Tumores raros
Os linfomas cutâneos são um grupo de linfomas de células T e B que afetam a pele.

Linfomas cutâneos de células T

No Linfoma Cutâneo de Células T (LCCT), as células T malignas viajam para as camadas superiores da pele, causando uma erupção cutânea. Este tipo de tumor é muitas vezes referido como cancro da pele, no entanto esta designação não é correta. Isto porque o cancro de pele diz respeito a um conjunto de tumores que se desenvolvem a partir de outras células não linfoides da pele (células epidérmicas, melanócitos, células pigmentares). A maioria dos LCCTs são linfomas indolentes (ou seja, crónicos) - não curáveis, mas tratáveis sendo que, geralmente, não apresentam risco de vida.

Os dois tipos mais comuns de Linfoma Cutâneo de Células T são:

Micose Fungóide clássica (MF): É um tipo indolente, que segue um curso lento e crónico, muitas vezes por muitos anos ou décadas, e que não se espalha além da pele (isto acontece apenas em 10% dos casos).  

A maioria das pessoas terá a forma clássica de MF, no entanto, existem outras formas mais raras. 

A Micose Fungóide caracteriza-se pela presença de manchas vermelhas e escamosas ou placas espessas de pele que facilmente podem ser confundidas por eczema ou dermatite crónica. A progressão do envolvimento cutâneo limitado é variável e pode ser acompanhada por formação de tumor, ulceração e esfoliação, complicada por comichão intensa e infeções. Os estágios avançados são definidos pelo envolvimento dos gânglios linfáticos, sangue periférico e órgãos internos. MF

Esta forma de LCCT, geralmente, acomete adultos com mais de 50 anos.

Síndrome de Sézary (SS): menos comum, mas mais agressivo, este tipo de LCCT está relacionado à MF, mas distingue-se por ser de crescimento muito rápido e cursa com comichão muito intensa, vermelhidão total do corpo (eritrodermia), descamação intensa da pele e queda frequente de cabelo. 

A Síndrome de Sézary costuma provocar cansaço, febre e aumento dos gânglios. As células T malignas encontradas na pele também podem circular na corrente sanguínea, uma vez que este é o único tipo de LCCT que sempre afeta a pele e o sangue. 

Os sintomas podem ser acompanhados por mudanças nas unhas, cabelo ou pálpebras. A Síndrome de Sézary geralmente ocorre em adultos com mais de 60 anos.

Outras formas menos comuns incluem:

Doenças linfoproliferativas cutâneas primárias CD30 +

Existem dois tipos principais desses distúrbios, responsáveis ​​por quase um terço de todos os LCCTs diagnosticados: papulose linfomatóide (LyP) e linfoma anaplásico cutâneo primário de células grandes.

Em ambos os tipos, é encontrada uma proteína – a CD30 - na superfície dos linfócitos anormais. Ambos os distúrbios podem ser bem tratados e têm um prognóstico excelente:

1. A papulose linfomatóide apresenta-se com pequenas saliências avermelhadas e manchas na pele (pápulas) que aparecem e desaparecem. Habitualmente é classificada como não maligna ou como precursora do LCCT. Este tipo de linfoma cutâneo pode ocorrer em qualquer idade e afeta ambos os sexos igualmente. 

2. linfoma anaplásico cutâneo primário de células grandes: trata-se de um tipo indolente de LCCT, que apresenta como principais características lesões cutâneas vermelhas únicas ou múltiplas e nódulos elevados, que normalmente não formam crostas e têm tendência a ulcerar. Estas lesões podem aparecer em qualquer parte do corpo e crescer muito lentamente. 

Este tipo de linfoma cutâneo pode afetar pessoas de todas as idades, incluindo crianças, mas é mais comumente encontrado em adultos de 45 a 60 anos de idade e ocorre com mais frequência em homens do que em mulheres.

Linfoma de células T tipo paniculite subcutâneo

Raro e de crescimento lento, pode ocorrer em qualquer idade. No entanto, é mais frequento no sexo feminino.

Este tipo de LCCT tem origem na camada de gordura da pele, logo abaixo da superfície. Pode haver uma ou mais placas ou nódulos, geralmente nas pernas. Pode cursar com febre ou perda de peso.

Linfoma extranodal natural killer de células T

Trata-se de um tumor raro e agressivo (de crescimento rápido) que pode se desenvolver em linfócitos T (células T) ou em células assassinas naturais (NK). É denominado “extranodal” porque se desenvolve em órgãos ou tecidos que não os gânglios linfáticos. Geralmente, afeta áreas do nariz (chamadas de "tipo nasal"), mais frequentemente as vias nasais, mas também pode afetar a parte superior da garganta e os seios paranasais. 

Este tipo de linfoma cutâneo pode ser chamado de 'tipo extranasal' quando afeta a pele, testículos, tecidos moles, rins, cérebro e / ou medula espinhal, trato respiratório, trato gastrointestinal, olhos ou glândulas adrenais. 

Linfoma cutâneo primário de células T periféricas - não especificado de outra forma

Existem três subgrupos nesta categoria:

1. Linfoma cutâneo primário de células T pequenas / médias CD4-positivas: Linfoma de crescimento lento com bom prognóstico. Geralmente aparece como uma única placa ou nódulo na face, pescoço ou parte superior do tronco. 

2. Linfoma cutâneo primário de células T gama / delta: Tipo de linfoma cutâneo de crescimento mais rápido que geralmente ocorre em adultos. É mais comum aparecer como manchas e placas nos braços ou nas pernas. Os sintomas também podem incluir suores noturnos, febre e perda de peso. 

 3. Linfoma cutâneo primário de células T epidermotrópico agressivo CD8-positivo: Linfoma de crescimento mais rápido que ocorre principalmente em adultos. Aparece como manchas generalizadas (pápulas), placas e tumores na pele. As áreas afetadas podem ulcerar.

Linfomas cutâneos de células B (LCCB)

Existem três tipos principais de LCCB:

Linfoma cutâneo primário do centro folicular: trata-se do tipo mais comum de LCCB.  É considerado indolente (ou seja, de crescimento lento) e tem bom prognóstico.  cabeça, pescoço ou parte superior do tronco são as áreas mais atingidas por este tipo de tumor que se a caracteriza pelo desenvolvimento de nódulos rosados ​​ou vermelhos, ou tumores de desenvolvimento lento que, raramente, ulceram.

Embora alguns doentes possam encontrar nódulos em muitos locais do corpo, habitualmente este tipo de LCCB resulta num tumor único ou num pequeno grupo de nódulos.

Linfoma cutâneo primário de células B da zona marginal: é o segundo tipo de LCCB mais frequente. E tal como o Linfoma cutâneo primário do centro folicular é indolente (crescimento lento) e tem bom prognóstico. 

O Linfoma cutâneo primário de células B da zona marginal está relacionado a um tipo de linfoma conhecido como linfoma extranodal do tipo de tecido linfóide associado à mucosa (MALT) e caracteriza-se pelo aparecimento de pápulas rosadas ou vermelhas, nódulos ou, menos frequentemente, tumores. Pode ocorrer em qualquer parte da pele, mas surge habitualmente nos braços, pernas ou tronco. 

Este é um dos poucos linfomas cutâneos com causa conhecida. Algumas pessoas com linfoma MALT apresentam evidências de uma infeção bacteriana chamada Borrelia burgdorferi. Habitualmente, os doentes que apresentam esta infeção são tratados numa primeira fase com antibióticos. Caso não exista infeção, o tratamento consiste em radioterapia ou cirurgia, principalmente se o linfoma ocorrer em apenas uma área.

Linfoma cutâneo primário difuso de células grandes: é um tipo raro e mais perigoso de LCCB que na maioria dos casos é encontrado na parte inferior das pernas, sobretudo entre os idosos. Este tipo de Linfoma habitualmente estende-se em profundidade na gordura do corpo, crescendo rapidamente, causando feridas. Ao contrário dos tipos de linfoma de crescimento lento, este tem uma alta probabilidade de se espalhar para fora da pele.

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Dia Mundial das Doenças Raras assinala-se a 28 de fevereiro
A campanha #EuSouRaro/a junta a associação de doentes e a sociedade científica com o propósito de gerar maior conhecimento da...

A Associação Portuguesa de Neuromusculares (APN) e a Sociedade Portuguesa de Estudos de Doenças Neuromusculares (SPEDNM) lançam este domingo, data em que se assinala o Dia Mundial das Doenças Raras, a campanha #EuSouRaro/a, uma iniciativa que pretende sensibilizar a população e os profissionais de saúde para a existência da Atrofia Muscular Espinhal (SMA) e para a importância de um diagnóstico precoce, por forma a que a criança e o adulto com SMA possam ter uma vida mais funcional e ser devidamente acompanhados.

Sob o mote “Na SMA ninguém está sozinho”, a campanha conta com a apresentação de dois testemunhos de doentes e cuidadores que irão partilhar em vídeo a sua história de vida e a forma como têm vivido com esta doença desde os primeiros sintomas, até ao diagnóstico e consequente acompanhamento. A par destes é criada uma landing page em www.togetherinsma.pt, que objetiva agregar toda a informação útil sobre a doença, a sua prevalência, sintomas, método de diagnóstico e benefícios do seguimento clínico, que poderá ser acedida por qualquer pessoa com interesse na doença.

A campanha vai decorrer ao longo do ano nas redes sociais da APN (Facebook e LinkedIn), e vai contar ainda com o apoio da Biogen, empresa de biotecnologia pioneira nas Neurociências, na sua divulgação online (também em Facebook e LinkedIn), e dos municípios de Lisboa, Porto e Coimbra, responsáveis pela divulgação outdoor.

“Tanto a sociedade como a comunidade médica devem estar alerta para a importância do diagnóstico precoce da Atrofia Muscular Espinhal, uma vez que a demora na identificação e tratamento da doença pode significar uma maior destruição, irreversível, dos neurónios motores da medula espinhal e, por isso, gerar mais incapacidade na pessoa. Neste contexto, a referenciação atempada para as especialidades de Neurologia e Neuropediatria surge como um fator prioritário para assegurar o acompanhamento correto e regular dos doentes com esta patologia em consulta multidisciplinar que proporcione uma melhoria ou manutenção da sua qualidade de vida”, refere Teresa Coelho, Neurologista e Presidente da Sociedade Portuguesa de Estudos de Doenças Neuromusculares

“Uma das respostas para um diagnóstico mais atempado tem de passar, impreterivelmente, pela inclusão da Atrofia Muscular Espinhal no Programa Nacional de Rastreio Neonatal, a juntar, obviamente, à aposta que deve existir na identificação do histórico familiar da doença, que nos ajuda a perceber se existe a transmissão do gene SMN1 – causador da SMA – por parte dos dois progenitores, fator que aumento o risco de desenvolvimento da doença”, chama a atenção Joaquim Brites, Presidente da Associação Portuguesa de Neuromusculares

A Atrofia Muscular Espinhal é uma doença neuromuscular hereditária rara que resulta na diminuição gradual da massa muscular e da força dos músculos – por conta do processo degenerativo de neurónios motores na medula espinhal – o que pode originar a paralisia progressiva e perda de capacidades motoras. Esta doença pode dividir-se em quatro tipos principais: os primeiros três tipos com aparecimento de sintomas em idade pediátrica, e um quarto tipo com aparecimento dos sintomas na idade adulta.

Em relação aos sintomas, estes podem variar de pessoa para pessoa, sendo a fraqueza e atrofia muscular os mais comuns e transversais a todos os tipos. Pode ainda verificar-se fraqueza geralmente igual nos dois lados do corpo e mais acentuada nas pernas do que nos braços, e, nos casos mais severos, observam-se frequentemente dificuldades respiratórias, na mastigação e na deglutição, e em idades mais avançadas podem surgir escolioses acentuadas, não existindo qualquer impacto a nível cognitivo nem na sensibilidade dos doentes.

Atualmente a SMA é a principal causa genética de mortalidade e incapacidade infantil, sobretudo o tipo 1 da doença, que representa 60% do total de casos identificados.

Cooperação entre instituições de cinco países europeus
A Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC) está a participar num projeto internacional que visa contribuir para a...

Coordenado pela Universidade de Liège, na Bélgica, o projeto, que envolve a cooperação de instituições de cinco países europeus, tendo por lema “Get ready for safety” (“Prepare-se para a segurança”), é suportado pelo programa Erasmus +, da União Europeia, com uma verba de 436 mil euros.

Em causa estão as indesejadas complicações resultantes dos cuidados de saúde prestados aos pacientes, não imputadas à evolução natural da doença de base, mas a imprevistos e a erros (os designados eventos adversos) que, segundo a evidência disponível, atingem um em cada 10 doentes em internamento hospitalar, podendo ser evitadas em 50% dos casos.

“Partindo de um levantamento das necessidades de formação nos vários países envolvidos, definiremos um quadro de competências a desenvolver pelos profissionais de saúde e um programa formativo, direcionado a estudantes e profissionais, numa abordagem de interdisciplinaridade, com recurso a plataformas digitais, prática simulada, sessões de e-learning teóricas e práticas”, explica a professora Amélia Castilho, que coordena a equipa de docentes da ESEnfC que participa neste projeto, constituída pelos professores Rui Baptista, Verónica Coutinho, Nazaré Cerejo e Rui Gonçalves.

De acordo com a especialista em Enfermagem Médico-Cirúrgica e em Gestão e Economia da Saúde, pretende-se com este programa, que contará com a experiência, conhecimento e «visão transnacional» de profissionais de cinco países europeus, “colmatar a lacuna existente entre competências de gestão da qualidade e segurança exigidas aos profissionais e a formação formal disponível neste domínio”.

Em 2009, o Conselho da União Europeia estimou que de entre 8% a 12% dos doentes em internamento hospitalar na Europa sofriam de eventos adversos, cerca de metade dos quais resultantes de erros evitáveis.

“A melhoria da segurança do doente é fomentada pelo trabalho em equipa, pela eficiência da comunicação estabelecida entre os profissionais e entre profissionais e doentes e pela gestão rigorosa dos processos de cuidados, de forma a criar barreiras que impeçam os inevitáveis erros humanos de chegar até ao doente. Nesse sentido, um esforço contínuo de aprendizagem e melhoria está em curso nas instituições de saúde, mas temos ainda um longo caminho a percorrer, como se assume na Estratégia Nacional para a Qualidade na Saúde e nas prioridades definidas no Plano Nacional de Segurança”, afirma a professora Amélia Castilho.

Denominado e-Safe - Amélioration de la gestion de la qualité et sécurité des soins en formation initiale et continue (em português, Melhoria da gestão da qualidade e segurança dos cuidados na formação inicial e contínua), este projeto, que decorre até 31 de agosto de 2023 (período de execução de 36 meses), beneficia da participação de sete instituições: Universidade de Liège, Haute Ecole Libre Mosane, Inforef - organização sem fins lucrativos que atua na promoção da utilização de tecnologias digitais e na cooperação europeia no domínio da educação (as três na Bélgica), Universidade de Caen Normandie (França), Centro Hospitalar do Luxemburgo, ESEnfC (Portugal) e Universidade de Medicina e Farmácia Iuliu Hatieganu (Roménia).

Boletim Epidemiológico
Portugal registou, nas últimas 24 horas, 58 mortes e 1.027 novos casos de infeção por Covid-19. O número de doentes internados...

Segundo o boletim divulgado, a região de Lisboa e Vale do Tejo continua a ser aquela onde morreram mais pessoas com Covid-19: 28 das 58 mortes registadas em todo o País. Seguem-se as regiões centro com 13 e norte com 11. No Alentejo houve seis mortes a lamentar. No Algarve não há registo de mortes desde o último balanço.

Quanto aos arquipélagos, não há registo de mortes, nem na Madeira nem nos Açores.

Quanto ao número de novos casos, o boletim epidemiológico divulgado hoje, pela Direção Geral da Saúde, mostra que foram diagnosticados 1.027 novos casos. A região de Lisboa e Vale do Tejo contabilizou 410 novos casos e a região norte 250. Desde ontem foram diagnosticados mais 140 na região Centro, no Alentejo 51 casos e no Algarve mais 54. No arquipélago da Madeira foram identificadas mais 123 infeções e no dos Açores não foi identificado nenhum caso no dia em análise.

Quanto ao número de internamentos, há atualmente 2.404 doentes internados, menos 209 que ontem. Também as unidades de cuidados intensivos registaram uma descida, tendo agora menos 14 doentes internados. Atualmente, estão em UCI 522 pessoas.

O boletim desta sexta-feira mostra ainda que, desde ontem, 2.780 pessoas recuperaram da Covid-19, elevando para 714.493 o total daqueles que conseguiram vencer a doença desde o início da pandemia.

No que diz respeito aos casos ativos, o boletim epidemiológico divulgado hoje pela DGS, revela que existem 72.037 casos, menos 1.811 que ontem.  As autoridades de saúde mantêm sob vigilância também menos 4.528 contactos, estando agora 53.166 pessoas em vigilância.

 

CHUC integra a rede europeia de referência
Celebra-se no próximo dia 28 de fevereiro, o Dia Mundial das Doenças Raras, efeméride à qual o Centro Hospitalar e...

Mais de 30 milhões de pessoas na Europa são afetadas por mais de seis mil doenças raras, estimando-se que o impacto no nosso País seja, aproximadamente, de 600 000 pessoas.

“A singularidade e diversidade destas doenças raras traduzem-se numa difícil e insuficiente cobertura dos sistemas de saúde dos vários países. Perante este contexto, a União Europeia criou a “Rare Diseases Task Force” que levou ao aparecimento das redes europeias de doenças raras “European Reference Networks” (ERN)”, pode ler-se no comunicado enviado.  A primeira rede de referência europeia foi aprovada no início de 2017 contando, atualmente, com 24 redes ERN.

O CHUC integra a rede europeia com 10 redes, “sendo o único representante nacional em quatro redes e ainda o único representante na Península Ibérica em duas destas redes, as redes BONE e ITHACA”.

“As redes europeias de referência (ERN) são redes virtuais que reúnem prestadores de cuidados de saúde de toda a Europa, com a finalidade de facultar o debate sobre doenças raras ou complexas - que demandam cuidados altamente especializados - bem como concentrar os conhecimentos e os recursos disponíveis”, escreve em comunicado

Em Portugal, para implementar a Estratégia Integrada para as Doenças Raras 2015 – 2020, foi criada uma Comissão Interministerial composta por diversos organismos, presidida pelo Diretor Geral da Saúde, com a missão de desenvolver e melhorar a coordenação de cuidados, o acesso ao diagnóstico precoce, o acesso ao tratamento, à inclusão social e cidadania, à investigação, à informação clínica e epidemiológica, entre outros.

 

RISE – Rede de Investigação em Saúde
O Instituto Português de Oncologia do Porto Francisco Gentil (IPO Porto), membro fundador do primeiro grande laboratório...

Os restantes membros do RISE são a Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, a Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, agregando, ainda, investigadores da NOVA Medical School, da Escola Superior de Enfermagem e da Universidade de Aveiro.

Mais de metade dos investigadores são médicos, enfermeiros e outros profissionais de saúde, o que contribuirá para aproximar as prioridades de investigação às necessidades diariamente identificadas no contacto com os doentes.

“Esta iniciativa demonstra que o SNS é bem mais do que a prestação de cuidados aos doentes e está na primeira linha da inovação e investigação clínica, que são fulcrais para a melhoria dos resultados em Saúde”, refere o Presidente do Conselho de Administração do IPO Porto, Rui Henrique.

 

Doença genética rara
A Agência Europeia de Medicamentos recomendou a concessão de uma autorização de marketing na União Europeia para o primeiro...

Evrysdi é indicado para o tratamento de 5q AME em pacientes com 2 meses de idade ou mais, com diagnóstico clínico de atrofia muscular espinhal Tipo 1, Tipo 2 ou Tipo 3 ou com cópias de um a quatro SMN2.

Atrofia muscular espinhal é uma doença hereditária geralmente diagnosticada no primeiro ano de vida que afeta os neurónios motores (neurónios do cérebro e medula espinhal que controlam os movimentos musculares). Os doentes com a doença não têm uma proteína chamada "neurónio motor de sobrevivência" (SMN, sigla em inglês), que faz com que os neurónios motores se deteriorem e eventualmente morrerem. Trata-se de uma doença debilitante e com risco de vida a longo prazo porque causa problemas respiratórios e perda muscular que piora com o tempo.

A proteína SMN pode ser feita por dois genes, SMN1 e SMN2. O gene SMN1 não funciona nos doentes com atrofia muscular espinhal, no entanto, estes dispõem de pelo menos uma cópia do gene SMN2, que produz principalmente uma proteína SMN curta que não funciona tão bem quanto uma proteína de comprimento completo.

Risdiplam, a substância ativa de Evrysdi, mostrou que pode permitir que o gene SMN2 produza uma proteína SMN de comprimento completo, que é capaz de funcionar normalmente. Espera-se que isso aumente a sobrevida dos neurónios motores e reduza os sintomas da doença.

Embora uma série de opções de tratamento tenham sido disponibilizadas nos últimos anos, todas exigem visitas clínicas frequentes ou procedimentos invasivos. Durante a pandemia Covid-19, ficou mais difícil de aceder a esses tratamentos devido a medidas de promoção do distanciamento físico e mudanças nas prioridades hospitalares que adiaram os procedimentos eletivos.

Novas terapias com rotas mais fáceis de administração são necessárias para ajudar os doentes com esta doença crónica a aderir ao seu tratamento e obter benefícios totais.

Evrysdi foi desenvolvido como um tratamento oral não invasivo que pode ser usado em casa. Foi aceite no PRIME, um esquema de suporte desenvolvido pela EMA para novos medicamentos promissores que abordam uma necessidade médica não atendida. Representantes de organizações de doentes também foram consultados durante a avaliação dos benefícios e riscos da Evrysdi para trazer sua perspetiva única da vida real e garantir que as necessidades dos doentes são consideradas no processo de tomada de decisão regulatória. O comité de medicamentos humanos (CHMP) da EMA reavaliou o pedido de autorização de marketing sob um cronograma acelerado para permitir um acesso mais rápido ao paciente a este medicamento.

A recomendação da EMA baseia-se em dois estudos clínicos, um que investiga os efeitos de Evrysdi em doentes com SMA de início infantil e outro em SMA de início posterior.

Os resultados dos ensaios mostram efeitos benéficos em pacientes muito jovens em termos de desenvolvimento motor e sobrevivência aos 12 meses, em comparação com dados sobre o curso natural da doença nesses pacientes. O efeito positivo na SMA de início posterior (Tipo 2 e 3) foi demonstrado em um estudo controlado por placebo, incluindo pacientes entre 2 e 25 anos de idade. 

Como parte de sua recomendação para autorização de marketing, o CHMP solicitou que a empresa realizasse um estudo de eficácia pós-autorização (PAES): um estudo prospetivo de longo prazo, observacional para avaliar ainda mais a progressão da doença em pacientes com SMA (pré-sintomáticos e sintomáticos) com cópias de 1 a 4 SMN2 tratadas com risdiplam, em comparação com dados de história natural em pacientes não tratados.

As principais reações adversas observadas nos ensaios foram dores de cabeça, ulcerações bucais e úlceras aftosas, infeções do trato urinário, incluindo cistite, náusea, pirexia e tontura/vertigem.

O parecer será agora enviado à Comissão Europeia para a aprovação de uma decisão sobre uma autorização de marketing em toda a UE. Uma vez concedida uma autorização de marketing, as decisões sobre preço e reembolso ocorrerão no nível de cada Estado-Membro, tendo em conta o potencial papel/uso deste medicamento no contexto do sistema nacional de saúde daquele país.

A nossa vida com XLH
O Raquitismo hipofosfatémico ligado ao cromossoma X (ou XLH, como também é conhecido) é uma doença e

O XLH ocorre devido a uma mutação no cromossoma X que faz com que o organismo produza em excesso uma hormona envolvida no controlo de fosfato, essencial para o correto desenvolvimento dos dentes e ossos, e que se designa de FGF-23 (fator de crescimento de fibroblastos 23). Nas pessoas com XLH, “os níveis elevados de FGF 23 são os responsáveis diretos pela perda tubular de fósforo e ainda por redução da produção de calcitriol que, no seu conjunto, são responsáveis pela não mineralização óssea”, explica a nefrologista pediátrica Isabel Castro, acrescentando que a perda de velocidade de crescimento, a baixa estatura, o atraso na erupção dos dentes ou no desenvolvimento psicomotor, bem como a deformação óssea – que pode ser grave e incapacientante - com risco de fratura, são os principais sintomas desta doença genética rara, que se estima que afete 1 em cada 20 mil pessoas.

Camila Brodbeck mudou-se para Portugal quando a filha, Luísa, tinha pouco mais de um ano de idade. Recorda que, embora, na altura, ainda não caminhasse, nunca suspeitou que Luísa pudesse ter algum problema. “Toda gente me dizia “é normal”, cada criança tem seu tempo”, conta.

Com o início da marcha aos 17 meses, Camila começou a reparar que Luísa se desiquilibrava com alguma facilidade. “Então começou a pandemia e ficámos mais tempo em casa e pude observar melhor”, recorda. Ao observar outras crianças através das redes sociais, Camila pode perceber que, para além da filha não pular ou correr como as outras crianças da sua idade, dava ainda “muitas quedas”.

“Quando comecei a desconfiar que algo não estava certo com a marcha, tamanho das pernas e altura da Luísa, conversei com o pai dela e começámos a ler alguns artigos a respeito”, comenta explicando que o marido também sofre da doença. “O pai da Luísa também é XLH, mas nunca me explicaram exatamente o que era, tão pouco a possibilidade da herança genética”, revela.

Segundo Camila Brodbeck, o médico que a acompanhava nas consultas pré-Natalfoi informado sobre o histórico de doenças familiares, “inclusive sobre o Raquitismo”, mas nunca os orientou ou alertou para a necessidade de realizar um estudo genético para confirmar o diagnóstico após o nascimento.

O pai da menina, conta, apesar de sofrer da doença, não tem qualquer problema ou deformação óssea que o denuncie. “Em conversa com o pai dele fiquei a saber que o pai da Luísa tinha as pernas bastante arqueadas quando era criança”, explica acrescentando que o XLH, por outro lado, afetou a sua audição.

A verdade é que, se durante a infância a baixa estatura, as pernas arqueadas ou os joelhos recurvados são os principais de alerta, na idade adulta o Raquistismo Hipofosfatémico pode apresentar diferentes manifestações clínicas. Entre elas: a dor e rigidez articular,  problemas nos tendões ou ligamentos, pseudofraturas, problemas dentários e de audição. Associados a estes sintomas pode surgir ainda fadiga e estados de humor depressivos.

Após pesquisa, Camila ficou a saber que Luísa tinham 100% de hipóteses de ter herdado a doença do pai.

“No meio da pandemia fui atrás de médicos, de exames e, em poucos dias, eu já tinha nas mãos o Rx e as análises básicas. Com os resultados e suspeitas quase confirmadas, realizaram-se exames específicos, incluindo um mapeamento genético”, recorda. O diagnóstico de XLH foi confirmado pouco depois.

Diagnóstico confirmado iniciou-se o tratamento convencional com o Fosfato e Calcitriol “que durou 5 meses, até a liberação de um novo fármaco”. Com 2 meses desde a primeira aplicação do deste fármaco, revela Camila, “a Luísa mostrou uma evolução muito grande na marcha, equilíbrio, e crescimento”.

Apesar de poder vir a tornar-se incapacitante, esta doença, quando detetada e tratada atempadamente permite o desenvolvimento normal. O objetivo dos tratamentos visa, aliás, melhorar a velocidade de crescimento, reduzir o arqueamento das pernas, diminuir a doença e a dor nos ossos.

Em todo o caso, importa reforçar a importância de o doente ter seguido por uma equipa multidisciplinar “constituida por Nefrologista, Ortopedista, Endocrinologista, Fisiatra e Estomatologista”, tal como explica a especialista em nefrologia pediátrica, Isabel Castro.

Após o diagnóstico, é “fundamental a monitorização da terapeutica com adequação das doses dos medicamentos de acordo com a clinica e exames do doente, para garantir eficácia no tratamento com recuperação da velocidade de crescimento e  redução ou correção das deformações ósseas ou dentárias e, paralelamente, controlar e prevenir eventuais complicações da medicação”, acrescencenta a médica.

Embora, no início, Camila se tenha sentido culpada por não ter percebido mais cedo que algo poderia estar errado com a filha, hoje tenta estar o mais informada possível. “Hoje eu procuro sempre informações atualizadas, participo de grupos em redes sociais de portadores e pais de portadores da doença, visando sempre o bem estar dela, para que ela tenha menos sequelas possíveis, sem dores e crescendo dentro do esperado, nas limitações da doença”, conclui.

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As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Iniciativa financiada pela Comissão Europeia
O Conselho Geral de Farmacêuticos de Espanha, a Ordem dos Farmacêuticos em França, a Associação Nacional das Farmácias e a...

O projeto, financiado pela Comissão Europeia através do programa da Saúde Europeia Digital, foi baseado no Centro de Informação sobre Medicamentos (CISMED), um sistema implementado nas farmácias espanholas e desenvolvido pelo Conselho Geral de Farmacêuticos de Espanha.

O objetivo desta iniciativa, que decorreu durante o ano de 2020, é explorar a utilidade da partilha de informação comparável sobre indisponibilidades ao nível supranacional, de modo a ultrapassar vários desafios, como a ausência de uma identificação unívoca e harmonizada de medicamentos na Europa, a inexistência de um protocolo comum de reporte, bem como as diferentes definições nacionais de indisponibilidades de medicamentos, que, por norma, não incluem parâmetros para quantificar a gravidade do problema. 

Jesus Aguilar, presidente do Conselho Geral de Farmacêuticos de Espanha, chama atenção para o facto de "após doze meses de trabalho, e em tempo de pandemia, tornou-se claro que a troca de informação entre organizações farmacêuticas destes países, gera conhecimento valioso para as autoridades de saúde”. Adicionalmente, Jesus Aguilar acrescenta que os resultados revelaram “que a informação gerada pelas farmácias tem enorme potencial para a deteção atempada de problemas de fornecimento de medicamentos e facilita uma cooperação internacional efetiva que mitigue o seu impacto. Estamos convencidos que este projeto irá contribuir de forma significativa para o futuro Sistema Europeu de Deteção e Notificação de Indisponibilidades”.

O projeto conclui que os sistemas de reporte das farmácias são essenciais para antecipar problemas no fornecimento de medicamentos. Adicionalmente, é aconselhado que estes sistemas incluam uma funcionalidade de reporte automático e em tempo real das farmácias, o que facilita uma ação mais atempada e efetiva. Para diminuir as diferenças na designação de medicamentos, propõe-se a utilização de uma denominação internacional comum e estandardizada, como a SNOMED CT, de forma a trocar informação comparável.

Indisponibilidades e a pandemia

A informação partilhada, durante o ano de 2020, pelas farmácias dos quatro países participantes tornou possível analisar o problema das indisponibilidades de medicamentos em dois pontos no tempo. Em novembro de 2019, salientam-se os problemas no fornecimento de medicamentos para o sistema nervoso, cardiovasculares, do trato alimentar, obstrução do sistema respiratório e oftalmológicos.

Em maio de 2020, já em plena pandemia, os dados apontam para algumas semelhanças e diferenças entre os países. Os medicamentos para o sistema nervoso registaram o maior número de indisponibilidades em todos os países, especialmente os antidepressivos e ansiolíticos em Portugal e Espanha. No caso dos medicamentos para o sistema respiratório, mostraram um comportamento diferente, potencialmente devido às diferentes medidas tomadas em cada país. Portugal e Espanha coincidiram na diminuição de indisponibilidades nestes medicamentos, enquanto que, em Itália e França, as indisponibilidades com estes medicamentos aumentaram. O mesmo aconteceu com medicamentos à base de hidroxicloroquina, utilizados durante a pandemia, e que no período analisado apenas apresentaram indisponibilidades em Itália e Espanha.

Com a finalização do projeto, o objetivo dos países participantes é continuar a trabalhar em conjunto para facilitar a implementação técnica de um sistema europeu de troca de informação sobre a indisponibilidade de medicamentos, que seja útil e adicione valor às autoridades, atores da cadeia do medicamento, mas em particular, ao doente. 

 

Revista de Imprensa
De acordo com uma sondagem da Aximage, realizada para o Jornal de Notícias, Diário de Notícias e TSF, 35% dos portugueses...

Apenas 31% dá nota positiva ao plano e a maioria (54%) recusa que seja dada prioridade à imunização de políticos, sobretudo de presidentes de Câmara e de deputados.

Os idosos são os que mais acreditam na capacidade de o Governo conseguir cumprir o plano de vacinação é maior entre os idosos. Segundo a sondagem 45% dos inquiridos acima dos 50 anos partilha esta opinião. Já as faixas etárias dos 18 aos 49 anos, são as que apresentam mais dúvidas.

Na Grande Lisboa, é entre os eleitores do PS (60%) e da CDU (55%), que a confiança no Executivo de António Costa se mantém alta. Nas regiões do Centro e do Sul e ilhas e entre os simpatizantes de Iniciativa Liberal, Chega e Bloco de Esquerda a descrença é maior.

Em dezembro, antes do arranque da imunização, 38% dos inquiridos manifestava confiança no Executivo PS conseguir executar o plano, dois meses depois tudo se inverteu: 43% têm pouca confiança e só 28% continuam a acreditar no respeito das metas.

 

INSA
De acordo com um estudo do INSA, o novo coronavírus, detetado em Portugal a 2 de março de 2020, já circulava no país desde...

Segundo o estudo, pelo menos 277 pessoas infetadas com SARS-CoV-2 oriundas de 36 países entraram em Portugal até 31 de março de 2020, sendo a maioria do Reino Unido, Espanha, França, Itália e Suíça,

E apesar dos primeiros casos de covid-19 notificados em Portugal reportarem a 2 de março de 2020, terão existido potenciais introduções ainda no final de janeiro, tendo a maioria ocorrido a partir da última semana de fevereiro, numa “transmissão comunitária que já estava a decorrer de forma silenciosa”, conclui este trabalho de investigação.

Estes dados fazem parte de “um trabalho extenso do estudo da diversidade genética do novo coronavírus” que o INSA está a realizar desde o início da pandemia, tendo como um dos principais objetivos identificar as principais introduções do vírus no país, nomeadamente os países que terão contribuído mais para essa situação, explicou em entrevista Joana Isidro, do Núcleo de Bioinformática do Departamento de Doenças Infeciosas.

“Em março de 2020, houve um enorme esforço, conjuntamente com múltiplos laboratórios e hospitais, para conseguirmos recolher amostras e obter a informação genética dos vírus que circularam nessa fase inicial da pandemia e isso fez com que fôssemos um dos países [o quinto do mundo] que conseguiu recolher mais informação a nível da informação genética do novo coronavírus” nessa fase da epidemia, adiantou Joana Isidro.

O investigador Vítor Borges acrescentou que foram analisadas 1.275 amostras de vírus colhidas em Portugal até ao final de março, representando 15,5% dos casos confirmados nesse período.

Com estas sequências conseguiu-se prever, com base na singularidade genética e com o historial de viagem associado aos pacientes de onde essas amostras foram colhidas, que houve pelo menos 277 introduções independentes do vírus em Portugal até 31 de março provenientes de “múltiplos países”, como os Emirados Árabes Unidos, Argentina, Brasil, Grécia, Países Baixos, Andorra e Islândia.

De acordo com os investigadores, o país que terá contribuído com o maior número de introduções foi o Reino Unido, seguido da França, Espanha e Itália.

“Cada uma destas introduções teve um impacto diferente. Houve introduções que tiveram cadeias de transmissão muito limitadas e causaram poucos casos, enquanto houve outras que causaram muitos casos”, referiu Vítor Borges, citado pelo Sapo 24.

No entanto, e apesar de Itália ter tido muito menos introduções do que o Reino Unido, foi o país que teve mais peso na transmissão comunitária em Portugal.

Os investigadores estimam que um contágio ocorrido na região da Lombardia por volta do dia 21 de fevereiro tenha originado cerca de 4.000 casos de covid-19 em Portugal, dispersados por 44 municípios de 11 distritos, quase exclusivamente na Região Norte e Centro.

Presidente da Associação Portuguesa de Bioética
O presidente da Associação Portuguesa de Bioética (APB), Rui Nunes, teme que a criação de um certificado de vacinação para a...

Fazer depender a autorização de viagem de os cidadãos estarem vacinados contra a COVID-19, assevera Rui Nunes, “levanta sérias questões éticas e legais que devem ser consideradas pelas autoridades antes da sua implementação”. “A decisão de um cidadão se vacinar não depende da vontade de cada um, mas sim dos planos delineados por cada Governo e que, como é sabido, variam de país para país”, frisa o especialista em bioética. Este “ranking social” implementado noutros países a Oriente, sustenta, é, por razões óbvias, contrário à tradição europeia de defesa dos direitos humanos.

Rui Nunes defende em alternativa um reforço da prevenção da transmissão através da literacia em saúde e de medidas de higiene social. E de um aumento da testagem, seja através dos testes PCR, seja através dos testes serológicos. Sem deixar de ter em conta todas as limitações inerentes aos mesmos.

O presidente da APB compreende a necessidade de retomar o desenvolvimento económico, por exemplo restabelecendo o tráfego aéreo, por motivos de turismo ou por razões profissionais e empresariais. E que essa reabertura justifica medidas inovadoras que num contexto pré-pandémico seriam impensáveis. Contudo, sublinha, “devem existir alternativas eficazes a este Passaporte COVID, como por exemplo a testagem rápida e efetiva a todos aqueles que, querendo viajar, não tiveram oportunidade de ser vacinados”.

Rui Nunes teme que a criação de um certificado dentro destas condições facilmente leve à tentação de passar a exigir a apresentação do mesmo não só para viajar, como também para aceder a espaços públicos como são os centros comerciais ou as grandes superfícies. Como, aliás, acontece já em algumas partes do mundo. “É inaceitável que as pessoas não vacinadas sejam impedidas de participar nas atividades económicas, sociais ou mesmo culturais e permitir que tal possa ser aplicado no território europeu representa um sério revés aos pilares da União Europeia, à livre circulação e à igualdade de oportunidades para todos os nossos concidadãos”, acrescenta.

A implementação generalizada do Passaporte COVID-19, conclui Rui Nunes, pode “originar inaceitáveis situações de discriminação injusta e de restrição artificial de direitos básicos de cidadania, incluindo violações de privacidade, e o acesso não autorizado a dados pessoais”. E se esta pandemia veio confirmar que existem bens públicos globais e que a comunidade internacional deve mobilizar-se para assegurar um desenvolvimento comum e sustentável, “então deve fazê-lo em conformidade com as conquistas civilizacionais que são a marca genética das sociedades livres”.

The Brain Prize Meeting 2021
De 1 a 4 de março decorre a conferência online The Brain Prize Meeting 2021, desenvolvido pela Fundação Lundbeck, aberta a...

Esta iniciativa, que está na vanguarda da investigação em neurociências, reúne prestigiados investigadores mundiais, das mais reconhecidas universidades e laboratórios, que discutem as mais recentes novidades sobre a investigação em neurociências e suas implicações nas doenças neurológicas e psiquiátricas - como estas funcionam, como se diagnosticam e novas abordagens científicas para o seu tratamento.

“As doenças mentais e do cérebro são muito frequentes na população e podem causar grande incapacidade na vida profissional, pessoal e social dos doentes. Algumas das doenças que têm mais impacto na população são, por exemplo, a depressão, as demências e perturbações cognitivas, as cefaleias e enxaquecas, a esquizofrenia, a doença de Parkinson e a epilepsia. É, por isso, muito importante que seja discutido o que há de novo e se proporcionem investimentos na investigação e desenvolvimento inovadores sobre estas doenças. Só a constante procura e partilha de mais conhecimento poderá ajudar os médicos a encontrar novas formas de tratamento que podem representar uma esperança nas pessoas que vivem com doenças neurológicas e psiquiátricas.” refere o psiquiatra Gustavo Jesus.

O Brain Prize Meeting decorre em sessões online durante as tardes de 1-4 de Março, com os seguintes temas:  “A epigenética e a regulação da expressão do gene nas doenças do neurodesenvolvimento”, “A genética, genómica e identificação de mutações”, “As disfunções neuronais nas doenças do neurodesenvolvimento” e “Diagnóstico e tratamento das doenças do neurodesenvolvimento”., Este encontro científico termina com comunicações dos vencedores do Brain Prize de 2020 e encerra com o anúncio do(s) vencedor(es) da edição de 2021.

O Brain Prize 2020 foi atribuído aos investigadores Huda Zoghbi e Adrian Bird pelo seu trabalho pioneiro sobre a Síndrome de Rett. A sua investigação estabeleceu a importância da regulação epigenética no desenvolvimento do cérebro e na manutenção da função normal do cérebro adulto. Esta investigação permitiu apontar para novas oportunidades no tratamento desta e de outras perturbações do neurodesenvolvimento.

As inscrições para o evento estão abertas e podem ser realizadas aqui.

 

 

Principais desafios
Além de raros, os Linfomas Cutâneos “são de diagnóstico por vezes difícil, sendo necessária uma estr

Os linfomas cutâneos são um tipo de linfoma não-Hodgkin que afeta a pele sem evidência de alterações em outros órgãos à altura do diagnóstico. De acordo com o hematologista, Carlos Costa, tratam-se de “uma forma de tumor composto por células que derivam de linfócitos, a grande maioria dos quais – cerca de 80% – tem origem em Linfócitos T”. Embora menos frequentes, estes podem ter também origem em células do tipo B e células NK. “Apesar de serem o segundo tipo mais frequente de linfomas extra-nodais (que não afetam os gânglios linfáticos), são doenças raras, com uma prevalência de cerca de 1 casos por 100.000 habitantes nos países ocidentais (dados da Orphanet, 2020)”, acrescenta o especialista.

As lesões (placas) avermelhadas na pele, muitas vezes com relevo ou comichão e raramente descamativas ou dolorosas são as principais manifestações clínicas da doença. “As lesões podem ter diferentes localizações e variam muito em extensão, e nos casos mais graves podem afetar toda a pele (eritroderma). À medida que a doença vai progredindo podem surgir placas ou úlceras na pele e, nos casos mais avançados, gânglios linfáticos aumentados que se podem palpar no pescoço, nas axilas ou nas virilhas, ou ainda envolvimento de outros órgãos (incluindo a medula óssea)”, explica Carlos Costa.

No entanto, o seu comportamento pode assemelhar-se a outras doenças de pele – “alergias, inflamação, atopia” – o que exige um “um elevado índice de suspeita e o apoio de um anatomopatologista com experiência na área” para o seu diagnóstico. De acordo com o hematologista, é “necessária uma estreita articulação entre as equipas clínicas de hematologistas, dermatologistas e anatomopatologistas” sendo frequente “o uso de diferentes técnicas complementares como a microscopia – para avaliação da morfologia e da imunoquímica celular, citometria de fluxo, genética, e ainda técnicas de imagem médica como a TAC ou a PET” para a classificação destas doenças.

Segundo Carlos Costa, pode ser ainda necessária a articulação com especialistas “de várias instituições para casos menos comuns com apresentações menos típicas ou com necessidade de tratamentos mais específicos”.

O principal desafio ao diagnóstico, revela, “é a distinção de envolvimento nodal ou sistémico primário – ou seja, casos em que a pele tem um envolvimento secundário – sendo que estas doenças têm um comportamento clínico muito diferente e carecem de terapias frequentemente mais agressivas”.

Existindo diversas alternativas terapêuticas é essencial obter o diagnóstico correto, “determinar a extensão da doença e fazer uma avaliação individualizada do risco de cada doente em função de outras doenças que possa ter” para definir o plano de tratamento.  “A primeira abordagem em lesões da pele de extensão limitada pode passar por fazer terapia tópica com corticoides, que apresenta uma elevada taxa de resposta e pode induzir respostas duradouras”, começa por explicar o especialista. No entanto, “caso um linfoma cutâneo se apresente com grandes lesões ou progrida após a primeira abordagem pode-se optar por outros imunossupressores tópicos (incluindo citostáticos), terapia com fotões (UVA, UVB) ou eletrões (incluindo radioterapia) ou, caso a doença afete gânglios linfáticos, fazer imunoterapia sistémica, retinoides e/ou quimioterapia em associação com imunoterapia. A escolha tende a ser feita de forma a maximizar a relação risco benefício e inclui, muitas vezes, a combinação de várias estratégias”.

As imunoterapias dirigidas incluem os anticorpos monoclonais anti-CD20 e anti-CD30 usados em Linfomas B, e T, respetivamente. Nos casos refratários, o alotransplante de células da medula pode ser considerado uma opção, acrescenta.

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Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Parceria
Este acordo tem por objetivo reduzir a disparidade no acesso a tratamentos e dar prioridade às populações e regiões onde a...

Novartis anunciou a formalização de um acordo com a Fundação Bill & Melinda Gates. No âmbito deste acordo, a Fundação disponibilizará um apoio financeiro para a descoberta e desenvolvimento de uma terapia genética in vivo de toma única para o tratamento da doença falciforme. O projeto junta a experiência da Novartis no desenvolvimento de medicamentos e terapia genética com os objetivos de carácter social da Fundação Gates de aumentar o acesso aos cuidados de saúde em contextos com poucos recursos, num esforço para lidar com esta doença genética potencialmente fatal.

“As abordagens de terapia genética disponíveis para a doença falciforme são difíceis de aplicar em grande escala e há muitos entraves para chegar à grande maioria das pessoas afetadas por esta doença incapacitante”, declarou Jay Bradner, hematologista e Presidente do Novartis Institute for BioMedical Research (NIBR). “Este é um desafio que exige uma ação coletiva, e estamos entusiasmados em poder contar com o apoio da Fundação Bill & Melinda Gates para dar resposta a esta necessidade médica global não atendida.”

A doença falciforme é uma doença hereditária do sangue - uma das doenças genéticas identificadas há mais tempo e das mais comuns. A doença afeta milhões em todo o mundo, sendo que todos os anos nascem mais de 300.000 crianças com esta doença. Afeta desproporcionalmente os afrodescendentes, a África Subsaariana representa cerca de 80% da incidência desta doença. Também é comum entre os ascendentes da América do Sul, América Central e Índia, bem como de vários países mediterrâneos, como a Itália e a Turquia.

A doença falciforme é uma doença genética complexa que afeta a estrutura e a função da hemoglobina, reduz a capacidade dos glóbulos vermelhos de transportar oxigênio de forma eficiente e, precocemente, evolui para uma doença venosa crónica. A doença pode levar a episódios agudos de dor identificados como crises de dor falciforme ou crises vaso-oclusivas, bem como a complicações potencialmente fatais. As hospitalizações frequentes associadas à doença falciforme, combinadas com a falta de atendimento especializado, representam um peso significativo para os doentes e as suas famílias, os sistemas de saúde e a economia geral. Mesmo com os melhores cuidados disponíveis atualmente, a doença falciforme continua a causar mortes prematuras e incapacidade.

Embora a causa genética da doença seja conhecida há décadas, só recentemente a comunidade científica desenvolveu as ferramentas para corrigir o gene que está na sua origem. As atuais terapias genéticas em desenvolvimento clínico exigem a extração de células de um doente, a sua modificação em laboratório, para em seguida reintroduzi-las no doente através de um procedimento complexo semelhante a um transplante de medula óssea. Os laboratórios, as unidades de produção e as infraestruturas hospitalares necessárias para tais procedimentos normalmente não existem em zonas onde a doença falciforme é mais prevalente, afastando a grande maioria dos doentes das terapias genéticas que podem mudar a sua vida.

“As terapias genéticas podem ajudar a acabar com a ameaça de doenças como a doença falciforme, mas só se conseguirmos torná-las muito mais acessíveis e práticas em locais com poucos recursos”, salienta Trevor Mundel, presidente de Saúde Global na Fundação Gates. “O que é empolgante neste projeto é o facto de trazer a ambição científica para lidar com o desafio. Trata-se de satisfazer necessidades das pessoas em países de baixo rendimento como um impulsionador do progresso científico e médico, não como uma consequência. Significa também a possibilidade de aplicar as aprendizagens para ajudar a desenvolver opções potencialmente curativas para outras doenças debilitantes que afetam as populações de países com baixo rendimento, como é o caso do VIH”.

28 de fevereiro
Esta ação de sensibilização que decorre nas redes sociais da plataforma Raras e Especiais visa Com o objetivo de dar...

Esta iniciativa convida todos os portugueses a unirem-se e a utilizarem a moldura de Facebook disponível nas redes sociais Raras e Especiais partilhando uma fotografia sua com uma mensagem de esperança e o hashtag #1por600mil, criando uma corrente de sensibilização. Adicionalmente também poderão participar nesta iniciativa através do TikTok copiando e partilhando a dança especialmente desenhada e adaptada a este Dia Mundial das Doenças Raras.

“Na Sanofi Genzyme ao longo dos últimos anos temos um compromisso sério com a ciência e a investigação para disponibilizar tratamentos inovadores que trazem esperança a estes doentes raros mas reais e às suas famílias.  Estamos a desenvolver terapêuticas inovadores com o objetivo de dar resposta a necessidades médicas em mais de 30 doenças raras. Das terapêuticas celulares e genéticas até aos tratamentos da próxima geração. Adicionalmente trabalhamos em conjunto com profissionais de saúde, associações e cuidadores apoiando na sensibilização e partilha de informação para uma melhor gestão das doenças raras e com vista a conseguir um diagnóstico cada vez mais cedo. Raros mas não sós, pois a nossa missão continua a ser inovar como prioridade e alterar para as doenças raras colocando os doentes em primeiro lugar”, partilha Filipa Lupi, Medical Affairs Lead Sanofi Genzyme.

No âmbito deste movimento, decorrerá no dia 27 de fevereiro o webinar “Conversas Raras e Especiais sobre Necessidades Reais”, juntamente com a Associação Portuguesa de Doenças do Lisossoma (APL), a Associação Portuguesa de Neuromusculares (APN) e a Comissão Instaladora da RD-Portugal. Este webinar será transmitido em bit.ly/conversasraras e Facebook Raras e Especiais e contará com testemunhos de doentes e representantes de Associações de Doentes. 

“Atualmente existem entre 5000 e 8000 doenças raras identificadas e estima-se que 600 mil portugueses são portadores de uma destas doenças, de difícil diagnóstico e que podem trazer grandes desafios não só junto dos doentes e famílias. As principais necessidades dos doentes raros passam pelo conhecimento epidemiológico e investigação das doenças, acesso ao diagnóstico precoce e a cuidados de saúde e tratamento, inclusão social e participação ativa dos doentes e cuidadores.”, explica Paulo Gonçalves, representante da Comissão Instaladora da RD Portugal.

Balanço de atividade
O Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) e os seus parceiros no Sistema Integrado de Emergência Médica realizaram, de...

No mesmo período, foram realizadas 972 colheitas de amostras biológicas para análise à Covid-19 pelas quatro Equipas de Enfermagem de Intervenção Primária do INEM.

De acordo com as normas em vigor, a definição de caso suspeito de Covid-19 diz respeito a qualquer situação de falta de ar (dispneia) triada pelos Centros de Orientação de Doentes Urgentes.

O INEM lembra que, apesar da diminuição dos números da Covid-19, importa manter presentes as medidas preconizadas pela Direção-Geral da Saúde para travar e prevenir um novo aumento de casos.

Assim, o distanciamento físico, o uso de máscara de proteção, a lavagem frequente e correta das mãos e a adoção de etiqueta respiratória são fundamentais para travar a pandemia.

 

Situação Epidemiológica
Portugal registou, nas últimas 24 horas, 49 mortes e 1.160 novos casos de infeção por Covid-19. O número de doentes internados...

Segundo o boletim divulgado, a região de Lisboa e Vale do Tejo continua a ser aquela onde morreram mais pessoas com Covid-19: 28 das 49 mortes registadas em todo o País. Seguem-se as regiões norte com 11 e centro com 5. No Alentejo houve duas mortes a lamentar e no Algarve três.

Quanto aos arquipélagos, não há registo de morte, quer na Madeira que nos Açores, desde o último balanço.

Quanto ao número de novos casos, o boletim epidemiológico divulgado hoje, pela Direção Geral da Saúde, mostra que foram diagnosticados 1.160 novos casos. A região de Lisboa e Vale do Tejo contabilizou 546 novos casos e a região norte 326. Desde ontem foram diagnosticados mais 137 na região Centro, no Alentejo 22 casos e no Algarve mais 45. No arquipélago da Madeira foram identificadas mais 81 infeções e no dos Açores apenas três.

Quanto ao número de internamentos, há atualmente 2.613 doentes internados, menos 154 que ontem. Também as unidades de cuidados intensivos registaram uma descida, tendo agora menos 31 doentes internados. Atualmente, estão em UCI 536 pessoas.

O boletim desta quinta-feira mostra ainda que, desde ontem, 2.659 pessoas recuperaram da Covid-19, elevando para 711.713 o total daqueles que conseguiram vencer a doença desde o início da pandemia.

No que diz respeito aos casos ativos, o boletim epidemiológico divulgado hoje pela DGS, revela que existem 73.848 casos, menos 1.548 que ontem.  As autoridades de saúde mantêm sob vigilância também menos 5.708 contactos, estando agora 57.694 pessoas em vigilância.

Comunicado
Em comunicado, o Gabinete do Primeiro Ministro revela que se encontra a circular um documento falso que apresenta um suposto...

Este documento não tem qualquer veracidade, não é da autoria do Governo, nem se baseia em qualquer trabalho preparatório, pelo que às informações constantes do mesmo não deve ser atribuída qualquer credibilidade. Pela desinformação e falsas expectativas que tal documento pode gerar, com o inerente risco para a saúde pública, esta falsificação será objeto de comunicação ao Ministério Público.

Tal como fez no ano passado, o Governo encontra-se a preparar os futuros passos de desconfinamento, que serão dados em devido tempo, em articulação com a estratégia de testagem e o plano de vacinação. No entanto, o Governo considera que é inoportuno proceder nesta fase a qualquer apresentação ou discussão pública sobre o tema. Este não é ainda o momento do desconfinamento. Pelo contrário, tal como referido no projeto de decreto de Sua Excelência o Presidente da República, não é recomendado pelos peritos reduzir ou suspender, neste contexto, as medidas de restrição dos contactos.

Março, Mês Mundial de Consciencialização para a Endometriose
Cerca de 176 milhões de mulheres em todo o mundo sofrem de endometriose, ou seja, aproximadamente um

Dor menstrual (dismenorreia), dor na relação sexual (dispareunia), dor ao evacuar (disquézia) e dor ao urinar (disúria) são os principais sintomas, mas há outras dores associadas como a abdominal ou torácica e cada doente apresenta sintomas e níveis muito distintos de dor. “A endometriose tem um impacto profundo na vida das mulheres. Ao causar dores intensas diminui a qualidade de vida, interfere com a intimidade nos relacionamentos e pode causar depressão e infertilidade. O tempo médio para o diagnóstico é de quatro a onze anos, o que pode protelar o sonho da maternidade”, explica Tatiana Semenova, ginecologista e especialista em fertilidade da Clínica IVI Lisboa. Acrescenta que muitas mulheres demoram a procurar ajuda médica porque a dor, menstrual ou a da intimidade, ainda pode ser um tabu.

De acordo com médica ginecologista, a endometriose consiste na presença do tecido que reveste o útero por dentro (endométrio) fora da sua localização habitual. Os focos de endometriose encontram-se mais frequentemente nos ovários, nas trompas uterinas, nos ligamentos que sustentam o útero e no revestimento da cavidade pélvica ou abdominal. “A queixa mais frequente é dor menstrual ou dor pélvica crónica, mas também podem existir sintomas gastrointestinais ou urinários se os implantes de endometriose invadirem outras estruturas, como o intestino grosso, a bexiga ou o reto”, explica.

A endometriose pode provocar obstrução das trompas, distorção de anatomia pélvica ou formação de quistos ováricos que, em determinadas ocasiões, necessitam de cirurgia, com a consequente perda de tecido ovárico e diminuição da reserva ovárica.

A doença na primeira pessoa

Sara Cardoso Fernandes, 27 anos, conhece bem esta doença silenciosa, diagnosticada em 2018, já casada e a planear ter um filho. “Era uma jovem, sem problemas, que vivia intensamente num mundo cor-de-rosa, rodeada de pessoas maravilhosas e de momentos repletos de alegria e felicidade. Os meus sonhos envolviam um casamento cheio de amor e magia. Adivinhava-se, logicamente, um novo pensamento que consistia na materialização da maior dádiva da vida… ter um filho! Mas, 2018 ficava também marcado pela inversão deste ciclo de felicidade, com o diagnóstico de endometriose”, revela.

Logo nesse ano foi operada duas vezes para excisão de um quisto no ovário esquerdo. No ano passado foi novamente sujeita a uma cirurgia para a excisão de um quisto no ovário direito e de nódulos profundos da endometriose na cavidade pélvica. Em 2019, Sara Cardoso Fernandes recorreu a um hospital privado para engravidar. Nenhum dos três tratamentos foi bem-sucedido.

Os medos, as angústias e a tristeza aumentaram, mas Sara não perdeu a esperança apesar de a doença estar bastante avançada. “Questiono-me como foi possível que em consultas regulares ginecológicas não tivesse sido detetada esta doença?”, desabafa.

A persistência e o apoio de familiares e amigos acabaram por devolver a Sara o sonho da maternidade. No verão de 2020, após consulta na IVI, foi submetida a uma fertilização in vitro, desta vez, com sucesso. Já falta pouco para ser mãe!

A endometriose foi descoberta em 1860 e hoje a sua causa exata é desconhecida. Há vários estudos e teorias, desde as causas genéticas, imunitárias, ambientais.

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