Doença neurodegenerativa
A doença de Alzheimer é a principal causa de demência a nível mundial, estimando-se que haja mais de
Idosa em cadeira de rodas

O que é a demência de Alzheimer?

É uma doença neurodegenerativa de evolução progressiva que afeta a memória, capacidade de raciocínio e comportamento, levando a uma dificuldade em executar as tarefas do dia-a-dia nos estádios mais avançados. Esta demência foi descrita pela primeira vez em 1906 por Alois Alzheimer.

Quais são os sintomas de demência de Alzheimer?

Geralmente, o primeiro sintoma da doença são alterações da memória. Estas alterações agravam progressivamente e, numa fase mais avançada, ocorre também outros sintomas cognitivos, como confusão, desorientação em locais familiares, alteração da personalidade e humor, dificuldades no planeamento de tarefas, tomada de decisões, locomoção e fala.

Qual a importância da doença no mundo e, particularmente, em Portugal?

De acordo com dados da OMS estima-se que o número total de doentes a nível mundial ultrapasse os 25 milhões, prevendo-se que, com o envelhecimento demográfico, este número triplique até 2050. Em Portugal, o número de pessoas com demência ronda os 180 000, dos quais 50 a 70% têm DA. 

O que causa a demência de Alzheimer?

As causas da DA são ainda mal conhecidas. Admite-se que esta resulte de uma combinação de fatores genéticos e ambientais, identificando-se alguns factores que se associam a um risco aumentado de DA. Os fatores ‘não-modificáveis’ são: idade superior a 65 anos (o mais importante), género feminino e ter um parente em 1º grau com DA. Os factores ‘modificáveis’, mais importantes pois a sua correção pode minimizar o risco da doença, incluem: alteração do sono (apneia obstrutiva do sono), depressão, baixo nível de escolaridade e condições ou doenças que causam doença vascular: hipertensão arterial, o tabagismo, a diabetes, a obesidade e o sedentarismo.

Qual a importância da hereditariedade?

Sabe-se que ter familiares com DA aumenta um pouco o risco de desenvolver a doença. São raras (<3%) as formas de DA por transmissão hereditária de um único gene. Nestes casos a doença manifesta-se mais precocemente (antes dos 65 anos), têm habitualmente uma evolução mais rápida e é possível identificar outros casos na família com as mesmas características.

Como se faz o diagnóstico?

O diagnóstico é feito com base na avaliação clínica (incluindo a história familiar e sintomas), na avaliação formal das funções cognitivas (avaliação neuropsicológica) e no resultado de alguns exames, nomeadamente a TAC e/ou a Ressonância magnética do crânio. Em alguns casos pode ser útil a realização de exames mais diferenciados como a pesquisa de marcadores no líquido cefalo-raquidiano ou recorrer a cintigrafia cerebral – ex. SPECT ou PET.

Quais são os tratamentos disponíveis?

Os tratamentos atualmente disponíveis (donepezilo, rivastigmina, galantamina e memantina) atenuam os sintomas associados à doença e permitem melhorar a qualidade de vida dos doentes. Embora não exista ainda cura para a DA, nos últimos anos tem vindo a ser desenvolvida uma intensa investigação para encontrar fármacos capazes para interromper ou atenuar o processo degenerativo a nível cerebral.

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As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Doença Pulmonar
Falta de ar, tosse seca e persistente e menor resistência física ou cansaço constante são os princip

Ainda pouco conhecida, estima-se que a Fibrose Pulmonar Idiopática afete cerca de um milhão de pessoas em todo o mundo, o que a torna uma patologia relativamente rara.

De natureza progressiva, esta doença apresenta, no geral, um mau prognóstico, situando-se a sua taxa de sobrevivência nos 3 a 5 anos. Contudo, embora a história natural da Fibrose Pulmonar Idiopática seja altamente variável, alguns doentes apresentam um declínio rápido da função pulmonar e o óbito ocorre entre 6 a 12 meses após o diagnóstico.

Sem cura, o tratamento tem como objetivo abrandar a progressão da doença e dar mais anos de vida aos doentes.

As causas e os sintomas da FPI

A Fibrose Pulmonar Idiopática é a forma mais comum de pneumonia intersticial idiopática, caracterizando-se pela cicatrização progressiva do tecido pulmonar.

À medida que a doença progride, esta cicatrização vai-se espalhando pelos pulmões, tornando-os menos flexíveis dificultando a respiração. Uma vez danificados, os pulmões já não recuperam e são incapazes de exercer as suas funções.

Embora se desconheçam as causas para a Fibrose Pulmonar Idiopática, a sua incidência parece estar associada ao envelhecimento e admite-se que o tabagismo seja um importante fator de risco.

Uma vez que a fibrose pulmonar interfere com a elasticidade do tecido pulmonar dificultando as suas funções, os sintomas mais comuns são a tosse e a dificuldade respiratória. Numa fase inicial, a falta de ar pode ser sentida apenas durante a prática de exercício físico.

Em fase mais avançadas, o doente pode ter dificuldades a subir escadas ou a caminhar na rua. Sendo a falta de ar notória nestes casos, faz-se acompanhar por uma menor resistência física e/ou cansaço extremo o que condiciona não só o dia-a-dia do doente como a sua qualidade de vida.

No entanto, esta doença apresenta uma progressão variável: enquanto alguns doentes podem apresentam sintomas ligeiros durante anos, outros podem ver a sua condição piorar rapidamente.

O seu diagnóstico é feito mediante a realização de exame clínico, com recurso a radiografia torácica e/ou Tomografia computadorizada, bem como através de Testes de Função Pulmonar.

Quando não é possível confirmar a doença com os exames anteriores, é necessária a realização de biopsia pulmonar.

Tratamento destinado ao alívio dos sintomas

Tratando-se esta de uma doença irreversível, o tratamento tem como objetivo abrandar a progressão da doença e o alívio dos sintomas.

Após o diagnóstico, o médico pode indicar a utilização de medicamentos antifibróticos que, embora não curem a doença, permitem desacelerar o declínio da função pulmonar ao atuarem sobre a formação de fibroblastos.

Por outro lado, os doentes podem ser aconselhados a entrar num programa de reabilitação pulmonar concebido para melhorar a sua qualidade de vida. Este programa inclui um plano de exercícios, treino e educação que ajudam o doente na gestão diária dos sintomas. Exemplo disso é que a reabilitação pulmonar/respiratória, além de ajudar a diminuir a falta de ar, reduz o número de exacerbações, aumenta a resistência ao exercício e promove o bem-estar.

Alguns doentes podem ter de recorrer a terapia com oxigénio – a Oxigenoterapia - com o objetivo de reduzir a dispneia.

Atualmente o transplante pulmonar é a única cura para a Fibrose Pulmonar Idiopática. No entanto, nem todos os doentes estão elegíveis para este procedimento. Além de complexo (uma vez que envolve bastantes riscos e é necessário que o doente apresente um bom estado de saúde), é necessário encontrar um dador compatível,  o que pode demorar anos.

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Opinião
No último congresso da Sociedade Andaluza de Oncologia Médica, apresentamos o poster Impacto clínico

O nosso objetivo tem sido avaliar o impacto da aplicação desses testes genómicos na prática clínica de rotina, determinando a frequência na deteção de alterações moleculares, a percentagem de doentes que recebem terapia personalizada em função desses resultados e o impacto na sobrevida livre de progressão.

No total, foram recolhidos dados de 51 doentes tratados por Oncoavanze nos hospitais Quirónsalud, em Sevilha, entre dezembro de 2015 e maio de 2019, com idade média de 58 anos. 53% dos doentes encontrava-se sem sintomas, com boa qualidade de vida (ECOG 1) e receberam entre uma e três linhas de tratamento (71%). Por outro lado, os tipos de cancro mais analisados foram cancro de mama (19%), carcinoma de origem desconhecida (17%) e tumores ginecológicos (16%).

Graças ao uso de NGS, foram detetadas mutações em 80% dos doentes. O pacote NGS combinado com o estudo da OncoDNA foi realizado em 38 dos 51 doentes, o que aumentou o número de doentes com alterações acionáveis (95%) e até 82% deles poderiam receber tratamento de acordo com as recomendações do estudo.

Através deste trabalho, pudemos verificar que a taxa de resposta nos doentes que receberam terapia personalizada com base nos resultados do estudo molecular foi claramente maior do que naqueles que receberam um tratamento padrão (50% versus 17%). Objetivando também um aumento na sobrevida livre de progressão, que em alguns casos chegou a 12 meses.

Fundamentalmente, a investigação veio confirmar que as técnicas de NGS na prática clínica nos permitem um conhecimento mais profundo da biologia do tumor, melhorando esses resultados com estudos mais completos em combinação com o IHQ, com os quais alcançamos uma melhor caracterização molecular. Tudo isso nos permitirá fazer recomendações para tratamentos personalizados com maior eficácia para o doente.

Essas são técnicas de diagnóstico genético de última geração que permitem obter um perfil genómico de todo o tumor, economizando tempo e quantidade da amostra, o que permite iniciar o tratamento mais adequado no momento certo com cada doente, melhorando assim as perspetivas de sobrevivência e sua qualidade de vida.

Realizamos estudos moleculares de NGS e IHQ há anos com a OncoDNA, uma empresa belga com subsidiária em Espanha. Com a sua ajuda, utilizamos essa ferramenta para detetar mutações e todos os tipos de alterações genómicas ao nível do ADN, ARN e proteínas nos diagnósticos em que há possibilidades de uso de terapias direcionadas ou em tumores com uma evolução mais agressiva.

Por exemplo, tivemos um doente com carcinoma urotelial agressivo que, graças ao resultado do imunograma que inclui a análise de PD-L1, CD8, carga mutacional do tumor, etc, conseguimos administrar tratamento com imunoterapia para uso compassivo (antes de termos a indicação para o seu uso nesta patologia em Espanha) com o qual ele obteve uma resposta completa do tumor, melhorando significativamente a sua qualidade de vida e sobrevivência.

Num outro doente diagnosticado com carcinoma de origem desconhecida, fomos capazes de determinar a origem do tumor graças ao estudo molecular, juntamente com o IHQ e, assim, determinar a sensibilidade e resistência ao medicamento. Com base nesses resultados, a decisão terapêutica foi modificada, fornecendo ao doente um quimioterápico único, em vez de uma combinação de vários medicamentos, obtendo assim uma resposta completa à doença, evitando os efeitos secundários que causariam um tratamento mais intensivo.

Também podemos destacar o caso de outra doente acometida por carcinoma metastático da mama que apresentou evolução torácica. Após a realização do estudo genómico, detetamos uma mutação no BRCA que não havia sido objetivada por outras técnicas menos avançadas, o que nos permitiu administrar um novo tratamento direcionado, obtendo uma regressão parcial da doença e uma melhora significativa na sua qualidade de vida.

São casos reais que mostram que os estudos genómicos são ferramentas úteis para o oncologista, das quais, pouco a pouco, mais doentes vão beneficiar. E é o surgimento de novas fórmulas que dão uma imagem mais completa da evolução do tumor e seu comportamento, vendo-o de uma forma global do ponto de vista molecular, o que nos permite caracterizar os tumores de maneira muito detalhada. Tudo isso nos permitiu desenvolver novas terapias personalizadas com maiores oportunidades de sucesso.

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Carta Aberta
Aumentar a consciencialização para a Esclerose Múltipla (EM) e o acesso aos medicamentos inovadores, capazes de travar a...

Com apresentação esta quinta-feira, em Lisboa, na sede da Sociedade Portuguesa de Esclerose Múltipla (SPEM), a carta inclui vários princípios que pretendem assegurar que os portugueses que vivem com esta doença neurológica crónica, inflamatória e degenerativa, que afeta todos os aspetos da vida da pessoa desde o seu diagnóstico, de forma permanente e progressiva, tenham assegurados os seus direitos enquanto cidadãos.

“É muito importante que os doentes com EM tenham acesso aos medicamentos inovadores, que estabilizam a doença e permitem uma maior qualidade de vida, não só para quem tem o diagnóstico, mas para todos aqueles que os acompanham. Esse é um dos pontos da carta, ao qual se juntam outros, que pretendem tornar mais fácil a vida de todos”, afirma Alexandre Guedes Silva, presidente da SPEM.

“Ainda esta semana foram apresentados resultados muito importantes com diversos medicamentos, num Congresso internacional de Esclerose Múltipla (ECTRIMS), que infelizmente ainda não estão disponíveis para os doentes portugueses. Há estudos que mostram, por exemplo, que é possível manter autonomia e adiar a utilização de cadeira de rodas, se os tratamentos adequados forem utilizados desde o início da doença. Isto tem um impacto muito significativo na vida das pessoas e das suas famílias. Temos de assegurar que os doentes portugueses têm acesso a estes tratamentos”, refere ainda Alexandre Guedes da Silva.

 

Em remissão
O Henrique, uma criança portuguesa, com 4 anos de idade, encontra-se em remissão de anemia aplástica grave após transplante...

Previamente à transplantação, o Henrique que se encontrava hospitalizado no Hospital Pediátrico Dona Estefânia foi transferido para o IPO e submetido a quimioterapia e outros tratamentos. Após a infusão das células estaminais do sangue do cordão umbilical verificou-se uma rápida recuperação das contagens de glóbulos brancos e de outros parâmetros da recuperação hematológica. O Henrique recebeu alta hospitalar um mês após o transplante. Estando sob vigilância da equipa médica, a criança tem apresentado uma evolução positiva ao longo dos últimos meses.

A equipa médica do Hospital Pediátrico Dona Estefânia está muito satisfeita com a evolução clínica do Henrique e considera muito gratificante o resultado da opção terapêutica que decidiram para este caso clínico.

Esta amostra, utilizada para o tratamento da anemia aplástica grave, torna-se, assim, a 10ª amostra libertada para transplante pela Crioestaminal de uma criança portuguesa. Alexandra Machado, Diretora Médica da Crioestaminal, recorda que “a Crioestaminal é o laboratório português com mais experiência na libertação de amostras de sangue do cordão umbilical para o tratamento de várias doenças, tratadas no IPO do Porto, no IPO de Lisboa, no Hospital Universitário de Duke, nos EUA, e no Hospital San Rafael em Madrid”.

A anemia aplástica é uma doença rara e grave que ocorre quando a medula óssea deixa de produzir células sanguíneas suficientes, provocando anemia, hemorragias e infeções. A incidência é de 2-7 casos/milhão de pessoas/ano. A doença é rara durante o primeiro ano de vida, mas com uma incidência progressiva até aos 20 anos. Os especialistas acreditam que a anemia aplástica surge quando o sistema imunitário ataca e destrói as células estaminais da medula óssea necessárias para a renovação das células sanguíneas. A produção de células sanguíneas pode ser recuperada por terapêutica imunossupressora e nos casos mais graves com recurso a transplante de células estaminais hematopoiéticas, nomeadamente do sangue do cordão umbilical.

 

 

Tumores
Mais frequente entre os homens, sobretudo depois dos 40, o cancro da cavidade oral representa cerca
Homem com a mão a tapar a boca

O cancro oral também conhecido como cancro da cavidade oral designa o conjunto de tumores malignos que afetam qualquer tecido da cavidade oral – como os lábios, gengivas, bochechas, céu da boca e língua (pode ainda acometer a garganta, incluindo as amígdalas, tendo a designação de cancro da orofaringe).

Mais frequente no sexo masculino, sobretudo entre fumadores, a verdade é que nos últimos anos têm surgido cada vez mais casos entre a população feminina e nas faixas etárias mais jovens. Os dados sobre a doença no nosso país indicam ainda que, todos os anos, surgem cerca de 1500 novos casos, 250 dos quais dizem respeito a mulheres.

Quais os fatores de risco?

Tabaco

Ser fumador aumenta as hipóteses de sofrer deste tipo de cancro, estimando-se que o risco de desenvolver a doença seja 5 a 9 vezes maior entre aqueles que fumam.

Consumo de bebidas alcoólicas

O risco está aumentado se ao consumo de tabaco se juntar o consumo imoderado de álcool.

A este respeito, um estudo realizado em França veio demonstrar que esta relação é determinante no aumento deste risco, verificando-se que os fumadores que consomem grandes quantidades de álcool (acima dos 100 g de etanol/dia) têm uma probabilidade 30 a 100 vezes maior de desenvolver cancro oral e da orofaringe.

Exposição solar

A exposição solar desadequada (em excesso) e sem proteção aumenta a probabilidade de desenvolver cancro do lábio.

Dieta pobre em fruta e vegetais

Há evidências de que as dietas com baixos níveis de vitaminas A e C e pobres em frutas e vegetais podem contribuir para o risco de cancro oral.

Infeção pelo vírus do papiloma humano (HPV)

O aumento da incidência do cancro oral entre jovens não fumadores e não consumidores de álcool tem vindo a ser associada à infeção pelo Vírus do Papiloma Humano (HPV), especialmente os tipos 16 e 18 (que apresentam elevado risco oncológico) pela prática de sexo oral sem proteção. O HPV pode causar cancro na parte de trás da garganta, na língua e nas amígdalas, zona conhecida como orofaringe.

Exposição a determinadas substâncias

A exposição a produtos industriais como madeiras, níquel e outros metais pesados, amianto ou radioterapia prévia está associada a uma maior incidência de tumores.

Outras doenças

Doentes imunodeprimidos, por exemplo indivíduos transplantados ou com patologia imunossupressora, têm mais probabilidades de desenvolverem cancro oral, particularmente do lábio inferior.

Esta predisposição está também associada a outras doenças mais raras como o xeroderma pigmentoso, a anemia de Fanconi, a disqueratose congénita e o Síndrome de Plummer-Vinson.

Discute-se ainda o papel de doenças como o líquen plano oral, as reações liquenóides, o lupus eritematoso discóide e a sífilis terciária, no aumento do risco para as neoplasias malignas da cavidade oral.

Saúde Oral deficiente

A má higiene oral associada à ausência de dentes e à presença de próteses dentárias mal adaptadas é outro importante fator de risco.

Quais os principais sintomas?

De acordo com o guia “Intervenção Precoce no Cancro Oral”, na população europeia, embora muitos dos casos de cancro da cavidade oral surjam de “novo”, alguns são precedidos de alterações da mucosa oral, consideradas como potencialmente malignas. É o caso da Leucoplasia e da Eritroplasia.

Leucoplasia – caracterizada por lesões brancas, geralmente assintomáticas, que não se conseguem remover raspando com compressa ou outro instrumento, e que podem surgir em qualquer local da cavidade oral, inclusive nas bochechas, língua lábios e palato.

Eritroplasia - trata-se de uma mancha ou placa vermelha com uma textura macia, e que surge preferencialmente no palato mole e trígono retromolar, pavimento da boca e bordo da língua. Esta lesão geralmente esbate-se na mucosa que a rodeia e é geralmente assintomática ou com queixas moderadas de ardor. Embora mais rara que a Leucoplasia, apresenta um potencial maligno muito superior.

Deste modo, para além da presença de:

  • manchas/placas vermelhas ou esbranquiçadas na língua, gengivas, céu da boca ou bochechas

Esteja ainda atento a:

  • Lesões ou feridas na cavidade oral ou nos lábios que não cicatrizam (mais de 15 dias) que podem apresentar sangramentos ou que estejam a crescer;
  • Nódulos (caroços) no pescoço
  • Rouquidão persistente

Em casos avançados, pode surgir:

  • Dificuldade a mastigar ou engolir
  • Dificuldade na fala
  • Sensação de que há algo preso na garganta
  • Dificuldade para movimentar a língua

Diagnóstico

O diagnóstico precoce é o principal desafio associado a esta doença, sendo determinante para o seu tratamento.

Se por um lado, alguns destes tumores se manifestam apenas em fase mais avançadas, por outro o preconceito associado ao cancro oral e o facto de não se dar a devida importância à gravidade dos sintomas leva a que estes doentes não procurem ajuda médica atempadamente.

Por este motivo, recomenda-se que visite regularmente o seu médico dentista, ou que, na presença de alguma alteração, fale com o seu médico de família.

Para o diagnóstico precoce do cancro oral e das lesões potencialmente malignas, o exame da cabeça, do pescoço e da cavidade oral no seu todo, tem que fazer parte da rotina de observação de cada doente nas consultas de medicina geral e familiar e de medicina dentária.

Em consulta, para além do levantamento da história clínica, deve ser feito um Exame Objetivo de acordo com as recomendações do CDC (Centers for Disease Control and Prevention) e do NIH (National Institute of Health), com o auxílio de iluminação adequada, espelho dentário, compressas e luvas e que inclui:

  • Exame visual e palpação dos tecidos moles orais
  • Exame visual e palpação das regiões extraorais da cabeça e do pescoço
  • Palpação dos gânglios linfáticos da região

Alguns exames de imagem, como a tomografia computadorizada, podem ser necessários para o diagnóstico, permitindo avaliar a extensão do tumor.

Qual o tratamento?

Quando diagnosticado em fases iniciais, o cancro oral pode ser tratado com recurso a cirurgias mais simples para remover a lesão.

Diagnósticos feitos em estadios mais tardios obrigam a tratamentos que envolvem cirurgias mais complexas – com remoção da área afetada pelo tumor, linfonodos do pescoço e algum tipo de reconstrução -, radioterapia e quimioterapia.

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Workshop
A DaVita Portugal, em parceria com a Associação Portuguesa de Insuficientes Renais (APIR), vai realizar um workshop de nutrição...

A iniciativa vai ser orientada pela nutricionista Inês Moreira e apoiada pelo Chef de cozinha Rui Lopes, com o objetivo de promover uma alimentação saudável, equilibrada e adequada às necessidades nutricionais das pessoas com doença renal.

A doença renal crónica caracteriza-se pela deterioração lenta e irreversível da função dos rins. Como consequência da perda desta função, existe retenção no sangue de substâncias que normalmente seriam excretadas pelo rim, resultando na acumulação de produtos metabólicos tóxicos no sangue (azotemia ou uremia). Os doentes com diabetes, hipertensão arterial, obesidade e historial familiar de doença renal podem estar em risco de desenvolver esta doença.

O workshop vai ter uma duração de três horas, das 10h às 13h, e vai ser constituído por uma introdução teórica, que está a cargo de Inês Moreira; pela confeção de uma refeição completa, com a orientação do Chef Rui Lopes, que vai apresentar receitas práticas e nutricionalmente ricas; e por um momento final de convívio e degustação do menu.

A participação é gratuita, mas sujeita a inscrição prévia através do email [email protected] ou do telefone 21 837 16 54. Os participantes deverão ser doentes renais, independentemente do local onde façam tratamento e poderão fazer-se acompanhar por uma pessoa.

Prevenir infeções
A Christeyns Portugal, especialista em química aplicada e líder no mercado europeu nos temas de higienização e prevenção para a...

A listeriose tem adquirido uma posição muito relevante como infeção de origem alimentar, sendo uma das principais causas de morte por doença transmitida por alimentos. Causada pelo consumo de alimentos contaminados por Listeria monocytogenes, nomeadamente lacticínios (leite não pasteurizado, queijo fresco, etc), pescado defumado, frutos do mar, carne, e vegetais crus, é particularmente grave em indivíduos imunodeprimidos ou em grupos de risco, e os sintomas incluem os tradicionais de intoxicação alimentar, como náuseas, vômitos, dores, febre e diarreia. Nos casos em que não é tratada, pode-se espalhar pela corrente sanguínea e ir para o sistema nervoso, resultando em meningite, que pode ser fatal.

A Christeyns divulga algumas das boas práticas a serem implementadas por empresas e particulares:

Saber como se inicia e propaga:

  • Os resíduos orgânicos aderem a uma superfície que lhes proporciona estabilidade, nutrientes e proteção
  • Com uma limpeza e desinfeção insuficientes estes resíduos geram a colonização e multiplicação bacteriana formando o chamado biofilme (colónias de microrganismos ligados entre si)
  • Esta por sua vez leva a formação de uma matriz expolímera
  • Esta matriz juntamente com microrganismos espalha-se, entretanto a outros locais por contacto.

Prevenir através da adequada e boa limpeza e desinfeção de:

  • todas superfícies, equipamentos e mesas
  • instrumentos e utensílios
  • das mãos

Detetar e remover:

  • Usar soluções que detetam após a limpeza, a existência de biofilmes
  • Usar soluções certificadas e adequadas para a boa limpeza, higiene e desinfeção, disponíveis no mercado
  • Em caso positivo de biofilmes apesar de muito difícil, é possível através de detergentes especiais capazes de quebrar e desintegrar a matriz de biofilme

A presença de biofilmes em instalações de processamento alimentar representa hoje um grande risco para a segurança alimentar e também pode causar problemas operacionais no equipamento. Os biofilmes fornecem uma função protetora aos microrganismos que hospedam, diminuindo a eficácia dos tratamentos de desinfeção.

Estudo
A Ordem dos Médicos Dentistas (OMD) registava, no final do ano passado, 10.653 membros com inscrição ativa, ultrapassando pela...

As conclusões do estudo “Os Números da Ordem” mostram que há 1.509 médicos dentistas a exercer, exclusivamente, no estrangeiro e estimam que a exercer, exclusivamente, em Portugal sejam 9.385. Há ainda 327 médicos dentistas que trabalham em simultâneo em Portugal e no estrangeiro e 847 inscritos que não exercem a profissão.

O estudo “Os Números da Ordem” publicado anualmente traça o perfil da profissão em Portugal. A edição deste ano sofreu alterações de metodologia para acomodar a realidade da profissão. O bastonário da OMD, Orlando Monteiro da Silva, explica que “em anos recentes constatámos que um número estatisticamente relevante de médicos dentistas optou por manter a sua inscrição ativa na OMD ainda que a trabalhar no estrangeiro. Assim, e a partir desta edição, e com dados referentes a dezembro de 2018, passa a ser contabilizado o número de cédulas atribuído até ao final de cada ano e distinguindo o conceito de médico dentista com inscrição ativa na OMD, do de médico dentista a exercer a profissão em Portugal”.

No entanto, para melhor entender o que significam estes números para a realidade portuguesa, importa calcular o rácio de médicos dentistas que exercem em Portugal por número de habitantes. A Organização Mundial de Saúde recomenda, para os países ocidentais, um rácio de um médico dentista por mil e quinhentos a dois mil habitantes. No final do ano passado, no nosso país, havia um médico dentista a exercer a profissão para 1058 habitantes.

A distribuição geográfica dos médicos dentistas não é contudo homogénea, e tendo em conta o endereço profissional dos médicos dentistas, conclui-se que há regiões com um rácio bastante abaixo do recomendado, nomeadamente, a Área Metropolitana do Porto (668), Viseu Dão-Lafões (806), Região de Coimbra (814), Terras de Trás-os-Montes (829), Cávado (926) e Área Metropolitana de Lisboa (940). Já as regiões do Alentejo, Lezíria Central e Oeste são as que têm menos médicos dentistas com inscrição ativa, com destaque para o Baixo Alentejo onde há um médico dentista para 2.875 habitantes.

A compilação dos dados mostra que, no ano passado, inscreveram-se na Ordem 686 médicos dentistas. Do total de membros da OMD, 60,2% são mulheres e a média de idades dos médicos dentistas com inscrição ativa em Portugal é de 39 anos, sendo de referir que 74% dos membros com inscrição ativa têm até 45 anos.

A OMD tem membros com inscrição ativa de 46 nacionalidades, no entanto os médicos dentistas ativos de nacionalidade portuguesa representam 90,2% do universo total. Entre os médicos dentistas ativos de outras nacionalidades, destacam-se os brasileiros (498 no total, ou 4,7%), italianos (177 ou 1,7%) e espanhóis (138 ou 1,3%). De salientar que, nos últimos três anos, nota-se um aumento sobretudo de médicos dentistas de nacionalidade italiana (149,3%) e espanhola (112,3%).

O bastonário da OMD salienta que “embora o número de estudantes portugueses tenha decrescido face ao último ano, verifica-se que o número de estudantes de medicina dentária, no geral, aumentou 5,5%. Este número sustenta-se no forte aumento do número de estudantes estrangeiros, na casa dos 37,5%, demonstrantes de uma mudança de paradigma nas universidades. O reconhecimento internacional do ensino da medicina dentária em Portugal tem sido cada vez maior e muitos são os que escolhem o nosso país para fazer a sua formação de base, prevendo-se que regressem depois ao seu país de origem, não vindo a ser membros ativos da OMD a exercer no nosso país. O número de cédula profissional, nada tem a ver com o número de médicos dentistas ativos que por sua vez não correspondem ao número de médicos dentistas a exercer em Portugal. São três realidades diferentes”.

Orlando Monteiro da Silva destaca neste sentido “a assinatura recente de um documento estratégico de ação entre a OMD e as sete faculdades de medicina dentária do país. É um documento que contempla questões como a reestruturação curricular dos mestrados integrados, as saídas profissionais e a formação pós-graduada, que vai permitir considerar parâmetros de oferta e de procura de formação no que respeita à empregabilidade, particularmente, as especificidades da dinâmica do mercado português”.

Pneumologistas deixam alerta
Sintomas comuns a outras doenças e desvalorização dos mesmos por parte do doente comprometem o diagnóstico desta doença rara.

Falta de ar, tosse seca e persistente e menor resistência física. Estes podem ser sintomas de muitas doenças, mas entre elas encontra-se a Fibrose Pulmonar Idiopática, uma doença rara, que afeta gravemente e de forma progressiva os pulmões, danificando-os através de um processo de cicatrização aberrante, designado fibrose, que os torna mais rígidos. A troca de ar nos pulmões fica, assim, comprometida e, consequentemente, a respiração deixa de ser normal. Por isso, setembro, mês de sensibilização para a Fibrose Pulmonar Idiopática, é o momento ideal para alertar a população para esta doença, que afeta pessoas acima dos cinquenta anos, com maior incidência entre os sessenta e os setenta anos.

Segundo António Morais, pneumologista e presidente da Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP), o diagnóstico é difícil e pode demorar entre doze a vinte e quatro meses, isto porque os sintomas são muitas vezes desvalorizados pelo doente e confundidos numa primeira fase com outras doenças cardíacas e respiratórias. “Inicialmente, o doente tende a interpretar a dispneia de esforço (falta de ar, dificuldade em respirar) como uma consequência normal do avanço da idade.” Por outro lado, António Morais explica que inicialmente “são despistadas doenças mais frequentes, como a insuficiência cardíaca ou a DPOC, não havendo a sensibilidade de procurar igualmente a Fibrose Pulmonar Idiopática, mesmo quando as outras doenças não são diagnosticadas”.

Entre os exames que permitem identificar os casos de Fibrose Pulmonar Idiopática encontram-se “a TAC torácica, que se evidenciar um padrão de Pneumonia Intersticial Usual definitiva, é suficiente para diagnóstico. Nos outros casos, existem situações que necessitam da realização de biopsia pulmonar”. A cura está apenas no transplante pulmonar, mas existem medicamentos antifibróticos que permitem uma desaceleração na progressão da doença.

O Presidente da SPP deixa, por isso, um alerta aos especialistas: “quando despistadas as doenças comuns do foro cardíaco e respiratório, o médico deve pensar neste diagnóstico quando o doente se queixar de dispneia de esforço e/ou tosse seca e apresentar crepitações inspiratórias basais na auscultação pulmonar”. Quanto ao doente, importa “não desvalorizar os sintomas e procurar um médico quando a falta de ar, o cansaço e a tosse seca forem persistentes”.

 

Beleza
Frequentemente associadas ao cansaço, a verdade é que as olheiras dependem de múltiplos fatores e às
Mulher com olheiras

As olheiras são áreas de pigmentação mais escura na região periorbitária. Afetam mais frequentemente as mulheres e  envolvem de um modo geral, os dois olhos. São, em regra mais alargadas na pálpebra inferior, podendo, nos casos mais graves abrange ambas as pálpebras até ao rebordo orbitário onde se localizam as sobrancelhas, e à região malar e temporal onde se encontram as maçãs do rosto e o limite lateral da face. 

A idade de aparecimento ronda os 16-25 anos. Há uma tendência familiar reconhecida e em certos grupos étnicos este problema é mais acentuado. 

Quais as causas das olheiras?

Ainda não está bem compreendida a causa das olheiras. Excesso de pigmento cutâneo ou fragilidade vascular dos pequenos vasos da região palpebral são as principais hipóteses etiológicas. Existem, contudo, múltiplos factores que parecem contribuir para o aparecimento desta alteração, que não sendo considerada patológica é, com certeza inestética e causadora de grande perturbação para muitas pacientes. 

A genética (há uma clara tendência familiar), os problemas alérgicos (que desencadeiam uma hiperpigmentação inflamatória reativa), a anemia, o stresse, a vida agitada e má higiene do sono, a flacidez e fragilidade cutâneas decorrentes do envelhecimento são os principais factores contribuintes. 

Recentemente, foi observado que nas pacientes com falta de visão e que não usam meios de correção (óculos ou lentes de contacto) este problema pode ser mais acentuado, graças ao esforço acrescido dos músculos da região periorbitária. 

Quais os tratamentos?

Diversos tratamentos foram propostos, com maior ou menor sucesso. O tratamento deve ser individualizado para cada paciente, uma vez que é frequente a combinação de opções terapêuticas. 

Merecem especial destaque, o tratamento não cirúrgico com ácido hialurónico e o tratamento mais invasivo, cirúrgico, que corresponde ao autoenxerto de gordura sob a forma de micro e/ou nanoenxerto. Desde que corretamente aplicados estes tratamentos conferem uma melhoria da qualidade da pele localmente, fortalecendo-a e melhorando a hiperpigmentação.

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Doença ocular
A visão, à semelhança do que acontece em qualquer idade, afeta muito as crianças e os jovens.

Neste sentido, várias são as doenças que tendencialmente se manifestam nas crianças e jovens e que podem trazer consequências severas para a sua saúde da visão. Desta forma, é muito importante que as crianças sejam acompanhadas desde cedo para que possíveis problemas sejam atempadamente diagnosticados e corrigidos. Quanto mais cedo for detetado maiores são as probabilidades de os problemas de visão serem corrigidos.

Assim, é necessário estar atento a vários sintomas ou comportamentos que podem ser indícios de algum problema com a visão da criança ou jovem.

Ver bem nem sempre é ver com nitidez. Uma criança com uma boa acuidade visual pode apresentar alterações de organização visual. Estas alterações respondem a todo um conjunto de habilidades tais como a adequada coordenação olho-mão, a capacidade de mover os olhos de forma precisa, a possibilidade de usar uma focagem rápida e flexível ou a capacidade de calcular distâncias sem esforço.

Os pais podem testar o comportamentos das crianças, tendo em atenção se esta se aproxima muito para desenhar ler ou escrever, se se aproxima muito da televisão, se inclina a cabeça para ver televisão, se ao ler segue o texto com o dedo, se tem dificuldades de concentração, se esfrega os olhos com muita frequência, se semicerra os olhos para ver ao longe, se se queixa de dores de cabeça ou ardor nos olhos. No caso de a criança ou jovem ter alguns destes comportamentos poderá ser indicativo de algum problema visual.

Neste seguimento, existem doenças mais propensas a desenvolverem-se durante a infância e que são igualmente importantes de referir.

Ambliopia

A ambliopia ou olho preguiçoso consiste na diminuição da acuidade visual de um olho ou dos dois devido a problemas no desenvolvimento da visão, afetando principalmente as crianças. As suas principais causas de ambliopia são o estrabismo, o erro refrativo ou diferença de graduação entre os olhos (anisometropia) e a obstrução do eixo visual.

Em casos de ambliopia menos severa, pode ser necessário o uso de óculos com graduação para correção de erros refrativos. Nos casos mais graves, pode estar indicada a cirurgia precoce para permitir a estimulação do córtex visual. Caso o “olho preguiçoso” não seja precocemente diagnosticado e tratado pode tornar-se irreversível e levar à perda de visão numa idade mais avançada.

Estrabismo

O estrabismo que, como referido acima, é uma das principais causas de ambliopia, consiste na ausência de alinhamento entre os olhos. Os olhos devem estar orientados para o mesmo ponto de fixação, em todas as posições e movimentos.

Em condições normais, os músculos que fazem mover os olhos trabalham de forma coordenada, uma vez que o cérebro funde as imagens dos dois olhos e as interpreta como uma só. Se os olhos não se dirigem exatamente para o mesmo ponto de fixação, o cérebro perceciona duas imagens do mesmo objeto que não consegue fundir e a criança acaba por ter visão dupla. O estrabismo, para além de impedir a perceção tridimensional, pode levar a que o olho desviado perca, ou não desenvolva, função visual. Isto porque o cérebro poderá optar por eliminar a mensagem do olho desviado para não estar em constante duplicidade de estímulos.

O estrabismo aparece quase sempre em idade infantil, mais frequentemente nos primeiros anos, e pode estar presente à nascença. Quando há suspeita de estrabismo é necessário realizar um exame optométrico para excluir a presença de lesões orgânicas, prescrever a correção ótica necessária, detetar e tratar precocemente a ambliopia e se necessário encaminhar para Oftalmologia para ser avaliada a possibilidade de correção cirúrgica.

O teste mais vulgar para detetar um estrabismo é o cover test, em que se chama a atenção da criança para um objeto e se vê se os olhos estão a olhar na direção do mesmo. Tapando alternadamente um dos olhos, observa-se se algum deles se desvia para retomar fixação. O exemplo de um teste para aferir a noção de profundidade é o teste de esteroacuidade da “Mosca de Titmus”, em que a criança tem uns óculos especiais e um cartão com a imagem de uma mosca de asas abertas. Perante a indicação de agarrar as asas da mosca, se tiver visão tridimensional, a criança vai tentar apanhar as asas da mosca acima do plano do cartão, caso contrário, vai apanhar a asa da mosca no plano do cartão.

Miopia

É ainda importante referir a miopia. A miopia aparece, salvo raras exceções, associada ao curso de desenvolvimento da criança, uma vez que o crescimento ocular e o crescimento geral são fenómenos associados.

Os míopes caraterizam-se por verem mal ao longe e relativamente bem ao perto. Uma vez que a sua visão se faz por meio de círculos de difusão, para diminuírem o diâmetro e o espaçamento destes círculos, estes tendem a fechar um pouco as pálpebras. O que permite formar uma fenda estenopeica, aumentando a profundidade de foco e consequentemente que estes consigam ver melhor.

A deteção da miopia pode-se verificar através das técnicas de esquiascopía, refractometria ou refração subjetiva (método refrativo em que o resultado final depende da resposta do paciente).

A compensação de miopia é feita com o auxílio de lentes côncavas (lentes negativas). Essas lentes podem ser oftálmicas (lentes para óculos), de contacto ou até mesmo intraoculares (lente introduzida dentro do olho através de intervenção cirúrgica).

Hipermetropia

Para além das doenças até agora referidas, existe também a hipermetropia. A hipermetropia é a dificuldade em ver ao perto e relativamente bem ao longe. Consiste no estado de refração ocular em que um feixe de raios de luz paralelos ao atravessarem a córnea, obtém o seu foco imagem para além da retina. A hipermetropia é, por assim dizer, o contrário da miopia.

Existem algumas causas que conduzem à existência de hipermetropia, mas é importante referir que todos os recém-nascidos são hipermetropes devido ao pequeno comprimento sagital do olho. No entanto, essa ametropia tende a desaparecer naturalmente com o crescimento.

Uma criança ou jovem com hipermetropia tem geralmente dores de cabeça mais acentuadas durante a sua idade escolar.

A hipermetropia é detetável, tal como as outras ametropias, pelos efeitos produzidos pela esquiascopía (exame executado com o retinoscópio), pela refratometria ou pelo exame subjetivo da verificação da acuidade visual.

Astigmatismo

O astigmatismo é o estado de refração ocular em que a visão é distorcida. É provocado pela diferença de poder refrativo ao longo dos diferentes meridianos do olho, o que faz com que raios paralelos atravessem o olho, mas não vão ter um único ponto focal.

Os sintomas do astigmatismo variam consoante a gravidade do mesmo. Assim, nos casos que apresentam pequeno grau astigmático, pode haver apenas cansaço visual devido ao esforço para obter uma imagem mais nítida. No entanto, podem existir outros sintomas como ter tendência para franzir o sobreolho, a fim de obter o efeito de fenda estenopeica, ter cefaleias provocadas pelo esforço acomodativo e pela contração do sobreolho, ter dificuldade em encarar a luz e apresentar um de estado de irritação conjuntival acompanhado de picadas.

O astigmatismo compensa-se com lentes oftálmicas cilíndricas. No entanto, é impossível a correção de astigmatismos irregulares com lentes cilíndricas oftálmicas devido a deformação e multiplicidade dos meridianos existentes. Assim, por vezes, é necessário recorrer a lentes de contacto para corrigir este tipo de astigmatismos.

A ambliopia, o estrabismo, a miopia, a hipermetropia e o astigmatismo são, então, doenças relevantes e às quais os pais e educadores devem estar particularmente atentos. Caso seja adotada uma atitude preventiva estas são doenças que podem ser controladas e corrigidas desde logo, evitando a evolução da doença. No caso da ambliopia, a deteção precoce pode mesmo vir a prevenir a perda de visão: atualmente 3% da população tem ambliopia e corre risco de cegar. Relativamente, às restantes doenças, ainda que não impliquem perda de visão, significam uma perda de qualidade de vida do jovem e do futuro adulto.

No âmbito da saúde visual infantil, a Associação de Profissionais Licenciados de Optometria (APLO) tem-se associado a iniciativas e vindo a realizar inúmeros esforços. A nível nacional está atualmente a desenvolver uma campanha para melhorar a saúde visual das crianças em idade escolar, promovendo a consciencialização para a importância de uma visão saudável e dos rastreios. Esta campanha tem como objetivo não só sensibilizar crianças e pais, mas também alertar professores e educadores para possíveis sinais de ambliopia e das restantes doenças.

A nível internacional, a APLO é parceira da campanha global Our Children’s Vision. Uma iniciativa global que pretende aumentar, acelerar e expandir os cuidados de saúde visual infantil. A campanha está a trabalhar para fornecer cuidados para a saúde da visão a 50 milhões de crianças até 2020.


Raúl Sousa - Optometrista e Presidente da APLO

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Cirurgia Estética
Ter cuidado com o corpo é fundamental tanto para a saúde como para ter uma vida duradoura. Contudo, o que outrora era uma...

Segundo Luiz Toledo, cirurgião plástico, a lipoaspiração e a lipoescultura são os procedimentos estéticos mais procurados, isto porque “permitem alterações significativas na forma do corpo, retirando gorduras localizadas que não saem com dietas e exercícios, e com cicatrizes muito pequenas”. Estas cirurgias são procuradas sobretudo por “pacientes que querem melhorar as mamas (aumento ou diminuição) e o abdómen, principalmente depois da gravidez, no caso das mulheres, ou por pacientes que precisam de cirurgias pós-bariátricas, necessárias após uma grande perda de peso.”

É possível melhorar praticamente qualquer zona do corpo onde exista excesso de gordura - abdómen, cintura, costas, pernas, braços ou pescoço. Mas quando é que estas cirurgias estéticas começam a ser em demasia? Para o especialista, “quando o/a paciente perde o senso do que é normal e começa a procurar cirurgias para problemas que mais ninguém vê ou nota”. A obsessão de querer ficar igual aos ditos famosos pode chegar ao extremo, se os médicos continuarem a operar o que o paciente exige. Nestes casos, “é preciso saber dizer que não e tentar convencer o paciente a aceitar a opinião do especialista”.

Por isso, importa também que as cirurgias estéticas sejam realizadas por um bom cirurgião plástico, capaz de perceber e identificar estas situações, que possua formação de especialidade completa e que seja membro das principais sociedades médicas da área, pois “é uma boa indicação de que os problemas, se ocorrerem, serão raros e minimizados e que o cirurgião tem a competência para os resolver”.

 

Iniciativa
A Associação de Jovens Diabéticos de Portugal (AJDP) celebra a Semana Europeia do Desporto, que se assinala entre 23 e 30 de...

Os amantes do desporto poderão integrar um treino de atletismo com o Grupo de Corrida e Marcha do Jamor (GMCJamor), que conta com o apoio da treinadora Sandra Teixeira (Sassy) e será composto por momentos de corrida, caminhada e muitas outras atividades que fazem parte do plano de treino do GMCJamor.

A Semana Europeia do Desporto pretende promover o desporto e a atividade física em toda a Europa e a AJDP junta-se a esta causa, destacando que a diabetes não é limitadora dos estilos de vida.

“É importante desmistificar a ideia de que quem tem diabetes não pode praticar desporto! O exercício físico não é prejudicial para a diabetes, muito pelo contrário, pois ajuda a pessoas com diabetes a controlar a sua glicemia, e é mesmo isso que queremos mostrar quando organizamos este tipo de atividades”, destaca Paula Klose, presidente da AJDP.

“O desporto além de ser um auxiliar terapêutico,  ajuda a regular os níveis de açúcar no sangue e traz uma sensação de bem estar, para além de promover a socialização.  Este tipo de encontros ajuda a estimular a interação entre vários jovens e famílias e a partilha de experiências, o que também é muito positivo”, comenta a presidente.

Este treino necessita de inscrição prévia, que deve ser feita até ao dia antes da atividade, através do email [email protected] ou do número de telefone 966 228 860. Os participantes devem levar roupa confortável e adaptada à prática desportiva. No caso de viverem com diabetes é importante levar um kit para as hipoglicémias, como sumo, açúcar ou bolachas, e o material de controlo da diabetes. Para mais informações pode consultar a página de Facebook da AJDP.

Tumores
Trata-se de um dos tipos de cancro mais frequentes em Portugal.
Ilustração de glóbulos brancos

O linfoma é uma doença maligna que afeta os linfócitos, que são um subtipo de glóbulos brancos. Os linfócitos têm como função a montagem e regulação da resposta imunitária, combatendo desde infeções virais a células cancerígenas (linfócitos T). São ainda as células responsáveis pela produção de anticorpos. (linfócitos B)

Os linfócitos encontram-se habitualmente nos gânglios linfáticos, no sangue e no baço. Podem ainda ser encontrados noutros órgãos tais como o estômago, intestino, pulmão, amígdalas, entre outros. Assim, os linfomas habitualmente afetam os compartimentos onde habitualmente se encontram os linfócitos. Dependendo do subtipo de linfócitos e da sua localização assim se classificam de forma diferencial os linfomas.

Sintomas

Os sintomas associados a esta patologia dependem do subtipo específico de linfoma e da sua localização. Existem depois sintomas inespecíficos que podem surgir de forma transversal a todos os tipos de linfoma:

  • Cansaço,
  • Falta de apetite,
  • Perda de peso,
  • Suores noturnos
  • Febre esporádica

Dependendo da localização, os doentes podem notar o aparecimento de gânglios aumentados e podem ainda apresentar alterações em análises de sangue, como anemia, plaquetas baixas, número aumentado de linfócitos.

Tipos de Linfoma

Classicamente os linfomas são inicialmente divididos em Linfomas de Hodgkin e Linfomas Não Hodgkin.

O linfoma de Hodgkin é caracterizado pela presença de linfócitos malignos (chamados de células de Reed-Sternberg), que provocam uma reação inflamatória desmesurada em seu redor ao desregular a resposta imunitária das células normais. Salvo algumas exceções, o linfoma de Hodgkin tem melhor prognóstico, sendo muito sensível à quimioterapia e à radioterapia. Este tipo de linfoma é mais comum no adulto jovem, tendo posteriormente outro pico de incidência no idoso, sendo que nesta faixa etária é mais difícil de obter remissão.

O Linfoma Não Hodgkin (LNH) é constituído por um grupo muito grande e heterogéneo de doenças. Os vários subtipos de Linfoma Não Hodgkin estão relacionados com o tipo de linfócito envolvido. De forma mais generalista, podemos classificar os LNH em linfomas indolentes (considerados de evolução mais lenta e crónicos) e os linfomas agressivos (de evolução mais aguda, mas que são curáveis).

Tratamento

Os linfomas indolentes são doenças que se desenvolvem de forma mais lenta. Por esse motivo, quando tratados com esquemas de quimioterapia, embora se consiga atingir boas respostas com desaparecimento dos gânglios aumentados ou outras massas, não se consegue erradicar a doença na totalidade. Este tipo de linfomas tem uma evolução por paroxismos, alternando entre períodos em que são sintomáticos e que têm que ser tratados e períodos em que estão senescentes (adormecidos). Assim, tenta-se só tratar quando realmente necessário, de forma a evitar efeitos adversos e toxicidade desnecessária.

Os linfomas agressivos surgem de uma forma mais explosiva, necessitando rapidamente de iniciar tratamento. O objetivo do tratamento é a erradicação total da doença e consequente cura.

Assim, a recaída de um linfoma agressivo tem um significado prognóstico muito mais desfavorável do que a recaída de um linfoma indolente (que é espectável). Se um linfoma agressivo recidiva, significa que não foi atingida a cura e os tratamentos subsequentes têm que incluir tratamentos de quimioterapia de alta dose e eventual transplante (nos doentes jovens).

Atualmente, havendo um maior conhecimento dos mecanismos de desenvolvimento dos linfomas a nível genético e molecular, vão também sendo desenvolvidos novos fármacos, o que abre uma janela a tratamentos inovadores, mais específicos e que trazem uma esperança aos doentes que tenham linfomas resistentes à quimioterapia.

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Manual Sobre os Direitos do Doente Oncológico

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Estudo revela
Publicado no British Medical Journal, o estudo confirma que a taxa sobre bolos, bolachas ou biscoitos pode reduzir prevalência...

As armas usadas na luta contra a obesidade têm sido muitas e diferentes. Mas o aumento do número de pessoas que, em todo o mundo, vivem com peso a mais e as consequências individuais e para a sociedade das dietas desregradas, têm levado diferentes instituições, como a Organização Mundial da Saúde, a pedir mais. Agora, um novo estudo, confirma que taxar os biscoitos, bolachas, bolos e afins teria substancialmente mais impacto sobre a variação de peso nos adultos do que o imposto que, de forma semelhante, levou ao aumento de preço das bebidas açucaradas. Contas feitas, este aumento pode reduzir a ingestão de energia e o Índice de Massa Corporal (IMC) para mais do que o dobro do observado com a taxa aplicada aos refrigerantes.

Desde 1975 que a prevalência mundial de obesidade triplicou em todo o mundo, de acordo com dados publicados na revista científica The Lancet. Em Portugal, os números da Direção-Geral da Saúde confirmam a dimensão do problema: 57% dos adultos nacionais apresentam excesso de peso, o que inclui a pré-obesidade e a obesidade, ou seja, 5,9 milhões de pessoas. 

Daqui surgem encargos sociais, económicos e de saúde, que justificam o uso da política fiscal para melhorar a dieta e a saúde: ao mesmo tempo que altera as compras dos consumidores, incentiva os fabricantes e produtores a reformularem ou aumentarem a disponibilidade de opções mais saudáveis. Além disso, a tributação gera receita que, teoricamente, pode ser gasta em cuidados e promoção da saúde. 

Mas até aqui as estratégias de tributação para reduzir o consumo de açúcar e energia têm-se concentrado nas bebidas açucaradas. No entanto, os especialistas consideram que os lanches com alto teor de açúcar, como os produtos de pastelaria, podem gerar uma contribuição mais substancial para a ingestão de açúcares e energia livres do que as bebidas açucaradas. E foi isso que pretenderam provar. 

O novo estudo, publicado no British Medical Journal, teve por base um conjunto de dados de 36.324 famílias do Reino Unido, e partiu do princípio, confirmado pela ciência, que a ingestão excessiva de açúcares aumenta o risco de obesidade. Pauline F. D. Scheelbeek, investigadora da London School of Hygiene and Tropical Medicine e os colegas debruçaram-se sobre o tema e concluem que aumentar o preço dos lanches açucarados pode ser mais eficaz na redução da massa corporal.

Para um aumento de 20% no preço, reduz-se o consumo de energia, estimando-se uma também redução no IMC que chega aos 0,53. Uma mudança que, de acordo com os cientistas, pode reduzir, no prazo de um ano, a prevalência de obesidade no Reino Unido em 2,7 pontos percentuais. 

“A nossa análise fornece aos formuladores de políticas estimativas da magnitude relativa do impacto de um cenário de aumento de preços dos lanches com elevado teor de açúcar. E sugere que essa opção seja digna de mais investigação e considerações, como parte de uma abordagem integrada para combater a obesidade”, lê-se no documento. 

3 mil novos casos diagnosticados por ano
60% dos doentes com cancro de cabeça e pescoço são diagnosticados numa fase avançada com uma esperança média de vida de apenas...

Arranca hoje a 7ª Semana Europeia de Luta Contra o Cancro de Cabeça e Pescoço dando continuidade à Make Sense Campaign. “Depois do Cancro, a Vida” é o mote da campanha que pretende sensibilizar a população, através da dinamização de várias iniciativas até dia 20 de setembro.

A inauguração da campanha é realizada com uma sessão de rastreios no Cais do Sodré, das 9h às 18h. Os rastreios também terão lugar no Porto, na estação de Metro da Trindade, no dia 20 de setembro, o último dia da campanha.

Além das ações de rastreios, no âmbito da campanha será lançado o livro “Sonhos que Ajudam” escrito por Sara Neves, uma doente de Cancro da Cavidade Oral juntamente com Simone Fernandes, nutricionista. O lançamento será realizado a dia 17 de setembro, pelas 21h, na FNAC do Colombo.

No dia 18 de setembro será partilhado o vídeo com testemunhos positivos que refletem o impacto da atividade física no dia a dia. Para o dia 19 guardou-se a iniciativa “Depois do Cancro o Emprego”, que consiste em sessões de formação a entidades empresarias com o intuito de promover o regresso à vida ativa dos doentes oncológicos, juntamente com o lançamento do vídeo de apoio ao emprego.

A 7ª Semana Europeia de Sensibilização para o Cancro de Cabeça e Pescoço é uma Iniciativa promovida pela European Head and Neck Society (EHNS) que tem como objetivo sensibilizar os doentes e profissionais de saúde sobre os fatores de risco, prevenção deste tipo de cancro, e alertar a comunicação social e as entidades oficiais sobre o impacto desta doença.

Em Portugal, a campanha é da responsabilidade do Grupo de Estudos de Cancro de Cabeça e Pescoço (GECCP) e da Associação dos Amigos dos Doentes com Cancro Oral (ASADOCORAL). “A Make Sense é uma campanha que pretende colmatar o desconhecimento no que diz respeito aos sintomas, sinais e fatores de risco, de forma a conduzir para um diagnóstico precoce”, explica a Dr.ª Ana Castro, presidente do GECCP

Esta iniciativa conta com o apoio institucional da  Ordem dos Médicos Dentistas, Ordem dos Médicos, Ordem dos Enfermeiros, Câmara Municipal de Lisboa, Confederação Empresarial de Portugal, Confederação do Comércio e Serviço de Portugal, Confederação Portuguesa das Coletividades de Cultura Recreio e Desporto, Metro de Lisboa, Metro do Porto, Infraestruturas de Portugal e Associação para as Doenças da Tiroide, com o apoio de comunicação da agência de comunicação Float Group e com o patrocínio da Merck KGaA, da Bristol-Myers Squibb Company, da Merck Sharp & Dohme, da Medtronic e da Delta. A nível logístico conta ainda com o apoio da gráfica A3 e para a elaboração de rastreios com a empresa Acção Contínua.

Doença do movimento
Caracterizada por espasmos ou contrações musculares involuntárias, por vezes dolorosas, e que levam
Fisioterapeuta com os dedos no pescoço de mulher

Considerada um distúrbio neurológico, estima-se que a Distonia atinja entre 30 a 50 pessoas por cada 100 mil, em todo o mundo. Em Portugal, calcula-se que afete cerca de 5 mil portugueses, mas por se tratar de uma doença ainda pouco conhecida, admite-se que possa estar subdiagnosticada.

As causas da Distonia

As suas causas ainda não são totalmente conhecidas, no entanto, esta doença do movimento parece surgir em resultado de uma hiperatividade em várias zonas do cérebro, estando muitas vezes associada a outras patologias, à utilização de determinados fármacos ou resultar de uma mutação genética. Pode ainda surgir na sequência de um traumatismo crânio-encefálico.

Tipos de Distonia

A Distonia pode afetar uma ou mais partes do corpo em simultâneo, distinguindo-se entre:

Distonia focal

Quando limitada a uma parte do corpo – é um exemplo de distonia focal o blefarospasmo. Um tipo de distonia que atinge as pálpebras.

Distonia segmentar

Quando envolve dois ou mais partes contíguas do corpo (por exemplo: face e pescoço). Tal como a Distonia focal, embora seja mais frequente após a idade adulta, este distúrbio pode desenvolver-se mais cedo.

Distonia Multifocal

Quando afeta duas ou mais partes que não estão próximas uma da outra (por exemplo: pescoço e perna).

Distonia Generalizada

Quando envolve o tronco e mais duas partes diferentes do corpo. Este tipo de distonia surge, habitualmente, em doentes jovens (<25 anos) – nela estão incluídas a Distonia Primária Generalizada, uma distonia rara, progressiva e hereditária que resulta de uma mutação genética específica; e a Distonia sensível a dopa. Também ela hereditária, manifestando-se logo na infância com dificuldades na marcha.

Principais sintomas

As manifestações clínicas da Distonia dependem da idade do doente e dos segmentos do corpo atingidos. Tremores, contrações musculares involuntárias, caibras e espasmos são, de um modo geral, os principais sintomas. Mas vamos a exemplos:

  • Blefarospasmo – (um tipo de distonia que atinge às pálpebras). Nestes casos, o doente pode pestanejar repetidamente ou mesmo contrair as pálpebras de forma a não conseguir abrir os olhos.
  • Distonia Cervical – quando o pescoço é o segmento atingido, este pode rodar para a esquerda ou para a direita, ou mesmo ter tendência a ir para a frente ou para trás sem que o doente o consiga controlar.

A Distonia pode ainda provocar dificuldades na marcha, afetar os músculos das cordas vocais - sendo que o doente pode não conseguir falar, a voz ficar trêmula, rouca, distorcida e difícil de entender – e limitar movimentos, impedindo o doente de realizar tarefas normais do dia-a-dia, como escrever, apertar um botão, tomar banho ou comer. Este distúrbio pode conduzir ainda a dor.

Diagnóstico

O diagnóstico da Distonia é clínico. Os médicos geralmente identificam a doença com base nos sintomas e no resultado do exame físico.

Muitas vezes os exames requisitados servem para excluir outras doenças que possam estar associadas à distonia.

Tratamento

O tipo de tratamento depende do tipo de Distonia e das causas a ela associadas, podendo incluir:

Terapêutica oral

Habitualmente é prescrita para tratar as condições que lhe dão origem, resultando na diminuição dos sintomas (por exemplo, a medicação para a Esclerose Múltipla pode reduzir os espasmos relacionados à doença)

Toxina Botulínica

Nas formas focais, que atingem uma área do corpo, como os olhos ou a região cervical, pode administrar-se toxina botulínica, em músculos selecionados, para reduzir os espasmos musculares na região afetada.

Fisioterapia

Que pode ser um tratamento complementar à toxina botulínica.

Cirurgia

Para alguns doentes a estimulação cerebral profunda é a única solução. Esta consiste no implante de um dispositivo médico que estimula zonas específicas do cérebro.

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Opinião
E é numa sexta-feira 13 que se comemora o Dia Mundial da Sépsis!

Este dia surge pela necessidade extrema da união de todos os sistemas de saúde, trabalhadores da área e comuns cidadãos, em prole da prevenção, diagnóstico e adequado tratamento da sépsis.

A sépsis atinge cerca de 30 milhões de pessoas no mundo anualmente, matando cerca de 7 a 9 milhões delas, sendo que os sobreviventes convivem muitas vezes com consequências o resto da sua vida.

Mas o que é a sépsis? É a disfunção de órgãos potencialmente fatal desencadeada por uma resposta desregulada do hospedeiro perante a infecção, considerada a quarta causa de morte no Mundo.

Em Portugal, 22% dos internamentos em Unidades de Cuidados Intensivos são devidos a Sépsis adquirida na comunidade e estes casos determinam uma mortalidade hospitalar global de 38%, que no caso de choque séptico chega a atingir 51%.

A Direção Geral de Saúde reconhece este problema e aborda-o com uma norma que refere que “todos os serviços de urgência (SU) devem ter uma equipa de sépsis constituída, no mínimo, por um médico e um enfermeiro”. É urgente saber identificar e tratar adequadamente a sépsis, razão pela qual se institui nos SU a Via Verde de Sépsis, processo que uniformiza e acelera a atuação das equipas de saúde perante um caso de sépsis. A título de exemplo, no meu Hospital, a Via Verde de Sépsis está informatizada, conseguindo-se ter apoio informático na identificação (através de triggers automáticos que despertam a suspeita de um caso), o manuseamento (através de meios complementares de diagnóstico e de pacotes de terapêutica que são dois cliques no computador!), fazendo com que este processo seja mais rápido e cómodo para a equipa que gere este doente.

Como nunca é demais lembrar: prevenir é o melhor remédio! Podemos prevenir as infeções, cumprindo por exemplo o plano nacional de vacinação, mantendo um estilo de vida saudável como uma alimentação adequada, exercício e descanso, lavar as mãos com regularidade e tomar uma atitude conscienciosa em relação ao uso de antibióticos, tomando-os apenas quando necessário, segundo a prescrição e até ao fim.


Dra. Ana Isabel Pedroso
Assistente Hospitalar de Medicina Interna
Fellow Medicina Intensiva
Co-coordenação VMER de Cascais
Hospital de Cascais

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Saúde Mental
Debater e compreender as questões relacionadas com as intervenções não farmacológicas na área da saúde mental é o objetivo do ...

Entre os oradores estão Pedro Varandas, Vítor Cotovio, Mónica Bordalo, Mónica Mateus, Ana Pinto Coelho, Joaquim Gago, Carlos Góis e Cláudia Antunes.

Para Élio Borges, diretor da Clínica Psiquiátrica de São José, “As intervenções não farmacológicas assumem hoje um papel tão ou mais importante do que as intervenções à base de fármacos. A inovação que se tem vindo a assistir no campo das terapias não farmacológicas permite-nos dar respostas mais direcionadas e personalizadas às pessoas com patologia mental. A medicina personalizada é cada vez mais uma realidade e estas terapias muito concorrem para esta medicina que acreditamos que será o futuro das intervenções nos vários campos da saúde, com especial enfoque na saúde mental.

A inscrição é gratuita e deverá ser realizada até ao dia 22 de setembro através do email: [email protected]

 

 

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