Perda auditiva: quais os sinais de alarme?
A perda de audição ocorre quando temos alguma ou total incapacidade em ouvir, sendo que as causas mais comuns “estão relacionadas com o envelhecimento das células do ouvido interno, seja pelo normal avançar da idade, seja de forma precoce, essencialmente por excesso de exposição a ruído industrial ou de lazer”, estimando-se que, até 2050, o número de pessoas com perda de audição incapacitante possa atingir cerca de 900 milhões de pessoas.
De acordo com João Ferrão, audiologista responsável pela formação e desenvolvimento na Widex – Centros Auditivos, falamos de perda de audição incapacitante quando “há um comprometimento funcional das capacidades comunicacionais e de escuta permanente”.
A par do envelhecimento, a perda auditiva congénita, a hereditariedade ou a ototoxicidade – que corresponde à perda auditiva como consequência de medicação -, são ainda, de acordo com este especialista, causas bastante comuns.
No entanto, a perda auditiva não é toda igual, classificando-se consoante o tipo e o grau e é esta classificação que permite determinar o tratamento adequado.
“Por tipos de perda de audição entendemos a Hipoacusia de Condução, a Hipoacusia Neurossensorial e a Hipoacusia Mista”, começa por explicar João Ferrão.
“A perda condutiva dia respeito à componente mais mecânica da audição e deriva de um comprometimento da função do ouvido externo e/ou ouvido médio”, sendo na maioria das situações resolvida com uma intervenção médico-cirúrgica.
A perda neurossensorial “ou sensório-neural” afeta a função do ouvido interno e/ nervo auditivo e é, frequentemente, irreversível.
Quanto à perda mista, João Ferrão, explica que esta refere-se a situações em que se tem os dois tipos de perda.
“Quando falamos de perda por envelhecimento ou envelhecimento precoce, referimo-nos geralmente à Hipoacusia Neurossensorial, ou seja, a uma perda de carácter irreversível”, esclarece.
Deste modo, e muito embora o envelhecimento seja uma das principais causas de surdez, sabe-se que a exposição constante ao som de alta intensidade, “seja ele ruído industrial/laboral ou recreativo em concertos, discoteca ou o uso de auscultadores a uma intensidade não controlada”, eleva o risco de sofremos desta condição. “É por isso importante respeitar as leis preventivas de higiene e segurança no trabalho sobre a audição, assim como utilizar proteção auditiva em concertos e discotecas”, reforça o especialista.
No âmbito da prevenção, João Ferrão, refere outro aspeto importante e muitas vezes ignorado: a prevenção dos resíduos auditivos e das valências comunicações. “Se, como referimos, a perda de audição é de certa forma uma inevitabilidade, a intervenção precoce é uma escolha decisiva não só para os resultados que se obtém do tratamento ou do processo de reabilitação, mas também porque há vários estudos que correlacionam a perda auditiva com o aceleramento do envelhecimento cognitivo e a perda de memória. Por isso, agira rapidamente sobre a perda auditiva, principalmente quando esta atinge o nível de incapacidade (+40dB), é fundamental para evitar um envelhecimento precoce das funções cognitivas e degeneração da memória”, justifica.
Quais os sinais de alerta? E quando procurar ajuda especializada?
Tal como explica o audiologista, são vários os sinais que chamam a atenção para o problema e que podem ser detetados pela própria pessoa e/ou familiares. “Situações como não ouvir ou demorar mais tempo a ouvir alguns sons como campainhas, toques de telemóveis ou outros sons mais agudos”, começa por enumerar.
Outro dos sinais comuns consiste em aumentar o som da televisão ou do rádio; numa conversa, pedir para repetir ou ter a sensação de que a outra pessoa fala de forma “abafada” e pouco clara. “Em pessoas socialmente mais ativas poderá igualmente haver a sensação de cansaço sempre que se está exposto a uma situação mais exigente do ponto de vista auditivo, como acompanhar uma conversa num restaurante ou em língua estrangeira”, acrescenta João Ferrão.
Em situações extremas, a falta de audição pode conduzir ao isolamento ou situações de depressão. “Há estudos que demonstram que após reabilitação auditiva, 58% das pessoas com perda auditiva e depressão melhoram o seu quadro depressivo”, revela o especialista.
Em matéria de prevenção, o rastreio é a principal arma contra a condição e não deve ser descurada em nenhuma das etapas da vida. “Há várias faixas etárias que, por diferentes razões, devem fazer o rastreio auditivo: o rastreio neonatal, que deve ser feito nos primeiros dias após o nascimento; o rastreio pré-escolar, entre os 4 e os 6 anos, para despistar perdas condutivas por otites do ouvido médio, que são muito frequentes nesta faixa etária e que, geralmente, se revolvem por intervenção médico-cirúrgica, mas que podem comprometer a aprendizagem e audição futura crianças, se não for detetada precocemente; por fim o rastreio auditivo em adultos com mais de 55 anos, uma vez que a probabilidade de ter problemas auditivos aumenta significativamente a partir desta idade”, explica.
O rastreio é a primeira ferramenta de diagnóstico, uma vez que permite perceber se existe ou não perda de audição. Segue-se a avaliação audiológica detalhada e que passa genericamente “pela realização de uma audiometria para se avaliar com precisão o grau e o tipo de perda de audição”. “Muitas vezes também é solicitada a avaliação da função do ouvido médio – timpanograma e os reflexos estapédicos”, adianta.
O tratamento depende do tipo de perda de audição encontrado e se esta apresenta um carácter reversível ou irreversível.
“No caso de a perda de audição ser irreversível, o tratamento passará para um encaminhamento para reabilitação auditiva”, revela João Ferrão. Durante este processo, para além da avaliação audiológica, é feita uma análise exaustiva das implicações que a incapacidade terá na qualidade de vida do doente. Embora sem cura, é possível encontrar uma solução que não agrave o problema.
Primeiro aparelho auditivo com recurso a fonte de energia renovável chega este verão a Portugal
Apresentando-se com uma solução ecológica, já que não são necessárias pilhas, o Widex Evoke, que irá chegar ao mercado português este verão, possui uma tecnologia inovadora – a "Energy Cell"- que permite renovar a energia do equipamento em apenas 20 segundos, para uma utilização de 24 horas. Além disso, é o primeiro aparelho a recorrer à inteligência artificial com a promessa de revolucionar a experiência dos seus utilizadores.
No entanto, embora seja uma tecnologia de referência em aparelhos auditivos, todas as vantagens deste equipamento “devem ser enquadradas dentro de um processo clínico a que chamamos reabilitação auditiva”, adverte João Ferrão.
“Este é um processo multidisciplinar que envolve o médio otorrino e o audiologista, e para sermos bem-sucedidos, não basta apenas termos a melhor tecnologia, é também fundamental efetuar o melhor diagnóstico e intervenção técnica”, começa por explicar João Ferrão, reforçando que o principal objetivo da reabilitação auditiva é otimizar a qualidade de vida “para que a audição seja o mais próxima possível do normal”.
E é a este nível que este aparelho promete revolucionar o mercado. “É o primeiro aparelho auditivo do mundo com recurso a inteligência artificial e aprendizagem em tempo real, permitindo ao utilizador ouvir melhor ou sem esforço nas diferentes situações do dia-a-dia”, explica.
Para tal, adapta-se aos diferentes ambientes e “graças à capacidade de aprender com as preferências do utilizador, o Widex Evoke vai ficando cada vez mais automatizado e personalizado à medida que vai sendo utilizado”. E João dá o exemplo: não só consegue distinguir se uma conversa decorre num restaurante, num jardim ou numa biblioteca, como na próxima vez que estiver num ambiente semelhante, ele vai automaticamente ajustar-se às preferências anteriores”.