Infarmed
A substância ativa palbociclib obteve autorização para ser utilizada em meio hospitalar no tratamento do cancro de mama...

O palbocicilb é um inibidor reversível que em diversos estudos demonstrou ter capacidade de bloquear a progressão da doença.

De acordo com a nota do Infarmed, este fármaco foi autorizado para o tratamento de cancro da mama positivo para recetores hormonais (HR) e negativo para o recetor tipo 2 do fator de crescimento epidérmico humano (HER2) localmente avançado ou metastático, em associação com um inibidor da aromatase ou com fulvestrant em mulheres que receberam terapêutica endócrina anterior.

Sendo que, em mulheres pré- ou peri-menopáusicas, a terapêutica endócrina deve ser associada a um agonista da hormona libertadora da hormona luteinizante.

No entanto, há casos para os quais a sua utilização não está indicada. É o caso de: mulheres peri ou pré-menopausa sem tratamento hormonal prévio no contexto de doença avançada;

mulheres peri ou pré-menopausa com tratamento prévio com um inibidor da aromatase com progressão apenas após 12 meses do termino do tratamento;

mulheres com tratamento prévio para a doença avançada com progressão apenas após 12 meses do tratamento.

A avaliação a este medicamento demonstrou ainda a existência de valor terapêutico acrescentado (VTA) face à alternativa comparadora.

Na avaliação económica, os valores custo-efetividade incrementais associados à introdução do medicamento Ibrance (palbociclib) no arsenal terapêutico, assim como os resultados do impacto orçamental, foram considerados aceitáveis, depois de negociadas condições para utilização pelos hospitais e entidades do SNS, tendo em atenção as características específicas do medicamento e da doença em causa.

Projeto Europeu
No âmbito do 3º Programa de Saúde (2014-2020) da União Europeia foi lançada uma convocatória relativa à “implementação de boas...

A existência deste tópico é motivada pelo facto de cuidados de saúde primários Suecos apresentarem, atualmente, um sistema de prescrição da atividade física nos cuidados de saúde primários que se encontra numa fase de grande maturidade e expansão a nível nacional, pelo que a Comissão Europeia, através da Agência Executiva para os Consumidores, a Saúde e a Alimentação (CHAFEA), entendeu trabalhar no sentido de transferir e adaptar esta boa prática.

Tendo sido recentemente aprovado pela Comissão Europeia, o projeto designa-se “EU Physical Activity on Prescription”, inclui no seu consórcio organizações de um total de 10 países, liderado pela Agência de Saúde Pública Sueca. Entre os países integrantes contabilizam-se, além de Suécia e Portugal, Espanha, Itália, Roménia, Alemanha, Malta, Dinamarca, Lituânia e Bélgica.

Com uma duração prevista de 36 meses, o projeto teve a sua primeira reunião no passado dia 28 de março, na sede da CHAFEA, na Cidade do Luxemburgo. Nesta reunião foram discutidas as primeiras tarefas a levar a cabo do ponto de vista administrativo, financeiro, técnico e académico. A representação portuguesa na reunião esteve a cargo de Bruno Avelar Rosa, membro do PNPAF.

A participação de Portugal neste projeto destaca-se particularmente pela responsabilidade e liderança no pacote de trabalho destinado à implementação da prescrição de atividade física nos diferentes países participantes, o qual consiste na tarefa mais central e significativa de todo o projeto.

De salientar que, de acordo com a CHAFEA o objetivo de transferir o modelo sueco de prescrição da atividade física nos cuidados de saúde primários para outros países europeus não está associada à necessidade de implementação forçada em cada país da forma de intervenção sueca. O projeto trata sim de observar e avaliar como um modelo robusto de promoção da atividade física em contexto clínico se adapta a diferentes realidades, procurando assim perspetivar a criação de um modelo europeu de prescrição da atividade física suficientemente amplo, versátil e integrador.

De acordo com a nota da DGS, “ este aspeto é de particular interesse, considerando o atual desenvolvimento do projeto-piloto de promoção da atividade física nos cuidados de saúde primários e a criação da consulta de atividade física”, apresentado no passado dia 24 de janeiro e que será aplicado em 14 unidades de saúde familiar.

Os profissionais envolvidos nas consultas do projeto-piloto vão receber formação sobre o modelo sueco, para replicaram nas suas consultas em Portugal.

Estudo
Investigadores do Instituto Gulbenkian de Ciência descobriram o local onde os vírus da gripe A montam os seus genomas dentro...

O vírus da gripe A é conhecido por formar novas estirpes todos os anos e um novo estudo do Grupo de Biologia Celular da Infeção Viral do Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC) descobriu onde encaixa o genoma do vírus da gripe A dentro das células infetadas.

Um comunicado do instituto explica que as estirpes “resultam de pequenas variações que acontecem ao nível do genoma, que fazem com que o vírus se torne diferente e deixe de ser reconhecido pelo sistema imune”.

O estudo, de uma equipa liderada por Maria João Amorim, revela que a seleção do material genético se faz em compartimentos chamados 'inclusões virais' e que estes compartimentos não estão delimitados por uma membrana, como acontece com os organelos tradicionalmente conhecidos nas células.

Ao contrário, as 'inclusões virais' separam-se do meio que as rodeia por um processo designado por separação de fases, semelhante ao que acontece com o vinagre e azeite quando colocados juntos.

“Desta forma, os segmentos de material genético do vírus são segregados e confinados a um espaço pequeno onde é mais fácil formar o genoma”, refere a nota do IGC.

Numa declaração escrita, Maria João Amorim destaca que os resultados obtidos “abrem caminho a terapias alternativas que ataquem a formação do genoma (do vírus), ou o local onde o genoma é formado”.

Para a investigadora, as conclusões do estudo são inovadoras “pois é uma das observações iniciais que demonstram que as infeções virais recorrem a processos de separação de fases.”

O vírus da gripe A só se consegue multiplicar dentro das células do organismo que infetou, porque necessita de utilizar a maquinaria celular do hospedeiro.

Quando ocorre a infeção, o vírus entra para dentro da célula e liberta o seu material genético e algumas proteínas.

Contudo, estes vírus têm uma particularidade fora do comum: o seu genoma está segmentado em oito partes distintas.

Assim, durante a multiplicação do vírus, as oito partes do material genético são replicadas muitas vezes. A formação de novos vírus requer que esses oito segmentos sejam agrupados dentro de uma mesma partícula viral, o que implica uma seleção muito precisa a partir de milhares de moléculas que se encontram misturadas. Até agora desconhecia-se onde é que essa seleção era feita.

Os resultados do estudo serão, esta semana, publicados na revista Nature Communications e podem contribuir para terapêuticas que evitem, previnam ou combatam as novas estirpes de vírus da gripe.

Segundo o IGC, este trabalho abre portas a que se investigue o papel que a separação de fases desempenha em infeções provocadas por outros micro-organismos.

Consultas de especialidade
A associação dos doentes de Parkinson queixa-se de elevados tempos de espera para as consultas de acompanhamento, que chegam a...

Em declarações à agência Lusa, a presidente da Associação Portuguesa de Doentes de Parkinson (APDPk), Ana Botas, reconhece que esta situação “não é de agora”, mas refere que continuam a chegar relatos de doentes que se queixam da “elevada espera” nas consultas de acompanhamento, isto é, as que são marcadas após a primeira consulta de especialidade de neurologia.

Em vésperas do Dia Mundial da Doença de Parkinson, que se assinala na quinta-feira, Ana Botas indica que o encaminhamento para a primeira consulta de neurologia está até um pouco melhor, “com um esforço para se cumprirem” os 120 dias de tempo máximo de resposta garantido.

“Mas as consultas subsequentes deviam ter um espaçamento menor”, refere a presidente da associação, indicando que os doentes de Parkinson têm descompensações e precisam de ajustar a sua medicação.

Segundo a Associação, na teoria o espaçamento entre consultas devia ser entre quatro a seis meses, “mas há casos que demoram cerca de um ano”.

O neurologista Joaquim Ferreira, que é membro do conselho científico da associação, lembra que os doentes de Parkinson devem ser acompanhados por uma consulta específica, com profissionais experientes no acompanhamento destes doentes.

“Há uma recomendação para que sejam seguidos por médicos e outros profissionais de saúde que se dediquem à doença de Parkinson. É diferente do que serem seguidos por uma consulta de neurologia geral”, defende o médico e professor da Faculdade de Medicina de Lisboa.

Mas Joaquim Ferreira entende que a realidade nos hospitais do Serviço Nacional de Saúde é heterogénea, com disparidades nos tempos em que os doentes são vistos numa consulta mais específica após a primeira consulta de neurologia.

O médico alerta para outro aspeto que envolve os doentes de Parkinson: o acesso a cuidados multidisciplinares, como fisioterapeutas ou terapeutas da fala, é “ainda escasso e com grandes assimetrias no país”.

Atualmente, as recomendações internacionais indicam que os doentes devem ser acompanhados por equipas multidisciplinares, onde tenham acesso facilitado a fisioterapeutas, terapeutas da fala ou outros profissionais.

“São raros os serviços de neurologia em que os doentes têm esse acesso da forma mais adequada, que é no mesmo espaço físico (no mesmo hospital ou centro)”, explica o neurologista à Lusa.

Joaquim Ferreira considera ainda que em Portugal apenas cerca de um terço dos que seriam candidatos estão a ser submetidos a estimulação cerebral profunda, uma cirurgia que pode ser uma opção de tratamento para doentes para quem a medicação já não é eficaz.

O especialista diz que esta opção servirá apenas cerca de 5% dos doentes de Parkinson numa fase mais avançada da doença.

Não se trata de uma técnica inovadora e já se faz em vários centros hospitalares “com elevada competência”.

“Os centros deparam-se é com um problema de alocação de recursos humanos. Há muitos doentes que seriam seguramente candidatos a serem operados e que estão em lista de espera”, explica.

Joaquim Ferreira indica que há cerca de 850 já operados em Portugal e estima que sejam submetidos a essa técnica 80 pessoas por ano, quando as estimativas apontam para que 200 doentes por ano necessitariam da estimulação cerebral profunda.

Em Portugal existirão entre 18 a 20 mil doentes de Parkinson e todos os anos são identificados cerca de dois mil novos casos.

A doença pode manifestar-se com vários sintomas, entre eles sintomas motores, como lentidão de movimentos, rigidez muscular, tremor e alterações de postura.

A agência Lusa tentou obter dados oficiais sobre os tempos de espera das consultas de seguimento.

Contudo, não existem dados específicos por patologia, como a doença de Parkinson, além de que apenas há dados centralizados em relação a primeiras consultas.

Estudo
Algas comuns podem ser resultar em medicamentos anticancerígenos e antibióticos capazes de combater infeções resistentes,...

Inédito e promissor, como explicou à Lusa a principal autora do estudo, Maria de Fátima Carvalho, o trabalho permitiu ainda descobrir dois compostos produzidos por bactérias que não são conhecidos e que podem mesmo ser moléculas novas.

A investigação incidiu numa espécie de alga comum na costa portuguesa, a 'Laminaria ochroleuca' (algas castanhas de grandes dimensões), e num tipo de bactéria específico, a actinobactéria. “Focámo-nos na comunidade de bactérias ligadas a estas algas, as actinobactérias, que estão muito ligadas à produção de compostos conhecidos para antibióticos”, explicou Fátima Carvalho, do Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR), que funciona em Matosinhos.

A responsável contou que o objetivo foi perceber como é que aquelas bactérias podiam estar ligadas a essa alga castanha comum na costa portuguesa e depois o seu potencial. Um trabalho que nunca tinha sido feito.

E os resultados, disse, foi que de facto foram identificados compostos produzidos pelas actinobactérias com essas qualidades, com potencial antimicrobiano e anticancerígeno.

Basicamente, os compostos que as bactérias produzem para se defenderem no meio onde vivem podem ajudar a combater infeções no ser humano. O trabalho científico levou a perceber que também eram capazes de inibir linhas celulares cancerígenas, explicou Maria de Fátima Carvalho.

O estudo “leva-nos a crer que outras espécies de algas podem ser uma fonte valiosa” para medicamentos no futuro, disse.

“Não estou a dizer que obtivemos um composto, obtivemos indicações de que haverá compostos que podem ser uma solução para problemas como infeções resistentes, como infeções hospitalares, ou alguns tipos de cancro”.

O estudo vai continuar, até porque os investigadores obtiveram dois extratos de bactéria que não estão classificados e que terão de ser estudados em profundidade.

E para já, nas palavras da investigadora, as algas são uma matéria prima que “vale a pena explorar”, pelos “resultados promissores”.

Os compostos defensivos produzidos pelos micróbios são desde há muito uma importante fonte de antibióticos e outros medicamentos. E a Laminária é uma rica fonte de bactérias podendo potenciar novos medicamentos.

Citada pela revista Fronteiras em Microbiologia, Maria de Fátima Carvalho disse que as actinobactérias marinhas são relativamente pouco exploradas e que podem ser uma fonte muito rica de moléculas microbianas bioativas.

“Este estudo revela que (a alga Laminaria) é uma rica fonte de actinobactérias com promissoras atividades antimicrobianas e anticancerígenas”, resumiu a responsável à revista.

“Identificámos extratos de duas estirpes de actinobactéria que não combinam com nenhum composto conhecido no banco de dados internacional mais abrangente de compostos bioativos naturais. Pretendemos dar seguimento a esses resultados empolgantes", concluiu Maria de Fátima Carvalho.

Descentralização de cuidados
Com o objetivo de descentralizar os cuidados de saúde mental, o novo programa “Espaço para a Saúde Mental” aposta em ações que...

“Pretende-se com esta nova metodologia mudar o paradigma e a forma como é encarada a doença mental, descentralizando os cuidados de saúde mental e tornando os serviços mais próximos do utente, do cuidador e da comunidade”, sublinhou o diretor regional da Saúde, Tiago Lopes, que apresentou em Angra do Heroísmo a estratégia definida para a melhoria da saúde mental nos Açores.

De acordo com uma nota enviada às redações pelo executivo açoriano, "a iniciativa propõe a integração da saúde mental nos centros de saúde e hospitais, em linha com o que é preconizado no Plano Regional de Saúde".

“Com esta matriz generalizada a todas as unidades de saúde queremos assegurar o acompanhamento precoce, por via da prevenção, ao longo de todas as etapas do ciclo de vida, desde a gravidez até à terceira idade, garantindo o acesso equitativo de toda a população aos cuidados de saúde mental”, referiu o diretor regional, citado na mesma nota.

A operacionalização desta estratégia passa pela criação de grupos de trabalho nas nove Unidades de Saúde de Ilha para o planeamento, a implementação, a monitorização e a avaliação do projeto.

Na área da prevenção, o programa propõe "a avaliação periódica do estado de saúde mental dos utentes ativos nos cuidados de saúde primários, ações de sensibilização e de formação, dirigidas à população em geral, profissionais, utentes e famílias, e o estímulo à sociedade civil para que proponha projetos promotores da saúde mental e bem-estar".

Segundo o diretor regional da Saúde, será aplicado na região o Plano Nacional de Prevenção do Suicídio, no âmbito dos cuidados de saúde primários.

No plano do tratamento, e segundo o executivo, "esta medida pretende combater o estigma e a discriminação, fazendo com que as famílias e os cuidadores participem no processo de reabilitação e integração dos utentes, permitindo reduzir desta forma o número de casos institucionalizados".

Números avançados pelo Governo dos Açores indicam que estão atualmente nas quatro casas de saúde do arquipélago 609 utentes em regime de internamento, sendo que 20 estão em situação de média duração e cinco em situação de internamento de curta duração.

Estudo
Depois da alta hospitalar, o processo de reabilitação cardíaca, incluindo a componente de exercício físico, após um enfarte...

As conclusões de uma investigação com participação da Escola Superior de Saúde da Universidade de Aveiro (ESSUA) confirmam isso mesmo e corroboram os resultados de vários estudos internacionais. O trabalho quer dar uma resposta domiciliária à maioria dos doentes que depois da alta se afastam dos programas de reabilitação dos centros hospitalares. 

A Sociedade Europeia de Cardiologia, a American Heart Association e o American College of Cardiology, classificam a reabilitação cardíaca (RC) como uma intervenção terapêutica com indicação de classe I (mandatória), fundamentada nos níveis de evidência científica mais elevados.

Mas em Portugal, a percentagem de doentes que participaram nos últimos anos em programas de reabilitação cardíaca de fase III foi de cerca de 4 por cento. A distância entre a residência e os centros hospitalares e a falta de horários e de transportes são algumas das causas apontadas pelos doentes para participarem nos programas.

Por outro lado, a falta de resposta adequada do Sistema Nacional de Saúde na reabilitação cardíaca, a falta de investimento em recursos humanos e materiais e a escassez de centros e a sua localização concentrada nas grandes cidades contribuem decisivamente para a baixa referenciação e adesão aos programas de reabilitação cardíaca.

“Contrariamente ao conceito generalizado de que a reabilitação cardíaca tem de ser feita sob vigilância direta há, nos casos de baixo risco cardiovascular, a possibilidade de efetuar reabilitação supervisionada à distância”, aponta Mesquita Bastos, professor na ESSUA e cardiologista no Centro Hospitalar do Baixo Vouga, em Aveiro.

“Esta é uma área de forte interesse na ESSUA, na qual temos vários projetos financiados e colaborações a decorrer com elevado impacto social,” refere Fernando Ribeiro, professor na ESSUA e investigador no Instituto de Biomedicina (iBiMED) da UA.

O estudo que envolveu a ESSUA no âmbito do Doutoramento em Ciências e Tecnologia da Saúde de Andreia Noites, onde participaram também o Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho e a Escola Superior de Saúde do Porto, envolveu um grupo de pessoas em recuperação de um enfarte do miocárdio, que realizou um programa de exercícios, três vezes por semana, em casa, durante oito semanas.

Depois das informações e aconselhamentos ministrados presencialmente pelos investigadores, a atividade física e os sinais vitais dos doentes, com recurso a dispositivos eletrónicos, foram monitorizados continuamente à distância pela equipa de investigação.

Sem desculpas, doentes dizem «presente»

Sem os entraves dos quilómetros até aos hospitais centrais ou centros clínicos e a restrição dos horários das sessões, os doentes não só aderiram ao programa de exercício físico e educação para hábitos de vida saudáveis proposto como obtiveram excelentes resultados na melhoria da saúde cardiovascular.

“O estudo permitiu demonstrar que na fase IV de reabilitação cardíaca, o exercício no domicílio melhora a capacidade cardiorrespiratória, a frequência cardíaca no pico de esforço e a de recuperação num grupo de doentes que já tinha parado a fase III de reabilitação cardíaca há 9 meses atrás”, assegura Mesquita Bastos.

Ou seja, aponta o cardiologista, “o estudo demonstrou que um programa de exercício efetuado em casa e supervisionado à distância foi capaz de aumentar a tolerância ao exercício ao fim de apenas 8 semanas”. Um ganho que está, naturalmente, associado a um menor risco de mortalidade e a um melhor prognóstico.

Com as fases III / IV da reabilitação cardíaca a serem realizadas em casa de cada um dos doentes, antevê Mesquita Bastos, “é possível abranger uma maior população, incluindo a que se encontra impedida de o fazer pela distância até aos locais dos programas (hospitais, clinicas) e, desta forma, criar uma rede de reabilitação com todo o suporte tecnológico que hoje existe”.

Por outro lado, os custos para o Sistema Nacional de Saúde, diz o cardiologista, serão proporcionalmente menores. De realçar, alerta o especialista, que este tipo de reabilitação “não substitui a reabilitação feita no internamento [fase I] nem na maioria dos doentes a feita logo após a alta [fase II]”.

Tumor
Embora raro, o mieloma múltiplo é o tipo mais comum de tumor das células plasmáticas, estimando-se q

De causa desconhecida, o Mieloma Múltiplo tem origem nas células plasmáticas que se multiplicam de forma anómala na medula óssea, produzindo anticorpos que “em condições normais, nos deveriam proteger de infeções”.

Mais comum entre os 50 e os 70 anos, trata-se de uma doença que atinge ligeiramente mais os homens do que as mulheres e, não raras as vezes, é responsável pelo aparecimento de lesões ósseas.

Apesar de frequentemente assintomática, um dos sintomas mais comuns é o cansaço, relacionado com a presença de anemia. “A grande maioria dos doentes apresenta dores ósseas intensas e persistentes, às vezes com fraturas e muitas vezes com cansaço que não tem explicação óbvia”, começa por explicar Fernando Leal da Costa, especialista em Hematologia Clínica e Oncologia Médica, do IPO Lisboa.

Nos doentes assintomáticos, “o diagnóstico acontece em resultado de análises de rotina que apresentem anemia, insuficiência renal ligeira, cálcio aumentado ou velocidade de sedimentação muito elevada”. Depois de se descobrirem níveis elevados de anticorpos anormais, é realizado um exame da medula óssea que confirma a presença da doença.

De acordo com o especialista, a grande maioria destes doentes não precisa ser tratada. “No caso dos doentes com aumento isolado de anticorpos, as gamablobulinas, ou com mieloma que é indolente, sem nenhuma outra alteração, não há justificação para se iniciar tratamentos”, afirma esclarecendo que estes doentes devem apenas manter a sua condição vigiada.

Entre as principais complicações da doença estão as infeções. “Como é uma doença que envolve a produção anormal de anticorpos, o mais frequente é haver diminuição das defesas e infeções. Também pode haver anemia que os tratamentos podem, paradoxalmente, agravar”, explica o médico. Por outro lado, a patologia pode comprometer o funcionamento dos rins, na sequência da deposição das proteínas anormais que o mieloma produz.

O mieloma múltiplo não pode ser curado, no entanto, existem tratamentos que podem fazer regredir e estabilizar a sua evolução. E embora estejam disponíveis várias opções terapêuticas, como a radioterapia e o transplante de medula óssea, o mais frequente é usar quimioterapia.

“De uma forma geral e simples, digamos que os doentes abaixo dos 70 anos podem fazer quimioterapia complementada com uma intensificação que envolve autotransplantação medular, e os mais velhos com regimes de duração prolongada. Todavia, a tendência atual, com ganhos de sobrevivência, é a de manter o tratamento por vários anos”, explica Fernando Leal da Costa.

O tratamento global de um doente com mieloma múltiplo envolve equipas multidisciplinares, para além do hematologista/oncologista ou radio-oncologista. “Há lugar à intervenção de especialistas no tratamento da dor, psiquiatras e psicólogos, assistentes sociais, estomatologistas, radiologistas, neurocirurgiões, nefrologistas, ortopedistas, só para indicar alguns saberes que podem ser chamados a intervir”, refere o especialista do IPO.

“Claro está, tudo isto sob a indispensável intervenção do enfermeiro oncológico que é um elemento indispensável no acompanhamento de qualquer doente com cancro”, acrescenta referindo ainda a importância do médico de medicina geral e familiar, “quem quase sempre suspeita do diagnóstico”, nestes casos. “Estes especialistas nunca devem ser afastados do acompanhamento regular dos doentes com mieloma e das suas famílias”, afirma.

O desenvolvimento de medicamentos que podem inibir os mecanismos de resistência do cancro ou induzir respostas imunológicas normais contra o das células do mieloma tem sido o principal avanço no tratamento desta doença, nos últimos. No entanto, não é o único que importa destacar. “Os desenvolvimentos mais interessantes estão na esfera dos medicamentos que afetam a genética do plasmócito doente e em anticorpos que podem destruir as células afetadas, ao mesmo tempo que poupam as células normais”, refere acrescentando que, também, no que diz respeito ao controlo da dor e na prevenção e tratamento das infeções “têm havido desenvolvimentos notáveis”. Por isso, para todos os doentes, o especialista deixa uma mensagem de esperança. “… De que a cura está próxima e muita certeza de que é possível viver bem, e durante muito tempo, com esta doença, pesa embora a sua variabilidade enorme”.

Apesar de raro, o mieloma existe e pode ser tratado!

Foto: 
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Universidade de Coimbra
Investigadores da Universidade de Coimbra desenvolveram uma tecnologia “baseada no bater do coração”, de “baixo custo e não...

Uma equipa de investigadores do Departamento de Engenharia de Informática da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) propõe “uma nova abordagem tecnológica baseada no som dos batimentos cardíacos, que permite a monitorização contínua das doenças do coração em casa”, afirma a FCTUC, em comunicado. 

O grupo de investigadores, liderado por Paulo de Carvalho, especialista em informática clínica, desenvolveu, com a colaboração de três médicos, “uma tecnologia de baixo custo e não invasiva, em que o som cardíaco é a chave de acesso a um conjunto de informação necessária para caracterizar e avaliar o funcionamento do coração”, refere a FCTUC.

Basicamente, a partir do som do batimento cardíaco, “obtido com recurso a pequenos sensores, desenvolveu-se um algoritmo [software] que permite extrair automaticamente os denominados tempos sistólicos do coração e estimar o débito cardíaco”, explica, citado pela FCTUC, Paulo de Carvalho.

De acordo com a mesma nota da FCTUC, há dois tempos sistólicos que são fundamentais para a avaliação do estado de saúde do coração: “o período de pré-ejeção (PEP), que funciona como comando para o coração contrair (uma espécie de ‘motor de arranque’), e o período de ejeção – o tempo que o ventrículo esquerdo está contraído para ejetar o sangue para a aorta”.

Com os dados obtidos durante esta dinâmica cardiovascular, a nova tecnologia avalia continuamente a função cardíaca, fornecendo aos cardiologistas o relatório sobre a situação do doente.

Para tal, o sistema integra três componentes, designadamente sensores (que podem ser colocados, por exemplo, no vestuário), um telemóvel (que agrega os sinais provenientes dos sensores) e um servidor (que armazena a informação), explicita a FCTUC.

A grande vantagem desta tecnologia é permitir “o seguimento permanente de vários tipos de patologias cardiovasculares, em particular a insuficiência cardíaca, em ambulatório”, sublinha Paulo de Carvalho.

“Não estamos a inventar informação nova, já que a auscultação sempre foi e continua a ser uma fonte de informação extremamente relevante no diagnóstico e prognóstico médico, sobretudo em cardiologia, apenas encontrámos uma nova solução para fornecer ao clínico informação que ele já percebe”, salienta o investigador.

Ou seja, “descobriu-se uma forma de obter em casa informação que até agora só era possível adquirir no hospital”.

“Com esta tecnologia, o doente tem um acompanhamento constante e de longo prazo no conforto do seu lar”, acrescenta Paulo de Carvalho.

Atualmente, o acompanhamento dos doentes é realizado periodicamente, tipicamente em consultas de seis em seis meses, mas com este tipo de sistemas de monitorização contínua “consegue-se fazer uma correção muito mais fina, evitando que o doente evolua para situações agudas”.

Trata-se de “uma ferramenta valiosa para o prognóstico e diagnóstico, de simples utilização”, assegura ainda o investigador e docente do Departamento de Engenharia Informática da Universidade de Coimbra.

Por isso, conclui a FCTUC, “está-se perante uma tecnologia que pode fazer a diferença na gestão das doenças cardiovasculares, que são a principal causa de morte em todo o mundo”.

A solução – que “está pronta a entrar no mercado, assim a indústria a pretenda implementar” – foi desenvolvida no âmbito do projeto SoundForLife, financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) e testada em doentes internados no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) e em pessoas saudáveis (grupo de controlo).

Serviço Nacional de Saúde
Os doentes internados por motivos sociais ficam em média quase cem dias no hospital, um aumento superior a 40% em relação ao...

Os dados da terceira edição do barómetro promovido pela Associação dos Administradores Hospitalares, a que a agência Lusa teve acesso, foram recolhidos no dia 18 de fevereiro em 33 unidades hospitalares do Serviço Nacional de Saúde e mostram que os internamentos sociais ocupam 5% das camas dos hospitais.

A demora média nacional dos internamentos inapropriados registada pelo barómetro era de 98,4 dias, mais 46% em relação à edição do ano passado, que registava uma demora média de 67,4 dias.

“A demora média dos cerca de mil doentes em internamentos sociais atinge praticamente cem dias, ou seja, teremos doentes que estão mais de três meses a aguardar uma resposta para poder sair do hospital”, refere à agência Lusa o presidente da Associação dos Administradores Hospitalares.

Alexandre Lourenço recorda que, sendo doentes que não precisam de estar internados, são um alvo de risco para as infeções hospitalares e para complicações decorrentes do seu internamento.

“Podíamos estar a dar melhor qualidade de cuidados fora dos hospitais, com menor risco. Mas mantemos a situação porque não há resposta da comunidade”, afirmou.

Por outro lado, a ocupação desnecessária de camas "tem impacto negativo nos tempos de espera para internamentos" e também nos serviços de urgência.

Falta de resposta ou capacidade da rede de cuidados continuados, incapacidade de famílias ou cuidadores e ainda a uma população mais envelhecida são os principais fatores que fazem permanecer este problema dos internamentos por motivos sociais.

Segundo o barómetro, o número de episódios destes internamentos é sobretudo caracterizado por pessoas com mais de 65 anos e que são inicialmente internadas por motivos médicos ou cirúrgicos.

Do total dos internamentos por motivos sociais, quase metade (44%) são pessoas com mais de 80 ano e mais de um terço (36%) estão entre os 65 e os 80 anos.

A proporção de doentes com mais de 80 anos tem vindo a subir ao longo dos três barómetros realizados nos últimos anos (2017, 2018 e 2018), enquanto a percentagem de pessoas entre 65 e os 80 anos se tem mantido sensivelmente igual.

As mulheres predominam nos internamentos sociais, representando 58% do total.

O barómetro da Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares tem feito nos últimos três anos a recolha de dados num dia do mês de fevereiro, com o objetivo de ter dados quantitativos sobre o fenómeno dos internamentos sociais.

Barómetro
Cerca de mil camas dos hospitais públicos estão diariamente ocupadas por internamentos sociais, pessoas que não precisariam de...

A terceira edição do barómetro de internamentos sociais promovida pela Associação de Administradores hospitalares, a que a agência Lusa teve acesso, detetou num só dia de fevereiro deste ano 829 camas ocupadas com internamentos inapropriados, num universo de 33 unidades, quase 70% dos hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Em declarações à agência Lusa, o presidente da Associação dos Administradores Hospitalares, Alexandre Lourenço, refere que os números reais de todos os hospitais facilmente ultrapassam os mil doentes em internamentos sociais por dia.

A falta de resposta da rede nacional de cuidados continuados integrados e a incapacidade dos familiares ou cuidadores receberem o doente são as principais razões para estes internamentos. São pessoas sobretudo a partir dos 65 anos, com grande predominância para pessoas com mais de 80 anos.

As camas ocupadas com internamentos por motivos sociais correspondem a cerca de 5% de todas as camas disponíveis no SNS, tendo um impacto financeiro estimado de mais de 83 milhões de euros por ano, podendo mesmo chegar aos 100 milhões de euros.

As 829 camas detetadas este ano em 33 hospitais ocupadas por motivos sociais são menos do que na anterior edição do barómetro, em 2018, mas em relação à proporção de doentes internados o valor mantém-se praticamente na mesma.

Alexandre Lourenço indica que os dados deste ano “vêm em linha com as duas edições anteriores do barómetro de internamentos sociais”, o que mostra que “não houve uma evolução favorável nesta problemática dos internamentos apropriados”.

Apesar de mais camas nos cuidados continuados, continuam a ser insuficientes e há problemas de ligação entre os hospitais e as respostas no exterior.

O presidente da Associação dos Administradores Hospitalares sublinha o impacto financeiro destes internamentos, avisando que os cerca de 100 milhões que representam de encargos para o Estado são “na prática um desperdício do sistema de saúde”.

“Podíamos usar esse dinheiro em respostas extra-hospitalares e a dar melhor qualidade de cuidados às pessoas”, sustentou.

Mais de metade dos casos de internamentos sociais concentra-se nas regiões do Norte (com 37%) e em Lisboa e Vale do Tejo (41%).

O barómetro de internamentos sociais, que vai na terceira edição, é uma iniciativa da Associação dos Administradores Hospitalares, com apoio da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna e de uma consultora.

Investigação
Investigadores chineses analisaram os efeitos da ingestão de uma mistura de proteína de soro de leite sobre a absorção de...

Pacientes com leucemia aguda apresentam frequentemente sintomas de desnutrição proteico-energética e diminuição da massa muscular. Foi demonstrado que a ingestão de uma mistura de proteína de soro de leite de soja promove a síntese de proteína muscular.

Os cientistas tiveram como objetivo testar a eficácia desta suplementação na melhoria do estado de desnutrição proteico-energética e massa muscular de pacientes com leucemia aguda antes destes serem submetidos a um transplante de células estaminais.

Os investigadores testaram a sua hipótese em 24 pacientes aleatoriamente designados para consumir uma dieta natural com suplementação de soro de leite de soja ou para consumirem apenas uma dieta natural.

Os dados mostraram que a ingestão de proteína e energia de todos os 24 participantes diminuiu significativamente após o transplante.

No grupo que consumiu uma dieta sem suplementação, foi observada uma redução significativa nos indicadores relacionados ao músculo (isto é, variáveis ​​antropométricas, força muscular e proteína sérica) em mais de 50% dos pacientes.

Por outro lado, 66% dos pacientes que ingeriram o soro de soja antes do transplante exibiram aumentos significativos na área muscular do braço.

O valor do poder de preensão também foi significativamente maior no grupo que consumiu o suplemento.

A suplementação com soro de leite de soja também aumentou os níveis de albumina sérica, globulina e proteína total sérica em graus variados.

Com base nestas descobertas, os investigadores concluíram que a suplementação de proteína de soro de leite de soja pode melhorar o status desnutrição proteico-energética e a massa muscular de pacientes com leucemia.

Direção Geral da Saúde
Os profissionais de saúde avaliaram, em 15 meses, os níveis de atividade física de cerca de 64 mil utentes e emitiram 14 mil...

Desde o final de 2017, foram implementados nos sistemas informáticos de apoio às consultas no Serviço Nacional de Saúde, com especial foco nos cuidados de saúde primários, várias ferramentas de apoio à avaliação do nível de atividade física e consequente aconselhamento à sua promoção.

“O conjunto de ferramentas disponibilizadas pretende facilitar o aconselhamento para a promoção da atividade física em adultos (incluindo os idosos), adiantou a diretora do Programa Nacional de Promoção da Atividade Física (PNPAF), Marlene Nunes Silva, numa resposta escrita à agência Lusa a propósito do Dia Mundial do Exercício Físico, que se assinalou no passado sábado.

Segundo dados avançados por Marlene Nunes Silva, foram avaliados 63.817 utentes, entre setembro de 2018 e final de dezembro de 2018.

“Na sequência da avaliação, 5.443 utentes receberam, por parte do seu médico, aconselhamento breve para a promoção da atividade física, com recurso à emissão de ferramentas digitais (guias de atividade física) especificamente desenvolvidas de acordo com o mais moderno estado da arte a este nível”, adiantou.

O registo da avaliação de atividade física destes utentes foi realizado por cerca de 5.000 profissionais de saúde, um número que a diretora do PNAF considerou “expressivo”.

Marlene Nunes Silva sublinhou que este primeiro serviu de implementação piloto das ferramentas ao nível dos sistemas informáticos, não tendo, propositadamente, sido feita qualquer divulgação.

Neste sentido, afirmou, “o número expressivo de profissionais que usaram a ferramenta de avaliação é um franco assinalar do interesse nesta área”, salientou.

“Além do mais, se considerarmos o número total de utentes avaliados ao longo deste período foi possível verificar que o número de utentes avaliados na segunda metade, duplicou face à primeira metade deste período”, salientou Marlene Nunes Silva.

A ferramenta de avaliação está incluída no sistema de apoio à consulta nos cuidados de saúde primários e o profissional de saúde, tal como regista o peso, a altura, a pressão arterial e outros dados, coloca questões para avaliar quantas vezes por semana e durante quanto tempo o utente fez atividade física moderada a vigorosa e teve comportamentos sedentários.

Os instrumentos utilizados incluem instrumentos baseados em sólida evidência científica que podem ser disponibilizados ao utente, sem consumir tempo vital de consulta, uma vez foram desenvolvidos para serem autoexplicativos e, mesmo na ausência de aprofundado enquadramento durante a consulta, poderem ser explorados e experimentados livremente, em autonomia.

Estatísticas
Os acidentes vasculares cerebrais e as doenças oncológicas são as patologias que mais afetam os portugueses, sendo consideradas...

De acordo com os dados mais recentes do Ministério da Saúde e do Instituto Nacional de Estatística, as doenças do aparelho circulatório representam quase 30% do total da mortalidade em Portugal, enquanto os tumores malignos representam 25%.

Contudo, as doenças cerebrocardiovasculares apresentam uma tendência de descida na mortalidade, enquanto as doenças oncológicas têm tido “um aumento muito significativo entre a população portuguesa”, como referido no documento “Retrato da Saúde 2018” disponível no Portal do SNS.

Os tumores malignos contribuíram para mais de 27.500 mortes em 2017, surgindo como segunda causa, com um aumento de 0,5% em relação ao ano anterior.

Segundo o relatório do Instituto Nacional de Estatística (INE) sobre as principais causas de morte, divulgado no início deste ano com dados de 2017, as doenças do aparelho circulatório foram responsáveis por cerca de 32.300 mortes, uma redução de 1,3%.

Um dos fatores de risco para a doença cardiovascular é a hipertensão, que afeta mais de um terço da população entre os 25 e os 74 anos, segundo dados do Inquérito Nacional de Saúde com Exame Físico promovido pelo Instituto Nacional de Saúde (INSA).

Também a obesidade surge como um dos fatores de risco com mais peso nas doenças em Portugal. O mesmo inquérito do INSA mostrou que 28,7% dos portugueses adultos têm obesidade e que, entre as crianças, mais de 30% apresentaram excesso de peso, apesar de este número ter diminuído nos últimos oito anos.

Em termos de indicadores globais de saúde, a esperança média de vida continua a aumentar em Portugal, situando-se nos 80,8 anos no período entre 2015 e 2018: 77,7 anos para os homens e 83,4 para as mulheres.

Isto significou um ganho de 1,6 meses para os homens e de um mês para as mulheres, quando comparado com o período de 2014 a 216, segundo o relatório anual do acesso ao SNS de 2017, o último que foi publicado.

Os dados do INE indicam que, numa década, houve um aumento de 2,3 anos de vida para o total da população.

Também no que respeita à esperança média de vida aos 65 anos, 2017 registou até agora o “valor mais elevado de sempre”, com 19,45 anos de vida a partir dos 65 para o total da população.

O aumento da esperança de vida foi um dos indicadores destacados nas comemorações em Portugal do Dia Mundial da Saúde, que decorreram na sexta-feira em Lisboa.

Num vídeo documental transmitido na sessão promovida pelo Ministério da Saúde, o papel da vacinação surgiu destacado como contribuindo para o aumento da esperança de vida e redução da mortalidade.

Em Portugal, são vacinadas 97% das crianças entre o primeiro e o segundo ano de vida e só em 2018 foram vacinadas pela primeira vez mais de 83 mil crianças.

O Dia Mundial da Saúde deste ano teve como tema a cobertura universal de saúde.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), isso significa que todos os cidadãos em qualquer parte do mundo devem ter acesso a serviços de saúde de qualidade sem sofrerem constrangimentos financeiros.

Contudo, pelo menos metade da população mundial não tem acesso a uma cobertura total de serviços de saúde essenciais.

Dados da OMS mostram também que há 100 milhões de pessoas arrastadas para a pobreza extrema por terem de pagar por cuidados de saúde.

Os indicadores oficiais estimam ainda que cerca de 800 milhões de pessoas, correspondendo a 12% da população mundial, gastem pelo menos 10% do seu orçamento familiar para ter acesso a cuidados de saúde.

Opinião
O exercício físico é sem dúvida uma das rotinas que apareceram nos nossos dias cujas vantagens darão

Quando nos deslocamos ao Parque da Cidade no Porto ou na Foz, temos o grato prazer de ver muita gente a correr, andar de bicicleta ou simplesmente a caminhar. Estão de facto os hábitos das pessoas a modificar e as autarquias têm um papel fundamental nesse incentivo, criando espaços, passeios e ciclo vias adequadas.

Como médicos, sentimos que os nossos apelos diários aos doentes valem o esforço e a insistência, ou seja, a mensagem está a passar...

Quem se lembra há cerca de 20 anos ver nas ruas das grandes cidades provas de atletismo com milhares de pessoas, a grande maioria atletas de “ocasião”? Ninguém. Estas realizações sucederam-se nos últimos anos, criando nas pessoas rotinas saudáveis, que levam sem dúvida a uma melhoria da saúde individual e colectiva. Muitos são os benefícios da atividade física regular, pois geram-se rotinas de exames médicos de aptidão desportiva com as enormes vantagens de rastrear doenças e também preveni-las, rastreios de nutrição, etc.

Muitos jovens trocaram rotinas de frequentar cafés por pavilhões desportivos, campos de futebol, etc.

O exercício físico é sem dúvida uma das rotinas que apareceram nos nossos dias cujas vantagens darão certamente frutos na qualidade de vida e longevidade das populações. Daí a lógica que se comemore o Dia Mundial da Atividade Física como baluarte de uma vida saudável física e psíquica.

Professor Doutor Paulo Amado
Médico Especialista de Ortopedia e Traumatologia
Professor Doutor em Medicina e Cirurgia
Mestre em Medicina Desportiva
Diretor Clínico da CLÍNICA MÉDICA DA FOZ – PORTO
Coordenador da Unidade de Medicina Desportiva e Artroscopia Avançada do HOSPITAL LUSÍADAS - PORTO
Vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina e Cirurgia do Pé
Membro do Council Europeu do Pé - EFAS  

Foto: 
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Opinião
Se as despesas do Sistema Nacionalidade de Saúde (SNS), não forem controladas corremos o risco da In

O crescimento económico em Portugal é cada vez mais débil, a despesa cresce assustadoramente e a gestão pública tornou-se uma tentação para grande parte dos gestores que muitas vezes não são capazes de promover medidas ajustadas às necessidades inerentes dos programas necessários para manter a vitalidade do Sistema Nacional de Saúde sem prejuízo de prestar a assistência necessária para cuidar com qualidade os doentes e garantir à população os recursos vitais de um sistema para o qual a comparticipação do Estado continua a ser imprescindível, tendo em conta a realidade existente no nosso País.

Em termos genéricos é fundamental encontrar a forma mais adequada para manter a capacidade de pagar os cuidados de saúde que pretendemos ter.

Em qualquer circunstância, a discussão de sustentabilidade implica sempre pensar no quanto estamos dispostos a sacrificar de outros consumos públicos menos importantes para os aplicar na prestação do bem essencial que os cuidados de saúde exigem.

Quatro pilares então envolvidos no sistema: financiamento disponível, prestação de um serviço de qualidade, cuidados de saúde necessários, população abrangida.

Quanto ao financiamento devemos analisar se o PIB disponibilizado para o Serviço Nacional de Saúde é proporcional e se consegue garantir os custos essenciais, acresce ainda saber  se não existem alternativas para diminuir a despesa pública noutros setores que permitam ficar com uma distribuição financeira  que permita uma Sociedade mais justa.

A sustentabilidade financeira, isto é, a capacidade de pagar os cuidados de saúde  não pode ser separada da capacidade económica da realidade do rendimento disponível da cada um dos cidadãos.

Isto traduz que antes de fazer qualquer restruturação ou restrição do Investimento financeiro o Estado terá que analisar e ter a perceção do que será necessário abdicar  “algo”  face ao crescimento previsível das despesas em saúde, em que o indicador universal (que não existe) e as afirmações que se fazem, sejam alicerçadas em dados credíveis e que não sejam mantidas por “impressões”  de um único indicador: despesa pública em saúde/ PIB.

Em primeiro lugar há necessidade de fazer um levantamento exaustivo sobre a distribuição da despesa pública em saúde e a rentabilidade dessa mesma aplicação.

Importa conhecer a realidade e iniciar o caminho da responsabilização dos gastos e da gestão danosa dos bens públicos.

Ter noção exata do Rácio Despesa publica em Saúde / PIB (em %).

Esta será a base para discutir a sustentabilidade financeira do Sistema Nacional de Saúde adaptada às taxas de crescimento económico.

Não podemos alterar o padrão da sustentabilidade financeira, sem atuar sobre as taxas de crescimento.

As Administrações Públicas têm a obrigação de conhecer estas realidades para poderem adaptar o crescimento das transferências do Orçamento do Estado adaptado à evolução das necessidades e das concretas capacidades de cada um dos utilizadores do Sistema Nacional de Saúde.

Pensar que a maioria dos portugueses que vivem em fragilidade económica, para conseguirem manter o custo das despesas vitais de sobrevivência,  terão capacidade de suportar os custos individuais das despesas necessárias à manutenção da sua saúde é uma ilusão.

Professora Antonieta Dias - especialista em Medicina Geral e Familiar no Hospital Lusíadas Porto

Foto: 
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Dados INE
Mais de um terço das consultas médicas hospitalares em 2017 foram realizadas nos hospitais privados, que fizeram mais 300 mil...

Dos 19,8 milhões de consultas externas feitas em Portugal em 2017, os hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) asseguraram 65,1%, mais um ponto percentual do que tinha ocorrido no ano anterior.

O crescimento das consultas foi mais expressivo nos hospitais privados, com um aumento de 4,5%, que representa um acréscimo de 300 mil consultas em relação a 2016.

O INE salienta que o aumento das consultas hospitalares feitas no setor privado representou quase 80% do aumento registado entre 2016 e 2017.

Os dados estatísticos - divulgados a propósito do Dia Mundial da Saúde, que se assinala no domingo - mostram ainda que em 2017 “continuou a aumentar o número de médicos e de enfermeiros”.

Contudo, os dados do INE não permitem especificar o crescimento destes profissionais nos hospitais do SNS.

Em 2017 estavam ao serviço de todos os hospitais cerca de 25 mil médicos, sendo que 87% (cerca de 22 mil) exerciam em unidades do SNS.

Do total dos médicos, mais de 28% eram profissionais a realizar o internato.

Quanto aos enfermeiros, trabalhavam em 2017 nos hospitais portugueses cerca de 41 mil, quase 90% em hospitais públicos.

Também o registo de profissionais médicos e de enfermagem nas Ordens voltou a aumentar, um crescimento de 3,4% e de 3% respetivamente.

O número de farmácias também cresceu de 2016 para 2017, com mais 33 estabelecimentos, passando a um total de 2.925 farmácias e 193 postos farmacêuticos.

Apesar do crescimento, manteve-se em 0,3 o número médio de estabelecimentos farmacêuticos por mil habitantes.

 

Eurostat
Os portugueses não consideram estar em boa saúde. Pelo menos é esta a conclusão de um estudo europeu, que demonstra que menos...

De acordo com o gabinete estatístico europeu, a Letónia (44,2%) apresentou a menor taxa de pessoas com mais de 16 anos que disseram sentir-se de muito boa ou boa saúde, seguindo-se a Lituânia (43,9%) e Portugal (48,9%).

No extremo oposto, a Irlanda (83,3%), Chipre (78,1%) e Itália (77,0%) apresentaram as maiores taxas de cidadãos que consideram estar de muito boa ou boa saúde.

Em Portugal, foram mais os homens (54,0%) do que as mulheres (44,4%) com mais de 16 anos que disseram ser saudáveis.

No conjunto da UE, dos inquiridos que consideraram estar de muito boa ou boa saúde, 72,3% foram homens e 67,3% mulheres.

 

Opinião
Combater o sedentarismo, “ser e estar” fisicamente ativo é uma das opções de vida mais relevantes do

Portugal é um país envelhecido. Somos 10,3 milhões de habitantes (concentrados nas zonas urbanas e litorais), com um decréscimo sentido da população. Este decrescimento deriva, essencialmente, de o número anual de mortes ser maior do que os nascimentos, mas também porque, nos últimos anos, tem havido um número crescente – felizmente a diminuir – dos portugueses que emigram.

Olhando para a média de idades, 21 por cento dos portugueses têm 65 ou mais e só 14 por cento tem menos de 15 anos. Há já um milhão de portugueses com 75 ou mais anos. Sim, hoje somos menos, mas vivemos mais (a esperança de vida é superior a 80 anos), e é aqui que temos de confrontar as nossas opções de vida e de saúde, responsavelmente e assumidamente. A saúde é demasiado importante para ficar só nas mãos dos médicos e dos restantes profissionais. A Saúde é de todos!

É por isso que a atividade física tem um papel decisivo no bem-estar das populações. Nas nossas vidas, somos capazes de confirmar que os nossos comportamentos são cada vez menos ativos. No trabalho estamos muito tempo sentados, em casa o comando da televisão ou as novas tecnologias dominam o nosso estar, nas escolas não há ginásios, e os recreios são novos “centros de smartphones” e obituários de brincadeiras ativas. E, depois, os números estão aí: cerca de 10 por cento da mortalidade prematura está associada ao sedentarismo e à inadequação da atividade regular desejável. Como resultado, aumenta a obesidade, acumulam-se as doenças relacionadas, direta ou indiretamente, com o sedentarismo, e agravam-se os custos de saúde que podem estar associados ao absentismo e à redução da produtividade.

A Organização Mundial de Saúde recorda que, num país com cerca de 10 milhões de habitantes, em que 50 por cento da população é insuficientemente ativa, o custo anual do sedentarismo atinge os 900 milhões de euros, ou seja, 9 por cento do orçamento do Ministério da Saúde português. E não estamos a ser pessimistas. Em Portugal, de acordo com o Eurobarómetro de 2017, apenas 5 por cento dos portugueses com 15 anos ou mais praticavam regularmente exercício ou desporto, e também só 5 por cento declarou que fazia, habitualmente, outras atividades físicas, como andar de bicicleta. E muitos mais números existem para descrever a realidade de que os portugueses se tornaram, inconscientemente, “treinadores de bancada”.

Mas esta realidade pode mudar. Ser ativo e persistente é, no início, escolher uma atividade que goste, que esteja adaptada à sua vida e ao momento que melhor lhe aprouver. Há várias maneiras de atingir a quantidade certa de exercício que, inicialmente, deve ser moderado. Todas as pequenas atividades contam. Fazer alguma coisa é melhor que não fazer nada. Comece por fazer o que for capaz, depois tente melhorar, progressiva e continuamente. Não desista, mas se for sedentário, comece devagar e depois vá aumentando o tempo e a frequência da atividade física.

Há muitas maneiras de atingir a quantidade certa de exercício (mais ou menos 150 minutos de atividade moderada semanal). Caminhar é, normalmente, uma boa opção: nas primeiras duas semanas, 10 a 15 minutos por dia e, depois, vá juntando mais tempo e mais dias na semana, com caminhadas progressivamente maiores. Aí já poderá acelerar e fazer caminhadas mais enérgicas. Ou diversificar, como por exemplo ensaiar passeios de bicicleta aos fins de semana. E não se esqueça de incluir a família e os amigos.

Tenha em atenção que alguns dos benefícios em saúde, que são muitos, começam a sentir-se imediatamente (não todos, claro), após o exercício, e é por isso que mesmo episódios curtos ou pequenos de atividade física são benéfico e ocorrem tanto em homens como em mulheres, crianças e jovens, adultos mais velhos, ou pessoas com doenças ou deficiências crónicas.

Lembre-se que o mais importante é mover-se mais e sentar-se menos, pela sua saúde.


Dr. Pedro Marques da Silva - Internista e Coordenador do NEPRV

Fonte: 
Foto: 
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Saúde Oral
A propósito do Dia Mundial da Atividade Física, que se assinala amanhã, dia 06 de abril, João Carlos Ramos, médico dentista do...

“Os desportos de contacto que não usam regularmente protetores bucais para prevenção, como basquetebol, futebol ou andebol são os que têm uma prevalência de traumatologia oral maior. Mas também outros desportos, mesmo praticados a nível amador ou simplesmente de lazer, como por exemplo andar de bicicleta, skate, trotinete, desportos aquáticos, etc. podem estar associados a lesões de traumatologia oral,” refere o médico dentista. E acrescenta: “Estes são os desportos que originam maiores ocorrências de traumatologia porque são praticados por crianças, jovens e adultos que não usam qualquer tipo de protetor bucal.”

De forma a evitar a traumatologia oral na prática de desporto existem alguns cuidados preventivos a ter, João Carlos Ramos explica quais:

Em primeiro lugar, todos os desportistas devem consultar o médico dentista para avaliação do seu estado de saúde oral e, no caso de serem portadores de fatores de risco intrínseco, proceder aos tratamentos dentários necessários;

Em segundo lugar, deve-se usar protetores bucais adequados ao tipo e intensidade do desporto de cada praticante.  A extensão, espessura, desenho e material de confeção varia em função do risco do desporto. Tal como a utilização, ou não, de aparelhos ortodônticos que também vai influenciar o tipo de protetores bucais a usar;

Por último, não se devem comprar protetores bucais standart ou adaptáveis em centros comerciais e em plataformas online. Os protetores bucais devem ser totalmente individualizados e confecionados pelos profissionais de saúde oral.

No caso de ocorrência de um traumatismo oral, ainda que parcial, deve sempre ser consultado um médico dentista para um correto diagnóstico e tratamento. Além dos danos físicos e imediatos, podem existir outros tipos de consequências a médio e longo prazo. “A literatura documenta que, principalmente as crianças e adolescentes que sofrem acidentes traumatológicos orais, que implicam tratamentos complexos e demorados, não, ou incorretamente, resolvidos padecem frequentemente de problemas emocionais e sociais.”

 “Mesmo no que respeita aos danos físicos é importante referir que, por vezes, os mais importantes nem sempre são aqueles que ocorrem de imediato no momento do traumatismo. Algumas complicações, mais complexas, podem ocorrer apenas a médio e longo prazo (muitos anos depois), pelo que o controlo regular anual do paciente é de crucial importância. Quanto mais cedo se diagnosticar as complicações mais possibilidades existem de implementar um tratamento com sucesso. Importa referir que, como em muitas outras áreas, o preço da prevenção é significativamente mais baixo que os custos dos tratamentos quando necessários”, conclui o especialista da BQDC. 

Páginas