Infarmed aprova financiamento de antivírico que previne a reativação e a doença por citomegalovírus
Os doentes CMV-positivos submetidos a um transplante alogénico de células estaminais hematopoiéticas (TCEH) correm elevado risco de reativação do CMV devido à imunossupressão a que são sujeitos. A infeção por CMV é uma complicação clinicamente significativa comum nestes doentes e qualquer grau de reativação do CMV após o transplante está associado ao aumento da mortalidade. Atualmente, existem três tipos de abordagens disponíveis: profilática, preemptiva e tratamento, sendo que as duas últimas não previnem a reativação do CMV.
O letermovir está indicado na profilaxia da reativação e da doença por citomegalovírus (CMV) em adultos CMV-positivos recetores [R+] de um TCEH alogénico. O letermovir é um medicamento antivírico first-in-class que inibe a replicação do CMV por inibição do complexo terminase do CMV.
Esta aprovação tem por base um ensaio clínico de fase III (P001) em que o letermovir demonstrou eficácia superior ao placebo no endpoint primário (infeção por CMV clinicamente significativa à semana 24). Um número significativamente inferior de doentes no grupo letermovir (37,5%, n=122/325) em comparação com o grupo placebo (60,6%, n=103/170) desenvolveu infeção por CMV clinicamente significativa, interrompeu o tratamento ou apresentou dados em falta até à semana 24 pós‑TCEH [diferença do tratamento: -23,5 (intervalo de confiança de 95% -32,5 a -14,6), (p<0,0001)]. A eficácia favoreceu de forma consistente o antivírico nos subgrupos incluindo risco baixo e elevado de reativação do CMV, regimes de condicionamento e regimes imunossupressores concomitantes.
Este medicamento demonstrou ainda benefícios significativos em comparação com o placebo no tempo para infeção ou doença por CMV clinicamente significativa até à semana 24 pós-TCEH (taxa cumulativa de 18,9% vs. 44,3%, teste de Log-rank estratificado, valor p bilateral <0,0001). Não houve diferenças na incidência ou no tempo para engraftment entre o letermovir e os grupos placebo.
Neste estudo, as reações adversas mais frequentemente notificadas, que ocorreram em pelo menos 1% dos doentes no grupo do antivírico e com uma frequência superior ao do grupo do placebo foram: náuseas (7,2%), diarreia (2,4%) e vómitos (1,9%). As reações adversas mais frequentemente notificadas que levaram à descontinuação do letermovir foram náuseas (1,6%), vómitos (0,8%) e dor abdominal (0,5%).
“Esta decisão de financiamento vem alterar o paradigma da gestão do CMV nos doentes submetidos a transplante alogénico de medula óssea, do tratamento para a prevenção da reativação e da doença por CMV. Com esta inovação, sentimo-nos orgulhosos por continuar a fazer a diferença na área das doenças infeciosas ”, referiu o diretor geral da MSD Portugal, Vitor Virgínia.