Sulfitos proibidos e temperaturas elevadas
O alerta não é novo. Há seis anos que que a Deco alerta para a presença de sulfitos proibidos e temperaturas de conservação...

De acordo com os testes promovidos para Deco, a grande maioria das amostras (15 em 20) chumbou nos testes em laboratório. E as razões são as mesmas dos estudos anteriores: foram detetados sulfitos proibidos, temperaturas elevadas e elevado número de bactérias.

A carne picada dos talhos visitados pela associação, em outubro de 2018, “é um cocktail de bactérias e de sulfitos. E há uma combinação perfeita com o descuido no controlo das temperaturas das montras frigoríficas onde se encontra exposta.” A Deco lamenta que, apesar de todos os alertas e avisos, os resultados, seis anos desde o primeiro teste, continuem a ser maus. Em 20 amostras de carne picada de talhos visitados na Grande Lisboa e no Grande Porto, apenas quatro são razoáveis e uma boa.

“Quem vende carne picada tem responsabilidade na situação. E a fiscalização deve ser mais robusta. Os talhos e os organismos de controlo ainda têm muito trabalho a desenvolver”, afirma a Defesa do Consumidor.

Sulfitos proibidos e temperaturas elevadas

“A carne picada só pode conter sal, e em quantidades inferiores a 1 por cento. Os sulfitos não são permitidos”. No entanto, a Deco descobriu amostras com outros ingredientes. “O consumidor está a ser enganado ao comprar um produto que já não é só carne picada. Os resultados são piores do que em 2013 e não muito diferentes dos de 2017. Só não encontrámos sulfitos em cinco amostras”, refere a associação

Lei dispersa

A lei permite manter a carne já picada no expositor de venda. Contudo, nem sempre assim foi. Durante vários anos e até meados da década de 1990, só era permitida quando preparada a pedido e à vista do consumidor. Uma restrição, porém, abandonada nessa mesma década. Embora os requisitos sejam hoje mais rigorosos e os meios técnicos melhores, esse ponto de partida não se reflete nos resultados dos testes.

Falta de recursos humanos leva unidade a "bater no fundo"
A programação cirúrgica prevista para março do Hospital de Santo André (HSA), em Leiria, foi reduzida em 50% por falta de...

"O HSA está a bater no fundo. É um problema de gestão, pois o Conselho de Administração assumiu que pode fazer mais com menos, mas não dá condições de trabalho. A programação cirúrgica para março viu os tempos reduzidos em 50% por falta de recursos humanos", revelou José Carlos Almeida.

Segundo o secretário regional do Centro do SIM, a falta de médicos estende-se à área laranja do Serviço de Urgências. Esta zona "tem uma capacidade para 14 doentes" e no dia da visita do SIM, na semana passada, "estavam 46 e ainda era de manhã", denunciou, reforçando que "não há médicos diferenciados".

"Uma colega confessou-nos que estava ela e um médico do ano comum na área laranja. Todos os médicos mais diferenciados não conseguiram sair da emergência [intra-hospitalar]. Antes, o hospital tinha uma equipa de emergência, agora não. Estes médicos fazem dois a três turnos por semana e ainda asseguram a unidade hemodinâmica", acrescentou.

José Carlos Almeida afirmou ainda que os médicos "continuam a entregar as cartas de escusa", porque "seria uma irresponsabilidade assumirem que estão a trabalhar em condições de segurança para os utentes".

"Temos doentes que são reavaliados apenas 24 a 36 horas depois. Se falarmos de uma pessoa idosa, acamada, que durante esse tempo não está a tomar a medicação habitual que necessita, pode sofrer" outro tipo de problema clínico", como "uma pneumonia e ir para aos cuidados intensivos ou no pior cenário morrer".

Para o secretário regional do Centro do SIM, o argumento de falsas urgências "não pode ser usado, porque existe em todo o país".

"Se pegarmos nos hospitais de Loures ou de Vila Franca, de gestão privada, têm uma área de influência idêntica à de Leiria, ou até menor, e têm um número superior de médicos com capacidade de decisão no serviço de urgência, o que faz toda a diferença. É preciso ter mais elementos e mais diferenciados", insistiu.

"Não cabe ao sindicato decidir pela demissão ou não do CA, terá de ser a tutela a definir o que fazer do hospital de Leiria. Não se pode jurar amor eterno ao Serviço Nacional de Saúde [SNS] e dar facadas nas costas. O SNS está perante uma crise que nunca foi tão grave como agora. Nunca os médicos e todos os profissionais de saúde estiveram tão cansados como agora", sublinhou.

"É de louvar a dedicação que os médicos de Leiria têm tido com os seus doentes", rematou.

Na semana passada, a Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos (SRCOM) revelou que todos os chefes de equipa da Urgência de Medicina Interna do Hospital de Santo André se demitiram em janeiro.

Em declarações à agência Lusa, o presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes, disse que o Serviço de Urgência do hospital de Leiria atingiu o "limite" e que "só não encerra por todo o esforço dos médicos que lá trabalham", mesmo "sem serem reconhecidos pelo Conselho de Administração [CA] do CHL".

"Todos os chefes de equipa de Urgência de Medicina Interna apresentaram já a demissão, no dia 25 de janeiro, alegando a inexistência de condições essenciais ao desempenho das funções", referiu, explicando que os médicos "não têm tempo para a chefia do serviço, nem recursos para cumprir a escala de urgência".

Desde o início do ano, a Ordem dos Médicos já recebeu 159 declarações de responsabilidade: "Recebemos mais cartas de declarações de responsabilidade do que de todos os hospitais do Centro juntos, o que mostra uma grande preocupação com o que está a acontecer em Leiria, sobretudo na Urgência de Medicina Interna", salientou Carlos Cortes.

Carlos Cortes já deu conhecimento ao Ministério da Saúde, pedindo a "intervenção" da ministra Marta Temido para "ajudar a solucionar este problema".

Entretanto, o PSD vai pedir a presença da ministra da Saúde, com caráter de urgência, no parlamento, para dar explicações sobre a "situação caótica" no Hospital de Santo André.

Doente com “patologia psiquiátrica”
O Sindicato dos Médicos da Zona Sul (SMZS) manifestou na segunda-feira a sua solidariedade para com o cirurgião agredido no...

“A violência e a intimidação sobre médicos e outros profissionais de saúde no exercício da profissão são inadmissíveis. Para o SMZS, as administrações devem ser responsabilizadas pela segurança dos profissionais nos locais de trabalho”, refere o sindicato em comunicado.

Um médico foi esfaqueado na segunda-feira por um doente dentro do Hospital de Peniche, no distrito de Leiria, e o agressor foi detido pela PSP.

A presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar do Oeste, Elsa Banza, explicou na que o médico, de 60 anos, foi alvo de “três facadas na zona das nádegas” e foi transportado, “com ferimentos superficiais”, para a urgência de Caldas da Rainha, onde se encontrava internado, mas “estável” e sem risco de vida.

O Centro Hospitalar do Oeste comunicou o crime à PSP, que deteve o suspeito ainda nas instalações hospitalares.

De acordo com a administradora, trata-se de um doente com “patologia psiquiátrica” que recorre com frequência ao Hospital de Peniche, onde conhece os profissionais de saúde e as instalações.

No comunicado, o sindicato quer que seja garantida a segurança médicos.

“O SMZS exige a garantia da segurança dos médicos no exercício das suas funções e o investimento na prevenção destas situações, reivindicando o reconhecimento à profissão médica do estatuto de risco e penosidade acrescida”, acrescenta.

Noutro comunicado, a Ordem dos Médicos informou que o cirurgião do Centro Hospitalar do Oeste que estava a operar no Hospital de Peniche foi esfaqueado por um utente, que entrou na sala onde decorria a intervenção.

“Este caso é o espelho da grave situação de insegurança que se vive no SNS [Serviço Nacional de Saúde] e de um clima de conflitualidade institucional que infelizmente é alimentado pela própria tutela e que não dignifica nem beneficia ninguém”, afirma Miguel Guimarães, bastonário da Ordem dos Médicos.

Clínico esfaqueado por utente
A Ordem dos Médicos lamentou a agressão, com uma arma branca, contra um cirurgião no hospital de Peniche, considerando que é um...

“Este caso é o espelho da grave situação de insegurança que se vive no SNS e de um clima de conflitualidade institucional que infelizmente é alimentado pela própria tutela e que não dignifica nem beneficia ninguém”, afirma Miguel Guimarães, bastonário da Ordem dos Médicos.

Segundo informa a Ordem dos Médicos, o cirurgião do Centro Hospitalar do Oeste que estava a operar no Hospital de Peniche foi esfaqueado por um utente, que entrou na sala onde decorria a intervenção.

A presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar do Oeste, Elsa Banza, explicou que o médico, de 60 anos, foi alvo de “três facadas na zona das nádegas” e foi transportado, “com ferimentos superficiais”, para a urgência de Caldas da Rainha, onde se encontra internado, mas está “estável e não está em risco de vida”.

O Centro Hospitalar do Oeste comunicou o crime à PSP, que deteve o suspeito ainda nas instalações hospitalares.

De acordo com a administradora, trata-se de um doente com “patologia psiquiátrica” que recorre com frequência ao hospital de Peniche, onde conhece os profissionais de saúde e as instalações.

O bastonário da Ordem dos Médicos acrescenta que o aumento de casos de agressão contra profissionais de saúde é o “espelho do desinvestimento do Governo no SNS” e da insistência numa política que “cria ambientes de tensão que prejudicam profissionais e utentes”.

“Os médicos estão a ser obrigados a cumprir horários desumanos e a dar resposta a um número de doentes que está muito para lá do aceitável e que os coloca em situações de sofrimento ético, com prejuízo para a qualidade e a segurança clínica”, frisa Miguel Guimarães.

O bastonário recorda que os dados mais recentes da Direção-Geral da Saúde, referentes a 2018, revelam que no ano passado foram notificados mais de 950 casos de incidentes de violência contra profissionais de saúde, com 2018 a ser ano com mais situações reportadas.

Crise política e humanitária
O Instituto Butantan, no Estado brasileiro de São Paulo, vai doar um milhão de vacinas contra a gripe e 1.700 frascos de soro...

De acordo com o governador de São Paulo, João Doria, o objetivo “é ajudar a população da Venezuela no momento em que o país enfrenta uma grave crise política e humanitária”.

“Em abril, faremos a doação de um milhão de doses da vacina contra a gripe para proteger a população na região da fronteira. Essas vacinas são destinadas tanto a comunidade brasileira como à venezuelana”, disse Doria à imprensa.

O material será entregue ao Governo brasileiro, que ficará responsável pelo seu envio para o país vizinho.

O Instituto Butantan é uma instituição pública estadual, ligada à Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo desde a sua fundação.

O Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, ordenou o encerramento, na quinta-feira, da fronteira do país com o Brasil.

O autoproclamado Presidente interino venezuelano, Juan Guaidó, apelou à comunidade internacional para que mantenha "abertas todas as opções para conseguir a libertação da pátria", o que está a ser entendido como um pedido de intervenção externa.

As autoridades venezuelanas têm impedido a entrada no país de ajuda humanitária, nomeadamente através das fronteiras da Colômbia e do Brasil, onde se têm registado confrontos, que já provocaram pelo menos quatro mortos.

Contaminação generalizada por glifosato em Portugal
O partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN) apresentou três iniciativas legislativas que pretendem uma “redução drástica” da...

A posição do PAN surge na sequência da divulgação dos resultados de um estudo lançado em 2018 para testar a presença de glifosato em voluntários portugueses, tendo a Plataforma Transgénicos Fora apelado hoje ao Governo para que proíba a venda de herbicidas à base de glifosato, que apoie os agricultores e que torne obrigatória uma análise à água para consumo.

As análises que integram o estudo revelaram uma exposição recorrente ao herbicida e apontam para uma contaminação generalizada por glifosato em Portugal.

O PAN afirma, em comunicado divulgado, que as análises aos voluntários que participaram no estudo em 2018, dos quais fez parte o seu deputado André Silva, apresentaram uma exposição recorrente ao herbicida, quando comparadas com os resultados de 2016, e apontam para uma contaminação generalizada por glifosato, o herbicida mais usado em Portugal.

De acordo com os dados avançados pela Plataforma Transgénicos Fora, responsável pela realização do estudo, os resultados, comparativamente a outros países europeus, mostram valores acima da média: em 18 países, verificou-se que 50% das amostras estão contaminadas.

A nível nacional, nos testes levados a cabo em duas rondas, esse valor foi sempre superior e em outubro de 2018 os valores de contaminação das amostras registaram valores de 100%, refere o PAN.

O partido recorda que a Plataforma “denunciou ainda os graves conflitos de interesses que envolvem a produtora Monsanto, espelhados na avaliação científica da Comissão Europeia que esteve na origem da tomada de decisão que autorizou o herbicida na Europa em 2017, mesmo estando classificado pela Organização Mundial de Saúde como carcinogéneo provável para o ser humano”.

O PAN afirma que as iniciativas legislativas hoje apresentadas pretendem uma análise obrigatória mensal da presença de glifosato em todas as captações de água de consumo, rede mineral para engarrafamento e a proibição de venda de herbicidas com glifosato para uso não profissional.

“Ou seja, pretende-se que sejam retirados das prateleiras dos supermercados e drogarias e que sejam acessíveis apenas a agricultores, a realização de um estudo abrangente da exposição dos portugueses ao glifosato, o fim do uso de herbicidas sintéticos na limpeza urbana (já existem alternativas não sintéticas bem como outras técnicas tipo monda mecânica e térmica), e o apoio aos agricultores na transição para uma agricultura pós-glifosato e o estímulo ao consumo de alimentos biológicos”, afirma o partido.

Entretanto, em resposta a perguntadas da agência Lusa e após a divulgação da posição da Plataforma, o Governo veio dizer que já tomou várias medidas nesse sentido e que nos últimos quatro anos a vendas de glifosato desceram 22,7 %.

Na resposta, o executivo afirma que já tomou medidas proibitivas relativamente a esta matéria, na sequência de um estudo da EFSA (European Food Safety Authority), que revelou propriedades carcinogénicas da taloamina, substância coadjuvante de herbicidas contendo glifosato.

“O Governo proibiu de imediato a comercialização de herbicidas contendo esta matéria”, adianta um comunicado do gabinete do ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural.

O executivo afirma que “tem já em execução várias medidas de apoio aos agricultores, direcionadas para a redução e eliminação da utilização de pesticidas”.

“O Governo, através da Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV), recomendou à Agência Portuguesa do Ambiente (APA) – entidade responsável pela fiscalização da água para consumo público - que determine a inclusão da pesquisa de glifosato nos parâmetros de qualidade junto das entidades gestoras de abastecimento de água. Cabe à APA a implementação da medida relativamente à utilização de herbicidas na “limpeza urbana”, acrescenta a resposta.

A Plataforma sublinha que pela “primeira vez em Portugal foi possível calcular os valores de exposição efetiva ao glifosato (que levam também em consideração o AMPA - substância em que o glifosato se transforma quando começa a degradar-se) e os resultados, quando comparados com outros países europeus, mostram uma diferença preocupante”.

Em declarações à agência Lusa, a bióloga da plataforma Margarida Silva indicou que em julho de 2018 foram recolhidas amostras de urina a 62 voluntários, 56 adultos e seis crianças, tendo 65% acusado glifosato.

“Em outubro de 2018, a análise foi repetida, tendo participado 44 pessoas. O glifosato foi detetado em 100% das amostras”, referiu.

De acordo com os dados do estudo, enquanto na média de 18 países se verificou que 50% das amostras estavam contaminadas, as duas rondas de testes em Portugal estavam acima desse valor – e em outubro a contaminação foi detetada em 100% das amostras.

A Plataforma já tinha levado a cabo, em 2016, uma outra colheita a 26 pessoas que veio confirmar também a presença da substância em 100% dos casos.

Já em 2018, os participantes inscreveram-se por iniciativa própria e cerca de 80% dos inscritos identificaram-se como consumidores de alimentos biológicos.

“Estes resultados mostram que o problema não está resolvido, que as pessoas estão a ser contaminadas recorrentemente. Estamos expostos todos os dias e a alterar o nosso microbioma intestinal, que, as investigações apontam nesse sentido, é dos sistemas mais importantes do ponto de vista da preservação da nossa saúde e equilíbrio metabólico”, disse.

De acordo com Margarida Silva, podem estar aqui muitos dos problemas de saúde dos portugueses.

O glifosato é o herbicida mais usado em Portugal e causa cancro em animais de laboratório, estando classificado pela Organização Mundial de Saúde como carcinogéneo provável para o ser humano.

Nova unidade hospitalar
A Secretaria Regional do Equipamento e Infraestruturas da Madeira anunciou hoje que recebeu oito candidaturas na primeira fase...

A primeira fase do concurso terminou às 17:00 de ontem, mas a tutela adiantou que só hoje terá acesso às candidaturas e aos consórcios que foram carregados na Acingov (plataforma eletrónica de compras públicas).

A secretaria realçou, em comunicado, que esta é a primeira fase do concurso: “resume-se à entrega das candidaturas, com toda a documentação económica e financeira, bem como a parte curricular das empresas concorrentes".

A informação será analisada por um júri composto por sete elementos.

Após esta análise, os qualificados serão convidados a apresentar uma proposta de preço para a empreitada efetiva.

A tutela espera ter concluída dentro de um mês e meio a qualificação dos candidatos.

O novo Hospital Central da Madeira, há muito reivindicado pela região, é um Projeto de Interesse Comum e será comparticipado pelo Estado e pela região, em percentagens de 50% cada.

 

Stress pós-traumático atinge 35% das crianças
Os Médicos Sem Fronteiras conseguiram desmobilizar quase mil crianças-soldado no Sudão do Sul, num projeto que já forneceu...

A informação foi divulgada hoje por aquela organização internacional, que deu conta ainda que o stress pós-traumático, por exemplo, atinge 35% das crianças tratadas pela equipa de mais de 100 profissionais dos Médicos Sem Fronteiras (MSF). A depressão também é comum entre as antigas crianças-soldado, muitas têm ‘flashbacks’ e são assoladas por imagens recorrentes de momentos de combate.

Algumas das crianças consideram o suicídio ou automutilação.

“Para ajudar os nossos pacientes usamos técnicas de relaxamento, para tratar sintomas como a ansiedade e o medo. Tentamos fortalecer os mecanismos de resistência e resiliência. Fazemos atividades de grupo e educação psicológica, discutimos assuntos específicos e organizamos atividades de lazer como jogos de futebol e pintura”, lê-se num documento dos MSF, hoje divulgado.

São já 983 as crianças desmobilizadas pelo projeto dos MSF, no terreno há um ano, desde fevereiro de 2018, centrando-se na região de Yambio, no sudoeste do Sudão do Sul. Segundo dados da Unicef, citados pelos MSF, estas quase mil crianças representam cerca de um terço das 3.100 já desmobilizadas em todo o país.

Têm entre 10 e 19 anos e a maioria foi raptada a caminho da escola ou dos campos agrícolas onde trabalhava antes de serem forçadas a serem soldados.

O objetivo é a sua reintegração na comunidade a que pertencem, e se é verdade que isso foi possível para a maioria, segundo os MSF, também há casos de crianças que não conseguiram voltar para as suas famílias, seja porque estas morreram no conflito, seja porque foram deslocadas e não conseguem encontrá-las. Há aquelas que já regressaram à escola, que estão a trabalhar na agricultura, e até as que já se casaram. Há também casos de rejeição.

“Algumas são vistas como um fardo. Nas comunidades em que o conflito teve um impacte significativo, algumas crianças foram rejeitadas e receiam nunca virem a ser aceites”, lê-se no documento dos MSF.

Aquelas que lidam com maiores dificuldades chegam a ponderar voltar a ser soldado e a juntar-se a um grupo armado, não pela pertença a esse grupo em si, mas por ser um meio de acesso a melhores recursos e serviços. Conseguir que regressem à escola é “muito gratificante” para os profissionais que participam no projeto, mas também para as crianças, que acabam por sentir que são parte ativa da sua comunidade.

“As pessoas perguntam se a recuperação é possível. Sim, de facto é. Vemos crianças e adolescentes que passaram por enormes dificuldades e traumas, mas que estão ansiosas por se tornarem membros produtivos das suas comunidades. [..] A maioria destas crianças quer casar, ter um trabalho e regressar para as suas famílias. O processo terapêutico permite-lhes atingir esses objetivos”, lê-se no documento.

Sobre negociações com os Enfermeiros
O Presidente da República defendeu ontem que o seu papel é "convidar a caminhos de entendimento", quando questionado...

"A função de um Presidente da República como entidade arbitral é convidar a caminhos de entendimento, na expectativa de que eles possam ir o mais longe possível", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, em resposta aos jornalistas, durante uma visita ao Salão Internacional do Setor Alimentar e Bebidas (SISAB), em Lisboa.

Sem responder diretamente à questão sobre o seu eventual envolvimento nas negociações com professores e enfermeiros, o chefe de Estado lembrou a intervenção que fez na quinta-feira, em que apelou a "convergências para além daquilo que parecem ser as posições estanques", perante uma plateia com representantes de várias áreas da saúde.

"Eu estava a pensar na saúde em particular, mas em geral na sociedade portuguesa os caminhos do entendimento devem ser sempre aprofundados. Depois se verá qual a capacidade de entendimento, o grau de entendimento", acrescentou.

Especificamente sobre o caso da contagem do tempo de serviço dos professores, Marcelo Rebelo de Sousa escusou-se a "comentar o otimismo ou pessimista pré-negocial" por parte do primeiro-ministro, António Costa, e disse que a sua posição "é muito simples: é esperar".

"Esperar o resultado das negociações. Esperar para ver se se traduz numa lei ou não e esperar para ver o conteúdo da lei. E, portanto, vamos esperar e depois, em função do que venha aparecer ou não, assim decidirei", completou.

O Presidente da República irá aguardar "aquilo que durarem as negociações e que durar depois a decisão do Governo quanto a haver diploma, não haver diploma" e, se for esse o caso, "qual o diploma que faz chegar" às suas mãos.

Na quinta-feira, durante uma homenagem à farmacêutica Odette Ferreira, no Museu da Farmácia, em Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa deixou o seguinte apelo: "Vamos procurar as convergências para além daquilo que parecem ser as posições estanques, que são cruciais num determinado momento, e depois se chega à conclusão de que não têm importância nenhuma no fluir da história - nenhuma, rigorosamente nenhuma, a não ser momentaneamente o prazer do ego de um ou outro protagonista".

Nessa iniciativa também discursou o secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Francisco Ramos, e na assistência estava a bastonária da Ordem dos Enfermeiros, Ana Rita Cavaco, que o chefe de Estado cumprimentou à chegada, dizendo: "Eu vejo esta senhora todos os dias, de manhã, à tarde, à noite".

Hoje, à margem da cimeira União Europeia-Liga Árabe, em Sharm el-Sheikh, no Egito, o primeiro-ministro, António Costa, assumiu "algum pessimismo" em relação ao reinício das negociações entre o Governo e os sindicatos de professores, tendo em conta as "declarações de total intransigência" do secretário-geral da Federação Nacional dos Professores (Fenprof), Mário Nogueira.

Euro Health Consumer Index
O Serviço Nacional de Saúde português teve um “forte desempenho” em 2018, colocando Portugal no 13.º lugar do ‘ranking’ de...

O ‘ranking’ anual Euro Health Consumer Index classifica anualmente 35 serviços nacionais de saúde na Europa com base em indicadores como direitos e informação dos pacientes, acessibilidade, resultados, diversidade e abrangência dos serviços prestados, prevenção e produtos farmacêuticos. A lista é elaborada pela organização Health Consumer Powerhouse.

Em 2018, Portugal obteve 754 pontos, melhorando face aos 747 registados no ano anterior devido a um “forte desempenho” no Sistema Nacional de Saúde, o que lhe possibilitou passar de 14.º para 13.º lugar, segundo a informação hoje divulgada.

A liderar o ‘ranking’ está a Suíça (893 pontos), seguindo-se a Holanda (883), a Noruega (857), a Dinamarca (855) e a Bélgica (849).

Em sentido inverso, o pior classificado é a Albânia (544 pontos), seguida pela Roménia (549), Hungria (565), Polónia (585) e Bulgária (591).

Apesar da melhor classificação face ao ano anterior, Portugal continua de fora do 'clube dos 800', ou seja, dos países que obtiveram 800 pontos nos indicadores avaliados, para os quais o máximo é mil.

A pontuação de Portugal reparte-se em: 108 pontos para os direitos e informação dos pacientes (de um máximo de 125 atribuídos), 163 pontos na acessibilidade (de um máximo de 225), em 222 nos resultados (máximo de 278), 94 na diversidade e abrangência dos serviços prestados (máximo de 125), 89 na prevenção (máximo de 119) e 78 nos produtos farmacêuticos (máximo de 89).

Existem, porém, questões a melhorar.

No seu relatório, a Health Consumer Powerhouse aponta que “Portugal é o único país europeu a ter pior acesso a cuidados primários além da Suécia”, já que o prazo estimado para conseguir uma consulta, nomeadamente em centros de saúde, é até 15 dias.

Dos países analisados (com exceção de Montenegro, para os quais não são apontados dados), Portugal é, também, o quarto pior classificado no que toca a “infeções hospitalares adquiridas sendo resistentes”, atrás da Roménia, de Malta e da Sérvia.

Portugal fica ainda em sétimo lugar dos países com maior tempo de espera para tratamentos de cancro e é o segundo pior (sem contar com a Albânia) nas carências não satisfeitas em exames dentários.

Dados oficiais
O Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) atendeu cerca de 159 chamadas de emergência por hora em 2018, num total de...

As 1.393.594 chamadas recebidas nos Centros de Orientação de Doentes Urgentes, para situações de assistência a vítimas de acidente ou doença súbita, significam mais 25.453 chamadas atendidas do que em 2017, referem dados publicados hoje no Portal da Saúde.

Segundo o instituto, o atendimento destas chamadas deu origem à ativação de 1.323.554 meios de emergência, entre os diversos tipos de ambulância, motas de emergência, viaturas médicas de emergência e reanimação e helicópteros.

As chamadas efetuadas para o Número Europeu de Emergência – 112 - são atendidas em primeira linha nas Centrais de Emergência pela Polícia de Segurança Pública e Guarda Nacional Republicana.

O 112 encaminha seguidamente para os centros de orientação de doentes urgentes (CODU) do INEM todas as situações que digam respeito a urgências ou emergências médicas.

Conforme a situação relatada no pedido de ajuda, os CODU prestam o aconselhamento necessário ou enviam os meios de emergência que sejam mais adequados para dar resposta à situação clínica da vítima.

O tipo de meio a enviar é selecionado de acordo com a situação clínica das vítimas, a proximidade do local da ocorrência e a acessibilidade ao local da ocorrência, refere o organismo.

Compete à Central Médica do INEM avaliar depois todos os pedidos de ajuda recebidos, com o objetivo de determinar os recursos necessários e adequados a cada situação.

O INEM apela para a “colaboração de todos os cidadãos”, aconselhando que em caso de acidente ou doença súbita liguem sempre para o 112 e informem, de “forma simples e clara” a localização exata, o número de telefone do qual estão a ligar, o tipo de situação (doença, acidente, parto, entre outros), número, sexo e idade aparente das vítimas, as queixas e as alterações que observam.

O funcionamento dos CODU é assegurado 24 horas por dia, por equipas de profissionais qualificados – médicos, técnicos de emergência pré-hospitalar e psicólogos – com formação específica para efetuar o atendimento, triagem, aconselhamento, seleção e envio de meios de socorro.

“As perguntas efetuadas pelos profissionais dos CODU são muito importantes para a atuação do INEM, pois visam determinar qual o tipo de emergência e o meio de socorro mais adequado para dar resposta à situação”, salienta o instituto.

No caso de não ser necessário enviar uma ambulância ou qualquer outro meio de emergência, as chamadas são encaminhadas para a Linha do Centro de Contacto do SNS24, que procederá ao aconselhamento adequado à situação.

Falta de profissionais
O bastonário da Ordem dos Médicos (OM), Miguel Guimarães, afirmou-se hoje preocupado com a carência de profissionais na Unidade...

“Desesperados porque estão há anos a lutar para ter melhores condições, estão há anos a vestir a camisola e a ajudar esta população, têm promessas continuadas que as coisas vão melhorar, que as coisas vão mudar, que para o ano vai haver mais médicos nesta ou naquela especialidade e não veem nada concretizar-se”, afirmou o bastonário da OM.

O responsável, que falava à agência Lusa à margem de uma visita ao hospital de Portalegre, inserido na ULSNA, onde reuniu com médicos e com a administração, considerou que, “com o tempo a passar”, os profissionais de saúde começam a “não acreditar no sistema, na estrutura e no Governo".

“Neste momento, não estamos a ter equidade no acesso aos cuidados de saúde em Portugal. As pessoas têm melhor ou pior acesso consoante o seu código postal, isto é, consoante a região do país onde vivem. Nós temos que mudar este paradigma”, disse.

Na reunião com os clínicos da ULSNA, segundo Miguel Guimarães, foi revelado que existem médicos que “atingiram a linha vermelha” no que diz respeito à segurança clínica, estando em “sofrimento ético” por terem de trabalhar em condições que não são as adequadas, principalmente na área da medicina interna.

“Isto causa uma perturbação imensa, causa uma depressão enorme nas pessoas, causa problemas graves, causa, de facto, uma desmotivação muito grande”, sublinhou.

Considerando que o Governo tem de “fazer alguma coisa diferente”, o bastonário da OM referiu que o Executivo não pode “continuar a desprezar” as regiões mais periféricas e carenciadas.

“O Governo tem de valorizar mais as pessoas que cá trabalham. Todas as pessoas que trabalham neste hospital merecem ser valorizadas e respeitadas naquilo que é a sua função”, defendeu.

Miguel Guimarães exigiu ao Governo que mude a “gestão da política” no país, nomeadamente dando “mais flexibilidade e autonomia” às unidades de saúde para “poderem contratar” especialistas.

“Tem que dar mais capacidade para que os próprios serviços tenham uma gestão melhorada daquilo que são os seus próprios recursos e tem que permitir que as pessoas que acabam cá a especialidade fiquem cá a trabalhar se assim o desejarem”, acrescentou.

No final da visita, o presidente do Conselho Regional do Sul da OM, Alexandre Lourenço, disse à Lusa que a ULSNA “precisa desesperadamente” dos poucos médicos que querem fixar-se no interior e que “não é facilitada” a sua colocação.

“A pediatria tem quatro médicos no quadro, todos eles com idade de não fazer urgência, todos fazem. A ginecologia/obstetrícia tem dois médicos em idade de reforma, prolongam os contratos para continuarem a trabalhar”, denunciou.

O presidente do Conselho Regional do Sul lamentou também que o hospital de Portalegre não possua “autonomia” para poder gerir as suas necessidades.

“Este é um dos hospitais que mais contrata serviços médicos avulso, que são médicos que veem de outras regiões, estão aqui um dia e vão embora, não estabelecem laços nem continuidade de serviços”, lamentou.

A ULSNA gere os hospitais de Portalegre e Elvas e os 16 centros de saúde existentes nos 15 concelhos do distrito de Portalegre

Ação de responsabilidade social e ambiental
Como resultado de uma parceria com a Quercus, a Sociedade Portuguesa de Pneumologia vai plantar, no próximo dia 09 de março,...

“A SPP está inserida na sociedade portuguesa e com isto tem determinadas obrigações, nomeadamente, pugnar pela saúde respiratória que é, claramente, afetada pela exposição ambiental. A plantação das 1000 árvores é, para a SPP, um ato muito importante não só do ponto de vista social mas também da saúde da população. Por outro lado, esta ação surge no contexto na Corrida da Pulmão, uma iniciativa que promovemos conscientes dos benefícios que o exercício físico tem na saúde em geral e também na saúde respiratória. Portugal é um dos países da União Europeia onde os portugueses fazem menos exercício físico – de acordo com o eurobarómetro sobre desporto e atividade física, 68% dos portugueses referem que nunca fazem exercício - o que revela não estarem sensibilizados acerca dos benefícios que podem ter com esta prática enquanto um componente essencial na sua saúde”, refere António Morais, presidente da Sociedade Portuguesa de Pneumologia.

Para Carmen Lima, da Quercus, este contributo da SPP “é um reconhecimento do trabalho que tem vindo a ser feito pelos ambientalistas no que respeita à proteção do ambiente. Termos a Sociedade Civil e também a classe médica a apoiar esta campanha de plantação é uma aposta muito importante na proteção do ambiente e na sua conservação”.

A Nippon Gases, no seguimento do seu projeto “Caminhar por mais floresta” associou-se à SPP nesta ação, tendo adicionado às 500 árvores previstas resultantes do número de inscrições na Corrida do Pulmão, mais 500. 

Desenvolvimento de novas terapias
O Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S) integra um projeto europeu, destinado a estudar...

O projeto “BonepainII” é uma Rede Europeia de Formação Inovadora (ITN) destinada a promover a investigação, inovação e educação na área da dor esquelética e conta com a participação de seis países europeus, englobando oito grupos de investigação e quatro empresas.

Em comunicado, o i3S explica que o objetivo é formar 15 jovens especialistas no estudo da dor óssea e no desenvolvimento de novas terapias. A missão do grupo de investigação português é desenvolver modelos experimentais que recriem da melhor forma o ambiente das metástases ósseas.

As dores ósseas, sejam elas associadas às artroses, fraturas causadas pela osteoporose, doenças raras ou metástases ósseas, afetam milhões de pessoas em todo o mundo.

De acordo com o i3S, apesar de se tratar de uma dor muito debilitante e que afeta fortemente a qualidade de vida de muitas pessoas, a investigação sobre a dor óssea é ainda muito limitada.

“No nosso grupo - explica a investigadora do i3S Meriem Lamghari - vamos desenvolver um modelo ‘in vitro’, baseado em ‘chips’ que simulam a complexidade e o ambiente dos órgãos humanos”, explica no comunicado.

Esses modelos 3D “permitem recriar uma realidade ‘in vitro’ muito semelhante à realidade, permitindo, no nosso caso, estudar a interação entre as células nervosas, as ósseas e as cancerígenas”, esclarece.

Para uma melhor compreensão deste tipo de dor, os investigadores portugueses irão adaptar os modelos 3D em ‘chip’ que já desenvolveram para outros estudos, colocando em diferentes compartimentos células nervosas, células ósseas e células cancerígenas.

O ambiente de interação nestes ‘chips’, para simular a interação entre células no órgão humano, é garantido por minúsculos canais que permitem às diferentes células comunicarem entre si.

Por exemplo, “sabemos que em situação de metástase óssea, as fibras nervosas no local sofrem um aumento significativo no seu crescimento. Queremos saber por que razão elas crescem de formam anormal nestas situações, qual dos três grupos de células está a enviar sinais e para quem”, sublinha Meriem Lamghari.

Além disso, acrescenta, “estes modelos 3D também podem ser utilizadas para testar potenciais terapias”.

O trabalho da investigadora do i3S, denominado “Modelos 3D de base microfluídica para abordar o crescimento das fibras nervosas patológicas associadas a metástases ósseas”, que integra o projeto “BonepainII”, é financiado pelo programa de investigação e inovação Horizonte 2020 da União Europeia no âmbito do Marie Sklodowska-Curie.

Este trabalho articula-se com outro projeto europeu denominado “RESTORE”, no qual a investigadora do i3S é coordenadora, e que se centra na regeneração de cartilagem do joelho.

Tratamentos têm taxas de sucesso acima dos 90% em algumas formas da doença
Em Portugal, mais de 30% das mulheres e cerca de 15% dos homens com mais de 50 anos apresentam sintomas de incontinência...

No sentido de promover a consciencialização e incentivar as pessoas a falar abertamente com o seu médico de família ou especialista sobre o problema, e também para assinalar o Dia Mundial da Incontinência Urinária (14 de março), a APU e a Associação Portuguesa de Neurourologia e Uroginecologia (APNUG) promovem a Semana de Alerta para a Incontinência Urinária, que decorre entre os dias 11 e 17 de março. O objetivo é impedir que as pessoas sofram em silêncio.

“A vergonha pode estar a impedir muitas pessoas de alcançar a cura, uma vez que certos tipos de incontinência urinária têm tratamentos com taxas de sucesso acima dos 90%”, sublinha o médico urologista e presidente da APU Luís Abranches Monteiro. “A incontinência urinária não é normal, mas é muito comum. Também não mata, mas afeta muito a qualidade de vida das pessoas que dela sofrem. E o mais importante é que hoje é um problema mais simples do que há 20 anos. Por isso, as pessoas precisam de perder o medo de falar sobre estas questões com o seu médico”, explica.

As pequenas perdas de urina podem ter um grande impacto psicológico, emocional, social e económico na vida das pessoas. O diagnóstico é feito de forma simples, através do diálogo entre paciente e médico e um exame físico.

Há vários tipos de incontinência urinária e cada caso tem as suas especificidades. Os tratamentos podem ser medicamentosos, de reabilitação ou cirúrgicos. Algumas cirurgias são tão simples que a vida normal pode ser retomada em poucos dias.

 

Estudo
Uma equipa de investigação está a realizar no Centro Hospitalar Universitário do Porto um estudo que tem como objetivo avaliar...

De acordo com informação hoje disponibilizada pelos investigadores, esta doença, também conhecida por PKU (do inglês ‘phenylketonuria’), é caracterizada pela deficiência de uma enzima produzida no fígado, necessária para processar a fenilalanina – um aminoácido essencial, presente em quase todos os alimentos, mas em maior quantidade nos mais ricos em proteína (como carne, peixe, ovos e laticínios).

Liderado por Júlio César Rocha, investigador do CINTESIS – Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde, o projeto, intitulado “TNSPKU - Trends in nutritional status of patients with Phenylketonuria”, tem como parceiros a Faculdade de Ciências da Nutrição e da Alimentação da Universidade do Porto (FCNAUP) e o Birmingham Children’s Hospital (Reino Unido), contando ainda com o apoio da Biomarin Pharmaceutical.

Níveis excessivos de fenilalanina na corrente sanguínea tornam-se tóxicos, comprometendo o normal funcionamento do cérebro. Entre os problemas que podem decorrer da não adesão ao tratamento para a fenilcetonúria constam atraso no desenvolvimento psicomotor, défice cognitivo (que pode ser grave), microcefalia, hiperatividade, convulsões, entre outros.

“O pilar do tratamento consiste numa dieta pobre em proteína e em fenilalanina, que deve ser implementada de forma rigorosa, desde o nascimento e para toda a vida”, explica o investigador do CINTESIS.

De acordo com Júlio César Rocha, para ser garantido um aporte proteico adequado ao crescimento e desenvolvimento, estes doentes têm de consumir substitutos proteicos especiais que, maioritariamente, providenciam aminoácidos (exceto a fenilalanina), juntamente com outros nutrientes importantes.

"Paralelamente, são igualmente alvo de comparticipação, a 100% pelo Estado, alimentos especiais hipoproteicos, muito pobres em fenilalanina e ricos em hidratos de carbono e lípidos, garantindo assim um adequado aporte energético”, acrescenta.

Apesar da sua importância para a saúde dos doentes com fenilcetonúria, os substitutos proteicos e os alimentos especiais hipoproteicos contribuem para um padrão alimentar frequentemente rico em hidratos de carbono e lípidos, pelo que o seu consumo pode aumentar o risco de desenvolvimento de excesso de peso e de obesidade nestes pacientes.

O objetivo deste trabalho, esclarece Júlio César Rocha, que é também nutricionista no Centro Hospitalar Universitário do Porto, é “avaliar a prevalência do excesso de peso e da obesidade, e aferir a prevalência da síndrome metabólica neste grupo de pessoas, que tem um padrão alimentar tão específico”.

Além disso, a equipa pretende avaliar o efeito da sapropterina (até ao momento, o único medicamento disponível no mercado para o tratamento da fenilcetonúria) no risco de excesso de peso e obesidade destes pacientes.

Ao todo, serão envolvidos no estudo 94 doentes e analisadas mais de 760 avaliações do estado nutricional destes pacientes, registadas ao longo dos últimos 10 anos.

A equipa vai recolher os dados referentes a medidas antropométricas, composição corporal, pressão arterial, ingestão nutricional e análises bioquímicas.

Os investigadores vão comparar os registos de dois grupos diferentes: um grupo vai incluir os pacientes que seguem exclusivamente o tratamento dietético e o outro grupo contará com os pacientes que, cumulativamente, tomam o fármaco sapropterina.

“A ideia é poder, no final, verificar a existência de eventuais diferenças entre estes dois grupos, no que se refere ao seu estado de saúde nutricional”, sublinha Júlio César Rocha.

A fenilcetonúria é, desde 1979, diagnosticada nos primeiros dias de vida das crianças, através do teste do pezinho. O diagnóstico precoce desta patologia possibilita que o tratamento seja iniciado de imediato, limitando o impacto negativo desta doença ao nível do sistema nervoso central.

População e profissionais pouco familiarizados com a patologia
Em Portugal existem cerca de 100 doentes com mucopolissacaridoses e é preciso alertar para estas doenças.

Em vésperas do Dia Mundial das Doenças Raras, que se assinala no próximo dia 28, a Sociedade Portuguesa de Oftalmologia (SPO) alerta para a necessidade de “cuidados altamente diferenciados e integrados em equipas multidisciplinares” destinado aos doentes com mucopolissacaridoses, um conjunto de doenças incluídas num grupo mais alargado de doenças hereditárias do metabolismo, conhecidas por doenças de acumulação lisossomal.

Augusto Magalhães, da SPO, considera que, pelo facto de serem raros os casos, “as pessoas e os próprios profissionais de saúde estão menos familiarizados com as manifestações e com os cuidados que se impõem a estes doentes”, o que torna mais difícil o seu diagnóstico e tratamento atempado. Tratamento que pode mesmo evitar a cegueira.

São vários os tipos de mucopolissacaridoses, doenças que resultam da “diminuição da atividade de uma enzima lisossómica específica”, o que está na origem de alterações a vários níveis, sendo as mais frequentes “O fácies característico de aspeto grosseiro, atraso de crescimento que leva a nanismo, alterações ósseas e articulares, alterações cardiovasculares, órgãos internos de volume aumentado (por ex. fígado aumentado, podendo ser palpado); alterações ao nível do aparelho respiratório, que provocam infeções respiratórias recorrentes. Em alguns tipos existem alterações neuro-cognitivas de gravidade muito variável”.

No caso dos olhos, estes são afetados “por depósitos corneanos que provocam opacificação da córnea, depósitos nas estruturas de escoamento do olho provocando glaucoma, depósitos na retina provocando retinite pigmentar, e depósitos na esclera, na bainha do nervo ótico e no próprio nervo ótico, provocando neuropatia ótica”, refere o especialista. Alterações que todas elas, “contribuem para perda da visão, que pode, a partir de um certo estadio evolutivo, ser irreversível”.

Embora não exista possibilidade de evitar a doença, há formas de a tratar, “sobretudo para os tipos I, II e VI. Para estes, o tratamento atual de eleição é o enzimático de substituição, já aprovado”. Em Portugal, considerados todos os tipos das mucopolissacaridoses, “estima-se que existam entre 90 e 100 casos. Em tratamento existem atualmente (dados de 2017) 31 casos: oito do tipo I, oito do Tipo II, três do tipo IV A e 12 do tipo VI”.

Análise feita com base em reclamações de utentes
A Entidade Reguladora da Saúde (ERS) detetou constrangimentos no acesso a interrupções voluntárias da gravidez em pelo menos...

As situações analisadas pelo regulador da Saúde dizem respeito ao Hospital de Cascais, ao Centro Hospitalar Lisboa Norte (Santa Maria) e ao Centro Hospitalar Lisboa Ocidental (São Francisco Xavier).

A análise foi feita com base em reclamações de utentes, em 2017 e 2018, que pretendiam abortar por sua opção no âmbito da legislação que permite a interrupção voluntária da gravidez (IVG) até às 10 semanas de gestação.

Nos casos dos Centros Hospitalar Lisboa Norte e do Hospital de Cascais (parceria público-privada), a Entidade Reguladora considera que foram criadas barreiras de acesso injustificadas às utentes, que foram remetidas para centros de saúde quando tinham decidido dirigir-se logo ao hospital.

Apesar de nos casos analisados nestes hospitais as mulheres que reclamaram terem conseguido realizar o aborto dentro do tempo legal, a deliberação da ERS entende que “não é aceitável que as utentes (…) sejam remetidas para os centros de saúde”.

As decisões do regulador indicam que os hospitais, dessa forma, desrespeitam o direito que a lei confere às utentes de escolherem o estabelecimento onde pretendem interromper a gravidez e que os procedimentos em vigor não estavam a respeitar os legítimos interesses das utentes.

“Não é legalmente admissível que se imponha a obrigatoriedade de as utentes serem referenciadas pelos cuidados de saúde primários”, refere uma das deliberações concluída no final do ano passado e hoje divulgada.

O caso analisado no Centro Hospitalar Lisboa Ocidental (CHLO) parte da reclamação de uma utente que alega que o seu aborto foi inviabilizado por erros de comunicação da parte do agrupamento de centros de saúde de Lisboa Ocidental e Oeiras.

A ERS indica que não é possível determinar com certeza qual o momento em que foi ultrapassado o prazo de 10 semanas de gestação e, portanto, não é possível imputar nem ao hospital nem ao centro de saúde “uma eventual violação do direito de acesso à realização de IVG em tempo útil”.

Aliás, admite que a utente poderia já estar com 10 semanas de gravidez, o que impossibilitaria a realização de aborto.

O regulador considera, contudo, que o centro de saúde referenciou corretamente a utente, mas que o Centro Hospitalar Lisboa Ocidental não efetivou o pedido de marcação de consulta para IVG porque faltava um código postal da utente.

“Não é aceitável que por uma questão administrativa a utente tenha sido obrigada a voltar ao centro de saúde para resolver um problema que não lhe era imputável”, refere o parecer.

A utente em causa tinha-se dirigido ao Centro Hospitalar a primeira vez a 26 de março de 2018, sendo que o termo de responsabilidade que teria de assinar só foi emitido a 5 de abril e a consulta foi marcada para 11 de abril de 2018.

“O que significa que a conduta do CHLO fez atrasar a hipotética realização da IVG em três semanas, o que caso a utente ainda estivesse em prazo para a realizar, seria o suficiente para existir uma efetiva violação do seu direito de acesso”, lê-se na deliberação.

O regulador da Saúde considera que o centro hospitalar não respeitou os interesses e direitos das utentes que pretendem IVG e criou uma barreira de acesso.

Estudo revela que estamos acima da média europeia
Cerca de 47% dos portugueses não foi ao dentista em 2017, percentagem que está acima da média da União Europeia (UE), com 45,1%...

Segundo dados hoje divulgados pelo gabinete de estatísticas da UE, 33,6% dos portugueses vai ao dentista uma a duas vezes por ano, percentagem que baixa 14,2% quanto aos que vão três a cinco vezes.

Apenas 3,3% dos portugueses vai ao dentista seis a nove vezes por ano, enquanto 2,3% o faz 10 vezes ou mais por ano, de acordo com os números hoje revelados e referentes a 2017 sobre a frequência com que os europeus vão ao médico.

Estes números comparam com a média da UE, que se fixa em 42,3% no que toca aos europeus que vão ao dentista uma a duas vezes por ano, em 9,7% dos que o fazem três a cinco vezes e em 1,9% e 0,9% relativamente aos que vão, respetivamente, seis a nove vezes e 10 vezes ou mais por ano.

No que toca à medicina geral, a maior parte dos portugueses (44,2%) vai ao médico uma a duas vezes por ano, percentagem que desce para 25,3% dos que o fazem três a cinco vezes e para 18,7% quanto aos que não vão.

Também estes dados estão acima da média da UE, que ficou pelos 37,6% quanto aos europeus que vão ao médico generalista uma a duas vezes por ano, seguindo-se os que vão três a cinco vezes (24,6%) e os que não vão (23,5%).

O Eurostat aponta que, “a nível da UE, a frequência das consultas de médicos generalistas foi mais elevada nas mulheres do que nos homens”, o que também se verificou nas “visitas a dentistas ou a cirurgiões gerais”.

Aludindo aos países, aquele gabinete estatístico indica que, relativamente à medicina geral, “a Dinamarca teve a maior parcela de pessoas que viu o seu médico seis vezes ou mais (49%)”, enquanto “França registou a maior percentagem de pessoas (34%) indo ao médico três a cinco vezes”.

Ainda relativamente à medicina geral, “a percentagem de pessoas que consultaram o seu médico uma ou duas vezes foi maior na Eslováquia (47%) e a percentagem de pessoas que não consultaram o médico foi mais elevada na Grécia (61%)”, adianta o Eurostat.

Quanto à cirurgia geral, 46,9% dos portugueses admitiu não ter recorrido a esta especialidade em 2017, contra 45,3% de média da UE.

A maioria dos restantes portugueses (33,1%) recorreu à cirurgia geral uma a duas vezes por ano em 2017, percentagem que foi semelhante à tendência comunitária (33,5%).

Doenças Raras
A Fibrose Pulmonar Idiopática (FPI) é uma doença rara, contando-se, na Europa, cerca de 5 novos casos por cada 100 mil...

“Um dos principais sintomas da FPI é a dispneia de esforço, ou seja, o cansaço”, explica António Morais. “Mas esta é uma doença característica do idoso, muito mais frequente a partir dos 60 anos. Ora quando se sente cansaço, o idoso atribui este sinal a uma perda de performance que é natural ocorrer com a idade.”

Diagnosticar a Fibrose Pulmonar Idiopática (FPI) é um desafio. É para os doentes, que não costumam associar os principais sintomas a este problema de saúde, uma vez que são semelhantes aos de muitos outros, e é também para os médicos, pelos mesmos motivos: a ausência de sintomas específicos. Este é um problema global que é preciso resolver, confirma António Morais, médico pneumologista, que deixa a certeza: “vale a pena investir num diagnóstico precoce”. E isto porque, acrescenta o especialista, “há terapêuticas capazes de atrasar a evolução da doença. Quanto mais cedo for feito o diagnóstico, mais lenta será a progressão da FPI e maior qualidade de vida vão ter os doentes”.

É quando este cansaço se torna mais frequente que gera receio de algo mais grave e motiva uma consulta médica. “A FPI é uma doença rara e, por isso, não é - e nem tem de ser - a primeira doença em que o médico pensa. O que tentamos é sensibilizar os colegas, sobretudo os dos cuidados de saúde primários, que são aqueles aos quais o doente recorre primeiro, para não pararem de procurar quando não encontram razão que justifique os sintomas. O médico pode e deve pensar na FPI se o doente é idoso, se tem dispneia de esforço lentamente progressiva e/ou crepitações inspiratórias nas regiões inferiores do tórax, com som semelhante ao do velcro.”

Apesar de não ter cura, a doença tem tratamento. E há esperança de que o arsenal terapêutico possa vir a crescer, uma vez que, segundo António Morais, “há um grande interesse da indústria farmacêutica por esta doença e vários ensaios clínicos a decorrer”.

A fibrose pulmonar idiopática é uma doença rara, em que os pulmões apresentam cicatrizes extensas e espessamento intersticial. É uma doença crónica, que afeta cerca de 110 mil pessoas na Europa, com sintomas como tosse, dispneia progressiva (cansaço), perda de peso, debilidade, que progressivamente se vão tornando mais graves, impedindo até as tarefas mais simples.

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