Repercussões orais da Doença Celíaca

Estomatite Aftosa Recorrente

Atualizado: 
22/05/2019 - 11:49
A Estomatite Aftosa Recorrente (EAR) é caracterizada por uma ou múltiplas úlceras dolorosas, na mucosa oral, de forma circular ou ovoide, que apresentam um halo eritematoso. É uma das mais prevalentes condições orais patológicas, que afecta aproximadamente 20% da população em geral, em algum momento das suas vidas.
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As EAR estão categorizadas em minor, major e herpertiforme, sendo a minor a mais comum.

A etiologia da EAR é desconhecida, no entanto o trauma local, o stress, o desequilíbrio hormonal e a hipersensibilidade alimentar são factores predisponentes para a doença. Várias condições sistémicas estão também associadas à EAR, tais como doença de Behçet, a Sida, as reacções a medicamentos, a neutropenia cíclica, as deficiências nutricionais e hematínicas (ferro, ácido fólico, vitamina B12) e as doenças gastrointestinais (Doença de Crohn, Doença Celíaca).

Num estudo, realizado por Cheng e colaboradores, foi demonstrado que 42% dos pacientes celíacos apresentaram EAR, enquanto no grupo de controlo, apenas 23% apresentaram a condição patológica. Outros estudos relataram uma associação positiva entre a Doença Celíaca (DC) e a EAR.

Campisi realizou em 2007 um estudo sobre a prevalência de EAR em pacientes celíacos, verificando que 42% dos pacientes apresentavam EAR e que no grupo controlo, constituído por indivíduos saudáveis, apenas 7% apresentavam esta condição patológica. Em 2008, foi publicado pelo mesmo autor, um estudo de larga escala (269 doentes celíacos), onde se verificou que 22,7% dos pacientes celíacos apresentaram EAR em contraste com apenas 7% no grupo controlo.

No entanto, existem estudos nos quais os autores não encontraram associação entre EAR e doença celíaca.

É importante referir o significado que pode ter a EAR no diagnóstico da doença celíaca. Alguns autores estudaram a prevalência da DC em pacientes com EAR. Aydemir diagnosticou 2 casos de doença celíaca (4,8% de 41 pacientes) em pacientes com EAR. Num estudo mais recente, realizado por Shakeri, apenas 2,83% dos casos de EAR foram diagnosticados com doença celíaca.

A possível explicação para esta correlação hipotética entre a EAR e a DC é a típica deficiência hematínica (ferro, ácido fólico e vitamina B12) característica dos pacientes celíacos. Cerca de 20% dos pacientes apresentam este tipo de deficiência. Depois de diagnosticada a DC e implementada uma dieta livre de glúten, a EAR tem tendência a diminuir de incidência.

No entanto o valor preditivo positivo destas lesões para o diagnóstico da DC é muito baixo. A EAR por si só não justifica a realização de exames auxiliares para diagnosticar a DC, no entanto, é considerado de interesse clínico se a par de EAR se verificarem sinais e sintomas de má absorção intestinal.

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Fonte: 
FMDUP
Nota: 
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