IPO-Porto defende
Oncologistas reunidos hoje num encontro sobre Sarcomas, no IPO/Porto, defenderam a necessidade de concentrar o tratamento dos...

Os especialistas defendem que o tratamento deste tipo de tumores é muito complexo e deve ser efectuado por equipas multidisciplinares especializadas, em hospitais que disponham dos recursos e da experiência necessários para a abordagem correcta deste tipo de tumores. O diagnóstico preciso e o primeiro tratamento são determinantes para o prognóstico da doença e a taxa global de sobrevivência não ultrapassa os 50% aos cinco anos.

“Por ser tão raro, há hospitais que apenas tratam um caso destes por ano, não tendo a experiência necessária para prestar o melhor tratamento. Consideramos que só as instituições de saúde que estão preparadas para o diagnóstico e tratamento adequados aos sarcomas devem receber pacientes portadores destes tumores. Unidades hospitalares como o IPO-Porto, com experiência com utentes nesta situação deveriam ser as únicas instituições responsáveis pelo tratamento da doença”, sustentou Augusto Moreira, especialista do Serviço de Oncologia Cirúrgica do IPO-Porto e promotor do curso.

O especialista reforçou a ideia de que “estes tumores são em cerca de 50% dos casos fatais e um tratamento multidisciplinar especializado poderá resultar numa diminuição desta taxa”.

Em declarações à Lusa, Augusto Moreira referiu que as últimas estatísticas oficiais disponíveis, de 2008, revelam que “no norte do país só existiram 182 casos durante esse ano” com esta patologia.

“Se num ano surgem 182 sarcomas no norte do país, se esses casos se espalharem por dez hospitais, quer dizer que cada hospital tratará 18 durante, o que é claramente insuficiente”, sublinhou.

Segundo o oncologista, as recomendações internacionais defendem que “os centros que tratam sarcomas de partes moles, devem tratar pelo menos 100 por ano e pelo menos 50 sarcomas de ossos. Se nós tivermos no norte do país 182, quer dizer que se houvesse só um centro estaria bem, se existirem dois já é dividir demasiado a experiência”.

“A nossa pretensão não é substituir-nos aos decisores políticos e a quem gere estas coisas, é tão só chamar a atenção para os factos. O ideal seria direccioná-los para um centro que tivesse experiência, que tratasse muitos casos destes e que, quer do ponto de vista de diagnóstico, quer de tratamento conseguisse obter melhores resultados”, frisou, referindo também uma “maior racionalidade de custos”.

Os sarcomas podem surgir em qualquer local do corpo humano, sendo mais frequentes nos membros e abdómen, têm origem muitas vezes desconhecida e manifestam-se de forma pouco específica, muitas vezes pouco valorizada, levando a diagnósticos tardios.

O tratamento é obrigatoriamente multidisciplinar com recurso a armas como cirurgia, radioterapia e quimioterapia, podendo haver situações com necessidade do uso de todas elas e outras em que só se usa uma ou mais do que uma, numa sequência que varia em função do caso concreto.

 

Da infância para a idade adulta
A Sociedade Portuguesa de Nefrologia Pediátrica quer que as consultas de transição, da infância para a idade adulta, de doentes...

Pela convicção de que a “partilha” entre especialistas de crianças e de adultos é “benéfica” para o sucesso do tratamento, a discussão em volta das consultas de transição é um dos temas em destaque na 47.ª Reunião Anual da Sociedade Europeia de Nefrologia Pediátrica, que teve início quinta-feira e se prolonga até sábado no Porto.

O presidente da Sociedade Portuguesa de Nefrologia Pediátrica, Caldas Afonso, disse que os médicos pediatras “cada vez mais passam doentes crónicos que antes morriam e, logo, os colegas de adultos manifestam necessidade em ganhar experiência com estes jovens doentes quando os recebem”.

“São doentes que nos acompanham ao longo de uma vida: uma criança que cresce e é um jovem, um adolescente, e é preciso continuar com rotinas, com tratamentos. O ambiente pediátrico é muito personalizado. O ambiente de adultos é muito impessoal”, descreveu Caldas Afonso.

O presidente da Sociedade Portuguesa de Nefrologia Pediátrica disse que as famílias das crianças passam por “uma relutância muito grande” no momento da passagem “para o colega de adultos”, pelo que defendeu que o processo seja discutido a nível nacional e internacional para que seja “calmo e programado”. “Pretendemos que haja, seja implementada e obrigatória, uma consulta de transição em que esteja o colega de adultos. Uma espécie de passagem de testemunho”, vincou Caldas Afonso. O responsável falava âmbito de um encontro europeu de nefrologia pediátrica que se realiza pela segunda vez em Portugal - a última vez ocorreu há 30 anos - e que junta cerca de oito centenas de especialistas da área, 90% dos quais estrangeiros e 30% de fora da Europa, conforme dados da organização.

A discussão à volta de uma nova proposta de tratamento para a cistinose, “patologia que tem grande mobilidade e rapidamente conduz a uma insuficiência renal crónica terminal com necessidade de diálise e transplante”, é outro dos destaques deste evento, no qual se iniciaram formações para jovens especialistas.

“São cursos dedicados a jovens pediatras e nefrologistas pediatras. O curso vai prolongar-se até os próximos dois congressos, ou seja, estendendo-se por três anos. Aos países que têm menos condições formativas, porque muitos deles nem têm especialistas, foram dadas bolsas para permitirem que estejam aqui representados e em formação”, descreveu Caldas Afonso.

O encontro junta pela primeira vez três sociedades da área: a EWOPA (European Working Group on Psychosocial Aspects of Children with Chronic Renal Failure), ERA-EDTA (European Renal Association-European Dialysis and Transplant Association) e IPNA (International Pediatric Nephrology Association).

 

Estudo revela:
Um estudo divulgado por uma organização não-governamental da Guiné-Bissau revela que existe “um grande conhecimento da lei” que...

O estudo foi feito pela organização não-governamental (ONG) Djinopi e centrou-se nas comunidades islamizadas de Bissau e Bafatá, duas das regiões da Guiné-Bissau onde a prática da excisão feminina é mais acentuada, mesmo perante a lei que a criminaliza, aprovada no Parlamento em 2011.

A partir das respostas de homens das duas comunidades, o estudo concluiu que cerca de 89% acreditam que a excisão “é uma lei, um dever” que todas as mulheres muçulmanas devem cumprir para que possam ser aceites na comunidade.

A socióloga guineense Cremilde Alves, autora do estudo, diz que “tudo isso não passa de um preconceito” que precisa de ser “desconstruído” na mente dos homens, uma vez que a religião islâmica não tem nada a ver com a prática da excisão.

Acreditar que uma mulher não excisada não poderá cumprir tarefas domésticas “é um mito” que não tem fundamentação no Islão, mas em crenças ancestrais, diz a investigadora que percorreu as duas comunidades para perceber como era tratado o fenómeno.

Cremilde Alves afirma que existe “uma certa confusão” na interpretação dos preceitos religiosos na Guiné-Bissau, uma vez que nos países islâmicos, como é o caso da Arábia Saudita, a prática de excisão não é observada.

Para a investigadora, a prática só poderá ser justificada com crenças pré-islâmicas na Guiné-Bissau porque mesmo com a Fatwa (decreto religioso) pronunciada em 2013 pelos líderes islâmicos do país contra a excisão, a mutilação persiste em várias comunidades do país. A prática de excisão feminina é mais acentuada na etnia Fula (uma das mais representativas do país) que a consideram uma honra.

“Ficou evidente que tanto os homens como as mulheres desse grupo étnico estão muito ligados à questão da honra feminina” de quem tenha sido submetida à excisão, sublinha a investigadora, que recomenda um trabalho de “desconstrução dessa verdade” através de campanhas de sensibilização.

O estudo revela também que existe nas duas comunidades, Bissau e Bafatá, “um certo preconceito” das mulheres em relação àquelas que não tenham sido submetidas à excisão, classificadas como “impuras e sujas”.

 

Até ao fim do ano
O Serviço Nacional de Saúde vai contratar mais de mil enfermeiros até final do ano, anunciou a Administração Central do Sistema...

Até hoje já foi autorizada a contratação de 585 enfermeiros, e já está “em fase final de autorização” a contratação de outros 344, totalizando 929 processos de contratação, diz um comunicado a Administração Central do Sistema de Saúde.

No ano passado as instituições do SNS recrutaram 579 enfermeiros, diz a Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), acrescentando que o Ministério da Saúde está consciente da necessidade de reforçar a capacitação do SNS em enfermeiros.

A 21 de Agosto a ACSS já anunciava que tinham sido contratados este ano 409 enfermeiros e que iriam ser contratados mais “um número significativo” de profissionais.

A Ordem dos Enfermeiros tem alertado para o estado de exaustão em que se encontram os enfermeiros, apontando os turnos longos e o elevado número de doentes por enfermeiro.

De exaustão fala também o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, motivo pela qual, e pela contratação de mais profissionais, marcou uma greve nacional para os dias 24 e 25.

No início do mês o ministro da Saúde, Paulo Macedo, reconheceu hoje a existência de “insatisfação” entre os profissionais do sector, mas considerou “anormais” e em “risco de banalização” as greves que afectam apenas o SNS. Nos últimos meses têm decorrido greves sectoriais da classe.

 

Pela primeira vez
Cinco serviços do Centro Hospitalar da Cova da Beira receberam esta semana, e pela primeira vez, a certificação europeia de...

De acordo com a nota enviada à agência Lusa, os serviços em causa são o “Hospital de Dia, Bloco Operatório, Cirurgia de Ambulatório, Unidade de Acidentes Vasculares Cerebrais e a Comissão de Controlo de Infecção”, sendo que o certificado é atribuído pelo cumprimento da norma europeia ISO 9001-2008.

O Centro Hospitalar da Cova da Beira (CHCB), que integra os Hospitais da Covilhã e do Fundão, sublinha ainda que, além destes cinco, 12 outros serviços “revalidaram a certificação”, designadamente o de Consultas Externas, Anatomia Patológica, Patologia Clínica, Imunohemoterapia, Farmácia, Gabinete de Gestão da Qualidade, Recursos Humanos, Gestão de Formação, Serviço de Instalações e Equipamentos, Unidade de Medicina Reprodutiva, Serviço de Pediatria - Unidade de Neonatologia e Unidade de Emergência e Urgência Pediátrica e Neonatal, Unidade de Cuidados Intensivos.

"A certificação dos Serviços do CHCB foi atribuída pela Empresa Internacional de Certificação e, até ao final do ano, o CHCB aguarda a certificação do Gabinete de Auditoria Interna, Cirurgia, Logística, Ginecologia e Obstetrícia e Serviço Social", acrescenta o comunicado.

O CHCB recorda igualmente que esta certificação junta-se à acreditação da Joint Commission Internacional, “servindo ambas para garantir que todas as actividades cumprem requisitos de qualidade e segurança baseados nas melhores práticas internacionais”.

 

Gravidez:
Uma equipa de investigadores espanhóis descobriu uma forma nos fetos problemas como o Síndrome de Down através de imagens...

O método inovador, o quantus FLM, apresentado no Congresso Mundial da Sociedade Internacional de Ultrassonografia em Obstetrícia e Ginecologia, é o primeiro teste não-invasivo do género, informa um comunicado da Clínic-Barcelona, escreve o portal Boas Notícias.

O estudo mostrou que o teste através de ultra-sons obtém resultados semelhantes aos da amniocentese (que utiliza amostras de líquido amniótico para despistar Síndrome de Down e outros problemas) através uma análise computorizada das imagens recolhidas durante o procedimento.

A amniocentese é um teste de diagnóstico pré-natal que recolhe líquido amniótico que envolve o bebé, através de uma punção abdominal, retirado directamente da barriga da mãe e é feita a partir da 15.ª semana de gestação.

A equipa lidera por Eduard Gratacós, director do Clínic-Hospital Sant Joan de Déu, em Barcelona, e professor na Universidade de Barcelona, utilizou a nova tecnologia em 150 casos de alto risco.

A ideia surgiu em 2006, pela mão de Gratacós, mas o quantus FLM só foi lançado este ano, oito anos depois, pela parceira feita com a Transmural Biotech.

O teste da Clínic-Barcelona terá um custo de setenta euros, segundo o La Vanguardia.

 

Ministro da Saúde garante:
O ministro da Saúde, Paulo Macedo, garantiu que Portugal “não está num impasse” no que respeita ao tratamento da hepatite C e...

“Nós num impasse não estamos porque conseguimos tratar os doentes e temos esta posição já muito forte que é a de que o preço devia ter uma base europeia. Cada país a negociar é muito mais fraco”, disse Paulo Macedo comentando assim a notícia de que o Governo português se prepara para apresentar aos restantes países da União Europeia uma proposta sobre a compra de fármacos para a hepatite C.

O ministro da Saúde aproveitou para reiterar que considera “importante ter um racional de preço”, lembrando que “este preço [o que consta da proposta portuguesa] pelo menos tem um racional face àquilo que foi estabelecido para outros países”.

“O que pretendemos é haver uma discussão em termos europeus pela ameaça que é este tipo de preço ao serviço nacional de saúde de cada país. Os países não conseguem suportar”, disse, referindo-se a reacções negativas de países como EUA, da Inglaterra e da França.

Questionado sobre as informações de que algumas famílias de doentes com esta doença ameaçam instaurar processos na justiça devido à espera por tratamento, Paulo Macedo sublinhou que Portugal tem “critérios que definem quais os doentes prioritários: e esses, a nossa informação é que os conseguiremos tratar atempadamente. Já temos várias dezenas de doentes em tratamento. Passamos de ter zero pessoas tratadas para várias dezenas de pessoas tratadas”, disse.

"Volto a lembrar um aspecto: os doentes são tratados de várias formas, de acordo com o seu genótipo, e não apenas por este medicamento. Conseguimos tratar um conjunto maior de doentes porque há a possibilidade de concorrência a curto prazo e não ficarmos completamente capturados pela indústria farmacêutica", acrescentou.

 

Ministro admite lista “significativa” para transplantes renais

Presente na 47.ª Reunião Anual da Sociedade Europeia de Nefrologia Pediátrica que reúne no Porto cerca de oito centenas de especialistas da área, o ministro da Saúde, Paulo Macedo, admitiu que a lista de espera para transplante renal é “significativa”, defendendo a necessidade de avançar para uma recuperação mais intensa.

"Tivemos uma redução no número de transplantes renais. Fizemos várias alterações na recolha de órgãos e estamos a aumentar significativamente o número de transplantados, quer na área renal quer nas outras áreas. Na área renal temos de fazer uma recuperação mais significativa", sustentou Paulo Macedo.

Paulo Macedo defendeu a aposta em “centros de referência devidamente identificados” e destacou o facto de esta semana ter sido decidido que “o apoio aos doentes transplantados passou a ser idêntico ao de doentes oncológicos”.

Na intervenção que fez, o ministro apontou a existência de cerca de 800 mil pessoas que sofrem problemas renais crónicos em Portugal, referindo que são descobertos cerca de 2 mil novos casos todos os anos e reconhecendo que a lista de espera para transplante é “significativa”.

Sobre o tratamento de doentes renais, o ministro da Saúde assegurou que não fará qualquer descentralização de tratamentos que envolvam especialização.

“Faremos alguma descentralização no acompanhamento mas há áreas que não queremos descentralizar. Que fique muito claro: Há áreas que são de grande especialização e que os doentes ganham. Não faremos numa área de grande especialização dispersão pelo país. Não fazemos nós nem nenhum país do mundo”, acentuou.

O ministro da Saúde aproveitou para destacar que, neste encontro, que não se realizava em Portugal há 30 anos, junta pela primeira vez três sociedades da área, referindo-se à EWOPA (European Working Group on Psychosocial Aspects of Children with Chronic Renal Failure), ERA-EDTA (European Renal Association-European Dialysis and Transplant Association) e IPNA (International Pediatric Nephrology Association).

“O sector da nefrologia e da insuficiência renal crónica constitui uma das nossas prioridades”, garantiu o ministro da Saúde, perante algumas centenas de especialistas da área, 90% dos quais estrangeiros, conforme dados da organização que destaca a presença de representantes dos quatro continentes.

De Coimbra
A organização não-governamental Saúde em Português, sediada em Coimbra, inicia no sábado uma missão exploratória de sete dias...

A equipa, constituída pelo médico Humberto Vitorino e a enfermeira Susana Jorge, parte para a Tunísia no sábado, onde pretende desenvolver um “diagnóstico da situação e um levantamento das necessidades de saúde em Gabes”, cidade no sul da Tunísia, com cerca de 110 mil habitantes, disse à agência Lusa Hernâni Caniço, presidente da Saúde em Português.

No terreno, “vão desenvolver-se reuniões com o director regional de saúde e com o director do hospital da cidade e procurar três aspectos: a possibilidade de um programa de educação e promoção da saúde para a população, levantamento de existência de doenças transmissíveis e estabelecer um plano de prevenção dessas doenças e analisar quais são as necessidades da região em cuidados curativos e de reabilitação”, informou.

O diagnóstico a ser feito em Gabés vai permitir “elaborar projectos que ajudem ao desenvolvimento”, frisou Hernâni Caniço, referindo que poderão ser vários projectos e com uma intervenção “de um ano ou mais”.

Para além do trabalho em Gabés, a equipa vai-se reunir na capital da Tunísia, Tunes, com “agentes de desenvolvimento, como a Organização Mundial de Saúde, a delegação da União Europeia e o embaixador português”, disse o presidente daquela ONG.

O trabalho na Tunísia, que se realiza entre sábado e 27 de Setembro, é mais uma das múltiplas missões que a Saúde em Português tem realizado desde a sua fundação, em 1993. Esta ONG de Coimbra já participou em diversas intervenções de ajuda humanitária e de emergência, como é o caso de Guiné-Bissau, em 1998, Sri Lanka, em 2004 e Haiti, em 2010.

 

Estudo da Agência para os Direitos Fundamentais
As mulheres portuguesas estão “bem informadas” sobre a violência de género, mas é preciso assegurar que denunciam os abusos e...

A especialista Joanna Goodey, que está em Lisboa para discutir os resultados de um estudo da Agência para os Direitos Fundamentais (FRA, na sigla em inglês), explicou que Portugal “está em linha com a média da União Europeia” no que respeita à sensibilização para o problema.

Aliás, destacou, “as portuguesas são as que, de entre todos os Estados-membros, mais consciencialização têm sobre uma generalizada violência contra as mulheres”.

A percepção da violência de género como “muito” ou “bastante” comum “pode ser vista como positiva”, disse a perita. “As portuguesas estão bastante bem informadas. Se compararmos com outros Estados-membros, estão mais bem informadas”, comparou.

O estudo da FRA, realizado em 2012 e cujos resultados foram divulgados em Março, entrevistou 1.500 mulheres em Portugal e 70 por cento delas disseram estar a par de campanhas de informação. “Isto significa que algo está a funcionar, pois as mulheres estão conscientes do problema”, avaliou Joanna Goodey, avisando que “a sensibilização tem de continuar, não é algo que se pode financiar apenas por um ano”.

Por outro lado, a denúncia não corresponde à informação. “Temos de encorajar as mulheres a reportarem as ofensas”, frisou a perita, recordando que o estudo mostra que “a grande maioria das mulheres não denuncia", o que faz com que a justiça não actue.

“Mudar a lei é uma coisa, mas, acima de tudo, são necessários serviços onde as mulheres se sintam seguras para pedir ajuda e assistência”, distinguiu Goodey, frisando que esses serviços “precisam de dinheiro”, o que “deve ser garantido pelo Estado”.

Segundo a perita, o estudo da FRA “teve um grande impacto a vários níveis”, levando “muitos países a revigorar a discussão sobre o assunto”.

Joanna Goodey – que, em Lisboa, já se encontrou com a secretária de Estado da Igualdade, Teresa Morais, e foi oradora num seminário sobre apoio às vítimas de violência – será ouvida hoje pelos deputados portugueses.

A perita está a fazer o acompanhamento do estudo da FRA, visitando os Estados-membros da UE para apresentar e discutir os resultados.

“Há muitos estereótipos, as pessoas assumem que alguns países têm piores resultados e que outros saem sempre melhor”, reconheceu, para justificar as altas taxas de violência verificadas nos países escandinavos, o que pode ser atribuído ao facto de o assunto ser discutido em público, mas também de problemas como “o elevado consumo de álcool”.

O estudo da FRA, o maior sobre violência de género alguma vez realizado na UE, com 42 mil inquiridas nos 28 Estados-membros, concluiu que uma em cada três mulheres europeias foi ou será vítima de pelo menos um episódio de abuso sexual, físico ou psicológico.

Reconhecendo que se vive “um momento difícil” com a mudança nas instituições europeias, Goodey disse estar expectante face ao que acontecerá nos próximos meses.

Destacando que a violência “afecta a economia também”, a perita considerou que “a questão é saber se a Comissão Europeia e os Estados-membros serão capazes de incluir a violência contra as mulheres como um assunto central para a igualdade de género”.

A primeira reacção das instituições da UE ao estudo da FRA “foi positiva”, com os Estados-membros a reconhecerem a importância de lidar com as estatísticas divulgadas no estudo. “Mas é preciso saber se isso terá efeitos nas políticas europeias”, disse.

Grupo de peritos refere
Apenas 20% dos enfermeiros portugueses são especialistas e destes a maioria emigra, porque as instituições de saúde em Portugal...

O coordenador da Unidade de Ensino de Enfermagem da Universidade Católica Portuguesa, Sérgio Deodato, disse que os enfermeiros especialistas são os primeiros a emigrar à procura de uma melhor situação profissional, pois recebem “condições de excelência noutros países”, a propósito do encontro de um grupo de peritos que decorreu ontem para debater o futuro das especialidades de enfermagem em Portugal.

“Não temos o número de especialistas necessário. Temos conhecimento científico e tecnológico avançado em muitas áreas, como os cuidados intensivos e a oncologia, mas depois não existem enfermeiros formados para os usar”, afirmou, acrescentando que estes meios ficam subaproveitados porque são utilizados por enfermeiros de cuidados gerais, sem especialização.

Citando dados da Ordem dos Enfermeiros, Sérgio Deodato afirmou que 80% dos enfermeiros não têm especialidade. “Com a crise, os enfermeiros ficam com formação, com grau académico de mestre, e depois chegam às instituições de saúde e não são contratados como tal, mas como eram (cuidados gerais). O principal empregador é o Estado e as razões são económicas e financeiras. É profundamente injusto, enfermeiros a prestar cuidados especializados com a categoria e o rendimento igual ao que tinham”, considerou. A este problema acresce outro que é o fim das dispensas no Serviço Nacional de Saúde para fazer formação.

Hoje os enfermeiros não são dispensados para fazer a especialidade, situação agravada pelo alargamento do horário de trabalho para as 40 horas semanais, que os deixa com pouco tempo livre e extremo cansaço para ainda fazerem formação.

“Se este esforço não é reconhecido posteriormente, os enfermeiros acabam por achar que não vale a pena o investimento, de tempo e financeiro”, lamentou o responsável, sublinhando que quem perde são os utentes, que têm tecnologia e conhecimento científico ao seu dispor, mas que não é utilizado por falta de profissionais especializados.

Estudo da The Health Foundation
A The Health Foundation publica no seu portal o estudo que desenvolveu com o principal objectivo de analisar as respostas...

A crise global financeira, que começou em 2007, tem sido uma das recessões económicas mais graves jamais registadas e seu impacto ainda hoje é muito sentido. O Reino Unido foi um dos muitos países que viu sua economia encolher, ao lado de um aumento da dívida nacional e crescentes níveis de desemprego. Em resposta, os governos têm feito - muitas vezes profundos - cortes nos gastos públicos, embora a saúde tenha sido relativamente protegido em relação a outros sectores.

Para perceber como a crise tem afectado os cuidados de saúde a The Health Foundation realizou um estudo que teve por objectivo fornecer evidências sobre a austeridade e os cuidados de saúde a partir de uma perspectiva internacional em geral, com especial atenção para as quatro questões seguintes:

  1. Que políticas têm os sistemas de saúde internacionais adoptado perante a crise financeira?
  2. Qual o sucesso que essas medidas conseguiram em termos de ganhos de eficiência e custos?
  3. Qual o impacto dessas medidas – desejado ou inesperado – na qualidade dos cuidados de saúde?
  4. O que o Sistema de Saúde do Reino Unido pode aprender com as experiências de outros países?

O estudo analisou a realidade de seis países: Canadá, Dinamarca, Irlanda, Países Baixos, Portugal e Espanha.

 

Principais conclusões

• Grandes mudanças e, em alguns casos cortes significativos, estão a ser realizados nos cuidados de saúde, sem qualquer programa para monitorizar ou avaliar o seu impacto;

• A crise financeira apresenta-se tanto como um estímulo como uma barreira à reforma dos sistemas de saúde;

• Medidas a curto prazo para controlar os custos têm sido mais prevalentes do que os esforços de reforma estrutural, uma medida que se prevê improvável e sustentável;

• As estratégias de reforma de sucesso são baseadas na forte liderança central e diálogo construtivo das partes interessadas e engajamento;

• Os países do estudo de caso forneceram algumas, limitadas, evidências sobre o impacto das medidas de austeridade sobre os custos e qualidade dos cuidados de saúde.

 

O caso de Portugal

Como a Irlanda e Espanha, Portugal foi um dos países da UE mais afectados pela crise financeira. O PIB teve um crescimento negativo em 2009 (-2,9%), 2011 (-1,3%), 2012 (-3,2%) e 2013 (-1,4%). Em 2008, o défice orçamental foi de 2,9% do PIB, chegando a 9,4% no ano seguinte, com uma taxa de desemprego de quase 10%. Em Maio de 2011, Portugal recebeu um resgate, supervisionado pela Troika e incluiu cortes substanciais nas despesas públicas, como condição de apoio financeiro, conforme descrito no Memorando de Entendimento (MOU). O MOU continha mais de 50 medidas e acções relacionadas com a saúde, com o objectivo de economizar € 664M só no sector da saúde. A principal consequência foi um corte dramático nos gastos públicos com a saúde.

No entanto, foi amplamente divulgado de que as medidas descritas no Memorando de Entendimento não se focavam apenas em metas de redução de custos e contenção a curto prazo, mas também pretendia uma reforma a longo prazo do Serviço Nacional de Saúde para enfrentar os desafios persistentes. Houve inclusive comentadores que observaram, “o desejo de criar mecanismos para o controlo futuro dos gastos com saúde no sector público. Estes mecanismos envolvem a avaliação de desempenho e de referência, a utilização das forças da concorrência nos concursos públicos, bem como a introdução de melhores práticas de transparência e de informação na evolução do Serviço Nacional de Saúde. Muitas das medidas são importantes e merecem ser implementadas, mesmo fora da actual crise”.

Sabemos que em Portugal foram várias as medidas postas em prática para responder à crise. O estudo analisa-as bem como o seu impacto nos cuidados de saúde na população portuguesa

O estudo completo pode ser lido em http://www.health.org.uk/publications/international-responses-to-austerity/?utm_source=Email+Alert&utm_medium=email&utm_campaign=New+publication+from+the+Health+Foundation+-+International+responses+to+austerity

Investigadores do Porto
Investigadores da Universidade do Porto adaptaram à população portuguesa um teste neuropsicológico, criado na Argentina em 2009...

A Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto realça que o teste neuropsicológico - denominado Institute of Cognitive Neurology Frontal Screening (IFS) - dura cerca de 10 minutos e permite detectar défices nas funções executivas do doente.

A Universidade do Porto (UP) salienta que o teste “é simples, rápido e avalia diferentes componentes das funções executivas. A versão original deu provas de permitir identificar de forma eficiente a presença de demência, assim como de distinguir diferentes tipos de demência”.

Segundo os investigadores Helena Moreira, César Lima e Selene Vicente, esta nova ferramenta evidencia a necessidade de considerar que outras capacidades cognitivas, para além da memória, podem estar comprometidas desde o início da manifestação clínica da doença.

Apesar das dificuldades de memória serem o sintoma mais conhecido da doença, os investigadores lembram que existem outras alterações presentes na fase inicial da sua manifestação.

“Estas incluem dificuldades nas chamadas funções executivas, um conjunto de capacidades cognitivas superiores essenciais para o funcionamento normal no dia-a-dia, envolvendo aspectos como o planeamento de acções, a resolução de problemas, a atenção ou a realização de tarefas novas”, frisaram.

Na opinião dos investigadores, as mudanças podem contribuir para as dificuldades experienciadas pelos doentes no dia-a-dia em tarefas como a gestão do dinheiro, dos medicamentos ou na conclusão de actividades em casa ou no trabalho.

Algumas destas complicações podem “estar presentes” antes das dificuldades de memória serem “significativas”, pelo que a sua identificação é “importante” durante o processo de diagnóstico.

O estudo de adaptação e validação à sociedade portuguesa envolveu 225 pessoas, 204 saudáveis e 21 doentes de Alzheimer em fase inicial, seguidos no Serviço de Neurologia do Centro Hospitalar de Entre o Douro e Vouga.

“O grupo de doentes obteve um desempenho significativamente inferior ao dos saudáveis, mesmo depois de controlados aspectos como idade, níveis de escolaridade, dificuldades cognitivas globais e depressão”, salientou.

O estudo foi realizado numa colaboração entre a FPCEUP e o Centro Hospitalar de Entre o Douro e Vouga. Os resultados foram publicados no último número da revista Journal of Alzheimer’s Disease.

Alzheimer é uma doença neurodegenerativa para a qual ainda não existe cura e, em Portugal, estima-se que atinja 90 mil pessoas.

 

1.º Congresso da Beira Interior
Mais de 500 profissionais de todo o país são esperados no 1.º Congresso Médico da Beira Interior, a realizar na Guarda, entre...

Segundo Cláudia Vaz, presidente da comissão organizadora do evento de âmbito nacional, são esperados na Guarda “sobretudo médicos internos, mas também especialistas”.

O 1.º Congresso Médico da Beira Interior é promovido pelas comissões de internos das três unidades de saúde da Beira Interior: Unidade Local de Saúde da Guarda, Unidade Local de Saúde de Castelo Branco e Centro Hospitalar Cova da Beira (Covilhã).

O tema da iniciativa é a urgência nas várias especialidades, como pediatria, medicina interna, medicina geral e familiar, neurologia, psiquiatria, cardiologia, ortopedia, gastrenterologia, cirurgia e pneumologia.

“Escolhemos o tema da urgência porque achamos que era um tema abrangente. Sendo o primeiro evento, achámos que tínhamos que ter um tema apelativo e a urgência acaba por ser o principal na actividade médica, é sempre a primeira preocupação”, justificou  Cláudia Vaz, na conferência de imprensa de apresentação do congresso.

A iniciativa pretende promover a troca de experiências entre os profissionais de saúde das três unidades da região e os colegas oriundos de locais como Coimbra, Porto e Lisboa, esclareceu a responsável.

O congresso médico, a realizar no Teatro Municipal da Guarda, pode ser “muito importante no futuro, até mesmo na partilha de experiências e de doentes”, acrescentou.

Para além de sessões teóricas, no último dia dos trabalhos, 27 de Setembro, haverá cursos práticos no Hospital Sousa Martins, que também servirão para mostrar aos participantes a unidade de saúde e o novo pavilhão que foi inaugurado recentemente, segundo os organizadores.

“É importante que o congresso sirva para dizer que no interior acabamos por conseguir um bom trabalho, tanto em termos científicos como de organização”, disse Francisco Carvalho, outro elemento da organização.

Os promotores adiantaram que o Congresso Médico da Beira Interior de 2015 será realizado na Covilhã e o de 2016 em Castelo Branco.

 

Grupo de alto nível
O grupo de alto nível sobre População e Desenvolvimento considera, em carta divulgada hoje a propósito da Assembleia Geral das...

No documento “Uma agenda inacabada: direitos sexuais e reprodutivos no século XXI”, o Grupo de Alto Nível para a Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento apela aos líderes mundiais para apoiarem o “relatório visionário” do secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, e a não perderem a “oportunidade” de assegurar que os direitos sexuais e reprodutivos estarão “no centro” da agenda para o desenvolvimento pós-2015.

Desvalorizando a controvérsia que frequentemente acompanha o debate sobre os direitos sexuais e reprodutivos, o grupo de alto nível – órgão independente composto por 26 líderes de todas as regiões do mundo e co-presidido pelos ex-chefes de Estado Joaquim Chissano (Moçambique) e Tarja Halonen (Finlândia) – defende que a agenda de direitos sexuais e reprodutivos deve ser ajustada “às realidades do século XXI”.

Actualmente, 800 mulheres e raparigas morrem diariamente em consequência de causas relacionadas com a gravidez e o parto “que poderiam ser prevenidas”, se garantido o acesso a métodos contraceptivos, assinala o grupo, frisando que mais de 200 milhões de mulheres “gostariam de prevenir uma gravidez, mas não têm meios para o fazer”.

Em nome do grupo, Joaquim Chissano e Tarja Halonen admitem, “enquanto antigos chefes de Estado, (…) as dificuldades no debate de certos assuntos”. Porém, sublinham, “a liderança política genuína é o abrir de novos caminhos para as liberdades fundamentais, oportunidades e escolhas das pessoas”.

Munidos de “visão” e “coragem”, os líderes mundiais, que na próxima semana se voltarão a concentrar em Nova Iorque para os trabalhos da Assembleia Geral das Nações Unidas, serão capazes de “orientar a agenda” dos direitos sexuais e reprodutivos “para o futuro”, acreditam.

“Todos estes desafios mundiais podem ser efectivamente tratados através de uma vontade política e forte liderança no que respeita à saúde e aos direitos sexuais e reprodutivos”, consideram.

“Ao invés da redutora preocupação com o crescimento da população”, o grupo de alto nível lista “recomendações concretas e comprovadas”, e “com custos controlados”, entre as quais “expandir o acesso ao aborto seguro e legal e assim deter as dezenas de milhares de mortes e incontáveis danos resultantes de procedimentos inseguros todos os anos”.

É necessário ainda “assegurar que os jovens têm a informação, a educação e os serviços de que precisam para fazerem escolhas informadas sobre a sua sexualidade” e “deter as taxas altíssimas de gravidez de adolescentes, que são a causa principal da morte de raparigas nos países em desenvolvimento”, menciona o documento.

“Acabar com a pandemia do HIV e parar os 2.400 novos casos” de infecção com o vírus da SIDA que se registam “todos os dias, só entre a juventude”, deve ser outro dos desígnios, sugere o grupo.

“O preço da inacção tem grandes consequências para os indivíduos, as suas famílias, sociedades e economias. É um impedimento para a saúde, produtividade e potencial das pessoas”, alertam.

A “inacção” – avisam – “sobrecarrega os sistemas de saúde e enfraquece os orçamentos públicos, e rouba o capital humano dos países”, recursos “fundamentais para enfrentar os desafios prementes do desenvolvimento”.

 

Pediatra Maria do Céu Machado
A pediatra Maria do Céu Machado demitiu-se das funções de directora clínica dos hospitais de Santa Maria e Pulido Valente, em...

“Não me parece sustentável continuar como directora clínica na conjuntura actual deste hospital”, declarou à Lusa Maria do Céu Machado, confirmando a demissão hoje avançada pelo site do jornal Expresso.

Maria do Céu Machado desempenhava funções de directora clínica desde Fevereiro de 2013, acumulando com a direcção do departamento de pediatria, onde vai permanecer.

A demissão do cargo de directora clínica foi apresentada na quarta-feira, por carta, ao ministro da Saúde, Paulo Macedo.

Quanto aos 20 meses que passou na direcção clínica do Cento Hospitalar Norte, a pediatra considera uma “experiência boa, excelente”.

“Fizemos uma evolução positiva no Centro Hospitalar. Houve várias alterações e acho que o Centro Hospitalar evoluiu de uma forma muito positiva”, declarou à Lusa, sublinhando a solução encontrada para o Pulido Valente, que está hoje definido como um centro de pneumologia, cirurgia torácica e de medicina interna.

 

Depois de 305 mortos em 2013
As autoridades sanitárias angolanas realizam entre 22 de Setembro e 05 de Outubro uma campanha nacional, alargada a “todas as...

A informação consta de um aviso do Ministério da Saúde angolano, e a campanha, denominada “Juntos pela eliminação do Sarampo”, vai decorrer nas 18 províncias do país, no âmbito do Plano Nacional de Desenvolvimento Sanitário.

Em paralelo, de acordo com o mesmo aviso, decorrerá a vacinação contra a poliomielite e a administração de vitamina A, a realizar em unidades sanitárias e postos de vacinação nas escolas, creches e lares de infância, mas também ao nível dos bairros e nas aldeias.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) incluiu este ano Angola na lista de países que ainda registam surtos epidémicos de sarampo, com 4.458 casos notificados em 2012, abaixo da República Democrática do Congo (72.029), Burkina Faso (7.362) e Nigéria (6.447).

Dados estatísticos do Ministério da Saúde de Angola, a que a Lusa teve acesso, dão conta que aquele país registou em 2013 um total de 15.632 casos de sarampo, que resultaram em 305 óbitos.

As províncias do Uíge, norte do país, com 2.874 casos, e a do Bié, com 2.385 casos, foram as mais afectadas.

O Plano Estratégico de Eliminação do Sarampo 2014-2020 do Ministério da Saúde angolano prevê o reforço da vacinação de rotina e manuseamento correcto dos casos de sarampo, campanhas nacionais, a introdução da segunda dose de vacinação contra a doença no calendário nacional de vacinação de rotina e vigilância epidemiológica activa do sarampo.

 

Enfermeiros emigram
Meio milhar de novos enfermeiros recebem sexta-feira em Coimbra os seus títulos profissionais, ensombrados pelo desemprego ou...

“É triste, mas ainda é mais triste e de lamentar o facto de sabermos que eles são precisos cá. Temos grande parte dos nossos serviços de saúde carenciados de enfermeiros e essas necessidades do país em cuidados de enfermagem não estão a ser respondidas”, afirma Presidente da Secção Regional do Centro (SRC) da Ordem dos Enfermeiros (OE).

A SRC realiza na tarde de sexta-feira a sua Cerimónia de Reconhecimento Profissional e de Vinculação à Profissão, com a participação do Bastonário da OE, Enf.º Germano Couto. Nela serão homenageados enfermeiros que se aposentaram, e serão dadas as boas-vindas aos 540 recém-licenciados, que passam a estar habilitados para o exercício profissional da Enfermagem.

No primeiro semestre do corrente ano a SRC realizou Visitas de Acompanhamento do Exercício Profissional (VAEP) a 35 serviços de saúde dos seis distritos da Região Centro e neles detectou a carência efectiva de 293 enfermeiros. Nesses mesmos serviços o quadro de profissionais era de 844 enfermeiros.

“Correspondem a uma percentagem muito pequena daquilo que é a realidade dos serviços de saúde na Região Centro”, afirma a Enf.ª Isabel Oliveira, explicando que essas 35 VAEP incidiram sobre contextos muito diferenciadas, desde serviços de urgência de centros hospitalares de grandes dimensões, até pequenas unidades de cuidados de saúde primários. No entanto, na generalidade as dotações de enfermeiros encontravam-se deficitárias.

A 31 de Dezembro de 2013 estavam inscritos na OE 14556 enfermeiros com domicílio profissional nos seis distritos da Região Centro.

A Ordem dos Enfermeiros aprovou em Maio a Norma Para o Cálculo das Dotações Seguras dos Cuidados de Enfermagem, que norteia o número adequado de profissionais para cada serviço, de acordo com as intervenções que realiza.

Segundo a presidente da SRC defender as Dotações Seguras “não é exclusivamente uma reivindicação de mais profissionais, mas apontar que são precisos efectivamente mais enfermeiros para que haja cuidados de qualidade e seguros” para os cidadãos.

“Resta saber quais os custos a médio e longo prazo pelo facto de a nossa população e os nossos cidadãos não estarem a ter aquilo que em termos de cuidados lhes é devido, enquanto direito consagrado na Constituição da República”, acentua.

Realça que os enfermeiros têm um papel da maior relevância na prevenção e na promoção da saúde, e nesse aspecto Portugal não está a investir.

As quatro principais causas de morte em Portugal são as doenças cardiovasculares (32%), cancro (28%), doenças crónicas respiratórias (6%) e diabetes (5%).

Para a dirigente da Ordem dos Enfermeiros, só se conseguem melhorar estes indicadores através de uma consistente prevenção, da promoção de comportamentos saudáveis, capazes de minimizar os elevados défices de literacia que a sociedade revela.

Esta semana um estudo da Escola Nacional de Saúde Pública revelou que em Portugal o nível de literacia em Saúde é problemático ou inadequado. Nele evidencia que pelo menos seis em cada 10 portugueses não têm bons conhecimentos em assuntos de Saúde.

Esta conclusão consta de um relatório no âmbito do Questionário Europeu de Literacia em Saúde realizado em nove países. Portugal apresenta os piores resultados a seguir à Bulgária.

 

Hoje à noite nas ruas de Coimbra
Actividade organizada pela Escola Superior de Enfermagem visa promover o reconhecimento da história e da cultura da cidade,...

Uma actividade de gincana pela cidade, com início às 21h00, é uma das formas através das quais a Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC) dá as boas-vindas, amanhã, aos mais de 300 alunos do 1º ano da licenciatura.

Inserido nos três dias de integração dos novos estudantes de licenciatura, o peddy-paper “Antes que te Queimes Caloiro 2014” realiza-se entre a Praça da República e o emblemático Café Santa Cruz.

Trata-se de um jogo onde se procura, de forma lúdica, fomentar o convívio saudável entre “caloiros” e “doutores”, desenvolver o espírito académico e de equipa e, ao mesmo tempo, conscientizar sobre os problemas inerentes ao consumo abusivo de substâncias psicoactivas (SPA), sobretudo o álcool, bem como sobre os danos que lhe estão associados.

Promover a adopção de estilos de vida saudável e de medidas de segurança/protecção em contexto recreativo, desde logo nas festas académicas, reduzir problemas relacionados com o consumo excessivo de SPA e promover o reconhecimento da história e cultura da cidade são alguns objectivos da iniciativa.

Este peddy-paper é organizado pelo Projecto PEER (Peer-Education Engagement and Evaluation Research), com coordenação da ESEnfC e em colaboração com a Administração Regional de Saúde do Centro, o IREFREA Portugal, a Associação Existências, a Comissão de Praxe da ESEnfC 2014-15, o Café Santa Cruz e o Museu da Água de Coimbra.

 

Ébola:
A Federação internacional da Cruz Vermelha considera arriscado o fecho das fronteiras na luta contra a epidemia do Ébola.

“A Cruz Vermelha não trabalha com o fecho das fronteiras. Não é a nossa abordagem. A nossa abordagem é manter o diálogo com as pessoas afectadas e com as comunidades vulneráveis, escutar as comunidades e os suas inquietudes e ajudá-las a entender as dinâmicas do surto”, disse à Lusa o coordenador de saúde em emergência Panu Saaristo.

Interrogado sobre as restrições de viagens implementadas pelos governos apesar da Organização Mundial da Saúde não proibir as viagens, o coordenador respondeu: “nós vemos um risco já que as pessoas que viajam precisam de sustentar as suas famílias (...) Elas não viajam por turismo. Isso é bastante válido no caso das fronteiras terrestres”.

Assim, as pessoas que continuam a viajar em trabalho vão tornar-se mais vulneráveis perante o Ébola, porque vão estar fora do sistema de controlo. Para este responsável, é melhor manter o diálogo e entender os medos dos países e adaptar as medidas de controlo da epidemia.

No caso de ilhas, como São Tomé e príncipe ou Cabo Verde, o coordenador indicou que “em teoria, é mais fácil controlar uma ilha e é mais complicado fechar fronteiras terrestres. Mas o mundo é pequeno e pessoas tornaram-se mais móveis”.

Para o coordenador da Cruz Vermelha, a forma mais eficaz de prevenir o Ébola é “tomar medidas para formar o pessoal de saúde e voluntários, comunicar as mensagens correctas (...) para que todos estejam preparados (...) se aparecer um caso que viajasse para estes países seria mais fácil de controlar a situação”.

A gestão de uma crise epidémica é composta por uma cadeia de elementos interligados em que todos devem funcionar para derrotar a epidemia. Se um elemento do sistema falha, o tempo para conter a epidemia aumenta, assim como o numero de pacientes, sustentou.

O desafio é que “no sistema inteiro todos elementos têm de estar presentes para que possamos ter o controlo da epidemia de forma rápida e efectiva”, refere Panu Saaristo

As actividades de prevenção, de monitorização dos contactos dos pacientes e de gestão dos corpos são alguns dos elementos desta cadeia. Sendo assim, as epidemias não se podem encarar como um terramoto, onde geralmente se atinge um pico e depois se vai melhorando pouco a pouco.

Este tipo de combate envolve um investimento inicial elevado para controlar a situação, mas no caso do Ébola a resposta não foi imediata.

“Geralmente, os surtos de Ébola costumam ser rápidos, explosivos e curtos. Mas, isso não vai acontecer na África ocidental e não aconteceu. Esperar que o surto acabe não foi uma boa estratégia. Mas não sabíamos isso antes. (...) Agora a situação está a ser encarada de forma mais séria pela comunidade humanitária internacional (...) Estamos a mobilizar mais”, concluiu.

Desde de Março, a Federação internacional da Cruz Vermelha trabalha em 13 países, Guiné-Conacri, Libéria, Serra Leoa e Nigéria e em grande escala na Costa do Marfim, Mali, Senegal, Camarões, Benim, Togo, Chade, Republica Centro Africana e Gâmbia.

 

Espanha activa protocolo preventivo devido a homem com sintomas da doença

A Espanha activou o protocolo preventivo para casos de Ébola depois da chegada esta madrugada à estação de autocarros “Méndez Álvaro” de Madrid de um homem de 30 anos com sintomas de febre depois de ter estado em África.

Um porta-voz dos Serviços de Emergência de Madrid revelou à agência Efe que pouco antes da meia-noite os serviços de emergência receberam um aviso da Polícia Nacional que solicitava a sua presença numa esquadra de polícia da estação de autocarros “Méndez Álvaro”, onde foi identificado um passageiro com febre e indisposição.

À sua chegada à estação, os serviços sanitários confirmaram que o homem, não identificado, tinha viajado no último mês para África embora, aparentemente, não tenha estado em nenhum país com casos de Ébola conhecidos.

Mesmo assim, os serviços de emergência activaram o protocolo preventivo para casos suspeitos de Ébola e transferiram o indivíduo para instalações hospitalares onde vai realizar testes de despistagem para a doença.

 

Países africanos esperançosos com ajuda norte-americana

Os países africanos afectados pelo Ébola depositam elevadas esperanças na ajuda militar anunciada pelos Estados Unidos, incluindo uma resolução para conter a epidemia, que deve ser analisada hoje pelo Conselho de Segurança da ONU.

“O anúncio do Governo norte-americano de uma ajuda militar directa constitui um momento significativo na batalha contra o Ébola”, afirmou a Presidente da Libéria, Ellen Johnson Sirleaf.

“Esperamos que esta decisão dos Estados Unidos incentive o resto da comunidade internacional a agir. Os nossos parceiros americanos aperceberam-se que a Libéria não pode vencer o Ébola sozinha”, acrescentou.

 

Human Rights Watch denuncia atentados contra a imprensa sob pretexto da crise

A organização de direitos humanos Human Rights Watch afirma que a luta contra o Ébola na Libéria está a servir de pretexto a uma escalada da repressão sobre a imprensa, com relatos de fechos de jornais e detenções de jornalistas.

A Human Rights Watch apela aos países mais afectados pelo vírus - Libéria, Guiné-Conacri e Serra Leoa - que garantam o respeito pelos direitos humanos e transparência.

“Numa altura em que temos um enorme surto de Ébola, acreditamos que o Governo e as pessoas têm de trabalhar juntas para encontrar uma solução”, disse Abdullai Kamara, presidente do sindicato dos jornalistas da Libéria.

“Infelizmente, como consequência desta situação, os meios de comunicação têm sido vítimas das acções do Governo”, afirmou. Segundo Abdullai Kamara, o estado de emergência anunciado a 06 de Agosto tem sido usado erradamente como um “álibi para reprimir os direitos dos meios de comunicação”.

No início do mês, o sindicato escreveu ao ministro da Justiça, demonstrando o seu desagrado com o encerramento do jornal National Chronicle e os interrogatórios e recolha de impressões digitais da editora do jornal Women Voices, a propósito de um artigo sobre alegada corrupção entre as forças policiais responsáveis pela prevenção do Ébola. O sindicato queixou-se também das buscas da polícia à redacção do jornal FrontPage Africa.

A carta expressava também o desagrado com o facto de os jornalistas não terem recebido uma excepção ao recolher obrigatório nocturno, impedindo-os de relatar a crise.

 

Farmácias vão fazer rastreio
Mais de um terço dos utentes entram nos hospitais desnutridos, um problema que motivou a criação de um projecto-piloto de...

A iniciativa “Agir para Nutrir” arrancou hoje numa farmácia em Lisboa e será alargada às cerca de 120 farmácias aderentes ao projecto, de norte a sul do país.

Diana Mendes, dietista no Hospital de Santa Marta explicou que “o objectivo é sensibilizar a população para a problemática da desnutrição (situação de carência prolongada de um ou mais nutrientes), vigiar o seu estado nutricional, que deve ser monitorizado, e prevenir desnutrição”.

Na farmácia, qualquer pessoa com mais de 18 anos pode fazer a identificação do seu “perfil nutricional” de forma gratuita, bastando para isso responder a um questionário, validado por uma sociedade médica europeia, que avalia factores como a massa corporal, o apetite ou perdas de peso recentes. “A farmácia é encarada como um espaço na comunidade perto dos utentes e da população e o farmacêutico surge como o profissional em contacto com a população e que está apto para identificar um eventual risco nutricional”, disse, acrescentando: “primeiro vamos formar os farmacêuticos, para depois passar a implementar a ferramenta”.

Caso o doente apresente risco, é encaminhado para o médico assistente para procurar tratamento. Se não houver risco, o utente é aconselhado a voltar a fazer a monitorização numa próxima ida à farmácia. Além desta avaliação, o farmacêutico pode ainda dar conselhos genéricos ou recomendar algum tipo de suplementação.

Esta ideia surgiu da necessidade de actuar antecipadamente junto da população, para evitar que as situações de desnutrição sejam identificadas ou diagnosticadas tardiamente, quando a pessoa é admitida num hospital ou numa instituição geriátrica, como acontece actualmente.

Diana Mendes sublinha que, apesar de não estarem a aumentar os casos de desnutrição, os números são preocupantes: Cinco por cento da população europeia apresenta desnutrição e 30% a 50% dos utentes apresenta desnutrição no momento da admissão hospitalar.

Em Portugal, em seis hospitais públicos, numa amostra de 1.144 doentes, verificou-se que um em cada três doentes apresentava desnutrição no momento de admissão hospitalar.

É também comum que o diagnóstico de desnutrição seja feito quando já se apresenta num estado muito avançado, sendo mais difícil o tratamento e a sua reversão.

“Começa a haver a necessidade de agir antes e não só quando se recorre ao hospital. É necessário agir antes e fazer triagem com aconselhamento, para evitar que comece só quando a pessoa chega ao hospital”, sublinhou.

A desnutrição surge normalmente entre a população idosa ou associada a doenças crónicas, oncológicas ou degenerativas, como Parkinson, Alzheimer ou doença do neurónio motor.

 

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