Opinião
A partir do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra (CES-UC), o Projeto europeu Diversi

Portugal tem sido apontado como um país exemplar pelo seu percurso de reconhecimento de direitos LGBTI+. O mais recente relatório da OCDE1, apresentado a 24 de junho, destaca Portugal como o segundo país mais dinâmico nesta matéria. Já anteriormente, o Inquérito Europeu LGBTI realizado pela Agência dos Direitos Fundamentais da União Europeia (FRA) permitira conhecer comparativamente este progresso.

Parece significativo que, numa longa caminhada pela inclusão iniciada em 20012, o último grande passo do legislador tenha sido a aprovação da Lei de Autodeterminação de Género em 2018 (Lei nº38/2018, de 7 de agosto), cuja regulamentação visa proteger crianças e jovens face a qualquer forma de violência com base na sua identidade ou expressão de género.

Mas estarão as/os profissionais de saúde e educação, entre outros, preparados para implementar a Lei de Autodeterminação? Como definem género? Que importância lhe atribuem no exercício das suas funções? E que preparação terão recebido nesta matéria, ao longo do seu percurso académico e da sua formação profissional, incluindo formação contínua? Quais as maiores dificuldades que sentem? Estas foram algumas das questões a que procurámos responder através do 1º Inquérito Europeu Diversidade e Infância, construído e implementado entre Fevereiro e Março de 2020 em 9 países por uma equipa de investigadoras do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, no âmbito do projeto Diversity and Childhood - Changing social attitudes towards gender diversity in children across Europe.*

Um ano após as medidas de regulamentação da Lei de Autodeterminação, importa conhecer as perceções e dificuldades sentidas por profissionais no terreno, responsáveis pelo cumprimento das medidas que visam justamente proteger crianças e jovens com diversidade sexual e de género. As áreas de intervenção profissional selecionadas foram a Educação, a Saúde, a Intervenção Familiar, os Media e o Espaço Público e Comunitário. Os resultados preliminares para Portugal do Inquérito Europeu Diversidade e Infância permitem extrair conclusões significativas.

Perceções e desafios profissionais no âmbito da autodeterminação de género de crianças e jovens em Portugal

Relatório com base nos resultados do 1º Inquérito Europeu Diversidade e Infância

Abordagem de género

Para a esmagadora maioria de profissionais inquiridos, o género é uma construção social e não uma categoria definida por critérios médicos, o que parece ir ao encontro do cumprimento das normas em matéria de autodeterminação de género. No entanto, para 36% o género define-se como um conjunto de características biológicas e quase ¼ dos profissionais defende ainda uma visão binária do género, fazendo-o coincidir com as categorias sexo masculino e sexo feminino. Esta situação torna plausível a existência obstáculos a crianças e jovens trans, intersexo e não-binários no contacto com profissionais e serviços.

Apesar de uma maioria de profissionais se percecionar como aliada de pessoas de género e sexualidades diversas (58%), 15% considera-se indiferente a esta questão. Essa indiferença é sentida sobretudo nas áreas da educação, intervenção familiar e espaço público. Uma abordagem profissional que ignora as fortes assimetrias de género e sexuais, escudando-se com o princípio de igualdade de tratamento como se esse princípio tivesse uma tradução automática nas práticas quotidianas e/ou institucionais, reproduz necessariamente desigualdade estrutural e, como tal, é cúmplice da desproteção de crianças e jovens LGBTI+.

Défice na formação

Um dado que nos deve fazer refletir é a total ausência de questões LGBTI+ na formação académica e curricular de grande parte destes/as profissionais, com mais de metade a admitir nunca ter feito, posteriormente, uma atualização de conhecimentos ou uma formação específica para o trabalho com crianças e jovens LGBTI+.

Encontramos ainda a perceção transversal a todas as áreas de que muitas instituições em que estes/as profissionais trabalham não são recetivas ao tema da diversidade sexual e de género na infância e juventude. A falta de recursos disponíveis nas instituições sugere que estes profissionais tenham de procurar por iniciativa própria o apoio de que necessitam para o exercício das suas funções nesta vertente, o que sucede apenas de modo residual.

Destes resultados torna-se evidente a necessidade de formação em diversidade sexual e de género direcionada a profissionais de todas as áreas. Com efeito, entre os fatores que mais dificultam a intervenção, surgem destacados a falta de formação para trabalhar especificamente com crianças e jovens LGBTI+ (81.2%), a falta de conhecimento sobre práticas afirmativas/recursos LGBTI+ (78.3%), a falta de conhecimento por parte das/os técnicos/as acerca dos serviços disponíveis (69.8%) e de questões LGBTI+ em geral (66.7%), e a falta de serviços para crianças LGBTI+ (60.9%). E, de facto, 40% dos/as profissionais que responderam ao Inquérito desconhece a existência de qualquer serviço local, regional ou nacional dirigido a crianças e jovens LGBTI+.

Estes dados são corroborados pelo Inquérito LGBTI da Agência dos Direitos Fundamentais da União Europeia (FRA, 2020) que apontam para que 92% das/os jovens entre os 15 e os 17 anos não reporte oficialmente agressões. Parece haver uma sensação de falta de segurança nos serviços e nos profissionais, facto que dificulta uma intervenção integrada.

Educação

Um dado merecedor de atenção é o facto de 73% dos profissionais de Educação nunca ter recebido qualquer formação que lhes permita apoiar um/a estudante LGBTI+ em meio escolar. Igualmente alarmante será o facto de mais da metade destes profissionais revelar não ter acesso a recursos ou políticas específicas para crianças LGBTI+ na instituição onde trabalha, a fim de garantir uma intervenção abrangente e adequada.

Apesar desta ausência de formação, 64% considera existirem necessidades específicas a ter em conta em relação a crianças e jovens LGBTI+ na área de trabalho em que exerce a sua atividade profissional. Entre estes/as profissionais, perto de metade assinala como problemática a ausência de representação, em manuais escolares, da diversidade de género na infância.

Não obstante os avanços legislativos, quase metade dos/as profissionais considera que legislação nacional deve ser melhorada e/ou efetivamente monitorizada de modo a proporcionar reconhecimento e proteção a estudantes LGBTI+ em ambiente escolar. A este propósito sublinhe-se que 68% concorda que os temas de género e diversidade sexual devem ser abordados nas escolas, e que essa mudança deve passar pela formação de professores (64%).

Saúde

Menos de metade dos/as profissionais de saúde inquiridos/as recebeu algum tipo de conteúdo formativo na área LGBTI+. No entanto, a maior parte indica que seu local de trabalho é geralmente recetivo a intervenções específicas na vertente da diversidade de género na infância, e 81% reconhece que é ainda possível melhorar o apoio prestado a crianças e jovens LGBTI+.

Outro dado com grande relevância ao nível da saúde é o facto de ¾ dos profissionais desta área considerar que a maior dificuldade que as crianças e jovens LGBTI+ enfrentam no acesso aos cuidados de saúde é a falta de confiança nos serviços. Urge, portanto, implementar medidas centradas na pessoa paciente, que permitam trabalhar a proximidade e a relação de confiança, para que crianças e jovens LGBTI+ entendam o consultório médico enquanto espaço seguro, inclusivo e livre de violência. A este propósito note-se a importância das questões relacionadas com saúde mental, considerada uma área de grande carência de serviços para crianças e jovens LGBTI+, a par da intervenção com famílias destas crianças (46%) e o apoio social (43%).

Intervenção familiar

A grande maioria dos/as profissionais na área da intervenção familiar não presta apoio específico a crianças e jovens LGBTI+.

Apenas 16% das pessoas respondentes nesta área recebeu algum tipo de formação sobre diversidade sexual e de género ao longo do seu percurso académico ou profissional, mas todos reconhecem que as questões LGBTI+ deveriam ser incluídas regularmente na formação contínua.

Media

Todas as pessoas participantes no Inquérito na área dos média reconhecem a inexistência de intervenção específica e uma ausência generalizada de trabalho direcionado para o tema da diversidade de género na infância e juventude, decorrente do facto de os meios de comunicação social não serem recetivos ao assunto. Entre os obstáculos a um trabalho inclusivo da diversidade sexual e de género destaca-se a crença enraizada de que o jornalismo, para ser objetivo, deve ser neutro, o que impede a adoção de uma perspetiva de género na prática jornalística. Entre os/as profissionais de media respondentes, nenhum/a recebeu formação sobre diversidade sexual e de género, ou viu sequer o tema LGBTI+ abordado durante todo o seu percurso académico.

Espaço Público e Comunitário

Metade dos profissionais que trabalham nesta área considera a sua instituição pouco recetiva a intervenções específicas com crianças e jovens LGBTI+ e reconhece a presença de situações discriminatórias. Estes profissionais sugerem, como boas práticas a adotar, maior abertura à diversidade sexual por parte de técnicos/as e instituições, intervir em situações de comportamentos discriminatórios quando ocorrem, criar maior consciencialização acerca da diversidade sexual e de género, e fazer o mainstreaming de género e sexualidade na formação e aconselhamento profissional.

Conclusão

Após uma longa história de preconceito e discriminação consagrada juridicamente, os primeiros 20 anos do século XXI colocam Portugal na linha da frente de mudanças fundamentais em matéria de cidadania íntima, sexual e reprodutiva. Esse percurso conhece uma importante aceleração a partir do momento em que os movimentos sociais que trabalham nesta área encontram uma interlocução eficiente na Secretária de Estado da Cidadania e Igualdade, cargo ocupado por Catarina Marcelino, entre 2015 e 2017, e Rosa Monteiro, desde então. Com este apoio institucional, temos vindo a assistir a um trabalho consistente na transversalização de medidas de não-discriminação, sobretudo nas áreas da Educação e Saúde, com o envolvimento notável e sem precedentes dos respetivos Ministérios, e a aprovação de planos específicos visando assegurar condições de maior justiça para pessoas LGBTI+. Destaque-se, a este respeito, a Estratégia Nacional Portugal +Igual, que identifica a igualdade e a não discriminação como condições para a construção de um futuro sustentável para o país.

No entanto, a eficácia destas medidas depende do modo como forem efetivamente implementadas no terreno, estando frequentemente refém da boa vontade de profissionais e serviços que continuam a revelar fortes défices e/ou que se confrontam com desafios e resistências que importa superar. Esta necessidade assume maior

relevo na vertente que se reporta a crianças e jovens da Lei da Autodeterminação de Género.

Em suma, a falta de confiança nos serviços confirma a urgência de criar respostas específicas por parte das instituições e, por conseguinte, considerar os/as profissionais como agentes de proximidade face a populações vulneráveis. Este estudo torna evidente que existe ainda um caminho por fazer no que respeita à criação e promoção de espaços seguros para as crianças LGBTI+, daí que o sucesso da Lei da Autodeterminação de Género dependa da implementação de planos de ação LGBTI+ nas instituições, de modo a apoiar uma intervenção eficaz junto destas crianças e jovens.

Concluímos que a falta de formação específica sobre diversidade sexual e de género com um enfoque na infância prejudica a capacidade dos/as profissionais em todas as áreas abrangidas em implementar as medidas previstas na Lei de Autodeterminação. A falta de recursos e uma desatenção estrutural face aos temas de género são apontados como principal causa desta ausência de formação.

Face a este cenário, recomendam-se planos de ação LGBTI+, apostados na formação curricular e contínua, direcionados aos vários setores profissionais, que validem institucionalmente este tipo de conhecimento e intervenção centrada na infância sem deixar que a transformação se opere no tereno graças à boa vontade de profissionais que querem aprender mais. Tal esforço requer o empenho continuado da tutela no desenho da monitorização e acompanhamento da Lei de Autodeterminação, nomeadamente através do envolvimento do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social e do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, a par dos Ministérios da Educação e da Saúde cujo trabalho nesta área é já reconhecido.

Caso contrário, corremos o risco de ter um enquadramento jurídico progressista que garante proteção à criança com diversidade de género paralelamente à manutenção de serviços não capacitados para implementar a Lei de Autodeterminação, deixando estas crianças e suas famílias num impasse insustentável. Recordamos que o dever de garantir o superior interesse das crianças se reporta a todas, incluindo crianças com diversidade de género. 

Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Ensaio Clínico
Os resultados positivos do estudo de fase 3 TOURMALINE-MM4, ensaio clínico aleatorizado que avalia o efeito de ixazomib em...

O estudo TOURMALINE-MM4 atingiu o objetivo primário demonstrando que o tratamento com ixazomib em monoterapia resultou numa melhoria estatisticamente significativa na sobrevivência livre de progressão versus placebo em doentes adultos com mieloma múltiplo não candidatos a transplante de células estaminais ([HR] 0,659; IC: 95%; p <0,001). Isto corresponde a uma redução de 34% no risco de progressão ou morte em doentes tratados com ixazomib. O perfil de segurança foi consistente com os resultados reportados anteriormente com uso em monoterapia.

“Existe uma necessidade médica não satisfeita no tratamento de manutenção para o mieloma múltiplo, em que as opções atuais aprovadas são limitadas,” afirmou Joana Tato, Disease Area Lead, Oncology, Takeda Portugal. “Dados clínicos do estudo de fase 3 reforçam o papel do inibidor de proteassoma como terapêutica de manutenção e sugerem que o tratamento a longo prazo pode melhorar a resposta, além de a prolongar. Estes dados podem ser muito impactantes especialmente na população alvo deste estudo, os doentes de mieloma múltiplo não candidatos para transplante de células estaminais que são os que normalmente têm menos opções terapêuticas disponíveis.”

Principais dados do ensaio TOURMALINE-MM4, apresentados incluem:

O ensaio atingiu o endpoint primário, em que o tratamento com ixazomib resultou numa melhoria na sobrevivência livre de progressão estatística e clinicamente significativa em doentes adultos diagnosticados com mieloma múltiplo não candidatos a transplante de células estaminais ( [HR] 0,659; IC: 95%; p <0.001). A mediana de sobrevivência livre de progressão no braço de ixazomibfoi de 17,4 meses em comparação com os 9,4 meses do braço de placebo. Isto corresponde a uma redução de 34% no risco de progressão ou morte em doentes tratados com ixazomib.

O perfil de segurança de ixazomib é consistente com os resultados previamente reportados com o uso de ixazomib em monoterapia e não existiram novos sinais de segurança identificados.

“Os dados positivos de fase 3 que avaliaram ixazomib como terapêutica de manutenção em doentes não candidatos a transplante de células estaminais demonstram uma melhoria significativa na sobrevivência livre de progressão bem como um aprofundamento da resposta,” afirmou Carlos Ribeiro, Oncology Country Head, Takeda Portugal. “Juntamente com os resultados do ensaio US MM-6 (switch de bortezomib subcutâneo para o inibidor de proteasoma oral), esta informação adiciona à evidência que suporta a utilização de ixazomib como um medicamento eficaz, tolerável e conveniente para os doentes com mieloma múltiplo.”

O medicamento está atualmente aprovado em combinação com lenalidomida e dexametasona no tratamento de doentes adultos com mieloma múltiplo recidivante e/ou refratário em mais de 65 países, incluíndo Portugal

Na China
Investigadores chineses identificaram, no organismo de porcos criados em diversas províncias do país, uma nova variante do...

O vírus detetado em suíno está a deixar os cientistas preocupados. Se, por um lado, as atuais vacinas contra a gripe não parecem conferir proteção significativa contra o mesmo; por outro, apesar de ter origem em animais, consegue infetar células humanas. Sabe-se aliás que alguns criadores de porcos chineses já apanharam o vírus e recuperaram, a julgar pela presença de anticorpos no sangue.

Dados sobre a nova estirpe do vírus influenza, como também é conhecido o causador da gripe, acabam de ser publicados na revista da Academia Nacional de Ciências dos EUA (PNAS), num estudo coordenado por George Gao, do Centro Chinês de Controle e Prevenção de Doenças.

Gao e os seus colegas integram um esforço de mapeamento epidemiológico dos vírus influenza em porcos que, entre 2011 e 2018, colheu quase 30 mil amostras de muco do focinho de porcos em dez províncias chinesas que abrigam grandes populações de suínos. Ironicamente, o trabalho foi encaminhado para publicação em dezembro de 2019, pouco antes da crise de saúde pública causada pelo novo coronavírus ganhar corpo na China.

Ficar de olho na evolução dos vírus de porcos é uma medida lógica porque o organismo desses mamíferos domésticos é considerado um “misturador” natural de diferentes estirpes de gripe, como as que circulam em aves (tanto selvagens como domésticas) e em seres humanos.

Não é por acaso que a pandemia de influenza de 2009 ganhou o apelido de “gripe suína”, e sabe-se inclusive que, durante aquele episódio pandémico, houve transmissão de humanos para porcos.

Diferentes formas do vírus da gripe “baralham” frequentemente o seu material genético dentro do organismo dos seus hospedeiros, um processo que costuma dar origem a novas combinações, as quais podem apanhar de surpresa as defesas de futuras vítimas. É o que parece ter acontecido com as novas variantes identificadas pelos investigadores chineses, apelidadas de G4 (genótipo 4).

Assim como o vírus da gripe de 2009, os vírus G4 são classificados como H1N1 (sigla de duas moléculas importantes que compõem o vírus, responsáveis pela sua entrada e saída das células infetadas). Mas sofreram tantas mutações que a vacina contra os vírus H1N1 já conhecidos não é capaz de neutralizá-los.

Além disso, outras moléculas do vírus vêm de misturas genéticas com duas outras estirpes, uma similar à gripe das aves e outra que circulava na América do Norte. Trata-se, portanto, de uma junção de três formas anteriores do vírus influenza, numa combinação que não tinha sido vista até agora.

Experiências feitas com células humanas e com furões (animais muito usados para estudar a evolução da gripe) mostraram que os vírus G4 infetam com facilidade esse tipo de célula e causam sintomas típicos de gripes relativamente graves. Uma análise de anticorpos no sangue a pessoas que fazem criação de porcos nas mesmas províncias chinesas revelou que 10% já teve contato com a nova estirpe.

Os especialistas defendem a intensificação do monitoramento e do controle entre suínos de modo a evitar que o novo vírus consiga espalhar-se mais entre os seres humanos.

Rede de Ação HPV
O Coordenador do Grupo de Oncologia Molecular e Patologia Viral, do Instituto Português de Oncologia do Porto Francisco Gentil ...

O cancro do colo do útero, o segundo tipo de cancro mais frequente na mulher em todo o mundo, é a doença mais relevante associada à infeção por HPV, embora também já seja «um importante fator de risco para o cancro de cabeça e pescoço, especialmente na região da orofaringe», explica Rui Medeiros, em comunicado enviado à Lusa, no dia 29 de junho.

As políticas de prevenção e a regulamentação do acesso ao rastreio são as maiores prioridades do grupo de trabalho – HPV Action Network, que pretende efetivar recomendações europeias padronizadas.

Pretende-se desenvolver políticas de saúde que ofereçam um acesso equitativo à vacinação, triagem, tratamento e literacia para a saúde em todos os países da Europa.

 

Saúde infantil
O impetigo é uma infeção bacteriana cutânea contagiosa muito frequente.

Entre as crianças, as principais razões de contágio são o contacto direto com outras crianças infetadas, com brinquedos e animais de estimação, aliadas a condições de higiene deficitárias. Entre os adultos, as causas mais comuns passam pelo contacto com crianças infetadas (heteroinoculação) e a infeção de lesões cutâneas pré-existentes (impetiginização secundária)2.

Segundo Miguel Trincheiras, dermatologista, diretor da Clínica Derme.pt em Lisboa, “no verão, o número de casos de impetigo tende a aumentar, sobretudo porque as temperaturas mais elevadas favorecem a propagação da infeção, o nosso corpo fica mais exposto, os cuidados de higiene muitas vezes diminuem e o contacto interpessoal também é maior”.

Além dos sintomas como dor, prurido, desconforto, bolhas e marcas na pele4-5, a sintomatologia é, muitas vezes, responsável por um forte estigma social devido à presença de erosões e crostas visíveis na pele, e pela associação a uma higiene deficitária4. Ainda mais perigoso são os, felizmente raros, casos de atingimento renal secundário podendo conduzir a lesões renais definitivas (glomerulonefrite), por imunidade cruzada. Por ser altamente contagioso, é aconselhado o isolamento parcial das crianças com impetigo, por forma a evitar a transmissão da bactéria e a sua disseminação.

O diagnóstico correto do impetigo é fundamental para tratar a doença de forma eficaz, assim como para prevenir o uso incorreto de antimicrobianos. O diagnóstico atempado permite prevenir a propagação da infeção e a sua evolução para casos mais graves da doença4,6 entre os quais o atingimento renal.

O médico especialista acrescenta que "é importante ficar atento aos primeiros sinais por forma a garantir um diagnóstico atempado e evitar a evolução da doença. Um tratamento adequado permite reduzir a propagação da infeção, acelerar a sua resolução, e impede a sua progressão para condições mais graves. Além disso, a criança aceitará melhor um tratamento que permita melhorias mais rápidas para poder continuar a usufruir da sua liberdade”.

Em alguns casos ligeiros de impetigo a cura é espontânea, mas lenta e mantendo a contagiosidade. O tratamento do impetigo, prescrito por um médico, é fundamental tanto para tratar a doença de forma eficaz, como para prevenir o uso incorreto de antimicrobianos, uma ameaça constante na eficácia do tratamento de infeções comuns, responsável por piores resultados nos doentes, conduzindo a potenciais resistências bacterianas e aumentando a carga económica dos sistemas de saúde7-8.

Referências:
1. Bowen AC, Mahé A, Hay RJ, Andrews RM, Steer AC, Tong SYC, et al. The Global Epidemiology of Impetigo: A Systematic Review of the Population Prevalence of Impetigo and Pyoderma. PLoS One. 2015;10(8):e0136789.
2 Cole C, Gazewood J. Diagnosis and treatment of impetigo. J Am Acad Dermatol. 2007;75(6):859–64.
3. Schachner AL, Torrelo A, Grada A, Micali G, Kwong P, Scott GB, Benjamin L, Gonzalez ME, Andriessen A, Eberlein T, Eichenfield L.Treatment of Impetigo in the Pediatric Population: Consensus and Future Directions. J Drugs Dermatol 2020; 19(3): doi 10.36849/JDD.2020.4679 https://jddonline.com/articles/dermatology/S1545961620P0281X/1
4. Feaster T, Singer JI. Topical therapies for impetigo. Pediatr Emerg Care. 2010;26(3):222–31.
5. Hartman-Adams, H., Banvard, C., & Juckett, G. (2014). Impetigo: diagnosis and treatment. American family physician, 90(4), 229-235.
6 Koning S, Van Der Sande R, Verhagen A, Van Suijlekom-smit L, Morris A, Butler C, et al. Interventions for impetigo (Review). Cochrane Library. Cochrane Database of Systemic Reviews. John Wiley & Sons; 2012. 
7. Stevens DL, Bisno AL, Chambers HF, Dellinger EP, Goldstein EJC, Gorbach SL, et al. Practice guidelines for the diagnosis and management of skin and soft tissue infections: 2014 update by the Infectious Diseases Society of America. Clin Infect Dis. 2014;59(2):e10–52.
8. Van Bijnen E, Paget J, Den Heijer C, Stobberingh E, Bruggeman C, Schellevis F. Evidence-based primary care treatment guidelines for skin infections in Europe: A comparative analysis. Eur J Gen Pract. 2014;20(4):294–300.

 

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Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Covid-19
A região de Lisboa vai ter mais médicos para mapear os casos de Covid-19 e equipas multidisciplinares no terreno, que podem...

António Lacerda Sales, anunciou o reforço de médicos na zona de Lisboa, numa “tentativa de identificar e conter as cadeias de transmissão através do mapeamento de todos os casos ativos no concelho”.

Paralelamente, o Coordenador do Gabinete Regional de Intervenção, Rui Portugal, anunciou que vão começar a ir para o terreno algumas das 12 equipas – em Loures, Odivelas, Amadora, Sintra e Lisboa – para tentar garantir que os casos de isolamento definidos pelas autoridades de saúde sejam efetuados.

Estas equipas contam com elementos da proteção civil, segurança social e com “um apoio das forças de segurança, se necessário para que seja efetivado o isolamento”, explicou Rui Portugal.

A situação na região de Lisboa e Vale do Tejo “continua a ser a que inspira mais atenção” das autoridades de saúde, por ser a que concentra a grande maioria dos casos diários, lembrou o secretário de estado.

Os últimos dados divulgados revelam um aumento de 244 novos casos em todo o país em 24 horas, sendo Lisboa a zona mais atingida.

“É tempo de reforço das equipas e da definição de estratégias dirigidas a uma zona do país que tem características diferentes das outras, por isso estamos a fazê-lo”, afirmou o secretário de estado, considerando que chegou agora o “momento do trabalho de terreno”.

António Lacerda Sales recordou o reforço dos serviços de saúde pública dos concelhos mais afetados. A juntar aos 20 médicos já anunciados, “prevê-se a entrada em funções de mais dez esta semana”.

“Adicionalmente, está em curso a entrada de cerca de 80 médicos internos em especial para trabalho em tempo parcial”, anunciou ainda o governante, acrescentando que “estão ainda em formação cerca de 40 internos.

“Este reforço é crucial para o mapeamento e georreferenciação de todos os casos ativos no concelho e freguesia, para que sigamos rapidamente as cadeias de transmissão da região e as possa conter” assegurou o Secretário de Estado da Saúde.

Ter unidades de saúde pública com capacidade para dar resposta à situação que se vive atualmente foi precisamente um dos pontos salientados por Rui Portugal, que lembrou que este reforço surge numa altura em que os casos de Covid continuam a aumentar e em que se aproximam as férias de verão.

Conferência de imprensa
O Secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, deu a garantia de que “não há sobrecarga” das unidades de cuidados...

“Não há sobrecarga e existe capacidade para continuar a dar resposta de uma forma supletiva e complementar às necessidades”, afirmou António Lacerda Sales, na última conferência de imprensa para a atualização dos dados da Covid-19.

“A ocupação em unidade de cuidados intensivos é de 66% dos hospitais da região, muito em linha com o do resto do país, que é de 65%”, sublinhou, acrescentando que “apenas 20%” das pessoas que estão nos cuidados intensivos são doentes covid.

António Lacerda Sales lembrou que “a situação em Lisboa e Vale do Tejo (LVT) “continua a ser a que inspira mais atenção das autoridades de saúde” e é, desde o dia 13 de maio, “a região que mais testes realiza”.

Este é o momento de trabalho no terreno, sublinhou António Lacerda Sales, referindo que é o momento de “não ignorarmos os números, mas não nos deixarmos derrotar por eles”.

“É o tempo de reforço de equipas, da definição de estratégias dirigidas a uma zona do país que tem caraterísticas diferentes das outras”, concluiu o Secretário de Estado da Saúde.

 

 

Investigação
Foi recentemente publicado um estudo em modelo animal que descreve uma estratégia inovadora para o tratamento de lesões na...

As células estaminais mesenquimais libertam vesículas, designadas exossomas, que contêm fatores anti-inflamatórios e com potencial regenerativo. As vesículas foram obtidas a partir de células estaminais mesenquimais da membrana amniótica da placenta, colhida após o nascimento. Por forma a colocar estas vesículas no local da lesão, de modo a exercerem a sua função terapêutica, utilizou-se um gel de ácido hialurónico, designado Exo-pGel. A sua eficácia terapêutica foi testada em ratos que, após sofrerem uma lesão na espinal medula, foram divididos em três grupos: o grupo que recebeu apenas solução salina, o grupo que recebeu pGel (gel de ácido hialurónico sem exossomas) e o grupo de tratamento que recebeu Exo-pGel. Contrariamente aos que receberam apenas solução salina, o grupo de animais que recebeu Exo-pGel demonstraram uma recuperação da função motora, que foi significativamente superior à observada nos que receberam apenas o gel, sem as vesículas “terapêuticas”.

Os autores demonstraram que Exo-pGel foi capaz de promover a recuperação da função motora em modelo animal, o que sugere a regeneração das ligações nervosas no local da lesão. O estudo incluiu, ainda, a comparação do efeito das vesículas “terapêuticas” administradas através do gel ou por via intravenosa, tendo-se verificado que a utilização do gel levou a uma maior concentração das vesículas em torno do local da lesão, consistente com os melhores resultados terapêuticos que este grupo demonstrou, comparativamente ao grupo tratado por via intravenosa.

Segundo Bruna Moreira, Investigadora do Departamento de I&D da Crioestaminal, “no seu conjunto, estes resultados demonstram que a utilização de vesículas derivadas de células estaminais neonatais numa matriz de ácido hialurónico é capaz de promover a recuperação de lesões na espinal medula em modelo animal, representando uma estratégia promissora a testar em futuros ensaios clínicos”.

Estima-se que mais de 27 milhões de doentes enfrentam consequências decorrentes de uma lesão na espinal medula. Devido à limitada capacidade de regeneração do sistema nervoso central, as lesões na espinal medula podem ter consequências devastadoras, como paralisação e perda de sensação no corpo abaixo do local da lesão. Para além das limitações físicas, outras dimensões, como o estado psicológico, a vida social, familiar e profissional, são também afetadas.

Referência:
Li L, et al. Transplantation of Human Mesenchymal Stem-Cell-Derived Exosomes Immobilized in an Adhesive Hydrogel for Effective Treatment of Spinal Cord Injury. Nano Lett. 2020. doi:10.1021/acs.nanolett.0c00929 [Published online ahead of print]

Nutricionistas elegem:
Os picos de glicemia no verão são muito mais frequentes devido à mudança de hábitos comuns nesta épo

Uma equipa de nutricionistas seleccionou um conjunto de 10 alimentos com baixo índice glicémico e com pouca gordura, que ajudam a evitar as descompensações de açúcar. Ao mesmo tempo evita o aumento de peso.

É que com o calor e o tempo de férias, as descompensações de açúcar, conhecidas como picos de glicemia (subidas e descidas dos níveis de açúcar), são muito mais frequentes devido às mudanças de horário, tanto das refeições como do descanso. A alteração de hábitos alimentares, que pode ser causada pela maior frequência de eventos sociais, pelo maior intervalo entre as refeições ou pela falta de apetite, são outras situações típicas desta época do ano, que podem causar desidratação ou insolação devido aos picos de glicemia.

No caso das pessoas com diabetes tipo 2 ou com excesso de peso, esse risco aumenta e para evitá-lo uma equipa de dietistas-nutricionistas seleccionou 10 alimentos de baixo índice glicémico e baixos em calorias, que ajudam a manter uma ingestão constante de hidratos de carbono e, por isso, a prevenir os picos de glicemia, contribuindo para a perda de peso.

Controlar o nível de açúcar com 10 alimentos

Uma das recomendações para o verão é privilegiar alimentos que contribuam para evitar os picos de glicemia, já que quanto maior é a subida de açúcar mais líquidos se perdem, o que aumenta o risco de desidratação. Permite ainda evitar efeitos secundários que podem causar a diabetes tipo 2 a curto, médio ou longo prazo.

“Estes alimentos contêm hidratos de carbono de absorção mais lenta, o que significa que o corpo demora mais a convertê-los em açúcar e fá-lo de uma forma mais lenta e equilibrada. Assim, o corpo tem um fornecimento constante de energia e uma maior sensação de saciedade, o que favorece a perda/ controlo de peso. Não devemos só manter os bons hábitos como manter as cinco refeições diárias para evitar os picos de açúcar no sangue e prevenir a desidratação ou a insolação, sobretudo os diabéticos que correm mais riscos no verão” afirma um dos membros da equipa de nutricionistas.

A lista conta com alimentos que se encontram em todo o mundo, como o iogurte magro edulcorado, que pela sua frescura e versatilidade é perfeito para o verão e ajuda a prevenir os picos de açúcar no sangue, sempre que seja açucarado. Os alimentos integrais também são benéficos, como o pão integral, que contém fibra e ajuda a evitar as subidas de açúcar repentinas. A lista também oferece soluções para situações típicas do verão, como um petisco com amigos, propondo comer berbigões e mexilhões cozidos a vapor, sem ingerir muitas calorias. E oferece ideias para preparar refrescos saudáveis e ligeiros, como um chá gelado (chá, adoçante, gelo, uma rodela de limão e umas folhas de menta), para refrescar na praia e evitar a desidratação.

Com estas dicas, os especialistas encorajam qualquer pessoa e especialmente os diabéticos tipo 2 a prevenir possíveis riscos durante o verão através da alimentação e a desfrutar desta época, mantendo o seu peso e controlando a sua diabetes tipo 2.

Esta lista é um exemplo do trabalho desenvolvido pela equipa de dietistas-nutricionistas do Método DiaproKal®, tratamento médico de perda e manutenção de peso, para pessoas com diabetes tipo 2 ou pré-diabetes, aconselhando os doentes em todos os momentos e dando conselhos dietéticos para cada ocasião.

Alimentos que ajudam a controlar a glicose

Sardinha

Pode comer-se de várias formas, por exemplo, se forem ingeridas frias ajudam a reduzir a temperatura corporal. Além disso, estudos recentes mostram que melhoram o metabolismo dos diabéticos tipo 2 e são muito ricas em Ómega 3, contribuindo para reduzir os níveis de colesterol.

Tapas com berbigões ou mexilhões cozidos a vapor

Se não quer ganhar peso, mas gosta de petiscar, escolha uns berbigões ou mexilhões cozidos a vapor, que também são apropriados para diabéticos tipo 2. Fornecem muitos nutrientes e são ricos em ferro.

Combata o calor com um chá gelado, com menta e limão

Para além de refrescar, é importante saber que o limão tem um índice glicémico mais baixo que o resto das frutas, o que ajuda a evitar possíveis picos de glicemia.

Cerejas para comer entre refeições

São ricas em antioxidantes e vitaminas, fáceis de levar para qualquer lugar e ajudam a combater o calor se forem ingeridas frescas. Como são ricas em betacaroteno ajudam a conseguir e a manter um bonito bronzeado. Graças ao seu baixo índice glicémico, ingeridas nas quantidades certas ajudam a evitar as subidas de açúcar repentinas.

Couscous

Podem ser ingeridos sozinhos ou em saladas e ajudam os diabéticos a evitar os picos de glicemia. Ao serem baixos em gorduras a saúde cardiovascular agradece.

Quem disse que não pode comer pão?

O pão integral contém a quantidade recomendada de hidratos de carbono, que são de absorção lenta, é rico em fibra e ajuda a controlar os níveis de açúcar. Os nutricionistas propõem acompanhá-lo com hummus, uma pasta feita com grão-de-bico, adequada para diabéticos tipos 2, cujo índice glicémico é muito baixo e favorece o trânsito intestinal.

Temperos com Mostarda de Dijon

Desfrute de saladas, mas evite temperá-las com molhos que contém calorias e que podem provocar subidas repentinas de açúcar. Uma boa opção é temperar as saladas com mostarda de Dijon, que dá sabor e, por ser muito baixa em hidratos de carbono, é perfeita para diabéticos.

Refresque-se com guacamole

O abacate, base deste molho, é benéfico para diabéticos tipo 2 porque ajuda a controlar os níveis de açúcar. Além disso, não aumenta o colesterol, as suas gorduras são saudáveis, contém ómega 3 e ácido oleico, é muito fresco e saboroso para o verão.

O iogurte magro edulcorado

Os nutricionistas recomendam acompanhá-lo com frutos vermelhos, já que tem um índice glicémico muito baixo. Segundo um estudo da Universidade de Cambridge, o iogurte magro pode reduzir o risco de diabetes em 24%.

Os benefícios do espinafre

Esta verdura contém uma grande quantidade de nutrientes, muito poucas calorias e contribui para melhorar a saúde cardiovascular e óssea. Além disso, melhora a absorção de açúcar e evita os picos de glicemia. É ideal comer bem fresquinho em saladas, ao qual pode juntar uma porção de frutos secos para torna-la mais completa.

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As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico e/ou Farmacêutico.
Universidade de Coimbra
A falta de confiança nos serviços e a ausência de formação específica são os principais obstáculos sentidos pela maioria dos...

O estudo insere-se no projeto “Diversity and Childhood (DaC): transformar atitudes face à diversidade de género na infância no contexto europeu”, que junta em consórcio 30 cientistas de 9 países europeus. Este projeto visa diagnosticar e intervir para combater a discriminação que afeta crianças e jovens LGBTI+ (sigla que representa lésbicas, gays, bissexuais, transgénero, intersexo e outras orientações) em cinco áreas: escola, saúde, media, espaços públicos e instituições de apoio à criança e famílias.

«É evidente a falta de recursos, sobretudo de formação e informação, por parte de profissionais envolvidos na implementação da Lei de Autodeterminação [Lei nº38/2018, de 7 de agosto, regulamentada em 2019], o que gera obstáculos à igualdade de tratamento desta população em áreas como a educação, saúde, intervenção familiar, media e espaço público e comunitário», afirma Ana Cristina Santos, coordenadora da equipa portuguesa.

Segundo os resultados preliminares do estudo realizado através de inquérito – o primeiro inquérito europeu focado na diversidade de género na infância –, um dado «que nos deve fazer refletir é a total ausência de questões LGBTI+ na formação académica e curricular de grande parte destes profissionais, com mais de metade a admitir nunca ter feito, posteriormente, uma atualização de conhecimentos ou uma formação específica para o trabalho com crianças e jovens LGBTI+», destaca a investigadora principal do CES.

Destes resultados, detalha, «torna-se clara a necessidade de formação em diversidade sexual e de género direcionada a profissionais de todas as áreas. Com efeito, entre os fatores que mais dificultam a intervenção, surgem destacados a falta de formação para trabalhar especificamente com crianças e jovens LGBTI+ (81.2%), a falta de conhecimento sobre práticas afirmativas/recursos LGBTI+ (78.3%), a falta de conhecimento por parte das/os técnicos/as acerca dos serviços disponíveis (69.8%) e de questões LGBTI+ em geral (66.7%), e a falta de serviços para crianças LGBTI+ (60.9%). E, de facto, 40% dos profissionais que responderam ao Inquérito desconhece a existência de qualquer serviço local, regional ou nacional dirigido a crianças e jovens LGBTI+».

Observando o setor da educação, o estudo indica que 73% dos profissionais inquiridos referem nunca ter recebido qualquer formação que lhes permita apoiar um/a estudante LGBTI+ em meio escolar. «Igualmente alarmante será o facto de mais da metade destes profissionais revelar não ter acesso a recursos ou políticas específicas para crianças LGBTI+ na instituição onde trabalha, a fim de garantir uma intervenção abrangente e adequada», sublinha a investigadora.

Na área da saúde, a conclusão mais preocupante, de acordo com Ana Cristina Santos, prende-se com a falta de confiança nos serviços: três quartos dos profissionais de saúde que participaram no estudo «consideram que a maior dificuldade que as crianças e jovens LGBTI+ enfrentam no acesso aos cuidados de saúde é a falta de confiança nos serviços. Urge, portanto, implementar medidas centradas na pessoa paciente, que permitam trabalhar a proximidade e a relação de confiança, para que crianças e jovens LGBTI+ entendam o consultório médico enquanto espaço seguro, inclusivo e livre de violência».

Perante os resultados obtidos nesta investigação, a especialista do CES adverte que existe ainda um caminho por fazer no que diz respeito «à criação e promoção de espaços seguros para as crianças LGBTI+, daí que o sucesso da Lei da Autodeterminação de Género dependa da implementação de planos de ação LGBTI+ nas instituições, de modo a apoiar uma intervenção eficaz junto destas crianças e jovens».

Iniciado em 2019, o projeto “Diversity and Childhood” é financiado pela Comissão Europeia até 2021. Em Portugal a equipa de investigação é composta por Ana Cristina Santos (Coordenadora), Mafalda Esteves (Cocoordenadora) e Alexandra Santos, e conta com o apoio do Ministério da Educação e da Associação de jovens LGBTI e apoiantes rede exaequo.

Primeira infeção é geralmente assintomática
O Citomegalovírus (CMV), também conhecido como herpesvírus humano 5 (HHV-5), é um vírus específico d

Reconhecido como um dos vírus mais prevalentes na espécie humana, o CMV tem uma distribuição mundial, sendo que em Portugal cerca de 80% da população já teve contacto com o vírus. A transmissão viral ocorre sobretudo nos primeiros anos de vida, através de gotículas respiratórias ou contato com fluídos corporais (e.g. urina, saliva, leite materno, lágrimas). Pode ainda ser adquirido por via transplacentar (materno-fetal) ou hematógena (transfusão de produtos sanguíneos ou transplantação).

O potencial patogénico do CMV varia de acordo com a imunidade do hospedeiro. Num indivíduo imunocompetente a primeira-infeção é geralmente assintomática ou pode cursar com um quadro clínico semelhante a síndrome gripal, com febre, fadiga, dores musculares e mal-estar geral. Os sintomas são o resultado de uma resposta imunológica eficaz, que é confirmada pela presença de anticorpos específicos no sangue periférico, identificando o indivíduo como portador.

Após infeção, o vírus não é totalmente eliminado e permanece latente (“adormecido”) em determinadas células. O vírus latente pode reativar de forma intermitente, a maioria das vezes sem causar sintomas. Dada a baixa incidência de infeção grave no doente imunocompetente, não existe qualquer recomendação terapêutica além da prevenção primária, que passa pelo reforço das medidas de higiene e evicção de contato com possíveis infetados.

Num indivíduo imunocomprometido, nomeadamente num doente transplantado, doente com SIDA ou recém-nascido com infeção congénita, a reativação por CMV pode cursar com doença grave, com envolvimento multiorgânico, nomeadamente gastrointestinal, pulmonar, ocular e cerebral.

No caso particular dos doentes submetidos a transplante de progenitores hematopoiéticos/medula, a quimioterapia intensiva e a terapêutica imunossupressora realizada como profilaxia da doença de enxerto contra hospedeiro, condiciona perda da imunidade específica para o vírus. Esta perda de imunidade facilita a reativação viral, que ocorre frequentemente, e o desenvolvimento de doença, que está associada a um aumento da mortalidade. Nestes doentes as medidas de prevenção primária não são suficientes, pelo que se recomenda uma abordagem pré-emptiva, que consiste na pesquisa regular de DNA viral no sangue periférico. Embora esta medida permita a identificação e o início precoce de terapêutica antiviral, é limitativa nos casos raros de doença especifica de órgão, em que a doença se desenvolve sem virémia. Aqui é necessário um elevado índice de suspeição e realização de biópsia diagnóstica.

Os fármacos antivirais disponíveis na prática clínica apresentam uma resposta geralmente eficaz. Contudo, no caso de falência terapêutica, as alterativas existentes são escassas, resultando numa menor sobrevivência. Recentemente foi aprovado o letermovir, o primeiro fármaco utilizado na profilaxia da reativação e da doença por CMV nos doentes com alto risco. Esta estratégia preventiva do CMV é uma novidade na área da transplantação, que visa ultrapassar a morbilidade e mortalidade condicionada pela infeção viral, em determinados doentes.

Autores: 
Dra. Ana C. Alho - MD, MSc, PhD candidate
Assistente Hospitalar de Hematologia Clínica
Hospital de Santa Maria | Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Norte, EPE

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Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Covid-19
Entre os dias 15 e 21 de junho, as equipas do INEM realizaram 488 colheitas de amostras para análise à Covid-19 e foram...

Segundo, o Instituto Nacional de Emergência Médica, “durante a terceira semana de junho foram realizadas na área de influência da Delegação Regional do Norte (DRN) quatro colheitas, cinco na Delegação Regional do Centro (DRC), 428 na Delegação Regional do Sul e 40 colheiras na Delegação Regional do Sul- Algarve (DRS- Algarve)”.

Em articulação com as Autoridade de Saúde, as equipas, constituídas por dois enfermeiros(as), procederam à recolha de amostras para análise de casos suspeitos de infeção pelo novo coronavírus. A recolha de material biológico foi realizada “no local onde se encontram os utentes, reduzindo as deslocações e, consequentemente, a possibilidade de novos contágios”.

 Na mesma semana foram realizados 1.506 transportes de casos suspeitos de Covid-19 para as diversas unidades de saúde, mais 53 transportes que na semana anterior. “Qualquer situação de falta de ar (dispneia) triada pelos Centros de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) é considerada suspeita de Covid-19, obrigando os profissionais de emergência médica pré-hospitalares a cuidados redobrados. Todos estes transportes obrigam a que os operacionais das ambulâncias utilizem o EPI adequado à situação clínica do utente e adaptem os procedimentos técnicos a instituir aos utentes assistidos”, refere INEM.

Considerando os números apresentados e o panorama atual da pandemia, o INEM conselho,  reforça os cuidados que a Direção-Geral da Saúde emitiu para o combate a Covid-19: “lavagem frequente das mãos, adoção de Etiqueta Respiratória, manter o distanciamento físico e a utilização de máscara sempre que obrigatório ou se justifique”.

 

Certificação
O Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) recebeu esta semana, da APCER, a Certificação do Sistema Integrado de...

A obtenção da certificação nos referenciais de Qualidade, Ambiente, Segurança e Formação Profissional, incluindo aprendizagem enriquecida por tecnologia, diz este instituto "reflete o esforço e o compromisso voluntário do INEM em melhorar o seu desempenho ambiental, em mitigar e reduzir os riscos de acidente e de doenças profissionais, e em potenciar os processos formativos, para garantir a satisfação dos formandos".

Na sua páginas oficial o INEM refere ainda que  conclusão deste processo de certificação "é um selo de qualidade que o INEM recebe em áreas fulcrais da sua atividade, e reflete a visão estratégica da Instituição, focada na melhoria dos seus serviços".

Salienta-se ainda que "este objetivo foi atingido num período particularmente conturbado, marcado pela crise pandémica de COVID-19, que exigiu ao INEM a adoção de um plano de contingência rigoroso para assegurar a máxima proteção dos seus trabalhadores e de todos com quem contacta diariamente, tornando este percurso ainda mais desafiante".

O percurso do INEM na área da Qualidade teve início em 2009, com a implementação de um Sistema de Gestão da Qualidade através do referencial normativo ISO 9001. Em 2010, o Instituto obteve a certificação na área da Formação em Emergência Médica. Com o evoluir do sistema, outras atividades e áreas da organização foram sendo abrangidas.

No ano de 2019, e com a experiência já adquirida, o INEM quis projetar este compromisso e dotar a organização de ferramentas que contribuiriam para a Formação Profissional de excelência no âmbito da emergência médica, para a Segurança e Saúde no Trabalho dos profissionais, assumindo-se simultaneamente um compromisso com o Ambiente.

"A obtenção da certificação nestas normas resulta do trabalho do Instituto e dos seus profissionais, empenhados em sustentar a Qualidade da organização, trabalhando todos os dias na melhoria contínua dos processos da Instituição com o objetivo de prestar um serviço de referência, no qual os portugueses podem sempre confiar", reforça o Instituto Nacional de Emegência Médica .

Covid-19
De acordo com o Secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, “mais de 80% dos profissionais de saúde infetados com...

Ao todo, 3.143 profissionais de saúde com Covid-19 já recuperaram. “São mais de 80% dos que tiveram a doença e estão já de volta aos seus empregos e às suas rotinas e a quem muito agradecemos pelo inestimável trabalho ao serviço do país”, afirmou António Lacerda Sales, durante a conferência de imprensa para a atualização dos dados da Covid-19.

Questionado sobre a situação nos lares, o Secretário de Estado da Saúde referiu a existência de menos casos ativos registados: “São hoje 213 com situações de Covid-19”, o que representa “8,4% do universo de estruturas residenciais para idosos a nível nacional”.

 

Atividade assistencial
Referência internacional em Oftalmologia, a UOC está de volta ao ativo, cumprindo as normas indicadas pela DGS e acrescentando...

A UOC - Unidade de Oftalmologia de Coimbra, instituição de referência internacional em Oftalmologia, reforçou o corpo clínico e implementou um protocolo próprio de resposta à crise pandémica, complementando assim as normas da DGS, no sentido de assegurar os melhores níveis de prevenção, qualidade de serviço, segurança e confiança para os seus doentes.

De regresso à atividade desde maio, para consultas e cirurgias, a UOC reviu todos os procedimentos e adequou-os às necessidades impostas pela nova realidade. A redução do número de consultas foi uma das várias medidas determinadas, salvaguardando o distanciamento social e otimizando a segurança na circulação interna. Os métodos de rastreio de Covid-19, que são iniciados à distância, telefonicamente, têm seguimento já nas instalações da UOC. E aí, tal como para os profissionais clínicos e assistentes, também aos doentes são fornecidos equipamentos obrigatórios de proteção individual, que vão além da máscara cirúrgica: bata, touca e proteção de sapatos. Médicos e funcionários utilizam ainda máscaras FFP2, viseira de acrílico e/ou óculos de proteção e luvas. Os equipamentos de proteção são adquiridos, quase na exclusividade, no mercado nacional.

A sala de espera da UOC foi orientada de forma a que os doentes mantenham pelo menos dois metros de distância entre si e todos os objetos que possam ser manuseados por várias pessoas foram retirados. Adicionalmente, cada doente é acompanhado em permanência por um elemento do secretariado, de forma a seguir estritamente a circulação e normas indicadas, minimizando o contacto com outros doentes.

Durante a consulta, os médicos seguem estritas medidas de segurança, na observação dos doentes e na utilização dos aparelhos, sendo ainda promovidos rigorosos protocolos de higienização para todos os numerosos e sofisticados equipamentos existentes, utilizados durante o período da consulta.

“A qualidade dos tratamentos que prestamos sempre foi a preocupação essencial da Unidade de Oftalmologia de Coimbra”, sublinha o Diretor da UOC, Joaquim Murta. “Esta pandemia trouxe novos desafios na abordagem e acompanhamento dos doentes, mas estamos em condições de assegurar total confiança a todos aqueles que nos procuram, graças à qualidade, ao rigor, à responsabilidade e à segurança com que prestamos os nossos serviços”, acrescenta.

Ajustando também a sua capacidade de resposta, a UOC reforçou o corpo clínico. Mesmo perante a crise sanitária, a unidade assegura todos os serviços, desde a prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação de todas as patologias oculares.

Referência Internacional em Oftalmologia

A UOC surgiu em Coimbra, em 2013, e desde logo se assumiu como pioneira na aplicação de técnicas e tratamentos inovadores a nível mundial, tornando-se uma referência internacional nas diversas áreas de Oftalmologia e sendo procurada por doentes oriundos de todo o mundo. Composta por um corpo clínico experiente e altamente especializado, com publicações científicas e intervenções nas principais revistas e congressos da especialidade, a UOC é liderada por Joaquim Murta, professor catedrático da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra e diretor do serviço de Oftalmologia do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC).

O corpo clínico da UOC integra ainda 16 oftalmologistas e dois anestesistas. A equipa é composta por Andreia Rosa, Dalila Coelho, Fausto Carvalheira, Filipa Ponces, Guilherme Castela, Isaura Regadas, Jorge Henriques, João Gil, João Pedro Marques, João Figueira, Maria João Quadrado,

Maria Luz Cachulo, Miguel Raimundo, Pedro Fonseca e Rufino Silva, a grande maioria doutorados, em programa de doutoramento na Universidade de Coimbra, responsáveis de inúmeros projetos de investigação nacionais ou internacionais ou em importantes áreas assistenciais.

29 parceiros internacionais
A investigação público-privada “SOPHIA” (Estratificação de fenótipos de pessoas com obesidade para otimizar o tratamento desta...

Vinte e nove parceiros internacionais, da sociedade civil, da academia e da indústria farmacêutica, uniram-se para compreender melhor a obesidade e otimizar o seu tratamento no futuro.

A obesidade é uma pandemia global que, atualmente, afeta cerca de 150 milhões de pessoas na Europa e 650 milhões de pessoas em todo o mundo. As complicações associadas à obesidade são comuns, mas ainda não é possível prever quais os doentes que vão desenvolver qualquer uma das 200 complicações conhecidas associadas à obesidade. Além disso, não há preditores suficientes para definir que doentes vão responder aos tratamentos da obesidade. O estudo SOPHIA vai identificar, caracterizar e estratificar clinicamente as subpopulações de doentes que vivem com obesidade, para definir atempadamente o tratamento certo para cada doente. O SOPHIA vai fornecer evidências baseadas na classificação de preditores para as complicações da obesidade e para a resposta ao tratamento da obesidade, enquanto identifica e traça modelos para o desenvolvimento sustentável de estratégias terapêuticas, que serão importantes para os doentes, sistemas de saúde, investigadores e clínicos.

“A nossa missão com o SOPHIA é permitir aos profissionais de saúde prever com confiança as complicações da obesidade e quais os doentes que vão responder ao tratamento”, afirma o Prof. Carel le Roux, coordenador do SOPHIA, médico endocrinologista no Diabetes Complications Research Centre at University College Dublin.

Marianne Ølholm Larsen Grønning, da Novo Nordisk, que lidera o projeto SOPHIA, defende que: “A obesidade é uma doença crónica, complexa e continuam a existir muitas coisas que não sabemos sobre a própria biologia da doença e como é que os tratamentos podem melhorar a vida dos doentes com obesidade. O SOPHIA é um passo muito importante que vai contribuir para compreender melhor a obesidade. A colaboração entre academia, indústria farmacêutica e associações traz a grande promessa de ser possível obter resultados fortes e únicos”.

A voz das pessoas que vivem com obesidade estará no centro do SOPHIA, através do Conselho Consultivo do Doente, que garantirá que as ideias, opiniões e desejos dos doentes sejam inseridos nos vários níveis do estudo. O grupo de investigação irá utilizar as conclusões para contribuir para uma narrativa mais equitativa e centrada no doente e sobre os múltiplos impactos da obesidade nos indivíduos, numa perspetiva social e clínica. Tudo começa com a obesidade como uma doença crónica, não apenas algo com que as pessoas escolhem viver. O SOPHIA recebeu um financiamento de 16 milhões de euros da Iniciativa sobre Medicamentos Inovadores (IMI) – uma iniciativa conjunta da Comissão Europeia e da Federação Europeia das Indústrias e Associações Farmacêuticas (EFPIA); JDRF (Type 1 Diabetes Research Funding and Advocacy); Coligação de Ação contra a Obesidade; e T1D Exchange.

Alguns dos métodos utilizados no projeto SOPHIA:

  • Criação de uma base de dados;
  • Realização de análises;
  • Utilização de métodos qualitativos detalhados para identificar as perceções e perspetivas dos doentes sobre o diagnóstico e tratamento da obesidade.
  • Encontrar um valor partilhado com todas as partes interessadas para garantir um melhor tratamento para as pessoas que vivem com obesidade.

O SOPHIA irá ainda estudar os resultados em saúde nas pessoas com obesidade que têm diabetes tipo 1. De acordo com o Dr. Sanjoy Dutta, Vice President of Research da JDRF, “com o poder estatístico proporcionado por uma tão vasta colaboração europeia, poderemos investigar a relação bidirecional entre obesidade e diabetes tipo 1 e, em última análise, sermos capazes de fazer previsões válidas sobre os resultados em saúde nesta população tradicionalmente subestimada. Uma vez que dados epidemiológicos recentes indicam que quase metade dos adultos com Diabetes tipo 1, em alguns países europeus, têm excesso de peso ou obesidade, é fundamental para a comunidade com diabetes tipo 1 que este desafio seja abordado”.

O projeto iniciou oficialmente a sua atividade na Europa a 1 de junho de 2020 e irá decorrer até 31 de maio de 2025. Os primeiros resultados deverão ser apresentados já em setembro de 2020.

Gratuito e acessível por smartphone
A Escola Superior de Tecnologia da Saúde do Politécnico de Coimbra (ESTeSC-IPC) desenvolveu, em parceria, uma aplicação de...

Através de um jogo com dez níveis, em que a dificuldade de perceção da palavra vai crescendo devido ao aumento da intensidade do ruído, a aplicação permite treinar o ouvido para melhorar a compreensão de palavras em ambientes adversos. Disponível para download nas plataformas Google e iOS, a ferramenta foi apresentada a investigadores e profissionais de saúde no passado sábado, num workshop do congresso Annual Meeting, promovido pela ESTeSC-IPC.

“Esta é uma ferramenta fundamental para o profissional de saúde que trabalha com treino auditivo”, afirma a docente da licenciatura em Audiologia e coordenadora do projeto na ESTeSC, Margarida Serrano, explicando que a aplicação deverá ser utilizada “a partir do momento em que há sinais de dificuldade de entendimento do discurso em ambientes adversos”.

A dificuldade em perceber no ruido é uma das principais queixas em relação à audição, sendo um problema que se agrava com a idade – quando a velocidade de processamento cognitivo diminui ou começa a haver perda de audição. Na aplicação, o utilizador ouve uma palavra ou uma pseudopalavra (em português europeu) tendo, depois, de identificar essa mesma palavra/pseudopalavra entre as duas opções escritas propostas. As palavras apresentadas são pares mínimos que diferem, por exemplo, apenas numa vogal ou numa oclusiva (chama/tama; sapo/lapo, etc). Os resultados mostram que a melhoria de perceção adquirida com a utilização da aplicação se repercute no dia a dia dos utilizadores.

Esta ferramenta foi desenvolvida no âmbito do Projeto EVOLLU - “Experiências Auditivas Melhoradas”, financiado pelo programa Centro 2020, e que tem como parceiros a empresa Evollu, o Institute of Systems and Robotics, o Center for Informatics and Systems da Universidade de Coimbra e o Instituto Politécnico de Leiria. O processo de investigação e validação audiológica da plataforma foi liderado pela ESTeSC-IPC.

No âmbito do mesmo projeto, foi também lançada, no ano passado, uma outra aplicação, que possibilita a realização de testes auditivos através do smartphone.

Maioria dos votos
O novo Bastonário foi eleito com 73% dos votos expressos, num ato eleitoral que decorreu este sábado, e que foi inédito pela...

A lista A, liderada por Miguel Pavão, obteve 3472 votos de um universo de 4748 Médicos Dentistas que votaram. Nestas eleições concorreu também Artur Lima, atual Vice-presidente do CDS e deputado regional da Assembleia Regional dos Açores, que encabeçava a lista B que obteve 1115 votos.

Apesar do ato eleitoral ter decorrido no sábado dia 27, o resultado final foi conhecido apenas hoje devido ao voto por correspondência, que foram contabilizados este domingo. O ato eleitoral decorreu com elevação e sem incidentes, em mesas eleitorais localizadas em Lisboa, Porto, Coimbra, Funchal e Angra do Heroísmo.

Miguel Pavão assumiu a sua candidatura em fevereiro, com a assinatura “Mudar com confiança, pelo futuro da Profissão”,  afirmando-se como um projeto composto por Médicos Dentistas em exercício profissional, que pretendem defender a Classe Profissional; defender melhores políticas de Saúde Oral; valorizar a profissão pelo ensino, formação e mercado de trabalho; e reestruturar a Ordem dos Médicos Dentistas, tornando-a mais próxima dos colegas, mais dinâmica e mais transparente.

Segundo Miguel Pavão “Os Médicos Dentistas deixaram expresso nos votos a sua vontade. Querem uma Ordem Unida, mais próxima, que dê resposta aos problemas com que se deparam diariamente no exercício da profissão. Uma OMD gerida por Médicos Dentistas, para os Médicos Dentista, na defesa da Saúde Oral dos Portugueses”.

Miguel Pavão sucede a Orlando Monteiro da Silva que esteve à frente da Ordem durante os últimos 18 anos.

 

 

ensaio clínico SELECT-CHOICE
Novos dados de Fase 3 do ensaio clínico SELECT-CHOICE que demonstram que upadacitinib (15 mg, toma diária única) alcançou o...

Upadacitinib alcançou ainda os objetivos secundários principais de superioridade comparativamente com abatacept na alteração em relação aos valores iniciais no DAS28-PCR à semana 12 e na percentagem de doentes que atingiram remissão clínica à semana 12, definida como DAS28-PCR <2,6.

O estudo avaliou upadacitinib em doentes adultos com artrite reumatoide ativa moderada a grave e que tiveram uma resposta inadequada ou que são intolerantes a fármacos anti-reumáticos modificadores da doença (DMARD) biológicos. Os resultados completos foram apresentados no E-Congresso Europeu de Reumatologia de 2020 (EULAR).

SELECT-CHOICE é o sexto e último estudo de Fase 3 do programa robusto de ensaios clínicos SELECT na artrite reumatoide. Upadacitinib, um inibidor de JAK seletivo e reversível descoberto e desenvolvido pela AbbVie, está aprovado para o tratamento da artrite reumatoide ativa moderada a grave em doentes adultos que tiveram uma resposta inadequada ou que são intolerantes a um ou mais DMARD.

“Apesar do enorme progresso alcançado no tratamento da artrite reumatoide, cerca de 70 por cento dos doentes continuam sem atingir remissão clínica com as terapêuticas instituídas”, afirmou Michael Severino, vice-presidente executivo da AbbVie. “Estes resultados deixam-nos entusiasmados, pois vêm juntar-se ao número crescente de evidências que demonstram que upadacitinib pode oferecer a um número superior de doentes adultos com artrite reumatoide uma melhor hipótese de atingirem remissão clínica, mesmo em doentes que falharam já o tratamento anterior com biológicos.”

“Estes dados mostram que upadacitinib foi superior a abatacept na percentagem de doentes que alcançou remissão”, afirmou Andrea Rubbert-Roth, vice-diretor do departamento de Reumatologia do Cantona Hospital St. Gallen, Suíça. “O SELECT-CHOICE é o primeiro estudo comparativo em doentes com artrite reumatoide que falharam o tratamento com DMARD biológicos e que compara upadacitinib com um DMARD biológico diferente. Estudos como este são importantes na tomada diária de decisões na prática clínica.”

Neste estudo, upadacitinib alcançou o objetivo primário (não inferioridade) e os objetivos secundários (superioridade), com uma alteração em relação aos valores iniciais no DAS28-PCR à semana 12 de -2,52, comparativamente com os -2,00 em doentes tratados com abatacept.1 Além disso, 30 por cento dos doentes tratados com upadacitinib atingiram remissão clínica à semana 12 (DAS28-PCR <2,6), comparativamente com 13 por cento dos doentes tratados com abatacept (p<0,001).1

As respostas ACR20/50/70 foram também superiores no grupo de upadacitinib, comparativamente com o grupo de abatacept (76/46/22 por cento vs. 66/34/14 por cento, respetivamente, p nominal <0,05) à semana 12.1 A melhoria observada na atividade da doença e nas taxas de remissão mantiveram-se ao longo de 24 semanas.

O perfil de segurança de upadacitinib (15 mg) foi consistente com o observado em estudos anteriores na artrite reumatoide, sem novos riscos de segurança detetados.

Até à semana 24, ocorreram acontecimentos adversos graves em 3,3 por cento dos doentes no grupo de upadacitinib, comparativamente com 1,6 por cento dos doentes no grupo de abatacept. Foram notificados três casos de infeção grave no grupo de upadacitinib e um no grupo de abatacept. Ocorreram ainda 23 casos de lesão hepática (sobretudo elevações nas enzimas hepáticas) no grupo de upadacitinib, comparativamente com cinco casos de lesão hepática no grupo de abatacept.

Todos os acontecimentos de lesão hepática foram não graves. A maioria foi de elevações temporárias nos níveis de ALT/AST e foram consideradas de intensidade ligeira a moderada. Nenhum acontecimento conduziu à interrupção do fármaco em estudo.

Foram notificados quatro casos de herpes zoster no grupo de upadacitinib e quatro casos no grupo de abatacept. Não foram notificadas neoplasias em qualquer grupo. Foram notificados um acontecimento adverso cardiovascular major (MACE) e dois casos de tromboembolismo venoso (TEV) (adjudicado) no grupo de upadacitinib, e ambos os doentes apresentavam pelo menos um fator de risco de TEV. Não foram notificados casos de MACE e TEV no grupo de abatacept. Ocorreram duas mortes no grupo de upadacitinib, uma dos quais não decorrente do tratamento, bem como uma morte não decorrente do tratamento no grupo de abatacept.

No decorrer das notícias publicadas, nos últimos dias nos Órgãos de Comunicação Social, sobre jejum intermitente, tendo como...

Alexandra Vasconcelos, autora do livro “O Poder do Jejum Intermitente”, tem sido, em diversos momentos mediáticos, erradamente apresentada como nutricionista e, por isso, a Ordem dos Nutricionistas aconselha, a verificação dos profissionais através do site da organização, no qual é possível identificar quem é, de facto, nutricionista.

Acresce que, qualquer regime alimentar deve ter por base evidência científica robusta, prescrito por nutricionista, de modo a garantir equilíbrio nutricional e a evitar perceções erróneas, de que são exemplo algumas falsas alegações divulgadas nos últimos dias, como o poder do jejum intermitente “reverter a diabetes tipo 2”.

Recorde-se que a Ordem dos Nutricionistas é a associação pública profissional que regula o acesso e o exercício da profissão de nutricionista, tendo também como atribuições a representação e a defesa dos interesses gerais da profissão, zelando pela função social, dignidade e prestígio da mesma; a atribuição, em exclusivo, do título profissional de nutricionista; e a emissão das cédulas profissionais dos nutricionistas, assim como a defesa do título profissional.

 

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