Campanha de sensibilização
Tendo em conta que há um elevado número de doentes tratados que embora fazendo a medicação não têm a doença controlada, a...

“Sabemos que mais de 50% dos doentes com DPOC estão medicados e mantêm-se sintomáticos”, sublinha Paula Pinto, médica pneumologista e vice-presidente da SPP. “Muitas vezes é o próprio doente que não faz a medicação, ou não a faz corretamente, saltando tomas ou cometendo erros cruciais na técnica inalatória. Por outro lado, os próprios profissionais de saúde por vezes não sabem valorizar as queixas do doente”, frisa a especialista, “pois se o médico perguntar somente «Sente-se bem?», o doente vai responder sempre que sim.”. Porquê? José Alves, presidente da Fundação Portuguesa de Pneumologia, explica que “estes doentes não reconhecem os sintomas, primeiro porque os querem negar, e, segundo, porque quando os doentes crónicos têm sintomas persistentes e contínuos ao longo do tempo, habituam-se e deixam de os valorizar”.

De facto, “quando se usam métodos de controlo, sejam da variação da função respiratória ou da avaliação dos sintomas, chegamos quase sempre à conclusão de que os doentes se sentem bem, mas não estão verdadeiramente bem. Portanto, existe a necessidade de reavaliar a qualidade de vida do doente a todo o momento”, alerta o médico pneumologista.

Segundo o painel de peritos envolvidos nesta campanha, é preciso investigar regularmente a rotina do doente e fazer as perguntas certas para perceber se o doente está, de facto, controlado, ou se a sua qualidade de vida está aquém do que um tratamento efetivo e um estilo de vida ativo poderiam proporcionar.

Esta necessidade é sentida particularmente entre os médicos de Medicina Geral e Familiar (MGF), que lidam com doentes com múltiplas comorbilidades, a somar ao tempo escasso da consulta. “Sentimos muitas vezes uma dificuldade na comunicação, pois o doente nem sempre partilha limitações da sua vida diária, que o tornam mais sedentário e com pior qualidade de vida, o que representa um maior risco de mortalidade, de descompensação da DPOC e de internamento, ao mesmo tempo que, nós, médicos, ficamos muitas vezes por perguntas fechadas e demasiado genéricas”, explica Rui Costa, médico de MGF.

O especialista considera que “o médico de família tem de ser assertivo, fazer as perguntas certas ao doente, procurando saber se sente alguma dificuldade respiratória ou algum cansaço durante o dia, durante a noite ou nas suas atividades do dia-a-dia”. Na opinião do coordenador do GRESP da APMGF, “em poucos segundos, fazendo três questões simples, podemos avaliar o controlo da doença. Identificar um doente tratado que permanece sintomático, permite-nos ajudá-lo a melhorar essa sintomatologia e a viver melhor”.

Também a Enfermagem pode ter um contributo ativo na melhor abordagem dos doentes com DPOC, na ótica da enfermeira Carmo Cordeiro, “já que o enfermeiro tem um papel crucial nesta gestão da doença, na referenciação do doente, na identificação das suas necessidades e dos seus problemas reais”. Desta forma, é possível “identificar estes doentes, por exemplo, numa consulta de hipertensão, numa consulta de diabetes, na visita domiciliária, na comunidade: com a abordagem certa ao doente e com atenção aos pequenos sinais, percebemos que aquele doente tem a sua DPOC não controlada”, descreve a representante da Enfermagem de Reabilitação nesta campanha.

António Santos, da associação Respira e doente com DPOC, é da mesma opinião, reforçando que “é fundamental que os profissionais de saúde saibam o que é que a pessoa com DPOC faz habitualmente – se caminha, se faz alguma atividade, e se sente cansaço e/ou respiração alterada ao longo do dia ou durante a noite”.

O painel de peritos da campanha, após dois momentos de reunião, debate e definição de consensos, está a desenvolver um modelo de avaliação da qualidade de vida dos doentes com DPOC, que a curto prazo será apresentado, divulgado e distribuído aos profissionais da área.

Ao mesmo tempo, a campanha procura lançar um alerta global para esta patologia responsável por 20,7% das mortes por doenças respiratórias em Portugal, representando a segunda causa de internamento neste grupo de doenças, segundo o Observatório Nacional das Doenças Respiratórias 2018. Assim, foi criada uma página de Facebook dirigida a profissionais de saúde, doentes, cuidadores e público em geral, onde são partilhadas informações, esclarecimentos dos peritos envolvidos neste projeto, bem como desafios para uma vida mais ativa e feliz.

 “Já perguntou ao seu doente com DPOC o que fez hoje?” é o mote da campanha de sensibilização para a Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC) promovida conjuntamente pela Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP), a Fundação Portuguesa do Pulmão (FPP), a Respira – Associação Portuguesa de Pessoas com DPOC e outras Doenças Respiratórias Crónicas, e o Grupo de Doenças Respiratórias (GRESP) da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF), com o apoio da Menarini Portugal.

Prémios
Distinguida com os prémios 5 Estrelas e Escolha do consumidor a Essilor conquista a preferência dos consumidores no seu segmento.

O prémio Escolha do Consumidor é atribuído com base nos estudos da ConsumerChoice – Centro de Avaliação da Satisfação do Consumidor – que avalia a satisfação e aceitabilidade das marcas pelos consumidores. O objetivo é dar a conhecer as marcas que mais satisfazem o consumidor, ajudando-o a fazer uma compra informada.

A Essilor alcançou um resultado de 84,14 por cento no total geral de satisfação na categoria Lentes Oftálmicas, avaliado por 902 consumidores. Esta é a 2ª vez que o prémio Escolha do Consumidor diferencia a categoria.

O Prémio 5 Estrelas é uma certificação baseada em cinco variáveis que influenciam a decisão de compra dos consumidores, nomeadamente a “Satisfação pela experimentação”, a “Relação Preço/Qualidade”, a “Intenção de compra ou recomendação”, a “Confiança na marca”, e a “Inovação”. A Essilor obteve um total de 78,2 por cento de “Satisfação Global”, tendo sido distinguida com o Prémio 5 Estrelas pela terceira vez consecutiva na categoria de Lentes Oftálmicas.

 

Campanha SPPCV
A Sociedade Portuguesa de Patologia da Coluna Vertebral (SPPCV) está a promover uma campanha que visa sensibilizar para a...

Segundo o presidente da SPPCV, Miguel Casimiro, o objetivo desta campanha é “desafiar os portugueses a terem mais atenção aos erros posturais que cometem, muitas vezes involuntariamente, e que são uma das principais causas para o surgimento de dores nas costas.”

Acrescenta ainda que “a iniciativa destaca várias situações da rotina diária da maioria da população, como conduzir, dormir, trabalhar ou estudar, ir às compras, entre outras, mostrando, de uma forma ilustrativa e didática, como podem melhorar a postura e o posicionamento do corpo”.

As dores nas costas atingem mais de 70 por cento da população portuguesa, sendo um dos problemas de saúde mais prevalentes no país. As más posturas, muitas vezes associadas a um estilo de vida sedentário, contribuem para este número e estão na origem de diversos problemas de coluna.

Doença inflamatória cutânea
Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica dedica Reunião da Primavera a doença inflamatória da pele.

Realiza-se, no dia 18 de abril, no Hotel Meliá Ria, em Aveiro, a 19.ª Reunião da Primavera da Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica (SPAIC). Destinada a todos os sócios médicos da sociedade científica, este ano a reunião será dedicada ao tema da dermatite atópica - uma doença inflamatória cutânea que atinge até 20% das crianças e 2 a 5% dos adultos.

“Na última década surgiram grandes avanços científicos nesta área e novos tratamentos, motivos pelos quais decidimos dedicar o tema da Reunião de Primavera a esta patologia. O objetivo é dotar os médicos especialistas em Imunoalergologia de todo o know how científico para tratarem os seus doentes” refere Cristina Lopes, coordenadora do Grupo de Interesse de Alergia Cutânea da SPAIC.

Caraterizada por secura, descamação da pele e comichão, a dermatite atópica interfere na qualidade de vida dos doentes, tal como a especialista em Imunoalergologia reforça: “nas formas moderadas a graves tem um grande impacto psicossocial: estes doentes têm, muitas vezes, fobia social, principalmente quando a dermatite atinge a face e as mãos. Além disso, dormem mal porque o sono é afetado pela comichão – tendo, depois, menor capacidade de concentração e conduzindo a um menor rendimento escolar e laboral. Depois, estes doentes têm ardência e dor associada nas lesões mais extensas, essencialmente na fase aguda, e que surgem quer de forma espontânea, quer quando em contato com substâncias que possam ser irritativas (às vezes basta um tecido mais áspero)”.

Para Cristina Lopes os imunoalergologistas têm, na abordagem destes doentes, um papel essencial pois “conseguem ver a dermatite atópica como a doença sistémica que é e não apenas uma doença confinada à pele. O imunoalergologista é um especialista que consegue tratar no mesmo individuo, em todo o seu percurso de vida, todas as comorbilidades alérgicas que acompanham a dermatite”.

Os mecanismos que provocam e perpetuam a doença, as formas de diagnóstico, os novos tratamentos e o ponto de situação em Portugal relativo ao registo dos doentes com patologia mais grave são alguns dos principais temas que serão abordados nesta reunião. “Será certamente uma ótima oportunidade para atualizar conceitos e para fomentar a troca de experiências e perspetivas”, conclui a médica especialista.

 

Vacinação
Quem sofre de doença oncológica tem, em média, 30 a 40% maior probabilidade de contrair Pneumonia Pneumocócica. Também a taxa...

De acordo com o 13º Observatório Nacional das Doenças Respiratórias, “O número de novos casos de cancro do pulmão, em Portugal, segundo estimativas da Agência Internacional de Observação da Doença Oncológica (Globocan 2018) serão de cerca de 5200 sendo de 4000 nos homens e 1200 nas mulheres. Ainda, para Portugal, o cancro do pulmão será o 4º em incidência.”

Existe, desde junho de 2015, uma Norma da Direção Geral da Saúde (DGS), que recomenda a vacinação antipneumocócica a todos os adultos (pessoas com mais de 18 anos) pertencentes aos grupos de risco, nomeadamente diabéticos, doentes oncológicos, pessoas com asma, DPOC ou doença cardíaca crónica. Também recomendada para estes e outros grupos, a vacinação antigripal desempenha um papel fundamental na prevenção.

Entre os doentes oncológicos,  pessoas com doença neoplásica ativa são consideradas grupos de alto risco. Estão, por isso, entre aqueles que têm direito à vacinação antipneumocócica sem quaisquer custos.

A prevenção da Pneumonia e de outras doenças graves é fundamental e deve ser uma prioridade ao longo da vida. Em Portugal, ainda são poucos os vacinados, sobretudo entre os grupos de risco e alto risco. Movimento de cidadania, o MOVA tem como principal objetivo a sensibilização da população, dos profissionais de Saúde e dos decisores políticos para a importância da vacinação na idade adulta.

“A vacinação deve ser uma preocupação de todos, e deve estar presente em todas as fases das nossas vidas, sobretudo naquelas em que estamos mais fragilizados – casos de doença ou de envelhecimento do nosso organismo. O primeiro passo é sensibilizar a população. Mesmo no caso de quem está recomendado e/ou pertence aos grupos de alto risco (com acesso gratuito à vacina contra a Pneumonia), as taxas de vacinação são extremamente baixas”, explica Isabel Saraiva, Presidente da Respira, fundadora do MOVA e presidente da Fundação Europeia do Pulmão. “Um inquérito que lançámos no ano passado revelou que entre os grupos em maior risco de contrair Pneumonia, apenas 44,62% tinha sido aconselhado a vacinar-se”, acrescenta.

Tendo em conta esta realidade, a Pulmonale – Associação Portuguesa de Luta contra o Cancro do Pulmão, junta-se agora ao Movimento Doentes pela Vacinação, de modo a, em conjunto com as outras entidades que integram este movimento, informar, sensibilizar e promover os direitos dos seus doentes.

 “A entrada da Pulmonale vai-nos permitir chegar a uma das principais populações de alto risco. Esperamos, com esta aproximação, contribuir para uma maior sensibilização deste grupo para a importância da prevenção, e aumentar a taxa de vacinação nesta população”, conclui Isabel Saraiva.

Doença hepática rara
Trata-se de uma doença hepática rara que, tal como as outras doenças autoimunes, atinge preferencial
Médica conforta paciente em consulta

Antes conhecida como cirrose biliar primária, a Colangite Biliar primária é a doença colestática crónica (em que ocorre diminuição ou interrupção do fluxo biliar) mais comum entre os adultos. Atingindo, sobretudo, pessoas entre os 40 e os 60 anos de idade, estima-se que em Portugal, existam entre 500 a 1000 casos desta doença, o que faz desta uma condição rara e pouco conhecida.

De acordo com a gastrenterologista do Centro Hospitalar Lisboa Norte, Helena Cortez Pinto, embora a patologia pareça surgir em indivíduos geneticamente predispostos, existe um conjunto de fatores que podem contribuir para o seu desenvolvimento. “Tratando-se de uma doença multifatorial, o que se sabe é que tende a aparecer onde existe maior atividade industrial, quando existem hábitos tabágicos associados, alterações no cromossomas sexuais”, sendo ainda mais susceptível de surgir em indivíduos que sofram de infeções urinárias frequentes e em pessoas em que o sistema imunitário está debilitado.

Segundo a especialista, esta é uma doença que resulta de uma reação autoimune “que mantém os pequenos canais biliares presentes no fígado com uma inflamação constante”, e que pode levar à destruição total ou parcial deste órgão.

Frequentemente associada a outras doenças autoimunes, como a artrite reumatoide, a esclerose sistémica, a síndrome de Sjögren, a síndrome CREST, a tiroidite autoimune ou a acidose tubular renal, estima-se que, em metade dos casos, os doentes não apresentem qualquer sintoma aquando o diagnóstico. No entanto, embora estes possam surgir em qualquer fase da doença, geralmente desenvolvem-se de maneira insidiosa. “O mais frequente é que os doentes estejam sem sintomas nos primeiros anos, sendo o diagnóstico suspeitado pela alteração das análises do fígado”, observada após análises de rotina ou no decurso da investigação de outras patologias.

Fadiga, prurido ou comichão forte, secura da boca ou olhos e, em fases mais avançadas, icterícia são alguns dos sinais “insuspeitos” da doença.

Após a suspeita da doença, o diagnóstico é obtido através da realização de pesquisa dos anticorpos antimitocondriais e níveis séricos de fosfatase alcalina. Estes são exames são relativamente simples para o quais só é necessário realizar uma análise de sangue.

Sem cura, o único tratamento disponível para a Colangite Biliar Primária é o ácido ursodeoxicólico, que permite estabilizar a doença durante vários anos. No entanto, nem todos os pacientes beneficiam deste tratamento, “pelo que a doença continua a progredir”. Em estadios mais avançados, em que a doença evolui para cirrose ou cancro, a única hipótese para o doente é o transplante hepático.

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Sistema Nervoso
Embora a maioria dos casos de epilepsia seja tratada com recurso a fármacos antiepiléticos, nem semp
Médica neurologista mostra modelo de cérebro a paciente

O que é a epilepsia?

A epilepsia é uma doença do sistema nervoso que se manifesta pela ocorrência repetida de episódios que designamos por crises. As crises surgem devido a uma alteração da atividade elétrica cerebral (de uma forma simples, resultam de uma “descarga” anormal de corrente elétrica que afeta partes específicas do cérebro ou a sua generalidade), não sendo possível saber quando tal vai acontecer. São, de facto, imprevisíveis, mas estão identificados alguns fatores predisponentes para a ocorrência de crises, nomeadamente: stress emocional, alteração do ritmo de sono, exposição a estímulos sonoros ou visuais muito intensos, febre e processos infeciosos, hipoglicémias, suspensão abrupta da medicação, alterações hormonais na mulher, abuso de álcool e determinados fármacos prescritos para outras patologias. Habitualmente são episódios de curta duração e terminam espontaneamente, não sendo habitualmente necessária qualquer outra intervenção especificamente dirigida.

Embora as crises sejam a manifestação clínica da epilepsia, é importante salientar que a ocorrência de uma única crise não faz o diagnóstico de epilepsia. Tal assenta na necessária ocorrência de 2 ou mais crises, não provocadas (isto é, sem um claro factor desencadeante identificável), num intervalo superior a 24 horas. É precisamente este risco de recorrência das crises que faz com que se considere uma “doença crónica” que afeta o sistema nervoso central.

A causa (etiologia), comportamento e evolução da epilepsia é muito variável. Em certos casos, identificam-se alterações genéticas que estão associadas à ocorrência de crises; noutros a epilepsia surge como sintoma de uma afeção conhecida localizada em determinada zona do cérebro, como um acidente vascular cerebral, um traumatismo craniano ou um tumor (são as epilepsias ditas sintomáticas); e existem situações em que não se consegue identificar uma causa para a epilepsia. As convulsões febris, frequentes nas crianças, surgem associadas a febre nos primeiros anos de vida, não voltando a acontecer na adolescência ou idade adulta, na maioria dos indivíduos. Precisamente pelo facto de estas crises serem provocadas pela febre, não se lhes pode atribuir a designação de epilepsia, pois, como vimos acima, o diagnóstico assenta na ocorrência de crises ditas “não provocadas”.

De que modo afeta a população?

Estima-se que a epilepsia afete cerca de 40 a 60 mil portugueses, sem distinção de género, surgindo em qualquer fase da vida, mas tem um pico de incidência na infância e outro na terceira idade. Naturalmente, as causas para cada uma destas situações são muito diferentes (nas crianças, causas genéticas, metabólicas ou malformativas podem ser mais frequentes; no adulto, os acidentes vasculares cerebrais e os tumores assumem o protagonismo).

A epilepsia não controlada tem grandes implicações na vida do doente, além do estigma social que teima em persistir. A maioria das pessoas com epilepsia consegue ter uma vida normal, com um bom controlo das crises com recurso a medicação adequada; uma minoria, casos mais complexos, mantém-se toda a vida com crises, por vezes associadas a outros défices neurológicos e sem autossuficiência.

Na criança e nos jovens as crises interferem com a capacidade de aprendizagem e limitam certo tipo de atividades em que existe risco para a integridade física, o que pode conduzir a uma segregação pelos pares, de novo reforçando o conceito de estigma social associado à epilepsia. Na mulher adulta, a epilepsia e os efeitos secundários da medicação antiepilética implicam uma abordagem particular, no tocante à contraceção e à gravidez, devendo haver uma discussão aberta com o médico de todas as opções existentes para que a gestação decorra sem qualquer complicação. O desempenho laboral é outro aspeto muito sensível, pois a epilepsia não controlada compromete o pleno desempenho de um trabalho, limitando certos sectores de atividade. A aptidão para a condução na epilepsia tem uma legislação própria, impedindo o indivíduo de conduzir se não houver um controlo efetivo das crises.

Como se manifesta a epilepsia?

Tal como referido, a ocorrência de crises é a marca da epilepsia. Existem vários tipos de crises, sendo as mais conhecidas e mais facilmente identificáveis as crises tónico-clónicas generalizadas (TCG). Nestas, o indivíduo subitamente perde o conhecimento, fica cianosado (com a pele arroxeada), tem abalos do corpo (frequentemente descritos como “tremores” generalizados), tem sialorreia (pode trincar a língua, escorrendo saliva pela boca) e, por vezes, perde o controlo dos esfíncteres (urina-se). Estes episódios têm pouco tempo de duração (2-3 minutos), apresentando uma resolução espontânea. No entanto, as manifestações que ocorrem nas crises são o reflexo da zona do cérebro que está afetada pela descarga elétrica anormal, podendo as crises ser, por isso, muito menos exuberantes e óbvias; após a crise pode ocorrer um período confusional, o chamado período pós-crítico em que o doente já não está em crise, mas não se encontra no seu estado normal. Habitualmente, as crises são estereotipadas em cada indivíduo, o que contribui para ajudar o médico a fazer o diagnóstico; alguns percebem que a crise vai ou está a acontecer e há doentes que têm mais do que um tipo de crises.

A classificação das crises é baseada nas suas manifestações iniciais:

1. Focais – a alteração da atividade elétrica ocorre numa zona reduzida da superfície cerebral. As crises podem depois generalizar-se, isto é, a atividade anómala que surge num determinado local propaga-se aos dois hemisférios cerebrais. As manifestações dependem da zona afetada e podem ser motoras, sensitivas, visuais, autonómicas, mas não existe normalmente perda de consciência associada.

2. Generalizadas – a alteração da atividade elétrica ocorre simultaneamente nos dois hemisférios cerebrais. Neste caso, é possível considerar ainda vários subtipos de crises:

  • tónico-clónicas generalizadas (TCG), já descritas;
  • ausências – crises de olhar vago, paragem da atividade, por vezes com automatismos, duração de 10-15 segundos, tendo habitualmente início na infância ou adolescência;
  • atónicas - crises em que se regista falta súbita de tónus muscular e perda de consciência, de curta duração e provocando a queda;
  • mioclónicas - crises em que existe um abalo súbito de parte ou da generalidade do corpo, por vezes desencadeado por estímulos visuais ou sonoros.

3. De início desconhecido – não é possível saber de que modo começa a crise.

Como se faz o diagnóstico?

O diagnóstico de epilepsia é feito através da elaboração de uma história clínica (é sempre a base de qualquer processo diagnóstico, em Medicina) e de um exame objectivo, a que se associam os exames complementares de diagnóstico pertinentes, em função de cada caso.

Com a história clínica pretende-se detalhar ao pormenor todo o processo da crise: como começou, se a pessoa tem alguma noção que lhe permita perceber o que está ou vai acontecer e de que forma a crise vai evoluindo. A informação recolhida de familiares ou amigos que tenham presenciado os episódios é crucial, pois na maioria das vezes a informação que o doente consegue fornecer é escassa. Estes dados vão permitir orientar o diagnóstico para o tipo de crise, para o tipo específico de exames complementares a solicitar e permitem a escolha mais adequada dos fármacos antiepiléticos, em função do tipo de crises que o doente apresenta.

A investigação complementar abrange vários exames, solicitados com o objetivo de classificar o tipo de crises, confirmar a existência ou ausência de lesões cerebrais que possam ser a causa das crises e diagnosticar patologias em que as crises são uma das várias manifestações da doença. O eletroencefalograma (EEG) é um exame fundamental quando estamos perante a hipótese de uma epilepsia. Pode ser o suficiente, quando se trata de uma epilepsia com características particulares, como a epilepsia de ausências: a descrição das crises e as alterações do EEG são típicas e o diagnóstico é simples. Mas nem sempre é assim e, por vezes, o diagnóstico só é feito com a monitorização do doente, ou seja, o exame tem uma duração de um ou vários dias, até que se consiga caracterizar o que acontece, em termos de atividade elétrica, quando o doente tem uma crise: onde começa e como se difunde e qual a relação com os sintomas do doente. A Tomografia Computorizada (TC) e Ressonância Magnética (RM) são exames de imagem que nos permitem saber se existe alguma lesão estrutural como causa da epilepsia: lesões traumáticas, tumorais, infeciosas, sequelas de lesões vasculares cerebrais ou malformações congénitas podem ser detetadas com recurso a este tipo de exames complementares. Há situações muito particulares, de diagnóstico muito mais difícil, que poderão necessitar do recurso a exames de Medicina Nuclear, utilizando compostos emissores de radiação.

Qual o tratamento a propor?

Alguns tipos de epilepsia têm um comportamento autolimitado e acabam por “desaparecer” com o avançar da idade. A maioria das epilepsias é controlada com fármacos ditos antiepiléticos; nalguns doentes basta apenas um fármaco, mas noutros pode ser necessária uma associação de fármacos. A escolha dos fármacos antiepiléticos deve ser feita em função do tipo de crises, eficácia e perfil do próprio doente, para minimizar os efeitos adversos associados aos medicamentos. No passado, o número de fármacos disponíveis era limitado e estes tinham efeitos secundários muito penalizadores. Com o aparecimento de novos fármacos, particularmente a partir da década de 80 do século passado, esta situação alterou-se e, hoje, temos vários fármacos disponíveis no mercado, que nos permitem uma majoração do efeito terapêutico e menos efeitos secundários, nomeadamente em politerapia dita racional (associando fármacos com diferentes mecanismos de ação, que se potenciam nos seus efeitos clinicamente benéficos).

No entanto, uma percentagem das epilepsias não é controlada com recurso a medicação – são a chamadas epilepsias refratárias. Nestes casos, outras opções terapêuticas têm que ser invocadas, nomeadamente a dieta cetogénica, a neuromodulação e a cirurgia da epilepsia.

A dieta cetogénica consiste numa alimentação rica em gorduras, com quantidade moderada de proteínas e baixo teor de hidratos de carbono. Essa composição alimentar faz com que o organismo entre em estado de cetose, o que faz o cérebro utilizar corpos cetónicos como principal combustível para as suas células (reduzindo, assim, a dependência da glicose), controlando as crises epilépticas. Não é uma opção isolada, mas pode permitir a redução do número de crises e da toma de fármacos antiepiléticos. A neuromodulação e a cirurgia exigem uma avaliação exaustiva para selecionar as pessoas candidatas a estes procedimentos, pois nem todos os doentes reúnem critérios para técnicas tão invasivas. Esta investigação tem lugar nos centros de referência para tratamento da epilepsia.

Em resumo, a epilepsia é uma doença que tem grandes implicações a nível pessoal, familiar, social e laboral, com manifestações clínicas muito diferentes. Na maioria dos casos, o diagnóstico é simples e as crises são controladas com medicação antiepilética ajustada ao tipo de crises e com evicção de fatores desencadeantes, sendo possível viver de forma perfeitamente ativa, apesar do diagnóstico de epilepsia. Numa percentagem menor de doentes o diagnóstico é mais difícil, necessitando de recursos existentes apenas em centros especializados, os quais são também imprescindíveis para guiar o tratamento das epilepsias refratárias, em que o controlo das crises não é possível. São precisamente estes os casos em que a intervenção planeada em centros de referência poderá fazer toda a diferença na vida da pessoa com epilepsia.

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Epilepsia: crianças e adolescentes representam a maioria dos novos diagnósticos

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As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Dádivas de sangue
O Instituto Português do Sangue e da Transplantação (IPST) apelou para o reforço de dádivas de sangue, em particular dos grupos...

“A maioria dos portugueses tem os grupos sanguíneos A e O, pelo que, naturalmente, estes são os que estão mais em falta”, afirma em comunicado a presidente do IPST, Maria Antónia Escoval.

A nota refere igualmente que, “nesta época, a par do habitual decréscimo do número de dádivas, decorrentes das baixas temperaturas e de casos de gripe”, tem aumentado a necessidade de sangue, sobretudo destes dois grupos.

As reservas de sangue dos grupos A e O do IPST estão “abaixo do recomendado” e não conseguem “fazer face às necessidades”, prossegue o comunicado.

O IPST apela, por isso, para a participação de “todos os que cumpram os critérios para dádiva de sangue”.

Para ser dador de sangue é preciso ter entre 18 e 65 anos, sendo que o limite para a primeira dádiva é 60 anos, ter um peso igual ou superior a 50 kg e ter hábitos de vida saudáveis.

As dádivas podem ser feitas nos Centros de Sangue e Transplantação de Lisboa, Porto e Coimbra, unidades hospitalares com serviço de colheita e nas sessões móveis de colheita que decorrem diariamente em vários locais do país.

 

Balanço
O Centro Hospitalar Universitário de São João (CHUSJ) quadruplicou, num ano, o número de primeiras consultas na área da...

“Melhoramos a gestão, o acesso e os tempos de resposta. Em termos práticos e técnicos, o que aconteceu é que quadruplicámos o número de primeiras consultas. Passamos de um histórico de 400 por ano para 1.600″, explicou o diretor do CRI, John Preto.

O responsável pelo projeto destacou também que este serviço, que entrou em funcionamento em janeiro de 2019, “duplicou o número de intervenções cirúrgicas” e teve “o mérito de conseguir ocupar melhor o espaço, neste caso o bloco operatório”. Além disso, “a atividade neste modelo novo de gestão permitiu gerir melhor os recursos que temos para os utentes, em termos de resposta e de acesso”.

Depois de ter sido proposto à tutela em março de 2018, o CRI de Obesidade do CHUSJ iniciou atividade em janeiro do ano passado e trabalhou com 41 profissionais de áreas como cirurgia, psicologia, nutrição, enfermagem e endocrinologia, entre outras especialidades.

De acordo com dados apresentados, o internamento em 2018 nestes casos rondava os 4,46 dias, enquanto agora está em 2,47, o que corresponde a um objetivo cumprido em 121%, tendo John Preto destacado que graças a estes números e a este CRI “foram libertadas camas no hospital para outras necessidades”.

Quanto ao número de doentes com tempo de espera superior a um ano, esse passou de 2.792 em 2018 para 958 em 2019. Já o total de cirurgias foi de 580 em 2019, enquanto no ano anterior se realizaram, nesta área, 273. Soma-se o número de inscritos para cirurgia com tempo espera superior a um ano que em 2018 era de 98 doentes e em 2019 foi zero.

“Não temos doentes à espera de cirurgia e não tivemos de mandar nenhum doente para outra instituição em 2019. A meta de desempenho do CRI de Obesidade foi de 84,3%”, disse John Preto durante a apresentação.

Já à margem da sessão, quando questionado sobre novos objetivos, o responsável disse que queria “manter o conseguido em 2019 e tentar implementar novos desafios” em 2020, “como não haver nenhum doente à espera de consultas”. “

“Já conseguimos isso nas cirurgias e agora o nosso desafio é nas consultas externas”, destacou.

Paciente com tuberculose rara
Um artigo publicado na revista médica International Journal of Surgery Case Reports relata o tratamento de lesões vertebrais...

Anteriormente tinha sido diagnosticada com uma forma pouco comum de tuberculose que afeta a coluna vertebral que, quando não tratada, causa deformações nas vértebras, com graves repercussões no estado da coluna vertebral, saúde e qualidade de vida dos doentes. Apesar de corretamente medicada, a doente descontinuou a medicação antes do tempo indicado, tendo como consequência o alojamento, na coluna vertebral, da bactéria responsável pela doença, Mycobacterium tuberculosis, provocando deterioração das vértebras L1-L2 (região lombar). Devido à gravidade da situação, foi submetida a uma intervenção cirúrgica para estabilização da coluna vertebral ao nível das vértebras afetadas, tendo sido colocados parafusos para fixar essa região. No entanto, passado um ano, a doente ainda sofria de dor lombar persistente.

Por forma a melhorar a sua situação clínica, os autores testaram a aplicação de células estaminais mesenquimais do tecido do cordão umbilical, combinadas com uma matriz de hidroxiapatite. As células estaminais, previamente criopreservadas, foram descongeladas e colocadas em cultura no laboratório. As células obtidas foram combinadas com a matriz de hidroxiapatite e, durante uma cirurgia, foram aplicadas diretamente nas vértebras afetadas. Passados três meses, a doente conseguia andar e não sentia dor, tendo melhorado significativamente.

De acordo com Bruna Moreira, Investigadora do Departamento de I&D da Crioestaminal, “os autores referem não ter encontrado sinais de deformação óssea ou de compressão da espinal medula após o tratamento. Para além disso, não se registaram complicações até 6 meses após o tratamento, o que sugere que esta alternativa terapêutica é segura, constituindo uma estratégia promissora para o tratamento de defeitos ósseos na coluna e outros locais.”.

Os exames realizados posteriormente revelam que as células estaminais combinadas com a matriz de hidroxiapatite preenchem com sucesso o defeito ósseo, tendo levado à regeneração das vértebras na posição correta.

 

Exposição
A Associação Portuguesa de Intervenção Cardiovascular (APIC), com o apoio do Hospital de Vila Franca de Xira, vai promover uma...

“Acreditamos que ao aumentar a consciencialização sobre as doenças valvulares cardíacas estaremos a garantir que os doentes estão mais informados e capacitados para identificar sintomas (cansaço, dor no peito e desmaios) e recorrer ao profissional de saúde (médico de família ou cardiologista), o que irá permitir o diagnóstico e tratamento atempado e adequado”, explica Rui Campante Teles, Cardiologista de Intervenção e Coordenador da campanha Corações de Amanhã.

Esta campanha é uma iniciativa da APIC que pretende aumentar o conhecimento e compreensão sobre a doença valvular cardíaca, promovendo o seu diagnóstico e tratamento atempado. A estenose aórtica e a insuficiência mitral são as principais doenças valvulares cardíacas.

A estenose aórtica é uma doença que afeta cerca de 32 mil portugueses, maioritariamente pessoas acima dos 70 anos, limitando as suas capacidades e qualidade de vida. A aorta é a principal artéria do nosso corpo que transporta sangue para fora do coração. Quando o sangue sai do coração flui da válvula aórtica para a artéria aorta. A válvula aórtica tem como função evitar que o sangue bombeado pelo coração volte para trás. Na presença de estenose, a válvula aórtica não abre completamente, vai ficando cada vez mais estreita e isso impede o fluxo sanguíneo para fora do coração. Se não for detetada atempadamente esta doença pode ter um desfecho letal.

A insuficiência mitral é a segunda doença valvular mais comum, em todo o mundo, e antecipa-se que a sua prevalência aumente nos próximos anos, com o envelhecimento da população. É mais comum em homens e aumenta com a idade. Carateriza-se por um refluxo de sangue pela válvula mitral. À medida que o ventrículo esquerdo bombeia o sangue para a aorta, um pouco de sangue retorna para trás em direção à aurícula esquerda, aumentando o volume de sangue e pressão nesse local. Este aumento da pressão arterial na aurícula esquerda aumenta a pressão do sangue nas veias dos pulmões. Será bombeado menos sangue para a circulação e os pulmões ficam como que encharcados em sangue e isto gera a falta de ar e o cansaço.

 

 

Ministra da Saúde
As listas de espera para primeiras consultas nos hospitais portugueses, de utentes que estavam à espera há mais de um ano,...

Segundo a Ministra “nunca houve tão poucos doentes à espera de uma consulta hospitalar como no ano de 2019”, estimando-se que as listas de pessoas à espera de uma consulta há mais de um ano foram reduzidas em 40%.

Os dados foram divulgados à margem da inauguração do Bloco Operatório Central e Bloco de Partos do Hospital de Santarém, que custou ao Estado cerca de 6,5 milhões de euros, e na qual também esteve presente o Primeiro-ministro, António Costa.

 

Benefícios
Nas últimas décadas, a prática de mindfulness (atenção plena) tem vindo a ganhar terreno um pouco po

Em Portugal, apesar de já ser prática adotada na saúde e na educação, ainda há desconhecimento e muita resistência em reconhecer os reais benefícios desta abordagem. Para contrariar esta tendência e mostrar o trabalho científico que é realizado no país, a Associação Portuguesa para o Mindfulness (APM), em conjunto com o Centro de Investigação em Neuropsicologia e Intervenção Cognitivo-Comportamental da Universidade de Coimbra (CINEICC) e a Associação Mentes Sorridentes, vai realizar, pela primeira vez, um encontro que permita a partilha de conhecimentos e de experiências de aplicação de mindfulness e compaixão.

As “I Jornadas de Mindfulness e Compaixão” vão decorrer, nos dias 14 e 15 de fevereiro, no auditório do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC). Ao longo dos dois dias, os cerca de 200 participantes vão conhecer os resultados de vários projetos em curso, sobretudo em quatro grandes áreas: educação, saúde, desenvolvimento pessoal e organizações.

Na área da educação, vão ser apresentados cinco projetos que estão no terreno, em locais tão diferentes como Lisboa, Coimbra ou Leiria. Um deles é o projeto “Mentes Sorridentes”, implementado por uma associação de professores, primeiro em Loures, e posteriormente em várias zonas do país, tendo revelado resultados muito positivos não só nos professores, mas também nos alunos e na própria vida da escola.

Nos professores, notou-se uma diminuição do stress, da ansiedade e do burnout (esgotamento profissional); nas crianças aumentou a satisfação com a vida e observou-se a melhoria da sua participação e rendimento escolar, assim como a diminuição de ansiedade.

Outro dos estudos que vai ser apresentado é o designado “As escolas compassivas”, que decorreu em Coimbra, focado no desenvolvimento de algumas competências de mindfulness, mas essencialmente na compaixão, que mostrou ter contribuído bastante para a promoção do bem-estar psicológico e físico dos professores.

Ao nível da saúde, onde esta abordagem tem sido bastante aplicada, destaca-se a apresentação dos resultados de um estudo, pioneiro em Portugal, realizado com jovens agressores, focado na terapia baseada na compaixão. Vão também ser conhecidos resultados da aplicação de programas de mindfulness em mulheres com cancro de mama, na dor crónica e no combate à obesidade e ingestão alimentar compulsiva.

Apesar de «o mindfulness estar na moda», a verdade é que tem vindo a ser amplamente reconhecido como ferramenta terapêutica eficaz, com benefícios validados empiricamente em diferentes áreas.

O mindfulness caracteriza-se pela prática de prestar intencionalmente atenção ao que está a acontecer na nossa vida, dentro e fora de nós, com uma atitude de aceitação e sem ajuizar, ou seja, um treino mental que ensina as pessoas a lidarem com os seus pensamentos e emoções.

Dito de outro modo, não é panaceia universal ou uma pílula da felicidade. O mindfulness é para a mente o que o exercício físico é para o corpo. É um treino mental que tem de ser praticado, e essa prática desenvolve capacidades do cérebro e competências que nos permitem defender um pouco das próprias armadilhas do cérebro, por exemplo, da negatividade natural do cérebro.

As “I Jornadas de Mindfulness e Compaixão”, que terão também um forte carácter formativo, são dirigidas a professores, psiquiatras, psicólogos, terapeutas, médicos, gestores, e estudantes, bem como ao público em geral interessado na temática.

O programa e mais informações sobre as jornadas estão disponíveis em: http://apmindfulness.com/jornadas/programa.html

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As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Iniciativa
A Associação Portuguesa de Intervenção Cardiovascular (APIC) vai promover o segundo encontro nacional de sobreviventes de...

“Ao apresentar histórias de vida de pessoas que sobreviveram ao enfarte, acreditamos estar a contribuir para o reconhecimento da importância da atuação face aos sintomas desta doença e a reforçar o papel decisivo da mudança de estilos de vida”, explica João Brum da Silveira, presidente da APIC.

Além da partilha de testemunhos de sobreviventes, a iniciativa vai contar também com palestras sobre o enfarte agudo do miocárdio e como continuar a viver após a doença, ministradas por médicos, enfermeiros e fisiatras.

O enfarte agudo do miocárdio surge quando uma das artérias do coração fica obstruída, fazendo com que parte do músculo cardíaco fique em sofrimento por falta de oxigénio e de nutrientes. Dor no peito, suores, náuseas, vómitos, falta de ar e ansiedade são sintomas de alarme para o enfarte agudo do miocárdio. Não os ignore. Ligue rapidamente 112 e siga as instruções que lhe forem dadas. Para mais informações sobre o enfarte consulte www.cadasegundoconta.pt.

A participação nesta iniciativa é gratuita, mediante inscrição para o email [email protected].

 

Principais sintomas
Se sente uma vontade imperiosa de urinar, se tem perdas de urina, ou se acorda várias vezes, durante
Mulher idosa com ar preocupado

Considerada um distúrbio neuromuscular que resulta na contração desadequada da bexiga, a bexiga hiperativa não é em sim uma doença mas antes um conjunto de sintomas com grande implicações no dia a dia de quem dela padece.

A sensação de urgência miccional, isto é, o “desejo súbito e forte de urinar, difícil de controlar” é o principal sintoma associado a esta síndrome. E embora as perdas involuntárias de urina possam acompanhar o quadro, a incontinência urinária pode ou não estar presente no contexto da bexiga hiperativa. Outro aspeto a considerar para o seu diagnóstico prende-se como a quantidade de vezes que tem de ir à casa de banho: se vai 8 ou mais vezes durante o dia e uma ou mais vezes durante a noite, poderá sofrer desta síndrome.

Embora na maioria dos casos não se consiga determinar a suas causas, designando-se por isso como bexiga hiperativa idiopática, esta pode surgir na sequência de algumas doenças neurológicas, como a esclerose múltipla, a doença cerebrovascular, a doença de Parkinson ou em resultado de traumas e lesões na coluna. Por outro lado, as alterações estruturais da própria bexiga, do seu músculo e dos órgãos adjacentes podem estar na origem desta síndrome.

Sabe-se ainda que as pessoas com depressão ou os diabéticos insulinodependentes apresentam maior risco de desenvolver bexiga hiperativa. E, embora, esta síndrome possa atingir qualquer pessoa, de qualquer sexo e de qualquer idade, estima-se que a sua prevalência aumente com a idade, uma vez que as alterações fisiológicas associadas ao envelhecimento, e que produzem, por exemplo, alterações do tónus muscular, também favorecem o seu desenvolvimento.

O seu diagnóstico é habitualmente fácil, tendo em conta os sintomas descritos. No entanto, são ainda poucos os casos que chegam ao consultório médico, o que faz desta uma patologia fortemente subdiagnosticada. É que, por desconhecimento ou vergonha, acredita-se que uma percentagem elevada de doentes se acomode à situação e aceite esta síndrome como algo inevitável.

Segundo Geraldina Castro, especialista em ginecologia e obstetrícia da Maternidade Bissaya Barreto, em Coimbra, dependendo da intensidade dos sintomas, esta é uma síndrome que pode alterar por completo a vida de uma pessoa. Não só a nível pessoal, como social e profissional, sendo por isso essencial reforçar a mensagem de que, apesar de esta ser uma condição clínica sem cura, ela pode ser controlada. Importa ainda referir que a bexiga hiperativa pode apresentar períodos de ausência completa dos sintomas e outros de agravamento, pelo que o tratamento tem de ser adaptado a cada fase.

Entre as opções terapêuticas disponíveis encontram-se a terapia comportamental, a terapia farmacológica e a cirurgia.

Relembramos ainda que o exercício físico, a par de uma alimentação saudável, são essenciais para o controlo da doença uma vez que, para além de combater o excesso de peso, irá contribuir para o fortalecimento dos músculos do pavimento pélvico.

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Necessidades de Saúde Especiais
A Saúde Escolar em Portugal conta com mais de 100 anos de existência.
Bebé loiro

 

“Contribuir para uma resposta adequada às NSE, mais do que um desígnio da Saúde Escolar, é um movimento em prol dos Direitos das Crianças, da aceitação da diferença, da promoção de atitudes de respeito, do reconhecimento do valor e do mérito pessoal.” PNSE (2015)

 

Condições de Saúde

Ao longo do ciclo de vida escolar existem Condições de Saúde que podem comprometer as aprendizagens dos(as) alunos(as). A Saúde Escolar tem tido ao longo dos tempos uma intervenção de complementaridade na melhoria dos indicadores de saúde de Crianças e Jovens em Portugal. 

Enquanto que às Equipas de Saúde Familiar das USF/UCSP cabe a prestação de cuidados de saúde personalizados dirigidos às crianças e jovens, às Equipas de Saúde Escolar compete colaborar na localização, sinalização e encaminhamento das que não cumprem a vigilância de saúde e apoiar as que tenham Necessidades de Saúde Especiais, agilizando a referenciação entre Profissionais de Saúde, em articulação com os Pais/Encarregado de Educação e a Escola.

Atualmente, sem prejuízo de continuar a colaborar na verificação do estado vacinal, sempre que se justifique, e a contribuir para a melhoria da saúde individual, a Intervenção da Saúde Escolar é, cada vez mais, a de gerir o processo de adaptação da criança/jovem à escola e promover a sua autonomia. 

Necessidades de Saúde Especiais

As Crianças e os Jovens que apresentam Necessidades de Saúde Especiais (NSE) exigem atenção redobrada por parte dos serviços de saúde, que devem desenvolver estratégias de intervenção particulares adequadas a cada caso.

Assim, definem-se NSE como, as que resultam de problemas de saúde com impacto na funcionalidade e necessidade de intervenção em meio escolar, como sejam, irregularidade ou necessidade de condições especiais na frequência escolar e impacto negativo no processo de aprendizagem ou no desenvolvimento individual.

As alterações das funções ou estruturas do corpo (ex.: doença crónica, deficiência, perturbações do desenvolvimento, perturbações emocionais e do comportamento, entre outras), que têm impacto no desempenho escolar, necessitam de identificação e remoção de barreiras a vários níveis: aprendizagem, atitudes, comunicação, relacionamento interpessoal e social, autonomia, espaço físico e meio socioeconómico.

Na Escola, é crucial identificar a existência de fatores ambientais ‘facilitadores’ (entendidos como fatores que influenciam positivamente a realização de atividades escolares) ou ‘barreira’ (entendidos como fatores que impedem ou limitam a participação da criança na vida escolar) que interferem com as aprendizagens escolares.

Por outro lado, importa referir a Intervenção Precoce na Infância que é dirigida às crianças até aos 6 anos de idade com alterações ou em risco de apresentar alterações nas estruturas ou funções do corpo, tendo em conta o seu normal desenvolvimento. Consiste num conjunto de medidas de apoio integrado centrado na criança e na família, incluindo ações de natureza preventiva e reabilitativa, designadamente no âmbito da educação, da saúde e da ação social.

Deste modo, à Saúde compete assegurar a deteção, sinalização e acionamento do processo e o encaminhamento de crianças e jovens para consultas ou centros de desenvolvimento, para efeitos de diagnóstico, orientação especializada, entre outros. 

Referenciação

O processo de “referenciação ↔ avaliação ↔ intervenção ↔ monitorização dos progressos e eventual revisão das medidas de saúde” deve ser operacionalizado através de um Plano de Saúde Individual (referido mais adiante). 

A Referenciação, à Equipa de Saúde Escolar, de crianças e jovens que necessitem de qualquer tipo de intervenção no contexto escolar envolve a articulação com a Equipa de Saúde Familiar e pode ser iniciada:

- Pelos Serviços de Saúde (qualquer Unidade Funcional do Agrupamento de Centros de Saúde (ACeS), Unidade Local de Saúde (ULS), Hospital), através do(a) médico(a) de família/assistente, do(a) enfermeiro(a) de família, de outro(a) profissional de saúde, incluindo da Saúde Mental da Infância e Adolescência (SMIA);

- Pela Escola, pelo(a) pai/mãe ou encarregado(a) de educação ou por IPSS com intervenção na área da criança ou jovem com deficiência.

Também no âmbito da Intervenção Precoce, a Equipa de Saúde Escolar referencia as crianças e jovens para a Equipa Local de Intervenção (ELI) e vice-versa.

Plano de Saúde Individual

A avaliação da funcionalidade deverá ser feita por uma Equipa Multidisciplinar da Escola, que integre a Saúde e o/a Pai/Mãe ou Encarregado(a) de Educação. Esta avaliação tem por base as Condições de Saúde da criança/jovem e o seu impacto nas atividades e na participação escolar, tendo como referência o que é esperado para o grupo etário. O resultado da avaliação da funcionalidade deve corresponder a um consenso entre a equipa.

A identificação das condições, das necessidades e das medidas de saúde a implementar é baseada na Classificação Internacional da Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF), da OMS. À Saúde cabe também proporcionar intervenções promotoras do bem-estar físico, psicológico e social.

Assim, o Plano de Saúde Individual (PSI), concebido para cada criança ou jovem com NSE, avalia o impacto das condições de saúde na funcionalidade (atividades e participação) e identifica as medidas de saúde a implementar (necessidades de saúde, medidas terapêuticas e de reabilitação, entre outras) para melhorar o seu desempenho escolar, tendo em conta os fatores ambientais, facilitadores ou barreira, do contexto escolar.

Resumindo, o Plano de Saúde Individual é o plano concebido pela Equipa de Saúde Escolar, no âmbito do Programa Nacional de Saúde Escolar, para cada criança ou jovem com Necessidades de Saúde Especiais, que integra os resultados da avaliação das condições de saúde na funcionalidade e identifica as medidas de saúde a implementar, visando melhorar o processo de aprendizagem.

Importa, ainda, salientar que o Programa Educativo Individual (PEI) e o Plano de Saúde Individual (PSI) são complementares no caso de crianças com Necessidades de Saúde Especiais, devendo ser garantida a necessária coerência, articulação e comunicação entre ambos.

Equipas de Saúde Escolar

O Papel da Saúde Escolar é o de permitir que as crianças e jovens/famílias tenham acesso a um Ensino Inclusivo centrado no desenvolvimento, físico e psicossocial, do pleno potencial de cada aluno e assegurar às crianças e jovens a proteção dos seus direitos, na aceitação da diferença, na promoção de atitudes de respeito, do reconhecimento do valor e do mérito pessoal.

As Equipas de Saúde Escolar dos ACeS/ULS são Equipas de Profissionais de Saúde dos Agrupamentos de Centros de Saúde ou das Unidades Locais de Saúde (ACeS/ULS) que, perante a referenciação de crianças ou jovens com Necessidades de Saúde Especiais, articula com as Equipas de Saúde Familiar e outros serviços de saúde, a família e a escola, com as quais elabora um Plano de Saúde Individual, apoiando a sua implementação, monitorização e eventual revisão.

Escola Inclusiva

A inclusão das crianças e jovens com NSE na escola, desafia a mudança, estimula a flexibilidade das relações e a redistribuição dos recursos, com vista ao seu mais correto aproveitamento, estimula o trabalho em equipa e o envolvimento de toda a escola, dos pais e encarregados de educação, da comunidade e dos diferentes serviços.

 A Equipa Multidisciplinar de apoio à Educação Inclusiva pode solicitar a colaboração da Equipa de Saúde Escolar dos ACeS/ULS, sempre que necessário, com o objetivo de construir uma abordagem participada, integrada e eficaz.

O reconhecimento de uma escola inclusiva implica a cooperação, de forma complementar, dos recursos da comunidade, nomeadamente da saúde, com as escolas.

As Equipas de Saúde Escolar, no quadro do Programa Nacional de Saúde Escolar, desempenham neste contexto um importante papel no acesso a um Ensino Inclusivo centrado no desenvolvimento, físico e psicossocial, do pleno potencial de cada aluno. Também as parcerias com as autarquias potenciam sinergias com importantes ganhos em saúde.

Referências Bibliográficas:
Direção-Geral de Educação (2018), Para uma Educação Inclusiva: Manual de Apoio à Prática - Decreto-Lei nº 54/2018, de 6 de julho]. Disponível em https://www.dge.mec.pt/sites/default/files/EEspecial/manual_de_apoio_a_pratica.pdf.
Direção-Geral da Saúde (2004). Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde. Lisboa: Organização Mundial de Saúde.
Direção-Geral da Saúde (2015). Programa Nacional de Saúde Escolar. Lisboa. Disponível em https://observatoriolisboa.eapn.pt/ficheiro/Programa-Nacional-de-Sa%C3%BAde-Escolar-2015.pdf.
Ministério da Educação - DGIDC/NESASE (2009), Resolução de Vilnius: melhores escolas, escolas mais saudáveis - 17 de junho de 2009 - Terceira Conferência Europeia de Escolas Promotoras de Saúde. Disponível em https://www.dgs.pt/paginas-de-sistema/saude-de-a-a-z/saude-escolar/ficheiros-externos/resolucao-de-vilnius-pdf.aspx.
Portugal. Decreto-Lei nº54/2018 de 6 de julho.  Diário da República n.º 129/2018, Série I. Lisboa: Educação - Presidência do Conselho de Ministros - Estabelece o regime jurídico da educação inclusiva. Disponível em https://dre.pt/web/guest/pesquisa//search/basic?q=Decreto-Lei+n%C2%BA54%2F2018+de+6+de+julho

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As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Dados
O Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) atendeu no ano de 2019 um total de 1.414.858 chamadas de emergência, o que...

De acordo com o INEM, o atendimento destas chamadas nos seus Centros de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) deu origem à ativação de 1.337.799 meios de emergência, entre os diversos tipos de ambulância (emergência médica, socorro, suporte imediato de vida, transporte inter-hospitalar pediátrico) motas de emergência, viaturas médicas de emergência e reanimação (VMER) e helicópteros, de acordo com a gravidade atribuída a cada chamada recebida.

Os números apresentados correspondem a pedidos de socorro efetuados via Número Europeu de Emergência – 112 para situações de assistência a vítimas de acidente ou doença súbita, pedidos de triagem por parte dos parceiros no Sistema Integrado de Emergência Médica (SIEM) e chamadas recebidas diretamente do Centro de Contacto do Serviço Nacional de Saúde (SNS 24).

Para cada uma destas situações, os CODU prestaram o aconselhamento necessário e enviou os meios de emergência que sejam mais adequados à situação clínica da vítima para as situações consideradas emergentes.

Funcionamento dos CODU é assegurado, 24 horas por dia, por equipas de profissionais qualificados

Da totalidade das 1.414.858 milhões de chamadas recebidas pelo INEM em 2019, cerca de 172.179 (12%) foram consideradas como não emergentes, das quais, 93.760 chamadas foram encaminhadas para o SNS 24.

 As chamadas efetuadas para o Número Europeu de Emergência – 112 são atendidas em primeira linha nos Centros Operacionais 112, geridos pelas Forças de Segurança. O 112 encaminha seguidamente para os CODU do INEM todas as situações que digam respeito a urgências ou emergências médica, competindo a esta central médica do INEM avaliar todos os pedidos de socorro recebidos, com o objetivo de determinar os recursos necessários e adequados a cada ocorrência.

O funcionamento dos CODU é assegurado, 24 horas por dia, por equipas de profissionais qualificados – médicos, técnicos de emergência pré-hospitalar e psicólogos – com formação específica para efetuar o atendimento, triagem, aconselhamento, seleção e envio de meios de socorro.

Projeto Internacional
Projeto, em parceira com universidade finlandesa, visa capacitar estudantes da Ásia para o uso de tecnologias no acompanhamento...

A Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC) está a liderar o desenvolvimento e disseminação do de um projeto que tem o objetivo de capacitar estudantes do Vietname e do Bangladesh para o uso de tecnologias no follow-up (acompanhamento) de doentes portadores de doença crónica.

Cofinanciado com verbas europeias previstas para a cooperação, o projeto DigiCare - Educating students for digitalized health care and coaching of their patients, que conta com a coordenação da Universidade de Ciências Aplicadas de Tampere (Finlândia), integra seis instituições universitárias e hospitalares daqueles países.

No âmbito deste projeto, será criado um modelo educativo – Digicare model – que consistirá num conjunto de «instrumentos, ferramentas, estratégias pedagógicas e competências», suscetíveis de «capacitar estudantes de enfermagem, professores e profissionais a acompanharem à distância doentes portadores de doenças crónicas», explica Pedro Parreira, investigador da ESEnfC e da Unidade de Investigação em Ciências da Saúde: Enfermagem (UICISA: E), onde está também integrado este projeto.

São organizações beneficiárias diretas do DigiCare três instituições do Vietname (Hanoi Medical University, Hanoi Medical College e Nam Dinh University of Nursing) e outras tantas do Bangladesh (City Medical College & Hospital Ltd, Khulna City Medical College & Hospital Ltd e Universal Medical College and Hospital), que esta semana enviaram representantes à ESEnfC, onde decorrem trabalhos relacionados com o projeto.

De acordo com o professor Pedro Parreira, um «objetivo paralelo do projeto DigiCare consistirá em «aumentar a satisfação dos pacientes, usando as tecnologias da digitalização como parte de seu tratamento», o que irá encurtar tempos de reposta, evitando inconvenientes da ida a uma consulta.

Cofinanciado pelo programa Erasmus + (Ação-chave Cooperação para a inovação e intercâmbio de boas práticas), este trabalho deverá durar três anos (até 2022).

Participam neste projeto, pela instituição portuguesa, Pedro Parreira, Anabela Salgueiro-Oliveira, João Graveto, Paulo Costa e Beatriz Serambeque.

Campanha de prevenção
A Associação Nacional de Centros de Diálise (ANADIAL) vai realizar várias sessões de esclarecimento sobre a doença renal...

São duas as instituições que vão receber estas ações de consciencialização e cujos alunos vão ter oportunidade de aprender como cuidar da saúde dos seus rins: O Agrupamento de Escolas da Gafanha da Encarnação, em Ílhavo, e o Agrupamento de Escolas do Sabugal, na Guarda.

“A ANADIAL está empenhada em aumentar a visibilidade pública da doença renal e em consciencializar a população para a importância da sua prevenção, mobilizando-a (em particular os mais jovens) nesse sentido. Para isso, iremos promover diversas ações de consciencialização, ministradas por médicos e enfermeiros, em escolas básicas e secundárias de norte a sul do país”, explica Jaime Tavares, presidente da ANADIAL. E adianta: “Esperamos com esta iniciativa contribuir para a promoção de programas de prevenção, que contribuam para reduzir a incidência da doença renal crónica.”

A campanha “A vitória contra a doença renal começa na prevenção” conta com o apoio da Associação de Doentes Renais de Portugal, da Associação Portuguesa de Enfermeiros de Diálise e Transplantação, da Associação Portuguesa de Insuficientes Renais, da Sociedade Portuguesa de Nefrologia e da Sociedade Portuguesa de Transplantação.

A doença renal crónica caracteriza-se pela deterioração lenta e irreversível da função dos rins. Como consequência da perda desta função, existe retenção no sangue de substâncias que normalmente seriam excretadas pelo rim, resultando na acumulação de produtos metabólicos tóxicos no sangue (azotemia ou uremia). Os doentes com diabetes, hipertensão arterial, obesidade e historial familiar de doença renal podem estar em risco de desenvolver esta doença.

Para prevenir a doença renal crónica é necessário: vigiar o peso; ter uma alimentação saudável, com redução do consumo de gorduras e de sal, bem como das porções; deixar de fumar (os fumadores têm uma probabilidade três vezes maior de apresentar uma função renal diminuída); fazer exercício físico; controlar a hipertensão e a diabetes; não beber álcool; não proceder a automedicação; e fazer rastreios regulares.

Iniciativa
Registo nacional vai beneficiar pessoas com diabetes e profissionais de saúde.

A Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal (APDP), avançou com a recolha de assinaturas para uma petição à Assembleia da República que tem como objetivo levar o Ministério da Saúde a criar um registo nacional de diabetes tipo 1, atualizado anualmente. Esta petição tem o apoio da Associação Mellitus Criança, do Grupo DiabéT1cos, da Sociedade Portuguesa de Diabetologia, da Secção de Endocrinologia e Diabetologia Pediátrica da Sociedade Portuguesa de Pediatria e do Núcleo de Estudos da Diabetes Mellitus da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna. 

Estima-se que em todo o mundo 1,1 milhão de crianças e adolescentes com menos de 20 anos, tenham diabetes tipo 1, sendo uma das doenças crónicas mais comuns na infância. Pelas suas implicações, a diabetes tipo 1 exige uma abordagem muito própria e de grande exigência. E, apesar do aumento da sua incidência e prevalência, não existe, em Portugal, um programa estruturado e coerente que aborde a diabetes tipo 1 em todas as idades. 

“Um registo nacional atualizado que permita a aquisição de mais e melhor conhecimento científico sobre a real dimensão da diabetes, permite pensamento crítico para uma melhor definição das políticas de saúde relacionadas com a doença e para o enquadramento de novas perspetivas terapêuticas a nível imunológico e tecnológico.” refere José Manuel Boavida, presidente da APDP. 

A concretização de um registo nacional, em vários países da Europa, foi um ponto de partida para promover estratégias mais eficientes de controlo da doença. A educação terapêutica, o acompanhamento multidisciplinar, o autocontrolo e a autogestão são ferramentas fundamentais para quem vive com esta patologia. 

“A diabetes tipo 1, doença que se pode desenvolver em qualquer idade, é ainda pouco conhecida pela população em geral e decisores de políticas de saúde, e frequentemente confundida com a diabetes tipo 2, muito mais prevalente. Uma gestão eficiente da doença com dados atualizados é crucial.” conclui José Manuel Boavida. 

A petição já está disponível no website do Parlamento: https://participacao.parlamento.pt/initiatives/1051 e pode ser assinada por todos os cidadãos que se identifiquem com esta iniciativa. 

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