Défice de ferro
Em Portugal, cerca de 15 a 20% das pessoas com doença inflamatória intestinal (DII) sofrem de anemia, um problema que, confirma...

Em vésperas do Dia Mundial da Doença Inflamatória do Intestino, que se assinala no próximo dia 19, o especialista alerta para a relação entre os dois problemas, que torna mais complicada a vida dos doentes.

De resto, refere João Ramos de Deus, “a anemia é uma entidade mórbida e uma das complicações da DII que mais contribui para a perda de qualidade de vida, devido à múltipla sintomatologia provocada, pelo que a sua deteção e correção são muito importantes para a manutenção da qualidade de vida”.

“Existem vários mecanismos que podem levar a anemia na DII”, explica João Ramos de Deus, “Mas podemos dizer que é essencialmente por défice de absorção de ferro, vitamina B12 e ácido fólico, na sequência da ação inibidora sobre a medula óssea, que tem a ver com a própria inflamação intestinal e devido às perdas crónicas de sangue pelo tubo digestivo”.

Ana Sampaio, presidente da Associação Portuguesa da Doença Inflamatória do Intestino (APDI), acrescenta que “tanto a colite ulcerosa como a doença de Crohn comprometem a capacidade de absorção intestinal nos momentos de crise. Por isso, não é possível absorver todos os nutrientes e minerais dos alimentos e o que acaba por acontecer é instalar-se a anemia proveniente da falta de ferro”. A esta situação junta-se a perda de sangue, mais frequente na colite ulcerosa, mas também presente na doença de Crohn.

Uma situação com impacto acrescido para os doentes. “Estas doenças já se caracterizam por condicionar a vida das pessoas obrigando a idas frequentes à casa de banho e causando dor abdominal. A anemia condiciona ainda mais, ao retirar energia. Os doentes não conseguem fazer tarefas simples do dia a dia, como estender a roupa ou subir uma rua mais íngreme. O cansaço é constante”, refere a presidente da APDI.

E, ainda que o tratamento da DII e a vigilância periódica possam ser formas de prevenção, Ana Sampaio alerta para a necessidade de uma maior sensibilização. “Muitas vezes, quando o doente comenta com o médico que está cansado, este pode desvalorizar, uma vez que o cansaço é comum, sobretudo nos dias agitados de hoje. Mas este é um cansaço diferente, que se manifesta até nas pequenas circunstâncias e nem sempre é fácil transmitir essa ideia. É preciso que haja mais conversa entre doente e médico, mas é preciso também uma maior valorização por parte do médico.”

No dia 19 de maio, Dia Mundial da Doença Inflamatória do Intestino, a APDI vai assinalar a data com um concerto, às 15h00, no Largo do Intendente, em Lisboa, aderindo ainda à campanha que visa tornar o invisível visível, através da iluminação, a roxo, dos monumentos de várias capitais de distrito do País.

Dor Crónica
Estigma, discriminação e coação no trabalho são alguns dos principais problemas sentidos pelos portadores de dor crónica no...

Neste sentido, Plataforma de Impacto Social da Dor na Sociedade Portuguesa (SIP Portugal) vai promover uma reunião, no próximo dia 20 de maio, pelas 17 horas, no Hotel Marriott, em Lisboa, com os presidentes de vinte sociedades científicas e associações com interesse na área da Dor.

“Acreditamos que apenas ao colaborarmos juntos, podemos enfrentar este enorme desafio social que é a dor crónica. Em Portugal, a prevalência da dor crónica, é estimada em 36,7 por cento. A reforma antecipada, o absentismo laboral, as mudanças de emprego e as pensões por incapacidade são consequências frequentes da dor crónica e da incapacidade associada, explica Ana Pedro, presidente da Associação Portuguesa para o Estudo da Dor e Coordenadora da SIP Portugal.

E acrescenta: “Nesta reunião pretendemos promover o diálogo para a necessidade do desenvolvimento de medidas de atuação, com caráter urgente, que possam combater os principais problemas relacionados com as pessoas com dor crónica, e delinear estratégias que possam ser implementadas a curto prazo”.  

Das medidas apresentadas, destacam-se: a adaptação e flexibilidade nos empregos com horário completo diurno, por turnos, em período noturno e/ou com turnos irregulares que variam entre noite e dia; a adaptação do posto de trabalho e promoção de condições ergonómicas; a possibilidade de realizar o trabalho a partir de casa; a aposta na formação e consciencialização sobre a problemática da dor em contexto laboral mas também o alerta para o estigma, discriminação e coação no trabalho; a possibilidade de criação de um grupo de suporte para pessoas com dor crónica dentro de uma empresa, sem prejudicar o horário de trabalho, o empregado e o empregador.

A SIP Portugal reúne um grupo heterogéneo e informal constituído por representantes nacionais de organizações, sociedades científicas e associações de doentes preocupadas com o impacto social da dor. O seu valor acrescentado traduz-se na possibilidade de diálogo entre todos os intervenientes envolvidos, por forma a falarem a uma só voz, garantindo uma maior consciencialização do impacto social da dor e a promoção de políticas orientadas nesse sentido. Em Portugal, os objetivos desta Plataforma estão, neste momento, centrados no emprego e na educação. 

 

 

Consultas e Cirurgias
Os tempos de espera para as cirurgias e consultas podem ser piores do que se está à espera. Em entrevista à Rádio Renascença, o...

O presidente da Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares (APAH), Alexandre Lourenço, admite que os tempos de espera para cirurgias e consultas se tenha deteriorado nos finais de 2018, sendo mesmo piores que os resultados já demonstrados pelo relatório da Entidade Reguladora da Saúde (ERS), que diz respeito aos primeiros cinco meses do último ano.

“Pelo menos em relação a 2017, a expectativa é que os tempos se deteriorem por todos estes efeitos no Serviço Nacional de Saúde (SNS)”, diz Alexandre Lourenço à Rádio Renascença . De acordo com o presidente da APAH a redução do horário de trabalho de 40 horas para 35 horas nos contratos individuais de trabalho e a greve que marcou o final do ano, e que terá levado ao cancelamento de cerca de oito mil cirurgias, podem contribuir para o agravamento do cenário.

Alexandre Lourenço é ainda da opinião que recuperar os tempos de espera é “uma questão bastante difícil”. “Os tempos de espera só serão recuperados quando as instituições tiverem autonomia para gerir as suas próprias organizações”, diz, acrescentando seria necessário um maior investimento no setor e uma melhor política de gestão recursos humanos para resolver o problema.

Quanto à recuperação das cirurgias que foram adiadas devido às greves dos enfermeiros, o presidente da APAH alerta que “qualquer recuperação de listas e de doentes, que viram as suas cirurgias adiadas, vai levar ao cancelamento de outras que podiam estar a ser realizadas”.

Perante o cenáro Alexandre Lourenço diz que "devemos aguardar com algum cuidado o relatório do acesso do final do ano de 2018, que será apresentado pelo Ministério da Saúde à Assembleia da República". 

Sobre as recentes discussões políticas à volta da saúde, Alexandre Lourenço confessa que, ultimamente, “não tem tido efeitos positivos”. O responsável pela APAH fala de um “enorme ruído” que tem levado à “desconfiança” dos portugueses em relação ao Serviço Nacional de Saúde. “Esse ruído reduz-se, claramente, com maior investimento no setor e, devo dizer, também com um novo modelo de governação do setor”, adianta.

 

Opinião
A prevalência da miopia está a aumentar globalmente a um ritmo alarmante, com o aumento significativ

O relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) – Instituto de Visão Brien Holden contabilizou, em 2010, quase dois mil milhões de pessoas que sofriam de miopia (27 por cento da população mundial), sendo que 2,8 por cento sofre de miopia elevada. É projetado para 2050 um aumento para quase cinco mil milhões de míopes, representando 52 por cento da população mundial, dos quais cerca de mil milhões serão altos míopes, ou seja, 10 por cento da população mundial.

É relevante que o erro refrativo seja apontado, tanto no mundo como em Portugal como a causa principal de deficiência visual, e a miopia não corrigida como a causa mais frequente de deficiência visual, quando avaliada pela acuidade visual de apresentação. Sabemos que a não correção ou correção inadequada contribui para o aumento do valor da miopia em crianças e adolescentes. A OMS também aponta que a redução do ritmo de progressão da miopia em 50 por cento pode reduzir a prevalência da miopia elevada em 90 pontos percentuais. A correção da miopia nas crianças elimina o maior obstáculo evitável à aprendizagem e desenvolvimento individual, com benefícios gigantescos para a sociedade. O impacto da saúde visual estende-se para lá da prevalência da deficiência visual e cegueira. É um catalisador de progresso e está interligado com o emprego e crescimento, igualdade de género e oportunidades, educação, segurança rodoviária e saúde física e bem-estar mental individual.

Por esse motivo, assegurar o acesso aos cuidados primários para a saúde da visão na comunidade e de proximidade é absolutamente prioritário e essencial. Nas palavras da Agência Internacional para a Prevenção da Cegueira: “Os optometristas desempenham um papel vital ao assegurarem o acesso a cuidados para a saúde da visão. Eles frequentemente são o primeiro ponto de contacto para a população que sofre de problemas visuais; responsáveis por examinar o olho, prescrever óculos e lentes de contacto e, importante, detetando qualquer doença ocular ou anomalia, referenciando para o médico, quando necessário.”

A miopia carateriza-se por uma visão desfocada dos objetos situados ao longe e visão mais nítida dos objetos próximos. Este processo ocorre devido ao aumento do globo ocular em relação à sua normal morfologia, ou ao aumento da curvatura na córnea, o que leva a que as imagens dos objetos situados a mais de cinco metros fiquem desfocadas, uma vez que o foco é feito antes da retina.

É na infância e na adolescência que normalmente surge esta condição, que tende a progredir com o passar dos anos até estabilizar por volta dos 20 anos, sendo que a deteção e a compensação atempadas ajudam a estabilizar a evolução do problema.

O primeiro passo para o diagnóstico da miopia passa pela identificação dos principais sintomas, para os quais os pais devem estar alerta. São eles as dores de cabeça, cansaço associado ao esforço ocular, fechar um pouco os olhos para ver melhor, pestanejo regular, aproximar-se para assistir televisão, etc. A sala de aula é também um contexto importante para a deteção da miopia, principalmente se a criança ou jovem mostrar dificuldade em ler para o quadro.

Sempre que reconhecer um ou mais destes sintomas, deverá procurar um especialista nos cuidados para a saúde da visão, nomeadamente um optometrista ou um oftalmologista. No caso do optometrista, o diagnóstico é realizado através de várias técnicas distintas nas quais se incluem a retinoscopia ou autorrefratometria, que visam avaliar o erro refrativo objetivo; e a refração subjetiva, um método refrativo em que o resultado depende da resposta do paciente.

A miopia é multifatorial, mas o principal fator de risco para o desenvolvimento da miopia é a genética, isto porque a presença desta condição num ou ambos os progenitores aumenta a probabilidade de a criança vir a ter miopia. Em suma, estudos recentes têm apontado para a existência de outros fatores potencialmente proporcionadores de miopia, a saber: passar grandes períodos a ler, ao telemóvel, ao computador ou a ver televisão, a existência de pouca luz, a falta de exercício físico ao ar livre, entre outros.

Recentemente a Organização Mundial da Saúde divulgou um conjunto de recomendações a respeito da atividade física, comportamento sedentário e sono nas crianças com menos de cinco anos de idade. Nesse relatório é descrito o tempo ideal de utilização da televisão e dispositivos eletrónicos para este grupo etário. Segundo a OMS, crianças até um ano não devem utilizar estes monitores, enquanto que dos dois aos quatro anos o tempo de visualização não deve ultrapassar os 60 minutos.

No que concerne ao seu tratamento, a compensação da miopia é feita com o auxílio de lentes côncavas (lentes negativas), que podem ser oftálmicas (lentes para óculos), de contacto ou intraoculares (lente introduzida dentro do olho através de intervenção cirúrgica).

Alcançar o diagnóstico atempado deste e outros erros refrativos, assim como a aposta na prevenção de comportamentos de risco, são dois dos principais desafios dos optometristas, os quais só poderão ser cumpridos se se apostar na consciencialização da nossa sociedade.

Segundo o Instituto da Visão Brien Holden e o Conselho Mundial de Optometria, que este ano organizaram o “Myopia Movement”, uma iniciativa de sensibilização mundial para esta condição visual, procura-se evitar que até 2050 o número de pessoas com miopia possa chegar aos cinco mil milhões, o que equivale a 50 por cento da população mundial. É com a missão de trabalhar para a melhoria desta previsão que os optometristas, enquanto profissionais que prestam cuidados primários para a saúde da visão, vão continuar a empenhar-se para trazer mais conhecimento sobre a miopia e outros erros refrativos junto da população portuguesa, promovendo o alerta para o reconhecimento dos sintomas destas condições visuais.

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Hipermetropia

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Raúl Sousa - Optometrista e Presidente da APLO

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Estudo
Um estudo, liderado pelo Imperial College London, e que contou com a colaboração do Instituto de Saúde Pública da Universidade...

O trabalho, publicado recentemente na revista Nature, analisou informação sobre o peso e a altura de 112 milhões de pessoas de 200 países, entre os anos de 1985 e 2017, e mostrou que, desde 1985, a média do Índice de Massa Corporal (IMC) nos ambientes rurais cresceu 2.1 kg/m2 em homens e mulheres. Nas cidades, o crescimento foi de 1.3 kg/m2 nas mulheres e de 1.6 nos homens.

De acordo com Majid Ezzati, um dos investigadores do Imperial’s School of Public Health, “estes resultados evidenciam que necessitamos de repensar a forma como lidamos com este problema de saúde global”.

Apesar de o estudo não analisar os aspetos que explicam o aumento global da obesidade nas zonas rurais, Elisabete Ramos, uma das investigadoras do ISPUP envolvidas no estudo, adianta que tal se poderá explicar pelo facto de “os trabalhos pesados na agricultura serem cada vez mais mecanizados e de existir uma aproximação da alimentação aos padrões mais urbanos”.

Para a investigadora, “a grande valia deste trabalho é oferecer um retrato abrangente sobre a evolução do IMC ao longo de três décadas e mostrar como a evolução foi diferente em diferentes regiões. Apesar de constatarmos uma tendência global, o aumento do peso nas zonas rurais foi mais sentido nos países de baixo rendimento. Isto porque nos países de rendimento elevado – onde Portugal está integrado – as diferenças entre o rural e o urbano já na década de 80 (o período inicial do estudo) eram menores do que nos países de baixo rendimento”.

Embora os dados globais mostrem um maior peso das áreas rurais no aumento do IMC, nos países de elevado rendimento, mais de 75% do aumento do IMC, entre 1985 e 2017, é explicado pelo aumento nas áreas urbanas.

Com este trabalho, que vêm reforçar o papel do ambiente na evolução desta epidemia, os investidores alertam para a necessidade de se desenvolverem políticas e medidas públicas que promovam contextos mais saudáveis quer no meio rural quer no urbano.

Sociedade Portuguesa para o Estudo da Obesidade
O tratamento farmacológico ainda não está acessível a todos em Portugal, apesar de haver inovações que poderiam estar a trazer...

Paula Freitas, endocrinologista e presidente da SPEO sublinha que “a obesidade é uma doença mais prevalente nas classes sociais mais desfavorecidas, em pessoas com menor escolaridade ou em situação de desemprego e, por estar associada a múltiplas outras doenças, como é o caso da diabetes, doenças cardiovasculares, respiratórias, ortopédicas e cancro, é urgente iniciar o seu tratamento de uma forma multidisciplinar”.

Além da necessária comparticipação do tratamento farmacológico é preciso também lembrar que a obesidade é uma doença crónica que precisa de uma abordagem multifactorial e multidisciplinar, daí a SPEO se ter juntado neste Dia Nacional e Europeu de Luta Contra a Obesidade à Associação Europeia para o Estudo da Obesidade (EASO) na campanha informativa “Juntos no Ataque à Obesidade. ”Precisamos da abordagem de vários profissionais de saúde para melhorar o tratamento da obesidade mas, sobretudo, precisamos de colocar o doente no centro do problema, ou seja, o envolvimento e o compromisso do doente para a mudança em termos de modificação de estilos de vida”, explica.

A especialista no tratamento da obesidade refere ainda que é fundamental combater o estigma que afeta todas as pessoas que sofrem desta doença. Paula Freitas defende que “o estigma e preconceito contra as pessoas que vivem com obesidade é uma ameaça à sua saúde, gera desigualdades e interfere com os esforços de intervenção nesta doença. A obesidade é muitas vezes vista pelos próprios doentes e pela sociedade apenas como consequência de um determinado estilo de vida, e como sendo apenas da responsabilidade do doente, o que acaba por desencorajar os doentes a procurar ajuda médica”.

De acordo com um estudo publicado, em março, pela Entidade Reguladora da Saúde (ERS) no SNS encontra-se prevista uma abordagem integrada da obesidade, com articulação entre os diversos níveis de cuidados, que prevê a sinalização precoce e acompanhamento em consulta nos cuidados de saúde primários. Porém, a capacidade de resposta dos cuidados de saúde primários nesta área encontra-se diminuída pela constatada carência de nutricionistas nos ACES, 15 dos quais não dispunha de qualquer nutricionista, em 2016, com maior escassez relativa nos ACES da ARS de Lisboa e Vale do Tejo.

No entanto, a obesidade é uma doença que tem ganho cada vez mais a atenção dos especialistas e organizações de saúde, na medida em que a sua prevalência tem aumentado não só em Portugal, mas em todo o mundo. Estima-se que mais de 20% da população mundial será obesa em 2025 se nada for feito para travar esta evolução.

A incidência crescente da obesidade infantil na Europa é particularmente preocupante uma vez é um forte preditor de obesidade na idade adulta, especialmente nos jovens com muito excesso de peso e filhos de pais obesos. Além disso há cada vez mais evidências de que obesidade tem consequências negativas globais a nível social e económico e não apenas a nível de saúde do próprio indivíduo.

Desde há 40 anos
Desde o primeiro transplante de sangue do cordão umbilical, em 1988, foram já realizados mais de 45 mil transplantes com...

“O sangue do cordão umbilical estabeleceu-se, nos últimos 30 anos, como uma alternativa à medula óssea, tornando a transplantação hematopoiética acessível a um leque mais alargado de doentes”, refere Bruna Moreira, Investigadora do Departamento de I&D da Crioestaminal.

Segundo dados da European Society for Blood and Marrow Transplantation, nos últimos anos realizaram-se, por ano, cerca de 400 transplantes hematopoiéticos com sangue do cordão umbilical na Europa. Os resultados dos transplantes de sangue do cordão umbilical são comparáveis aos obtidos com medula óssea.

“O sangue do cordão umbilical apresenta algumas vantagens, como a facilidade de colheita, a disponibilidade imediata para transplante, a maior tolerância nos fatores de compatibilidade HLA, assim como um menor risco de desenvolver doença do enxerto contra o hospedeiro, uma complicação potencialmente fatal dos transplantes hematopoiéticos”, acrescenta a especialista. 

Estima-se que existam, atualmente, cerca de 800.000 unidades de sangue do cordão armazenadas em mais de 100 bancos públicos, destinadas a uso alogénico, e mais de 5 milhões de unidades para uso familiar, distribuídas por cerca de 200 bancos privados. Nos últimos 10 anos, o número de novas aplicações terapêuticas do sangue do cordão umbilical em estudo aumentou significativamente, tendo envolvido já mais de 800 doentes tratados no âmbito de estudos clínicos.

Um dos avanços mais importantes na área da medicina regenerativa com sangue do cordão umbilical, nos últimos anos, foi a descoberta de que a administração de sangue do cordão umbilical a crianças com doenças do foro neurológico, como paralisia cerebral e autismo, está associada a uma redução dos sintomas, tema que continua a ser alvo de intensa investigação científica. Para além do papel no sangue do cordão umbilical no campo da transplantação hematopoiética, o seu crescente envolvimento em novas aplicações de medicina regenerativa vem reforçar a importância terapêutica desta fonte de células estaminais.

A transplantação hematopoiética, isto é, os transplantes com células estaminais hematopoiéticas, capazes de formar um novo sistema sanguíneo e imunitário, continua a ser a única opção terapêutica curativa para muitas doenças hemato-oncológicas, como leucemias e linfomas, bem como para várias doenças metabólicas, imunodeficiências e hemoglobinopatias. Desde o primeiro transplante hematopoiético, em 1957, o número de transplantes tem vindo a aumentar, ascendendo já a mais de 1 milhão. Os transplantes autólogos (doente recebe as suas próprias células) são os que têm registado um crescimento mais acentuado, representando 60% dos mais de 45.000 transplantes realizados na Europa em 2017. Linfomas, tumores sólidos e doenças autoimunes são frequentemente tratadas com recurso a transplantes autólogos, enquanto os transplantes alogénicos (células provêm de um dador compatível), são mais utilizados em casos de leucemia, anemia e imunodeficiências. Dados recentes revelam que a transplantação hematopoiética é opção de tratamento para cerca de 70.000 doentes por ano.

Referências:
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2. http://www.nationalcordbloodprogram.org/patients/ncbp_diseases.pdf
3. Berglund S, et al. Expert Opin Biol Ther. 2017 Jun;17(6):691-699.
4. Passweg JR, et al. Bone Marrow Transplant. 2018 Sep;53(9):1139-1148.
5. Passweg JR, et al. Bone Marrow Transplant. 2019 Feb 6. doi: 10.1038/s41409-019-0465-9.
6. Brown KS, et al. The Future State of Newborn Stem Cell Banking. J Clin Med. 2019 Jan 18;8(1). pii: E117.
7.https://parentsguidecordblood.org/en/news/worlds-top-10-cord-blood-banks...
8. Rizk M, et al. Biol Blood Marrow Transplant. 2017 Oct;23(10):1607-1613.
9. Sun JM, et al. Stem Cells Transl Med. 2017 Dec;6(12):2071-2078.
10. Dawson G, et al. Stem Cells Transl Med. 2017 May;6(5):1332-1339.
11. Gratwohl A, et al. Lancet Haematol. 2015 Mar;2(3):e91-100.
12. Apperley J, et al. Biol Blood Marrow Transplant. 2016 Jan;22(1):23-6.

Hipertensão
No âmbito do Dia Mundial da Hipertensão, que se assinala no próximo dia 17, a Ordem dos Nutricionistas alerta para o sal...

“Este ano quisemos destacar a sopa, uma vez que, apesar dos seus potenciais benefícios dado à sua riqueza em hortícolas e leguminosas, esta é também um dos maiores veículos de sal escondido, tal como o pão. ”, assinala a Bastonária da Ordem dos Nutricionistas.
 
Segundo Alexandra Bento, “No caso do pão, o governo tem já produzida legislação para controlar o teor de sal, mas há outros alimentos que continuam a padecer do mal do sal escondido, como é o caso da sopa”. A Bastonária lembra que “está na mão de todos reduzir, pelo menos para metade, a quantidade de sal colocada na sopa”.
 
Com esta iniciativa, a Ordem dos Nutricionistas pretende mostrar, através de uma prova cega de várias sopas com diferentes quantidades de sal, que a diferença não está no sabor, mas sim na saúde dos portugueses.
 
Recorde-se que os portugueses consomem o dobro da quantidade de sal recomendada pela Organização Mundial de Saúde e que atualmente cerca de 40% dos portugueses sofre de hipertensão.

 

Opinião
Apesar da incidência e mortalidade dos Cancros em geral vir a diminuir, em relação ao melanoma isso

São vários os fatores de risco conhecidos para o melanoma sendo o mais importante a exposição intensa e de curta duração à radiação ultravioleta, em particular a radiação UVB. As queimaduras solares, os solários, a exposição solar recreacional intensa (férias relâmpago em países perto do equador) são tudo fatores relacionados com o aumento da incidência de melanoma.

Naturalmente que os fatores endógenos, como o tipo de pele de cada um – fototipo 1 e 2 - com pele clara, cabelo claro, olhos azuis e número de “sinais” presentes – nevos-, também são um fator de risco a considerar, assim como a história familiar ou pessoal de nevos atípicos e de melanoma no passado.

Na prevenção primária do cancro cutâneo e do Melanoma, as medidas de evição solar e de proteção solar têm merecido destaque. A recomendação de aplicação generosa e repetida de filtros solares tem sido uma das medidadas mais divulgadas. No presente, alguns estudos sobre a segurança dos vulgares filtros solares têm levantado dúvidas, nomeadamente em relação à absorção sistémica resultante da aplicação generosa dos mesmos e suas consequências, assim como o possível dano infligido à vida marinha e aos recifes de corais nos locais com exposição massiça a banhistas. Melhores e mais seguros filtros solares, sem as substâncias mais problemáticas como a oxibenzona, têm vindo a ser aconselhados.

No campo da prevenção secundária, no respeitante às campanhas de rastreio de cancro cutâneo e diagnóstico precoce, também têm surgido controvérsias sobre a sua utilidade. É que, apesar de todo o esforço desenvolvido, a taxa de mortalidade referente ao melanoma baixa muito pouco. Especialistas nos EUA debatem a utilidade das mesmas, riscos do sobrediagnóstico, das intervenções excessivas e efeitos cosméticos das mesmas (cicatrizes) versus os resultados clínicos práticos – mais vidas salvas.

No entanto, apesar de todas as controvérsias, os dermatologistas dos diferentes estudos são consensuais: é necessário continuar a proteger da exposição solar excessiva e fazer vigilância dermatológica no seu especialista – o dermatologista.

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Guia de prevenção
Demência pode atingir 152 milhões de pessoas no mundo em 2050, alerta a Organização Mundial de Saúde que aconselha a adoção de...

Fazer exercício com regularidade, não fumar, evitar o consumo excessivo de álcool e manter os níveis adequados de pressão arterial, colesterol e açúcar no sangue são algumas das recomendações que a OMS divulgara junto das autoridades de saúde dos diferentes países, com vista à prevenção.

"Ainda que não seja uma emergência global, é uma ameaça crescente para a saúde, já que os números estão subindo, com 50 milhões de pessoas afetadas pela demência na atualidade", disse à agência espanhola EFE a médica Neerja Chowdhary, do departamento de saúde mental da OMS, durante a apresentação do guia de prevenção.

De acordo com a especialista, a demência tem um enorme impacto nos países, nas pessoas que sofrem da doença e nas suas famílias", estimando que o tratamento e acompanhamento médico daqueles pacientes custe mais de 818 milhões de euros por ano, verba que pode vir a ascender aos dois mil milhões dentro de 10 anos.

O guia da OMS recomenda a dieta mediterrânica como uma das formas de evitar e/ou atrasar o aparecimento dos sintomas de demência, e, em contrapartida, desaconselha o uso de complexos vitamínicos ou outro tipo de suplementos não prescritos.

Combater e tratar da obesidade, hipertensão ou diabetes é outro dos conselhos que a organização deixa.

Apesar de não existir ainda uma cura para as doenças neurodegenerativas ligadas à demência, a especialista revela que estão a decorrer "muitas investigações", mas sem previsões de resultados.

O aumento da esperança de vida a nível mundial eleva potencialmente os casos de demência em virtude desta doença estar ligada à idade, não sendo este problema exclusivo dos países desenvolvidos, com populações mais envelhecidas.

A OMS criou em 2017 o Observatório Global da Demência para recolher informação sobre a doença e elaborou uma lista de recomendações após analisar dados de 80 países.

Este organismo internacional assinala que é essencial o apoio dos cuidadores a pessoas afetadas pela demência, muitas delas familiares que sacrificam a sua vida profissional e social para cuidar destes doentes.

Tendo em conta esta questão, a OMS criou recentemente a plataforma digital iSupport, destinada a dar formação a cuidadores informais e que já está a ser utilizada em oito países.

Principais sintomas
A Esclerose Tuberosa é uma desordem genética que atinge entre 1 a 2 milhões de pessoas no mundo e qu

As síndromes neurocutâneas caracterizam-se pelo envolvimento simultâneo do sistema nervoso e da pele. Isto ocorre porque estes órgãos têm a mesma origem durante o desenvolvimento embrionário.

As mais comuns são a Neurofibromatose tipo I e a Esclerose Tuberosa. São de origem genética, e em muitas famílias há vários membros afetados.

As manifestações cutâneas podem estar presentes logo ao nascer ou desenvolverem-se durante os primeiros anos de vida. Podem ser, por exemplo, manchas acastanhadas (cor café com leite) na neurofibromatose, ou máculas brancas na esclerose tuberosa. Outras alterações cutâneas muito frequentes e características na esclerose tuberosa são os angiofibromas faciais, umas pápulas avermelhadas na região malar junto ao nariz, e a placa de chagrin, uma zona de pele rugosa habitualmente localizada na zona lombar.

As manifestações neurológicas são variadas e não estão presentes em todos os doentes, desde perturbação do desenvolvimento intelectual, autismo, hiperatividade e défice de atenção, convulsões, até tumores.

O diagnóstico é clínico, complementado com alguns exames, como a ressonância magnética cerebral. Os casos duvidosos podem ser confirmados por estudos genéticos.

Além da pele e sistema nervoso, estão frequentemente envolvidos outros órgãos (olho, coração, pulmão, rim, osso), pelo que estes doentes necessitam de acompanhamento multidisciplinar, para rastreio e seguimento de eventuais complicações, nomeadamente por Neuropediatria/Neurologia, Dermatologia, Neurocirurgia, Oftalmologia, Ortopedia, Cardiologia, Nefrologia.

Nas formas mais ligeiras e com menos manifestações, o diagnóstico pode ser mais difícil, sendo por vezes diagnosticada uma síndrome neurocutânea a um adulto só após ser feito o diagnóstico ao filho.

Sendo doenças de origem genética, não há forma de as prevenir. O tratamento é sintomático, ou seja, dirigido às manifestações/complicações nos vários órgãos ou sistemas.

São doenças que causam grande impacto na vida familiar, dada a cronicidade e o carácter evolutivo destas síndromes, com a possibilidade de manifestações em múltiplos órgãos e a necessidade de uma vigilância apertada das complicações. Deve ser fornecido aconselhamento genético aos casais quando há membros da família afectados, para evitar a recorrência numa futura gravidez.

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Dra. Susana Rocha – Neuropediatra Clínica de Santo António

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Comparticipação
Iniciativa da sociedade civil pelo alargamento da comparticipação de bombas de insulina para diabéticos recebe apoio da APDP e...

A petição pública Diabetes - Alargamento do acesso gratuito a dispositivos de PSCI (bombas de insulina) para maiores de 18 anos (http://peticao.diabet1cos.pt) recebeu no passado dia 30 de abril o apoio da APDP - Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal.

Lançada em dezembro de 2018 pelo grupo DiabéT1cos (http://www.diabet1cos.pt), um grupo de apoio a pessoas com diabetes a funcionar a partir do Facebook, a petição defende que o alargamento da comparticipação de bombas de insulina deve ser uma área a apostar, com carácter prioritário, como meio para contribuir para uma melhor qualidade de vida dos doentes com diabetes.

Neste sentido, e uma vez conseguidas pelo menos as quatro mil assinaturas exigidas por lei, os promotores da petição pretendem levá-la à Assembleia da República pedindo para que se avance com legislação tendo em vista o alargamento da comparticipação de bombas de insulina para todos os diabéticos que sejam recomendados pelas equipas médicas e que estejam aptos a utilizar o dispositivo.

A petição pretende também pedir a comparticipação de diferentes marcas de bombas de insulina de modo a permitir um melhor ajuste do dispositivo médico ao paciente.

Em Portugal, recorde-se, o atual esquema de comparticipação de bombas de insulina apenas abrange crianças e jovens até aos 18 anos.

A petição conta já com mais de 3500 assinaturas e tem sido, frequentemente, uma das mais ativas no site Petição Pública. Para a recolha destas assinaturas contribuiu em muito o apoio recente da APDP, uma das instituições mais antigas do mundo a prestar apoio médico a pessoas com diabetes, que assim justificou a sua decisão numa mensagem publicada na sua página do Facebook:

“A APDP sempre apoiou todas as iniciativas que visem a promoção da igualdade de acesso a melhores cuidados de saúde, nomeadamente às novas tecnologias, com vista à melhoria da qualidade de vida e de bem-estar das pessoas com diabetes. Nesse sentido, convidamos todas e todos a assinar e partilhar a Petição Pública: Diabetes - Alargamento do acesso gratuito a dispositivos de PSCI (bombas de insulina) para indivíduos maiores de 18 anos.”

Os Dispositivos de Perfusão Subcutânea Contínua de Insulina (dispositivos de PSCI, vulgo bombas de insulina) permitem um melhor controlo da diabetes e uma maior flexibilidade na vida de um utente com diabetes.

Entre outros aspetos, a bomba de insulina:

  • Permite um melhor controlo da diabetes e uma maior flexibilidade na vida de um utente com diabetes, evitando, por exemplo, cumprimentos de horários rígidos das refeições ou um melhor ajuste na administração da insulina para o caso de quem profissionalmente trabalha por turnos.
  • Permite ter uma segurança de limite máximo de insulina injetada, algo que não é possível com as atuais canetas que podem levar a hipoglicemias graves ou mesmo até à morte em situações de doses incorretas de insulina ou de troca de insulina lenta por insulina ultra-rápida.
  • Permite menos injeções no corpo, das atuais 6 a 10 injeções com canetas, seria apenas necessária a inserção de um cateter de 3 em 3 dias.
  • Quando ligada a um sistema de leitura contínua de glicose (CGM) pode suspender a insulina em caso de hipoglicemia e em modelos recentes a serem lançados na Europa, permite o funcionamento do sistema chamado de pâncreas artificial, controlo automático da administração de insulina baseando-se nos valores da glicemia.

De acordo com o grupo de apoio a pessoas com diabetes, "a atribuição de uma bomba de insulina a uma pessoa com diabetes tipo 1 é um ganho não só no presente - com o doente a poder gerir melhor e com mais qualidade a doença - mas também no futuro, uma vez que uma boa gestão da diabetes é chave essencial para a diminuição dos riscos de problemas futuros (como pé diabético, neuropatias, lesões oculares e renais, doença cardíaca entre outras) e, consequentemente, menos gastos financeiros para o Sistema Nacional de Saúde". 

Semana Europeia do Teste Primavera
A partir de dia 17, e até ao dia 24 de maio, vai poder fazer gratuitamente o teste de VIH e Hepatite, no âmbito da Semana...

A Semana Europeia do Teste da Primavera VIH-Hepatites celebra-se de 17 a 24 de maio de norte a sul do país. Ao longo desta semana, será possível fazer o teste de VIH e hepatites virais em mais de 38 locais, geridos pelas 18 organizações da sociedade civil em todo o país. Os testes são gratuitos, rápidos e anónimos.

Em Portugal, esta iniciativa é coordenada pela associação GAT – Grupo de Ativistas em Tratamentos – que se junta a outras organizações, instituições, líderes de opinião e líderes governamentais de toda a Europa para promover esforços que aumentem o acesso aos testes e consciencializem para os benefícios dos testes de VIH e hepatites para encorajar pessoas que possam estar em risco a tomar conhecimento de seu estatuto serológico.

O lema da Semana Europeia do Teste continua a ser Testar. Tratar. Prevenir. com o objetivo de aumentar o diálogo positivo entre aqueles que devem ser testados para o VIH e hepatites e aqueles que oferecem testes. É importante que as pessoas em risco de contrair VIH e/ou hepatites conheçam seu estatuto serológico o mais rápido possível e isso só é possível fazendo o teste. Atualmente, com um tratamento adequado é possível curar a infeção pela hepatite C. De igual modo, através de um tratamento precoce e eficaz para a infeção pelo VIH, é possível atingir carga viral indetetável, tornando assim o vírus intransmissível.

Esta semana permanece uma iniciativa única de trabalho conjunto e uma oportunidade quer de aumentar o número de testes rápidos realizados em contexto comunitário, quer de locais onde decorre o rastreio e a distribuição de preservativos e gel lubrificante.

A Semana Europeia do Teste está agora no seu sétimo ano e, em 2015, foi alargada para incluir a hepatite como foco principal. Um evento que tinha lugar apenas uma vez por ano, passou a uma campanha bianual com a Semana Europeia do Teste VIH-Hepatites a decorrer durante a Primavera (maio) e no outono (novembro). As hepatites B e C são comuns nas pessoas em situações risco de entre as pessoas que vivem com o VIH, porque esses vírus são transmitidos das mesmas maneiras que o VIH é transmitido - através do uso de drogas injetáveis e do sexo sem preservativo.

Quem deve fazer o teste

A semana do teste é direcionada a comunidades em maior vulnerabilidade para o VIH e hepatites virais B e C. Estas populações incluem, mas não estão limitados a: homens que fazem sexo com homens (HSH), migrantes (incluindo pessoas originárias de países com maior prevalência), trabalhadores do sexo, reclusos e utilizadores de drogas injetáveis.

Microbiota intestinal
Uma simples análise da composição da microbiota intestinal permite identificar e tratar desequilíbrios relacionados com...

O número de pessoas que sofrem de patologias ou sintomatologia relacionada com o sistema digestivo está a aumentar, em particular nos países industrializados. Aproximadamente 30% da população sofre de problemas digestivos não especificados e não tratados. Alguns destes transtornos possuem um diagnóstico médico claro, como as doenças inflamatórias intestinais (que são cada vez mais frequentes na população), mas na grande maioria dos casos os sintomas não estão associados a uma doença específica e apesar de não serem graves afetam o bem-estar, diminuem a qualidade de vida e se não corrigidos podem levar a situações que requerem mais cuidados. É por isso importante estar atento a todos os sintomas digestivos para que seja feito um diagnóstico adequado e atempado, assim como o respetivo tratamento. Este é o alerta dado, no âmbito do Dia Mundial da Doença Inflamatória do Intestino, por Vitória Rodrigues, microbiologista clínica do grupo SYNLAB.

Uma alimentação inadequada, o stress, o uso de antibióticos, hábitos pouco saudáveis como o sedentarismo, o consumo de álcool e tabaco e até viagens ao estrangeiro são algumas das causas relacionadas com alterações e sintomas gastrointestinais. A especialista começa por explicar que as queixas gastrointestinais, não relacionadas com uma doença específica, podem estar relacionadas com a alteração da microbiota intestinal essencial à nossa defesa, saúde e bem-estar.

“A microbiota intestinal é um conjunto de microrganismos, principalmente bactérias, que colonizam o intestino numa relação de simbiose. O seu desequilíbrio, a chamada disbiose, é uma situação desfavorável à saúde, pois está relacionada com a inflamação da parede intestinal e alteração da sua permeabilidade, bem como com o desenvolvimento de intolerância a determinados alimentos. Todos estes processos produzem sintomas. Inúmeros estudos têm vindo a relacionar o desequilíbrio da microbiota intestinal com alterações gastrointestinais, e com doenças extraintestinais como a obesidade, diabetes e até com alterações neurológicas.”

Digestões difíceis, dores abdominais, flatulência, prisão de ventre, diarreia e intolerâncias alimentares, são apenas alguns dos sintomas de alteração na microbiota intestinal apontados pela especialista. “Muitas vezes, estes sintomas são desvalorizados e a sua causa não chega a ser diagnosticada e tratada.

Para identificar a causa destas queixas gastrointestinais, acaba de ser lançado em Portugal um teste que permite conhecer a microbiota intestinal de cada individuo e identificar possíveis desequilíbrios. “O Estudo Funcional da Microbiota Intestinal é um teste de prescrição médica, que se realiza através de uma simples amostra de fezes, e que permite verificar o estado da microbiota intestinal através da análise de grupos de microrganismos. Os resultados irão permitir um diagnóstico preciso e uma abordagem terapêutica mais adequada e personalizada.”

“Nunca é demais lembrar, a todos os que sofrem de distúrbios gastrointestinais, a importância da consulta de um especialista e que a avaliação da microbiota intestinal pode ser um instrumento importante no diagnóstico e tratamento. O teste pode ser executado a partir dos 5 anos,” termina a especialista.

O que é e para que serve?
Abordar o rejuvenescimento vaginal sempre foi tabu mas uma nova geração de tratamentos com laser Co2

Nos últimos cinco anos a área da ginecoestética teve um crescimento exponencial, com introdução no mercado de muitos aparelhos cada vez mais modernos, apelativos e indolores. E à medida que a esperança média de vida aumenta a nível mundial e a auto estima e a atividade sexual são valorizadas, porque não utilizar a tecnologia a favor das mulheres?

A maioria das queixas foca a alteração da anatomia e/ou sexualidade principalmente no pós-parto e na menopausa, desde flacidez, atrofia e secura vaginal até à incontinência urinária de esforço de grau leve/moderado.

O princípio básico dos procedimentos de rejuvenescimento vaginal é a aplicação de lasers ou radiofrequência. Em particular o tratamento com laser Co2 fracionado vai libertar energia e calor que, por consequência, estimula o colagénio e a elastina, melhorando e tensionando os tecidos do canal vaginal e da vulva. Assim, há melhoria da flacidez, da espessura da mucosa e do fluxo sanguíneo que melhora a lubrificação e torna a relação sexual mais prazerosa.

A nível da incontinência urinária de esforço, o laser Co2 fracionado provoca uma remodelação das fibras de colágeno da parede anterior da vagina, dando melhor sustentação à bexiga e controlando a incontinência. Este processo de produção de novo colágeno é contínuo tornando os resultados duradouros.

As sessões são rápidas, com duração entre 15 a 30 minutos, indolores e realizadas no consultório permitindo à mulher regressar à sua vida habitual de imediato. A quantidade de sessões varia de acordo com a mulher e patologia mas em média são necessárias três com intervalos de um mês entre elas, devendo repetir o procedimento um ano depois. Num estudo de 2015, 73% das mulheres relataram melhoria na satisfação sexual, 75% melhoria no rejuvenescimento vaginal e 92% ficaram satisfeitas e recomendariam o tratamento.

Outra questão muito debatida é a labioplastia, cirurgia que consiste na redução dos pequenos lábios, com aumento da procura mundial em cerca de 20%. Além da estética, questões funcionais motivam a procura deste procedimento, uma vez que o volume aumentado pode incomodar com roupa mais justa, na prática de atividades desportivas e pode tornar o ato sexual doloroso.

A labioplastia pode ser realizada com laser Co2 fracionado (pelo seu poder de corte e coagulação) em 40 minutos, com anestesia local, sem necessidade de sutura e com uma recuperação mais rápida do que a cirurgia convencional. Em um ou dois dias a mulher pode retomar a sua vida quotidiana e em 20 dias a sua vida sexual, sem cicatrizes e uma vulva renovada (com os lábios menores, menos flácidos e mais simétricos).

O design da vagina e seu rejuvenescimento são os assuntos da atualidade. Preconceitos culturais, vergonha ou falta de informação fazem o assunto parecer tabu, mas a verdade é que há cada vez mais mulheres curiosas em conhecer uma forma de obter melhorias a este nível, e porque não? É importante reforçar que estes procedimentos são minimamente invasivos, indolores, com recuperação rápida e realizados no consultório, com resultados satisfatórios e duradouros.

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Novo tratamento laser recupera mucosa vaginal

Dra. Ana Sousa - Clínica de Medicina Estética Avançada 

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Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
União Europeia
O famoso afrodisíaco, usado para tratar a disfunção eréctil, que até aqui podia ser adquirido em qualquer ervanária ou...

A União Europeia reconheceu existir "a possibilidade de ocorrência de efeitos nocivos para a saúde associados à utilização do pau-de-cabinda" - a pedido de um estado-membro, a Alemanha - mas não conseguiu provar que estes de facto existissem. Perante "uma incerteza científica" sobre a segurança do uso da planta, decidiu proibir a sua utilização na alimentação, lê-se no regulamento 2019/650 da Comissão Europeia do dia 24 de abril.

Por cá, os especialistas ouvidos pelo Diário de Notícias admitem que o consumo de Pau de Cabinda pode causar "graves problemas a pessoas hipertensas". De acordo com o urologista, Nuno Monteiro Pereira, apesar de serem comercializados em Portugal dois medicamentos que continham a molécula da planta, estes foram descontinuados, uma vez que as pessoas preferiam a planta. "O pau de Cabinda dá resultado - e os portugueses conhecem bem a planta devido à nossa ligação a Angola", refere em entrevista ao DN.

Até hoje o pau de cabinda podia ser adquirido em cápsulas, ampolas com doses definidas ou em chá. Para os especialistas, o grande problema do uso de Pau de Cabinda é a sua utilização em chás, uma vez que "a dose não é controlada". "O médico até pode dizer que só pode beber uma chávena ou só usar uma colher de chá da planta, mas depois os homens querem ter uma maior reação e em vez de uma colher de chá, usam duas ou três, o que pode levar a crises hipertensivas graves", descreve o urologista.

Sem Pau de Cabinda resta o famoso comprimido azul, ainda que este atue de forma diferente da planta. O certo é que com a notícia da sua proibição, os pedidos de compra online aumentaram nos últimos dias.

 

Em análise
As mortes maternas podem vir a aumentar em Portugal devido às características da população de grávidas e parturientes. Uma...

O papel dos órgãos de comunicação social é importante na sensibilização da população para o planeamento atempado das gravidezes, quer por questões de facilidade reprodutiva, que entre os 36 e os 39 anos reduz drasticamente, quer por razões de risco acrescido para a grávida e para o feto.

De acordo com a DGS, a mortalidade materna é influenciada por fatores como a idade da mulher na gravidez e no parto e a gravidade da patologia subjacente, que conduz a uma maior complexidade nos cuidados a prestar e aumenta o risco de doença e de morte.

A mortalidade materna é considerada também um indicador da facilidade de acesso da mulher aos cuidados de saúde e da capacidade do sistema de saúde para responder às suas necessidades.

Em Portugal, a idade média das grávidas tem aumentado consistentemente, quer quando se considera qualquer gravidez, quer apenas para o primeiro filho.

Este aspeto influencia a mortalidade infantil e a mortalidade materna. De referir que entre 2014 e 2017, quase 60% das mortes maternas ocorreu em mulheres com mais de 35 anos. Apenas 30% das mães de todos os nados vivos estavam nesse grupo etário.

Em 2014 o Sistema de Informação de Certificados de Óbito (SICO) foi implementado em território nacional e o sistema de recolha de dados do INE mudou, passando a adotar os dados do SICO, o que veio a melhorar a informação disponível.

Nas últimas duas décadas, o número de mortes maternas é, no entanto, baixo, pelo que, para fins de análise epidemiológica e estatística deve ser avaliado no contexto de séries temporais. “Os valores estatísticos são indicativos e merecem estudo aprofundado”, aponta este organismo.

As mortes maternas podem aumentar em Portugal, dadas as características da nossa população de grávidas e parturientes, pelo que a monitorização e vigilância vão reforçadas, assegura a DGS.

Os dados registados, entre 2001 e 2007, permitiram apurar que a partir dos 20 anos de idade, o risco de morte materna por cada nado vivo aumentou com a idade. Além da idade, as patologias múltiplas e graves na gravidez também têm aumentado, havendo hoje gravidezes com quadros clínicos ausentes no passado.

Investigação
O objetivo deste estudo é avaliar a possibilidade dos doentes admitidos numa determinada unidade de saúde podem estar em risco...

Em colaboração com o Instituto de Saúde Ambiental (ISAMB) e o Centro Hospitalar Lisboa Norte, o Instituto Ricardo Jorge vai desenvolver um estudo exploratório, com duração prevista de um ano, para pesquisa ambiental de Candida auris.

De acordo com a informação veiculada pelo INSA, este trabalho tem como objetivo a análise ambiental de uma unidade hospitalar com o objetivo de verificar se esta serve de reservatório para Candida auris e se, em consequência disso, os doentes podem estar em maior risco de adquirirem infeção ou de estarem colonizados, o que pode contribuir para a disseminação deste microrganismo a nível hospitalar.

“Até agora, e de acordo com a bibliografia disponível, não se encontram descritos em Portugal casos de infeções por Candida cujo agente etiológico tenha sido Candida auris, não tendo ainda esta espécie sido detetada no ambiente. A deteção precoce do fungo é necessária para a prevenção do aparecimento de casos esporádicos ou mesmo surtos, pelo que este estudo é de particular importância dada a emergência desta espécie noutros países europeus”, refere Raquel Sabino, investigadora responsável por este estudo.

Candida auris é um fungo multirresistente recentemente associado a surtos nosocomiais em vários países europeus. A identificação desta espécie por métodos bioquímicos convencionais só é possível quando as suas bases de dados se encontram atualizadas ou por técnicas de espectrometria de massa (MALDI-TOF), desde que a base de dados também esteja atualizada e inclua a espécie Candida auris, podendo de outra forma ser confundida com outras espécies de Candida não albicans.

A identificação de isolados de Candida não albicans provenientes de amostras profundas deve ser de imediato realizada ou confirmada por métodos moleculares. O Instituto Ricardo Jorge, através do Laboratório Nacional de Referência de Infeções Parasitárias e Fúngicas, dispõe de técnicas para a identificação molecular desta espécie que poderão colmatar as dificuldades na identificação laboratorial.

O Instituto Ricardo Jorge realiza, adicionalmente, a determinação do seu padrão de suscetibilidade aos antifúngicos. Esta técnica é sobretudo recomendada nas unidades em que ocorra elevado uso de antifúngicos, uma vez que esta prática poderá favorecer a emergência de espécies multirresistentes.

Denúncia
A acusação chega por parte de um grupo de antigos e atuais profissionais do Hospital de Cascais que afirmam que a unidade...

O caso foi denunciado numa reportagem exibida pela SIC esta segunda-feira e já terá sido apresentada queixa à Inspeção-Geral das Atividades em Saúde e ao Ministério Público.

Os atuais e ex-funcionários que prestaram declarações ao canal, afirmam que eram “impelidos a aligeirar sintomas ou o caso de doentes, para que os algoritmos da Triagem de Manchester dessem uma cor de pulseira verde em vez de amarela”, para que os tempos máximos de espera não fossem ultrapassados. É que o incumprimento dos tempos de espera pode fazer o hospital incorrer em penalizações financeiras.

“É o que consta do contrato entre a entidade gestora do Hospital de Cascais – o grupo privado Lusíadas – e o Estado. Tal como os outros hospitais com parcerias público-privadas (PPP), as urgências em Cascais são pagas com base na disponibilidade do serviço, o que implica cumprir os tempos de espera”, recorda a reportagem.

A SIC, que também ouviu doentes tratados na instituição, dá ainda conta que de que era acrescentada informação clínica nas fichas dos doentes para, alegadamente, aumentar a gravidade das doenças dos utentes.

De acordo com a reportagem, isto serviria para influenciar o financiamento que o hospital recebe, e que é calculado através de um índice de ponderação da produção de um hospital que reflete a maior ou menor complexidade das situações.

Para já estas suspeitas estão a ser avaliadas pela Inspeção-Geral das Atividades em Saúde e pelo Ministério Público, entidades a quem um grupo de atuais e antigos profissionais do hospital apresentou queixa.

Boletim Polínico
As concentrações de pólenes no ar vão estar com níveis muito elevados em Portugal continental e baixos na Madeira e nos Açores,...

De acordo com as previsões da Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica (SPAIC), os pólenes estarão em níveis muito elevados nas regiões de Trás-os-Montes e Alto Douro, Entre Douro e Minho, Beira Litoral, Beira Interior, Lisboa e Setúbal, Alentejo e Algarve.

Nestas zonas predominam os pólenes de árvores como carvalho, pinheiro, bétula, oliveira, sobreiro e de ervas como urtiga, parietária, azeda, tanchagem, quenopódio e gramíneas.

Na Madeira, apesar dos níveis baixos, os pólenes em destaque são os das árvores pinheiro, cipreste e eucalipto e das ervas parietária e gramíneas.

Nos Açores, também com níveis baixos, predominarão os pólenes das ervas urtiga, parietária e gramíneas e das árvores pinheiro, carvalhos, e bétula.

A alergia ao pólen causa reações do aparelho respiratório (asma e rinite alérgica), dos olhos (conjuntivite alérgica) ou da pele (urticária e eczema).

Recomendações gerais da SPAIC

  • Consulte o Boletim Polínico, para saber as concentrações dos pólenes no ar ambiente (baixas/moderadas/elevadas).
  • Programe as suas férias, elegendo locais de baixas contagens polínicas (ex. neve, praia).
  • Evite realizar atividades ao ar livre quando as concentrações polínicas forem elevadas. Passeios no jardim, cortar a relva, campismo e a prática de desporto na rua irão aumentar a exposição aos pólenes e o risco para as alergias.
  • Mantenha as janelas fechadas sempre que viajar de carro. Assim poderá passear, reduzindo significativamente o contacto com os pólenes. Os motociclistas deverão usar capacete integral. Em casa deverá manter as janelas fechadas quando as concentrações dos pólenes forem elevadas.
  • Use óculos escuros, uma forma eficaz e prática de evitar queixas oculares, sempre que sair à rua.
  • Faça a medicação prescrita, pois esta será a forma mais eficaz de combater os sintomas de alergia. Consulte um médico especialista de imunoalergologia para o diagnóstico correto e a prescrição do medicamento mais adequado. A prevenção poderá passar pela realização de vacinas antialérgicas.

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