16 de Abril – Dia Mundial da Voz

Terapeuta da Fala: o que faz?

Atualizado: 
16/04/2015 - 10:22
Assinala-se hoje o Dia Mundial da Voz que tem como primeiro objectivo alertar para os cuidados a ter com esse importante meio de comunicação. O Atlas da Saúde quis saber qual o papel da Terapia da Fala na prevenção das doenças da voz.

O Terapeuta da Fala é o profissional de saúde responsável pela prevenção, avaliação, intervenção e investigação das perturbações da comunicação humana. Este profissional poderá intervir nas várias faixas etárias, começando na neonatologia (comunicação e alimentação), passando pela idade pré-escolar (competências linguísticas e de comunicação), idade escolar (perturbações da leitura e da escrita, gaguez e comunicação) e adultos (perturbações da linguagem adquiridas, patologias da voz, da deglutição e promoção das competências vocais e comunicação em profissionais). Deste modo, poderá também exercer funções em diversos tipos de instituições e em equipas multidisciplinares: hospitais, unidades de cuidados continuados, centros de medicina física e reabilitação, instituições sociais e de reinserção, creches, escolas, estabelecimentos privados, universidades, consultórios, clínicas e domicílio.

Mais especificamente abordam-se de seguida todas as áreas de intervenção do Terapeuta da Fala:

Comunicação: doenças degenerativas, perturbações do espectro do autismo e outras síndromes que possam impossibilitar o uso das diversas formas de linguagem são intervencionadas pelo profissional na medida em que este implementa sistemas aumentativos e alternativos de comunicação.

Linguagem oral: é a forma de comunicação mais importante e única no ser humano, visto que possibilita a troca de ideias, interacção, expressão de sentimentos e aprendizagem. Compreende quatro aspectos linguísticos: semântica, morfossintaxe, fonologia e pragmática, que podem estar afectados no decorrer do desenvolvimento infantil ou por perturbações neurológicas. Neste caso a intervenção centra-se na aquisição ou melhoria das áreas linguísticas afectadas.

Linguagem escrita: intervenção nos casos em que exista dificuldade na aprendizagem da leitura e da escrita.

Articulação: consiste na produção oral dos sons de uma língua; esta poderá estar afectada no decorrer de imaturidade ou alterações anatómicas ou neurológicas nas estruturas, músculos e órgãos orais e faciais.

Fluência: quando adequada permite um discurso com ritmo e cadência adequados, se tal não acontece podem existir bloqueios, repetições e prolongamentos de sílabas e pausas excessivas.

Voz: mecanismo que permite a emissão de som durante a fala. Alterações na qualidade vocal (disfonia/rouquidão) remetem-nos para alterações estruturais ou de movimento ao nível das cordas ou pregas vocais, sendo diagnosticadas pelo Otorrinolaringologista e avaliadas e intervencionadas pelo Terapeuta da Fala.

Deglutição: capacidade de ingestão de alimentos que tem globalmente quatro fases. Quando uma ou mais fases estão afectadas, a nutrição e hidratação seguras ficam comprometidas, o que pode ter causas neurológicas ou mecânicas. A intervenção centra-se na reabilitação desta capacidade vital.

Motricidade orofacial: reabilitação e desenvolvimento da motricidade dos órgãos que têm um papel importante nas funções denominadas de estomatognáticas – sucção, respiração, mastigação e fala.

Intervenção

O tipo de abordagem em Terapia da Fala é muito variável e depende de múltiplos factores que são avaliados inicialmente. O tratamento é individual, com uma periodicidade que pode ser desde diária a mensal ou ainda em regime de orientação periódica. As sessões geralmente têm a duração de 30 a 45 minutos por sessão, dependendo do protocolo da instituição.

Caso se justifique o utente poderá ser acompanhado pelos pais, cuidadores e/ou familiares, pois por vezes a intervenção também se direcciona para fornecimento de estratégias e orientação aos mesmos ou outros profissionais/técnicos que interajam com o utente.

Em situações específicas, também poderão existir sessões de grupo, quando tal possa ser benéfico para utentes com a mesma patologia, não deixando de existir orientações a nível individual.

A intervenção do Terapeuta da Fala deverá estar integrada em equipas multidisciplinares, como por exemplo: médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, psicólogos, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais, dietistas, professores ou educadores.

O papel do Terapeuta da Fala no doente oncológico

Na área específica da oncologia a intervenção incide principalmente nos doentes com tumores da cabeça e pescoço. O tratamento é específico, com particular relevância nas áreas de voz, articulação, deglutição e motricidade orofacial, e carece de uma abordagem especializada. Esta abordagem está relacionada com o tipo de cirurgia e/ou os outros tipos de tratamento, quimioterapia e/ou radioterapia e ainda com os efeitos adversos dos mesmos.

Estas patologias têm consequências muito graves na qualidade de vida do doente, quer ao nível da comunicação, como da alimentação ou da auto-imagem, acarretando ainda alterações ao nível psico-socio-económico. É fundamental o trabalho do Terapeuta da Fala, inserido na vasta equipa de profissionais, para reabilitar com vista à melhor reintegração do indivíduo na sociedade. Os tempos de acompanhamento são bastante variáveis e relacionados com os factores enunciados anteriormente.

Fonte: http://www.aptf.org/#!reas-de-interveno/c1lx3

 

Maria Filomena Gonçalves e Ana Raquel Sousa, Terapeutas da Fala

Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro e/ou Farmacêutico.
Foto: 
ShutterStock