com a minha experiência clínica, a Ozonoterapia Podal ostenta propriedades químicas ímpares, que lhe conferem a possibilidade de ser utilizada no tratamento de várias doenças podais, tais como: infeções da pele; micoses; úlcera nos membros inferiores; eczema; pé de atleta; tendinite e tendinose; dores musculares; artrite reumatoide e artrite gotosa; queimaduras; contusões; picadas de insetos; psoríase; gretas e fissuras; lesões articulares; tendinopatia do tendão de Aquiles; esporão ósseo e exostoses ósseas.


Dra. Fátima Carvalho - podologista responsável pelo Centro Clínico do Pé de Amarante

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As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Simpósio
Joanne Kurtzberg, hemato-oncologista pediátrica e pioneira na utilização de células estaminais do sangue do cordão umbilical em...

Intitulado “Extending Cord Blood to Regenerative Therapies for the Brain”, o simpósio focar-se-á sobretudo na evolução da transplantação do sangue do cordão umbilical, na eficácia demonstrada pelas células do sangue do cordão umbilical no tratamento de doenças do foro sanguíneo, bem como em aplicações inovadoras em crianças com paralisia cerebral e doenças do espectro do autismo, as suas áreas de especialidade, tendo já várias crianças portuguesas integrado este estudo. 

Desde o primeiro transplante realizado há 30 anos, muito tem sido o trabalho desenvolvido por Joanne Kurtzberg na aplicação de células estaminais do cordão umbilical sobretudo em crianças, tendo já realizado milhares de tratamentos com estas células. Na sua vinda a Portugal, partilhará detalhes sobre a sua investigação e o avanço do sangue do cordão umbilical nas últimas duas décadas, sendo hoje utilizado no tratamento de mais 80 doenças num total de mais de 40.000 transplantes realizados. 

Joanne Kurtzberg foi pioneira no uso do sangue do cordão umbilical em transplantação hematopoiética como alternativa aos transplantes de Medula Óssea.

Em 1988, a especialista integrou a equipa multidisciplinar que realizou o primeiro transplante com células estaminais provenientes do cordão umbilical, em França. O tratamento salvou uma criança norte-americana de 5 anos, Matthew Farrow, com anemia de Fanconi, uma doença do sangue rara e fatal, de quem Kurtzberg era pediatra. Após tratamento de quimioterapia, Matthew recebeu as células do sangue do cordão umbilical da sua irmã recém-nascida, com quem era compatível.

Nas últimas décadas, Kurtzberg estabeleceu, no hospital pediátrico da Universidade de Duke, EUA, um programa de transplantação pediátrica dedicado ao tratamento de crianças com doenças do foro hemato-oncológico, imunodeficiências, hemoglobinopatias e doenças metabólicas hereditárias.  Joanne Kurtzberg preside, desde 2015, à Cord Blood Association, uma organização internacional sem fins lucrativos que promove bancos públicos e privados e o uso do sangue e tecido do cordão umbilical no tratamento de doenças e terapias regenerativas. Atualmente conta com mais de 300 artigos científicos publicados.

Conferência
Numa sinergia com a CUF Instituto de Oncologia e a IKCC - International Kidney Cancer Coalition, durante o dia 5 de abril, irá...

À semelhança do que já é feito noutros países do mundo, este evento pretende criar espaços de co-criação e partilha de informação e experiências, entre médicos, investigadores e doentes. Ricardo Leão, urologista da CUF e membro da comissão científica do evento destaca que “A nível internacional estes grupos de doentes têm voz ativa. É Interessante verificar que o trabalho desta Coligação de Associações de Doentes tem impacto em termos de decisão terapêutica, é auscultada para novos ensaios clínicos e para a construção de políticas de saúde e promove o acesso a melhores cuidados de saúde.”

Por tudo isto, é intenção da organização científica do evento dar voz e protagonismo aos doentes portugueses com cancro do rim e tornar possível o seu envolvimento com a IKCC: “É importante trazer para Portugal uma abordagem centrada no doente para projetar, implementar e avaliar a investigação sobre cancro de rim, que torna os estudos mais eficazes, mais confiáveis e mais económicos”.

"Em Portugal não tem existido uma associação de doentes ativa especificamente centrada no apoio às pessoas com cancro do rim e alguns dos doentes com esta patologia procuram informações junto de organizações de cancro do rim noutros países. A possibilidade de ter pela primeira no país vez em Portugal a reunião da IKCC pode criar o “impulso” necessário para o envolvimento de doentes portugueses com cancro do rim nesta reunião”, reforça o urologista, membro da comissão científica do evento.

Rachel Giles, presidente da IKCC destaca que esta reunião vai possibilitar que “especialistas em cancro renal possam aprender com doentes de cancro do rim, que têm experiência nesta atividade de defesa dos direitos dos doentes e vice-versa. Deste modo, vai também permitir, a estes doentes compreender os desafios enfrentados pela comunidade clínica e, potencialmente, identificar como é que cada um destes grupos pode trabalhar de forma mais próxima com o objetivo de assegurar os melhores resultados de qualidade de vida dos doentes oncológicos.”

O Kidney Cancer – Expert Meeting, organizado em conjunto pela CUF Academic Research and Medical Center e CUF Instituto de Oncologia será um espaço para discutir vários tópicos de interesse científico e clínico, com ênfase nos mais recentes avanços no tratamento do cancro do rim - para tal a reunião científica conta, no seu painel de palestrantes e moderadores, com alguns dos mais relevantes investigadores/clínicos  nacionais e internacionais, cujo trabalho tem alterado a prática clínica no tratamento do cancro rim. De destacar a presença de um dos líderes mundiais no tratamento com imunoterapia do cancro do rim mestastizado, Eric Jonasch (MD Anderson Cancer Center, EUA), de Michael Jewett, um dos líderes mundiais na abordagem de "vigilância ativa", e de Pedro Barata (Tulane University, EUA) envolvido na investigação de novas terapêuticas em cancro com base em técnicas de biologia molecular.

Simultaneamente, um grupo de doentes portugueses com cancro do rim vai dar o seu testemunho sobre a sua doença e as dificuldades que enfrentaram durante o diagnóstico e tratamento.

O cancro do rim é um problema de saúde global. Todos os anos, 338,000 pessoas são diagnosticadas com cancro do rim em todo o mundo. Em Portugal o cancro do rim representa cerca de 1,8% de todos os tumores malignos, estimando-se que surjam cerca de 600 a 700 novos casos por ano.

Estudo
Pelo menos até aos 97 anos conseguimos produzir novas células cerebrais. É isso que afirma uma equipa de investigadores da...

Esta ideia tem sido bastante discutida, no entanto, pensava-se que já nascíamos com todas as células cerebrais que teríamos até ao resto da vida. Com esta nova pesquisa, para além de conseguirem demonstrar que vamos produzindo novos neurónios ao longo da vida, os pesquisadores da Universidade de Madrid também conseguiram mostrar que o número de novas células cerebrais diminui com a idade e cai drasticamente nos estágios iniciais da doença de Alzheimer.

O estudo, publicado na revista Nature Medicine, analisou os cérebros de 58 pessoas mortas, com idades compreendidas entre os  43 e os 97 anos, focando-se sobre o hipocampo – uma parte do cérebro envolvida na memória e nas emoções.

Novos neurónios

Os neurónios não emergem no cérebro totalmente formados, tendo que passar por um processo de crescimento e maturação.

Os pesquisadores conseguiram identificar neurónios imaturos ou "novos" nos cérebros que examinaram.

Nos cérebros saudáveis, observou-se uma "ligeira diminuição" na neurogenese com o avanço da idade.

Em entrevista à BBC, a pesquisadora Maria Llorens-Martin disse acreditar que “estaremos a gerar novos neurónios enquanto precisarmos de aprender coisas novas”. “E isso ocorre durante cada segundo da nossa vida”, acrescenta.

Em pacientes com Alzheimer há um declínio de novos neurónios

De acordo com a investigação, o número de novos neurónios formados caiu de 30.000 por milímetro para 20.000 por milímetro em pessoas no início da doença de Alzheimer.

"Essa é uma redução de 30% no primeiro estágio da doença”, disse a investigadora principal.

"É muito surpreendente para nós. Isto acontece mesmo antes do acúmulo de beta-amiloide [a marca da doença de Alzheimer] e, provavelmente, antes dos sintomas…”, comentou.

A doença de Alzheimer permanece sem cura, mas o foco principal da pesquisa têm sido os aglomerados de beta-amiloide no cérebro.

No entanto, na semana passada, alguns ensaios que utilizaram esta abordagem falharam e o último estudo sugere que pode haver algo a acontecer mais cedo no curso da doença.

De acordo com Maria Llorens-Martin, “entender por que há uma diminuição na neurogenese poderia levar a novos tratamentos contra o envelhecimento cerebral”.

Rosa Sancho, chefe de pesquisa da Alzheimer's Research UK, comentou que esta pesquisa abre portas para uma investigação profunda sobre o tema ao mostrar que é possível produzir novas células cerebrais até aos 90 anos. No entanto, admitiu que são precisos “mais estudos para confirmar estes achados e se, de facto, estes podem abrir caminho para um teste precoce que sirva para sinalizar aqueles que correm maior risco de contrair a doença”.  

Estudo
Ser obeso faz com que os meninos entrem na puberdade mais cedo. Foi esta a conclusão de um estudo realizado pela Universidade...

Esta pesquisa analisou vários parâmetros relacionados com o excesso de peso em 527 meninos chilenos com idades entre os 4 e os 7 anos, o que possibilitou os investigadores associarem a obesidade corporal total e a obesidade central, ou excesso de gordura na barriga, a maiores probabilidades de iniciar a puberdade antes dos 9 anos. “Com o aumento da obesidade infantil em todo o mundo, houve um avanço na idade em que a puberdade começa nas meninas”, diz a investigadora principal deste estudo, Maria Veronica Mericq, admitindo, no entanto, que esta evidência tem gerado alguma controvérsia quando associada ao sexo masculino.  

Enquanto alguns estudos norte-americanos descobriram que a obesidade atrasa a puberdade, outro mostrou que apenas o excesso de peso, mas não a obesidade, induziu a puberdade precoce nos meninos.

Já os resultados de alguns estudos realizados na Europa mostraram que a puberdade chega mais cedo em meninos com sobrepeso e obesidade. De acordo com a Hormone Health Network, a puberdade precoce está associada a possíveis problemas, incluindo crescimento atrofiado e problemas emocionais e sociais.

Os meninos deste novo estudo faziam parte do Estudo de Crescimento e Obesidade do Chile. A puberdade foi considerada precoce usando uma medida padrão para meninos: crescimento do testículo (maior do que 3 centímetros cúbicos) antes dos 9 anos. Para determinar a obesidade central, a equipa mediu a cintura de cada menino. Para a obesidade total, usaram peso e altura para calcular o índice de desvio padrão do índice de massa corporal (IMC).

Os investigadores da Universidade do Chile descobriram que a prevalência da obesidade total aumentava com a idade, de 22% dos meninos com idades entre 6 e 7 anos a 28,6% aos 11,4 anos, a idade média no início da puberdade para esse grupo. A obesidade central também aumentou nesse período, de 11,8% para 17,4%.

A puberdade precoce teria ocorrido em 45 meninos. A obesidade total e a obesidade central dos 4 aos 7 anos aumentaram as hipóteses de puberdade precoce em comparação com os meninos de peso saudável. Por exemplo, entre os meninos de 5 ou 6 anos, aqueles com obesidade tinham quase 2,7 vezes mais de hipóteses de iniciar a puberdade cedo, e aqueles com obesidade central tinham quase 6,4 maiores chances de puberdade antes dos 9 anos, relatou Mericq. A investigadora explicou que a obesidade central está mais relacionada com a massa gorda, porque um IMC mais alto pode refletir o aumento de músculos, especialmente em atletas.

De acordo com Mericq, “a puberdade precoce pode aumentar o risco de problemas de comportamento e nos meninos pode estar relacionada a uma maior incidência de cancro do testículo na idade adulta”, pelo que é essencial adotar medidas de controlo da obesidade bem cedo diminuindo assim os riscos futuros.

Fertilidade
O seu médico após avaliar a sua situação de infertilidade aconselhou realizar uma Fertilização in Vi

A FIV é uma técnica sofisticada e bastante eficaz para resolver problemas de fertilidade, e consiste basicamente em estimular os ovários para produzir vários ovócitos (óvulos), realizar a sua colheita e no final juntar os gâmetas do casal (óvulo e espermatozóide) numa placa de “vidro” num laboratório, originando embriões que serão depois colocados no útero da mulher. Se se obtiverem mais embriões do que os transferidos, esses poderão ser “congelados “ para uso futuro. O primeiro bebé nasceu por esta técnica em Inglaterra em 1978, e já existem no mundo mais de 5 milhões de crianças concebidas deste modo. Em Portugal, realiza-se a partir de 1984 e desde 2016, a FIV está acessível a todas as mulheres, solteiras ou casadas (independentemente da sua orientação sexual).

Como escolher a clínica onde fazer o tratamento. Em Portugal existem diversas opções, a AVA Clinic em Lisboa é um dos centros autorizados pelo Conselho Nacional de Procriação Medicamente Assistida (CNPMA) onde se podem realizar todas as técnicas de PMA, entre as quais se inclui a FIV. O casal pode escolher livremente entre um Centro público ou privado, a diferença essencial para os centros públicos é o limite de idade (39 anos da mulher) e um tempo de espera que em muitos casos é de um a dois anos. Na escolha deve ter em conta que a taxa de sucesso da clínica depende de vários factores, tais como as características da população que a ele recorre, a qualidade da equipa médica e de biólogos, sendo um dos elementos mais importantes a idade da mulher. Para obter informações detalhadas sobre os custos associados a cada etapa do tratamento deve contactar directamente as clínicas/centros ou informar-se nos respectivos sites da Internet. Na AVA Clinic Lisboa temos uma equipa dedicada que está 100% disponível para esclarecer todas as dúvidas que possam eventualmente surgir.

Em termos de sucesso da Fertilização In Vitro, a maior parte dos casais engravida em média com 2 a 3 tentativas de FIV, sendo a taxa de gravidez variável em função das características de cada casal. De qualquer modo sendo a idade feminina um factor determinante podem esperar-se taxas de sucesso que rondam os 45- 50% em mulheres com menos de 35 anos e taxas de menos de 20 % acima dos 40 anos. Não há uma idade máxima para fazer este tipo de tratamento, mas após os 43 anos as taxas de sucesso (com os próprios óvulos) são tão baixas (< de 9%) que a relação custo-benefício e os riscos do tratamento desaconselham que ele seja realizado. Também não existe um limite máximo para o número de tratamentos.

Os riscos associados a este tipo de tratamentos são baixos mas devem ser bem entendidos por ambos os membros do casal. Além de poder “não resultar” uma FIV envolve várias etapas com riscos distintos:

  1. Estimulação: a utilização de hormonas para estimular os ovários pode acarreta perigo de estimulação exagerada levando em casos extremos a internamentos, cirurgia ou até risco de vida.
  2. Colheita dos óvulos: é feita através de uma punção dos ovários por uma agulha introduzida na vagina sob sedação. Em certos casos pode haver lesão de órgãos abdominais, hemorragia ou infecção.
  3. Transferência de mais do que 1 embrião: pode originar risco de gemelaridade, que constitui uma gravidez de alto risco especialmente pela maior probabilidade de parto prematuro.

O número de embriões transferidos é geralmente baseada na idade da mulher e no número de óvulos recuperados. Uma vez que a taxa de implantação é menor para as pacientes mais idosas, nestes casos são normalmente transferidos mais do que um embrião (excepto para mulheres que recorreram a ovócitos de doadora).

Para um adequado esclarecimento todos os casais recebem um consentimento informado que deve ser assinado por ambos e pelo médico responsável pelo tratamento.

Antes do tratamento, o casal terá de ser submetido a um conjunto de exames que variam consoante cada caso, mas ambos os elementos têm que fazer o despiste de várias doenças infecciosas (cujas análises iniciais têm uma validade de apenas 3 meses). A mulher deve realizar também as denominadas rotinas pré concepcionais e uma ecografia pélvica e o homem terá que fazer um espermograma. Se os exames revelarem alterações ou não estiverem prontos na altura devida, o tratamento pode ter que ser cancelado.

Antes de iniciar o tratamento o casal irá receber um plano com indicações sobre a medicação e dos dias em que terá que fazer ecografias de controlo, ficando prevista nesse plano uma data hipotética para a colheita dos óvulos e para a transferência embrionária para o útero. O casal recebe então, da equipa de enfermagem, orientações de como fazer a medicação (na forma de injecções subcutâneas) e aguarda-se a vinda da menstruação. Ao iniciar a menstruação, a mulher inicia a toma diária das injecções e informa o centro clínico, agendando uma primeira ecografia de controlo.

Na primeira ecografia o médico verifica o efeito da medicação através da medição do número e dimensão dos folículos ováricos bem com o da espessura do revestimento interior do útero (o endométrio). Ocorrendo o efeito desejado agenda-se novo controlo ecográfico, após o qual geralmente se marca a data para a colheita dos óvulos. No dia da colheita dos óvulos a mulher tem que ser submetida a uma sedação/anestesia durante cerca de 20 minutos, nesse período, o médico realiza, em bloco operatório, a colheita dos óvulos utilizando uma agulha acoplada à sonda vaginal do aparelho de ecografia. É um processo simples e rápido sendo desejável a obtenção de pelo menos 5 óvulos “maduros” que são de imediato avaliados pelos biólogos. Simultaneamente o marido disponibiliza a amostra de sémen que algumas horas depois é “misturado” com cada óvulo. Cerca de 2 horas após o procedimento o casal deixa a clínica com as orientações adequadas. No dia seguinte os biólogos verificam a fertilização, o número e qualidade de embriões resultantes do tratamento e informa o casal. Nesse dia a mulher inicia nova medicação, desta vez via vaginal (progesterona). Entre 2 a 5 dias após a punção dos ovários o casal regressa à clínica para a transferência embrionária dando-se indicação à paciente que deve ter a bexiga cheia de modo a facilitar o procedimento. Ela é colocada na marquesa ginecológica como que para um normal exame ginecológico, e após introdução do espéculo, o médico recebe o ou os embriões, no interior de um cateter, e sob controlo ecográfico, introduz cuidadosamente no fundo uterino os embriões. Após este procedimento não é obrigatório repouso podendo de imediato a doente levantar-se. Nesse dia ou nos 2 ou 3 dias seguintes o casal saberá se irá haver lugar ao congelamento de embriões excedentários.

Antes de abandonar o centro, o casal recebe indicações de qual a medicação a fazer e de quando poderá efectuar o “teste de gravidez“ através de uma análise de sangue (doseamento da beta HCG), a realizar cerca de 15 dias após a colheita dos ovócitos. Confirmando-se um teste positivo (valor da beta HCG superior a 5 mUI/ml) será agendada uma ecografia para duas semanas mais tarde, sendo nessa altura que se confirma a existência, localização e número de sacos gestacionais, podendo então assegurar-se o casal de que existe uma gravidez evolutiva, que deverá ser encarada e vigiada de modo semelhante a uma gravidez espontânea.


Dr. José Cunha - Diretor Clínico e Médico Especialista em Ginecologia e Obstetrícia, Sub-especialista em Medicina da Reprodução, na AVA Clinic Lisboa

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Acidente Vascular Cerebral
A Portugal AVC - União de Sobreviventes, Familiares e Amigos alerta para a atual situação em que vivem os sobreviventes de...

Segundo António Conceição, presidente da associação, “é necessário mudar este paradigma de falta de preocupação com a fase pós-AVC. A continuidade e a qualidade da reabilitação devem ser encaradas, não como um mero custo para o Serviço Nacional de Saúde, mas como um investimento com retorno”.

E acrescenta: “Este é um facto que pode marcar a diferença entre ter um cidadão e contribuinte ativo, ou mais um peso para a Segurança Social, com complicações de saúde crescentes, encargos acrescidos para o Estado, e diminuição da qualidade de vida.”

O Acidente Vascular Cerebral, com cerca de 25 mil episódios de internamento por ano, é a principal causa de morte, mas também o primeiro motivo de incapacidade em Portugal, atingindo todas as idades. Entre as múltiplas sequelas possíveis estão as físicas e motoras (mais visíveis), mas também as consequências na capacidade de comunicação, no campo cognitivo, psicológico, de visão, entre outros.

“É essencial que a reabilitação seja, por um lado, célere, atempada, e sem limites de tempo pré-estabelecidos, e por outro, sentida por todos como multidisciplinar, de forma que possa requerer a intervenção de diversas especialidades médicas e terapêuticas, conforme cada caso”, sublinha António Conceição.

Os membros desta união querem também chamar a atenção para a dificuldade em se conseguir produtos de apoio, que frequentemente constituem meios auxiliares de reabilitação e instrumentos capazes de melhorar a qualidade de vida. “É lamentável que a prescrição tenha que seguir um complexo processo burocrático, sujeito a um muito restrito cabimento orçamental, e que, na melhor das hipóteses, só ao fim de largos meses é satisfeita, gerando um atraso muitas vezes irreversível. Utilizando uma comparação, diria que se a reabilitação, ou estes produtos de apoio, fossem meros medicamentos, ou meios auxiliares de diagnóstico, tudo seria multo mais fácil, logo a partir da prescrição”, finaliza o presidente da associação.

A Portugal AVC vai promover um encontro no próximo dia 13 de abril, em Lisboa, para debater o tema da superação do AVC. Esta iniciativa é dirigida a sobreviventes de AVC, familiares, cuidadores, profissionais de saúde e outros interessados. O programa está disponível em: www.portugalavc.pt

Revisão
A revista The Lancet publicou um estudo de revisão de 522 ensaios clínicos, com 21 antidepressivos diferentes, através do qual...

Para chegar a estas conclusões, os investigadores do Oxford Health Biomedical Research Centre avaliaram, ao longo de seis anos, mais de 100 mil homens e mulheres que já haviam tido depressão e foram alvo de tratamento clínico durante, pelo menos, dois meses.

Quando comparados aos placebo, todos os tipos de antidepressivos estudados, sem exceção, provaram ser mais eficazes no objetivo de diminuir os sintomas de depressão ao longo do tempo – sendo que ao cientistas consideram um antidepressivo eficaz aquele que consegue diminuir a sintomatologia em 50%.

"Os antidepressivos são uma ferramenta eficaz para a depressão. A falta de tratamento para a depressão é um enorme problema por causa do impacto na sociedade", justificou Andrea Cipriani do Oxford Health Biomedical Research Centre, que liderou o estudo.

Embora se esperasse que alguns antidepressivos se mostrassem mais eficazes do que o placebo, os investigadores não perspetivavam que todos se mostrassem superiores a estas substâncias sem propriedades. "Estávamos abertos a qualquer resultado, por isso podemos dizer que esta é a resposta final a uma dúvida de anos", disse o investigador principal do estudo.

Com esta análise possível estabelecer ainda um ranking de eficácia. Agomelatina, amitriptilina, escitalopram, mirtazapina, paroxetina , venlafaxina e vortioxetina foram os antidepressivos que se mostraram mais combativos no ataque à redução dos sintomas. Os menos eficazes, concluíram os autores do estudo, são a fluoxetina (Prozac, um dos menos eficazes mas dos mais bem tolerados), a fluvoxamina, a reboxetina e a trazodona.

 

Opioide usado em anestesias
As 430 embalagens, de um potente analgésico, que tinham sido dadas como desaparecidas foram encontradas dentro do armazém do...

A Polícia Judiciária (PJ) localizou, no próprio armazém onde tinham sido dadas como desaparecidas, as 430 embalagens de Fentanilo Basi, um opioide potente usado em anestesias gerais. Para já, "não há indícios" de que este desaparecimento tivesse sido resultado de "prática criminosa dolosa", mas a "falta de controlo no armazenamento" deste produto pode configurar uma prática negligente - confirmou ao Diário de Notícias fonte policial.

A PJ comunicou a situação ao Infarmed, a autoridade nacional responsável por "regular e supervisionar os setores dos medicamentos de uso humano", que deve apurar também as responsabilidades.

De acordo com o comunicado divulgado pela Judiciária, "perante os elementos apurados não se procedeu à constituição de qualquer arguido". No entanto, "a investigação vai prosseguir para total esclarecimento dos factos", designadamente, se houve ou não dolo neste "desaparecimento", esclareceu Artur Vaz, Diretor da Unidade Nacional de Combate ao Tráfico de Estupefacientes.

As 430 embalagens estavam guardadas no armazém de um distribuidor grossista, no norte do país, e foi também nesse local que a PJ as encontrou.

 

Estudo
Um estudo, que contou com a colaboração de mais de mil pessoas em quatro países europeus, publicado este mês na revista...

Com a realização desta análise, os investigadores quiseram observar se a toma de suplementos nutricionais ou alimentares, como zinco, selénio, cálcio ou vitamina D, teria realmente algum impacto na prevenção de depressão major.

Para tal, foram criados dois grupos, cujos participantes tinham excesso de peso e haviam sido identificados como tendo “risco elevado” de depressão, para serem observados durante um ano.

Ao primeiro grupo foi dado diariamente um suplemento alimentar que continha ómega 3, cálcio, ácido fólico, vitamina D, zinco, selénio, enquanto o segundo grupo tomava um placebo. Metade dos participantes recebeu ainda uma intervenção para implementar mudanças no seu estilo de vida e adoção de comportamentos mais saudáveis.

Ao longo dos 12 meses desta análise, cerca de 10% dos participantes desenvolveram depressão - 105 pessoas de Espanha, Alemanha, Reino Unido e Holanda. Destes, 25 estavam no grupo que apenas tomava placebo, 26 tomavam placebo e recebiam terapia de grupo, 32 eram do grupo da toma de suplemento alimentar sem terapia e 22 combinavam suplementos com terapia de grupo, o que permitiu concluir que nenhuma das estratégias influenciou ou afetou o desenvolvimento de depressão.

De acordo com o psiquiatra português Ricardo Gusmão a "depressão major é talvez a doença que mais incapacidade gera em todo o mundo".

"A esperança de que fosse possível prevenir a ocorrência de depressão através da toma de nutrientes genericamente apontados como protetores foi incisivamente prejudicada por este estudo sólido e bem estruturado", considera quanto à investigação.

Ricardo Gusmão, dirigente em Portugal da Aliança Europeia Contra a Depressão, defende ainda que as conclusões do estudo permitem "retirar consequências para a definição de política de saúde pública", passando pela proibição de "publicidade falaciosa em torno das qualidades antidepressivas de nutrientes".

Tecnologia
As quedas são um dos problemas de saúde mais comuns nos idosos, representando mais de 50% das hospitalizações por lesões neste...

Desenvolvido no Departamento de Fisioterapia da Escola Superior de Tecnologias da Saúde, em parceria com a Sensing Future Tecnhologies e a Fraunhofer Portugal, o FallSensing constitui um inovador sistema de avaliação do risco de queda capaz de implementar planos de exercícios personalizados para prevenção de quedas dando biofeedback durante a realização de exercícios, o que permite uma aprendizagem mais rápida por parte do participante, assim como um melhor treino por parte do fisioterapeuta.

Com uma tecnologia simples, adaptada a diferentes casos, o sistema baseia-se na recolha e análise de dados durante a avaliação do risco de queda ou exercícios de prevenção de quedas, os quais são guardados numa plataforma de registo clínico e com acesso através de um portal onde os profissionais de saúde e cuidadores poderão consultar a evolução dos utentes e criar planos de intervenção personalizados. O projeto inclui também um sistema de recomendação automática de planos personalizados de exercícios para prevenção de quedas com vista a potenciar uma contínua adaptação dos programas à evolução de cada pessoa.

“As quedas são um dos problemas de saúde mais comuns nos adultos mais velhos, representam mais de 50% das hospitalizações por lesões neste grupo etário, e são consideradas uma das principais causas de perda de independência e institucionalização. As quedas têm uma origem multifatorial, no entanto, a maioria dos fatores de risco de queda é modificável”, esclarece Anabela Correia Martins, uma das responsáveis pelo projeto.

IPC2SOCIETY dá a conhecer os mais inovadores projetos de investigação

Com o apoio do INOV C 2020 a primeira edição do IPC2SOCIETY realiza-se no próximo dia 11 de abril, nas instalações do Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Coimbra (ISCAC), esta é uma iniciativa que dará a conhecer 50 dos mais inovadores projetos desenvolvidos no Instituto de Investigação Aplicada (i2a) do IPC.

Dirigida a todos os sectores da economia, o IPC2SOCIETY reúne projetos desenvolvidos nas mais variadas áreas do conhecimento que vão desde as Ciências Agrárias, o Ambiente, as Ciências da Educação, Artes e Design, a Informática, Tecnologias e Engenharias e a Saúde, entre outras. O IPC2SOCIETY ocorre no âmbito de dois projetos em curso no IPC: o Lab2Factory e o INOV C 2020, ambos financiados pelo FEDER, através do Programa Operacional CENTRO 2020.

«O IPC2SOCIETY foi criado com o objetivo de contribuir para uma maior visibilidade dos projetos dos nossos investigadores, e fomentar a criação de parcerias sólidas com os diferentes agentes regionais, nomeadamente PME, tendo em vista a obtenção de soluções inovadoras e o desenvolvimento sustentável. Com uma clara aposta na prestação de serviços à comunidade e no desenvolvimento de projetos em copromoção empresarial, o IPC, através do i2a, dos diversos laboratórios associados e do Centro de Estudos de Recursos Naturais, Ambiente e Sociedade (CERNAS), tem procurado promover, estimular e apoiar os vários projetos de investigação, ao mesmo tempo que incentiva a transferência de conhecimento e tecnologia para o tecido empresarial  e comunidade», esclarece Carlos Dias Pereira, Diretor do i2a.

Como explica Cândida Malça, Vice-presidente do IPC, «sendo uma estrutura transversal a todo o IPC, o i2a assegura o enquadramento institucional às atividades de IDT&I de cerca de 620 investigadores, 250 dos quais doutorados, que desenvolvem trabalho nas mais variadas áreas do saber técnico-científico nas diferentes unidades orgânicas de ensino que integram o IPC».

Estudo
Beber duas canecas de chá a mais de 60 graus pode aumentar o risco de cancro. Pelo menos é o que alegam os investigadores de um...

Para chegar a estas conclusões, os investigadores da American Cancer Society, analisaram os dados de mais de 50 mil pessoas em Golestan, uma província no nordeste do Irão, onde o consumo do chá está bastante enraizado. Após esta análise, puderam concluir que beber mais de 700 ml de chá quente por dia, ou seja, o equivalente a duas canecas, aumenta o risco de cancro do esófago em 90%.

"Muitas pessoas gostam de beber chá, café e outras bebidas quentes. Contudo, de acordo com o nosso trabalho, beber chá muito quente pode aumentar o risco de cancro do esófago e, portanto, é aconselhável esperar que as bebidas arrefeçam antes de as consumir", aconselha Farhad Islami, o principal autor do estudo.

Outras investigações já tinham permitido associar a temperatura do chá ao aumento do risco deste tipo de cancro. No entanto, esta é a primeira a destacar uma temperatura específica: mais de 60 graus.

Neste estudo, foram acompanhadas cerca de 50 mil pessoas, entre os 40 e os 75 anos, durante mais de 10 anos, tendo sido detetados 317 novos casos de cancro, entre 2004 e 2017.

O cancro do esófago é o oitavo mais comum no mundo, atingindo mortalmente, de acordo com a Agência Internacional para a Investigação do Cancro, cerca de 400 mil pessoas todos os anos.

Este tumor é, habitualmente, diagnosticado na sequência de lesões repetidas no esófago, devido a álcool, tabaco, refluxo e, conclui-se agora, devido ao consumo de chá ou bebidas muito quentes em geral.

 

Dados oficiais
O consumo de vareniclina, um medicamento antitabágico, aumentou 17% em 2018. O Infarmed avança que este aumento se deve à ...

Os dados avançados pela Autoridade Nacional do Medicamento mostram que, em 2018, foram vendidas 58 997 embalagens de vareniclina, registando-se um aumento de 17% em comparação ao ano anterior. Em 2017 venderam-se pouco mais de 50 mil embalagens.

Os encargos do Serviço Nacional de Saúde com este medicamento foram de 1.2 milhões de euros em 2018, 19% a mais face a 2017. De acordo com a nota do Infarmed, o aumento da despesa traduz um forte investimento na prevenção antitabágica.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a pandemia do tabagismo foi responsável pela morte de 100 milhões de pessoas no século XX. Se não for controlada, poderá vir a matar mil milhões este século.

Fumar é a primeira causa evitável de doença, incapacidade e morte prematura nos países desenvolvidos, contribuindo para seis das oito primeiras causas de morte a nível mundial, entre elas cancro do pulmão ou Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica.  

Em Portugal, estima-se que o consumo de tabaco seja responsável por 1 em cada 10 mortes verificadas na população adulta e por cerca de 1 em cada 4 mortes verificadas na população dos 45 aos 59 anos.

Mais de 90% dos fumadores portugueses iniciam o consumo antes dos 25 anos.

A vareniclina está indicada para a cessação tabágica no adulto. Liga-se com elevada afinidade e seletividade aos recetores nicotínicos neuronais α4β2 da acetilcolina, onde atua como agonista parcial, provocando a libertação de dopamina e promovendo assim os mesmos efeitos da nicotina, porém em intensidade muito menor, sem os efeitos de abstinência.

Estudo
O estudo 'in vivo' em modelo animal foi realizado com o apoio da Universidade da Califórnia São Francisco, nos EUA, e...

Margarida Martins Oliveira foi distinguida, no Congresso da Ordem dos Nutricionistas 2019, com o ‘Prémio Mérito Jovem Nutricionista’. A investigação desenvolvida, que descobriu aspetos-chave associados ao surgimento da enxaqueca valeu-lhe o galardão.

O estudo 'in vivo' em modelo animal foi realizado com o apoio da Universidade da Califórnia São Francisco, nos EUA, e do King’s College London, no Reino Unido, e permitiu concluir que há uma relação entre a enxaqueca e o controlo do apetite.

Margarida Martins Oliveira foi desenvolvendo interesse pelo tema, pois constatou que os indivíduos obesos têm crises de enxaquecas com maior frequência.
O trabalho desenvolvido nesta área ganha pertinência, já que o melhor entendimento da relação entre os mecanismos que regulam o apetite e a enxaqueca, tem em vista o desenvolvimento de melhores estratégias alimentares para estes doentes.

Apesar de alimentos específicos não estarem diretamente relacionados com o desencadeamento da enxaqueca, a nutricionista pretende ainda explorar se as pessoas com esta patologia têm tendência, numa fase inicial, a desejar determinados alimentos, como é o caso do chocolate.

Para a Ordem dos Nutricionistas, entregar o galardão ‘Mérito Jovem Nutricionista’ a Margarida Martins Oliveira reflete o reconhecimento do trabalho desenvolvido pela profissional, nomeadamente sobre uma patologia que afeta já 9% da população portuguesa.

Na União Europeia, estima-se que a enxaqueca represente um encargo financeiro de 27 mil milhões de euros por ano, uma vez que afeta negativamente a produtividade no trabalho, causa absentismo laboral e, em alguns casos, até perda de emprego.

Margarida Martins Oliveira é licenciada pela Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação e investigadora na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto. Realizou o seu estágio curricular no Brasil e o doutoramento em Neurociências, tendo já desenvolvido projetos de investigação na Universidade da Califórnia São Francisco, nos EUA, e no King’s College London, no Reino Unido.

Recorde-se que o ‘Prémio Mérito Jovem Nutricionista’ tem como objetivo premiar talentos e motivar a investigação e inovação na área da nutrição, reconhecendo e recompensando publicamente o trabalho desenvolvido.

Opinião
No século XXI a tuberculose continua a ser um problema grave de saúde pública a nível mundial, apesa

A tuberculose é uma doença infeciosa causada por uma micobactéria – o Mycobacterium tuberculosis - e a transmissão da doença faz-se quase exclusivamente por via aérea. O pulmão é o órgão envolvido na maior parte dos casos, são estes doentes com lesões pulmonares e bacilos na expetoração que transmitem a doença. Quando estes doentes tossem, falam, cantam, espirram os bacilos são eliminados em suspensão nas partículas e inalados pelos indivíduos que contatam com o doente. Dos contatos próximos do doente bacilífero cerca de 30% podem ficar infetados e deste grupo cerca de 10% pode desenvolver doença ao longo da vida. O risco de desenvolver doença é superior para populações com depressão imunidade: crianças até aos 5 anos, doentes com infeção por Virus da Imunodeficiência Humana (infeção VIH- SIDA), doentes portadores de doenças que deprimem a imunidade ou doentes a fazer tratamentos imunossupressores estão entre as populações de maior risco.

Em Portugal, os profissionais envolvidos na definição e na implementação do Plano Nacional e dos Planos Regionais de Luta contra a Tuberculose têm como principal objetivo trabalhar para atingir o mais rapidamente possível as metas do controlo e da erradicação da tuberculose. Nas últimas décadas a incidência de tuberculose tem vindo a diminuir anualmente de uma forma sustentada, tendo ultrapassado o limite definido como de baixa incidência, mas o nosso objetivo é atingir o nível de controlo da doença semelhante à dos países da Europa Ocidental e posteriormente atingir o objetivo principal que corresponde à  eliminação do doença.  Em Portugal, a concentração dos casos de tuberculose continua a verificar-se nos grandes centros urbanos, a associação da tuberculose a problemas sociais, a diferentes comorbilidades e o risco acrescido com alguns dos novos tratamentos imunossupressores torna-a mais difícil de abordar. A bordagem deve ser dirigida em primeiro lugar no benefício do doente tendo em consideração a orientação do diagnóstico, do tratamento e a vigilância. É igualmente importante a abordagem que tem em consideração o benefício do coletivo com vista a prevenir novos casos e deve ser orientada para a redução do risco de transmissão, a identificação das populações de maior risco de exposição e de desenvolvimento de doença quando infetadas, proporcionando tratamento preventivo em todos os casos em que se identifica risco futuro de desenvolver doença.

Numa era em que: a confirmação do diagnóstico, na maior parte dos casos tuberculose contagiosa, pode ser feita em horas; dispomos de tratamentos baratos e eficazes que levam à cura da doença com esterilização; temos possibilidade de em poucas horas identificar tuberculoses multirresistentes, é necessário avaliar o modo como devemos organizar a luta contra a doença. Parece claro que para se conseguir atingir o objetivo do controlo e da eliminação da doença é preciso muito mais do que esperar passivamente para diagnosticar precocemente e tratar corretamente os doentes com tuberculose.

O controlo da tuberculose e a sua eliminação dependem muito da ação dos profissionais de saúde mas sem uma melhoria da acessibilidade aos serviços de saúde, sem políticas de erradicação da pobreza e de diminuição de desigualdades, sem inovação e investigação em tuberculose nunca conseguiremos atingir o objetivo de eliminação da doença.

Dra. Aurora Carvalho - Assistente Graduada Sénior de Pneumologia
Pneumologista do Hospital Lusíadas
Coordenadora do CDP Gaia

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As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Opinião
De uma forma geral é no verão que mais se debate o tema da desidratação e se aconselha a população a

O nosso organismo é composto por cerca de 70 por cento de água. Diariamente, dependendo da humidade e temperatura do ar, esta perde-se de uma forma natural pela pele (transpiração), urina, fezes e até na respiração, pelo que deve ser sempre reposta.

A depleção de volume corporal (hipovolémia) ocorre quando o líquido é perdido do espaço extracelular a uma taxa que excede a ingestão, ou seja, quando o corpo usa ou perde mais líquido do que o ingerido. Os locais mais comuns de perda de líquido extracelular são o trato gastrointestinal, a pele e o rim (através da urina). No entanto, a hipovolémia pode resultar de uma ingestão de água inadequada e prolongada, sem perdas excessivas.

Por definição, desidratação no ser humano significa redução do volume circulante resultante de perda de água com a consequente hipovolémia. Neste conceito não estão incluídas outras causas de hipovolémia resultantes da perda de sal e água, como acontece em situações patológicas de diarreia, vómitos, hemorragia interna e na utilização de fármacos, como os diuréticos. Apesar desta distinção, muitas vezes estes dois termos são usados na literatura como sinónimos.

Em média, por cada 35 quilos de peso corporal, o ser humano necessita ingerir diariamente cerca de 1 litro de água, quantidade que pode ser variável com o clima e idade. Por exemplo, um indivíduo de 60 quilos necessita ingerir cerca de 1,5 a 2 litros de água por dia.

A água é responsável pela nutrição das células do nosso organismo e pela garantia de que todas as suas funções são devidamente cumpridas. Uma boa hidratação é fundamental para a saúde da pele, ao hidratar as suas células e fibras de colagénio que a sustentam, e que necessitam de água para se renovarem. Tudo isto leva a uma diminuição da formação de celulite e rugas, o que se traduz numa boa aparência.

A falta de ingestão de água pode levar a desidratação, a qual, consoante a sua gravidade, pode variar de ligeira a grave com consequências graves para o ser humano, nomeadamente a morte.

Causas de desidratação

Muitas condições podem causar desidratação, tais como: febre; sudorese (normalmente relacionada com calor ou esforço físico intensos); vómitos; diarreia; aumento da frequência urinária por infeções; diabetes; incapacidade de se alimentar e ingerir água adequadamente (no caso de pessoas com deficiências, idosos debilitados, ou doentes em coma e ventilados); queimaduras ou feridas da pele e boca; e doenças da pele (a água perde-se através da pele danificada).

Fatores de risco

Qualquer pessoa que ingira poucos líquidos pode desidratar-se, mas estão em maior risco: os bebés e crianças, uma vez que o seu organismo tem uma maior proporção de água e qualquer perda não corrigida pode levar à desidratação; idosos, por terem menor capacidade de conservar a água no organismo, menor sensação de sede, menor capacidade de responder às mudanças de temperatura, esquecimento de ingerir alimentos e água (especialmente os que vivem sós ou por negligência do cuidador, e habitualmente têm mais doenças crónicas, como diabetes, demência e usam frequentemente muitos medicamentos como diuréticos). Constitui também risco acrescido para desidratação trabalhar e fazer exercício físico em climas quentes e húmidos, sem a devida reposição hídrica.

Sintomas associados à desidratação

A desidratação leve a moderada pode causar boca seca e pegajosa, sonolência ou cansaço (as crianças tendem a ser menos ativas do que o habitual), sede, diminuição da frequência urinária e das lágrimas, pele seca, dor de cabeça, obstipação e tonturas.

Já a desidratação grave constitui-se como uma emergência médica que pode causar: sede intensa; preguiça; sonolência em bebés e crianças; irritabilidade e confusão em adultos; boca, pele e membranas mucosas muito secas; pouca ou nenhuma micção (toda a urina que é produzida será mais escura do que o normal); olhos encovados; pele seca, apergaminhada e sem elasticidade; depressão na moleirinha dos bebés; hipotensão arterial; aumento da frequência cardíaca e respiratória; ausência de lágrimas ao chorar; febre; e nos casos mais graves, delírio e ou inconsciência.

Uma dica importante a reter é que a sede nem sempre é um indicador confiável de desidratação, especialmente em crianças e idosos. O melhor indicador é a cor da urina, que quando apresenta uma cor clara significa boa hidratação, mas quando esta é de cor amarela ou âmbar escuro, geralmente é um sinal de desidratação.

Um adulto saudável consegue tratar uma desidratação leve a moderada ingerindo líquidos como água ou uma bebida isotónica. A ingestão de líquidos durante o dia pode ser feita tanto por meio de alimentos quanto por bebidas. Os alimentos que mais contêm água são os legumes, fruta, leite e carnes, mas esta não deve ser a única forma de hidratação. Esta deve ser realizada principalmente pela ingestão de água na sua forma pura ou através de sumos e água de coco.

Sendo assim:

Deve consultar o(a) seu médico(a) assistente qualquer pessoa desidratada que apresente qualquer dos sinais e sintomas seguintes: vómitos persistentes por mais de um dia, febre acima de 38º C, diarreia por mais de dois dias, perda de peso, diminuição do débito urinário, confusão mental e fraqueza.

Deve recorrer aos serviços de urgência hospitalares qualquer pessoa desidratada que se apresente com: febre superior a 39° C, confusão mental, lentidão (letargia), dor de cabeça, dificuldade em respirar, dor torácica ou abdominal, perda de conhecimento e que não tenha urinado nas últimas 12 horas.

Termino salientando o papel da Medicina Interna em geral e do internista em particular na chamada de atenção de toda a população para os riscos da desidratação, de forma a preveni-la, mas também e acima de tudo, por trabalharem nos serviços de urgência hospitalares 24 horas por dia 7 dias por semana, onde são responsáveis pela abordagem destes doentes.

Dra. Maria da Luz Brazão - Internista e Coordenadora do NEUrgMI

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Dia Mundial da Optometria
A Associação de Profissionais Licenciados em Optometria (APLO) vai assinalar amanhã o Dia Mundial da Optometria, com o objetivo...

Raúl Sousa, presidente da APLO, sublinha que “ao longo dos últimos 30 anos, os Optometristas têm exercido a atividade com a autonomia que os carateriza e para a qual são formados, assumindo um papel de destaque na nossa sociedade, ao contribuir para o acesso atempado da população a meios de prevenção, diagnóstico e tratamento dos mais diversos problemas da visão. Estima-se que cada profissional de Optometria consiga realizar em média seis mil consultas por ano e representa bem mais de metade da totalidade das prescrições para óculos e lentes de contacto no país”.

E acrescenta: “a importância desta classe profissional tem sido corroborada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), pela Agência Internacional para a Prevenção da Cegueira e, recentemente, pelo estudo da Nova Healthcare Initiative – Research, da Universidade Nova de Lisboa, que declara que, bastaria integrar 61 optometristas no Serviço Nacional de Saúde (SNS) para solucionar cerca de 25 por cento dos pedidos de primeira consulta da especialidade de oftalmologia, por forma a eliminar as listas de espera para esta especialidade médica no SNS, que rondam em média seis meses, com máximos de três anos”.

Para assinalar a importância do optometrista, a APLO vai realizar ao longo do ano diversas iniciativas, como sessões educativas em escolas primárias e campanhas de consciencialização para a prevenção e diagnóstico atempado dos principais problemas da visão.

Mais de dois milhões de pessoas apresentam dificuldades moderadas ou graves de visão em Portugal, sendo os erros refrativos a principal causa de disfunção da visão, atingindo, segundo as estimativas, mais de 50 por cento dos portugueses. O número de pessoas com problemas de visão tende a aumentar conforme a idade, alcançando entre 30 a 32 por cento no grupo etário entre os 45 e os 74 anos.

“Dado que a partir dos 45 anos de idade é necessário utilizar compensação devido à presbiopia (vista cansada), a consulta optométrica para avaliação desta condição, bem como toda a avaliação do sistema visual e estruturas oculares, como o fundo de olho, permite detetar alterações de forma precoce de um número muito significativo de várias patologias. Desta forma, os optometristas desempenham um papel de fundamental relevância na referenciação para intervenção precoce, resultando num benefício extraordinário para a saúde da população com a poupança de recursos e despesa que lhe estão associadas”, aponta Raúl Sousa. “É esse o motivo pelo qual a OMS e Portugal concordaram no Plano de Ação Global: Acesso Universal aos Cuidados para a Saúde da Visão. Contudo, este é um objetivo que tem de ser concretizado na prática, em lugar de ceder aos interesses instalados que pretendem manter Portugal com a organização e nível de acesso aos cuidados de saúde da visão, baseados em conhecimento e práticas do século XVIII.”

O optometrista é um especialista dos cuidados da saúde primários da visão que fornece cuidados abrangentes em visão e sistema visual, que incluem refração e prescrição, deteção/diagnóstico e acompanhamento/tratamento de doenças oculares e a reabilitação/tratamento de condições do sistema visual.

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