Osteoporose
200 milhões é o número de mulheres que sofrem de osteoporose a nível mundial e estima-se que ocorra uma fratura por fragilidade...

Para assinalar o Dia Mundial da Osteoporose, a Associação Nacional Contra a Osteoporose (APOROS), a Sociedade Portuguesa de Osteoporose e Doenças Ósseas Metabólicas (SPODOM), e a Sociedade Portuguesa de Reumatologia (SPR), com o apoio da Amgen, uniram-se, mais uma vez, para alertar a população portuguesa para o risco associado às fraturas nas pessoas com osteoporose.

A osteoporose, apesar de ser uma doença conhecida, apresenta uma elevada taxa de subdiagnóstico e está a ser tratada tardiamente. Além disso, em Portugal, está na origem de cerca de 40 mil fraturas por ano, com um impacto na qualidade de vida dos doentes e que podem ter como consequência a redução da sua sobrevivência.

“80% dos doentes apresentam alguma limitação na realização das atividades da vida diária um ano depois de uma fratura da anca, 40% não são capazes de caminhar de forma autónoma, 30% apresentam limitação funcional significativa e permanente. E, pelo menos, uma em cada dez pessoas que sofrem uma fratura do fémur morre no ano seguinte ao acidente” afirma Luís Cunha Miranda, presidente da SPR, no âmbito desta campanha de sensibilização.

Para alertar para esta problemática, a iniciativa “Impeça a Osteoporose de Quebrar a sua Rotina” procura, mais uma vez, sensibilizar a população portuguesa e fornecer a informação necessária para aumentar a literacia sobre a osteoporose com uma constante atualização de conteúdos na plataforma: www.ossosfortes.pt

Viviana Tavares, presidente da APOROS, refere que “queremos deixar um alerta para o impacto das fraturas osteoporóticas pelo simples facto de que os doentes que já tiveram algum tipo de fratura relacionada à osteoporose têm três vezes mais risco de ter uma nova, nos dois primeiros anos após a ocorrência”.

António Tirado, presidente da SPODOM, gostaria ainda de destacar que “as fraturas por fragilidade são cada vez mais frequentes nos países civilizados, muito devido, ao envelhecimento progressivo da população, à alteração do estilo de vida com menos exercício físico, à menor exposição solar diária e à modificação para os hábitos alimentares menos saudáveis. Os profissionais de saúde das diferentes áreas devem unir esforços e colaborar para inverter esta tendência. “

Para dar vida a esta campanha de sensibilização vai ainda ser realizada uma performance artística que procura ser uma representação da fragilidade óssea, a decorrer entre as 10h e as 13h30 na estação de Metro de São Sebastião, em Lisboa, e das 14h30 às 18h, na praça Novo Mundo, no Centro Comercial Colombo.

Tiago Amieiro, Diretor-Geral da Amgen, declara que “tendo em conta a elevada mortalidade associada às fraturas nas pessoas com osteoporose e o seu impacto na qualidade de vida destes doentes, é importante aumentar a consciencialização para a importância de identificar os casos de Osteoporose pós-menopáusica nas mulheres, sobretudo nas de maior risco. ”

 

Fragilidade óssea
A doença consiste numa diminuição da massa óssea global.

A osteoporose é uma doença do nosso esqueleto caraterizada por uma baixa densidade óssea e defeitos da microarquitetura do tecido ósseo. Consiste numa diminuição da massa óssea global com perda da sua resistência e força com suscetibilidade elevada de fraturas.

Estas fraturas, quando ocorrem, são conhecidas como as fraturas por fragilidade. Podem ocorrer espontaneamente ou após traumatismos menores como pequenas quedas e/ou apenas desequilíbrios momentâneos.

Os locais mais comuns destas fraturas por fragilidade são a coluna vertebral (compressão vertebral) fémur e punho. As fraturas por fragilidade também ocorrem no úmero, costelas e bacia.

Quais as pessoas mais atingidas?

O auge ou pico de massa óssea atinge-se por volta dos 20 anos de idade. A partir de então há uma diminuição progressiva com o envelhecimento. Estima-se que na Europa afeta 1 mulher em cada 2 e 1 homem em cada 5. O risco é maior para as mulheres com mais de 50 anos e para os homens com idades superiores a 65 anos.

Que sintomas ocorrem?

Nenhum até à existência de fraturas. As complicações das fraturas são as dores, deformações ósseas, perda de estabilidade na postura ou marcha, e nas idades mais avançadas envolvem mesmo a perda da vida na sequência das múltiplas complicações em cascata (pneumonias, acidentes vasculares etc.) todos como consequência da perda da mobilidade.

Como se diagnostica?

Em consulta médica e com exames auxiliares de diagnóstico. Para além do exame clínico, o teste com a maior importância é a densitometria óssea. O resultado deste exame é o chamado T-score. O seu valor consiste no desvio que existe comparativamente a uma pessoa do mesmo sexo e idade que tem a densidade óssea normal. Nos indivíduos com valores de desvio T ≤-2,5 têm o maior risco de fratura. Não devemos esquecer, no entanto, que existem mais fraturas em doentes com valores T entre -1 e -2,5, porque estas pessoas são em maior número.

Tem tratamento?

Sim. Com diagnóstico precoce, os médicos têm à sua disposição diversas linhas de fármacos. Usam-nas em função da gravidade e tolerância individuais. São de primeira linha os conhecidos Alendronatos, 25-hydroxyvitamin D, Calcium, e Hormonas. Outros de segunda e terceira linhas, mais recentes em fase final de testes, conhecidos como terapêuticas alvo (que atuam em locais moleculares muito específicos das células)

É prevenível?

Sim. Com medicamentos e minimizando ou eliminando alguns fatores de risco associados.

Para além de consultas médicas regulares recomendam-se hábitos de vida saudáveis: dieta diversificada, exercício físico regular, abandono do tabagismo e álcool, controlo adequado das doenças crónicas, e nas idades mais avançadas minimizar o risco de quedas.

Este risco pode reduzir-se com os seguintes cuidados:

Ao ar livre:

  • Use uma bengala pois ao andar ela aumenta-lhe a estabilidade.
  • Use sapatos com sola de borracha para tração.
  • Ande nas bermas quando os pavimentos estiverem escorregadios.
  • No inverno, leve sal para os pavimentos com gelo ou nas calçadas escorregadias.

No interior das habitações:

  • Mantenha os quartos arrumados, principalmente nos pisos onde passa mais tempo.
  • Mantenha os pavimentos limpos, mas não escorregadios.
  • Use sapatos de saltos baixos, mesmo em casa.
  • Evite andar de meias, ou chinelos de meia.
  • Certifique-se de que os tapetes são antiderrapantes e se estão fixos ao pavimento Verifique se as escadas estão bem iluminadas e se têm corrimãos nos dois lados.
  • Instale barras de apoio nas paredes da casa de banho perto da banheira, chuveiro e sanita
  • Use um tapete de banho de borracha no chuveiro ou na banheira antiderrapante, de preferência, fixo. Se tiver dificuldades de equilíbrio considere usar mesmo um banco no chuveiro.
  • Mantenha uma lanterna com pilhas novas ao lado de sua cama.
  • Se usar uma escada para áreas de difícil acesso, não se esqueça de usar os corrimãos
  • Adicione luminárias de teto às salas iluminadas por lâmpadas.
  • Considere comprar um telefone sem fios ou um telemóvel para que não precise de atender apressadamente quando ele tocar, ou para que possa pedir ajuda se cair. Coloque-o, de preferência, na sua mesa de cabeceira.
  • Tenha cuidado com pavimentos altamente polidos que se tornam escorregadios e perigosos quando molhados.
  • Não use passadeiras ou carpetes que não estejam fixas ao pavimento
  • Não suba a árvores ou telhados ou escadotes sem se certificar que o pode fazer sem risco de queda.

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As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Dor crónica atinge 1 em casa 3 pessoas
A Plataforma SIP Portugal quer promover um conjunto de medidas urgentes para a melhoria das condições de trabalho das pessoas...

De acordo com Ana Pedro, presidente da Associação Portuguesa para o Estudo da Dor (APED) e responsável pela coordenação científica da Plataforma, é imperativo “apostar em medidas que promovam a capacitação produtiva para o trabalho da pessoa com dor crónica, nomeadamente a adaptação e flexibilidade nos horários de trabalho; a adaptação do posto de trabalho e a promoção de condições ergonómicas; a possibilidade de realizar o trabalho a partir de casa; a aposta na formação e consciencialização sobre a problemática da dor em contexto laboral; a criação de grupos de suporte para pessoas com dor crónica dentro de uma empresa”.

Estima-se que a dor crónica afete cerca de 36,7 por cento da população portuguesa, sendo a segunda doença mais prevalente no país.

As medidas propostas pela SIP Portugal serão apresentadas hoje, Dia Nacional de Luta Contra a Dor, na Fundação Calouste Gulbenkian. Esta iniciativa vai contar com a partilha de diversos testemunhos de doentes relacionados com os obstáculos e desafios da empregabilidade, assim como boas práticas das empresas portuguesas neste âmbito.

A SIP Portugal é uma plataforma nacional com a coordenação científica da APED e o apoio da empresa Grünenthal, constituída por representantes de organizações, sociedades científicas e associações de doentes que, em conjunto, partilham a mesma missão: reduzir o impacto social da dor crónica nos portugueses.

 

 

Saiba o que é
Estima-se que cerca de 10% da população sofra de dor neuropática, um tipo de dor crónica causada por

O que é?

A dor neuropática é um tipo de sensação dolorosa que ocorre em uma ou mais partes do corpo e é associada a doenças que afetam o Sistema Nervoso Central, ou seja, os nervos periféricos, a medula espinal ou o cérebro.

Esta dor também pode ser consequência de algumas doenças degenerativas que levam à compressão ou a lesões das raízes dos nervos ao nível da coluna.

Características

A dor neuropática manifesta-se de várias formas, como uma sensação em queimadura, aguda, penetrante, como um choque elétrico, dolorida, pulsátil, esmagadora, como uma dor de dentes ou como uma queimadura solar.

Pode ser acompanhada ou não de “formigueiro” ou “dormência” (sensações conhecidas como parestesias) de uma determinada parte do corpo.

Como no sistema nervoso existem fibras “finas” e fibras “grossas”, as características das dores podem identificar qual o tipo de fibra que está comprometida.

Nas lesões das fibras finas predominam geralmente as dores em queimadura, aperto e peso. Nas lesões de fibras grossas são mais comuns as dores penetrantes, agudas ou como um choque elétrico.

Existem ainda situações em que existem ambos os tipos de dor, isto é, dores de fibras finas e grossas em simultâneo, as chamadas dores mistas.

Quando só uma estrutura nervosa está comprometida pela doença, a mononeuropatia, a dor é bem localizada, podendo afetar um lado do corpo ou da região (por exemplo, um lado da perna, do tórax, da face, etc.).

Por vezes, pode estar envolvido mais de um nervo no processo, causando dores em mais de um segmento do corpo (mononeuropatia múltipla).

Causas

  • Vírus e Bactérias
  • Traumatismos
  • Diabetes Mellitus
  • Acidentes
  • Alcoolismo e deficiências nutricionais

Tratamento

O tratamento da dor neuropática varia de acordo com a doença e com o estadio em que ela se encontra.

O objetivo é tratar especificamente o nervo ou a doença que o está a lesar indiretamente e/ou a dor resultante dessas lesões ou visar somente o alívio da dor. Os medicamentos mais frequentemente usados são:

Anticonvulsivantes – substâncias usadas para tratar a epilepsia (gabapentina, carbamazepina, lamotrigina) que atuam diminuindo a atividade elétrica dos nervos ou inibindo a passagem das dores por determinadas vias nervosas.

Anestésicos – como a cetamina e a ropivacaína, que também diminuem a atividade elétrica dos nervos.

Antidepressivos – como a amitriptilina e a imipramina, que estimulam certas partes do sistema nervoso que vão inibir a passagem da dor, além de atuar na depressão que geralmente acompanha a neuropatia ou qualquer dor na fase crónica.

Outras Técnicas

Para alguns tipos específicos de dor neuropática o médico poderá indicar tratamento cirúrgico do nervo, da medula espinal ou até a nível cerebral (exemplos: implantes de elétrodos, estimuladores que funcionam como pacemakers cardíacos).

O tratamento visa curar a doença e, quando isso não for possível, aliviar o sofrimento do doente.

Vale a pena lembrar que o controlo adequado da dor favorece o doente em vários aspetos: melhora as atividades diárias, proporciona um sono tranquilo e reparador, aumenta a capacidade de trabalho, estimula o apetite sexual e melhora a autoestima.

Em suma, melhora a qualidade de vida.

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Estudo
A poluição atmosférica na costa portuguesa provocada pelo tráfego marítimo representa cerca de 20 por cento da poluição causada...

“As emissões marítimas, que compreendem sobretudo os poluentes NOx e o dióxido de enxofre (SO2), têm impacto máximo junto às rotas internacionais, mas este impacto chega à zona costeira, com contribuições que vão de 10 a 20 por cento no caso dos NOx e acima de 20 por cento para o SO2”, aponta Alexandra Monteiro, investigadora do Departamento de Ambiente e Ordenamento e do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar, uma das unidades de investigação da UA.

A coordenadora do estudo garante tratar-se de um “cenário preocupante” que é urgente combater: “É muito importante colocar no terreno as medidas propostas pela investigação, algumas promovidas pela própria regulação europeia, sobretudo face ao contínuo e esperado aumento do tráfego marítimo”.

Os investigadores estimam que atualmente cerca de 90 por cento (75 por cento na Europa, e com tendência a crescer) de toda a troca de mercadorias e bens em todo mundo é realizada por via marítima, o que torna este meio de transporte preocupante em termos de impacto ambiental, sobretudo devido à sua grande dependência no que diz respeito ao uso de combustíveis fósseis, com emissões atmosféricas associadas e potencial impacto na qualidade do ar.

Coordenado por Alexandra Monteiro, o projeto AIRSHIP, financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) e que terminou recentemente, visou avaliar o impacto na qualidade do ar das emissões do transporte marítimo em Portugal e, com maior detalhe, ao nível local/portuário, tendo como caso de estudo o Porto Leixões e a área urbana envolvente.


A coordenadora do estudo, Alexandra Monteiro, é investigadora do Departamento de Ambiente e Ordenamento e do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar da Universidade de Aveiro

Forte impacto na qualidade do ar

No âmbito desse projeto, os investigadores da UA e em colaboração com o Instituto Meteorológico Finlandês, estimaram as emissões atmosféricas associadas ao transporte marítimo em Portugal e avaliaram a contribuição destas emissões na qualidade do ar, recorrendo a um sistema de modelação numérica.

Os resultados revelaram que estas emissões têm um impacto na qualidade do ar máximo junto às rotas marítimas, chegando até às zonas costeiras onde se verificam contribuições de 10 a 20 por cento para as concentrações de NOx e inferior a 10 por cento no caso das partículas, dois dos poluentes mais críticos em Portugal, com excedências aos valores limite legislados.

Relativamente aos cruzeiros, as estimativas revelam que as emissões associadas correspondem apenas a cerca de 5 por cento do total do transporte marítimo. Os estudos que os apontam como grandes poluentes, referem-se principalmente às emissões de SO2 (um poluente que apresenta valores residuais em termos de qualidade do ar em Portugal), já que é verdade que os cruzeiros emitem 28 vezes mais SO2 que o transporte rodoviário (mas 17 vezes menos NOx).

Medidas mitigadoras

Os estudos feitos no projeto AIRSHIP, quer ao nível regional, quer local (caso de estudo Porto de Leixões), envolveram ainda a investigação de medidas estratégicas mitigadoras para as emissões associadas ao transporte marítimo (focadas sobretudo no uso de combustíveis alternativos e práticas sustentáveis) e à atividade portuária, e elaboração de linhas de orientação para a sua implementação.

Entre as dezenas de medidas apontadas, os investigadores sublinham a importância da redução da velocidade dos navios enquanto estão em operação através da redução das rotações por minuto do motor e a utilização de combustíveis alternativos, de modo a diminuir o uso dos combustíveis mais tradicionais no transporte marítimo. Alterações nos motores do navio, de forma a torná-los mais limpos, e a implementação nos navios de um sistema de limpeza de gases de exaustão são outras das muitas medidas propostas.

“Esperamos que estes resultados possam ser particularmente importantes e úteis na gestão e ação política na área do transporte marítimo e dos seus impactes ambientais, colocando assim a ciência e a investigação ao verdadeiro serviço da sociedade”, diz Alexandra Monteiro.

Para além de Alexandra Monteiro, também Sandra Sorte, Michael Russo, Carla Gama, Myriam Lopes e Carlos Borrego, todos investigadores do CESAM, e André Neves, aluno do Mestrado Integrado de Engenharia do Ambiente, assinam o estudo.

Tratamentos
O Anestesiologista é responsável pela escolha da medicação anestésica, para indução e proteção das f
Papel da anestesiologia no controlo da dor

A anestesiologia nasceu com o intuito de abolir a dor, de forma a permitir certos procedimentos cirúrgicos.

O inicio da Anestesiologia dizem respeito a utilização do éter por inalação para cirurgias e extrações dentárias, com o dentista William Thomas Green Morton, que no ano de 1846.

Com o desenvolvimento da especialidade, rapidamente se chegou a conclusão que abolir a consciente e a dor não era suficiente, sendo necessário controlar as consequências da agressão que o doente sofre durante estes procedimentos.

O Anestesiologista é responsável pela escolha da medicação anestésica, para indução e proteção das funções vitais do doente. O anestesiologista tem competência na indução da consciência, na ventilação de suporte na emergência médica intra e extra-hospitalar e ainda no tratamento da dor crónica.

O foco da anestesiologia sempre foi o controlo da dor, aguda e crónica.

Dor cirúrgica vs dor crónica

A dor cirúrgica é a dor tipicamente definida como aguda ou seja uma resposta a uma agressão, é o tipo de dor que podemos prever e tomar as devidas precauções para a controlar.

A dor que persiste, por mais de 3 meses é definida como dor crónica. Esta dor manifesta-se de várias formas e é classicamente tratada pelos anestesiologistas, embora mais recentemente haja outras especialidades envolvidas.

A dor aguda pode resultar de uma cirurgia, de um trauma, de uma queimadura, ou de outro estímulo externo. Tem uma causa bem esclarecida e tende a desaparecer depois de tratada a causa.

Ao contrário da dor aguda que traduz sempre um sintoma ou sinal de alarme, a dor crónica é considerada uma doença que se prolonga por mais de 3 meses e que pode provocar alterações a nível do sistema nervoso central e periférico, contribuindo para a cronificação da dor. Fazendo com que esta persista por vezes para além da cura da causa.

Os doentes com dor crónica podem ter outros sintomas como depressão alterações do sono, fadiga e ansiedade.

No caso da dor crónica é muito importante identificar quando possível, a cauda da dor e tentar tratá-la, uma vez que isso pode significar a cura dor doente.

Quando isso não é possível deve-se adotar uma estratégia multimodal com medicamentos destinados a tratar os vários tipos de dor, fisioterapia etc.

O papel do anestesista

O anestesista é perito no controlo da dor aguda. Já na dor crónica, não existe um especialista de referência. São várias as especialidades que tratam a dor crónica.

De qualquer modo o anestesiologista quer historicamente quer atualmente ainda é o médico de referência pela preparação da sua especialidade no combate a todas as formas de dor, inclusive no treino que adquire na utilização de estratégias multimodais que combinam diferentes medicamentos para poder aliviar o sofrimento dos doentes, como sejam os opióides.

Os anestesiologistas aprendem técnicas que são úteis na abordagem da dor e que facilitam a aprendizagem de outras mais utilizadas em dor crónica com métodos minimamente invasivos Nos últimos anos, a anestesia regional tem evoluído bastante. Relativamente à anestesia geral, a loco-regional implica menos complicações, maior facilidade de controlo da dor aguda no pós-operatório, além do custo económico ser muito inferior.

Como intervir na dor crónica?

As modalidades de intervenção na dor são fundamentais pois permitem reduzir de forma substancial a dor melhorando a qualidade de vida em doentes com dor crónica.

As técnicas terapêuticas surgem na sequência do diagnóstico e tem como objetivo tratar a dor de uma forma mais efetiva. As mais usadas são as seguintes:

  • A Radiofrequência que consiste em inativar o nervo que enerva a zona que está a provocar a dor. Usada na dor lombar, dorsal ou cervical.
  • A Ozonoterapia que consiste em injetar ozono através de uma agulha na zona afectada e que tem propriedades analgésicas e anti-inflamatórias. Recentemente redescoberta no mundo ocidental como técnica para tratar alguns tipos de hérnias discais e artroses das articulações do joelho, anca e ombros.
  • A Neuroestimulação é usada para o alívio da dor neuropática, uma dor tipo queimadura e ardor. Consiste na colocação de uns eléctrodos por via epidural, via que se utiliza para a grávida, que depois se ligam a um estimulador que fica implantado no doente, tal como um pacemaker.
  • Laser intradiscal permite tratar hérnias discais de forma minimamente invasiva e com uma elevada taxa de sucesso

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Programa Menos Sal Portugal
O Estudo hoje apresentado conclui que a diminuição da ingestão de sal e o aumento da ingestão de potássio, a par da mudança dos...

Os investigadores constataram que com redução da ingestão de sal no plano alimentar diário, os participantes reduziram, em média, a pressão arterial (índice SBP) em 2,1 mm hg. No grupo de indivíduos com maior consumo de sal ou com pressão arterial mais elevada obteve-se, respetivamente, uma redução do consumo diário de sal de 0,6gr e uma importante redução da pressão arterial de 9 mm Hg.

Esta conclusão é muito relevante já que os cinco maiores estudos observacionais, realizados mundialmente, nos indicam que pequenas diferenças no índice SBP resultam numa significativa redução do risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares, nomeadamente, 10% na mortalidade por enfarte, 9% na mortalidade por doenças coronárias e 7% noutras causas de mortalidade.

Com redução da ingestão de sal, muitos doentes poderão evitar o início da medicação anti hipertensora ou, se não for o caso, reforçar o efeito de medicação já em curso.

O estudo “ReEducar - Reeducação para uma alimentação saudável”, foi coordenado pelos investigadores Conceição Calhau, Professora da NOVA Medical School, Coordenadora da Unidade Universitária de Lifestyle Medicine da CUF e da NOVA Medical School e Investigadora do CINTESIS, e Jorge Polónia, Professor na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, Professor Catedrático Convidado da Universidade de Aveiro, Investigador do CINTESIS, Médico Especialista em Medicina Interna e Hipertensão Arterial do Hospital CUF Porto, este estudo, designado por ReEducar – Reeducação para uma alimentação saudável, contou com a participação de 311 voluntários que, durante 12 semanas consecutivas, integraram um programa de reeducação alimentar com o objetivo de reduzirem o consumo de sal.

Os voluntários que participaram no estudo beneficiaram de acompanhamento próximo da  CUF e do Pingo Doce, quer através de consultas nas unidades hospitalares, quer por via de aconselhamento nutricional durante as compras no supermercado. Esta investigação suscitou bastante interesse na sociedade, tendo sido rececionadas 1500 candidaturas de pessoas interessadas em participar neste estudo.

As doenças cardiovasculares mantêm-se como a principal causa de morte na Europa, sendo responsáveis por 45% de todas as mortes no continente Europeu e 37% nos países da União Europeia*. Estas doenças integram não só as do sistema circulatório – nomeadamente as cardiopatias isquémicas (referido usualmente como ataque cardíaco) – como as doenças cerebrovasculares (AVC).

Através do Programa Menos Sal Portugal, a CUF e o Pingo Doce pretendem incentivar os portugueses a seguirem as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS) e reduzirem o seu consumo diário para apenas 5 gramas de sal,  - metade do que ingerem atualmente.

O consumo excessivo de sal é um problema de saúde pública em Portugal e está associado a várias doenças, nomeadamente à hipertensão que afeta mais de 40%  da população nacional e que quando não controlada, pode levar a situações fatais como o AVC ou o enfarte do miocárdio.

Face à dimensão do problema, a CUF e o Pingo Doce, enquanto marcas nacionais de referência nos seus setores e agentes económicos responsáveis que promovem uma cidadania empresarial ativa, estabeleceram uma parceria de intervenção nesta área, unindo esforços com vista à criação de um programa para a sensibilização da importância da redução do sal, em nome da saúde dos portugueses. 

Campanha ‘A vida sabe melhor com metade do sal’

Como condimento, o sal tempera a vida, mas a longevidade depende do seu consumo regrado. Por isso, dizer que a vida tem mais sabor com menos sal não é de todo uma contradição. Antes pelo contrário.

Por outro lado, se se pretende que os portugueses alterem os seus comportamentos e reduzam a quantidade diária de sal para metade é necessário que estes entendam o que são 5 gramas de sal.

Por esse motivo, o Menos Sal Portugal criou saquetas de 5 gramas de sal e colheres pitada (com a capacidade máxima de 5 gramas de sal) para assinalar o Dia Mundial da Alimentação, desafiando os portugueses a experimentar a diferença que 5 gramas de sal fazem na sua saúde.  É que fazem toda a diferença!

Patologia do pé
Dor na sola dos pés, inflamação e inchaço do antepé estão entre os principais sintomas da metarsalgi
Mulher descalça com dor no pé

O que são metarsalgias?

Tal como o nome indica, metatarsalgia é a dor na zona dos ossos metatársicos, que ocorre normalmente com maior intensidade ao caminhar.

Os ossos metatársicos estão localizados na zona anterior média do pé e são responsáveis pelo apoio aos dedos.

Esta doença é comum e ocorre devido à sobrecarga na cabeça dos ossos metatársicos, que pode levar a calosidades dolorosas na sola do pé, causando inflamação, dor e inchaço. Em casos extremos podem ocorrer fraturas por stress. O uso de saltos altos também coloca muita pressão na cabeça dos ossos metatársicos, aumentando a intensidade das dores.

O principal sintoma da doença é a dor que se agrava ao caminhar ou a correr. No entanto, os detalhes da dor podem variar e tanto podem afetar uma pequena área do pé como podem afetar o pé inteiro.

Para confirmar esta doença, é realizado um exame clínico, complementado por um RX dos pés, feito em carga.

Quais são as causas?

As causas das metatarsalgias são diversas, e incluem:

  • Deformidades nos pés, como pés planos ou pés cavos, ou deformações ósseas como joanetes;
  • Index-metatársico negativo, que é quando o 2.º e/ou 3.º e/ou 4.º ossos metatársicos são mais compridos do que o 1.º. Trata-se de uma condição genética que nem sempre os pés conseguem compensar;
  • Excesso de peso, que provoca maior sobrecarga sobre os ossos dos pés;
  • Realização de atividades físicas de grande impacto ou durante muito tempo, como por exemplo corridas de longas distâncias, que levam a uma sobrecarga dos ossos metatársicos;
  • Desenvolvimento de uma artrite ou artrose nos ossos metatársicos, devido ao desgaste ósseo relacionado com a idade ou inflamações por alterações do sistema imunitário;
  • Uso de sapatos de salto alto ou em bico, pois tendem a aumentar a pressão nos ossos metatársicos.

Como tratar?

Antes de qualquer cirurgia, o paciente pode experimentar uma terapia conservadora através do uso de palmilhas ortopédicas individualizadas, para aliviar a dor ao andar, mas não garante sucesso.

É importante consultar um médico especialista em Cirurgia do Pé, principalmente em casos de dor persistente para avaliar a causa das dores, e dar as orientações necessárias sobre os tratamentos a considerar.

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Estudo
Investigadores Portugueses do iBET-Instituto de Biologia Experimental e Tecnológica e do IPO - Instituto Português de Oncologia...

Neste estudo, os investigadores demonstraram que extratos destes vegetais, assim como os seus compostos de forma isolada, são capazes de induzir a morte das células cancerígenas. Em particular, o extrato de agrião é ainda capaz de reduzir a população de células estaminais cancerígenas responsáveis pelo aparecimento do cancro, pela sua reincidência e pela resistência a tratamentos com quimioterapia.

Para este estudo foram usadas células de cancro colorretal cultivadas em sistema 3D e que mimetizam o comportamento de tumores in vivo. O cancro colorretal é o 3º cancro mais comum em Portugal, a seguir ao cancro da mama e da próstata, e mata cerca de 4 mil portugueses todos os anos. O cancro colorretal tem maior incidência em indivíduos do género masculino com idade superior a 50 anos, contudo os dados apontam para um aumento da desta patologia em jovens adultos com idades compreendidas entre os 20 e os 40 anos.

Segundo Teresa Serra, investigadora da área de Food and Health Division do iBET coordenada por Rosário Bronze , “este projeto, para além de ajudar a compreender o efeito de compostos naturais derivados de vegetais crucíferos na prevenção e tratamento do cancro colorretal, fornece-nos informações importantes para o desenho de intervenções nutricionais direcionadas para a terapia do cancro colorretal”.

Desta forma, o projeto por Teresa Serra do iBET e por Cristina Albuquerque do IPO representa uma esperança para o desenvolvimento de novas terapias baseados em compostos naturais. Contudo, as investigadoras alertam que estes resultados não estão diretamente relacionados com a quantidade de brócolos ou agriões consumidos. Os efeitos agora reportados resultam da utilização direta de extratos vegetais concentrados em células cancerígenas. É necessário desenvolver estudos complementares para perceber qual a melhor forma de fazer chegar estes compostos ao tumor com iguais capacidades anticancerígenas.

 

Impacto no SNS
São mais de 100 as patologias classificadas como doenças intersticiais pulmonares. E apesar de considerarem raras, estima-se...

As doenças intersticiais pulmonares (DIP) estiveram em debate na Interstitial Lung Disease Multidisciplinary Meeting, um congresso científico que apresentou uma visão geral das DIP, envolvendo várias especialidades, entre as quais a radiologia, pneumologia, cirurgia torácica, medicina interna e anatomia patológica. Doenças que, segundo António Morais, pneumologista e presidente da Sociedade Portuguesa de Pneumologia, um dos oradores presente no encontro organizado pela Affidea, correspondem a um grupo de mais de cem doenças, “muito heterogéneas”. Doenças consideradas raras mas que, de acordo com o especialista, “quando se começa a observar estes doentes, para os seguir e para os medicar, o que acontece invariavelmente é que as pessoas se surpreendem com o seu número. Ou seja, nós temos que considerar estas doenças como raras, mas no seu conjunto representam uma significativa percentagem das consultas de pneumologia. Eu diria que cerca de um quinto das consultas de pneumologia serão relacionadas com estas doenças”.

Luís Rosa, radiologista e diretor clínico da Affidea, confirma. “É rara a semana que eu, como radiologista, não veja um doente com patologia do interstício pulmonar, porque abrange um grupo muito vasto de doenças. No seu conjunto, a incidência é elevada, o que tem como consequência um custo elevado para o País”, reforça. É que se tratam de “doenças, muitas delas com um prognóstico fechado, outras crónicas, que representam e afetam pessoas que a partir do momento do diagnóstico passam o resto da sua vida dependentes de qualquer tipo de apoio médico, da realização de exames e tratamentos mais ou menos inovadores e muitas acabam em insuficiência respiratória, que também tem exigências do ponto de vista hospitalar e não hospitalar muito grandes”. 

Segundo António Morais, o impacto é, de facto, grande. “As terapêuticas que atualmente existem, as mais recentes, são caras, o que envolve um esforço do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e, por outro lado, também pode ser necessário o transplante. É que num número razoável destes doentes a doença é progressiva e, porque não conseguimos controlar essa progressão desfavorável, vai acabar por ser necessário o transplante. Por isso, aquilo que o SNS precisa de disponibilizar para estes doentes é significativo.”

Nos passados dias 11 e 12, as doenças intersticiais pulmonares relacionadas com os cigarros estiveram também em destaque. E se os cigarros já preocupam os especialistas, a nova versão de tabaco, que recentemente saltou para a ribalta pelas piores razões, junta-se agora aos motivos de preocupação. “Relativamente ao debate que existe sempre sobre as melhores formas de cigarro, aquilo que nós dizemos é um conceito que é muito simples e perfeitamente entendível: o pulmão foi feito para respirar ar puro. Tudo o que não for isso vai necessariamente condicionar uma agressão e mais tarde ou mais cedo, de uma forma mais grave ou menos grave, teremos a resposta a essa mesma agressão”, refere António Morais. 

De acordo com o especialista, as notícias que têm vindo dos EUA, e que dão conta de mais de duas dezenas de mortes associadas aos cigarros eletrónicos, não são uma surpresa. “É algo que seria previsível. E falando agora do tabaco aquecido, que se tornou uma forma de cigarro mais apelativo, é só uma questão de tempo. Porque as pessoas estão a inalar substâncias estranhas para o seu pulmão, estão a agredir o seu pulmão e obviamente que o seu pulmão vai reagir. Vamos saber como mais tarde ou mais cedo.”

Embora algumas das DIP sejam mais fáceis de diagnosticar, outras transformam-se em verdadeiros desafios, que exigem o envolvimento de equipas multidisciplinares. No encontro científico, que se realizou em Cascais, alguns dos maiores especialistas, nacionais e internacionais, estiveram à conversa sobre estes desafios. “São doenças, do ponto de vista de diagnóstico, muito complexas. E o que acontece é que as classificações da doença, as formas de diagnosticar e mesmo a forma como os achados encontrados nas radiografias e TACs devem ou não ser interpretados, sofrem modificações frequentes. Há uma atividade de publicação científica à volta destas doenças que exige uma constante atualização”, explica Luís Rosa.

Estudo
Projetos de Inteligência Artificial, seja ainda em fase piloto ou já implementados e sustentados, podem ser encontrados...

Segundo o “Barómetro de Telessaúde e Inteligência Artificial no Sistema de Saúde”, a transcrição de voz (25%); o agendamento de atividades clínicas (14%) e a interpretação e extração de informação clínica (11%) são as áreas com mais projetos em atuação. Teresa Magalhães, Professora da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP) e coordenadora do grupo de trabalho da Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares (APAH), uma das entidades envolvidas no estudo, irá apresentar em detalhe o tema no C-Health Congress.

Nos próximos dois anos, as áreas com maior potencial de implementação, ao nível da Inteligência Artificial na saúde, são a avaliação e estratificação do risco (69%); a interpretação e extração de informação clínica (67%), o agendamento de atividades clínicas (64%) e a gestão do doente crónico – telemonitorização (64%), de acordo com o barómetro.

A ausência de cientistas de dados (44%), a infraestrutura tecnológica (44%) e a ausência de recursos financeiros (33%) são referidas como as maiores barreiras à implementação desta ferramenta tecnológica no sistema de saúde. Pelo contrário, a inclusão da Inteligência Artificial nos planos estratégicos das entidades (58%); a necessidade de reconhecimento do potencial da Inteligência Artificial pelos profissionais de saúde (50%) e a qualidade e disponibilidade dos dados (33%) são vistos como elementos facilitadores à disseminação desta tecnologia.

Neste estudo, que também abordou em detalhe a área da Telessaúde, considera-se o conceito de Inteligência Artificial como soluções ou sistemas de exploração de dados, de modelação, de simulação, de otimização e de aprendizagem automática. No que diz respeito à Telessaúde, a sua adoção está mais disseminada, já que 75% das instituições de saúde – 87% se forem consideradas apenas entidades do Serviço Nacional de Saúde – já recorrem a esta ferramenta, que consideram sobretudo importante para monitorizar doentes crónicos.

A Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares e a Glintt - Global Intelligent Technologies realizaram o barómetro pela primeira vez este ano, em parceria científica com a Escola Nacional de Saúde Pública e com o apoio institucional dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde. O barómetro é considerado um estudo exploratório para a aplicação da Telessaúde e da Inteligência Artificial na saúde. Para a sua realização, foi aplicado um questionário e recolhidas respostas de 56 instituições (incluindo 24 hospitais no Serviço Nacional de Saúde), sendo que respostas de 36 entidades foram validadas para análise.

Opinião
Ao longo dos últimos 30 anos, a cirurgia da coluna tem conhecido enormes desenvolvimentos, permitind

No entanto, ao longo do seu desenvolvimento os seus resultados nem sempre foram os melhores encontrando-se associado no passado a um elevado número de complicações. Na década de 80 e 90, vários foram os estudos publicados demonstrando resultados clínicos satisfatórios em apenas 68% dos doentes operados. Mais se acrescenta que estes procedimentos se encontravam associados a elevadas taxas de complicações (cerca de 20%) com taxas de re-intervenção cirúrgica de 18% devido a perda ou falha de fixação dos implantes. À data, a área da cirurgia da coluna encontrava-se a dar os primeiros passos, motivo pelo qual, os doentes muitas vezes obtinham melhorias escassas por breves períodos de tempo, atendendo a que implantes eram rígidos e aceleravam alguns processos degenerativos em curso.

Atualmente, esta tendência mudou radicalmente. Com a introdução de novos dispositivos e tecnologias de auxílio intraoperatório, a cirurgia da coluna obteve enormes avanços tecnológicos, permitindo a realização de procedimentos cada vez mais complexos, por vias minimamente invasivas, com resultados clínicos muito superiores comparativamente aos demonstrados ao longo das décadas passadas.

Os grandes passos dados na cirurgia da coluna foram:

  1. Criação de Unidades de Cirurgia de Coluna especializadas e altamente diferenciadas

A minucia e o rigor dos procedimentos exige unidades multidisciplinares altamente especializadas, com cirurgiões muito experientes, e dotadas de elevado equipamento tecnológico.

  1. Cirurgia minimamente invasiva

O lema “grande incisão, grande cirurgião”, caiu completamente em desuso. O desenvolvimento de técnicas minimamente invasivas, permitiu uma menor agressividade do ato cirúrgico e com isso a obtenção de uma recuperação mais rápida do doente com melhores resultados clínicos. Assim, é possível com um elevado nível de segurança efetuar tratamentos cirúrgicos com um tempo programado de internamento de 1 a 2 dias, quando antigamente, seria necessário um tempo de permanência hospitalar de semanas. A cirurgia minimamente invasiva, possibilita uma recuperação mais rápida do doente, permitindo melhores resultados funcionais mesmo em indivíduos com profissões de elevadas exigências físicas ou mesmo em atletas de alta competição, com um retorno mais rápido a níveis de performance elevada.

  1. Cirurgia sem dores, durante e após a cirurgia

O desenvolvimento de novas técnicas anestésicas, permitem uma redução muito significativa da dor pós-operatória, permitindo ao doente ter autocontrolo da medicação analgésica através de bombas de infusão, melhorando o conforto e as queixas associadas mesmo em procedimentos mais agressivos. Desta forma, o doente pode levantar-se e caminhar em menos de 24h após a sua cirurgia, permitindo uma melhor recuperação.

  1. Cirurgias mais rápidas e mais seguras

A introdução de aparelhos mais sofisticados, permitiu ainda diminuir a complexidade de alguns procedimentos cirúrgicos, reduzindo o tempo operatório para menos de metade, comparativamente com a realidade de acerca de 20 anos atras. Atualmente, é possível operar uma Hérnia discal por uma via de abordagem minimamente invasiva, com um tempo cirúrgico inferior a 1 hora e o doente ter alta para casa no mesmo dia.

Menores tempos cirúrgicos, associados a vias de abordagem mais direcionadas e de menores dimensões, diminuem a exposição a bactérias reduzindo o risco de complicações associadas.

  1. Melhor visualização, menor risco cirúrgico

Atualmente, um cirurgião de coluna tem ao seu dispor inúmeros instrumentos que o podem auxiliar no tratamento de doentes com patologias graves da coluna vertebral, reduzindo a taxa de complicações graves. O uso de microscópios com enorme poder de ampliação de imagem permitem melhorar a capacidade de visualização do campo cirúrgico, havendo uma melhor percepção das estruturas que se encontram atingidas como a medula ou raízes nervosas, melhorando a capacidade do cirurgião para tratar patologias graves da coluna vertebral como tumores, estenoses canalares com um menor risco de lesão neurológica.

  1. Cirurgia por Neuro-Navegação – um passo de gigante na colocação de implantes da coluna com segurança máxima

Embora apenas esteja disponível em alguns centros em Portugal, a neuronavegação permite uma melhoria significativa na capacidade de posicionamento de implantes. Este dispositivo consiste na utilização de uma TAC intraoperatória que permite colocar parafusos e implantes em tempo real com auxílio de antenas e instrumentos assistidos por meios informáticos avançados de aquisição de imagem. Esta tecnologia permite não só melhorar a eficácia cirúrgica (uma vez que o posicionamento de implantes em trajetórias ideias melhora a capacidade biomecânica da cirurgia realizada), como também diminuir a taxa de complicações associadas. Com uso desta tecnologia há uma redução muito significativa no número de parafusos colocados fora do seu trajeto ideal, sendo a taxa de revisão cirúrgica por mau posicionamento de implantes reduzida para percentagens muito próximas dos 0%. Por todas estas razões, a neuronavegação permite melhorar a segurança e eficácia no posicionamento de implantes, sendo um dispositivo fundamental em casos de cirurgias mais complexas como correção de deformidades ou revisões cirúrgicas.

  1. Robótica em cirurgia de coluna – o futuro está a chegar

Apesar da cirurgia robótica já existir noutras áreas cirúrgicas, a robótica aplicada à cirurgia da coluna vertebral apenas começa a dar agora os seus primeiros passos. Os equipamentos hoje existentes em raríssimos hospitais a nível mundial (ainda não existe na Europa) implicam ainda o auxílio do cirurgião para o correto posicionamento de implantes, mas o seu desenvolvimento poderá permitir no futuro a aplicação completamente autónoma de implantes, podendo reduzir ainda mais a taxa de complicações associada a erros humanos.

Estão ainda em fase de desenvolvimento equipamentos robóticos manuseados à distância por cirurgiões, funcionando como uma extensão dos braços humanos com enorme precisão.


Dr. Luís Teixeira - Ortopedista
Diretor do SPINE CENTER
Presidente da Associação sem fins lucrativos SPINE MATTERS

*Luís Teixera é o único cirurgião português envolvido como consultor científico no grupo de desenvolvimento destes novos equipamentos robóticos para cirurgia de coluna a nível mundial. Recorde-se que este cirurgião ortopédico foi já pioneiro em várias cirurgias de coluna em Portugal, tendo sido o primeiro português a realizar uma cirurgia por neuro-navegação em Portugal em 2013, possuindo na atualidade o maior número de cirurgias efetuadas em Portugal com recurso a esta técnica, o que faz com que a unidade clínica que dirige seja procurada por doentes de todo o mundo, e por médicos que aí vêm fazer formação, sendo uma referência internacional nesta área.

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As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Alimentação
Apenas 1% do orçamento da saúde é dedicado à prevenção. Uma situação que, para os nutricionistas, tem de ser revertida já no...

A bastonária da Ordem dos Nutricionistas, Alexandra Bento, vai enviar, durante este mês, uma carta a todos os partidos elencando medidas específicas que podem ser acionadas durante a próxima legislatura, para a melhoria dos hábitos alimentares dos portugueses.
 
Portugal é dos países europeus com maior número de anos de vida saudáveis perdidos, o que se justifica por um em cada 10 portugueses ter diabetes, um em cada três ter hipertensão, e por um em cada dois portugueses ter obesidade ou excesso de peso.
 
“São dados alarmantes, morremos pela forma como estamos a comer. Temos um viver com pouca saúde nos últimos anos de vida. Estamos a falar do futuro do nosso país e a questão que se coloca é: estaremos a cuidar bem da saúde da nossa população?”, questiona Alexandra Bento, recém-eleita bastonária da Ordem dos Nutricionistas.
 
A bastonária reforça, ainda, que “é necessário educar, formar e criar as condições para que os portugueses tomem decisões alimentares corretas”, o que só é possível com medidas preventivas, nomeadamente com campanhas informativas; com a limitação da disponibilidade de alimentos com excesso de sal, gorduras e açúcar; com a reformulação dos alimentos, e a taxação de determinados alimentos; e com nutricionistas no terreno.
 
Para a Ordem dos Nutricionistas, o impacto financeiro que as doenças relacionadas com a má alimentação tem no Serviço Nacional de Saúde (SNS) é demolidor, sendo que o custo anual com medicamentos antidiabéticos é de cerca de 250 milhões de euros e, com medicamentos para as doenças cardiovasculares, de cerca de 350 milhões de euros.
 
“Se pensarmos que o volume de encargos com este tipo de medicamentos tem tido um crescimento anual superior ao PIB, não será difícil perceber que, a menos que algo profundo seja feito, o SNS tornarar-se-á insustentável”, sustenta Alexandra Bento.
 
Na anterior legislatura foi criada a Estratégia Integrada para a Promoção da Alimentação Saudável, onde estiveram envolvidos praticamente todos os Ministérios. No entanto, a Ordem dos Nutricionistas relembra que isto não basta, sendo necessário “mais ritmo e mais intensidade” e, por isso, espera que o novo Governo desempenhe um papel ativo na promoção de hábitos alimentares saudáveis.
 
Recorde-se que todos os dias morrem cerca de 100 portugueses devido a doenças cérebro-cardiovasculares e uma parte destas mortes poderia ser evitada através de alterações dos comportamentos alimentares, uma mudança que só pode ser realizada com uma atuação transversal em todas as políticas.

2.2 milhões de pessoas têm deficiência visual
A Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou este mês o seu primeiro relatório mundial sobre a visão. A elaboração deste...

O principal objetivo do relatório passa por aumentar a consciencialização da sociedade para os problemas que afetam a saúde da visão, assim como sensibilizar a classe política para a necessidade de fortalecer os cuidados de saúde a nível mundial, nomeadamente no investimento nos cuidados de saúde primários.

Um dos principais pontos sublinhados neste documento, refere o presidente da APLO, Raúl de Sousa, “é o facto da Optometria ainda não ser reconhecida como uma profissão importante na prestação de cuidados primários para a saúde da visão em diversos países, entre eles Portugal”. E acrescenta: “Esta integração é fundamental para assegurar mais e melhor prevenção, deteção precoce, tratamento e reabilitação dos problemas que afetam a nossa visão, ao mesmo tempo que a distribuição das diversas classes profissionais que prestam cuidados para a saúde da visão, entre elas os optometristas formados pelas universidades públicas portuguesas, deveria respeitar as necessidades da população”.

O relatório revela ainda que mais de 2.2 mil milhões de pessoas têm deficiência visual, sendo que mil milhões desses casos poderiam ter sido prevenidos ou tratados.

 

Como funciona?
Estima-se que todos os anos sejam diagnosticados cerca de 40 mil casos de cancro do pulmão.

O cancro do pulmão tem sido, desde há várias décadas, o tumor mais frequente e também o mais mortal em todo o mundo. O tabaco continua a ser o principal fator de risco, a par da exposição a agentes cancerígenos.

Tendo origem nas células responsáveis pela constituição do tecido pulmonar, existem dois grupos principais de cancro do pulmão: o cancro do pulmão de não pequenas células e o cancro do pulmão de pequenas células.

Entre estes, o primeiro é o mais frequente (correspondendo a mais de 80% dos casos) e também aquele que apresenta melhor prognóstico. Este tipo de cancro geralmente cresce e metastiza de forma mais lenta, quando comparado com o cancro de pequenas células – um tipo de tumor mais raro (15% dos casos) e também mais agressivo.

De acordo com Ana Rodrigues, Assistente Hospitalar em Oncologia Médica no IPO-Porto, a idade média de diagnóstico situa-se entre os 60 e 90 anos. Tosse prolongada, ou alteração das características da tosse (no caso dos fumadores), dispneia, dor torácica, astenia (cansaço/fadiga) e anorexia (perda de peso acentuada) estão entre os principais sintomas.

O seu tratamento depende do estadiamento do tumor e pode incluir cirurgia, quimioterapia e radioterapia, em sequência ou combinadas.

A imunoterapia, embora não sendo uma opção de tratamento para todos os doentes oncológicos, têm vindo a ser cada vez indicada para o tratamento do cancro do pulmão. No entanto, e uma vez que “ainda existem situações em que o seu benefício não foi demonstrado”, diz a oncologista, “é necessário contextualizar o estado geral do doente e as suas comorbilidades”.

“A imunoterapia consiste em libertar um travão no nosso sistema imunológico de forma a que sejam as nossas próprias células imunitária a combater o cancro”, explica a Assistente hospitalar do IPO-Porto, acrescentado que esta serve antes como um complemento, “ou mais uma opção terapêutica a adicionar ao arsenal limitado de tratamentos que dispomos no contexto paliativo”, pelo que não substitui a radioterapia ou quimioterapia, embora seja, “regra geral (…) bem tolerada, compatível com uma vida diária sem grandes limitações”.

Entre os principais efeitos secundários, a especialista destaca os processos inflamatórios. “Por vezes, as nossas células imunitárias reconhecem como estranho células normais, desencadeando inflamações”, explica referindo que, muito embora, quase todos os tecidos saudáveis possam ser afetados, as glândulas, a pele, o intestino e o pulmão são os mais atingidos pelos seus efeitos.

Não obstante, a sua utilização tem permitido a estes doentes sobreviver à doença durante mais tempo. “O ensaio Keynote 001, atualizado na ASCO 2019, demonstrou que com a introdução da imunoterapia no tratamento paliativo do cancro do pulmão, não pequenas células, a sobrevivência global aos 5 anos foi de 23%”, revela a oncologista acrescentando que estes números representam “um grande ganho” quando comparados com os 5% alcançados com a quimioterapia.

Segundo a especialista, embora se trate de um tratamento dispendioso, todos os doentes do Serviço Nacional de Saúde podem aceder a esta opção terapêutica “desde que cumpram os critérios”.

O maior entrave continuam a ser os tempos de espera para a realização de exames e início de tratamento e que comprometem “em muito o estado funcional do doente”.

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As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Solução tecnológica
A solução tecnológica OrCam MyEye, desenvolvida pela OrCam Technologies, destina-se a pessoas cegas ou com baixa visão, e...

O OrCam MyEye foi desenhado para ser discreto, intuitivo e de fácil utilização, lendo em voz alta texto impresso e digital de qualquer superfície, em tempo real. Com ele os utilizadores podem ler livros, jornais, ecrãs de computador e smartphones, etiquetas em supermercados, entre outros. Características adicionais do OrCam MyEye incluem reconhecimento fácil instantâneo, identificação de cores e o tradicional papel-moeda (notas).

Já disponível em 25 idiomas e 48 países, foi desenhado por uma equipa de especialistas em machine learning e visão computorizada. Não necessita de Wi-Fi e, portanto, a comunicação áudio é feita em tempo real, enquanto assegura a privacidade de dados dos utilizadores.

“A OrCam está empenhada em ajudar a comunidade de pessoas com necessidades especiais de visão. O nosso objetivo é criar uma solução duradoura que marcará o novo padrão para o nível de independência que a tecnologia de visão artificial pode oferecer,” diz Fabio Rodríguez, Country Manager de Portugal e Espanha. “É uma grande honra termos a possibilidade de auxiliar as pessoas cegas e amblíopes em Portugal através da tecnologia assistida da OrCam MyEye. Este aparelho dá independência adicional, pois proporciona informação vital disponível ao utilizador do OrCam MyEye, o que possibilita que as pessoas façam atividades diárias como estudar e trabalhar.”

No mundo existem pelo menos 350 milhões de pessoas cegas ou com dificuldades visuais e 1,200 milhões de pessoas disléxicas. Em Portugal existem aproximadamente 160 mil pessoas cegas e 900 mil cidadãos com dificuldades de visão.

 

Reunião Internacional
Nos passados dias 11 e 12 de outubro realizou-se uma reunião internacional sobre doença do interstício pulmonar (Interstitial...

Os palestrantes focaram-se sobre os aspetos imagiológicos mais importantes do diagnóstico diferencial entre as várias entidades clínicas abrangidas, sobre a designação genérica de doença intersticial do pulmão e também sobre as opções terapêuticas atualmente disponíveis.

Luís Rosa, diretor clínico da Affidea, confirma estes desafios. “Estamos a falar de doenças que, do ponto de vista do diagnóstico, são muito complexas. A classificação das doenças, as formas de diagnosticar e mesmo como devem ser interpretados os achados nas radiografias e TACs sofrem modificações frequentes. Há doenças a ser classificadas de uma nova forma, há uma atividade de publicação científica à volta destas doenças que exige uma constante atualização”, revela. Fatores que justificam uma inscrição recorde de cerca de 300 especialistas neste encontro.

“Ter alguns dos mais importantes ‘experts’ de doença do interstício a nível mundial no nosso país, com abertura para discussão ampla no fim das suas exposições não acontece muitas vezes. Por cá, infelizmente, cada vez há menos oportunidades de fazer reuniões multidisciplinares com a qualidade deste evento e ter um encontro como este no nosso país é algo que os médicos valorizam.”

Diana Penha, consultora de Radiologia Cardiotorácica no Liverpool Heart and Chest Hospital e membro da comissão científica do congresso, classifica o encontro como “um sucesso”. Até porque, refere, se trata “de um tema muito importante no contexto médico: hoje em dia, é uma patologia cuja incidência e prevalência tem sido subestimada e cujo diagnóstico pode marcar a diferença para o doente.”

De acordo com a especialista, as doenças do interstício pulmonar referem-se a um grupo amplo de doenças, “nem todas de fácil diagnóstico, sendo necessário, por vezes, à correlação à histologia, ao tecido. E não se vai submeter os doentes a procedimentos, muitas vezes invasivos, como a biópsia, se antes não tivermos esgotado todas as possibilidades de uma forma não invasiva. Neste caso, em cerca de 50% das vezes, o médico radiologista, através da TAC, consegue apontar numa determinada direção, que pode ser a direção em que existe uma terapêutica já disponível”.

Em Portugal estiveram nomes como Klaus Irion, professor honorário de Imagiologia Torácica na Manchester University NHS Foundation Trust, David Lynch, professor de Radiologia na University of Colorado, em Denver, nos EUA, Rosana Santos, especialista em Imagiologia Torácica na Affidea Portugal, Angeles Monteiro, patologista pulmonar do Hospital Wythenshawe Manchester, em UK, e Edson Marchiori, professor titular de radiologia na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Este último falou sobre temas como a pneumonia em organização, uma das doenças do interstício pulmonar que apresenta um quadro clínico variado e que simula outras doenças, e a pneumonite por hipersensibilidade, que resulta da inalação de uma grande variedade de antígenos, reforçando que, ao contrário do que acontecia no passado, agora, na maioria dos casos, a exposição a esses antígenos deixou de ser ocupacional, passando a ser doméstica.

Ana Grilo, especialista em Medicina Interna no Hospital Beatriz Ângelo, centrou a sua apresentação no extenso leque de doenças autoimunes que apresentam na sua evolução repercussão sobre o interstício pulmonar, "as doenças autoimunes abrangem um grande número de patologias desde doenças específicas de órgão a doenças sistémicas, nestas o pulmão é um dos órgãos que é mais frequentemente envolvido. As manifestações traduzem-se de diferentes formas, desde derrames pleurais, alterações alveolares, a alterações do interstício. Numas doenças é mais prevalente do que noutras, mas é de facto um local que demonstra manifestação de doença muito comum.” 

Ana Grilo explica que, “numa fase inicial e à semelhança de outras doenças do interstício que não estão relacionadas com as doenças autoimunes, estas patologias começam todas com uma sintomatologia muito parecida e às vezes muito incipiente, sendo por vezes necessário um elevado grau de suspeição para depois estabelecermos este diagnóstico, capaz de alterar o tratamento do doente, que pode já estar a ser tratado para uma doença autoimune ou não”.  

Esclerose sistémica, miopatias inflamatórias, artrite reumatóide e doença mista do tecido conjuntivo, são as aquelas em que a doença do interstício é mais comum e mais grave. Diagnosticar e tratar estes doentes exige, concorda a especialista, um trabalho de equipa. “Eu, como clínica, não tenho a capacidade de identificar muitos dos padrões da TAC e posso até ficar confusa com a descrição dos achados por parte dos colegas da radiologia. A discussão é feita em equipa multidisciplinar, em que muitas vezes está presente o radiologista, o pneumologista, o reumatologista, o especialista de anatomia patológica, o de cirurgia torácica o internista, é de facto enriquecedora.”

Os maiores desafios para os clínicos são, de acordo com esta especialista, “conseguir estabelecer um diagnóstico correto, já que existem outros fatores externos, como fármacos e infeções, que podem dificultar o diagnóstico certo. Com isso, conseguir estabelecer um plano de tratamento para que o prognóstico seja o melhor possível.”

 

Iniciativa
Joana Melo, interna no Hospital de Santa Maria, venceu a segunda edição do MatcH the Guidelines na Reumatologia e irá...

Esta iniciativa permite aos participantes avaliarem os seus conhecimentos e pretende promover a implementação de recomendações nacionais e internacionais relacionadas com as doenças reumáticas crónicas imunomediadas.

O MatcH the Guidelines é uma plataforma online onde, quinzenalmente, os participantes foram desafiados a resolver casos clínicos ficcionados, que ilustram situações e condições da vida real, elaborados por uma Comissão Científica independente, presidida pela reumatologista Helena Canhão. No total foram cinco casos clínicos que incidiram sobre cinco doenças reumáticas: atrite idiopática juvenil, artropatia gotosa, espondilartrite associada à doença inflamatória do intestino (DII), artrite reumatoide e artrite psoriática.

“O MatcH the Guidelines é um excelente exercício para treinar o raciocínio clínico, conjugando a avaliação dos conhecimentos sobre recomendações nacionais e internacionais com a rapidez de decisão. Trata-se de um projeto de educação médica inovador e dinâmico, que encoraja a utilização das recomendações relevantes no tratamento das doenças reumáticas. Recomendações essas que são essenciais para harmonizar e otimizar o tratamento e, consequentemente, para melhorar os outcomes dos doentes”, afirma Helena Canhão, presidente da Comissão Científica do MatcH the Guidelines.

 O grande objetivo do projeto é encorajar, especialmente junto de internos e jovens especialistas, a consulta e a utilização das recomendações da European League Against Rheumatism (EULAR), da Assessment of SpondyloArthritis International Society (ASAS) e da própria SPR, relacionadas com as doenças reumáticas crónicas imunomediadas.

 

Proteção contra as doenças
Num mundo onde 820 milhões de pessoas não têm o suficiente para comer, o Dia Mundial da Alimentação, que se assinala no próximo...

É a FAO que garante que 149 milhões de crianças sofrem de problemas de crescimento devido à desnutrição. Um problema que pode ser minimizado com o consumo de carne, uma vez que os produtos pecuários fornecem micronutrientes essenciais, como vitamina B12, ferro e cálcio. “Investir em nutrição faz sentido economicamente, pois melhora a produtividade e o crescimento económico e promove a saúde da nação”, refere a organização.

Tendo em conta que um em cada cinco animais destinados a consumo morrem devido a doenças evitáveis, o que representa uma perda de 20% da produção, e tendo em conta também que cerca de 50% da população mais pobre do mundo depende da agricultura e pecuária não só para a alimentação, mas também para a sua sobrevivência financeira, proteger os animais contra doenças é uma das melhores formas de fazer esse investimento. É, afirma Jorge Moreira da Silva, Presidente da APIFVET, “garantia de qualidade e segurança alimentar”, sendo por isso essencial “esclarecer a população sobre a importância da vacinação e do tratamento de doenças e infeções nos animais para consumo”.

 “Ao reduzir a incidência de doenças nos animais de produção para consumo, que é aliás uma das formas de sustento de muitas famílias nos chamados países subdesenvolvidos, estamos a contribuir para o combate à fome e, por isso, várias entidades mundiais têm aproveitado esta efeméride para alertar para esta realidade e desmistificar a ideia de que o uso de medicamentos veterinários em animais para consumo é prejudicial para a saúde humana”, acrescenta.

Jorge Moreira da Silva explica que, “por exemplo, em Portugal o uso de vacinas nos animais permitiu erradicar doenças como a raiva e a febre aftosa”. Já os suplementos alimentares em animais são também importantes, na medida em que, “tal como nós humanos, a sua correta utilização em animais é muitas vezes necessária para garantir a saúde”. Embora existam atualmente métodos eficazes de controlo no combate a doenças, a APIFVET alinha na mensagem destas entidades, que enaltece a importância de se “continuar a investir no desenvolvimento de novas vacinas, medicamentos, testes de diagnóstico e biocidas, para reduzir as perdas por várias doenças em animais de produção para consumo”.

 

Medicamentos
A Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, Infarmed, aprovou o financiamento do Riociguat na Hipertensão...

O riociguat é o único tratamento aprovado até ao momento para utilização em dois tipos de Hipertensão Pulmonar (doença progressiva e potencialmente fatal): na Hipertensão Pulmonar Tromboembólica Crónica (HPTEC) inoperável (Grupo 4 OMS) e HPTEC persistente/recorrente, após cirurgia, para melhorar a capacidade de exercício, e na Hipertensão Arterial Pulmonar (HAP) (Grupo 1 OMS) para melhorar a capacidade de exercício.

Esta aprovação tem por base dois ensaios clínicos: CHEST-1 e PATENT-1 que atingiram os endpoints primários ao demonstrarem uma melhoria estatisticamente significativa na capacidade de exercício medida pelo teste de marcha de 6 minutos (TM6M).

O riociguat é o primeiro da classe dos estimuladores da guanilato ciclase solúvel (GCs) possuindo um mecanismo de ação único com potencial para superar limitações de outras terapêuticas aprovadas na HAP, incluindo a dependência de óxido nítrico (NO).

Para além disso, é o primeiro fármaco a demonstrar benefício clínico na HPTEC, onde até à aprovação do Riociguat não existia nenhuma terapêutica com esta indicação.

 

 

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