Infeção grave generalizada
A sépsis representa a resposta inflamatória sistémica do organismo a uma infeção grave generalizada.

Vários são os microrganismos que podem causar uma infeção que origina a sépsis, incluindo bactérias, fungos, vírus e parasitas. No nosso ambiente, é frequentemente causado por bactérias que, em cerca de 80% dos casos de sépsis, são adquiridas fora do hospital, a nível comunitário. No entanto, também pode ser causada devido a infeções pelo vírus da gripe, dengue e outros patógenos altamente transmissíveis, como vírus do ébola ou febre-amarela.

Nos últimos 25 nos, publicaram-se três definições diferentes de sépsis. A última, conhecida como SEPSIS.3. Nela, distinguem-se dois níveis: a sépsis e o choque séptico. Para diagnosticar uma sépsis é necessário ter pelo menos uma disfunção num dos 6 órgãos que valorizamos (hemodinâmico, respiratório, renal, digestivo, hematológico ou sistema nervoso central).

O choque séptico, que é o estadio de sépsis associado a maior mortalidade, ocorre quando a pressão arterial do doente permanece baixa e não é possível adequar o fluxo de sangue para os órgãos e tecidos, apesar do tratamento intensivo. A mortalidade por choque séptico atinge os 51%, de acordo com os dados do projeto “Via Verde da Sépsis” da Direção Geral da Saúde (DGS).

Apesar dos avanços clínicos, a sépsis continua a representar um desafio considerável e crescente nos cuidados de saúde. A sépsis representa um grave problema de saúde pública, que pode ser comparável ao acidente vascular cerebral (AVC) e ao enfarte agudo do miocárdio, e sabe-se que a sua incidência está a aumentar cerca de 1,5%/ ano, assim como a gravidade dos casos. De acordo com a DGS, este aumento deve-se também ao envelhecimento da população, à maior longevidade dos doentes crónicos, à crescente existência de imunossupressão por doença ou por iatrogenia e ao recurso cada vez maior a técnicas invasivas.

A rapidez do diagnóstico é fundamental, assim como o início do tratamento adequado, aumentando o prognóstico e as hipóteses de sobrevivência do doente. Numa fase inicial da doença, a identificação e estratificação rápida dos doentes e a utilização do antibiótico adequado são a chave para reduzir a probabilidade de morbi-mortalidade.

O tratamento pode ser longo e o doente quase sempre sofre sequelas para o resto da vida que vão depender de diversos fatores – estado de saúde do doente antes da infeção, gravidade da mesma, o tempo de internamento e o local onde ocorreu a infeção. Mesmo após a alta hospitalar, as consequências da sépsis podem permanecer para o resto da vida. Alguns dos efeitos a longo prazo incluem danos permanentes nos órgãos afetados, incapacidade física e cognitiva, estados de tristeza, dificuldade em deglutir, fadiga e fraqueza muscular, dificuldade em dormir, problemas de memória, dificuldade de concentração, ansiedade e depressão.

A microbiologia desempenha um papel vital em todo o processo de tratamento da sépsis. O início de uma terapêutica antimicrobiana na primeira hora de diagnóstico é crucial. As hipóteses de sobrevivência rondam os 80%, mas esta percentagem diminui 7,6% por cada hora seguinte sem o tratamento.


Eleonora Bunsow
Especialista na área de Microbiologia Clínica e Doenças Infeciosas
Medical Advisor da BioMérieux Portugal e Espanha

Foto: 
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Infeção sistémica
Sépsis é responsável por cerca de 7 a 9 milhões de mortes por ano em todo o mundo. Uma realidade que poderia ser diferente com...

A sépsis é uma inflamação sistémica causada por uma infeção como resposta aguda do sistema imunitário a uma infeção grave. As condições mais graves obrigam a longos períodos de internamento hospitalar e causam morbilidade e mortalidade elevadas. Estima-se que, anualmente, em todo o mundo, cerca de 30 milhões de pessoas desenvolvam sepsis1. No âmbito do Dia Mundial da Sépsis, que se assinala a 13 de setembro, importa recordar a importância da prevenção e do diagnóstico atempado.

A prevenção da sépsis passa por prevenir as infeções. O risco de sépsis pode ser reduzido, principalmente em crianças, quando respeitado o calendário de vacinação. Uma higiene adequada das mãos e cuidados com o equipamento médico podem ajudar a prevenir infeções, inclusive hospitalares, que originam a sépsis.

Causas

A maioria dos microrganismos pode causar uma infeção que origina a sépsis, incluindo bactérias, fungos, vírus e parasitas. No entanto, também pode ser causada por infeções pelo vírus da gripe, dengue e outros patógenos altamente transmissíveis, como vírus do ébola ou febre amarela.

Principais sintomas:

  • Fala arrastada ou confusão;
  • Tremor extremo ou dor muscular;
  • Febre;
  • Não urinar durante o dia;
  • Falta de ar;
  • Pele manchada ou sem cor

“A sépsis causa problemas na coagulação do sangue, na irrigação de órgãos vitais como o cérebro, coração ou rins, disfunções orgânicas graves”, refere Eleonora Bunsow, especialista na área de Microbiologia Clínica e Doenças Infeciosas e Medical Advisor da BioMérieux Portugal e Espanha.

E acrescenta: “A eficácia do tratamento depende muito da rapidez do diagnóstico. A taxa de mortalidade aumenta, portanto, nos casos em que o diagnóstico é mais demorado e, sobretudo, nos casos em que o doente tem o sistema imunitário debilitado ou uma doença crónica”.

Mesmo após a alta hospitalar, as consequências da sépsis podem permanecer. Os efeitos a longo prazo incluem danos permanentes nos órgãos afetados, assim como incapacidade física e cognitiva, estados de tristeza, dificuldade em deglutir, fadiga e fraqueza muscular, dificuldade em dormir, problemas de memória, dificuldade de concentração, ansiedade são alguns dos sintomas que se podem manter para o resto da vida.

SNS
A Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal (APDP) é a primeira organização do sector social a integrar o Registo de...

“É com agrado que a APDP dá mais este passo pioneiro no sentido de proporcionar às pessoas com diabetes melhores soluções de gestão da doença. Esta partilha vem beneficiar tanto os profissionais de saúde da APDP, como do SNS, mas, acima de tudo, a pessoa com diabetes, que passa a ter disponível na sua Área do Cidadão toda a informação relativa à sua saúde”, explica o presidente da APDP, José Manuel Boavida.

O protocolo de partilha foi assinado entre a APDP e os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS) a 10 de setembro e vai permitir aos profissionais de saúde da APDP aceder ao RSE – Área do Profissional. Através do RSE será possível à APDP partilhar, eletronicamente, dados clínicos com as entidades prestadoras de cuidados de saúde do SNS, e vice versa. Por sua vez, o utente poderá consultar a sua informação clínica através do RSE – Área do Cidadão.

Esta assinatura marca o alargamento do RSE, com o objetivo de obter um sistema único de partilha de informação clínica, mais completo, e que permita a tomada de decisões mais adequadas e sustentadas.

 

SNS
As fórmulas elementares para crianças com alergia às proteínas do leite de vaca vão ser disponibilizadas gratuitamente pelo...

A Portaria publicada no passado dia 9 estabelece o regime excecional de comparticipação do Estado no preço das fórmulas elementares que se destinem especificamente a crianças com alergia às proteínas do leite de vaca (APLV), enquanto beneficiárias do Serviço Nacional de Saúde, quando destinadas a crianças com APLV com sinais graves ou a crianças com APLV que, mesmo após utilização de fórmulas extensamente hidrolisadas (FEH), mantêm os sinais.

O Estado assegura o seu fornecimento sem custos para o doente, salvaguardando as situações clínicas mais graves e o peso financeiro que neste momento as famílias incorrem para acederem a este tipo de produto alimentar.

A alergia às proteínas do leite de vaca (APLV) constitui uma alergia pediátrica frequente, detetada nos primeiros meses de vida, sendo a sua principal consequência a malnutrição progressiva, que acarreta consequências ao nível do crescimento e desenvolvimento.

Neste sentido, é de extrema importância que a dieta com eliminação completa de proteínas do leite de vaca através de alimentos com fins medicinais específicos se inicie o mais precocemente possível após o diagnóstico por tratar-se da estratégia mais segura para a gestão da APLV.

O INFARMED, I.P. irá agora definir o preço máximo de cada uma das fórmulas elementares, que serão disponibilizadas através das farmácias, findo o processo de comparticipação das mesmas.

 

Novas instalações
O Centro Hospitalar Universitário São João (CHUSJ), no Porto, inaugurou, no dia 9 de setembro, as novas instalações do Serviço...

O novo serviço, localizado nos pisos 8 e 9, integra a Unidade de Transplante, com oito quartos de isolamento, uma área de tratamento de doentes leucémicos e hemato-oncológicos com 10 quartos de isolamento e 14 camas de enfermaria.

Esta infraestrutura, com cerca de 870 metros quadrados, implicou uma intervenção mais abrangente e estruturante para todo o internamento central-sul do hospital, com um custo associado de cerca de 2,1 milhões de euros e 12 meses de tempo de realização.

«A renovação e unificação das instalações do serviço de hematologia clínica permite-nos concentrar a maior parte da atividade clínica, constituindo um aumento de 30% passando, assim, para 32 camas», explicou Fernanda Trigo, Diretora do Serviço de Hematologia Clínica do CHUSJ.

«Anualmente, com esta melhoria infraestrutural, espera-se uma consolidação do programa de autotransplante e alotransplante permitindo o aumento de quimioterapia intensiva e tratamento imunossupressor para um maior número de doentes oncológicos, nomeadamente leucemias, linfomas Hodgkin e não-Hodgkin e mieloma múltiplo», salientou a médica.

O CHUSJ fica, desta forma, dimensionado e com características únicas para prestar um serviço de excelência, na área da hemato-oncologia, aos doentes da região Norte.

Para assinalar o momento, foi realizada uma intervenção gráfica numa das paredes do espaço no sentido de homenagear o percurso e colaboradores do serviço.

 

Infeção viral
Mais frequente na infância, trata-se de uma infeção viral cutânea bastante comum e que se caracteriz
Criança com molusco contagioso

Contraído, habitualmente, em ambiente húmidos, como é o caso das piscinas ou balneários, estima-se que o Molusco Contagioso acometa, todos os anos, cerca de 5% da população pediátrica. Causado pelo vírus Molluscipox, do grupo Poxviridae, o seu contágio dá-se por contacto direto com a pele ou objetos, como toalhas ou esponjas, que foram tocados por uma pessoa infetada.

Nos adultos, embora seja menos frequente, a infeção resulta quase sempre do contacto sexual, podendo atingir ainda os indivíduos imunodeprimidos ou doentes que fazem uso de corticoides orais e/ou quimioterapia.

Embora se trate de uma doença contagiosa, não tem qualquer gravidade ou influência na saúde geral da criança. Não sendo necessário deixar de ir à escola ou à creche, pede-se, no entanto, que se tomem alguns cuidados, como proteger as pápulas, não frequentar piscinas e não partilhar a roupa ou objetos de uso pessoal.

Sintomas

Com um período de incubação que pode variar entre os 14 dias e os 6 meses, o Molusco Contagioso caracteriza-se pelo desenvolvimento de pápulas umbilicadas, com aparência similar às verrugas ou às lesões herpéticas, de cor rosada, esbranquiçada ou translúcida. Estas lesões têm, habitualmente, entre 2 a 5 mm de diâmetro (embora possam atingir os 15 mm) e acometem mais comummente a face e o tronco. Em alguns casos podem atingir as pálpebras.

Nos adultos as lesões localizam-se maioritariamente nos quadrantes inferiores do abdómen, região púbica, genitais ou na região interna das coxas.

Habitualmente, estas lesões cutâneas não cursam com dor ou prurido. E apesar benignas podem infetar (como um furúnculo) e levar a complicações como infeção bacteriana secundária e resultar em cicatrizes permanentes.


Molusco contagioso em criança infectada pelo HIV 
Fonte: Manual MSD 

Diagnóstico

Habitualmente, o médico consegue diagnosticar o molusco contagioso somente por meio da observação clínica. No entanto, em caso de dúvida, o especialista pode recolher uma pequena amostra para análise.

Tratamento

A maioria das lesões desaparece espontaneamente, sendo que o tratamento dirigido depende da sua evolução.  

Este pode incluir curetagem, aplicação de nitrogénio líquido (crioterapia) ou ácidos tópicos, como o ácido tricloroacético, podofilotoxina (em adultos), tretinoína, tazaroteno ou cantaridina.

Como tratamento complementar, podem ser aconselhadas pomadas anti-inflamatórias e sabonetes especiais.

As crianças que apresentam molusco na região palpebral devem ser referenciadas a Oftalmologia.

A reter: mesmo depois de tratado o Molusco Contagioso pode reincidir. Esteja atento!

Artigos relacionados

Prevenir infeções sexualmente transmissíveis

Infeções herpéticas

Infantários & Infeções: Alguns conselhos para pais e educadores

Foto: 
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Opinião
Nos últimos dias do presente mês temos vindo a assistir a várias iniciativas nacionais que reforçam

“… todos se apercebem da dimensão terapêutica da espiritualidade. O acompanhamento espiritual e religioso é indispensável à cura e ao cuidar do doente.” Mons. Vítor Feytor Pinto

Daqui a poucos dias, faz 10 anos que foi publicado o Decreto-Lei n.º 253/2009, publicado a 23 de setembro de 2009 em Diário da República, estabelece a regulamentação da assistência espiritual e religiosa nos hospitais e outros estabelecimentos do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

O referido diploma concretiza o disposto no artigo 18.º da Concordata de 18 de Maio de 2004, celebrada entre a Santa Sé e a República Portuguesa, e, quanto às demais confissões religiosas, o artigo 13.º da Lei da Liberdade Religiosa (Lei n.º 16/2001, de 22 de Junho).

O Regulamento da Assistência Espiritual e Religiosa (RAER) no SNS, além de adaptar o regime e condições do exercício da assistência espiritual e religiosa ao atual enquadramento legal dos hospitais do SNS, estabelece também as regras de acesso, de modo a conciliar a assistência solicitada com o bem-estar físico e espiritual dos doentes.

O regulamento visa assegurar as condições que permitam a prestação de assistência espiritual e religiosa aos utentes internados em estabelecimentos de saúde do SNS, no respeito pela liberdade de consciência, de religião e de culto, garantida pela lei.

O RAER aplica-se aos hospitais, centros hospitalares e demais estabelecimentos de saúde com internamento que integrem o SNS.

Às igrejas ou comunidades religiosas, legalmente reconhecidas, são asseguradas condições que permitam o livre exercício da assistência espiritual e religiosa aos utentes internados que a solicitem.

A assistência é prestada ao utente a solicitação do próprio ou dos seus familiares ou outros cuja proximidade ao utente seja significativa, quando este não a possa solicitar e se presuma ser essa a sua vontade.

Ao utente internado em estabelecimentos de saúde do SNS, independentemente da sua confissão, é reconhecido o direito a:

  • Aceder ao serviço de assistência espiritual e religiosa;
  • Ser informado por escrito, no momento da admissão na unidade ou posteriormente, dos direitos relativos à assistência durante o internamento, incluindo o conteúdo do regulamento interno sobre a assistência;
  • Rejeitar a assistência não solicitada;
  • Ser assistido em tempo razoável;
  • Ser assistido com prioridade em caso de iminência de morte;
  • Praticar atos de culto espiritual e religioso;
  • Participar em reuniões privadas com o assistente;
  • Manter em seu poder publicações de conteúdo espiritual e religioso e objetos pessoais de culto espiritual e religioso, desde que não comprometam a funcionalidade do espaço de internamento, a ordem hospitalar, o bem-estar e o repouso dos demais utentes;
  • Ver respeitadas as suas convicções religiosas;
  • Optar por uma alimentação que respeite as suas convicções espirituais e religiosas, ainda que tenha de ser providenciada pelo utente.

Caro Cidadão: caso necessite de qualquer apoio ou informação neste âmbito, solicite-o ao Enfermeiro do serviço de internamento. De facto, a espiritualidade e a prática religiosa, sobretudo para quem é crente, constituem uma ajuda preciosa na luta contra a doença e o sofrimento. São, ainda, um importante fator de bem-estar.

O internamento hospitalar, por sua vez, não constitui um impedimento à vivência da espiritualidade ou à prática da fé, devendo ser considerados apenas os condicionalismos hospitalares e clínicos. Porque “a assistência espiritual e religiosa nas instituições do SNS permanece reconhecida como uma necessidade essencial, com efeitos relevantes na relação com o sofrimento e a doença, contribuindo para a qualidade dos cuidados prestados.” (RAER, 2009).

Referências Bibliográficas:

- Lei da Liberdade Religiosa - Lei n.º 16/2001 de 22 de Junho, Diário Da República — I Série-A n.º 143 — 22 de Junho de 2001.

- Regulamentação da assistência espiritual e religiosa nos hospitais e outros estabelecimentos do Serviço Nacional de Saúde (SNS) - Decreto-Lei n.º 253/2009 de 23 de Setembro.

- Pastoral da Saúde (2011), Manual de Assistência Espiritual e Religiosa Hospitalar , Grupo de Trabalho Religiões Saúde.

Para saber mais:

O Grupo de Trabalho Religiões e Saúde, estrutura de carácter inter-religioso criada em 2009 na sequência da aprovação da lei de assistência espiritual e religiosa no Serviço Nacional de Saúde, lançou um manual com fichas informativas relativas a conceções e práticas de 11 credos religiosos. A brochura, destinada ao público em geral, mas de especial importância para os profissionais de saúde, apresenta de forma simples e sintética um conjunto de informações importantes no âmbito hospitalar relativas aos crentes de onze confissões (Igreja Adventista do 7º dia, Baha’i, Budismo, Igreja Católica, Hinduísmo, Islão, Judaísmo, Mormons, Igreja Ortodoxa, Protestantes Evangélicos e Testemunhas de Jeová). Para cada uma das confissões são apresentadas as práticas religiosas mais significativas e os respetivos textos sagrados; os ritos do nascimento; e as conceções e práticas face à alimentação, à doença e sofrimento, e à morte. O texto deste Manual de Assistência Espiritual e Religiosa Hospitalar segue de perto uma publicação das Capelanias dos Hospitais Universitários de Genebra (Suíça) e está disponível para consulta em https://www.dgs.pt/em-destaque/manual-de-assistencia-espiritual-e-religi....


Autores:

Maria Helena Junqueira, Enfermeira Especialista em Enfermagem Médico-Cirúrgica, Mestre em Estudos sobre as Mulheres, Serviço de Medicina da Unidade de Pombal do Centro Hospitalar de Leiria EPE, [email protected]

Pedro Quintas, Enfermeiro Especialista em Enfermagem Comunitária, Mestre em Bioética, UCC Pombal, ACES Pinhal Litoral, ARS Centro IP, [email protected].

Foto: 
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Sociedade Portuguesa de Pneumologia
Subiu para 6 o número de mortes associadas ao uso de cigarros eletrónicos. Sociedade Portuguesa de Pneumologia deixa o alerta:...

Nos últimos dois meses tem vindo a ser reportado nos Estados Unidos um número crescente de casos de doença respiratória grave, de causa desconhecida, mas associada ao uso de cigarros eletrónicos. Até 6 de setembro as autoridades americanas detetaram um total de 450 casos e 5 mortes confirmadas, com uma apresentação clínica variada, mas tendo como ponto comum a todos o uso de produtos relacionados com cigarros eletrónicos (dispositivos, líquidos, cápsulas de enchimento e cartuchos).1

Apesar de variável, a doença apresenta algumas caraterísticas comuns: sintomas respiratórios (tosse seca, falta de ar, opressão torácica), sintomas gastrointestinais (náuseas, vómitos ou diarreia) e sintomas gerais (febre, perda de peso, fadiga).1 É muito relevante que as idades afetadas são bastante jovens e um terço tem menos de 18 anos (na série publicada variaram entre 16 e 52).2 Quase todos os casos reportados necessitaram de hospitalização, cerca de um terço com ventilação mecânica e nalguns casos até oxigenação extracorporal por membrana. A investigação de agentes microbianos (bactérias e vírus) é consistentemente negativa; alguns casos responderam a terapêutica corticóide, mas não se conhece um tratamento dirigido à causa da doença.2

Apesar do número de dispositivos e líquidos diferentes disponíveis no mercado ser elevado, em cerca de 80% dos casos os doentes consumiram produtos com nicotina e derivados da Cannabis, como o tetrahidrocanabiol (THC) ou o canabidiol (CBD). Desconhece-se se a doença é provocada por toxicidade de algum destes compostos, por aditivos ou contaminantes desconhecidos ou por outras substâncias formadas quando se dá o aquecimento e vaporização dos líquidos.2-4

Até ao momento não se conhecem casos semelhantes fora dos EUA. No entanto, dada a grande disseminação destes produtos e fácil acessibilidade, é provável que surjam noutros países, incluindo Portugal.

Recomendações:

Embora a investigação relativa a este surto se mantenha em curso, a SPP reitera a convicção de que a melhor forma de proteger a saúde respiratória é respirar ar limpo. A inalação de compostos químicos presentes no vapor dos cigarros electrónicos representa um risco real. Assim, a SPP emite as seguintes recomendações:

  1. O uso de cigarros electrónicos é perigoso e não é recomendado.
  2. Deve ser especialmente evitada a sua utilização por grupos mais vulneráveis, como as crianças, adolescentes, adultos jovens, grávidas, idosos e doentes respiratórios crónicos.
  3. É especialmente perigosa a utilização de dispositivos adquiridos fora do comércio regulado, a sua utilização modificada ou a adição de líquidos ou óleos contendo derivados da cannabis ou outros aditivos.
  4. Os consumidores de cigarros eletrónicos que desenvolvam sintomas respiratórios agudos devem procurar o médico e fornecerem-lhe informação sobre o produto que consomem.
  5. Os médicos que assistem doentes com quadro clínico semelhante devem obter informação detalhada sobre o uso destes dispositivos e comunicá-lo às autoridades de saúde, em caso de suspeita.
Estudo
Um estudo inovador, realizado em Espanha, demonstrou que é possível minimizar as lesões cerebrais provocadas por radioterapia...

Durante a última década, o desenvolvimento de tratamentos cada vez mais eficazes no combate ao cancro tem permitido aumentar a esperança de vida dos doentes oncológicos. Contudo, estes tratamentos apresentam frequentemente efeitos adversos severos, que acabam por comprometer a qualidade de vida dos doentes de forma permanente. A radioterapia utilizada para erradicar tumores cerebrais provoca danos neurológicos que podem resultar, entre outros, em dificuldades de memória, aprendizagem, linguagem, atenção, coordenação motora e declínio intelectual global.

O que se pretende é que este problema, atualmente sem solução, possa ser resolvido, pelo menos em parte, recorrendo a terapia com células estaminais mesenquimais. Estas possuem importantes propriedades anti-inflamatórias e regenerativas, cuja aplicação terapêutica está já a ser explorada em várias doenças, com resultados promissores.

De forma a avaliar se as células estaminais mesenquimais poderiam prevenir os danos neurológicos provocados por radioterapia, os autores do estudo compararam três grupos de animais com tumores cerebrais: os que receberam radioterapia; os que receberam radioterapia e células estaminais; e os que receberam placebo (grupo controlo). Demonstrou-se que as células, administradas por via intranasal, chegaram ao cérebro dos animais, que foram, de seguida, sujeitos a um conjunto de testes comportamentais. Nos vários testes realizados para avaliar a coordenação motora, força muscular, olfato e capacidade cognitiva, observou-se que os animais tratados com células estaminais tiveram uma performance superior aos que não receberam células, o que indica que as células estaminais mesenquimais do tecido adiposo foram eficazes na prevenção de lesões neurológicas induzidas por radioterapia.

“O que este estudo vem demonstrar, é que as células estaminais mesenquimais do tecido adiposo são capazes de minimizar os danos neurológicos provocados por radioterapia em modelo animal, constituindo uma base importante para a realização de ensaios clínicos que testem esta metodologia em doentes oncológicos, com vista à melhoria da sua qualidade de vida”, refere Bruna Moreira, Investigadora do Departamento de I&D da Crioestaminal.

Os resultados apresentados indicam que as células estaminais ajudam a suprimir a inflamação e a morte de neurónios após radioterapia, o que pode estar na base da recuperação neurológica observada nos animais testados. Os autores deste estudo sublinham a necessidade de continuar a investigação nesta área para melhor compreender os mecanismos envolvidos e defendem que a administração intranasal é uma forma prática e minimamente invasiva de fazer chegar células diretamente ao cérebro, num curto espaço de tempo e de forma disseminada por todo o cérebro, de modo a poderem aí exercer o seu efeito terapêutico.

Referências:
Soria B, et al. Human Mesenchymal Stem Cells Prevent Neurological Complications of Radiotherapy. Front Cell Neurosci. 2019. 16;13:204.

Investigação
Desenvolver medicamentos capazes de chegar a partes muito protegidas do corpo, como o cérebro ou os fetos, no caso de grávidas,...

No próximo dia 12, a equipa, composta diretamente por cerca de 20 pessoas, vai reunir e definir o plano de trabalhos, que incluindo as tarefas a realizar, assim como as metas a atingir em cada fase. 

Os vírus transportados pelo mosquito-tigre (género Aedes), como o zika ou o dengue, aos quais se juntam o vírus do sarampo e VIH, são algumas das ameaças para o cérebro, seja em maior ou menor grau, e alvos deste trabalho. Miguel Castanho destaca o vírus zika, causador de microcefalia em fetos em desenvolvimento e, mais próximos da nossa realidade atual, o vírus do sarampo e o HIV, “cujos alvos principais não incluem o cérebro, mas que, por vezes, se alojam neste, causando danos. O sarampo, em particular, é uma preocupação porque sucedem-se surtos devido a correntes sociais anti-vacinação e não existe qualquer medicamento disponível para o combater. O nosso esforço para desenvolvimento de um novo medicamento é uma esperança para o combate difícil contra o sarampo que se adivinha para o futuro”, esclarece.

Mas mesmo as doenças até aqui geograficamente mais distantes de Portugal começam a chegar até nós. Com as alterações climáticas e a expansão das colónias de mosquito-tigre para norte, o sul da Europa, incluindo Portugal, está cada vez mais sob ameaça de surtos de zika, dengue, chikungunya e febre amarela, entre outros. Sendo os vírus transmitidos pelo mesmo vetor (neste caso, o mesmo tipo de mosquito), é possível a co-infeção com vários tipos de vírus, daí a importância reforçada de conseguir combater várias espécies de vírus com o mesmo medicamento”.

O investigador confirma que resultados preliminares já provaram que é possível a determinadas moléculas que inativam vírus chegarem ao cérebro. “Portanto, está provado o potencial de chegar ao cérebro e o potencial de inativar vírus, mas falta o mais importante: demonstrar que essas moléculas funcionam e são seguras numa infeção real, num animal. Dito assim parece simples e rápido mas não é. O conjunto de procedimentos para uma prova científica de eficácia e segurança (toxicologia favorável) é moroso e complexo.”

É esse trabalho que o grupo, liderado pelo IMM e composto ainda por um grupo de investigadores da Universidade Pompeu Fabra, em Barcelona, e pela empresa alemã SYNOVO, tenta levar a bom porto. Um desafio que Miguel Castanho descreve como “muito difícil, mas muito importante. Difícil, porque o cérebro e os fetos são áreas naturalmente muito protegidas pelo corpo, logo difíceis de lá fazer chegar medicamentos quando estes órgãos são infetados. Importante porque os vírus que se alojam no cérebro podem causar danos neurológicos irreversíveis. Recentemente, uma epidemia de vírus zika na América do Sul levou ao nascimento de bebés com microcefalia. Outros vírus, como dengue, sarampo ou HIV têm, por vezes, consequências a nível neurológico. É importante pois conseguir um medicamento que confira proteção contra todos estes vírus simultaneamente”.

O objetivo é então neutralizar estes vírus, ou seja, “retirar a capacidade de infetar células, logo, tornar o vírus numa entidade neutra, sem perigo. Para o doente, isto pode querer dizer um medicamento preventivo, que protege as infeções, ou um medicamento curativo, isto é, que inativa vírus já presentes no corpo”.

SNS
A Associação de Profissionais Licenciados de Optometria (APLO) defende a necessidade de serem implementadas soluções que...

“No Moorfields Eye Hospital, no Reino Unido, foi estudado o efeito da implementação de uma plataforma de referenciação entre especialistas de Optometria e Oftalmologia baseada em cloud, com o propósito de evitar referenciações desnecessárias para os cuidados secundários”, afirma Raúl de Sousa, presidente da APLO.

Relativamente aos resultados desta investigação, o optometrista revela que “se verificou ser possível evitar mais de metade das referenciações realizadas, tendo sido as condições resolvidas ao nível dos cuidados primários”.

E acrescenta: “a cooperação entre optometristas e oftalmologistas é essencial para oferecer uma prestação de cuidados para a saúde da visão com qualidade, segurança e de forma atempada. Esta cooperação tem a vantagem de rentabilizar os recursos humanos existentes, aplicando-os nas suas áreas de ação de excelência, capitalizando as diferenças e particularidades da sua formação específica”.

Segundo o mais recente Relatório Anual de Acesso aos Cuidados de Saúde nos Estabelecimentos do SNS e Entidades Convencionadas referente ao ano de 2018, a Oftalmologia está entre as especialidades hospitalares que ultrapassam em maior medida os tempos máximos de espera para consultas.

Perante este cenário, já apontado no início do ano por um estudo da Nova Healthcare Initiative – Research, da Universidade Nova de Lisboa, no qual se concluiu que o tempo de espera para uma consulta de Oftalmologia no SNS está entre os seis meses e aproximadamente três anos, a direção da APLO reitera que “a redução significativa é possível apenas com a introdução de uma plataforma informática de referenciação entre optometristas e oftalmologistas, o que constituiria uma evolução significativa na prestação de cuidados para a saúde da visão em Portugal, assim como integrando os optometristas nos cuidados primários do SNS, tal como indicam os estudos mencionados”.

Cancro infantil
A comemorar os seus 10 anos, a Fundação Rui Osório de Castro apela à importância da existência de um registo nacional e da...

Segundo o relatório da Direção-Geral da Saúde “Saúde Infantil e Juvenil”, de 2018, as neoplasias, apesar de raras, são a principal causa de morte por doença em crianças e adolescentes, sendo responsáveis por 32% da mortalidade entre os 5 e os 14 anos e por 22% da mortalidade entre os 15 e os 18 anos. Contudo, estes dados não chegam para perspetivar o futuro da oncologia pediátrica, que teve a sua última grande avaliação estatística em 2005 e que apontava, na altura, para cerca de 350 novos casos por ano, com uma taxa de crescimento de 1% e uma taxa de sobrevivência a rondar os 80%. Por isso, no mês de sensibilização para o cancro infantil, a Fundação Rui Osório de Castro, que comemora este ano os seus 10 anos, apela à importância da existência de um registo nacional e da definição de uma estratégia nacional para a oncologia pediátrica.

“Apesar de legislada a sua obrigatoriedade, a falta de recursos, sobretudo humanos, faz com que a existência deste registo não seja ainda uma realidade”, afirma Cristina Potier, diretora-geral da FROC. “Sem conhecermos uma realidade não é possível melhorá-la” e, embora os dados apontem para uma taxa de sobrevida a 5 anos, o cancro continua a ser a maior causa de morte por doença em crianças e jovens, existindo ainda um grande desconhecimento sobre as suas causas. “É fundamental que exista investigação clínica e ensaios clínicos específicos para a oncologia pediátrica, porque as características e as reações e os protocolos seguidos no cancro de uma criança podem, e geralmente são, muito diferentes do adulto.” Cristina Potier acrescenta ainda que, por isso, é “preciso investir, planear e organizar a investigação nesta área para percebermos melhor quais as causas, para procurar tratamentos com menos efeitos secundários, para fazer crescer a taxa de sobrevivência para perto dos 100% e para garantir uma qualidade de vida na sobrevivência com o mínimo de sequelas possível. ”

Além do apoio financeiro que a FROC disponibiliza para a realização de ensaios clínicos em Portugal, o Prémio Rui Osório de Castro / Millennium bcp, que este ano tem a sua 4ª edição, é outra das formas através da qual a FROC apoia a investigação em Oncologia Pediátrica em Portugal. Melhorar a qualidade e a quantidade de informação disponível para os familiares e amigos das crianças com cancro também tem sido um dos focos do seu trabalho. Exemplo disso é o portal PIPOP, criado em 2010, com informação sobre a doença, direcionadas para o adulto e para a criança, com notícias e eventos da área e que desde o seu lançamento já conta com mais de 310.000 visitas.

Para marcar os 10 anos da Fundação e assinalar também o Setembro Dourado, o Maestro Rui Massena une-se à Fundação Rui Osório de Castro para um concerto solidário, que acontece já no próximo dia 27, às 21 horas, no Teatro São Luiz, em Lisboa. Os bilhetes já estão à venda e variam entre 11€ e 22€, revertendo a totalidade da receita de bilheteira para a instituição. 

 

 

Fertilidade
De acordo com a Organização Mundial de Saúde, cerca de 9% das mulheres, entre os 20 e os 44 anos, ap
Mulher com olhar triste

“Para que um casal tenha um filho é necessário que o ovário da mulher liberte um óvulo, que o testículo do homem produza espermatozoides, que o espermatozoide chegue ao encontro do óvulo e que o útero possa acondicionar o óvulo fertilizado”. Quem o diz é Marta Osório, especialista em Ginecologia e Obstetrícia, do Hospital de Vila Nova de Gaia, para quem é essencial desmistificar este tema. Deste modo, acrescenta, “basta que uma destas condições falhe, para que haja infertilidade”.  

Por isso, se pensa em engravidar, o ideal é que faça uma consulta para avaliar os fatores de risco. É que, embora existam alguns sinais de alerta – como a irregularidade no ciclo menstrual, a idade avançada (considerada quando a mulher está perto dos 40), história de doença testicular (tumores, cirurgia, traumatismo, infeção) ou disfunção erétil -, cada caso é um caso.

As causas da infertilidade

A infertilidade é um problema que afeta tanto o sexo feminino quanto o masculino, embora os homens ainda tenham alguma dificuldade em falar sobre o assunto.

De acordo com Marta Osório as causas mais frequentes da infertilidade são a alteração do número ou da qualidade dos espermatozoides – o que ocorre em 30% dos casos -, a obstrução das trompas de Falópio, os distúrbios da ovulação e a diminuição do número e da qualidade ovocitária, muitas vezes associadas à idade avançada da mulher.

“A infertilidade feminina representa também cerca de 30 % das situações”, refere a especialista acrescentando que há ainda casais em que ambos têm um fator que dificulta a gravidez, e uma minoria de casos em que não se consegue identificar a sua causa. É a chamada infertilidade idiopática, que representa aproximadamente 10% dos casos.

No entanto, apesar das causas para a infertilidade estarem associadas a alguma anomalia do aparelho reprodutor, a verdade é que há alguns fatores relacionados com o estilo de vida que podem interferir com a concepção:

  • A obesidade e a magreza extrema, explica Marta Osório, podem causar disfunção ovulatória na mulher e alterações da produção de espermatozoides no homem;  
  • O exercício físico intenso pode também ser nocivo para a fertilidade masculina e feminina;
  • O stress intenso pode diminuir a libido, afetar a ovulação e a produção de espermatozoides;
  • A exposição ao calor intenso, designadamente nas profissões que implicam o contacto prolongado com temperaturas elevada, pode prejudicar a produção de espermatozoides;
  • O consumo de esteroides anabolizantes também tem consequências nefastas na produção de espermatozoides;
  • A exposição profissional a solventes orgânicos, a alguns metais como o chumbo, cádmio ou mercúrio, e agentes químicos, é também uma causa reconhecida de agressão à fertilidade.

Infertilidade tem tratamento?

De acordo com a especialista em Ginecologia e Obstetrícia, Marta Osório, há várias formas de ajudar os casais com infertilidade, “dependendo da causa”, nomeadamente através do recurso a técnicas de procriação medicamente assistida:

Inseminação Intrauterina (IIU) – trata-se de uma técnica minimamente invasiva e que consiste na “introdução de esperma, previamente tratado, na cavidade uterina, antes da ovulação”.  

A sua taxa de sucesso situa-se entre 20 a 25% por ciclo e depende, não só da causa da infertilidade, como da idade da mulher, da qualidade o esperma e da duração da infertilidade.

Fertilização in vitro (FIV) – Consiste na estimulação do ovário com medicação hormonal injetável, que induz o crescimento de vários óvulos. Esses óvulos, quando estão maduros, são removidos do ovário (através de uma técnica chamada punção folicular) e colocados junto com os espermatozoides “num meio de cultura”.

Os óvulos fecundados (chamados embriões) são depois selecionados e transferidos para o útero. “Idealmente é transferido apenas um embrião”, explica a médica referindo que, apenas em situações muito particulares, podem ser transferidos dois. Todos os outros embriões, caso apresentem qualidade, podem ser criopreservados.

De acordo com Marta Osório, esta “é a técnica que permite ultrapassar a maioria das causas de infertilidade, quer femininas quer masculinas”, sendo que as suas taxas de sucesso podem chegar aos 40% por ciclo.

Microinjeção intracitoplasmática de Espermatozoides (ICSI) – trata-se de uma variante da fertilização in vitro que “difere apenas no processo laboratorial dos gâmetas”.

A Injeção Intracitoplasmática (ICSI) é uma técnica de procriação medicamente assistida que consiste na seleção dos melhores espermatozoides (os que apresentam melhor mobilidade e morfologia) para a fecundação. Após esta seleção procede-se à microinjeção dos ovócitos.

As taxas de sucesso da ICSI são bastante variáveis e dependem essencialmente de dois fatores: a causa de infertilidade e a idade da mulher.

Quanto mais complicado for o diagnóstico de infertilidade e mais velha for a mulher, menor será a probabilidade de sucesso do tratamento. Nos homens, embora a idade não seja tão relevante, as probabilidades de sucesso aumentam nos mais jovens.

Durante o tratamento, os casais devem manter hábitos de vida saudáveis, como não fumar, não beber bebidas alcoólicas nem consumir drogas. É aconselhado que pratiquem exercício físico e que façam uma alimentação saudável, com vista ao sucesso do tratamento.

Principais desafios

Segundo Marta Osório, “o tratamento não é um processo fácil, sobretudo a nível psicológico”. Isto porque, tal como explica a especialista, há um investimento emocional muito grande, criam-se muitas expectativas e por outro lado “há muito receio que o tratamento não corra bem”. De um modo geral, afirma, o tempo que decorre entre a primeira consulta e o início do tratamento é vivido com bastante ansiedade.

A nível físico, diz que este é um processo bastante mais fácil. “São tratamentos em que habitualmente se recorre a injeções subcutâneas, administradas diariamente”, começa por explicar. As agulhas são finas, não provocam “grande desconforto” e os efeitos secundários são mínimos, garante.

Um aspeto que importa ainda salientar, é o facto de ser necessário existir um investimento financeiro, o que pode constituir um desafio para os casais. É que mesmo nos casos em que o tratamento é realizado num centro público, e nos quais não há pagamento de taxa moderadora, “os casais (…) têm que pagar a medicação utilizada e que é uma medicação dispendiosa”.

Quanto à duração média de um tratamento, desde a primeira consulta até à gravidez efetiva, a especialista adianta que nos centros públicos de PMA existe uma lista de espera “que ronda os 8 a 12 meses”. Se esta não existisse, o tratamento poderia ficar concluído em 3 ou 4 meses.

É que, de acordo com Marta Osório, “são necessários cerca de 1 a 2 meses para estudo do casal e avaliação da causa de infertilidade”. A estimulação ovárica, que se inicia após este período, dura em média entre 10 a 15 dias. “Depois da colheita dos óvulos e da sua inseminação, no caso de FIV, coloca-se o embrião com 3 – 5 dias na cavidade uterina e aguardam-se duas semanas para fazer o teste de gravidez. No caso de estes ser positivo, confirma-se a gravidez ecograficamente quatro semanas após a transferência do embrião”, explica.

Artigos relacionados: 

Idade: um dos fatores mais influentes na fertilidade feminina

Alimentação e excesso de peso podem afetar a fertilidade 

Infertilidade atinge 15% dos casais em idade reprodutiva 

Foto: 
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Projeto “Diabetes: Descobrir para Prevenir”,
Iniciativa em curso em 14 farmácias do concelho já identificou 337 utentes em risco alto ou muito alto de desenvolver diabetes...

O projeto pioneiro “Diabetes: Descobrir para Prevenir”, a decorrer no concelho de Gondomar até ao final do mês de setembro, avaliou 783 pessoas durantes os dois primeiros meses. Entre os utentes avaliados, 337 (43%) apresentam risco alto ou muito alto de desenvolver diabetes tipo 2, revelam os resultados intermédios.

Os profissionais de saúde das 14 farmácias envolvidas identificaram 79 pessoas que, devido a risco elevado, foram encaminhadas para um médico especialista em medicina geral e familiar da rede Médis, para concluir o seu rastreio.

Direcionado a pessoas com idade igual ou superior a 45 anos e sem diagnóstico prévio de diabetes, o projeto-piloto “Diabetes: Descobrir para Prevenir”, que teve início no dia 1 de julho, em Gondomar, prevê a realização de um rastreio gratuito à diabetes nas farmácias. As pessoas com maior risco têm também acesso gratuito a duas consultas médicas e exames complementares, quando necessário, em prestadores da Rede Médis aderentes.

Os utentes envolvidos beneficiam ainda de aconselhamento sobre a doença e estilos de vida saudável, como reforço da literacia em saúde e prevenção da diabetes.

Este projeto, sem quaisquer custos associados para o utente, é financiado no âmbito da responsabilidade social pela Médis e pela ANF. Os rastreios estão disponíveis desde julho e até setembro nas farmácias aderentes.

Estima-se que, atualmente, a diabetes afete mais de um milhão de portugueses. Destes, perto de metade desconhece ter a doença. E cerca de dois milhões de pessoas estão em situação de risco.

 

Saúde Mental
O cyberbullying é uma realidade à qual devemos estar muito atentos.
Rapariga triste sentada no parapeito de janela

Desde 2003 que o dia 10 de setembro assinala o dia mundial da prevenção do suicídio. Pelo peso e estigma que acarreta, este tema continua desprovido de entendimento e compreensão por parte da sociedade. Neste sentido e enquanto psicoterapeuta, objetiva-se aqui dar mais um contributo no esclarecimento e consciencialização do mecanismo emocional associado ao suicídio.

De forma geral, pensar na nossa morte e/ou em acabar com a própria vida provoca-nos de imediato sensações de desconforto e repulsa. Todos nós sabemos que, um dia, vamos morrer.

Porém, temos esta excelente capacidade de conseguirmos viver o nosso dia a dia sem sequer nos lembrarmos uma única vez que a vida tem um prazo. Por esta razão, todas as vezes que nos é noticiado que alguém se suicidou, os primeiros pensamentos que nos invadem são perguntas relacionadas com uma total incompreensão: porquê? Como é que a pessoa foi capaz de fazer isso? E surge sempre, a determinada altura, o «não percebo»! A incredulidade perante este ato de autodestruição resulta da nossa programação inconsciente/instintiva em afastarmo-nos de todas as situações que podem prejudicar a nossa sobrevivência. Por norma, fazemos de tudo para sobreviver. No entanto, em alguns casos, o sofrimento emocional é tão forte e desesperante, a angústia é tão grande, que a única forma de silenciar esta dor extrema é a de acabar com a própria vida.

Para compreender melhor a intensidade emocional, proponho-lhe realizar um pequeno exercício. Permita-se recordar uma experiência que sentiu e definiu como a pior dor da sua vida. Independente do conteúdo da experiência, não tem necessariamente que ser traumático, basta ter sentido um grande sofrimento. Consegue recordar esse momento? Do quão mau foi? Acredito que sim, todos nós já sentimos esta(s) dor(es).

Imagine agora que se tivesse que quantificar esta sensação, numa escala de 0 a 10, em que 10 é muita dor e 0 a ausência da mesma, onde é que ficaria? Certamente perto do 10 ou pelo menos acima dos 6, certo? Tente então multiplicar esta sensação por 100. Consegue imaginar o tamanho do desespero e angústia? Uma sensação de bloqueio emocional? A sensação de que a nossa mente e corpo não conseguem mais aguentar tanto sofrimento? Esta será a intensidade sentida pelas pessoas que decidem terminar com a própria vida. O suicídio surge, desta forma, como uma tentativa de libertação emocional da angústia.

A cada 40 segundos, uma pessoa no mundo, decide acabar com o sofrimento que tem. Em Portugal, estima-se que 1000 pessoas por ano se suicidam e que cada vida tomada afeta direta e/ou indiretamente 100 pessoas ao nível familiar e social. Estes números são assustadores e o mais trágico é que estes não param de aumentar.

As estatísticas não mentem, porém, é importante referir aqui que o suicídio pode ser prevenido. De acordo com Botega et al. (2006) apesar do suicídio envolver outros fatores, a existência de uma perturbação psicológica é uma variável decisiva no ato suicida. A perturbação depressiva é a principal dificuldade psicológica associada a este comportamento. A depressão é um estado emocional de tristeza profunda sentido durante um longo período na vida da pessoa. Nem todas as depressões conduzem ao suicídio, no entanto, dependendo da intensidade das experiências vividas, a pessoa pode entrar num estado de angústia como referimos mais acima. Por sermos seres emocionais, de forma inconsciente sentimos e guardamos cada emoção de cada momento que se vive.

O avanço tecnológico e a existência das redes sociais vieram emaranhar ainda mais esta problemática e a estrutura emocional de quem se encontra já frágil. O cyberbullying é uma realidade à qual devemos estar muito atentos. Esta nova forma de agressão é ainda mais forte pela sua extensão social e por ser um meio mais fácil e rápido para os cobardes lançarem o seu veneno. O acumular de situações de humilhação e de agressão contínua resulta numa dor silenciosa que culmina num estado de angústia, conduzindo a pessoa a um ponto de não retorno. Um ponto em que se acredita que viver é uma dor insuportável.

Apesar de existirem faixas etárias mais sensíveis é importante estarmos atentos com aqueles que nos rodeiam. A procura de ajuda profissional torna-se necessária para quebrar este ciclo de dor e sofrimento. Sim é possível! Esta dor de morte pode ser vencida e ultrapassada. A psicoterapia é uma ferramenta essencial na dissociação emocional de quem sofre.

Espero ter contribuído, hoje, a consciencializar e esclarecer nem que seja uma única pessoa. Hoje o meu pensamento está com todos aqueles que direta ou indiretamente sofrem com a vida. Sei que é difícil acreditar, mas é possível viver sem esta dor.

Artigos relacionados

Bullying/Ciberbullying: um modo de violência…

“Bullying”

Foto: 
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Estenose aórtica e a Insuficiência mitral
De acordo com os dados europeus mais recentes apenas 3,8 por cento das pessoas sabem o que é a estenose aórtica, uma das...

“Acreditamos que ao aumentar a consciencialização sobre as doenças valvulares cardíacas estaremos a garantir que os doentes estão mais informados e capacitados para identificar sintomas (cansaço, dor no peito e desmaios) e recorrer ao profissional de saúde (médico de família ou cardiologista), o que irá permitir o diagnóstico e tratamento atempado”, explica Rui Campante Teles, Coordenador da campanha Corações de Amanhã.

No âmbito da Semana Europeia de Consciencialização para a Doença Valvular Cardíaca, que se assinala de 16 a 22 de setembro, a APIC vai promover uma exposição temática sobre esta doença, dirigida a todas as pessoas, nos átrios dos hospitais portugueses.

“Esta iniciativa enquadra-se também nos objetivos institucionais da APIC que pretende estar cada vez mais próxima da comunidade, numa perspetiva de consciencialização para a prevenção e diagnóstico precoce das doenças cardíacas. Desta forma, vai poder, também, assegurar que os doentes estão a beneficiar de todas as formas de tratamento modernas e inovadoras disponíveis no SNS português, independentemente da sua condição social ou do local onde habitem” diz João Brum Silveira, presidente da APIC.

A campanha “Corações de Amanhã” pretende aumentar o conhecimento e compreensão sobre a doença valvular cardíaca, promovendo o seu diagnóstico e tratamento atempado. A estenose aórtica e a insuficiência mitral são as principais doenças valvulares cardíacas.

A estenose aórtica é uma doença que afeta cerca de 32 mil portugueses, maioritariamente pessoas acima dos 70 anos, limitando as suas capacidades e qualidade de vida. A aorta é a principal artéria do nosso corpo que transporta sangue para fora do coração. Quando o sangue sai do coração flui da válvula aórtica para a artéria aorta. A válvula aórtica tem como função evitar que o sangue bombeado pelo coração volte para trás. Na presença de estenose, a válvula aórtica não abre completamente, vai ficando cada vez mais estreita e isso impede o fluxo sanguíneo para fora do coração. Se não for detetada atempadamente esta doença pode ter um desfecho letal.

A insuficiência mitral é a segunda doença valvular mais comum, em todo o mundo, e antecipa-se que a sua prevalência aumente nos próximos anos, com o envelhecimento da população. É mais comum em homens e aumenta com a idade. Carateriza-se por um refluxo de sangue pela válvula mitral. À medida que o ventrículo esquerdo bombeia o sangue para a aorta, um pouco de sangue retorna para trás em direção à aurícula esquerda, aumentando o volume de sangue e pressão nesse local. Este aumento da pressão arterial na aurícula esquerda aumenta a pressão do sangue nas veias dos pulmões. Será bombeado menos sangue para a circulação e os pulmões ficam como que encharcados em sangue e isto gera a falta de ar e o cansaço.

Nova unidade
A Unidade Psiquiátrica Privada de Coimbra (UPPC) vai inaugurar, no próximo dia 20 de setembro, o seu centro gerontológico. As...

“O novo centro gerontológico tem como principal missão dar resposta às necessidades crescentes de uma população cada vez mais envelhecida, de modo a garantir o seu bem-estar e qualidade de vida, não só facilitando o acesso a serviços e cuidados especializados, como também potencializando ao máximo a sua autonomia e independência durante o maior tempo possível”, afirma Carolina Antunes, gerontóloga e coordenadora do centro gerontológico da UPPC.

Para isso, explica, “temos preparado um conjunto de serviços, nomeadamente orientação e aconselhamento para cuidadores informais e familiares de pessoas com demência, formação e consultoria para cuidadores formais e técnicos/profissionais da área do envelhecimento, assim como programas e atividades de estimulação cognitiva (individual ou em grupo) dirigidos a pessoas com e sem comprometimento cognitivo”.

A coordenação deste centro prevê a realização de diversas atividades no último trimestre de 2019 e durante o ano de 2020. Um dos destaques são os “Encontros +Memória”, nos quais os participantes desenvolvem conhecimentos, estratégias, dicas e exercícios que objetivam prevenir e retardar os efeitos do processo de envelhecimento.

A inauguração do centro gerontológico da UPPC vai contar com duas sessões de acolhimento abertas ao público, uma de manhã e outra à tarde. 

Especialista esclarece
Setembro marca o regresso às rotinas e para aqueles que também deram férias à prática de exercício físico, é ainda tempo de...

Quando assim não é, podem surgir queixas “que indicam a existência de algum tipo de lesão irreversível”. Ou seja, para os corredores em boa forma, habituados a fazer maratonas, “uma corrida de 5 kms estará na sua zona de conforto”. Logo, “esse tipo de cargas não causa nenhuma resposta adaptativa nem causará desconforto”.

O cenário muda se pensarmos em alguém que acaba de iniciar a prática de corrida, tendo por hábito correr 3 kms em dias alternados. “Se aumentar a distância para 5 kms poderá ter, no início, algumas dores musculares e articulares. Estas queixas podem ser interpretadas como normais pelo aumento da carga e deverão resolver-se em poucos dias, traduzindo, provavelmente, uma resposta adaptativa do organismo”, refere o médico.

 Já se a pessoa nunca correu ou praticou desporto e decidir aventurar-se numa corrida de 5 kms, tendo conseguido, com muito esforço, chegar ao fim, algo que se fez acompanhar de desconforto e dores dos joelhos que duram há várias semanas, “este tipo de situação não é normal e pode indicar a existência de uma lesão causada pela sobrecarga. Esta história relembra que todos nós podemos ser arrastados para níveis de atividade que ultrapassam a nossa prática habitual”.

Na presença de dores no joelho, “é importante considerar o contexto. No caso da corrida causar queixas importantes e limitantes que durem mais de que um ou dois dias, deve interromper-se a atividade física e equacionar uma consulta com um médico com diferenciação neste campo - ortopedia, fisiatria ou medicina desportiva”.

Situação diferente de uma queixa, explica o médico, “ou dor que tenha início após uma pancada ou um entorse. Estas situações são designadas de ‘traumáticas’ e têm uma maior probabilidade de indicar uma lesão desportiva. Pode acontecer em qualquer nível de performance do atleta e devem ser avaliadas por um médico para um diagnóstico mais preciso”.

Francisco Guerra Pinto refere que “o corpo  humano foi projetado para podermos andar e correr. As nossas articulações têm um sistema de amortecimento integrado, a cartilagem, que está preparada para os impactos da corrida. Por isso, não se poderá linearmente dizer que a corrida, por si, tem um elevado impacto físico”.

O especialista acrescenta que “a cartilagem é fortalecida pela corrida, exercício físico e desporto regrados. Parte da diversão de qualquer desporto é a sensação de progressão. O que não conseguimos fazer hoje poderemos fazer dentro de alguns meses, se respeitarmos os nossos limites e prestarmos atenção aos sinais de desconforto do nosso corpo. De uma maneira geral, a cartilagem agradece que não tenhamos atividade de impacto todos os dias”. De resto, refere, “o tempo de recuperação das pessoas depende da sua genética e da intensidade do treino. Apesar disso, é útil considerar que o corpo demora cerca de 48 horas a recuperar de alguma sobrecarga desportiva”.

Se está a pensar começar agora a correr, não terá necessariamente de consultar um médico. “Pessoalmente considero que as pessoas saudáveis não precisam de qualquer tipo de autorização para começarem a fazer desporto”. Mas se houver “pressentimento de que se fará um esforço muito acima da nossa atividade habitual, então é provável que seja mesmo um esforço demasiado. A maior parte das pessoas têm sensatez e capacidade de análise para não exagerar nas primeiras sessões”.

Já no caso das pessoas com patologia cardiovascular ou respiratória descompensada, estas “devem ser otimizadas pelo seu médico assistente que, provavelmente, lhes pedirá uma prova de esforço. O ortopedista deve ser considerado como o médico a quem se recorre quando há lesão, um problema consistente da ‘estrutura’, que se traduz em sintomas como dor, aumento de volume ou instabilidade de uma articulação ou segmento”.

O que deve saber
A asma é uma doença respiratória crónica, potencialmente grave, e que pode complicar a gravidez.
Barriga de mulher grávida

A asma é uma doença comum caracterizada por inflamação crónica e obstrução transitória e potencialmente reversível das vias aéreas. A obstrução é variável e frequentemente reversível, quer espontaneamente quer após recurso a medicação. Manifesta-se geralmente por sinais e sintomas respiratórios típicos: sensação de falta de ar (dispneia), pieira (chamado pelos doentes como “gatinhos”), tosse - geralmente seca - e sensação de aperto no peito (opressão torácica) que podem variar na frequência e em intensidade ao longo do tempo.

Os sintomas estão relacionados com a limitação variável do fluxo aéreo expiratório, isto é, com a capacidade de os pulmões libertarem o ar, devido a broncoconstrição (estreitamento das vias aéreas), espessamento da parede das vias aéreas e aumento da produção de muco. Um dado importante é que as crises de asma (ou exacerbações) são episódicas apesar de a inflamação permanecer (é crónica).

Estima-se que a asma atinja cerca de 235 milhões de indivíduos a nível mundial e é calculada em 600 mil na população portuguesa de acordo com o Inquérito Nacional de Doenças Respiratórias.

O controlo da asma geralmente altera-se durante a gravidez. Cerca de um terço das mulheres sofrem agravamento dos sintomas, em um terço verifica-se melhoria dos sintomas e um terço das grávidas mantem a asma estável. As exacerbações (ou crises de asma) são mais comuns durante a gravidez, principalmente no 2º trimestre.

As exacerbações e o mau controlo da doença durante a gravidez podem ser devidos quer a fatores mecânicos e/ou hormonais quer à interrupção ou redução da medicação habitualmente administrada devido a receios da grávida ou do médico assistente. As mulheres grávidas parecem estar particularmente suscetíveis a infeções por vírus respiratórios. As crises e o mau controlo da asma estão associados a maiores riscos para o bebé (parto pré-termo, baixo peso ao nascer ou mortalidade peri-natal) e para a mãe (pré-eclâmpsia). Se a asma estiver bem controlada durante a gravidez o risco de complicações maternas e/ ou fetais é praticamente inexistente.

O tratamento da asma durante a gravidez deve ser igual ao utilizado previamente. Apesar da preocupação com a medicação para a asma durante a gravidez, os riscos para a saúde da mãe e do feto pela presença de asma não controlada são muito maiores do que os potenciais efeitos adversos da medicação usada para tratar e controlar a doença.

A utilização de corticoterapia inalada, broncodilatadores (do grupo b2 agonistas), montelucaste e teofilina não está associada a maior incidência de malformações no feto. A corticoterapia inalada durante a gravidez previne o desenvolvimento de crises e a interrupção desta medicação é um fator de risco importante para o aparecimento das mesmas. Apesar da falta de evidência de efeitos adversos da medicação da asma na gravidez, muitas mulheres e médicos referem reservas quanto à medicação.

O mau controlo da asma e a presença de exacerbações acarretam muito maior risco para a saúde e vida do feto do que o tratamento da asma por si só. Dito de outro modo, é mais seguro para as mulheres grávidas tomarem a medicação para a asma, do que ter sintomas da doença ou exacerbações. As puérperas e mães a amamentar também devem manter a terapêutica habitual da asma durante o período de amamentação. A abstinência tabágica durante toda a gravidez é fortemente recomendada, tendo em conta que predispõe ao aparecimento de asma na criança.

Artigos relacionados

Principais cuidados na gravidez

Como dormir melhor durante a gravidez

Doenças durante a gravidez

Foto: 
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Estudo
A maioria dos batons e bálsamos labiais contêm ingredientes MOSH (Minerais Hidrocarbonetos Saturados com Óleos) e MOAH ...

Segundo um estudo divulgado pela Environmental Health Perspectives, uma pessoa comum ingere, em média, 24 miligramas de batom por dia, número esse que pode aumentar para 87 miligramas, caso faça um uso excessivo do produto. Se considerarmos o valor médio mais comum – 24 miligramas –, após um ano ter-se-iam consumido 8.760 miligramas, ou seja, 0.0088 quilos. Tendo em conta que, em Portugal, a esperança média de vida ronda os 80 anos, se multiplicarmos o valor de um ano por 65 – excluindo assim o uso regular de batom em crianças – obtemos um consumo de 0,6 quilos de batom durante uma vida. Quando feitas as contas relativamente ao consumo de 87 miligramas, o número aumenta para 2,06 quilos.
 
A verdade é que o simples gesto de hidratar os lábios com um bálsamo para os proteger do frio, sol, vento ou secura pode levar à ingestão de certos ingredientes incluídos na sua formulação, mais propriamente os que se designam pela sigla MOSH (Minerais Hidrocarbonetos Saturados com Óleos) e MOAH (Minerais Hidrocarbonetos Aromáticos), duas substâncias tóxicas presentes nos óleos minerais derivados do petróleo, autorizados pelo padrão europeu de cosméticos (1223/2009). Para a Weleda, fabricante líder mundial de produtos de cosmética, higiene e bem-estar naturais, a solução poderá passar pela utilização de produtos naturais, não nocivos para a saúde.
 
A poluição por cosméticos assume-se assim enquanto um problema sério. Os poluentes hormonais presentes nas fórmulas cosméticas são elementos pseudo persistentes, o que significa que não se acumulam no tecido adiposo como os persistentes, ainda mais nocivos, porém se são reaplicados dia após dia podem acabar por permanecer no sangue – o que pode levar até 20 anos a acontecer.
 
Batons ou bálsamos criados por fórmulas compostas de ingredientes naturais são o futuro
 

Uma vez que os lábios não contêm glândulas sebáceas e o seu filme hidrolipídico é quase inexistente, inevitavelmente temos de encontrar uma forma para os manter hidratados. Além da ingestão de muita água e evitar a humidificação constantemente com bebidas ou com a língua, é também necessário protegê-los com um bálsamo. Se forma a não ingerirmos inadvertidamente produtos nocivos que aplicamos na área dos lábios, a Weleda aconselha a utilização de batons ou bálsamos feitos de fórmulas compostas de ingredientes naturais, como manteigas, óleos ou ceras vegetais.

Páginas