Infeção bacteriana

O que é a Escarlatina?

Atualizado: 
22/01/2020 - 17:21
A escarlatina é uma doença infeciosa aguda, causada por uma bactéria chamada estreptococo beta hemolítico do grupo A, que se caracteriza pelo aparecimento de uma infeção na garganta (amigdalite), febre e erupção cutânea. Apesar de ser uma doença benigna, é bastante contagiosa. As crianças em idade escolar são as mais atingidas.
Rapaz de boca aberta a verem-se as amigdalas

Por ser a altura do ano em que ocorrem mais infeções respiratórias e em que as crianças passam mais tempo fechadas em locais pouco arejados, o inverno é a estação em que se regista maior número de casos de escarlatina – uma doença que resulta não da ação direta do estreptococo em si, mas antes de uma reação de hipersensibilidade às toxinas produzidas por esta bactéria e que resulta nas tão característica manchas na pele. Quer isto dizer que, embora o estreptococo responsável pela escarlatina seja o mesmo que está na origem da amigdalite ou faringite, a escarlatina é, por assim dizer, uma complicação desta infeção bacteriana.

O contágio é feito de pessoa para pessoa, através de gotículas de saliva ou secreções infetadas, provenientes de doentes ou de portadores sãos (ou seja, pessoas saudáveis que transportam a bactéria na garganta ou no nariz sem apresentarem sintomas).  

Sintomas e tratamento

Com um período de incubação que pode ir de um a sete dias - embora seja habitual os sintomas surgirem ao fim de dois a quatro dias -, a doença manifesta-se de forma abrupta com febre (que pode ser alta nos dois primeiros dias e manter-se baixa até uma semana), mal-estar, dores de garganta, dores musculares, dores de barriga, por vezes náuseas e/ou vómitos, e prostração.

A erupção cutânea surge geralmente entre 12 a 48 horas após o início da febre, afetando inicialmente o pescoço e o tronco, e só depois a face e os membros. As manchas, de cor avermelhada e com o tamanho da cabeça de um alfinete, tendem a ser mais intensas na face, nas axilas e nas virilhas.

A língua também pode ser atingida, apresentando-se inicialmente pálida e depois avermelhada (com o aspecto de um morango) devido ao aumento das papilas.


As manchas vermelhas, visíveis na língua, devem-se à dilatação dos vasos sanguíneos da pele, provocada por uma toxina produzida pelo Estreptococo

Numa fase mais tardia pode ocorrer a descamação da pele.

Quanto ao seu tratamento, este é feito com a administração de antibióticos - penicilina ou amoxicilina - e tem como objetivo reduzir a duração e gravidade da doença, assim como prevenir a sua transmissão. Nos doentes com alergia à penicilina o medicamento habitualmente utilizado é a eritromicina.

Os doentes são ainda aconselhados a ingerir alimentos moles e a aumentar a ingestão de líquidos durante o período de tratamento.

Principais complicações da escarlatina

A escarlatina pode apresentar complicações durante a fase aguda da doença, ou estas surgirem semanas após o seu tratamento.

As complicações na fase aguda da doença resultam essencialmente da disseminação da infeção por estreptococos a outros locais do organismo, causando otite, sinusite, laringite ou meningite, por exemplo.

Já as infeções tardias, que surgem após o tratamento da doença, podem incluir febre reumática (lesão das válvulas do coração) e a glomerulonefrite (lesão do rim que pode evoluir para insuficiência renal). No entanto, embora estas complicações sejam potencialmente graves, são bastante raras.

Diagnóstico e outros cuidados

Embora o diagnóstico de escarlatina seja feito com base na observação clínica (associação de febre, inflamação da garganta e erupção puntiforme de cor vermelho vivo e de distribuição típica), deve ser confirmado através da pesquisa do estreptococo. A confirmação da doença também pode ser feita após tratamento através de exames de sangue (ou seja, testes serológicos).

Quanto a outros cuidados, quando doente a criança deve ficar em casa para evitar o contágio. Os beijos devem ser evitados e não deve partilhar os seus talheres ou beber água pelo mesmo copo. Além disso, deve incentivar-se a lavagem frequente das mãos com água e sabão.

O regresso à escola pode ser feito após 24 horas do início do tratamento mas sempre com a indicação do seu médico.

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Autor: 
Sofia Esteves dos Santos
Fonte: 
SNS; Rota da Saúde
Nota: 
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