Investigação da Universidade de Aveiro
Pequenas ou grandes, da Madeira ou da América do Sul, tanto faz. As cascas da banana são altamente eficientes na remoção de...

Formadas por celulose, lenhina e hemicelulose, materiais com grupos funcionais que captam o mercúrio da água, o grupo de investigação descobriu igualmente que as cascas da banana são eficazes na remoção de outros metais tóxicos como o chumbo ou o cádmio.

No caso específico do mercúrio, onde as cascas são as campeãs da limpeza, explica a investigadora Elaine Fabre, “o que as diferencia dos outros materiais biológicos [que também são formados por celulose, lenhina e hemicelulose] é que as mesmas são mais ricas em grupos de enxofre e o mercúrio tem elevada afinidade por esse elemento”. Por isso, desvenda a responsável pela investigação, “estas cascas são tão eficientes na remoção de mercúrio da água”.

Publicado na revista Science of the Total Environment, o trabalho mostra que, para tratar 100 litros de água contaminada com 0,05 miligramas de mercúrio, e de forma a atingir-se a concentração permitida para águas de consumo humano, que é de 0,001 miligramas de mercúrio por litro, seriam necessários apenas 291 gramas de cascas.

 A aplicação de cascas de banana para remoção de mercúrio através de processos de sorção - processos que envolvem a retenção de um composto de uma fase fluida na superfície de um sólido - pode ser realizada em estações de tratamento de águas residuais, em efluentes industriais, ou mesmo em qualquer outro sistema que contenha águas contaminadas. Para tal, asseguram os cientistas de Aveiro, basta colocar as cascas em contacto com a água contaminada por um determinado período de tempo.

As cascas foram já testadas em diversos sistemas reais. Com água da torneira, água do mar ou água de efluentes industriais, e na presença de muitos outros elementos para além de metais pesados, em todos os casos as cascas mostraram-se eficazes. “Os resultados mostram um potencial muito promissor na aplicação das cascas em sistemas reais”, aponta a investigadora.

O trabalho com as cascas de banana envolveu, além de Elaine Fabre, investigadora do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM), CICECO – Instituto de Materiais de Aveiro e LAQV-REQUIMTE, os cientistas Cláudia Lopes, Eduarda Pereira, Carlos Silva, Carlos Vale, Paula Figueira e Bruno Henriques.

Estudo
Com o passar dos anos, a função pulmonar das pessoas diminui de forma natural. No entanto, este decréscimo é mais pronunciado...

Publicada na revista Thorax, a investigação baseia-se em dados de cerca de 3.700 participantes. Essas pessoas foram inseridas no estudo quando tinham entre 2 e 44 anos e, durante o período de 1991-2014, foi-lhes medido o peso em repetidas ocasiões, assim como a função pulmonar mediante provas de espirometria. “Se por um lado existem investigações prévias que vinculam o aumento de peso ao decréscimo da função pulmonar, este é o primeiro estudo que analisa um período de tempo tão longo e uma amostra de população tão variada”, afirma Judith Garcia Aymerich, líder do estudo e chefe do programa de Doenças Não Transmissíveis e Meio Ambiente do ISGblobal. Os estudos anteriores compreendem períodos de acompanhamento curtos – de dez anos, no máximo – e a maioria centra-se em pessoas adultas até cinquenta anos.

De acordo com os resultados, tanto as pessoas com um índice de massa corporal dentro dos níveis recomendados como as que têm excesso de peso ou obesidade sofrem uma aceleração da perda de função pulmonar ao ganhar peso. De maneira inversa, esse decréscimo atenua-se nas pessoas obesas que vão perdendo peso com os anos. Por outro lado, as pessoas que mantêm um peso baixo durante toda a fase adulta mostram uma perda da saúde respiratória muito menos pronunciada.

Existem dois mecanismos que poderiam explicar a associação entre o ganho de peso e a saúde pulmonar. Em primeiro lugar, o aumento de peso pode afetar o funcionamento dos pulmões por razões mecânicas. “É provável que a gordura abdominal e torácica reduza o espaço para a expansão pulmonar durante a respiração”, comenta Gabriela Prado Peralta, primeira autora do estudo e investigadora do ISGlobal. Em segundo lugar, o aumento do peso pode afetar a função pulmonar mediante processos inflamatórios, já que o tecido adiposo – as zonas em que se acumula gordura – produz substâncias inflamatórias que podem danificar o tecido pulmonar e reduzir o diâmetro das vias respiratórias.

Manter uma boa função pulmonar durante a vida adulta é crucial para prevenir doenças respiratórias crónicas, que atualmente representam um grave problema de saúde pública a nível global. “Dados os níveis epidémicos de excesso de peso e obesidade que estamos a alcançar, é fundamental compreender os efeitos que as mudanças de peso têm sobre a função pulmonar, um importante indicador de morbidade e mortalidade da população”, afirma Garcia Aymerich. “A boa notícia”, acrescenta a investigadora, “é que os efeitos negativos do excesso de peso e da obesidade na saúde pulmonar podem reverter-se, bastando perder peso. Por isso, as políticas de saúde pública que promovem estilos de vida saudáveis podem ser uma chave para alcançar uma sociedade com uma boa saúde pulmonar”.

Este estudo, que integra o projeto Ageing Lungs in European Cohorts (ALEC) coordenado pelo Imperial College London, foi financiado pelo programa de investigação e inovação Horizonte 2020 da União Europeia.

Dia Mundial da Obesidade
Os números confirmam a preocupação dos especialistas: segundo um estudo do Instituto Ricardo Jorge divulgado no início deste...

“Sabemos que o Ministério da Saúde fez um esforço para aumentar o número das consultas e cirurgias de obesidade. Apesar de meritório, não é suficiente”, explica Paula Freitas, presidente da SPEO. “É urgente prevenir e estabelecer uma estratégia de combate à obesidade que dê frutos até ao final desta década que agora iniciamos”.

Paula Freitas deixa exemplos concretos: “ainda há muito espaço para se melhorar no acompanhamento destes doentes. É preciso um diagnóstico mais atempado e reencaminhamento dentro do sistema de saúde, apostar na promoção de uma melhor educação para a saúde e promoção correta da perda de peso. Existe também a necessidade de uma reestruturação dos programas de tratamento existentes no nosso país. Há que dotar os profissionais de saúde dos Cuidados de Saúde Primários de conhecimentos sobre o tratamento global da obesidade, mas também de meios físicos e económicos”.

“Nos cuidados hospitalares é preciso aumentar o número de consultas para doentes com obesidade sem critérios para cirurgia de obesidade. E para que estas consultas tenham maior sucesso é necessário comparticipar os fármacos para o tratamento médico da obesidade, já que atualmente existe uma muito baixa acessibilidade, nomeadamente nas populações economicamente mais desfavorecidas, que são aquelas que têm uma maior prevalência de obesidade”, reforça a especialista

A SPEO defende ainda a necessidade de a obesidade passar a ser tratada como a doença que é. Paula Freitas questiona: “se as outras doenças metabólicas, cardiovasculares e até neoplásicas associadas à obesidade são tratadas no sistema nacional de saúde, sendo os fármacos para o seu tratamento comparticipados, porque é que os fármacos para a obesidade não o são? É incompreensível. Estamos a negar o tratamento de uma doença numa fase precoce, mas, posteriormente comparticipa-se o tratamento das múltiplas doenças associadas? Até do ponto de vista meramente económico consideramos que faz sentido apostar no tratamento numa fase inicial quando as complicações ainda não se instalaram”.

“Dado que, em Portugal a prevalência de obesidade na população adulta tem vindo a aumentar e uma vez que o nosso país foi um dos primeiros a reconhecer a obesidade como uma doença, a SPEO gostaria de ver a obesidade a ser tratada como a patologia grave que é”, reforça a presidente da SPEO.

Entre 2020 e 2050 o excesso de peso e as doenças associadas vão reduzir a esperança de vida em cerca de 3 anos na média dos países da OCDE e da União Europeia a 28. Em Portugal, a estimativa aponta para uma redução de 2,2 anos nesse período, segundo o relatório The Heavy Burden of Obesity: The Economics of Prevention, que a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE) divulgou recentemente.

A obesidade tem um enorme impacto na saúde, estando associada a mais de 200 outras doenças, como diabetes, dislipidemia, hipertensão arterial, apneia do sono, síndrome metabólica, doenças cardiovasculares, incontinência urinária, e cerca de 13 tipos de cancros, sendo ainda responsável por alterações musculoesqueléticas, infertilidade, depressão, diminuição da qualidade de vida e mortalidade aumentada, o que faz com que represente também um grande “fardo” do ponto de vista económico, pelos seus custos diretos e indiretos.

Este ano sob mote “As Raízes da Obesidade são Profundas, o Dia Mundial da Obesidade é assinalado no dia 4 de março. Subscrevendo o alerta, a Sociedade Portuguesa Para o Estudo da Obesidade (SPEO) reforça que “em Portugal as raízes da obesidade tendem a aprofundar-se e é urgente cortá-las”.

World Hearing Day
Estima-se que cerca de 466 milhões de pessoas em todo o mundo vivem com uma incapacidade auditiva qu

A perda auditiva não identificada e não mitigada constitui uma barreira ao desenvolvimento cognitivo e de estratégias de comunicação das crianças.

Por este motivo, em 2017, a Assembleia Geral da Organização Mundial de Saúde aprovou a resolução WHA70.13, cujos principais objetivos visam instar os países membros da OMS a integrarem estratégias de cuidados da audição e dos ouvidos na estrutura dos seus cuidados de saúde e desenvolverem ações que permitam a acessibilidade universal a cuidados médicos nesta área a todos os que deles necessitam.

Neste contexto, foram definidos os seguintes objetivos:

  • aumentar a preocupação em relação aos cuidados de saúde relacionados com os ouvidos e a audição;
  • prevenir as causas evitáveis de perda auditiva;
  • assegurar que os cuidados auditivos são acessíveis a todos.

No passado mês de Dezembro, entre os dias 4 e 5, realizou-se o Primeiro Fórum Mundial sobre a Audição, que contou com a participação de organizações governamentais, não-governamentais, centros colaborativos da OMS, sociedades profissionais e parceiros da indústria.

O GRISI (Grupo de Rastreio e Intervenção da Surdez Infantil) foi a única organização a representar Portugal neste Fórum. A atual Presidente e membro fundador desta organização profissional (não governamental), a especialista em Otorrinolaringologia Luísa Monteiro, e o ex-presidente Vítor Correia da Silva estiveram presentes, integrando grupos de trabalho que, entre outros objetivos, visam aumentar a literacia da comunidade acerca das questões relacionadas com a audição e derrubar as barreiras que impedem o acesso a cuidados auditivos a quem deles necessita.

A mensagem final deste encontro é atingir um mundo em que ninguém sofra uma perda auditiva que pudesse ser evitável e em que todos os sofrem de perda auditiva possam desenvolver todo o seu potencial através de reabilitação, educação e capacitação.

World Hearing Day

A comemoração do Dia Mundial da Audição, que se assinala hoje, pretende atrair visibilidade para esta causa, a nível das populações, dos organismos e dos profissionais de saúde.

É um momento chave para promover a implementação da resolução WHA70.13 e também permitir, a todos os que são atingidos por problemas auditivos, a partilha das suas dificuldades e das suas vitórias, visando a total integração na comunidade. Para tal, vão ser desenvolvidas iniciativas envolvendo os órgãos de comunicação social e também localmente, em hospitais envolvendo profissionais, cidadãos com dificuldades auditivas e suas famílias. Todas as iniciativas serão reportadas à OMS.

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Opinião
No início de Fevereiro de 2020 o Grupo de Estudo dos Coronavírus, do Comité Internacional de Taxinom
Duas mulheres asiáticas com máscara cirúrgica na rua

A Covid-19 rapidamente se disseminou por toda a China e, mais lentamente nos primeiros dois meses e meio, para 58 países nos cinco principais continentes. A transmissão faz-se por contágio interpessoal. Desde 28 de Fevereiro a OMS considera o risco de disseminação da doença a nível global como muito alto e o número de novos casos por dia é agora muito maior fora da China do que na China. A saída da China processou-se de uma forma lenta devido às importantes medidas de contenção do surto que foram implementadas e deu tempo para que se conhecessem melhor as características da doença (sintomas e sinais que os doentes apresentam; alterações nos exames clínicos efectuados), a sua gravidade, a mortalidade que causa e a forma com se processa o contágio. Não houve ainda tempo para descobrir um medicamento eficaz para tratar a infecção nem para termos uma vacina disponível. Mas o conhecimento que adquirimos de algumas características da doença é muito importante para que saibamos como devemos proceder agora que a Covid-19 está a chegar.

Em ambiente familiar ou social o SARS-CoV-2 transmite-se com alguma facilidade de pessoa a pessoa de duas formas, através de gotículas e aerossóis emitidos com a tosse, com espirros ou durante uma conversa a uma distância inferior a aproximadamente 1 metro, ou através de contacto como um aperto de mão, um beijo ou um abraço. As mãos, que levamos frequentemente à boca e ao nariz de forma automática, são talvez o principal veículo de transmissão do vírus. Objectos e superfícies, em contacto com as mãos, podem também funcionar como meios de transmissão. O risco de um doente contribuir para a disseminação da doença no seu meio depende do número, da idade e do estado de saúde das pessoas com quem contacte de forma próxima. A probabilidade de contactarmos com uma pessoa infectada, ainda sem diagnóstico, numa viagem de avião, de barco ou de comboio, num hotel, numa instância de neve, numa feira, na bancada dum jogo de futebol, na escola ou no local de trabalho, numa reunião, no café ou no cinema vai ser cada vez maior a partir de agora. Mas o principal local de contágio é o hospital, exactamente onde estão as pessoas mais vulneráveis e com maior risco de desenvolverem doença grave e morrerem. Têm sido identificados indivíduos que são portadores do vírus e não desenvolvem doença (sem sintomas e sem alterações nos exames efectuados), indivíduos que se mantêm portadores do vírus depois de serem considerados curados e já estão descritos alguns casos de contágio a partir de portadores assintomáticos. Pode haver contágio a partir dum transmissor de doença que não é fácil de detectar. O diagnóstico pode ser difícil porque os sintomas se confundem com os de outras doenças e, num estudo publicado nos últimos dias, 11,3% dos doentes internados nos hospitais chineses por Covid-19 antes de 20 de Janeiro não desenvolveram febre. Se se fizer o rastreio da doença com base apenas na avaliação da temperatura corporal uma percentagem considerável de casos passa despercebida.

É possível evitar que o SARS-CoV-2 entre em Portugal e se dissemine na população? A resposta é não. Muito provavelmente já chegou. Então o que podemos fazer para minimizar as consequências disso? Vamos ter de alterar os nossos hábitos. Vamos ter de deixar de viajar ou viajar menos. Vamos ter de deixar de ir ao futebol. Provavelmente vamos ter de deixar de ir à escola e de trabalhar. Vamos ter de ficar mais tempo em casa. Vamos ter de alterar os nossos hábitos de saudação. Mas acima de tudo não devemos ir a correr para o hospital ao mínimo sintoma de doença porque, se de facto estivermos infectados, vamos colocar muita gente em risco de doença grave e de morte. E eu não posso morrer se não for ao hospital? O risco não parece ser muito alto. No estudo acima referido, que analisou os registos clínicos de 1099 doentes internados até 20 de Janeiro de 2020 em 522 hospitais de 30 províncias e regiões autónomas da China, foram classificados como não graves na data em que recorrem ao hospital 84,3% dos doentes e a percentagem de doentes que morreram, até à data em que terminou o estudo, foi de 1,4%. Nas estatísticas oficiais da China a taxa de mortalidade é de 3,2%. Os doentes graves eram em média sete anos mais velhos que os não graves, tinham mais doenças crónicas (38,7% contra 21%) e morreram mais (8,1% contra 0,1%); Morreu 1 em cada 1.000 doentes não graves. É ainda possível que pessoas infectadas com poucos ou nenhuns sintomas não tenham recorrido ao hospital e essas não entraram nos cálculos.

Quem tiver sintomas suspeitos (febre, tosse, dores musculares, dificuldade a respirar) deve contactar o SNS24 pelo número 808242424 e seguir as instruções recebidas. Apenas a pessoa suspeita de estar doente ou com diagnóstico confirmado de Covid-19 deve colocar uma máscara cirúrgica. Além disso deve colocar o antebraço ou um lenço de papel à frente da boca e do nariz quando tosse ou espirra, deitar o lenço de papel no lixo, lavar ou desinfectar as mãos com frequência limitar os seus movimentos em casa e fora de casa ao estritamente necessário. Em casa deve contactar com o menor número de pessoas possível e deve haver cuidado especial com a limpeza do ambiente que frequenta.

O local de tratamento depende, em primeiro lugar, da avaliação médica e tem em conta a gravidade e a estabilidade da doença. O doente que, de acordo com a avaliação médica e social, não é grave, não agrava ao longo do tempo, tem apoio e condições adequadas de cuidados gerais e conforto, deve manter-se em casa e cumprir as medidas de isolamento recomendadas pela DGS e pela OMS. Os doentes graves ou com instabilidade clínica necessitam de internamento hospitalar.

Uma população com melhor conhecimento sobre o vírus e sobre a doença compreende e aplica melhor as medidas recomendadas para diminuir a progressão da Covid-19. O desenvolvimento de imunidade nos infectados que curam, a chegada duma vacina já em investigação e a possível descoberta de medicamentos para o seu tratamento irão conter a doença ou diminuir significativamente a sua progressão.

Não conseguimos prever exactamente o que vai acontecer a seguir, como vai evoluir, quanto tempo vai durar, como vai acabar a crise sanitária que vivemos e quais as repercussões que terá a todos os níveis, mas podemos minimizar o seu impacto negativo se formos solidários, se agirmos com serenidade e bom senso e se tomarmos em cada momento as medidas mais adequadas. A DGS em Portugal, a ECDC na Europa e a OMS a nível global acompanham continuamente a situação e fornecem recomendações actualizadas. Estejamos atentos e sigamos essas recomendações.

*este artigo não foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico, por opção do autor

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Fonte: 
Nota: 
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Estudo
Investigadores do Instituto Português de Oncologia (IPO) de Lisboa Francisco Gentil identificaram novas alterações genéticas em...

Estes dados, que poderão vir a ter implicações na prevenção, diagnóstico genético, vigilância e tratamento do cancro hereditário, resultam do trabalho desenvolvido pelo projeto «Risco de Cancro Familiar e Individual – Identificação de Novos Genes» entre 2013 e 2019.

Os resultados deste projeto serão apresentados dia 6 de março, a partir das 9 horas, no anfiteatro do IPO, numa conferência destinada a investigadores, médicos e outros profissionais ligados à área da oncologia.

“A identificação de novas alterações genéticas envolvidas na predisposição para o cancro em famílias com elevada prevalência de tumores e a caracterização das alterações moleculares dos tumores têm uma crescente utilidade na clínica”, diz Branca Limón Cavaco, coordenadora da Unidade de Investigação e Patobiologia Molecular (UIPM) IPO Lisboa.

“Neste estudo de suscetibilidade familiar e individual procuramos identificar novos genes e mutações responsáveis por formas de cancro com evidente agregação familiar, mas sem alteração genética subjacente reconhecida. No grupo de tumores estudados – cólon e reto, tiróide, próstata, ovário, melanoma e tumores hematológicos – caracterizámos aspetos clínicos, moleculares e celulares subjacentes à doença oncológica que representam um avanço no conhecimento da patobiologia e que poderão vir a ter impacto no diagnóstico genético e nos protocolos de vigilância clínica e de prevenção do cancro nas famílias, mas também na decisão terapêutica”, acrescenta a investigadora e líder do projeto.

A UIPM tem uma equipa de cerca de 30 investigadores (biólogos, bioquímicos, médicos e outros técnicos de saúde) que se dedicam à investigação básica e de translação em oncobiologia, diagnóstico molecular de cancro hereditário e caracterização de marcadores tumorais e que trabalham em estreita articulação com a clínica.

 

Reunião
O Núcleo de Estudos de Doenças Autoimunes (NEDAI) da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI) vai realizar a sua XXVI...

De acordo com António Marinho, internista e coordenador do NEDAI, “a XXVI reunião anual é um espaço de discussão muito importante para a autoimunologia. Temos como principal tema deste ano as interações em autoimunidade. Iremos debater diversas ideias de forma a que seja possível atualizar práticas clínicas e procurar novas soluções clínicas para o futuro”.

“Durante os quatro dias, o foco vai estar essencialmente na aprendizagem, a começar logo no primeiro dia. Irão ser realizados quatro cursos que estão na génese da autoimunologia”.

E acrescenta ainda que “procuramos sempre estar na vanguarda da ciência e por isso mesmo, esta XXVI reunião anual do NEDAI vai entregar várias bolsas de estudo e prémios aos melhores estudos clínicos e trabalhos de investigação, com o objetivo de promover um maior conhecimento na área”.

As inscrições estão abertas e podem ser efetuadas em: https://www.spmi.pt/xxvi-reuniao-anual-do-nedai/

 

Informação atualizada
A Direção-Geral da Saúde (DGS) lançou, no final da semana passada, um microsite sobre o novo coronavírus (Covid-19), onde os...

No microsite, pode encontrar  resposta às perguntas «Covid-19, o que é?», «Estarei doente?», «Posso Viajar?».

A ferramenta disponibiliza também uma área intitulada «Perguntas frequentes», onde são dadas respostas às várias dúvidas levantadas como «o 2019-ncov é o mesmo que o SARS?», «Como se transmite?», «Quais os sinais e sintomas?» e «Qual o período de incubação?»

«Existe uma vacina?», «Existe tratamento?», «Os antibióticos são efetivos a prevenir e a tratar o novo coronavírus?», «Como me posso proteger?», «Como viajante, o que devo fazer?» são outras dúvidas esclarecidas pela DGS.

O microsite tem ainda uma área com informação destinada aos profissionais de saúde com as orientações e os despachos sobre a infeção por SARS-CoV-2, doença denominada Covid-19.

Através desta plataforma pode aceder a informação atualizada das áreas do mundo afetadas pela doença e da situação em Portugal, bem como os materiais de divulgação sobre a doença colocados em locais como unidades de saúde, portos e aeroportos.

Para saber mais consulte a página: https://www.dgs.pt/corona-virus.aspx.

 

 

Balanço
Segundo a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT), os centros de Saúde desta região contavam, no...

Desde 2014, altura em que a redução de recursos humanos atingiu os níveis mais baixos da década (com 7.486 efetivos), a ARSLVT conseguiu cativar mais 1.249 profissionais, o que se traduz num aumento de mais de 16,5%.

Para Luís Pisco, Presidente da ARSLVT, “atrair mais de 1.200 profissionais do que tínhamos em 2014 não é comum para a esmagadora maioria dos empregadores e por isso estamos orgulhosos”.

De acordo com o dirigente, “a atual realidade em matéria de recursos humanos é ilustrativa da aposta da região na formação e contratação de profissionais – procurando adequar a resposta das unidades de saúde à exigência das necessidades dos utentes”. Luís Pisco reforça ainda que, “a ARSLVT está empenhada em criar boas condições de trabalho – nomeadamente ao nível de instalações funcionais – para que as novas gerações de profissionais se sintam estimadas e motivadas”.

Tendo em conta os dados apurados no final de fevereiro deste ano, o saldo entre contratações, saídas e aposentações nos últimos 5 anos é muito positivo: o número total de profissionais é de 8.735, dos quais 2.108 são médicos, 2.678 são enfermeiros, 1.942 são assistentes técnicos e 2.007 são efetivos dos restantes grupos profissionais (Técnicos Superiores de Saúde, Técnicos Superiores de Diagnóstico e Terapêutica, entre outros).

Se compararmos os recursos humanos existentes em 2014 com a previsão para o primeiro trimestre de 2020 – altura em que se prevê a conclusão de alguns concursos – estima-se que o número de efetivos nos cuidados de saúde primários de Lisboa e Vale do Tejo possa totalizar os 8.801 profissionais, ou seja, mais 1.315 pessoas relativamente a 2014 (+ 17,5%).

Os 8.735 profissionais dos cuidados de saúde primários integram-se no total de 9.367 efetivos da ARSLVT que prestam apoio às diversas áreas de cuidados de saúde da região, incluindo as equipas operacionais de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências.

 

 

Iniciativa da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia
A COESO, a maior rede nacional de médicos oftalmologistas, já tem uma aplicação, que ajuda os portugueses a conseguir a sua...

Disponível para Android e iOS, a ‘app’, gratuita, promove a consulta de proximidade, tornando possível encontrar um médico especialista na localidade ou concelho em que este se encontra, informando sobre horários, preços, convenções etc. O utente encontra o perfil de vários médicos e os consultórios mais próximos e, depois de feita a escolha, pode fazer de imediato o pedido de marcação da consulta.

A ‘app’ disponibiliza ainda artigos sobre a saúde visual, indo ao encontro daquela que é também a missão da SPO, promover um maior esclarecimento da população no que respeita a problemas oculares. “Um outro objetivo da COESO é indicar que quem trata da visão são os médicos oftalmologistas e não os técnicos de optometria autointitulados especialistas da visão”, explica Fernando Falcão Reis, presidente da SPO. “É por isso que, através da plataforma digital, se disponibiliza um diretório de médicos oftalmologistas. Os utilizadores da COESO podem ter a certeza que vão ser atendidos por um médico especialista”, acrescenta.

Ainda a dar os primeiros passos, a COESO pretende contribuir para dar resposta ao problema da falta de acessibilidade a consultas de oftalmologia dentro e fora do universo do Serviço Nacional de Saúde.  Através da ligação em rede dos consultórios existentes e incentivando a abertura de novos consultórios por parte dos médicos mais jovens em localidades mais remotas a COESO marcará presença em todo o território nacional. Os grandes grupos hospitalares não estão interessados em investir em meios pequenos e o Ministério da Saúde não tem recursos humanos ou financeiros para o fazer, mas a COESO pode intervir positivamente. Sem abdicar de critérios de razoabilidade económica, será possível melhorar significativamente a acessibilidade das populações, nomeadamente as que vivem em locais mais afastados dos grandes centros urbanos”, esclarece o presidente da SPO.

 

 

Técnica segura e eficaz
Considerada uma abordagem terapêutica segura e eficaz, a Hipnoterapia Clínica tem vindo a ser, cada
Relógio a balançar utilizado em hipnose

“A Hipnoterapia não apresenta qualquer risco. Existem conceitos errados relativamente à hipnose que importa esclarecer”, começa por expôr a hipnoterapeuta Maria João Dias explicando que esta é uma abordagem terapêutica segura e eficaz.

“A Hipnoterapia Clínica utiliza a hipnose como forma de regredir até à fonte ou origem do comportamento que o paciente deseja alterar, ou seja, ter acesso a memórias que todos guardamos no subconsciente e que determinam os nossos comportamentos atuais”, explica.

Estando indicada para diferentes casos, desde ansiedade, fobias, depressão, controlo de peso, até problemas físicos como alergias, asma, doenças oncológicas ou autoimunes, esta terapia “pode alterar comportamentos e eliminar ou melhorar sintomas que afetam a qualidade de vida dos pacientes, tanto emocionais como físicos”.

Mas como funciona?

“Tomemos como exemplo alguém que sofre de medo de alturas. O hipnoterapeuta pede ao paciente para fechar os olhos e relaxar, e depois recuar no tempo até à fonte ou origem desse medo”, exemplifica a terapeuta adiantando que, desta forma, é possível que o paciente se recorde de um momento que teve na infância – no caso uma queda – que aos olhos de um adulto pode não parecer muito grave, mas que ficou registada como um momento traumático.

“O terapeuta pede então ao paciente para dar conforto àquela criança, para que ela possa libertar as emoções que ficaram associadas aquele evento”, acrescenta explicando que, uns dias mais tarde, pede que o paciente se confronte com o objeto do seu medo.

“De uma maneira geral o medo terá desaparecido ou reduzido muito significativamente. Caso subsista algum medo, faz-se nova sessão até que os sintomas desapareçam na totalidade”, afirma.

De acordo com Maria João Dias, esta mesma abordagem é utilizada para tratar outros problemas de saúde.

No caso do controlo do peso, no entanto, a hipnose é utilizada em duas etapas. “Em primeiro lugar, identifica-se o motivo que leva o paciente a tentar compensar-se emocionalmente com a comida e altera-se o comportamento regredindo até à sua origem. Em seguida, sugestiona-se ao paciente um comportamento alternativo, saudável, e de acordo com os seus objetivos”, explica.

Para comprovar a sua eficácia nesta área, a hipnoterapeuta refere um estudo conduzido, em 1986, pelos investigadores Gordon Cochrane e John Friesen, publicado na prestigiada revista “Journal of Consulting and Clinical Psychology”, que apresentou resultados bastante positivos.

“O estudo incidiu sobre 60 mulheres, de 20 a 65 anos, que tinham pelo menos 10 quilos a mais. O grupo submetido a hipnoterapia perdeu, em média, 8,5 quilos contra 250 gramas das mulheres do grupo de controlo sem ser submetido a hipnoterapia. Mais relevante ainda é que, no controlo realizado passados seis meses, as mulheres que foram submetidas a hipnoterapia não voltaram a engordar”, revela.

Quanto às doenças autoimunes, Maria João Dias explica que os sintomas tendem a melhorar a par do estado emocional do paciente. “Ao restabelecer o equilíbrio emocional o sistema imunitário também melhora, diminuindo ou eliminando os sintomas em questão”, revela.

Deste modo, a especialista garante que esta abordagem terapêutica apresenta  resultados positivos em todos os casos, no entanto, alguns requerem maior número de sessões.

“Há áreas com resultados mais rápidos como por exemplo a depressão, os ataques de pânico, as fobias, as alergias e outras que, pelas suas características, necessitam de um acompanhamento mais prolongado, como é o caso, por exemplo, de pessoas com um elevado nível de ansiedade ou comportamentos obsessivos”, justitfica.

No entanto, “em termos gerais, espera-se que no final da quarta sessão haja resultados significativos na diminuição dos sintomas que levaram o paciente à consulta”.   

Por outro lado, garante que há cura. “As memórias que foram tratadas estão definitivamente tratadas. Não há nenhum tipo de dependência e trabalha-se para uma rápida melhoria do paciente”, afiança a terapeuta que adverte, no entanto, “que apenas um hipnoterapeuta deviamente credenciado e certificado pode conduzir uma sessão de hipnoterapia clínica”.

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Conheça algumas
A Gastrenterologia é uma especialidade médica que se dedica ao estudo do aparelho digestivo, o que e
Corpo humano com sistema digestivo em destaque

Entre estas contamos:

Doenças do esófago como a acalásia ou a esofagite eosinofílica:

Em ambas as doenças as queixas passam por dificuldade na deglutição o que pode levar a perda de peso e desnutrição.

A esofagite eosinofílica é uma alergia do esófago a alguns alimentos pelo que também é conhecida como “asma do esófago” e é diagnosticada por biopsias que se fazem durante a endoscopia digestiva. Existem medicamentos que reduzem a sensibilidade e melhoram os sintomas desta doença crónica.

A acalásia consiste na dificuldade do esfincter esofágico inferior (o músculo do esófago que contribui para evitar o refluxo gastro-esofágico) em relaxar quando se deglute e é diagnosticada com um exame: a manometria. O tratamento baseia-se em reduzir a força desse esfincter através de uma dilatação com um balão ou de um corte no músculo (miotomia) que pode ser realizado pelo gastrenterologista ou pelo cirurgião (via endoscópica ou cirúrgica). Em casos selecionados pode-se fazer injeção de toxina botulínica (botox).

Doenças gástricas como a doença de Menétrier ou o Síndrome de Zollinger Ellison:

A doença de Menétrier é caracterizada por um crescimento anormal das pregas gástricas sendo também conhecida como gastrite hipertrófica. Manifesta-se por dor, vómitos e perda de proteínas o que leva ao desenvolvimento de edema. Existe tratamento médico mas pode ser necessário uma cirurgia para remover o estômago.

O Síndrome de Zollinger Ellison consiste numa produção exagerada de ácido pelo estômago o que causa úlceras gástricas e duodenais de repetição, sendo o controlo médico possível mas desafiante.

Doenças intestinais como o Síndrome do Intestino Curto que ocorre após cirurgias em que se remove parte(s) do intestino delgado de tal forma que absorção de nutrientes fica comprometida. Angiectasias do Intestino de delgado que podem ser uma causa de anemia e são identificadas com videocápsula que é ingerida pelo doente e filma o interior do intestino

Doenças do pancrêas como a pancreatite auto-imune e os tumores neuroendócrinos:

A pancreatite auto-imune é uma doença recente que tem vindo a ser diagnosticada com cada vez mais frequência. Trata-se de um ataque do sistema imune ao próprio pâncreas habitualmente com envolvimento da imunoglobulina IgG4. O tratamento é médico.

O pâncreas para além de ser um orgão alvo de um dos cancros mais letais atualmente, o adenocarcinoma pancreático, é também alvo dos chamados tumores neuroendócrinos. Estas neoplasias englobam um grupo de tumores com prognóstico variável e que partilham uma particularidade – a produção de hormonas.

Doenças hepáticas como o Síndrome de Alagille, Doença de Wilson, Hemocromatose, porfirias ou entidades mais frequentes como a hepatite auto-imune ou a colangite biliar primária. Para além destas, vale também a pena referir as hepatites virais, nomeadamente a hepatite D que é uma infeção crónica que afeta algumas pessoas com infeção pelo virus da hepatite B.

Existem ainda outras doenças, como a doença de Behçet, sarcoidose, amiloidose ou a imunodeficiência comum variável, que afetam vários órgãos e entre eles contam-se também alguns do sistema digestivo.

São estas algumas das doenças do foro gastrenterológico que pela sua incidência são consideradas como raras ou incomuns, mas não deixam por isso de ser uma preocupação para todos nós que lidamos com pessoas que delas sofrem.

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A importância da Saúde Digestiva

Uso de probióticos em Gastrenterologia

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Opinião
Nos últimos anos, graças à tenacidade de muitas famílias e de uma luta, por vezes, sem tréguas, tem-

Do impacto do diagnóstico, independentemente do seu tipo e da idade em que ele ocorre, nasce a necessidade obrigatória de aprender a suportar as consequências para as quais ninguém está preparado. Diria, até, que ninguém está preparado para ensinar como se faz.

Às famílias, ainda que aleatoriamente, está destinado um percurso apenas reservado aos combatentes. Aos resistentes. Aos resilientes. Aos verdadeiros lutadores. A todos eles, e pelo impacto de alguns casos, tem sido dado algum destaque pela generalidade dos órgãos de comunicação social, sobretudo quando a situação é muito chocante para a opinião pública. Nos vários cantos de Portugal, de norte a sul, mesmo nos mais recônditos, são descobertas histórias de vida merecedoras de algum relevo pela sua crueldade e, muitas vezes, por todas as interrogações que levantam. Confinadas a condicionalismos impostos por restrições orçamentais, muitas famílias lutam pelos Meios Complementares de Diagnóstico e Terapêutica a que, legalmente, têm direito, mas que, por ineficácia de alguns decisores, não são aplicados nem em tempo, nem na quantidade e qualidade desejáveis.

Pela luta que tenho desenvolvido nos últimos anos, em torno da causa das doenças raras e de todos os problemas que vão sendo denunciados, de vidas suspensas e sem o mínimo de qualidade expectável, de sonhos destruídos pela inércia dos serviços de saúde, dos quais se exige uma ação corajosa, sinto que, afinal, os raros são cada vez mais frequentes. Quase 800 mil em Portugal.

Apesar dos muitos alertas e das chamadas de atenção para aquilo que, muitos especialistas preveem como um problema de saúde pública para os próximos anos, não se vislumbram decisões, ou soluções, que nos permitam pensar a curto prazo, como seria exigível, em prevenção, em diagnóstico precoce, em Centros de Referência para as doenças mais estudadas e com mais promessas de medicamentos órfãos, como é o caso das doenças neuromusculares, tão expostas nos últimos meses. Sendo, este, o maior grupo de doenças raras do mundo, dividido em três categorias principais, as miopatias, as neuropatias e as doenças do neurónio motor, há muito que se identificaram as melhores práticas e as recomendações que devem ser dadas a todas as famílias onde se identifique um caso novo.

Uma das exigências mais relevante, porque determinante na ação imediata, é a caracterização da população de qualquer país. Enquanto, em muitos países da Europa, e do mundo, se estão a dinamizar grupos de trabalho, com o necessário envolvimento médico, e a criar as ferramentas necessárias para juntar o maior número possível de dados relativos ao número de doentes, divididos pelas várias patologias e pelas suas variantes, sem violar a legislação na sua proteção e no seu tratamento, em Portugal não se vislumbra uma proposta nem uma alternativa para melhorar o atual estado de coisas. As associações de doentes, ainda que muito empenhadas em colaborar nos processos desenvolvidos ou a desenvolver, não serão, nunca, capazes de garantir os resultados desejáveis.

A emissão do cartão de “Doente Raro” revelou-se muito pouco eficaz e ainda menos representativo. Estão emitidos, até agora, cerca de cinco mil, o que representa menos de 0,65% do número de casos expectáveis para o nosso país. Exige-se, por isso, um maior envolvimento de todas as entidades ligadas ao SNS, por onde passam quase todos os diagnósticos e todo o acompanhamento posterior.

Do trabalho desenvolvido para os doentes raros, dependerá, em muito, o sucesso de um Serviço Nacional de Saúde, universal e para todos.

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APIC lança campanha
“Atualmente, o enfarte mata mais mulheres do que homens, em Portugal. Fatores como hipertensão, dislipidemia, diabetes,...

De acordo com o especialista, a número de casos de enfarte do miocárdio tem vindo a aumentar, nas últimas décadas, “nomeadamente em mulheres jovens, sobretudo devido ao estilo de vida contemporâneo e a uma maior aposta nas carreiras profissionais por parte da população feminina, que gera situações de stresse, ansiedade e depressão”.

Por este motivo, a Associação Portuguesa de Intervenção Cardiovascular (APIC) está a promover uma campanha nacional de consciencialização para o enfarte agudo do miocárdio, uma doença que mata quase duas mil mulheres por ano. A campanha “Cada Segundo Conta” vai ser divulgada, em formato vídeo, no âmbito do Dia Internacional da Mulher, que se assinala a 8 de março.

O vídeo da campanha vai ser divulgado nos canais de comunicação internos e externos e nas redes sociais dos municípios, nomeadamente de Figueira da Foz, Câmara de Lobos, Guarda, Serpa, Mangualde, Barreiro, Miranda do Douro, Porto, Angra do Heroísmo, Mourão, Moita, Marco de Canaveses, Olhão, Rio Maior e Vila Nova da Barquinha.

“De acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística, em 2017, morreram 1917 mulheres com enfarte agudo do miocárdio. A obstrução das artérias do coração por placas arterioscleróticas pode manifestar-se de várias formas, que vão desde dor no peito em esforço, a enfarte agudo do miocárdio e, até mesmo, a morte súbita”, explica o cardiologista de intervenção.

E desenvolve: “Historicamente, em todo o mundo, o enfarte agudo do miocárdio tem sido considerado uma doença do homem e, durante muitos anos, as mulheres foram subdiagnosticadas, levando a um tratamento tardio desta situação clínica. Nos últimos anos, têm sido feitos esforços no sentido de haver uma maior consciencialização, para reconhecer e tratar o enfarte e a doença arterial coronária na população feminina.”

João Brum Silveira lembra da importância de controlar os fatores de risco e de adotar um estilo de vida saudável, reduzindo assim em 80% a incidência da doença em mulheres.

Cuidados domiciliários
No âmbito de um protocolo entre a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT) e a Câmara Municipal de...

O Presidente da ARSLVT, Luís Pisco, realçou que "é cada vez mais importante privilegiar a resposta domiciliária em detrimento da institucionalização", considerando que é "importante cuidar das pessoas em casa e, por isso, faz sentido serem os técnicos de saúde (médicos, enfermeiros e fisioterapeutas) a deslocarem-se a casa dos pacientes".

Desenvolver estratégias inovadoras de coprodução de cuidados e de capacitação do doente dependente e dos seus cuidadores informais são, para Luís Pisco, os grandes objetivos desta cooperação com a CML.

O vereador da CML, Manuel Grilo, referiu que a entrega desta viatura vai permitir aumentar a capacidade de prestação de cuidados às pessoas em situação de dependência, aos cuidadores e às respetivas famílias que, pela sua situação de saúde ou por problemas mistos de saúde e sociais, requerem cuidados no domicílio, de carácter temporário ou permanente e que reúnam condições que lhes permitam permanecer no domicílio.

O Diretor Executivo do ACES Lisboa Central, Guilherme Frazão, recordou que "a viatura agora entregue vai permitir cobrir as freguesias da Misericórdia e Arroios e fornecer cuidados a uma tipologia de doentes com determinadas patologias e que se enquadram no tipo de assistência fornecida pelas equipas de saúde deste serviço, nomeadamente a pessoas acamadas".

 

Ensino Superior
Bastonária pretende conhecer a oferta formativa e o olhar dos futuros nutricionistas, bem como os desafios e dificuldades das...

A Bastonária da Ordem dos Nutricionistas, Alexandra Bento, inicia um périplo pelas instituições que ministram licenciaturas conducentes à profissão de nutricionista, com o propósito de conhecer a oferta formativa, a sua evolução ao longo do tempo e a sua visão para o futuro, bem como os desafios e dificuldades das instituições. As perspetivas dos alunos sobre a formação académica para o futuro desempenho profissional será também alvo de debate.
 
O Ciclo de Visitas tem início na próxima segunda-feira, dia 02 de março, na Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto, pelas 10h00.
 
Com este périplo, Alexandra Bento pretende conhecer iniciativas inovadoras no contexto do ensino superior, o ambiente em que se inserem os alunos e saber quais são os desafios e as oportunidades dos estabelecimentos que formam, hoje, os nutricionistas de amanhã.
 
“Todos os anos cerca de 350 licenciados pretendem aceder à profissão de nutricionista, e é para eles que os nossos olhares estarão voltados, para os seus anseios e para as suas perspetivas”, afirma Alexandra Bento.
 
Durante as visitas, Alexandra Bento vai reunir com as Direções dos Estabelecimentos de Ensino Superior que ministram as licenciaturas conducentes à profissão de nutricionista e com o corpo docente, bem como com as Associações de Estudantes e terá ainda a oportunidade de visitar as instalações.

A Ordem vai visitar as instituições académicas que formam nutricionistas, de Norte a Sul do país. O périplo faz parte da iniciativa “Ciclo de Visitas da Bastonária da Ordem dos Nutricionistas” que iniciou em abril de 2018 e, durante esse mesmo ano, passou por mais de 40 instituições.

 

Bolsa de Investigação SPMI
A Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI), com o objetivo de estimular a investigação nesta especialidade, acaba de...

Este financiamento visa apoiar Internistas ou Internos de Medicina Interna que pretendam desenvolver trabalhos integrados em equipas de investigação. Os trabalhos de investigação poderão ser desenvolvidos em qualquer ambiente, designadamente em colaboração com empresas, universidades ou institutos. O programa de trabalhos deverá decorrer integralmente ou de forma parcial numa instituição nacional.

Podem candidatar-se Especialistas ou Internos de Medicina Interna, residentes em Portugal, inscritos como sócios efetivos da SPMI.

A investigação clínica na promoção do conhecimento e da inovação nas ciências médicas e o desenvolvimento de projetos que tenham como objetivo estimular a investigação no âmbito da medicina interna são essenciais para o desenvolvimento da especialidade.

Mais Informações em https://www.spmi.pt/bolsa-de-investigacao-spmi-2020/

 

16º Congresso Português de Diabetes
A Sociedade Portuguesa de Diabetologia (SPD) vai realizar o 16º Congresso Português de Diabetes de 6 e 8 de março, no Centro...

Durante três dias vão ser realizados vários simpósios e conferências sobre a diabetes, doença que impacta cerca de 10% da população portuguesa entre os 25 e os 74 anos, durantes os quais será possível explorar as diversas abordagens à doença: cuidados de saúde primários, prevenção, avanços terapêuticos e as comorbilidades que impactam várias especialidades médicas.

“A diabetes é a mais comum das doenças não transmissíveis com elevada prevalência e incidência. Temos assim o dever de olhar para os números e tentar apostar numa abordagem à patologia em diferentes frentes. Na tradição dos Congressos anteriores, aguarda-se a participação ativa dum largo número de médicos de várias especialidades (médicos de família, internistas e endocrinologistas, mas também, cardiologistas, nefrologistas, oftalmologistas, pediatras, obstetras, cirurgiões, entre outros) e ainda de um elevado número de enfermeiros, nutricionistas, psicólogos, podologistas, cientistas/investigadores, o que demonstra a multiplicidade de especialidades envolvidas no tratamento desta patologia” afirma Rui Duarte, presidente do Congresso e presidente da SPD.

O 16º Congresso Português de Diabetes apresenta um programa diversificado e conta com uma participação ativa de um elevado número de médicos especialistas em várias áreas, com 13 palestrantes internacionais.  Este ano, e em destaque, serão apresentadas as novas guidelines de prevenção e tratamento do pé diabético, as primeiras Diretrizes conjuntas luso-brasileiras para o tratamento da Diabetes tipo 2 e serão discutidas  as novas recomendações da European Society of Cardiology (ESC) para as doenças cardiovasculares e diabetes.

Com uma abrangência multidisciplinar, as diferentes sessões deste Congresso vão também abordar o tratamento e o impacto no doente renal,  a realidade da diabetes durante a gravidez,  a realidade da pré-diabetes os desafios na área da enfermagem, nos cuidados de saúde primários, na pediatria, a retinopatia e, ainda a genética da diabetes, biomarcadores e terapêutica. O congresso irá encerrar com a distribuição das bolsas SPD e dos prémios atribuídos aos trabalhos apresentados.

O presidente do Congresso lembra ainda que “A diabetes afeta mais de um milhão de portugueses: não podemos ignorar esta doença nem as suas complicações. Só a nível nacional, 20 a 25% das admissões hospitalares de pessoas com diabetes acontecem devido ao pé e 30% dos internamentos por acidente vascular cerebral (AVC) são em pessoas com diabetes.”

 

Opinião
A situação de doença é sempre um momento de particular vulnerabilidade e fragilidade humana não só p
Mulher de costas sentada em sofá

Seguindo esta linha de orientação, a prática médica atual não se compadece com uma atuação médica isolada e uma das pedras de toque da praxis contemporânea é precisamente a integração da discussão do caso individual numa equipa multidisciplinar em que o médico é um dos interlocutores, longe de ser o único. Noutro nível de atuação, os sistemas de saúde, como entidades coletivas que se colocam acima do plano individual, serão responsáveis pela elaboração de políticas e formas de organização para que este encontro sublime disponha das melhores condições para ter lugar. A complexidade destas questões torna-se particularmente difícil quando o caso que temos pela frente é a Pessoa com doença rara. Ser portador de uma doença rara significa frequentemente o confronto com um vasto conjunto de duras realidades, onde se destacam as dificuldades em obter um diagnóstico, em aceder a tratamentos específicos e receber cuidados de saúde coordenados, mas também numa perspetiva mais abrangente, em dificuldades a nível de emprego, educação, vida social e saúde mental, dificuldades essas que frequentemente se estendem aos cuidadores. A título de exemplo, o próprio diagnóstico reveste-se de um grau de complexidade importante sendo a designação “odisseia diagnóstica” bastante expressiva para descrever o impacto do tempo até chegar ao diagnóstico final. De facto, em média uma pessoa com doença rara espera quatro anos até obter o diagnóstico (às vezes até mais de 20 anos), recebe três diagnósticos errados e consulta cinco médicos diferentes!

Mas antes de mais, será necessário definir o problema e perceber a sua abrangência. Em termos gerais, uma doença rara será uma condição que afeta uma pequena percentagem da população comparativamente com outras mais prevalentes. A definição varia mas, na União Europeia e em Portugal, as doenças raras correspondem àquelas que têm uma prevalência na população inferior a 5 por 10.000 pessoas, ou seja, afetando 1 em cada 2.000 pessoas (decisão 1295/1999/CE do Parlamento Europeu). Estas doenças, sendo individualmente raras (algumas delas têm prevalências inferiores a 1 caso por 100.000 habitantes), são na verdade coletivamente frequentes. De facto, estima-se que existam entre 5000 a 8000 doenças raras, sendo que novas entidades são acrescentadas regularmente à lista, afetando cerca de 6% da população portuguesa. Apenas 400 destas patologias têm tratamento específico e cerca de 80% têm uma causa genética associada. Uma parte significativa é diagnosticada na infância, mas muitas têm expressão no adulto, sendo frequentemente crónicas e acompanhadas por morbilidade significativa. Tal como é referido no documento acima citado, a própria raridade das doenças de prevalência reduzida e a falta de informações acerca delas pode levar a que as pessoas afetadas não beneficiem dos recursos e dos serviços de saúde de que necessitam. Estes fatores são também responsáveis por estes doentes serem pouco atingidos pelas intervenções gerais no setor da saúde. Daí a necessidade de iniciativas próprias para a abordagem destas doenças na comunidade como o “Rare Diseases Task Force” na Europa e o “US Office of Rare Diseases” nos Estados Unidos da América. Em Portugal, o Plano Nacional de Saúde também reconhece a importância de criar planos específicos para esta área, o que conduziu à criação da Estratégia Integrada para as Doenças Raras 2015-2020. O objetivo desta Estratégia é garantir que as pessoas com doença rara tenham melhor acesso, qualidade dos cuidados de saúde e de tratamento, com base nas evidências que a ciência tem vindo a produzir, e maior celeridade e variedade de respostas sociais adaptadas a cada caso.

Tem como missão desenvolver e melhorar:

a) a coordenação dos cuidados;

b) o acesso ao diagnóstico precoce;

c) o acesso ao tratamento;

d) a informação clínica e epidemiológica;

e) a investigação;

f) a inclusão social e a cidadania.

Um fruto desta estratégia é a criação da Rede Nacional de Centros de Referência de Doenças Raras de forma a estruturar uma rede nacional de centros de referência, devidamente acreditados com base em critérios objetivos de elegibilidade. Estes centros devem estar organizados de forma a permitir o desenvolvimento da sua capacidade máxima para diagnosticar e tratar adequadamente e com precocidade todos os doentes, informar e apoiar os outros elementos da família, estabelecer ligação com restantes apoios médicos e sociais (incluindo realizar uma eficaz articulação com médicos assistentes dos doentes e famílias) e participar ativamente no ensino e na investigação e registo da respetiva patologia. Outro fruto desta estratégia é a criação do Cartão da Pessoa com Doença Rara de forma a garantir o acesso a informação relevante sobre a doença em causa, nomeadamente a recomendações para tratamento de emergência nos serviços de urgência, melhorar o cuidado integrado da patologia, garantir a referenciação adequada aos centros de referência e melhorar a continuidade de cuidados. Anualmente a Direção Geral de Saúde publica um relatório sobre as atividades planeadas para esse ano referentes às prioridades estratégias enunciadas acima e onde é possível acompanhar os esforços realizados e as áreas a desenvolver.

Depois de entender as especificidades ligadas a esta área, e que a tornam diferente de outras áreas da Medicina, é perfeitamente claro que o profissional de saúde que se confronta com um doente portador de doença rara tem de estar inserido numa rede de cuidados alargada. Este tipo de patologias necessita de uma abordagem por equipa profissional experiente, multidisciplinar, altamente especializada, que permita orientar todo o envolvimento do doente/família, nas diferentes vertentes, do campo médico ao familiar/comunitário, com cuidados que se traduzam em melhorias significativas na qualidade de vida e custo-efetividade dos cuidados prestados. Requer também equipa competente, que dissemine boas práticas e informação a outros profissionais e que promova envolvência correspondente na área da atividade pedagógica, científica, de investigação alicerçada em estrutura hospitalar reconhecida pelos conhecimentos técnicos e pelos elevados cuidados de saúde prestados a doentes com situações clínicas que exigem uma especial concentração de recursos, de conhecimento e experiência. Sendo certo que muitas das doenças raras são diagnosticadas em idade pediátrica, o médico de adultos por várias razões também contacta com esta realidade. No âmbito específico das doenças hereditárias do metabolismo, por exemplo, o doente tipo na clínica de adultos poder-se-á inserir em quatro grandes grupos: diagnóstico tardio de formas atenuadas, formas de início precoce que chegaram à idade adulta, doentes com apresentação na infância, mas em quem o diagnóstico não foi efetuado, e estudo de familiares a partir de casos índex. Muitas doenças raras afetam múltiplos sistemas do organismo o que significa, como já foi dito, que diferentes profissionais de saúde podem estar envolvidos nos cuidados destes doentes. Mas, para que os cuidados de saúde sejam estruturados, é central a figura do Coordenador de Cuidados que, no caso da medicina de adultos, fica habitualmente a cargo do médico internista. Este, pelas especificidades da sua formação integradora, multidisciplinar, abrangente e dialogadora com as diferentes especialidades, pode assumir o papel daquilo que muitos autores designam como o Gestor do Doente.

Sem cuidados adequadamente coordenados, sem este Gestor, os pacientes afetados por doenças raras têm necessidade de dedicar quantidades significativas de tempo e esforço, muitas vezes com grande sacrifício, para estar presentes em diferentes consultas de diferentes especialidades e em diferentes hospitais. Para atender às diferentes consultas relativas à sua condição, o portador de doença rara gasta em média uma a duas horas de viagem e tem pelo menos três consultas por mês. Tudo isto causa enorme desgaste e é causa frequente de absentismo e abandono da atividade profissional do próprio ou dos cuidadores. Por isso, a figura do coordenador de cuidados, que na área da medicina de adultos pertence, pelas suas habilidades de formação, por excelência à Medicina Interna, é central para os cuidados destes doentes. Idealmente, portanto, trata-se de um profissional treinado responsável pela elaboração e execução de um plano de cuidados global garantindo que estes são o mais integrados e lineares possível. Com particular atenção aos cuidados de transição, ou seja, às particularidades e vulnerabilidades dos doentes que durante uma parte significativa da vida estiveram sob a alçada da Pediatria e que agora, fruto do seu crescimento, são acolhidos na área da Medicina de Adultos. Os coordenadores de cuidados, no âmbito de um Centro de Referência, podem assim contribuir para que o paciente tenha uma experiência positiva dos cuidados de saúde específicos de que necessita, facilitando suporte e atenção específicos de forma a permitir o autocuidado e autovalorização, evitando admissões hospitalares ou, quando estas são inevitáveis, iniciando as medidas de emergências específicas imprescindíveis, permitindo a acesso a novas formas de diagnóstico e terapêutica, estabelecendo diálogo com os vários centros de investigação e pesquisa e, sem esquecer a dimensão familiar e social, garantindo um plano de cuidados integral de que estes doentes tanto precisam.

Atentos ao sentido de evolução da ciência médica e ao que se espera nos próximos anos e procurando formas de aplicar este conhecimento e de o rentabilizar. Tudo isto é fundamental e benéfico não só para os pacientes e suas famílias, mas também em última análise, e numa perspetiva mais ampla, para o próprio sistema de saúde.

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800 mil portugueses sofrem de doenças raras

Paulo Castro Chaves
Consultor de Medicina Interna
Professor Auxiliar convidado da FMUP
Centro de Referência em Doenças Hereditárias do Metabolismo do Centro Hospitalar Universitário S. João, Porto
Departamento de Cirurgia e Fisiologia da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto

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Hospitais
A Direção-Geral da Saúde (DGS) ativou, na passada 2ª feira, os hospitais de Santa Maria, São José (Lisboa), Centro Hospitalar e...

Até à data apenas estavam ativados como hospitais de referência para estes casos o Curry Cabral e o Dona Estefânia, em Lisboa, e o São João, no Porto. 

Além destas três unidades, passam a estar em prontidão para a eventualidade de surgirem mais casos suspeitos, devidamente validados por médicos, os hospitais de Santa Maria e S. José, em Lisboa, Santo António, no Porto, e o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (incluindo o hospital pediátrico).

Tratam-se de hospitais de referência de «segunda linha» para a contenção da infeção pelo Covid-19.

A partir desta quarta-feira, o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra e o Hospital Curry Cabral passam a poder fazer análises laboratoriais aos casos suspeitos.  

Até então, as análises eram feitas no Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, em Lisboa, e no Hospital S. João, no Porto.

2.000 quartos de isolamento

A Diretora-Geral da Saúde, Graça Freitas, no início desta semana, em conferência de imprensa que existem 2 mil quartos de isolamento nos hospitais do Serviço Nacional de Saúde, muito embora "qualquer zona possa ser transformada numa zona de isolamento" caso venha a ser necessário. 

Graças Freitas assegurou que as urgências hospitalares "estão em alerta" e "têm um espaço de isolamento", estando o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) a preparar o reforço de equipamento apropriado para que "qualquer ambulância" possa transportar até aos hospitais de referência pessoas suspeitas de terem o novo coronavírus. 

Até agora, o transporte é feito com quatro ambulâncias do INEM de Lisboa, Porto, Coimbra e Faro. 

"Temos que nos preparar e retardar as cadeias de transmissão", frisou Graça Freitas, na sede da DGS, onde fez o ponto da situação da infeção pelo Covid-19.

Segundo a responsável, Portugal não está livre de importar o novo coronavírus, família de vírus que causa infeções respiratórias como pneumonia.

Além das vítimas mortais na China continental, onde começou o surto do do Covid-19, já houve também mortos no Irão, Japão, na região chinesa de Hong Kong, Coreia do Sul, Filipinas, Estados Unidos e Taiwan. Na Europa, os países mais afetados são a Itália e a França. 

 

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