Ensino Superior
Bastonária pretende conhecer a oferta formativa e o olhar dos futuros nutricionistas, bem como os desafios e dificuldades das...

A Bastonária da Ordem dos Nutricionistas, Alexandra Bento, inicia um périplo pelas instituições que ministram licenciaturas conducentes à profissão de nutricionista, com o propósito de conhecer a oferta formativa, a sua evolução ao longo do tempo e a sua visão para o futuro, bem como os desafios e dificuldades das instituições. As perspetivas dos alunos sobre a formação académica para o futuro desempenho profissional será também alvo de debate.
 
O Ciclo de Visitas tem início na próxima segunda-feira, dia 02 de março, na Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto, pelas 10h00.
 
Com este périplo, Alexandra Bento pretende conhecer iniciativas inovadoras no contexto do ensino superior, o ambiente em que se inserem os alunos e saber quais são os desafios e as oportunidades dos estabelecimentos que formam, hoje, os nutricionistas de amanhã.
 
“Todos os anos cerca de 350 licenciados pretendem aceder à profissão de nutricionista, e é para eles que os nossos olhares estarão voltados, para os seus anseios e para as suas perspetivas”, afirma Alexandra Bento.
 
Durante as visitas, Alexandra Bento vai reunir com as Direções dos Estabelecimentos de Ensino Superior que ministram as licenciaturas conducentes à profissão de nutricionista e com o corpo docente, bem como com as Associações de Estudantes e terá ainda a oportunidade de visitar as instalações.

A Ordem vai visitar as instituições académicas que formam nutricionistas, de Norte a Sul do país. O périplo faz parte da iniciativa “Ciclo de Visitas da Bastonária da Ordem dos Nutricionistas” que iniciou em abril de 2018 e, durante esse mesmo ano, passou por mais de 40 instituições.

 

Bolsa de Investigação SPMI
A Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI), com o objetivo de estimular a investigação nesta especialidade, acaba de...

Este financiamento visa apoiar Internistas ou Internos de Medicina Interna que pretendam desenvolver trabalhos integrados em equipas de investigação. Os trabalhos de investigação poderão ser desenvolvidos em qualquer ambiente, designadamente em colaboração com empresas, universidades ou institutos. O programa de trabalhos deverá decorrer integralmente ou de forma parcial numa instituição nacional.

Podem candidatar-se Especialistas ou Internos de Medicina Interna, residentes em Portugal, inscritos como sócios efetivos da SPMI.

A investigação clínica na promoção do conhecimento e da inovação nas ciências médicas e o desenvolvimento de projetos que tenham como objetivo estimular a investigação no âmbito da medicina interna são essenciais para o desenvolvimento da especialidade.

Mais Informações em https://www.spmi.pt/bolsa-de-investigacao-spmi-2020/

 

16º Congresso Português de Diabetes
A Sociedade Portuguesa de Diabetologia (SPD) vai realizar o 16º Congresso Português de Diabetes de 6 e 8 de março, no Centro...

Durante três dias vão ser realizados vários simpósios e conferências sobre a diabetes, doença que impacta cerca de 10% da população portuguesa entre os 25 e os 74 anos, durantes os quais será possível explorar as diversas abordagens à doença: cuidados de saúde primários, prevenção, avanços terapêuticos e as comorbilidades que impactam várias especialidades médicas.

“A diabetes é a mais comum das doenças não transmissíveis com elevada prevalência e incidência. Temos assim o dever de olhar para os números e tentar apostar numa abordagem à patologia em diferentes frentes. Na tradição dos Congressos anteriores, aguarda-se a participação ativa dum largo número de médicos de várias especialidades (médicos de família, internistas e endocrinologistas, mas também, cardiologistas, nefrologistas, oftalmologistas, pediatras, obstetras, cirurgiões, entre outros) e ainda de um elevado número de enfermeiros, nutricionistas, psicólogos, podologistas, cientistas/investigadores, o que demonstra a multiplicidade de especialidades envolvidas no tratamento desta patologia” afirma Rui Duarte, presidente do Congresso e presidente da SPD.

O 16º Congresso Português de Diabetes apresenta um programa diversificado e conta com uma participação ativa de um elevado número de médicos especialistas em várias áreas, com 13 palestrantes internacionais.  Este ano, e em destaque, serão apresentadas as novas guidelines de prevenção e tratamento do pé diabético, as primeiras Diretrizes conjuntas luso-brasileiras para o tratamento da Diabetes tipo 2 e serão discutidas  as novas recomendações da European Society of Cardiology (ESC) para as doenças cardiovasculares e diabetes.

Com uma abrangência multidisciplinar, as diferentes sessões deste Congresso vão também abordar o tratamento e o impacto no doente renal,  a realidade da diabetes durante a gravidez,  a realidade da pré-diabetes os desafios na área da enfermagem, nos cuidados de saúde primários, na pediatria, a retinopatia e, ainda a genética da diabetes, biomarcadores e terapêutica. O congresso irá encerrar com a distribuição das bolsas SPD e dos prémios atribuídos aos trabalhos apresentados.

O presidente do Congresso lembra ainda que “A diabetes afeta mais de um milhão de portugueses: não podemos ignorar esta doença nem as suas complicações. Só a nível nacional, 20 a 25% das admissões hospitalares de pessoas com diabetes acontecem devido ao pé e 30% dos internamentos por acidente vascular cerebral (AVC) são em pessoas com diabetes.”

 

Opinião
A situação de doença é sempre um momento de particular vulnerabilidade e fragilidade humana não só p
Mulher de costas sentada em sofá

Seguindo esta linha de orientação, a prática médica atual não se compadece com uma atuação médica isolada e uma das pedras de toque da praxis contemporânea é precisamente a integração da discussão do caso individual numa equipa multidisciplinar em que o médico é um dos interlocutores, longe de ser o único. Noutro nível de atuação, os sistemas de saúde, como entidades coletivas que se colocam acima do plano individual, serão responsáveis pela elaboração de políticas e formas de organização para que este encontro sublime disponha das melhores condições para ter lugar. A complexidade destas questões torna-se particularmente difícil quando o caso que temos pela frente é a Pessoa com doença rara. Ser portador de uma doença rara significa frequentemente o confronto com um vasto conjunto de duras realidades, onde se destacam as dificuldades em obter um diagnóstico, em aceder a tratamentos específicos e receber cuidados de saúde coordenados, mas também numa perspetiva mais abrangente, em dificuldades a nível de emprego, educação, vida social e saúde mental, dificuldades essas que frequentemente se estendem aos cuidadores. A título de exemplo, o próprio diagnóstico reveste-se de um grau de complexidade importante sendo a designação “odisseia diagnóstica” bastante expressiva para descrever o impacto do tempo até chegar ao diagnóstico final. De facto, em média uma pessoa com doença rara espera quatro anos até obter o diagnóstico (às vezes até mais de 20 anos), recebe três diagnósticos errados e consulta cinco médicos diferentes!

Mas antes de mais, será necessário definir o problema e perceber a sua abrangência. Em termos gerais, uma doença rara será uma condição que afeta uma pequena percentagem da população comparativamente com outras mais prevalentes. A definição varia mas, na União Europeia e em Portugal, as doenças raras correspondem àquelas que têm uma prevalência na população inferior a 5 por 10.000 pessoas, ou seja, afetando 1 em cada 2.000 pessoas (decisão 1295/1999/CE do Parlamento Europeu). Estas doenças, sendo individualmente raras (algumas delas têm prevalências inferiores a 1 caso por 100.000 habitantes), são na verdade coletivamente frequentes. De facto, estima-se que existam entre 5000 a 8000 doenças raras, sendo que novas entidades são acrescentadas regularmente à lista, afetando cerca de 6% da população portuguesa. Apenas 400 destas patologias têm tratamento específico e cerca de 80% têm uma causa genética associada. Uma parte significativa é diagnosticada na infância, mas muitas têm expressão no adulto, sendo frequentemente crónicas e acompanhadas por morbilidade significativa. Tal como é referido no documento acima citado, a própria raridade das doenças de prevalência reduzida e a falta de informações acerca delas pode levar a que as pessoas afetadas não beneficiem dos recursos e dos serviços de saúde de que necessitam. Estes fatores são também responsáveis por estes doentes serem pouco atingidos pelas intervenções gerais no setor da saúde. Daí a necessidade de iniciativas próprias para a abordagem destas doenças na comunidade como o “Rare Diseases Task Force” na Europa e o “US Office of Rare Diseases” nos Estados Unidos da América. Em Portugal, o Plano Nacional de Saúde também reconhece a importância de criar planos específicos para esta área, o que conduziu à criação da Estratégia Integrada para as Doenças Raras 2015-2020. O objetivo desta Estratégia é garantir que as pessoas com doença rara tenham melhor acesso, qualidade dos cuidados de saúde e de tratamento, com base nas evidências que a ciência tem vindo a produzir, e maior celeridade e variedade de respostas sociais adaptadas a cada caso.

Tem como missão desenvolver e melhorar:

a) a coordenação dos cuidados;

b) o acesso ao diagnóstico precoce;

c) o acesso ao tratamento;

d) a informação clínica e epidemiológica;

e) a investigação;

f) a inclusão social e a cidadania.

Um fruto desta estratégia é a criação da Rede Nacional de Centros de Referência de Doenças Raras de forma a estruturar uma rede nacional de centros de referência, devidamente acreditados com base em critérios objetivos de elegibilidade. Estes centros devem estar organizados de forma a permitir o desenvolvimento da sua capacidade máxima para diagnosticar e tratar adequadamente e com precocidade todos os doentes, informar e apoiar os outros elementos da família, estabelecer ligação com restantes apoios médicos e sociais (incluindo realizar uma eficaz articulação com médicos assistentes dos doentes e famílias) e participar ativamente no ensino e na investigação e registo da respetiva patologia. Outro fruto desta estratégia é a criação do Cartão da Pessoa com Doença Rara de forma a garantir o acesso a informação relevante sobre a doença em causa, nomeadamente a recomendações para tratamento de emergência nos serviços de urgência, melhorar o cuidado integrado da patologia, garantir a referenciação adequada aos centros de referência e melhorar a continuidade de cuidados. Anualmente a Direção Geral de Saúde publica um relatório sobre as atividades planeadas para esse ano referentes às prioridades estratégias enunciadas acima e onde é possível acompanhar os esforços realizados e as áreas a desenvolver.

Depois de entender as especificidades ligadas a esta área, e que a tornam diferente de outras áreas da Medicina, é perfeitamente claro que o profissional de saúde que se confronta com um doente portador de doença rara tem de estar inserido numa rede de cuidados alargada. Este tipo de patologias necessita de uma abordagem por equipa profissional experiente, multidisciplinar, altamente especializada, que permita orientar todo o envolvimento do doente/família, nas diferentes vertentes, do campo médico ao familiar/comunitário, com cuidados que se traduzam em melhorias significativas na qualidade de vida e custo-efetividade dos cuidados prestados. Requer também equipa competente, que dissemine boas práticas e informação a outros profissionais e que promova envolvência correspondente na área da atividade pedagógica, científica, de investigação alicerçada em estrutura hospitalar reconhecida pelos conhecimentos técnicos e pelos elevados cuidados de saúde prestados a doentes com situações clínicas que exigem uma especial concentração de recursos, de conhecimento e experiência. Sendo certo que muitas das doenças raras são diagnosticadas em idade pediátrica, o médico de adultos por várias razões também contacta com esta realidade. No âmbito específico das doenças hereditárias do metabolismo, por exemplo, o doente tipo na clínica de adultos poder-se-á inserir em quatro grandes grupos: diagnóstico tardio de formas atenuadas, formas de início precoce que chegaram à idade adulta, doentes com apresentação na infância, mas em quem o diagnóstico não foi efetuado, e estudo de familiares a partir de casos índex. Muitas doenças raras afetam múltiplos sistemas do organismo o que significa, como já foi dito, que diferentes profissionais de saúde podem estar envolvidos nos cuidados destes doentes. Mas, para que os cuidados de saúde sejam estruturados, é central a figura do Coordenador de Cuidados que, no caso da medicina de adultos, fica habitualmente a cargo do médico internista. Este, pelas especificidades da sua formação integradora, multidisciplinar, abrangente e dialogadora com as diferentes especialidades, pode assumir o papel daquilo que muitos autores designam como o Gestor do Doente.

Sem cuidados adequadamente coordenados, sem este Gestor, os pacientes afetados por doenças raras têm necessidade de dedicar quantidades significativas de tempo e esforço, muitas vezes com grande sacrifício, para estar presentes em diferentes consultas de diferentes especialidades e em diferentes hospitais. Para atender às diferentes consultas relativas à sua condição, o portador de doença rara gasta em média uma a duas horas de viagem e tem pelo menos três consultas por mês. Tudo isto causa enorme desgaste e é causa frequente de absentismo e abandono da atividade profissional do próprio ou dos cuidadores. Por isso, a figura do coordenador de cuidados, que na área da medicina de adultos pertence, pelas suas habilidades de formação, por excelência à Medicina Interna, é central para os cuidados destes doentes. Idealmente, portanto, trata-se de um profissional treinado responsável pela elaboração e execução de um plano de cuidados global garantindo que estes são o mais integrados e lineares possível. Com particular atenção aos cuidados de transição, ou seja, às particularidades e vulnerabilidades dos doentes que durante uma parte significativa da vida estiveram sob a alçada da Pediatria e que agora, fruto do seu crescimento, são acolhidos na área da Medicina de Adultos. Os coordenadores de cuidados, no âmbito de um Centro de Referência, podem assim contribuir para que o paciente tenha uma experiência positiva dos cuidados de saúde específicos de que necessita, facilitando suporte e atenção específicos de forma a permitir o autocuidado e autovalorização, evitando admissões hospitalares ou, quando estas são inevitáveis, iniciando as medidas de emergências específicas imprescindíveis, permitindo a acesso a novas formas de diagnóstico e terapêutica, estabelecendo diálogo com os vários centros de investigação e pesquisa e, sem esquecer a dimensão familiar e social, garantindo um plano de cuidados integral de que estes doentes tanto precisam.

Atentos ao sentido de evolução da ciência médica e ao que se espera nos próximos anos e procurando formas de aplicar este conhecimento e de o rentabilizar. Tudo isto é fundamental e benéfico não só para os pacientes e suas famílias, mas também em última análise, e numa perspetiva mais ampla, para o próprio sistema de saúde.

Artigos relacionados

Genética é a principal responsável pelas doenças raras

Heterogeneidade das doenças raras dificulta o desenvolvimento de tratamentos eficazes

800 mil portugueses sofrem de doenças raras

Paulo Castro Chaves
Consultor de Medicina Interna
Professor Auxiliar convidado da FMUP
Centro de Referência em Doenças Hereditárias do Metabolismo do Centro Hospitalar Universitário S. João, Porto
Departamento de Cirurgia e Fisiologia da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto

Foto: 
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Hospitais
A Direção-Geral da Saúde (DGS) ativou, na passada 2ª feira, os hospitais de Santa Maria, São José (Lisboa), Centro Hospitalar e...

Até à data apenas estavam ativados como hospitais de referência para estes casos o Curry Cabral e o Dona Estefânia, em Lisboa, e o São João, no Porto. 

Além destas três unidades, passam a estar em prontidão para a eventualidade de surgirem mais casos suspeitos, devidamente validados por médicos, os hospitais de Santa Maria e S. José, em Lisboa, Santo António, no Porto, e o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (incluindo o hospital pediátrico).

Tratam-se de hospitais de referência de «segunda linha» para a contenção da infeção pelo Covid-19.

A partir desta quarta-feira, o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra e o Hospital Curry Cabral passam a poder fazer análises laboratoriais aos casos suspeitos.  

Até então, as análises eram feitas no Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, em Lisboa, e no Hospital S. João, no Porto.

2.000 quartos de isolamento

A Diretora-Geral da Saúde, Graça Freitas, no início desta semana, em conferência de imprensa que existem 2 mil quartos de isolamento nos hospitais do Serviço Nacional de Saúde, muito embora "qualquer zona possa ser transformada numa zona de isolamento" caso venha a ser necessário. 

Graças Freitas assegurou que as urgências hospitalares "estão em alerta" e "têm um espaço de isolamento", estando o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) a preparar o reforço de equipamento apropriado para que "qualquer ambulância" possa transportar até aos hospitais de referência pessoas suspeitas de terem o novo coronavírus. 

Até agora, o transporte é feito com quatro ambulâncias do INEM de Lisboa, Porto, Coimbra e Faro. 

"Temos que nos preparar e retardar as cadeias de transmissão", frisou Graça Freitas, na sede da DGS, onde fez o ponto da situação da infeção pelo Covid-19.

Segundo a responsável, Portugal não está livre de importar o novo coronavírus, família de vírus que causa infeções respiratórias como pneumonia.

Além das vítimas mortais na China continental, onde começou o surto do do Covid-19, já houve também mortos no Irão, Japão, na região chinesa de Hong Kong, Coreia do Sul, Filipinas, Estados Unidos e Taiwan. Na Europa, os países mais afetados são a Itália e a França. 

 

Sociedade Portuguesa de Cardiologia
A análise é da Sociedade Portuguesa de Cardiologia que se debruçou sobre o documento do Instituto Nacional de Estatística que...

“Numa primeira análise, constata-se que ocorreram mais óbitos (+3.7%), no entanto, os mesmo ocorreram mais tarde: a idade média do óbito foi de 78,5 anos, mais elevada que no ano anterior (78,2 anos). É certo que as doenças do aparelho circulatório continuam a dominar as causas de morte, registando-se um aumento global de 1,7% valor que corresponde a 29% de todas as causas de morte (número absoluto de mortes por doença do aparelho circulatório: 32936)”, afirma Victor Gil, presidente da SPC.

A taxa de mortalidade por doenças do aparelho circulatório (referente aos residentes no continente e ilhas) foi de 318,3 por 100.000 habitantes (valor mais elevado desde 2008, ainda que com uma diminuição da proporção em relação ao total de mortes – 32,3% em 2008), mas com diminuição da mortalidade prematura (antes dos 70 anos) de que resulta uma diminuição 11,2 para 10,3 do número de anos potenciais de vida perdidos. Na última década, verifica-se uma estagnação nas taxas de mortalidade por doenças cardiovasculares, contudo com alguma tendência para subida lenta desde 2013.

“Relativamente à situação clínica individualizada, o AVC é a primeira causa de morte em Portugal (9,9% do total de mortes, com taxa bruta de mortalidade de 108,8 por 100.000 habitantes), no entanto, importa ressalvar que tem sido registada uma redução gradual na última década (em 2008: 13,9%), acrescenta Victor Gil.

A análise aos dados do Enfarte do Miocárdio conclui que esta entidade clínica correspondia em 2008 a 5% de todas as mortes. Esta percentagem baixou até 2015, mantendo-se em patamar desde aí (4.1%). O número de óbitos por Enfarte do Miocárdio (4620) aumentou em 2018 + 1.7% em relação ao ano anterior, mas com ligeira diminuição do número absoluto de mortes antes dos 65 anos (854 em 2017 para 822 em 2018). A mortalidade por enfarte do miocárdio continua a atingir preferencialmente os homens, sendo a idade média do óbito nas mulheres 7.8 anos mais tarde que nos homens (81.4 anos nas mulheres e 73,6 anos para os homens).

“A chamada doença isquémica do coração, provocou 6,4% do total da mortalidade. Esta entidade é, todavia, de mais difícil análise pois deve incluir situações heterogéneas incluindo insuficiência cardíaca que, como entidade, não tem até agora, representação estatística”, afirma Victor Gil.

O Presidente da SPC acrescenta ainda que, “os dados agora apresentados estão em linha com outras análises nomeadamente a recentemente efetuada pela SPC com base no ATLAS 2 onde foram comparados os números portugueses com países europeus e na vizinhança da Europa. Nessa análise foi sublinhada a elevada mortalidade por AVC e a relativamente baixa mortalidade por doença coronária, em relação aos países comparadores”.

“A mortalidade cardiovascular continua a dominar as causas de morte em Portugal e dentro dela é o AVC a primeira causa de morte. A mortalidade por Enfarte do Miocárdio mantém-se em patamar”, conclui.  

Ensaio Clínico
O tratamento de paralisia cerebral com células estaminais revela-se promissor, segundo os resultados de um ensaio clínico em...

As crianças foram divididas em dois grupos: o grupo experimental, que recebeu células estaminais do tecido do cordão umbilical; e o grupo controlo, que recebeu placebo. Adicionalmente, todas as crianças foram incluídas num programa de reabilitação e seguidas durante um ano após o tratamento.

Os investigadores compararam o desempenho das crianças de ambos os grupos utilizando três testes, realizados antes e após o tratamento, que mediram a facilidade na realização das atividades quotidianas, a compreensão, a linguagem e a função motora. Embora o desempenho inicial das 39 crianças tenha sido idêntico nos três testes, após o tratamento observaram-se diferenças entre os dois grupos. Após um ano, as crianças que receberam células estaminais registaram mais melhorias na capacidade motora e na realização de atividades do dia-a-dia, comparativamente às que receberam placebo.

Para os autores do estudo, os resultados indicam que a terapia com células estaminais do cordão umbilical é capaz de promover melhorias, que vão para além das conseguidas unicamente através de reabilitação.

De acordo com Bruna Moreira, Investigadora do Departamento de I&D da Crioestaminal, “Os resultados deste ensaio clínico, juntamente com outros casos publicados, sugerem que a utilização de células estaminais, em conjunto com as abordagens tradicionais, poderá vir a desempenhar um papel preponderante no tratamento desta condição”.

A paralisia cerebral é geralmente causada por lesões neurológicas ocorridas durante a gestação ou na altura do nascimento. Atualmente, estima-se que afete cerca de 2 em cada 1000 recém-nascidos em todo o mundo, sendo a principal causa de incapacidade na infância. As abordagens terapêuticas atuais dirigem-se à melhoria da postura, controlo do movimento e autonomia da criança, não atuando na lesão cerebral subjacente. Torna-se, portanto, urgente encontrar novas estratégias eficazes no tratamento desta condição.

Projeto-Piloto no Alentejo
O Pé Diabético é uma das principais complicações da diabetes, estimando-se que ocorram, a nível mund
Pé a ser massajado

Pelo menos, esta foi principal conclusão de um projeto-piloto que a APDP desenvolveu, no último ano, em três concelhos alentejanos – Alcácer do Sal, Montemor-o-Novo e Vendas Novas -, com o objetivo de prevenir e controlar o pé diabético junto dos utentes de lares e centro de dia. “As pessoas que recebem apoio de IPSS são, por norma, pessoas com maior grau de dependência e com maior dificuldade em se deslocarem aos centros de saúde. Por outro lado, as IPSS, embora tenham nos seus quadros profissionais de saúde, não têm peritos em cuidados ao pé diabético”, começa por explicar Luís Filipe Prata, enfermeiro da APDP.

A escolha destes três concelhos para o arranque deste projeto deveu-se essencialmente à sua localização. “São concelhos periféricos, que ficam distantes dos centros de Lisboa, Setúbal, Santiago do Cacém e Évora, para onde os utentes destas áreas têm de se deslocar parar terem consultas de especialidade em diabetes”, acrescenta o especialista em pé diabético, referindo, no entanto, que estes “não são casos únicos no Alentejo”.

A falta de recursos, quer humanos quer materiais, agravam a situação. “Todos os profissionais de saúde reconhecem este problema e existem até alguns espaços para consultas de pé diabético, mas que têm muitas dificuldades em responder às necessidades existentes”, adianta.

Feito o balanço, este projeto conseguiu identificar um elevado número de doentes em risco e muito pouco sensibilizados para o problema. “82% dos utentes das 18 IPPS participantes apresentavam níveis de risco médio a alto para desenvolver úlceras nos pés”, revela Luís Filipe Prata. A maioria desconhecia os sintomas e não sabia sequer relacionar as suas queixas ao pé diabético. O mesmo se verificou junto daqueles que cuidam. “Há casos de utentes que se queixavam de dor neuropática e referiam que, à noite, sentem «formigas nos pés» ou «brasas nos pés» e os seus cuidadores não associavam estas queixas ao pé diabético. Em muitos casos, pensavam tratar-se de demência ou uma forma de reclamar mais atenção”, conta.

Tendo em conta esta realidade, a APDP realça que são necessários mais profissionais formados, “mas também com experiência adquirida em contexto de equipas peritas”, no tratamento do pé diabético. Por outro lado, Luís Filipe Prata chama atenção para a necessidade de se prestarem cuidados de proximidade por parte destas instituições. “Vão ter de abandonar os seus edifícios (…) o que ajudará a responder de forma mais eficaz aos problemas dos seus utentes”, afirma. E dá um exemplo: “encontrámos um caso de uma pessoa que tinha já uma ferida grave, que só foi detetada porque nos deslocamos ao local e foi uma das muitas pessoas rastreadas. Esta pessoa tinha caído em casa dois dias antes e com a queda traumatizou de tal forma o 5º dedo do pé que praticamente se autoamputou. Se não tivéssemos identificado a situação, esta pessoa hoje poderia ter sido submetida a uma amputação major ou mesmo ter acabado por falecer por causa de uma infeção grave”.

Além de mobilizar a comunidade e os recursos locais, este tipo de projeto “permite reduzir o sofrimento das pessoas e os custos em saúde com o tratamento de feridas e amputação”.

O que é afinal o pé diabético e quais os cuidados a ter?

O pé diabético é definido pela Organização Mundial de Saúde como o pé de um doente diabético com infeção, ulceração (úlcera) ou destruição do pé provocada por alterações dos nervos ou dos vasos (artérias). No entanto, segundo o médico endocrinologista Luís Gardete Correia, “muitos peritos consideram existir pé diabético quando já se manifestam algumas complicações do pé, causadas pelas diabetes, como a perda de sensibilidade (neuropatia) e alterações da circulação arterial (doença arterial periférica”).

Assim, embora em fases iniciais não seja fácil identificar os sintomas, há alguns sinais aos quais deve prestar atenção: “dormência ou desconforto noturno, descrito pela maioria das pessoas como picadas, ardor, calor, formigueiro, dor inexplicável e cãibras”, características da neuropatia. Nestes casos, podem ainda apresentar-se outros sintomas como “dedos em garra, pé quente e rosado e calosidades com tendência a ferimento”.

“A pessoa com pé diabético também pode sentir cãibras na perna quando está deitada ou quando caminha. No caso da caminhada, a cãibra acontece mais do que uma vez (quando associada a doença arterial)”, explica o especialista. O pé pode apresentar-se frio e tendencialmente roxo/azulado (cianótico).

Embora o não controlo metabólico na diabetes seja a principal causa do desenvolvimento do pé diabético, sabe-se que ter a doença há mais de 10 anos eleva o risco de sofrer de complicações no pé.

No que diz respeito ao seu tratamento existem várias opções terapêuticas, assim como medidas preventivas. “Existe a possibilidade de serem realizadas quiropodias que são, principalmente, tratamentos de calosidades e unhas”, por exemplo, ou a “construção de ortóteses (…) quando existem deformidades no pé, em especial ortóteses plantares (ou seja, palmilhas adaptadas), bem como calçado adaptado”, exemplifica o enfermeiro Luís Filipe Prata.

Em casos de neuropatia, é possível o tratamento pelo médico especialista. “Na doença arterial, é possível a avaliação e intervenção de angiologia que, em muitos casos, consegue reabilitar o fluxo circulatório”, acrescenta o endocrinologista.

Em matéria de prevenção, Luís Filipe Prata deixa algumas recomendações:

  • Inspeção diária dos pés;
  • Lavagem regular com sabonetes hidratantes;
  • Secagem cuidadosa e não agressiva, em especial entre os dedos;
  • Evitar fontes de calor como lareiras, aquecedores e sacos de água quente;
  • Não andar descalço e utilizar calçado adequado, que tenha espaço suficiente para o encaixe do pé e que seja de pele, com atacado ou velcro e sola em borracha;
  • Inspecionar o interior do calçado antes de calçar;
  • Utilizar cremes hidratantes com 10% de ureia;
  • Mudar diariamente de meias;
  • Utilizar meias de algodão e sem costuras ou elásticos que marquem;
  • Não utilizar calicidas
  • Procurar ajuda de profissionais de saúde, como enfermeiro, podologista ou médico, sempre que tenha algum problema ou ferida no pé.

O que fazer se der conta de uma ferida no pé?

Segundo Luís Filipe Prata, enfermeiro especialista em pé diabético, no caso de detetar uma ferida no pé, deve proceder à sua limpeza, recorrendo ao soro ou à água corrente para lavar e colocar um penso de cobertura antialérgico.

“Assim que for possível, deverá sempre recorrer à equipa de saúde que o acompanha, sobretudo em relação à diabetes, pois é esta equipa que, por sistema, está mais apta para ajudar ou encaminhar para o local mais adequado”, acrescenta realçando que a ferida no pé diabético é sempre uma ferida complexa que necessita de uma abordagem diferenciada, feita por peritos.

“Estas feridas não se tratam com pomadas ou líquidos desinfetantes sem uma avaliação adequada. São muitos os casos em que a pessoa opta por iniciar um tratamento autonomamente, sem avaliação de um profissional perito em tratamento de feridas, e acaba por agravar e complicar a possibilidade de cicatrização”, justifica. Por isso esteja atento!

Artigos relacionados

Cuidados com os pés podem prevenir o pé diabético

Pé diabético: um acompanhamento tecnológico inovador

Diabetes: perguntas e respostas

Foto: 
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Cefaleia de tensão e enxaqueca
Será que a dor de cabeça pode ser um sinal de fome?
Mulher com dor de cabeça forte

O uso frequente de analgésicos pode agravar a dor de cabeça.

Mais do que agravar as queixas de dor de cabeça, é verdade que a utilização excessiva de medicamentos analgésicos pode contribuir para cronificar a cefaleia (entenda-se o conceito de cefaleia como correspondendo genericamente ao sintoma “dor de cabeça”). Isto quer dizer que a utilização excessiva dos fármacos faz com que uma cefaleia que era inicialmente episódica (que ocorria só de vez em quando), passe a ser mais persistente, às vezes até diária. Efetivamente existe uma entidade clínica que se chama “cefaleia por utilização excessiva de medicamentos”, cuja prevalência é significativa na população mundial (sendo responsável por uma grande quantidade de custos e perda de qualidade de vida) e que resulta da “dependência” que se vai gerando dos próprios medicamentos analgésicos. Isto gera um ciclo vicioso de dor e consumo de medicamentos, difícil de contrariar, mas que é crucial interromper, na abordagem terapêutica das pessoas com estas queixas.

Dores mais fortes são indício de doença mais grave.

É um mito considerar que a intensidade da dor é proporcional à gravidade da doença. Aliás, a maneira como cada pessoa reage à própria dor é muito diversa (a dor é entendida como uma experiência subjetiva), pelo que se torna difícil fazer qualquer tipo de consideração sobre a intensidade que cada indivíduo atribui à sua dor. Seja como for, quem procura ajuda médica por apresentar queixas de cefaleia, é porque as considera graves, com impacto negativo no seu dia-a-dia e, por isso, merecedoras de atenção clínica. Valorizar as queixas, explorá-las e interpretá-las permitirá ao médico, no final, perceber qual a causa subjacente (se houver) e se se trata ou não de uma “doença grave”, com toda a subjetividade que esse conceito transporta.

Quando a pressão arterial aumenta, a cabeça dói.

É verdade que o aumento da tensão arterial pode condicionar o aparecimento de queixas de cefaleia, definindo uma entidade clínica denominada de “cefaleia atribuída a hipertensão arterial”. De acordo com a classificação internacional de cefaleias, fala-se nesta entidade clínica quando as queixas de dor de cabeça surgem associadas a picos hipertensivos (tensões arteriais sistólicas iguais ou superiores a 180 mmHg e diastólicas iguais ou superiores a 120 mmHg) e melhoram com a diminuição da tensão arterial (terá que haver, portanto, uma relação temporal muito próxima entre estes eventos para se poder considerar a sua causalidade). Naturalmente, a hipertensão arterial poderá, ela própria, ter várias causas e a classificação internacional contempla alguns especificadores (feocromocitoma, eclâmpsia, encefalopatia hipertensiva, entre outros). De qualquer modo, a mensagem fundamental é que a cefaleia pode ser efetivamente uma manifestação clínica associada à hipertensão arterial e que esta é sobejamente reconhecida como factor de risco para uma grande variedade de doenças cárdio e cérebro-vasculares – não deve, como tal, ser menosprezada

Dor de cabeça pode ser sinal de fome.

A classificação internacional de cefaleias contém uma entidade clínica designada por “cefaleia atribuída ao jejum”, a qual, como facilmente se entende, é uma dor de cabeça que resulta de um jejum prolongado (de 8 ou mais horas). Para que se possa assumir esta relação causal, será necessário que a cefaleia melhore após a ingestão de comida, também de acordo com a classificação. Por isso, é verdade que “a fome” (aqui considerada como representativa do jejum prolongado) pode estar relacionada com o aparecimento de queixas de cefaleia. 

Dor de cabeça pode ser sinal de miopia.

As anomalias refractivas da visão (miopia, hipermetropia, astigmatismo, por exemplo) podem ser causa de cefaleia e a classificação internacional contém, efetivamente, os critérios de diagnóstico para uma cefaleia secundária a estes mesmos problemas oftalmológicos. Para que tal possa ser diagnosticado, será necessário que o aparecimento da cefaleia se relacione temporalmente com o início das queixas visuais, que se agrave com a realização de tarefas que implicam um défice visual provocado pelo próprio erro refractivo e que, finalmente, melhore com a resolução deste último aspecto. Não é fácil, na prática clínica, estabelecer uma relação causal tão límpida e clara, mas é verdade que a falta de visão por erro refractivo do olho pode causar queixas de dor de cabeça.

Sinusite provoca dor de cabeça.

A inflamação das cavidades arejadas que existem em torno das fossas nasais e que se designam por seios perinasais pode, efetivamente, ser causa de cefaleia. Seja sob a forma de uma rinossinusite aguda ou sob a forma de uma doença crónica agudizada, a cefaleia associada a estes distúrbios está efetivamente contemplada na classificação internacional. Trata-se, mais uma vez, de uma cefaleia secundária, que surge como sintoma associado à inflamação dos seios perinasais e que estabelece com ela uma relação de causalidade importante – a cefaleia surge em relação temporal com a própria sinusite e melhora com a sua resolução. É, portanto, verdade que a sinusite pode provocar dor de cabeça.

A enxaqueca só acomete adultos.

Esta afirmação não é verdadeira, pois a enxaqueca existe também em idade pediátrica, podendo mesmo surgir em fases muito precoces da vida sob a forma de equivalentes migrainosos de manifestação na infância. Isto significa que existem algumas manifestações clínicas que podem surgir cedo na vida e que vão dando algumas pistas para o eventual desenvolvimento de uma cefaleia, mais tarde, de características muito sugestivas de uma enxaqueca. A classificação internacional de cefaleias compreende, neste grupo, o torcicolo paroxístico, a vertigem paroxística benigna e o distúrbio gastrointestinal recorrente, onde se incluem os vómitos cíclicos e a enxaqueca abdominal. Independentemente da ocorrência ou não destas manifestações, a enxaqueca é uma cefaleia primária frequente em crianças e adolescentes – de uma forma genérica, assume-se que represente cerca de 10% dos casos de cefaleia em idade pediátrica (com a ressalva de que não existem muitos estudos robustos sobre este assunto, na literatura médica).

A prática de atividade física pode prevenir a enxaqueca.

A prática regular de exercício físico é altamente recomendável, por todos os efeitos preventivos e promotores do bem-estar que lhe estão manifestamente associados. No caso concreto da enxaqueca, existem alguns estudos interventivos que recomendam a prática de exercício aeróbico, de moderada intensidade (mínimo de 40 minutos por sessão, 3 vezes por semana) com o objectivo de reduzir a frequência, duração e gravidade das próprias crises. Poder-se-á naturalmente especular sobre os mecanismos biológicos deste benefício, mas há também que ter em consideração que a intolerância ao exercício é algo que pode ser manifestação da própria crise de enxaqueca e existem pessoas para quem o exercício vigoroso pode funcionar como desencadeante de crises. Como tal, mais uma vez, a ponderação e o bom senso são cruciais para a apreciação da afirmação de que o exercício previne a enxaqueca. De facto, se praticado com moderação, pode ser um agente promotor da qualidade de vida e do bem-estar da pessoa com diagnóstico de enxaqueca, contribuindo para uma melhoria global do estado de saúde; no entanto, se considerado como potencialmente desencadeante de crises por qualquer pessoa com o diagnóstico de enxaqueca ou se praticado com demasiada intensidade, poderá ter um efeito inverso.

Após menopausa a enxaqueca desaparece.

Na maior parte das mulheres, a ocorrência de crises de enxaqueca é sensível a variações hormonais que podem ocorrer ao longo de toda a sua vida reprodutiva. Por isso, para uma grande parte dos casos, a diminuição da quantidade de hormonas na corrente sanguínea que acompanha a menopausa é um factor importante para a redução da frequência e também da intensidade de crises de enxaqueca. Todavia, existem também mulheres que referem agravamento das suas queixas aquando da entrada na menopausa. Os baixos níveis de estrogénios circulantes podem funcionar como desencadeantes de crises mais intensas e prolongadas, nesses casos. Portanto, não se pode afirmar de forma peremptória que a menopausa faz a enxaqueca desaparecer. 

Alguns alimentos pioram a enxaqueca.

A relação das crises de enxaqueca com os hábitos alimentares tem sido objeto da construção de muitos mitos e inverdades, que podem ter um impacto negativo na vida de pessoas com o diagnóstico. Os fatores desencadeantes das crises de enxaqueca podem ser muito particulares e subjetivos, pelo que qualquer generalização feita em torno deste conceito será, necessariamente, excessiva. Algumas pessoas com diagnóstico de enxaqueca referem uma maior incidência de crises quando ingerem determinados alimentos (de que são exemplos o queijo, o chocolate, o vinho e o café, entre outros...). Mas daí a dizer-se que estes alimentos genericamente pioram a enxaqueca vai uma enorme distância – de forma alguma se pode generalizar o conceito de que são alimentos proibidos por causarem enxaqueca. Ainda assim, se qualquer pessoa com o diagnóstico desta cefaleia específica associar o aparecimento das suas crises ao consumo consistente de determinado alimento, valerá a pena explorar o controlo da sua ingestão como importante preventivo da ocorrência de crises.

Pessoas com enxaqueca devem evitar o consumo de chocolate.

Tal como acima foi referido, a existência de desencadeantes alimentares para crises de enxaqueca não é uma realidade universal, a ponto de se poderem generalizar os conceitos de "alimentos proibidos” ou “alimentos que previnem” as crises de enxaqueca. Como tal, a afirmação de que as pessoas com o diagnóstico não devem consumir chocolate é incorreta. Ainda assim, há que ressalvar, também como já foi referido, que, sendo algo dependente de uma variabilidade individual muito grande, pode haver pessoas para quem, de facto, o chocolate possa ser um desencadeante de crises (é o cacau contido no chocolate que parece exercer esse efeito biológico). Para essas pessoas, identificando-se uma relação causal entre o consumo de chocolate e o aparecimento da cefaleia, faz sentido recomendar a evicção do consumo. No entanto, tal não se pode generalizar, de forma dogmática.

Medicamentos para o tratamento preventivo da enxaqueca devem ser tomados para o resto da vida.

Este é um mito particularmente enraizado na nossa população, associado a um conceito de “sofrimento para toda a vida” que também é muito comum na sociedade. Não é verdade que a medicação preventiva das crises de enxaqueca se deva tomar durante toda a vida. Efetivamente, as recomendações internacionais sugerem que se possa tentar a retirada desta medicação após 6 meses de tratamento, tendo havido resposta clinicamente favorável ao(s) fármaco(s) em uso. Pode haver necessidade de a utilizar durante mais tempo, em função da evolução clínica, ou até mesmo os efeitos adversos podem justificar períodos de tratamento menos prolongados, com necessidade de reajustes terapêuticos. Portanto, é variável a gestão da utilização da medicação preventiva das crises de enxaqueca na prática clínica, mas sem qualquer pretensão de a tornar necessária para o resto da vida.

Artigos relacionados

Como a atividade física pode aliviar as dores de cabeça

Saiba o que lhe pode estar a provocar dor de cabeça

Alimentos contra a dor de cabeça

Foto: 
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Seminário
Ordem defende investimento em ações de educação e a implementação de um único modelo interpretativo de rotulagem em Portugal.

Na próxima quarta-feira, dia 26 de fevereiro, nutricionistas colocam a debate a importância da literacia nutricional do consumidor. O seminário “Escolhas informadas: Literacia nutricional do consumidor” tem a assinatura da Ordem dos Nutricionistas e decorrerá no Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (Av. Padre Cruz, 1600-560 Lisboa), pelas 09h30.

A Ordem dos Nutricionistas alerta que cerca de 40% dos portugueses não sabe ler rótulos e que a Direção-Geral de Saúde (DGS) recomendou ao Governo, em dezembro de 2019, a adoção de um sistema de rotulagem simples e único que ajude os consumidores a fazerem escolhas mais saudáveis. Os nutricionistas defendem um único sistema interpretativo de rotulagem nutricional a implementar em Portugal.
“Se no passado havia falta de modelos interpretativos no mercado português, atualmente verificamos que as marca e as cadeia de distribuição tem diferentes modelos, o que pode gerar confusão entre os consumidores. Os governos de vários países europeus apoiam publicamente um modelo único de rotulagem nutricional de caráter interpretativo na frente da embalagem, implementando-a como parte dos programas nacionais de promoção da alimentação saudável. O nosso Governo ainda não foi capaz de tomar uma decisão firme sobre este tema.”, afirma Alexandra Bento, bastonária da Ordem dos Nutricionistas.

A rotulagem nutricional é um dos assuntos em cima da mesa neste seminário e será debatido por Francisco Goiana da Silva, da Organização Mundial da Saúde e Presidente do Health Parliament Portugal, e por Maria João Gregório, Diretora do  Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável

A importância da literacia alimentar e nutricional terá também destaque com Felisbela Lopes, da Universidade do Minho, Pedro Graça, da Universidade do Porto, e António Pedro Mendes, do Futebol Clube do Porto, a liderarem o assunto.

Também a restauração, a distribuição, a agricultura e a indústria alimentar são setores chamados para a discussão que pretende clarificar compromissos, tendências e desafios.

O último painel do seminário apela à ação governativa, contando com a participação do Secretário de Estado do Comércio, Serviços e Defesa do Consumidor, João Torres, do Secretário de Estado da Agricultura e do Desenvolvimento Rural, Nuno Tiago Russo, e do Secretário de Estado da Saúde, António Sales (a confirmar).

Para Alexandra Bento “cada vez há mais informação sobre alimentação, mas nem toda é fidedigna e os portugueses continuam a apresentar insuficiente literacia alimentar, com dúvidas sobre o que comer, como interpretar os rótulos ou como cozinhar de forma mais saudável. É preciso um maior investimento em ações de educação alimentar, persistentes e impactantes, para uma maior literacia alimentar e, consequentemente, escolhas mais saudáveis.”

Recorde-se que a alimentação é um dos principais fatores de risco modificáveis que mais contribui para a mortalidade e morbilidade dos cidadãos e que, segundo a DGS, em Portugal, os hábitos alimentares inadequados são o terceiro principal fator de risco que mais contribui para o total de anos de vida saudável perdidos.

Curso
A Associação dos Obesos e Ex-Obesos de Portugal (Adexo), a Associação Europeia para o Estudo da Obesidade (EASO), a Sociedade...

Vários especialistas nacionais e internacionais vão reunir-se em Lisboa para partilhar várias perspetivas sobre o combate ao aumento de peso depois de um tratamento da obesidade e manutenção do peso, focando a importância de aspetos como a nutrição e a atividade física. Será também debatido o programa “NoHow”, um projeto criado por especialistas do Reino Unido que reúne uma série de ferramentas que permitem a manutenção do peso perdido.

Carlos Oliveira, Presidente da Adexo refere que “uma das principais dificuldades do tratamento da obesidade prende-se com o facto de haver muitas pessoas que recuperaram o peso que perdem. É por que isso que nos juntamos a especialistas médicos portugueses e de outros países da Europa para debater estratégias de manutenção da perda de peso, que é realmente difícil mas muito importante num combate eficaz à obesidade”.

O presidente da Adexo lembra ainda: “os problemas de saúde associados à obesidade são um grande desafio e representam um grande fardo para o nosso sistema de saúde. Os programas de perda de peso existem e funcionam, apesar de ainda estarmos longe de conseguir responder às reais necessidades do país: as listas de espera para cirurgia continuam a aumentar e ainda não dispomos de comparticipação para os tratamentos farmacológicos, duas situações que nos preocupam”.

Entre 2020 e 2050 o excesso de peso e as doenças associadas vão reduzir a esperança de vida em cerca de três anos na média dos países da OCDE e da União Europeia a 28. Em Portugal, a estimativa aponta para uma redução de 2,2 anos nesse período, segundo o relatório The Heavy Burden of Obesity: The Economics of Prevention, que a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE) divulgou recentemente.

A obesidade tem um enorme impacto na saúde, estando associada a mais de 200 outras doenças, como diabetes, dislipidemia, hipertensão arterial, apneia do sono, síndrome metabólica, doenças cardiovasculares, incontinência urinária, e cerca de 13 tipos de cancros, sendo ainda responsável por alterações musculoesqueléticas, infertilidade, depressão, diminuição da qualidade de vida e mortalidade aumentada, o que faz com que constitua um grande encargo económico, motivado pelos seus custos diretos e indiretos.

Esta doença complexa e multifatorial é um dos principais problemas do século XXI, tendo já atingido proporções epidémicas.

Estudo
Quase um quarto das mulheres na faixa etária dos 40 anos (22%) sente-se mais forte do que nunca ao chegar a esta idade e um...

Os resultados desta investigação, que envolveu sete mil mulheres em vários países da Europa, Médio Oriente e África.

Com a idade chega a confiança

Se há uns anos as mulheres viviam presas à sua juventude, atualmente esta tendência tem vindo a alterar-se. De acordo com o estudo “Age and Beauty” as mulheres sentem-se cada vez mais seguras de si à medida que envelhecem e 59% das mulheres na casa dos 40 anos afirmam sentir-se mais capazes nessa idade de fazer as suas próprias escolhas de vida, alcançar e estabelecer objetivos e defender o que acreditam. Quando questionadas sobre a altura da vida em que se sentiram mais inseguras, apenas 8% responderam aos 40 anos.

Um equilíbrio entre carreira e maternidade

A forma como as mulheres pensam sobre as próprias carreiras e a maternidade tem também vindo a sofrer uma mudança nas últimas gerações. Em média, 19% das mães na faixa etária dos 40 anos assume-se como dedicada, mas também como uma trabalhadora bem-sucedida. Em contrapartida, mulheres mais novas, a partir dos 20 anos, assumem-se focadas na carreira (20%) ou à procura de novos desafios (19%).

Tendências nos cuidados dermocosméticos

As conclusões desta investigação permitiram ainda concluir que as mulheres das regiões em estudo começam a dar mais importância aos cuidados da pele quando atingem os 40 anos. É a partir desta idade que escolhem o produto mais adequado, com mais qualidade, valorizando os ingredientes, mesmo que isso implique pagar ligeiramente mais, ao contrário do que se verifica com as mulheres de 20 anos.

“Este estudo demonstra que hoje em dia as mulheres já não se sentem limitadas pela idade. Estão a quebrar estereótipos, a definir o seu próprio caminho e sentem-se cada vez mais capazes de tomar grandes decisões, como mudar de país, ser mãe pela primeira vez ou mudar de trabalho, independentemente da idade”, sublinha Inês Barreto, Brand Activation Manager da Neutrogena®, acrescentando: “Reconhecemos, como marca, que o termo anti idade pode ser pejorativo e, além disso, sabemos que as mulheres não deixam que a idade ou a pele defina quem realmente são, sendo estes aspetos sinónimo de vivências únicas e muita sabedoria. Por isso, decidimos desafiar as mulheres a viverem de acordo com a idade que sentem”.

 

Opinião
Doença rara (DR) é aquela que tem uma incidência de 1 caso em cada 2000 pessoas.
Mulher com ar angustiado

Existem 300 milhões de pessoas no mundo com estas doenças, 36 milhões de Europeus e estima-se que em Portugal existam cerca de 800,000 pessoas portadoras destas patologias.

A carga epidemiológica destas doenças constitui um problema sério para a saúde pública. De elevada complexidade e muitas vezes incapacitantes são um desafio assistencial e para as ciências Biomédicas com necessidades ainda não atingidas a vários níveis.

Atualmente o enquadramento desta subpopulação de pacientes em Portugal está protegida por uma Estratégia Integrada para as Doenças Raras em implementação através de uma abordagem integrada dos Ministérios da Saúde, Segurança Social e Educação, que pretende responder as necessidades sanitárias, sociais e educativas destes doentes.

Do ponto de vista sanitário a espinha dorsal assistencial assenta no estabelecimento de uma rede de referenciação (RR) eficaz e da consolidação de Centros de Referência (CR) que prestem cuidados diferenciados, de elevada especialização, dispensa de medicamentos órfãos, capacidade formativa específica de profissionais de saúde, organização de registos e Investigação médica, e integração em redes de conhecimento europeias (ERN – European Reference Network).

Todo este processo está em curso e estão já designados no País CR para 8 áreas de DR pelo Ministério da Saúde (MS). Ainda um número restrito de intervenção, mas que abrange já algumas centenas de DR. Estes CR são necessariamente Unidades Hospitalares Centrais da Carta Hospitalar portuguesa e são constituídos por equipas pluridisciplinares certificadas pelo MS, algumas delas também já integradas em ERN.

A estratégia organizativa de uma Rede de referenciação beneficia já de Normas de referenciação estabelecidas pela Direção Geral da Saúde (DGS) para vários CR que estão publicadas e em divulgação nos serviços de saúde, desde os cuidados primários.

Na outra face desta estratégia estão os cuidados de proximidade, a articulação adequada com os cuidados primários, o desenvolvimento da hospitalização e terapêuticas domiciliárias, a prestação de cuidados continuados apropriados a estas patologias.

Os apoios ao cuidador, o empoderamento do doente no processo da decisão clínico-terapêutica e a literacia sanitária da população, a colaboração do doente na investigação clínica e farmacológica são áreas em que as Associações de Doentes desempenham um papel fundamental sendo fulcral o seu empenho em todo o processo assistencial.

Foram estabelecidos pela Comissão Europeia e IRDIRC (Consórcio Internacional de caráter mundial para as DR) que até 2020 se conseguissem testes de diagnóstico para grande parte das DR conhecidas – atualmente já possível para cerca de 3.600, e terapêutica específica para 200 DR – objetivos que foram atingidos. Até 2027 pretende-se o diagnóstico no espaço de 1 ano para a totalidade das DR que estiverem descritas e terapêuticas para 1000 DR.

Considerando-se a saúde como um estado de pleno bem-estar para além da ausência de doença, as políticas de apoio social quer nos suportes económicos, integração socioprofissional e emprego, quer no reconhecimento do estatuto de cuidador informal são pedras basilares na estratégia de apoio a doentes e famílias. É também fundamental atender a necessidades de integração escolar e ensino especial assim como de ocupação de tempos livres, particularmente para as camadas mais jovens.

Numa época de evolução das ciências biomédicas, em que a Medicina de precisão, personalizada, centrada no doente em todas as suas vertentes biopsicossociais, em que a relação médico – doente, associada a uma extraordinária evolução tecnológica da intervenção biomédica, volta a ser pedra angular no sucesso dos cuidados de saúde, a posição da medicina clínica, gestora do doente e da utilização criteriosa dos meios complementares e terapêuticos detém enorme responsabilidade na prestação dos cuidados de saúde, incluído na área das DR.

Artigos relacionados

As doenças raras em Portugal e o papel da Medicina Interna

Genética é a principal responsável pelas doenças raras

Heterogeneidade das doenças raras dificulta o desenvolvimento de tratamentos eficazes

Foto: 
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Inflamação cutânea
Além das baixas temperaturas, o inverno traz consigo dias de chuva e de vento que obrigam a precauçõ
Mulher com creme na mão

Provocadas pela exposição ao frio, as frieiras são um problema típico no inverno, que afeta geralmente as extremidades do corpo, como os dedos dos pés, por estarem mais propensos a uma circulação sanguínea insuficiente.

Na origem desta inflamação cutânea está uma contração excessiva dos pequenos vasos sanguíneos existentes à superfície da pele como reação ao frio, que irá depender da sensibilidade de cada pessoa, impedindo o fluxo sanguíneo de chegar às extremidades do corpo. A esta contração sucede-se assim uma recuperação da temperatura da pele, que leva a um congestionamento da circulação, pela rápida expansão dos vasos sanguíneos.

Contudo, a exposição ao frio, à humidade e ao vento não é o único fator de risco para o desenvolvimento de frieiras. Existem outras condições que podem contribuir para o seu aparecimento, entre as quais, antecedentes familiares, alguns problemas de saúde, como problemas circulatórios e cardiovasculares que possam afetar a circulação sanguínea e doenças crónicas, como a diabetes, que afeta a sensibilidade do organismo ao frio, bem como desequilíbrios hormonais. Também as diferenças de temperatura acentuadas, o uso de roupas e calçado muito justos, um baixo índice de massa corporal, o tabaco e o álcool são fatores de risco. Embora todos possamos sofrer de frieiras, esta lesão é mais comum em mulheres, idosos e crianças.

No respeitante aos sintomas desta lesão, estes podem assemelhar-se aos sintomas de uma queimadura. Além de dor e desconforto, esta inflamação poderá provocar inchaço, alterações na cor da pele, descamação, prurido, bolhas, fissuras e úlceras.

Na maioria dos casos, as frieiras são passageiras e desaparecem num espaço de duas a três semanas, sendo ainda assim necessários alguns cuidados, como manter a pele das regiões afetadas seca, evitando a sua exposição ao frio, como também a fontes de calor. No entanto, deverá recorrer a um podologista caso os sintomas se agravem, se sofrer de frieiras de forma recorrente, se não verificar melhorias no espaço de duas a três semanas, se tiver febre ou dificuldades motoras.

Já os diabéticos ou doentes com problemas circulatórios devem ter cuidados redobrados e, sempre que verifiquem qualquer sinal ou sintoma de patologia nos pés, devem recorrer a um podologista, para um correto diagnóstico e acompanhamento.

Quais os cuidados a ter para prevenir este problema?

As frieiras são uma das complicações nos pés mais comuns no inverno, mas existem diversas medidas que podem ajudar a prevenir o seu aparecimento, em especial, hidratar bem os pés. Apesar da pele seca estar frequentemente associada ao verão, também o frio requer cuidados ao nível da hidratação da pele. Além do uso de cremes hidratantes, preferencialmente específicos para os pés, é fundamental evitar a exposição ao frio, bem como a mudanças bruscas de temperatura. Usar roupas e sapatos confortáveis e manter um estilo de vida saudável são ainda alguns dos cuidados a ter.

Não fume e evite o consumo excessivo de cafeína, que contribui para a constrição dos vasos sanguíneos, beba também muita água (mesmo que no inverno não sinta sede), faça uma alimentação saudável e pratique exercício físico, que melhora a circulação sanguínea.

Artigos relacionados

Frieiras, o inverno não é só chuva e vento

Eritema pérnio ou perniose: saiba o que é e como pode prevenir

10 cuidados a ter para proteger os pés do frio

Foto: 
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Prescrição Eletrónica Médica
Mais de 213.000 receitas sem papel foram prescritas no primeiro ano de funcionamento da aplicação de Prescrição Eletrónica...

De acordo com a SPMS – Serviços Partilhados do Ministério da Saúde, a PEM Móvel tem 13.108 médicos registados. Só em janeiro deste ano, 5.912 médicos usaram esta aplicação para prescrever receitas aos seus pacientes. 

No total, a aplicação permitiu prescrever 213.340 receitas sem papel, num total de 478.615 embalagens de medicamentos.

Muito simples e útil nas consultas em contexto de domicílio, ou quando o médico se encontra longe do doente, a aplicação permite  uma maior mobilidade e segurança ao ato de prescrever, tanto para cidadãos, como para médicos que podem prescrever receitas através do telemóvel.

Após a Portaria n.º 390/2019, que lançou a aplicação, a SPMS desenvolveu uma estratégia de formação dos profissionais considerados inadaptados pela Ordem dos Médicos para poderem utilizar a PEM, tendo já promovido 10 sessões com a participação de 67 médicos, estando já agendadas mais 20 ações.

Num ano, a utilização da aplicação de Prescrição Eletrónica Médica tem aumentado de forma significativa e é notória a diferença no ato de prescrever, mais simples, prático e cómodo para os cidadãos e para os médicos que podem prescrever receitas através do telemóvel, sem recorrer ao computador e sem necessidade de cartões.

 

 

Balanço
O Hospital Distrital de Santarém (HDS) realizou cerca de 1247 visitas no âmbito da Hospitalização Domiciliária, nos últimos...

Este serviço alternativo ao internamento convencional da unidade hospitalar tem vindo a alargar a cobertura geográfica inicialmente prevista, desde que foi criado em 28 de julho de 2019.

Em comunicado, a direção do Hospital destaca o “apoio de toda a comunidade, nomeadamente das autarquias, que têm apoiado este projeto, nomeadamente com a aquisição de equipamento que facilita, diariamente, os cuidados prestados a estes utentes”.

A hospitalização domiciliária é uma alternativa ao internamento convencional, que proporciona assistência clínica e de enfermagem no domicílio aos doentes que assim o desejem e que cumpram um conjunto de critérios clínicos, sociais e geográficos.

 

 

Distinção
A Associação Portuguesa de Enfermeiros de Cuidados em Estomaterapia (APECE) e a empresa B. Braun acabam de atribuir o “Prémio...

As três investigadoras foram distinguidas pela submissão do trabalho “Validação do formulário de avaliação do desenvolvimento da competência de autocuidado na pessoa com ostomia de ventilação”, realizado no âmbito do Curso de Mestrado em Enfermagem Médico-Cirúrgica da Escola Superior de Enfermagem do Porto e aplicado em três hospitais do Norte do país. Brizida Manuela Barbosa Pereira foi a investigadora principal, Sílvia Maria Moreira Queirós e Maria Alice Correia de Brito, co investigadoras.

“A utilização de um formulário para a avaliação da competência de autocuidado na pessoa com ostomia de ventilação permite uma recolha de dados mais completa, sistemática e rigorosa, facilitando a identificação das necessidades em cuidados de Enfermagem da pessoa, bem como das intervenções a implementar face às necessidades identificadas. Além disso, contribui para uma melhoria na partilha de informação entre recursos hospitalares e comunitários”, explicaram as investigadoras.

E acrescentaram: “O nosso objetivo foi proceder à validação do formulário. Este é um estudo quantitativo e metodológico. A amostra foi constituída por 195 indivíduos portadores de traqueostomia ou que aguardavam a sua confeção. O instrumento demonstrou um grau elevado de fidelidade, validade e sensibilidade clínica. Mostrou ser uma ferramenta eficaz na colheita de dados, facilitando a conceção de cuidados de Enfermagem, nomeadamente no que diz respeito ao diagnóstico e intervenções a serem implementadas.”

A atribuição do “Prémio Augusta Pinheiro de Boas Práticas em Investigação 2020” foi feita no Congresso Nacional de Estomaterapia 2020, que se realizou a 14 a 15 de fevereiro, na Figueira da Foz, e cuja temática principal foi a “Transição segura da pessoa com ostomia”.

O “Prémio Augusta Pinheiro de Boas Práticas em Investigação” foi criado em 2017, pela APECE e pela B. Braun. Distingue o melhor trabalho de investigação clínica para a área de Estomaterapia, submetido ao secretariado da APECE para esse efeito, e ao qual a empresa B. Braun atribui um montante total de 2 mil euros ao investigador ou investigadores distinguidos.

 

Especialista desconstrói mito
Não se sabe exactamente porque é que algumas pessoas são homossexuais e outras não.

Pertencem às mais diferentes idades, classes sociais, culturas, raças, nacionalidades e religiões, e formam um grupo bastante heterogéneo. Mas a incidência na população mundial parece ser quase constante, sendo de aproximadamente 4% a 8% para os homens homossexuais e de 2% a 3% relativamente a mulheres homossexuais. Isso sugere fortemente a dominância de fatores biológicos, independentemente de poder haver eventuais factores sociais e culturais.

Desde 1973 que a homossexualidade deixou de pertencer à lista oficial das doenças psiquiátricas. Mas a procura de factores biológicos só passou a ser uma constante desde os anos 1990, com grande controvérsia e elaboração de várias teorias explicativas, sobretudo genéticas e hormonais. A controvérsia tem origem, sobretudo, porque uma possível explicação biológica da homossexualidade remete para a grande questão que, durante séculos e nas várias culturas, tem acompanhado a homossexualidade: é doença ou é pecado? A existência de uma base biológica seria uma espécie de “desculpabilização” da homossexualidade, com provável aumento da tolerância e aceitação dos homossexuais em muitas sociedades.

As evidências disponíveis sugerem que os fatores hormonais não são determinantes para a homossexualidade, embora possam estar presentes. Pelo contrário, parecem existir fatores genéticos, mas totalmente aleatórios, com um papel na determinação da sexualidade da mesma forma que é determinado, por exemplo, o ser-se canhoto. Ou seja, não existe um gene da homossexualidade, mas parecem existir genes que estão correlacionados com a homossexualidade, no sentido que aparecem em homossexuais e não em heterossexuais.

As teorias psicobiológicas da homossexualidade alicerçam-se em alguns trabalhos sérios. Em 1991, Simon LeVay, neurobiólogo americano, colocou em evidência uma particularidade anatómica presente no cérebro dos homossexuais masculinos. Em 1993 o Dean Hamer, geneticista americano, atribuía a uma zona do cromossoma sexual denominada Xq28 a possível origem da homossexualidade masculina. Também entre 1991 e 1993, o psicólogo Michael Bailey e o psiquiatra Richard Pillard, estudaram a orientação sexual de irmãos gémeos, idênticos e não idênticos, com resultados que sugeriam a existência uma forte componente genética. Em 1994, a Associação Americana de Psicologia postulou que a investigação científica sugeria que a orientação sexual fica determinada desde muito cedo no ciclo da vida, possivelmente mesmo antes do nascimento. Em 2005, os investigadores Glenn Wilson e Qazi Rahn publicaram a obra “Born Gay: The Psychobiology of Sex Orientation”, onde concluíram que a orientação sexual é determinada por uma combinação de factores genéticos e hormonais e que as vivências na infância, o ambiente familiar, a educação e escolha pessoal têm pouca ou nenhuma influência no assunto. Ou seja, as pessoas homossexuais nascem homossexuais.

Se a procura de gene, ou genes, responsáveis pela homossexualidade é de algum modo decepcionante, porque não definitiva, a hipótese de uma causa hormonal ainda é mais frustrante. Havendo evidência na importância das hormonas pré-natais nas situações de intersexualidade e de transexualidade, em relação à homossexualidade nenhum hipótese se mostrou conclusiva. De maior impacto foi apenas a publicação, em 1998, de investigadores da Universidade do Texas, que afirmaram ter identificado uma particularidade nas orelhas de mulheres lésbicas, associada geralmente ao sexo masculino, tendo sugerindo esta diferença como estando relacionada com a exposição do feto a determinadas hormonas, que por sua vez também actuariam sobre certas partes do cérebro com influência na orientação sexual. Em 2005, foi publicado um estudo do Instituto Karolinska, na Suécia, que detectou através de PET, que os homens homossexuais têm uma resposta fisiológica às feromonas masculinas semelhante à das mulheres heterossexuais. Tudo muito pouco conclusivo.

Resumindo, ainda há cerca de 30 anos era defendida a teoria do “heterossexismo”, em que todos nascem heterossexuais e que a homossexualidade é uma escolha, o que permitia defender que os homossexuais podiam ser “tratados”, isto é, persuadidos a voltar a ser heterossexuais. Hoje é quase consensual que ninguém escolhe a sua sexualidade. Mas embora se reconheça a presença de fatores genéticos, os verdadeiros mecanismos explicativos da homossexualidade ainda não são cabalmente conhecidos.

Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Procedimento estético
Muitas vezes confundida com a Lipoaspiração, a verdade é que a Lipoescultura Superficial apresenta c
Mulher com barriga gorda

De acordo com o cirurgião plástico, Luiz Toledo, a Lipoescultura Superficial permite, para além da aspiração de gordura localizada, a injeção “dessa gordura noutras partes do corpo ou da face”.  Esta técnica, que na realidade é uma versão melhorada da tão procurada Lipoaspiração, ao utilizar cânulas mais finas para a aspiração permite retirar o excesso de gordura que se encontra mais à superfície, junto à pele. Além disso, e uma vez que ao tratar estas camadas mais superficiais permite uma melhor retração da pele, esta técnica reduz a possibilidade de deixar cicatrizes visíveis.
No entanto, apesar de poder ser indicada “a todas as pessoas de todas as idades”, ela só pode ser usada em determinadas áreas do corpo, como os braços, parte interna das coxas, pescoço ou a parte inferior do abdómen. Ou seja, são as áreas de pele mais fina que beneficiam da Lipoescultura. As marcas são mínimas: “mais ou menos 5 milímetros”, o que as torna quase imperceptíveis.

Antes de realizar este procedimento, os cuidados são os mesmo que para a lipoescultura. “São necessários exames de sangue, como para qualquer cirurgia, eletrocardiograma para pacientes acima dos 40 anos, tirar fotografias do antes e medir as áreas a serem operadas”, explica o especialista.

Quanto ao método anestésico utilizado, Luiz Toledo revela que este depende “da área a ser operada e da quantidade de gordura a ser aspirada”. “Para pequenos procedimentos, onde ser vai aspirado menos de um litro de gordura, a cirurgia pode ser feita sob sedação e anestesia local”, revela. Caso se tratem de áreas maiores, é utilizada anestesia local em conjunto com a anestesia geral.

O tempo de recuperação também é variável e pode ir de uma a duas semanas, dependendo da quantidade de gordura aspirada. “Pode haver inchaço e manchas roxas na pele, no entanto, estas desaparecem ao fim de três semanas”, adianta o cirurgião. Quanto ao inchaço, segundo o especialista, este diminui cerca de 80% no primeiro mês, “90% no segundo, mas os 10% finais podem levar até seis meses a desaparecer”.

Entre as principais recomendações durante o período pós-operatório, Luiz Toledo aconselha a “repouso relativo” durante a primeira semana, caminhando no máximo dois quilómetros por dia. Não deve conduzir nos primeiros sete dias e deve usar uma cinta elástica no local operado “por pelo menos três semanas”. O exercício físico está desaconselhado durante as quatro semanas imediatamente a seguir.

“A técnica de drenagem linfática manual pode ser usada a partir do segundo dia do pós-operatório para melhorar o conforto e ajudar a desinchar”, acrescenta ainda.

No entanto, apesar de esta ser uma técnica relativamente segura e eficaz – “o principal risco é a criação de irregularidades no local aspirado” – Luiz Toledo apela a que se procurem profissionais credenciados, membros da Sociedade Portuguesa de Cirurgia Plástica Reconstrutiva e Estética (SPCPRE) ou da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (ISAPS). Estes “são cirurgiões treinados e a possibilidade de vir a ter complicações é muito menor. Não acredite em anúncios milagrosos. Procure alguém que já foi operado pelo médico e peça referências”, aconselha.

Por último, convença-se de que nenhum procedimento estético trata a obesidade ou o faz livrar-se da celulite. “Lipoaspiração, qualquer que seja, não é tratamento para a obesidade”, apenas serve para tratar gordura localizada.

Quanto às irregularidades da celulite, estas podem diminuir com o tratamento adequado, “usando-se cânulas que tratam as aderências fibrosas”, no entanto, tal como explica o cirurgião plástico, uma vez que a causa da celulite não está a ser trata, “com o tempo o problema volta a surgir”.

Artigos relacionados

Abdominoplastia: a solução para uma barriga lisa e firme

Os mitos da cirurgia plástica em que pode parar de acreditar

Facelift: uma finta à idade

Foto: 
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Alimentação
A má alimentação é a principal causa de mortalidade em todo o mundo e o principal fator de risco de
Mulher na cozinha com vários alimentos

A alimentação contribui para melhorar as funções dos sistemas nervoso, imunitário e endócrino, impactando diretamente as experiências de dor, tendo em conta que a perda ou a manutenção do peso reduz a carga nas articulações e, consequentemente, a inflamação. Para além disso, a alimentação e o peso têm impacto no risco e/ou gravidade de outras comorbilidades associadas, como doenças cardiovasculares, diabetes e ansiedade, que coexistem frequentemente e agravam a dor crónica.

Não menos importante é o facto de a dor crónica afetar diretamente a autoestima dos indivíduos, colocando em causa o desempenho de tarefas básicas do dia-a-dia, como ir às compras, cozinhar, que se tornam um desafio e geram manifestações como ansiedade, depressão, insónia e cansaço permanente. As insónias, por sua vez, podem provocar alterações nos hábitos alimentares.

Reduzir a inflamação para ajudar a proteger o organismo de danos oxidantes pode fazer-se através do consumo de fruta e legumes, de gorduras Omega-3 e azeite. A deficiência de vitamina D, B12 e magnésio é bastante comum em pessoas com dor crónica. A vitamina D é um antioxidante e está associada à redução da fadiga muscular, a vitamina B12 desempenha um papel relevante nos processos neurológicos relacionados com a dor e o magnésio está associado à redução de espasmos musculares, inflamação e dor neuropática. Desta forma, o consumo de alimentos ricos nestes nutrientes pode garantir níveis de vitaminas e minerais adequados, evitando défices em micronutrientes que podem agravar a dor. Também a desidratação pode aumentar a sensibilidade à dor, pelo que a ingestão de água e de alimentos ricos em água é essencial para a correta circulação de nutrientes e eliminação de resíduos.  

Reduzir e limitar o consumo de alimentos ultraprocessados e a ingestão açúcares é essencial, dado que estes contribuem de igual forma para o aumento da inflamação e da oxidação. O maior consumo destes alimentos e/ ou bebidas levam a um aumento do risco de problemas de saúde e doenças crónicas associadas, tais como doenças cardiovasculares e diabetes, por exemplo.

Sendo 2020 o Ano Internacional da Prevenção da Dor, é fundamental alertar para o impacto significativo das intervenções nutricionais na redução da dor, uma relação ainda desvalorizada. A APED, em parceria com a IASP e a EFIC, pretende criar, ao longo do ano, estratégias de prevenção da dor que envolvam profissionais de saúde, comunidade científica e doentes, com o objetivo de obter melhores resultados. 

Artigos relacionados

O papel da anestesiologia no controlo da dor

Caminhar pode ser o suficiente para prevenir e controlar a dor

«Várias vezes me disseram que era eu que estava a imaginar a dor»

Foto: 
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.

Páginas