Doença Neurodegenerativa
É uma perturbação degenerativa crónica do sistema nervoso central que afeta principalmente a coorden

A Doença de Parkinson é uma doença neurodegenerativa que se deve à perda de neurónios dopaminérgicos da substância negra cerebral. Estes neurónios encarregam-se de controlar o movimento corporal através de um neurotransmissor conhecido como dopamina. Ao diminuir as concentrações de dopamina, afetam-se os movimentos da pessoa.

Trata-se de um parkinsonismo o que significa que, clinicamente, se manifesta como uma doença que afeta ao sistema motor, apresentando assim tipicamente lentidão nos movimentos, rigidez muscular, tremor de repouso e instabilidade postural.

A Doença de Parkinson é tipicamente assimétrica, o que quer dizer, que os sintomas inicialmente afetam só um lado do corpo. Os doentes podem apresentar:

  • Tremor de repouso: afeta inicialmente um lado do corpo, aparece quando o membro está descontraído e desaparece quando se faz algum movimento. Aumenta com o nervosismo, ansiedade, bebidas estimulantes e a privação de sono. Aparece aproximadamente no 70 % dos doentes ao longo da doença.
  • Bradicinésia: provoca diminuição da destreza e lentificação dos movimentos, dificultando a escrita, feche de botões, barbear... Na face ocasiona uma diminuição das expressões, com diminuição do pestanejo, hipersialorreia e discurso monótono.
  • Rigidez: aumenta o tono muscular, os músculos estão mais tensos e pode provocar dor
  • Instabilidade postural: de aparição mais tardia e provoca quedas.
  • Sintomas não motores: entre os que se destacam, sintomatologia depressiva, dor, perturbações do sono, disautonomia (obstipação, hipotensão ortostática), entre outros.

A fala torna-se monótona, arrastada e pouco percetível.

Afeta-se a marcha, apresentando tronco flexionado, passos curtos e dificuldades ao mudar de direção, que ocasionam quedas frequentes.

Com progressão da doença, o quadro torna-se bilateral, isto é, afeta os dois lados do corpo. As pessoas apresentam então afetação das atividades da vida diária, como o vestido, uso de talheres, levantar-se da cadeira e sair do carro, virar no leito.

Em fases mais avançadas o paciente começa a apresentar dificuldades em engolir, tossir e incluso pode chegar ao acamamento. Pode desenvolver-se uma demência associada, mas habitualmente em estádios avançados e com caraterísticas clinicas diferentes da Doença de Alzheimer. Existe uma lentidão na resposta as perguntas, dificuldades na planificação, na execução e alterações visuoespaciais.

Desconhece-se a causa da doença. Sabemos que é ligeiramente mais frequente no sexo masculino. A idade de início são os 50 – 60 anos, com um aumento gradual da prevalência a partir dos 60 anos. Existem casos muito pouco frequentes de doença de início precoce e estima-se que ronda o 5% dos doentes.

Ao desconhecer a causa, não existe prevenção possível nem cura definitiva.

Recomenda-se um estilo de vida saudável, com a realização de exercício físico regular e uma alimentação variada.

Existem vários tratamentos:

Médico: trata-se de repor por medio de medicamentos a dopamina que está em falta. Existem diversas classes de fármacos, que serão utilizados segundo o critério do neurologista e o estadio da doença. Destacam-se levodopa, agonistas dopaminergicos, inibidores da MAO-B e da COMT, amantadina e anticolinérgicos.

Podem ser precisos outros medicamentos, como antidepressivos, laxantes, antidemenciais, entre outros, segundo os sintomas que surgirem ao longo da evolução da doença

Cirúrgico: pode ser preciso em fases moderadas a graves, apesar do tratamento médico optimizado. Consiste na implantação de um eletrodo cerebral ou na lesão de determinadas estruturas para controlo dos sintomas da doença (tipicamente o tremor e a rigidez)

Fisioterapia, terapia da fala e terapia ocupacional: fundamentais e complementares ao tratamento médico.

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Medicamentos
Este é o primeiro e único tratamento aprovado pela FDA para a Esclerose Múltipla Surto-Remissão e e secundária progressiva ...

A Agência Reguladora de Alimentos e Medicamentos dos EUA (Food and Drug Administration - FDA) aprovou Cladribina comprimidos para o tratamento de adultos com esclerose múltipla surto-remissão (EMSR) e secundária progressiva (EMSP) ativa. A aprovação teve por base um programa clínico composto por mais de 9.500 doentes-ano de dados de cladribina e até 8 anos de tempo em estudo.

“A esclerose múltipla é a principal causa de incapacidade não traumática em adultos jovens e de meia-idade,” disse Belén Garijo, Diretora Executiva da Healthcare e Membro do Conselho Executivo da Merck. “Sentimo-nos privilegiados por introduzir a Cladribina na prática clínica nos EUA. MAVENCLAD abre um novo caminho para tratar a EM – um tratamento que requer um máximo de 20 dias de terapêutica oral. Esta aprovação é um testemunho do nosso compromisso de longa data para com as pessoas que vivem com EM.”

“Como investigador no programa de estudos clínicos, é com extrema satisfação que vejo a Cladribina ficar agora disponível para os doentes nos EUA. Com ciclos de tratamento de curta duração, com comprimidos tomados por não mais de 10 dias por ano e sem injeções nem perfusões, é uma nova opção de tratamento eficaz para a EM,” disse Thomas Leist, M.D., PhD, Diretor no Comprehensive Multiple Sclerosis Center nos Jefferson University Hospitals, Filadélfia, EUA. “Só nos EUA, cerca de 1 milhão de pessoas sofrem de EM, de acordo com um estudo recente patrocinado pela National MS Society. Esta é uma nova opção de tratamento oral há muito esperada para esta doença heterogénea e, muitas vezes, imprevisível.”

85% das pessoas que vivem com EM são inicialmente diagnosticadas com EMSR, caracterizada por surtos de sintomas neurológicos novos ou crescentes. A maioria das pessoas com EMSR acabará por transitar para uma forma secundário progressiva em que ocorre um agravamento progressivo da função neurológica ao longo do tempo. A EMSP pode também ser caracterizada em diferentes etapas como ativa (com surtos e/ou evidência de nova atividade em imagiologia por ressonância magnética) ou não ativa.

“A aprovação pela FDA é uma excelente notícia para as pessoas que vivem com EMSR e EMSP ativa.  A Cladribina oferece uma nova e eficaz opção para alguns desses doentes, com uma posologia oral, diferente de qualquer outro tratamento atualmente existente,” disse June Halper, Diretor Executivo do Consortium of MS Centers. “As pessoas que vivem com EM devem ter a possibilidade de cooperar com o seu médico para escolherem um tratamento com uma posologia adequada ao seu estilo de vida” 

A aprovação nos EUA segue-se à sua aprovação em mais de 50 países, incluindo a União Europeia em agosto de 2017.

Na Europa, está indicada para o tratamento de doentes adultos com esclerose múltipla (EM) com surtos muito ativa, conforme definida por características clínicas e imagiológicas. Em Portugal, está aprovado pelo Infarmed I.P. desde Maio de 2018.

Hábitos alimentares
O relatório do primeiro ano de trabalho da Estratégia Integrada para Promoção da Alimentação Saudável (EIPAS) é hoje divulgado,...

O documento, que será publicado no ‘site’ do Ministério da Saúde, destaca também a definição de um plano para reformulação dos teores de açúcar, sal e ácidos gordos e a revisão do cabaz de alimentos distribuído às famílias mais carenciadas no âmbito do Programa Operacional de Apoio às Pessoas Mais Carenciadas do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social.

O grupo interministerial de trabalho da estratégia é constituído pelos ministérios da Saúde, Educação, Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, Economia, Administração Interna, Mar e Finanças.

O relatório aponta a iniciativa de desenvolvimento de um exercício de Health Impact Assessment sobre rotulagem nutricional, que prevê ser um apoio à tomada de decisão política no que diz respeito à implementação de um sistema de rotulagem simplificado na parte da frente dos produtos alimentares, bem como a publicação das novas orientações sobre ementas e refeitórios escolares pela Direção-Geral da Educação.

O documento a ser hoje apresentado refere ainda o desenvolvimento de materiais de comunicação e de apoio às medidas de acompanhamento do Regime Escolar de distribuição de leite, fruta e hortícolas.

Em comunicado, a Direção-Geral de Saúde (DGS) sublinha que esta é a primeira estratégia do setor da saúde verdadeiramente intersetorial, que pretende colocar a alimentação saudável e a saúde em todas as políticas tal como defende a Organização Mundial da Saúde.

A DGS integra esta estratégia pioneira a nível europeu na área da promoção da alimentação saudável, estando em funcionamento há pouco mais de um ano.

A implementação das medidas previstas nesta estratégia a nível local tem sido uma das áreas de trabalho da EIPAS, nomeadamente através da realização de um mapeamento de boas práticas na área da promoção da alimentação saudável por parte dos municípios e através da celebração de protocolos de colaboração. Durante este primeiro ano foram celebrados 41 protocolos para implementação a nível local da EIPAS.

Estes relatórios identificam também um conjunto de áreas prioritárias de intervenção futura para reduzir o peso que os hábitos alimentares inadequados representam na saúde da população portuguesa.

O grupo de trabalho está também a desenvolver um manual com orientações para a alimentação saudável em eventos organizados pelas instituições do Estado e ainda a desenvolver um manual com orientações para uma alimentação saudável nas creches, locais que asseguram uma grande parte da oferta alimentar nos primeiros mil dias de vida.

Em paralelo às medidas que visam modificar a oferta alimentar, este relatório também descreve um conjunto de medidas na área da literacia alimentar que pretendem promover o consumo de alimentos saudáveis, nomeadamente a construção de um portal para a valorização do consumo de pescado.

O grupo de trabalho faz ainda uma proposta para a integração de novos ministérios nesta estratégia, nomeadamente os da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, do Ambiente e ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social.

Laser de espetro largo
Um grupo de investigadores portugueses desenvolveu um "novo método de diagnóstico celular" que, através de um laser ...

De acordo com Hélder Crespo, investigador e docente da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP), o "novo método" surgiu da necessidade de criar um laser que não "matasse" as células e que permitisse produzir imagens biomédicas de melhor resolução.

"Os lasers convencionais facilmente matam as células, não permitindo observar o seu comportamento nem, por exemplo, a evolução de um tratamento, uma vez que estas morrem devido à exposição a um laser intenso", apontou Hélder Crespo.

O estudo, intitulado 'SyncRGB-FLIM' e publicado recentemente na revista científica Biomedical Optics Express, estava a ser desenvolvido há mais de um ano por investigadores do Departamento de Física e Astronomia da FCUP, da spin-off Sphere Ultrafast Photonics e do INL - Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia, em Braga.

Com o objetivo de produzir imagens clínicas "facilmente observáveis" durante um período de tempo mais alargado, a equipa desenvolveu um laser que, com um "espetro extremamente largo" e um flash "muito rápido", permite "excitar" as células e fazê-las emitir sinais.

"Conseguimos fazer isso de forma eficiente e rápida, sem matar as células, com o laser a incidir na amostra”, disse, adiantando que essa incidência “faz com que as diferentes partes da célula emitam, ao mesmo tempo, a sua luz, cujas cores são diferentes".

Rosa Romero, co-autora do estudo, acrescentou que através da emissão destes sinais, "qualquer célula pode ser vista dinamicamente" durante vários dias, sem que seja "danificada".

"Conseguimos ter imagens durante vários dias da mesma célula e perceber como é que, por exemplo, uma célula cancerígena vai evoluindo ou reage ao tratamento", frisou a presidente da spin-off Sphere Ultrafast Photonics.

Os investigadores, que já validaram a técnica recorrendo a células suínas e, consequentemente provaram a sua "eficiência", encontram-se agora a aplicar o método desenvolvido a um sistema "de grande relevância no contexto da terapia do cancro", onde acreditam que o "impacto vai ser forte" entre a comunidade biomédica.

Segundo Hélder Crespo, esta ferramenta, cuja submissão a patente foi entregue em abril de 2018, vai permitir "a quem está a fazer investigação em novos métodos terapêuticos de cancro poder ver como é que um método",

"É uma ferramenta que vai permitir aferir o comportamento de um método, porque muitas vezes ouvimos falar em efeitos secundários que só se conhecem a longo prazo. Aqui temos uma técnica que permite efetivamente ver como é que um tratamento funciona nomeadamente em termos presenciais e efeitos secundários ao nível celular", concluiu.

Estudo
Cerca de quatro milhões de crianças em todo o mundo desenvolvem asma anualmente devido a causas relacionadas com a poluição...

Investigadores do Instituto de Saúde Pública (Milken Institute SPH) da universidade norte-americana basearam-se em dados de 2010 a 2015 para estimarem que 64% destes novos casos de asma ocorrem em áreas urbanas.

A universidade afirma, em comunicado, que o estudo é o primeiro a quantificar o peso mundial de novos casos pediátricos de asma ligados à poluição causada pelo tráfego, usando um método que tem em conta elevadas exposições a este poluente (dióxido de azoto), junto a estradas muito movimentadas.

Susan C. Anenberg, professora associada de ambiente e saúde ocupacional no Milken Institute e autora principal do estudo, publicado hoje na revista especializada The Lancet Planetary Health, disse que as descobertas sugerem que “milhões de novos casos pediátricos de asma podem ser prevenidos nas cidades” em todo o mundo, reduzindo a poluição do ar.

“Melhorar o acesso a formas mais limpas de transporte, como transportes públicos elétricos e impulsionar as vias cicláveis e pedonais, não só baixaria os níveis de poluição (NO2), como poderia reduzir a asma, melhoraria a aptidão física e reduziria a emissão de gases com efeito de estufa.

Os investigadores trabalharam dados sobre poluição em 194 países e nas 125 maiores cidades do mundo para estimarem as taxas de incidência de asma nas crianças.

Entre as 125 cidades, a contabilização de NO2 vai de 6% em Orlu, na Nigéria, a 48% em Shangai, China, na incidência de asma pediátrica, de acordo com o documento.

Oito cidades da China e Moscovo (Rússia) e Seul (Coreia do Sul) estão entre as mais afetadas, mas o problema atinge também cidades dos Estados Unidos, como Los Angeles, Nova Iorque, Chicago, Las vegas e Milwaukee, que estão no top 5 norte-americano, com o maior número de casos de asma pediátrica.

Por países, as maiores cifras relacionadas com a poluição do ar foram encontradas na China, com 760.000 casos de asma por ano, seguindo-se a Índia, com 350.000 e os Estados Unidos, com 240.000.

A asma é uma doença crónica que dificulta a respiração e ocorre quando as vias respiratórias estão inflamadas. Estima-se que 235 milhões pessoas no mundo tenham atualmente asma, que pode causar falta de ar, bem como ataques que ameaçam a vida.

A Organização Mundial de Saúde considera a poluição “um grande risco para a saúde” e estabeleceu metas de qualidade para o NO2 e outros poluentes do ar.

Investigação
A proteção que o leite materno proporciona permite reduzir os custos hospitalares dos tratamentos de doenças neonatais. No...

A proteção única que o leite materno proporciona aos bebés nasce da interação dos seus componentes, entre eles e com o recém-nascido. As moléculas que compõem o leite materno - muitas ainda por descobrir -, não trabalham de forma individual, mas em conjunto para criar relações simbióticas que respondam às necessidades de cada criança. Este sistema de interações é o responsável pela capacidade do leite materno em reforçar o sistema imunitário do bebé e impedir as infeções. Potenciar a investigação dos componentes do leite materno no seu conjunto explicaria o mecanismo por detrás destes benefícios para os recém-nascidos.

Assim expuseram os investigadores e médicos oradores no XIV Simpósio Internacional de Aleitamento Materno, organizado pela Medela em Londres a 4 e 5 de abril, que contou com a participação dos principais investigadores nos temas relacionados com o aleitamento e o leite humano a nível mundial. Durante estes dois dias, mais de 450 pediatras, neonatologistas, enfermeiros especialistas e responsáveis de UCIN (Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais) de todo o mundo ficaram a conhecer as novas descobertas científicas relacionadas com os benefícios do leite humano.

Nas relações simbióticas entre os diferentes componentes do leite materno também há que ter em conta a interação entre a mãe e o recém-nascido, ou seja, como atuam os componentes do leite materno no organismo do bebé. Face a um cenário tão variável, onde cada aleitamento é único, os especialistas reclamam uma maior investigação para definir estas complexas interações e identificar como atuam os componentes imunológicos do leite materno. Assim como esclarecer que fatores ambientais podem afetar o correto desenvolvimento do sistema de defesa dos bebés. Os investigadores concordam que ainda lhes falta um longo caminho para descobrir o potencial do aleitamento materno.

Aleitamento como mecanismo de defesa face às alergias

Um dos ramos de investigação vigente com mais intensidade dentro do estudo do sistema imunitário do bebé é aquele que trata de identificar o papel do leite materno na proteção face às alergias. Até ao momento, conhece-se o potencial do leite materno para prevenir as alergias, mas não o seu mecanismo de ação. Uma vez que as doenças alérgicas são as patologias crónicas mais comuns entre as crianças de diversos países, Daniel Munblit, Professor Associado da Universidade Estatal de Medicina de Moscovo Sechenov (Rússia), insistiu, durante o simpósio, na importância de ampliar a investigação neste campo, estudando a interrelação entre os diferentes componentes do leite materno implicados.

Segundo o especialista, o objetivo é estudar um grande conjunto de biomarcadores em vez de pequenos grupos ou cada um de forma independente. Devido à alta concentração de possíveis moléculas com actividade imunológica no leite materno, o estudo de um limitado leque de componentes daria lugar a resultados contraditórios ou erróneos. “Os componentes do leite materno estabelecem continuamente relações simbióticas, trabalhando juntas, ou antagónicas, anulando os efeitos do contrário. São estas intrincadas interações, que estamos perto de descobrir, as que desempenham um papel chave na capacidade do aleitamento em proteger os recém-nascidos face às alergias”.

Atualmente, a investigação do médico Munblit está centrada numa revisão sistemática de todos os estudos prévios sobre a forma como o leite materno influencia no funcionamento e reforço do sistema imunitário dos recém-nascidos. O passo seguinte seria passar o conhecimento do seu mecanismo de ação a práticas clínicas que melhorassem a saúde dos neonatos.

Maior proteção, maior benefício económico

Com estes novos dados, os investigadores têm insistindo na questão de que um bebé que não seja alimentado com leite materno estará mais exposto a infeções e doenças, tanto em criança como na idade adulta. Isto pressupõe um aumento dos custos em saúde que os Sistemas Nacionais de Saúde têm de assumir para o tratamento de doenças graves, tais como as patologias do foro respiratório, sépsis ou enterocolite necrosante (ECN). Por esta razão, o médico Subhash Pokhrel da Universidade Brunel de Londres (Reino Unido) frisou, durante a sua apresentação no simpósio, a importância de incentivar as mães a prolongar o aleitamento pelo menos até aos seis meses de idade para reduzir os custos em saúde pública. A sua investigação está centrada em calcular o retorno que teriam os governos e os centros de saúde se houvesse uma maior promoção do aleitamento materno. Mais concretamente, no Reino Unido, quantificou-se que, se cerca de 80% das mães amamentassem os seus filhos durante pelo menos seis meses, o sistema de saúde pouparia 40 milhões de libras anuais. Esta poupança não proviria somente da prevenção de doenças infantis, mas a investigação também teve em conta a possível redução de casos de cancro da mama graças aos benefícios do leite materno também para as mães.

“Sabemos com certeza que, nos países desenvolvidos, oito em cada dez mulheres inicia o aleitamento após o parto. O problema é que a abandona entre uma a seis semanas depois. No Reino Unido, apenas cerca de um por cento das mães mantém o aleitamento durante 6 meses” expôs o médico Pokhrel. Prolongar o aleitamento permitiria ao sistema de saúde destinar um orçamento maior à resolução de outros problemas emergentes. “Além disso, trata-se de um objetivo realizável, basta apoiar as mães desde o momento do parto e ajudá-las a compreender as vantagens para elas e para os seus filhos de dar mama".  

Forte peso da investigação em bebés prematuros

Ao longo do simpósio também esteve em foco a investigação em torno da saúde mais frágil dos bebés prematuros e o papel do leite materno no desenvolvimento completo do seu organismo. O médico Daniel Klotz da Universidade de Freiburg na Alemanha insistiu na importância de implicar o pessoal das Unidades de Cuidados Intensivos Neonatais (UCIN) no aleitamento das mães, facilitando a alimentação dos bebés pré-termo com leite materno. Esta postura é reforçada por estudos recentes que demonstram o forte potencial do colostro na prevenção de doenças crónicas.

Por sua vez, a médica Janet Berrington da Universidade Brunel de Londres salientou a importância que a nutrição dos bebés prematuros tem ao impactar diretamente sobre o risco de infeções, o possível desenvolvimento de doenças crónicas, intolerâncias alimentares, assim como o desenvolvimento de problemas posteriores, como obesidade ou asma. Com base no que foi exposto, é deveras importante compatibilizar nas UCIN o leite da própria mãe com a alimentação por via entérica. Também se deram a conhecer os últimos estudos sobre aditivos pré e probióticos com os quais se pode reforçar o leite materno para os bebés com um estado de saúde mais delicado.

O XV Simpósio Internacional de Aleitamento Materno da Medela realizar-se-á em Lisboa (Portugal) nos dias 26 e 27 de março de 2020.

Causas e tratamento
Ligada sobretudo ao envelhecimento, a perda de audição atinge cerca de 17% da população adulta mundi

A perda de audição ocorre quando temos alguma ou total incapacidade em ouvir, sendo que as causas mais comuns “estão relacionadas com o envelhecimento das células do ouvido interno, seja pelo normal avançar da idade, seja de forma precoce, essencialmente por excesso de exposição a ruído industrial ou de lazer”, estimando-se que, até 2050, o número de pessoas com perda de audição incapacitante possa atingir cerca de 900 milhões de pessoas.

De acordo com João Ferrão, audiologista responsável pela formação e desenvolvimento na Widex – Centros Auditivos, falamos de perda de audição incapacitante quando “há um comprometimento funcional das capacidades comunicacionais e de escuta permanente”.

A par do envelhecimento, a perda auditiva congénita, a hereditariedade ou a ototoxicidade – que corresponde à perda auditiva como consequência de medicação -, são ainda, de acordo com este especialista, causas bastante comuns.

No entanto, a perda auditiva não é toda igual, classificando-se consoante o tipo e o grau e é esta classificação que permite determinar o tratamento adequado.

“Por tipos de perda de audição entendemos a Hipoacusia de Condução, a Hipoacusia Neurossensorial e a Hipoacusia Mista”, começa por explicar João Ferrão.

“A perda condutiva dia respeito à componente mais mecânica da audição e deriva de um comprometimento da função do ouvido externo e/ou ouvido médio”, sendo na maioria das situações resolvida com uma intervenção médico-cirúrgica.

A perda neurossensorial “ou sensório-neural” afeta a função do ouvido interno e/ nervo auditivo e é, frequentemente, irreversível.

Quanto à perda mista, João Ferrão, explica que esta refere-se a situações em que se tem os dois tipos de perda.

“Quando falamos de perda por envelhecimento ou envelhecimento precoce, referimo-nos geralmente à Hipoacusia Neurossensorial, ou seja, a uma perda de carácter irreversível”, esclarece.

Deste modo, e muito embora o envelhecimento seja uma das principais causas de surdez, sabe-se que a exposição constante ao som de alta intensidade, “seja ele ruído industrial/laboral ou recreativo em concertos, discoteca ou o uso de auscultadores a uma intensidade não controlada”, eleva o risco de sofremos desta condição. “É por isso importante respeitar as leis preventivas de higiene e segurança no trabalho sobre a audição, assim como utilizar proteção auditiva em concertos e discotecas”, reforça o especialista.

No âmbito da prevenção, João Ferrão, refere outro aspeto importante e muitas vezes ignorado: a prevenção dos resíduos auditivos e das valências comunicações. “Se, como referimos, a perda de audição é de certa forma uma inevitabilidade, a intervenção precoce é uma escolha decisiva não só para os resultados que se obtém do tratamento ou do processo de reabilitação, mas também porque há vários estudos que correlacionam a perda auditiva com o aceleramento do envelhecimento cognitivo e a perda de memória. Por isso, agira rapidamente sobre a perda auditiva, principalmente quando esta atinge o nível de incapacidade (+40dB), é fundamental para evitar um envelhecimento precoce das funções cognitivas e degeneração da memória”, justifica.

Quais os sinais de alerta? E quando procurar ajuda especializada?

Tal como explica o audiologista, são vários os sinais que chamam a atenção para o problema e que podem ser detetados pela própria pessoa e/ou familiares. “Situações como não ouvir ou demorar mais tempo a ouvir alguns sons como campainhas, toques de telemóveis ou outros sons mais agudos”, começa por enumerar.

Outro dos sinais comuns consiste em aumentar o som da televisão ou do rádio; numa conversa, pedir para repetir ou ter a sensação de que a outra pessoa fala de forma “abafada” e pouco clara. “Em pessoas socialmente mais ativas poderá igualmente haver a sensação de cansaço sempre que se está exposto a uma situação mais exigente do ponto de vista auditivo, como acompanhar uma conversa num restaurante ou em língua estrangeira”, acrescenta João Ferrão.

Em situações extremas, a falta de audição pode conduzir ao isolamento ou situações de depressão. “Há estudos que demonstram que após reabilitação auditiva, 58% das pessoas com perda auditiva e depressão melhoram o seu quadro depressivo”, revela o especialista.

Em matéria de prevenção, o rastreio é a principal arma contra a condição e não deve ser descurada em nenhuma das etapas da vida. “Há várias faixas etárias que, por diferentes razões, devem fazer o rastreio auditivo: o rastreio neonatal, que deve ser feito nos primeiros dias após o nascimento; o rastreio pré-escolar, entre os 4 e os 6 anos, para despistar perdas condutivas por otites do ouvido médio, que são muito frequentes nesta faixa etária e que, geralmente, se revolvem por intervenção médico-cirúrgica, mas que podem comprometer a aprendizagem e audição futura crianças, se não for detetada precocemente; por fim o rastreio auditivo em adultos com mais de 55 anos, uma vez que a probabilidade de ter problemas auditivos aumenta significativamente a partir desta idade”, explica.

O rastreio é a primeira ferramenta de diagnóstico, uma vez que permite perceber se existe ou não perda de audição. Segue-se a avaliação audiológica detalhada e que passa genericamente “pela realização de uma audiometria para se avaliar com precisão o grau e o tipo de perda de audição”. “Muitas vezes também é solicitada a avaliação da função do ouvido médio – timpanograma e os reflexos estapédicos”, adianta.

O tratamento depende do tipo de perda de audição encontrado e se esta apresenta um carácter reversível ou irreversível.

“No caso de a perda de audição ser irreversível, o tratamento passará para um encaminhamento para reabilitação auditiva”, revela João Ferrão. Durante este processo, para além da avaliação audiológica, é feita uma análise exaustiva das implicações que a incapacidade terá na qualidade de vida do doente. Embora sem cura, é possível encontrar uma solução que não agrave o problema.

Primeiro aparelho auditivo com recurso a fonte de energia renovável chega este verão a Portugal

Apresentando-se com uma solução ecológica, já que não são necessárias pilhas, o Widex Evoke, que irá chegar ao mercado português este verão, possui uma tecnologia inovadora – a "Energy Cell"- que permite renovar a energia do equipamento em apenas 20 segundos, para uma utilização de 24 horas. Além disso, é o primeiro aparelho a recorrer à inteligência artificial com a promessa de revolucionar a experiência dos seus utilizadores.

No entanto, embora seja uma tecnologia de referência em aparelhos auditivos, todas as vantagens deste equipamento “devem ser enquadradas dentro de um processo clínico a que chamamos reabilitação auditiva”, adverte João Ferrão.

“Este é um processo multidisciplinar que envolve o médio otorrino e o audiologista, e para sermos bem-sucedidos, não basta apenas termos a melhor tecnologia, é também fundamental efetuar o melhor diagnóstico e intervenção técnica”, começa por explicar João Ferrão, reforçando que o principal objetivo da reabilitação auditiva é otimizar a qualidade de vida “para que a audição seja o mais próxima possível do normal”.

E é a este nível que este aparelho promete revolucionar o mercado. “É o primeiro aparelho auditivo do mundo com recurso a inteligência artificial e aprendizagem em tempo real, permitindo ao utilizador ouvir melhor ou sem esforço nas diferentes situações do dia-a-dia”, explica.

Para tal, adapta-se aos diferentes ambientes e “graças à capacidade de aprender com as preferências do utilizador, o Widex Evoke vai ficando cada vez mais automatizado e personalizado à medida que vai sendo utilizado”. E João dá o exemplo: não só consegue distinguir se uma conversa decorre num restaurante, num jardim ou numa biblioteca, como na próxima vez que estiver num ambiente semelhante, ele vai automaticamente ajustar-se às preferências anteriores”.

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As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Auditorias detetam falhas
A Ordem dos Médicos considerou hoje que as falhas de segurança nas maternidades detetadas pela Inspeção-Geral das Atividades em...

Problemas nos sistemas de videovigilância e nas portas de fecho automático nos serviços de obstetrícia e pediatria e insuficiente controlo no acesso às instalações, nomeadamente aos pisos de internamento, foram algumas das falhas detetadas pela Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) em auditorias realizadas aos centros hospitalares e universitários de Coimbra, Porto, Algarve e Évora, e hoje divulgadas pelo jornal Público.

Para o bastonário dos médicos, Miguel Guimarães, estas falhas de segurança são “o espelho do desinvestimento de sucessivos Governos” no Serviço Nacional da Saúde e, “infelizmente, vão ao encontro do que a Ordem dos Médicos tem vindo a dizer sucessivas vezes”.

“O Serviço Nacional de Saúde trabalha na linha vermelha em todas as frentes. As deficiências são gritantes nas várias áreas, dos recursos humanos, aos equipamentos, passando pelo clima de insegurança que se sente nos nossos hospitais e centros de saúde”, lamenta em comunicado o bastonário da Ordem dos Médicos.

Miguel Guimarães sublinha que, “se o Ministério da Saúde não está a cumprir uma legislação que soma mais de dez anos e que diz respeito à segurança dos recém-nascidos na maternidade, não é difícil imaginar o que estará a acontecer de forma transversal, ainda mais em áreas que por ventura não tenham legislação específica”.

No seu entender, “a insegurança nas maternidades é a ponta do icebergue” e questiona: “se não zelamos pela segurança das nossas crianças por quem zelamos?”

As auditorias da IGAS foram realizadas em 2018 a um serviço de internamento de adultos, às urgências, à obstetrícia, à pediatria e à neonatologia dos quatro centros hospitalares e universitários

“Da análise de todos os processos conclui-se que as irregularidades apresentadas são, de modo geral, comuns à maioria das unidades hospitalares auditadas”, afirma a IGAS citada pelo Público.

Uma das questões que a IGAS quis avaliar foi o cumprimento de um despacho de 2008 que impõe novas regras a partir de 2009, depois de dois bebés terem sido raptados no Hospital de Penafiel, mas que foram devolvidos às famílias.

Contudo, nem todas as regras estão a ser devidamente cumpridas. No Hospital de Faro, por exemplo, não estão formalizados os procedimentos para situações de desaparecimento de doente e rapto de criança e nos serviços de pediatria e neonatologia não existiam pulseiras eletrónicas, sistemas de alarme e portas de encerramento automático,

Na Maternidade Bissaya Barreto, em Coimbra, as pulseiras eletrónicas não acionam o encerramento automático das portas como devia acontecer e no Hospital Santo António e Centro Materno-infantil, no Porto, o sistema de videovigilância tem várias avarias.

A OM lembra que, em fevereiro, “condenou veementemente” mais uma agressão a um cirurgião, que foi esfaqueado em pleno bloco operatório, enquanto realizava uma intervenção, sem ninguém que tivesse impedido que um doente ali entrasse.

Na altura, Miguel Guimarães pediu que “o Ministério da Saúde tenha uma intervenção rápida e urgente, com medidas e políticas concretas que permitam devolver aos profissionais e aos utentes um Serviço Nacional de Saúde de confiança, segurança e qualidade em todas as suas vertentes”.

Os dados mais recentes da Direção-Geral da Saúde, referentes a 2018, indicam que foram notificados mais de 950 casos de incidentes de violência contra profissionais de saúde, tornando-se 2018 no ano com mais situações reportadas.

Em cerca de um quarto das situações as agressões ocorreram contra médicos.

Medicamentos
O Upadacitinib, um fármaco oral em investigação, inibidor seletivo de JAK1, está a ser estudado como terapêutica de toma diária...

A Food and Drug Administration (FDA) americana aceitou para revisão prioritária o pedido de autorização de upadacitinib no tratamento de doentes adultos com artrite reumatoide moderada a grave.

Upadacitinib é um inibidor oral seletivo de JAK1, de toma diária única, em investigação, que está a ser estudado para o  tratamento de diversas doenças imunomediadas.

O pedido de autorização (New Drug Application - NDA) é sustentado por dados resultantes do programa SELECT, um programa global de fase 3 de upadacitinib na artrite reumatoide, que avaliou mais de 4000 doentes com artrite reumatoide moderada a grave em cinco estudos de fase 3. Em todos os estudos publicados até à data, upadacitinib alcançou todos os objetivos primários e secundários. Os acontecimentos adversos graves mais frequentes foram infeções. Os principais resultados destes estudos clínicos foram já anunciados anteriormente. Upadacitinib não está ainda aprovado e a sua segurança e eficácia não foram avaliadas pelas autoridades regulamentares. Upadacitinib está também a ser avaliado pela Agência Europeia do Medicamento para o tratamento de doentes adultos com artrite reumatoide moderada a grave.

Acerca do programa do estudo SELECT

O robusto programa de fase 3 na artrite reumatoide - SELECT - avalia mais de 4900 doentes com artrite reumatoide moderada a grave em seis estudos. Os estudos incluem avaliações de eficácia, segurança e tolerância em diferentes populações de doentes com artrite reumatoide. As principais avaliações de eficácia incluíram as respostas ACR, o Índice de Atividade da Doença (DAS28-PCR) e a inibição da progressão radiográfica. Pode encontrar mais informação acerca destes ensaios em www.clinicaltrials.gov (NCT02706847, NCT03086343, NCT02629159, NCT02706873, NCT02706951, NCT02675426).

Medicamentos
A Comissão Europeia (CE) aprovou um esquema posológico adicional de 400 mg a cada 6 semanas (Q6W) para todas as indicações de...

O esquema posológico de 400 mg de Q6W ou 200 mg de Q3W administrado por perfusão intravenosa durante 30 minutos, até progressão da doença ou toxicidade inaceitável, será aplicado a todas as indicações de pembrolizumab em monoterapia comercializadas em todos os 28 estados membros da UE, além da Islândia, Lichtenstein e Noruega. Na UE, pembrolizumab em monoterapia está atualmente aprovado para oito indicações em cinco tipos de tumores:

  • Melanoma avançado (irressecável ou metastático) em adultos.
  • Tratamento adjuvante de adultos com melanoma estadio III e envolvimento de gânglios linfáticos submetidos a ressecção completa.
  • Tratamento em primeira linha do carcinoma do pulmão de células não-pequenas (CPCNP) metastático em adultos cujos tumores expressam PD-L1 com um score de proporção tumoral (TPS)≥50% sem mutações tumorais positivas para EGFR ou ALK.
  • CPCNP localmente avançado ou metastático em adultos cujos tumores expressam PD-L1 com um TPS≥1% e que receberam pelo menos um regime de quimioterapia anterior. Doentes com mutações tumorais positivas para EGFR ou ALK também devem ter recebido terapêutica dirigida antes de receber pembrolizumab.
  • Adultos com linfoma de Hodgkin clássico recidivante ou refractário que falharam transplante autólogo de células estaminais e brentuximab vedotina (BV), ou inelegíveis para transplante e falharam com BV.
  • Carcinoma urotelial localmente avançado ou metastático em adultos previamente tratados com quimioterapia contendo platina.
  • Carcinoma urotelial localmente avançado ou metastático em adultos que inelegíveis para quimioterapia contendo cisplatina e cujos tumores expressam PD-L1 com um score combinado positivo (CPS)≥10.
  • Carcinoma espinocelular da cabeça e pescoço (CECP), recorrente ou metastático, em adultos cujos tumores expressam PD-L1 com TPS≥50% e que progrediram após quimioterapia contendo platina.

“Doentes diagnosticados com cancro enfrentam uma série de complexidades associadas ao seu tratamento, incluindo perfusões frequentes com uma quantidade significativa de tempo dedicado ao mesmo. A aprovação da Comissão Europeia de um esquema posológico a cada seis semanas para a monoterapia com pembrolizumab dará aos médicos a flexibilidade de personalizar planos de tratamento para doentes que maximizem o potencial de melhores resultados, enquanto reduz potencialmente o número de perfusões necessárias em metade.”

“A aprovação do regime posológico a cada seis semanas para a monoterapia com pembrolizumab é um marco significativo para os doentes com cancro em estadio avançado, pois permite uma maior flexibilidade no seu tratamento.”

Opinião
Para os Internistas portugueses, a carência de camas de internamento para os doentes que delas neces

A Sociedade Portuguesa de Medicina Interna realizou no dia 18 de fevereiro um inquérito aos Serviços de Medicina Interna, para conhecer em concreto o número de camas extra e de doentes com internamento concluído que tinham à sua responsabilidade nesse dia.

Responderam 78 Serviços de Medicina Interna de todo o país, para um total de 103, o que corresponde a 76 por cento de respostas.

Todos os Serviços de Medicina Interna tinham taxa de ocupação de 100 por cento, da sua lotação base de 4.866 camas.

Verificou-se também que estes serviços tinham à sua responsabilidade mais 2.142 camas extra (um aumento de 44 por cento), distribuídas da seguinte forma: 1.140 doentes internados noutros serviços do hospital, 841 doentes internados no Serviço de Urgência, e 161 doentes nos Serviços de Medicina Interna, acrescidos à sua lotação.

Esta é a primeira vez que podemos contabilizar este enorme acréscimo de trabalho a que os Internistas são submetidos num período nunca inferior a 3 meses (mais de 44 por cento), que tem de ser contabilizado como produção adicional.

Também é muito revelador o grande número de doentes internados nos Serviços de Urgência (841), que tem sido o grande fator de demissão de muitos chefes de equipa de urgência por todo o país, muitas vezes confrontados com passagens de turno com mais de 100 doentes.

Não é possível continuar a esconder este problema sério, todos os anos repetido. Tem de haver um plano de resposta em cada hospital! Mas, embora possa e devam ser dadas respostas locais, são imprescindíveis diretivas nacionais, que garantam a equidade entre os hospitais, com qualidade e segurança no tratamento dos doentes.


 Dr. João Araújo Correia - Internista e Presidente da SPMI

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As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Estudo
Para tentar combater a diminuição cognitiva, uma equipa de investigadores internacional usou a eletroestimulação em pacientes...

“Entender o envelhecimento normal do cérebro e desenvolver métodos para manter ou melhorar a cognição em adultos mais velhos são os principais objetivos da neurociência”, defenderam os autores do estudo, que foi liderado por Robert Reinhart, pesquisador da Universidade de Boston, nos Estados Unidos.

Reinhart e sua equipa escolheram como alvo principal a memória de trabalho, uma das funções cognitivas afetadas no envelhecimento. Os pesquisadores explicam que, em adultos jovens, a memória de trabalho envolve dois padrões de oscilação neural, chamados de ritmo gama e ritmo teta, nas áreas pré-frontal e temporal do cérebro.

Nesta pesquisa, foram avaliados 42 jovens adultos, com idades entre 20 e 29 anos, e 42 mais velhos, de 60 a 76 anos, pelo seu desempenho numa tarefa de memória de trabalho, com ou sem estimulação cerebral não invasiva. Com recurso a eletroencefalografia (EEG), os pesquisadores conseguiram observar detalhadamente a atividade cerebral do grupo. Eles constataram que, sem estimulação cerebral, os idosos eram mais lentos e menos precisos na tarefa de memória de trabalho do que os adultos mais jovens. Verificaram ainda que os participantes mais novos apresentaram interações aumentadas entre os ritmos teta e gama no córtex temporal esquerdo, e uma maior sincronização dos ritmos teta nas regiões frontotemporais ao realizar a tarefa de memória de trabalho.

Ao receber estimulação cerebral ativa, a precisão da tarefa de memória de trabalho dos idosos melhorou aproximando-se da dos adultos jovens, um efeito que durou 50 minutos após a estimulação.

Também foram observadas algumas melhorias na exatidão das tarefas. “Desenvolvemos um procedimento de estimulação não invasivo para modular as interações teta e gama em adultos entre 60 e 76 anos. Em apenas 25 minutos de estimulação, observámos uma mudança brusca. O resultado final foi uma melhoria rápida de desempenho de memória de trabalho que sobreviveu a um período pós-estimulação de 50 minutos”, referiram os autores na pesquisa.

No entanto, reconhecem que muito ainda precisa ser estudado para que a técnica utilizada possa ser explorada em tratamentos médicos, como no caso do Alzheimer, doença neurodegenerativa caracterizada pela perda de memória. “Os resultados fornecem informações sobre a fisiologia e os fundamentos do comprometimento cognitivo relacionado à idade, que contribuem para a fundamentação de futuras intervenções não farmacológicas visando o tratamento do declínio cognitivo”, frisaram os autores no estudo.

Dorothy Bishop, professora de Neuropsicologia do Desenvolvimento da Universidade de Oxford, no Reino Unido, concorda que mais pesquisas são necessárias para que a técnica possa ser adotada na área de tratamentos médicos. “Não há indicação de que quaisquer efeitos benéficos da estimulação persistam além da sessão experimental. Por isso, mais pesquisas precisariam ser feitas antes de se concluir que esse método tenha aplicação clínica”, afirmou a especialista. “O próximo passo é confirmar os resultados em um estudo mais amplo, onde os parâmetros de estimulação e as medidas cognitivas são definidas e analisadas com mais antecedência”, complementou a cientista.

Carcinoma basocelular
Falhar a aplicação de creme hidratante com fator de proteção solar à volta dos olhos aumenta o risco de cancro, dizem os...

Para chegar a esta conclusão, os investigadores compararam a forma como as pessoas colocam cremes de proteção solar e os cremes hidratantes e encontraram algumas diferenças. A mais evidente é que quando colocam o hidratante, ainda que este ofereça alguma proteção contra raios UV, deixam mais áreas desprotegidas. É o caso das pálpebras, onde a pele é mais fina e mais vulnerável ao cancro.

Por outro lado, não só não cobrem toda a pele do rosto como estes produtos, como estes, ainda que contenham um filtro de proteção solar, não foram feitos para proteger o rosto contra os raios UV durante todo o dia, uma vez que não substituem os cremes de proteção solar.

A equipa de investigação da Universidade de Liverpool observou o modo como 84 pessoas (62 mulheres e 22 homens) colocou o creme hidratante e o protetor solar e de seguida fotografou-os com uma câmara sensível aos raios UV para mostrar quais as áreas expostas.

Os investigadores verificaram que cerca de 17% da pele do rosto ficou sem proteção naqueles que colocaram o creme hidratante e cerca de 11% nos que colocaram o protetor solar. A zona das pálpebras correspondia à área mais extensa de pele que tinha ficado sem os cuidados.

De acordo com o autor do estudo, Austin McCormick, “esta zona do rosto é mais a vulnerável ao cancro mas as pessoas não têm consciência disso e por isso costumam falhar na sua proteção”.

“A pele das pálpebras é bastante fina o que a coloca em risco aumentado no que diz respeito às lesões provocadas pelos raios UV”, acrescenta. “A zona à volta das pestanas e entre as pálpebras e o nariz são as mais esquecidas”, alerta revelando que no Reino Unido as lesões nas pálpebras representam 10% dos carcinomas basocelulares, o tipo mais comum de cancro de pele.

 

Inquérito europeu
Mais de um terço dos jovens inquiridos num estudo nacional relatou não ter usado preservativo na última relação sexual e 14,5%...

“Uma minoria significativa” reportou não ter usado preservativo na última relação sexual (34,1%), sublinha o estudo “Comportamentos sexuais de risco nos adolescentes”, divulgado a propósito do 10.º Congresso Internacional de Psicologia da Criança e do Adolescente, que vai decorrer na quarta e na quinta-feira em Lisboa.

A investigação, a que a agência Lusa teve acesso, concluiu que são os rapazes que mais frequentemente usam preservativo, que têm relações sexuais associadas ao consumo de álcool ou drogas e que não têm a vacina contra o vírus do papiloma humano (HPV).

O estudo realizado em Portugal faz parte do Health Behaviour in School Aged Children (HBSC) 2018, um inquérito realizado de quatro em quatro anos em 48 países, em colaboração com a Organização Mundial de Saúde, que pretende estudar os comportamentos dos adolescentes nos seus contextos de vida e a sua influência na sua saúde/bem-estar.

Segundo os dados recolhidos em Portugal, os jovens mais novos, do 8º ano, são os que mais frequentemente têm relações sexuais associadas ao consumo de álcool ou drogas, realça o estudo, advertindo que estes resultados “podem ter implicações significativas na alteração das políticas de educação e de saúde, direcionando-as para o desenvolvimento de competências pessoais e sociais nas várias estruturas que servem de apoio aos adolescentes portugueses”.

Os autores do estudo apontam como justificações possíveis para estes resultados “o desinvestimento na educação sexual”, a redução do número de campanhas de prevenção e o facto de a infeção se ter passado a considerar uma doença crónica e não uma “sentença de morte”, o que "poderá estar a desvalorizar a importância da proteção.

O estudo “Comportamentos sexuais de risco nos adolescentes” abrangeu 5.695 adolescentes, 53,9% dos quais raparigas, com uma média de idades de 15,46 anos, a frequentarem o 8º ano, o 10º ano ou o 12º ano.

A maioria dos adolescentes inquiridos mencionou já ter tido um relacionamento amoroso, apesar de não ter no momento (48,4%), sobretudo os rapazes (51,8%) e os adolescentes do 8.º ano (50,9%).

Segundo o estudo, a maior parte disse não ter tido relações sexuais (77%). Dos que referiram já ter tido, contaram que a primeira relação sexual foi aos 15 anos.

Os dados indicam também que 85,6% dos inquiridos não realizaram o teste de VIH e 84,7% não têm a vacina contra o HPV.

Segundo os últimos dados estatísticos da UNICEF, cerca de 30 jovens entre os 15 e os 19 anos foram infetados com o VIH/sida, por hora no mundo em 2017, números “particularmente alarmantes se se considerar que nos restantes grupos etários a epidemia estará a diminuir”.

Em Portugal, a situação é também preocupante pois cerca de um terço dos infetados com o VIH/sida tem menos de 30 anos e cerca de 16% tem entre 15 e 24 anos.

O estudo lembra que o melhor meio de evitar a infeção VIH/sida e outras infeções sexualmente transmissíveis continua a ser o preservativo.

 

Ordem revela Norma
Gabinetes com sete metros quadrados, preços dos serviços de nutrição expostos de forma visível e equipamentos adequados à...

Estes são alguns dos requisitos que constam da “Norma de orientação profissional de atuação do nutricionista na farmácia comunitária”, hoje publicada pela Ordem dos Nutricionistas e que visa “estabelecer as condições necessárias à realização de consultas de nutrição” nas farmácias e regular a atuação do nutricionista.

O que se pretende é que esta consulta seja baseada na “melhor prova científica” e que tenha “as melhores condições” para a sua realização, desde logo as condições do gabinete onde é realizada, disse à agência Lusa a bastonária da Ordem dos Nutricionistas (ON), Alexandra Bento.

“Pode parecer que é uma questão menor, mas entendemos que é uma questão de grande importância”, disse, justificando: “É preciso haver condições físicas que sejam as ideais para o utente e para o nutricionista”, bem como “o equipamento mínimo necessário para que a consulta de nutrição se possa desenvolver com normalidade”.

No fundo, a norma “vem demonstrar ao espaço farmácia como deve ser feita uma consulta de nutrição, dizer aos nutricionistas quais são as regras que devem observar e demonstrar à população em geral que os nutricionistas são profissionais que se pautam pelo respeito das normas éticas, das normas deontológicas e das normas do rigor científico para a sua atuação profissional”.

Segundo Alexandra Bento, o número de nutricionistas a trabalhar em farmácias tem vindo a crescer, desde que foi publicado em 2007 um decreto-lei que possibilitou às farmácias poderem desenvolver serviços de promoção da saúde.

Uma portaria de 2018 veio valorizar as farmácias como um agente de prestação de cuidados de saúde e foi nessa altura que a ON entendeu regular esta prática com normas de atuação profissionais específicas para esta dimensão.

“Não nos podemos esquecer que este é um espaço de saúde que tem prescrição de fármacos e neste sentido há uma proximidade muito grande entre a atividade do profissional e a venda do respetivo produto e, portanto, não queremos que haja conflitos de interesse”, disse a bastonária.

Os profissionais devem evitar os potenciais conflitos de interesse, mas se eles existem devem ser declarados de “uma forma muito explícita para que os clientes possam de uma forma livre e autónoma escolher aquilo que querem e declinar se for caso disso”, defendeu.

Para a bastonária, é importante os utentes saberem o que é esta consulta de nutrição, quem a desenvolve e as suas condições, mas também é fundamental que “o profissional se apresente perante o cliente com responsabilidade ética e profissional”.

A norma esteve em consulta pública no primeiro trimestre do ano passado, tendo levantado críticas na altura por parte de Filipa Cortez, nutricionista e coordenadora de uma equipa de 200 profissionais que trabalhavam em farmácias, devido às condições exigidas.

Utilizado no tratamento de 80 doenças
O primeiro transplante do sangue do cordão umbilical realizou-se há 30 anos. Matthew Farrow, uma criança norte-americana, na...

Atualmente, foram já realizados mais de 40.000 transplantes com células do sangue do cordão umbilical criopreservadas em todo o mundo, e com resultados comprovados no tratamento de mais de 80 doenças.

O primeiro transplante de sangue do cordão umbilical foi realizado em França, através de uma colaboração transatlântica. A equipa de especialistas decidiu testar a utilização destas células, até então consideradas sem utilidade. Atualmente com 36 anos, Matthew é um adulto saudável, com uma vida ativa.

Da equipa multidisciplinar responsável pelo transplante, fez parte Joanne Kurtzberg, conceituada hematologista e pediatra, que estará em Portugal, pela primeira vez, no próximo dia 13 de abril. A especialista apresentará um simpósio integrado na Reunião da Primavera da Sociedade Portuguesa de Obstetrícia e Medicina Materno-Fetal (SPOMMF) sobre evolução da transplantação do sangue do cordão umbilical e a eficácia demonstrada pelas células do sangue do cordão umbilical no tratamento de doenças do foro sanguíneo, bem como em aplicações inovadoras em crianças com paralisia cerebral e doenças do espectro do autismo, as suas áreas de especialidade, tendo já várias crianças portuguesas integrado este estudo.

Após o sucesso deste primeiro transplante, outros investigadores ampliaram este trabalho, ao tratarem outros irmãos (HLA) compatíveis usando sangue do cordão, geralmente para o tratamento de leucemias. O sangue do cordão demonstrou que não só funcionava, como apresentava vantagens relativamente à transplantação com medula óssea. Atualmente, são partilhadas novas tecnologias e conhecimento, permitindo que milhares de pessoas em todo o mundo tenham acesso a terapias inovadoras que permitem o tratamento de diversas doenças com recurso ao sangue e tecido do cordão umbilical.

Sobre as Células Estaminais do Sangue do Cordão Umbilical

As células estaminais do sangue do cordão umbilical têm características que as tornam “especiais”, dada a capacidade de se autorrenovarem indefinidamente e de se conseguirem diferenciar em um ou mais tipos de células especializadas. O sangue do cordão umbilical é atualmente considerado uma fonte de células estaminais alternativa à medula óssea e está provada a sua utilização no tratamento de mais de 80 doenças, que incluem doenças do sangue (como leucemias e alguns tipos de anemias) e do sistema imunitário, e ainda doenças metabólicas. Atualmente, foram já realizados mais de 40.000 transplantes com sangue do cordão umbilical em todo o mundo. A sua utilização encontra-se também em estudo em ensaios clínicos (utilização experimental em humanos), em doenças como paralisia cerebral, autismo, perda auditiva, diabetes tipo 1, lesões da espinal medula, entre outras, o que poderá aumentar o leque de aplicações clínicas do sangue do cordão umbilical.

Estudo
Uma investigação desenvolvida na Faculdade de Medicina do Porto detetou uma elevada prevalência de sintomas depressivos nas...

“Os valores da prevalência de sintomas depressivos logo numa idade inicial da adolescência, aos 13 anos, foram surpreendentes, tanto em raparigas como em rapazes, mas de uma forma mais significativa em raparigas”, afirmou à Lusa Cláudia Bulhões, responsável pelo estudo.

De acordo a investigadora e médica de família, 18,8% das raparigas sofrem de sintomas depressivos aos 13 anos de idade. Os mesmos sintomas afetam 7,6% dos rapazes.

“Já aos 13 anos esta prevalência era duas vezes superior nas raparigas do que nos rapazes”, sublinhou.

Cláudia Bulhões concluiu também que “estes sintomas depressivos não acontecem de uma forma episódica, isto é, eles vão ter implicações ao longo da adolescência. Os adolescentes que tinham sintomas depressivos aos 13,  a maioria apresentava também sintomas depressivos aos 17 e acabava por ter repercussões aos 21 anos”.

As conclusões integram a tese de doutoramento intitulada “Depressive Symptoms in Adolescents”, da autoria de Cláudia Bulhões, investigadora da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP).

De acordo com o estudo, aos 17 anos de idade, a prevalência de sintomas depressivos foi de 17,1% nas raparigas e 5,3% nos rapazes.

Aproximadamente 6% das raparigas e 2% dos rapazes apresentavam sintomas depressivos nos dois momentos de avaliação.

Cerca de 35% dos adolescentes com sintomas depressivos aos 13 anos apresentavam sintomas depressivos quatro anos mais tarde.

Cláudia Bulhões verificou ainda que os participantes com níveis mais elevados de sintomas depressivos na adolescência apresentaram piores resultados sociais e de saúde no início da vida adulta.

Os sintomas depressivos afetaram sobretudo rapazes com história familiar de depressão e raparigas com hábitos tabágicos e cuja menarca (primeiro ciclo menstrual) surgiu numa idade mais precoce.

“Os resultados enfatizam a importância do reconhecimento dos sinais e sintomas de depressão, principalmente no início da adolescência”, defendeu a investigadora.

Como tal, a tese de doutoramento de Cláudia Bulhões pretende contribuir para um melhor conhecimento da epidemiologia dos sintomas depressivos na adolescência em Portugal.

“É importante criar uma ferramenta que nos auxilie na avaliação desta questão, de uma forma estruturada, ao nível das nossas consultas, identificando estes adolescentes numa fase inicial de desenvolvimento do quadro, para que, realmente, possamos desenvolver estratégias no tratamento ou orientação”, sustentou.

No estudo participaram 2.492 pessoas, avaliados aos 13,17 e 21 anos de idade. Foram considerados todos os adolescentes nascidos em 1990, que frequentavam escolas públicas e privadas da cidade do Porto.

Estudo
As raparigas são as que se sentem mais gordas, mas há mais rapazes com excesso de peso, revela um estudo, segundo qual quase 70...

“Terão os adolescentes portugueses uma alimentação adequada?” é o título da investigação integrada no estudo Health Behaviour in School aged Children (HBSC), um inquérito realizado de quatro em quatro anos em 48 países, em colaboração com a Organização Mundial de Saúde, sobre os comportamentos dos adolescentes.

Caracterizar os hábitos alimentares e perceções relativas ao corpo dos adolescentes foi o objetivo do estudo, que envolveu 6.997 alunos (51,7% meninas) do 6º, 8º e 10º ano.

Segundo o estudo, 54,7% dos adolescentes percecionam-se como tendo o corpo ideal. As meninas são as que mais se percecionam como estando “um pouco” gordas (28,5% versus 21,6%) e os rapazes “um pouco” magros (11,8 contra 17,3%).

Ao longo da escolaridade mais adolescentes tendem a considerar o seu corpo um pouco gordo ou muito gordo e uma menor percentagem considera ter um corpo ideal, refere o estudo divulgado a propósito do 10.º Congresso Internacional de Psicologia da Criança e do Adolescente, que decorre na quarta e quinta-feira em Lisboa.

Cerca de 45% e 33% dos adolescentes reportaram comer diariamente frutas e vegetais, respetivamente, enquanto um quarto disse consumir doces e colas (refrigerantes) quase todos ou todos os dias, sendo as raparigas a referirem um consumo mais frequente.

Ao longo da escolaridade, menos adolescentes referem tomar o pequeno-almoço diariamente e mais jovens dizem nunca o fazerem.

O estudo conclui que “os adolescentes portugueses têm comportamentos alimentares desajustados ao recomendado para esta faixa etária e que o excesso de peso e a imagem corporal são um problema relevante nesta população”.

Em declarações à agência Lusa, Nuno Loureiro, um dos autores do estudo, afirmou que existem alguns alunos que “não têm claro que têm excesso de peso, e se percebem [que o têm] terão a perceção que está sob controlo”.

“Alguns destes alunos poderão ser atletas, e com a pressão por obter um corpo ‘Ronaldo’” ou “simplesmente porque a sua modalidade assim o determina, têm práticas intensas de exercício com grande predomínio de ganho muscular, algo que influencia e muito a fórmula de cálculo de IMC [Índice de Massa Corpora]”, disse o professor do Instituto Politécnico de Beja.

Estes alunos entrarão no indicador em excesso de peso, mas terão satisfação com o seu peso, explicou.

Também podem existir alunos que efetivamente estão com excesso de peso, mas gostam de si: “estão satisfeitos como estão e são mais resistentes à mudança, digamos que podem ser classificados com estando no estado pré-contemplativo”, adiantou.

“A perceção da imagem do corpo não está muitas vezes ligada ao valor da classificação do IMC, pois os jovens apresentam um valor normal e continuam a reportar estarem insatisfeitos com o seu corpo”, sublinhou.

Nuno Loureiro advertiu que o indicador excesso de peso “não pode nem deve ser visto como uma correspondência inversa para a ideia de corpos bonitos, corpos de modelos ou da procura de abdominais de ferro, porque devido a fatores genéticos e outros fazem com que esta tarefa seja muito difícil para muitos”.

Considerou ainda “preocupante” 15,8% dos adolescentes terem excesso de peso e 3,1% obesidade, defendendo “estratégias efetivas” de apoio, como gabinetes multidisciplinares na escola, onde se concilie uma abordagem estruturada para alteração destes indicadores, “mas num ambiente sem culpas ou dramas, incentivando a adoção de estilos de vida saudável”.

A coordenadora do estudo HBSC em Portugal, Margarida Gaspar de Matos, acrescentou que ter uma alimentação saudável e moderada, rica em fibras e com baixo teor de gordura sal e açúcar, a par da atividade física, é essencial para combater o excesso de peso, mas reconheceu que muitas vezes é difícil pôr em prática na escola e em casa,

“Temos já conhecimento científico (dos profissionais e dos alunos), mas é difícil pôr em prática”, porque muitas vezes existe “um ‘ambiente’ não solidário ou não amigável” da alimentação saudável.

Entrevista
De acordo com as estimativas, em Portugal, cerca de 15% dos casais em idade reprodutiva quanto tenta

De acordo com a Associação Portuguesa de Infertilidade, estima-se que, em Portugal, 15 a 20% dos casais em idade reprodutiva (cerca de 300 mil) sofra de infertilidade. No entanto, calcula-se que exista uma percentagem elevada de casos desconhecida, uma vez que nem todos procuram ajuda médica. Neste sentido, começo por lhe perguntar quais as principais causas da infertilidade e quando se deve procurar ajuda médica? Quais os “sinais de alerta”?

Causas principais da infertilidade e sua distribuição:

  • 30-35% fatores femininos: disfunção ovulatória, lesão ou obstrução nas trompas uterinas, endometriose, patologia e anomalias no útero e colo, menopausa precoce.
  • 30-35% fatores masculinos: alterações na qualidade do esperma, patologias do testículo, dutos, epidídimo e próstata, disfunções na ereção e ejaculação.
  • 20% fatores mistos: os dois elementos do casal são responsáveis.
  • 15-20% causa inexplicada: não se consegue determinar o motivo da infertilidade.

O principal “sinal de alerta” que deve levar a procurar ajuda médica é quando um casal (com a mulher ≤ 36 anos), com vida sexual regular sem contracepção há pelo menos 1 ano, não consegue obter uma gravidez. Quando a mulher tem 37 ou mais anos de idade é recomendável que a procura de orientação médica ocorra ao final de 6 a 8 meses de tentativas. Outros sinais de alerta importantes são a existência de sintomas que estejam relacionados com os principais fatores femininos e masculinos causadores de infertilidade, como por exemplo na mulher a ocorrência de menstruações muito irregulares ou ausência de menstruação durante alguns meses ou no homem a existência de uma tumefacção dolorosa num testículo ou alterações na ejaculação e ereção. 

A infertilidade, ao contrário do que se pensa, não é contudo sinónimo de esterilidade, sendo que a infertilidade pode manifestar-se já depois do nascimento de um filho. Para melhor compreendermos esta questão, pedia-lhe que nos explicasse em que consiste um conceito e outro. O que os distingue?

Na realidade não são sinónimos, a infertilidade significa dificuldade em engravidar (quando um casal sem usar métodos contraceptivos e com vida sexual regular há pelo menos um ano não consegue obter uma gravidez) ou de conseguir que uma gestação chegue ao seu termo.

A esterilidade é a incapacidade de um indivíduo ou de um casal obter uma gravidez.

Que tipos de tratamento de PMA existem? E qual a taxa de sucesso associada?

Existem vários tipos de tratamento de PMA:

  • Inseminação artificial (IA) ou inseminação intrauterina (IIU) intraconjugal ou com esperma de dador. As taxas de gravidez por inseminação realizada situam-se entre 12-14% para a intraconjugal e entre 23-26% para a inseminação com esperma de dador.
  • Fertilização in Vitro (FIV) intraconjugal, com esperma de dador e a FIV com recurso a ovócitos de dadora. As taxas de sucesso para os 2 tipos de FIV sem ovodoação são semelhantes e são de 35-40%, enquanto a FIV com utilização de ovócitos de dadora tem taxas de gravidez mais elevadas de 50-55%.
  • Injeção intracitoplasmática de espermatozoide (ICSI) intraconjugal, com esperma de dador e a ICSI com recurso a ovócitos de dadora. As taxas de gravidez da ICSI sem ovodoação situam-se entre 32-35%, e as das ICSI com recurso a ovócitos de dadora entre 50-55%. 
  • Transferência de embriões criopreservados (TEC) com taxas de sucesso sobreponíveis às da FIV e ICSI.

Qual a percentagem de nascimentos por PMA em Portugal?

Os nascimentos por PMA correspondem a aproximadamente 3% do número total de nascimentos ocorridos em Portugal.

Quanto ao tratamento, há a ideia generalizada de que este não é um processo fácil, podendo ser demasiado longo. Neste sentido, qual a duração média de um tratamento, desde a primeira consulta até à gravidez efetiva. Existem “efeitos adversos”?

Nos centros privados o tempo médio decorrido desde a primeira consulta até ao diagnóstico da gravidez é de cerca de 2 a 3 meses. A duração do tratamento propriamente dito varia entre 15 a 18 dias. Podem existir efeitos adversos e os mais comuns são:

  • Dores de cabeça;
  • Desconforto mamário;
  • Alterações do humor, sonolência e por vezes sensação de cansaço;
  • Distúrbios digestivos: náuseas, obstipação e gases intestinais;
  • Distensão abdominal e edemas ligeiros.
  • Efeitos adversos mais raros:
  • Alterações da visão

Relacionados com a síndrome de hiperestimulação ovárica: dores pélvicas moderadas a intensas, distensão abdominal e edemas acentuados, vómitos, dispneia.

Quais os principais cuidados a ter durante um tratamento de PMA?

Existem vários cuidados a ter durante um tratamento de PMA a destacar entre outros:

  • Cumprimento rigoroso da medicação prescrita;
  • Uma alimentação equilibrada rica em proteínas e fibras;
  • Boa ingestão de líquidos;
  • Prevenção da obstipação (importante ajuda dos 2 pontos anteriores);
  • Ter um número de horas de sono adequado (7-8 horas);
  • Não consumir drogas, álcool e tabaco.

Quanto à prevenção, apesar das causas para infertilidade estarem associadas a alguma anomalia relacionada com o aparelho reprodutor, a verdade é que há alguns fatores relacionados com o estilo de vida que podem interferir na concepção. Neste sentido, quais os cuidados a ter?

Para além da idade da mulher e do homem não existem dúvidas que o estilo de vida e outras situações contribuem para uma diminuição da fertilidade como o sedentarismo e a obesidade, a exposição crescente a substâncias tóxicas (tabaco, álcool e drogas) e a poluentes, o aumento da incidência de doenças sexualmente transmissíveis e de doenças cancerígenas em idades cada vez mais jovens. Sendo assim as principais preocupações e cuidados a ter serão a tomada de medidas eficazes para prevenção e combate de todos estes fatores.

Neste âmbito, é aconselhado, por exemplo, que a mulher não adie a gravidez. No entanto, sabemos que em muitos casos isso não é possível. Que recursos existem para estas mulheres, tendo como objectivo a preservação da sua fertilidade?

Para as mulheres que têm que adiar a gravidez e que procuram preservar o melhor possível a sua fertilidade, os principais recursos a que devem recorrer são precisamente as alterações no estilo de vida, com o combate ao sedentarismo e à obesidade, evitar a exposição a substâncias tóxicas e poluentes, e prevenir as doenças sexualmente transmissíveis e as doenças cancerígenas. Existe também um outro recurso que pode e deve ser utilizado que é a criopreservação de ovócitos, que se recomenda ser efetuada, preferencialmente, antes dos 35 anos de idade.

Por outro lado, continua a associar-se a questão da infertilidade ao sexo feminino. Sabe-se, no entanto, que nem sempre a “culpa” é delas e que não existe praticamente tratamento para o fator masculino da infertilidade… Que estigma é este que continua a perseguir os homens, evitando que falem sobre este tema?

Como referi anteriormente, os fatores responsáveis pela infertilidade dividem-se igualmente entre causas masculinas e femininas, isto é a “culpa” é tanto do homem como da mulher. Contudo durante muito tempo a infertilidade masculina foi tratada como um assunto tabu. Esta realidade ainda a encontramos, atualmente, e o estigma que faz com que os homens evitem falar sobre este tema deve-se a razões de ordem social e cultural, relacionadas com o machismo, a figura do homem e o seu papel na sociedade e ainda a existência de alguns mitos sobre este tema, como por exemplo que a fertilidade e a virilidade estão relacionadas. Por lado, segundo a opinião de muitos especialistas da área da psicologia, o homem por motivos de personalidade tende a falar menos de si e das suas preocupações comparativamente com a mulher.

Para terminar, peço-lhe algumas recomendações sobre o tema em análise. Que mensagem gostaria de deixar?

As principais recomendações que faço sobre este tema são:

  1. Seguramente a forma mais eficaz de prevenir a infertilidade é a mulher não adiar o projeto da maternidade para depois dos 34 anos, sendo fundamental a educação da população e a divulgação das vantagens de uma gravidez na idade jovem.
  2. É igualmente fundamental que as pessoas desde cedo tenham um estilo de vida mais saudável, combatendo o sedentarismo e a obesidade, evitem a exposição a poluentes, o consumo de tabaco, álcool e drogas, e previnam eficazmente as doenças sexualmente transmissíveis.
  3. Não ignorar o peso do fator masculino na infertilidade, devendo-se sempre estudar o homem sistematicamente, visto que nas últimas décadas a qualidade do esperma tem claramente diminuído.
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Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Estudo
Na Europa, os sobreviventes de um acidente vascular cerebral (AVC) ou de um episódio de síndrome coronária aguda (SCA) perdem...

De acordo com um estudo Europeu, que avaliou o impacto negativo da síndrome coronária aguda (enfarte agudo do miocárdio e angina instável) e do acidente vascular cerebral na produtividade dos doentes e dos cuidadores e custos associados, publicado no European Journal of Preventive Cardiology, os sobreviventes de um episódio de síndrome coronária aguda (SCA) ou enfarte agudo do miocárdio que regressaram ao trabalho, perdem cerca de 25% do seu tempo de trabalho durante o primeiro ano. Já os cuidadores informais perdem cerca de 5% do seu tempo de trabalho anual no apoio a estes doentes.

Em Portugal, os sobreviventes de SCA perdem,  em média 37 dias de trabalho, e os cuidadores perderam 10 dias de trabalho adicionais, enquanto os doentes com enfarte agudo do miocárdio e os seues cuidadores ficam impedidos de trabalhar durante  65 e 12 dias de trabalho, respetivamente. Mais de 73% do tempo de trabalho perdido pelo doente decorre da hospitalização e baixa médica após um episódio cardiovascular.

A produtividade dos doentes também é afetada após o regresso ao trabalho. De acordo com o estudo, os doentes com SCA e enfarte agudo do miocárdio perdem em média 2 e 7 dias de trabalho, respetivamente, devido ao presenteísmo – condição que decorre quando uma pessoa está presente no trabalho mas não consegue executar na plenitude as suas funções devido ao seu estado de saúde.

Os custos indiretos chegam aos 6.641€ para SCA e em 10.725 € para o enfarte agudo do miocárdio, os quais são comparáveis aos custos médicos diretos, efetivamente duplicando o peso económico destes episódios cardiovasculares para a sociedade portuguesa.

“As perdas de produtividade associadas aos eventos cardiovasculares são substanciais e vão para além do doente. Este estudo demostra que o custo financeiro total de um ataque cardíaco ou de um acidente vascular cerebral pode ser o dobro dos custos médicos diretos, quando os custos indiretos decorrentes do tempo de trabalho perdido pelos doentes e cuidadores informais é tido em conta. Os esforços contínuos na abordagem aos fatores de risco cardiovascular modificáveis, incluindo a otimização do uso de terapêuticas antidislipidémicas, facultarão um efeito benéfico na saúde e longevidade da população e simultaneamente uma diminuição da carga económica associada”, avança Catarina Fonseca, especialista do Hospital de Santa Maria, em Lisboa.

O estudo utilizou o questionário iPCQ (Productivity Cost Questionnaire) desenhado e validado pelo Institute of Medical Technology Assessment e foi aplicado em 394 doentes (196 com SCA e 198 com enfarte agudo do miocárdio), de 7 países Europeus, que conseguiram regressar ao trabalho nos 3 a 12 meses segintes ao episódio.

Em Portugal, foram recrutados 39 doentes com SCA e 31 doentes com enfarte agudo do miocárdio. Nos países Europeus do estudo, 60% dos dias de trabalho perdidos devido aos episódios cardiovasculares decorrerram do internamento hospitalar e da baixa médica após o episódio.

O estudo demonstrou que, para os doentes em Portugal os dias de trabalho perdidos devido ao tempo em internamento e baixa médica são superiores à média dos países europeus, mas que a produtividade perdida após o regresso ao trabalho devido às ausências de curto-prazo e ao presenteísmo é inferior à média Europeia.

Os déficits de produtividade nesta população acarretam consequências psicossociais negativas para os doentes e para as suas famílias. Alguns dos doentes questionados ​​tiveram que mudar de emprego ou carreira, reduzir as suas horas de trabalho ou necessitar de mais ajuda de amigos e familiares. O estudo focou-se apenas nos doentes que puderam continuar a trabalhar, mas muitos doentes com episódios cardiovasculares graves não puderam regressar ao mercado laboral.

Pode aceder ao estudo publicado online no seguinte link: https://journals.sagepub.com/doi/full/10.1177/2047487319834770

 

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