Síndrome das Pernas Inquietas
Como o nome indica, esta é uma doença que afecta os membros inferiores, mas pode também, em casos raros, afectar outras partes do corpo como os braços ou a face.
Manifesta-se por sensações desagradáveis como inquietação, formigueiros, dores ou queimaduras nos membros inferiores. Tipicamente aliviam com o movimento, obrigando o paciente a caminhar na tentativa de aliviar os sintomas.
As sensações podem prolongar-se durante horas, podendo surgir também durante a noite obrigando a pessoa a interromper o sono e levantar-se para caminhar.
Os doentes procuram o médico geralmente com queixas de insónias ou pelas consequências da privação de sono que a síndrome das pernas inquietas acarreta: sonolência diurna, queixas cognitivas e alterações de humor.
A síndrome das pernas inquietas associa-se em muitos doentes a movimentos involuntários das pernas durante o sono, chamados movimentos periódicos do sono.
Não se sabe ao certo qual a causa desta doença. Sabe-se que é provocada por alterações do sistema nervoso central e que poderá estar relacionada com uma disfunção do sistema dopaminérgico cerebral e com deficiências de ferro em algumas partes cerebrais.
Existem outras doenças que predispõem para o aparecimento desta síndrome, como a Doença de Parkinson, doenças de medula ou doenças dos nervos periféricos. A insuficiência renal crónica terminal, em hemodiálise, também se associa a um risco aumentado desta doença. Antidepressivos, anti psicóticos e antieméticos são alguns exemplos de fármacos que também podem contribuir para a síndrome das pernas inquietas. Outro dos factores de risco que contribui para o agravamento desta doença é a gravidez.
Diagnóstico
O diagnóstico é feito através de uma criteriosa história clínica assente em quatro critérios de diagnóstico:
- Vontade incontrolável em mexer as pernas acompanhada por uma sensação de incómodo ou de inquietação;
- A sensação de inquietação agrava-se durante períodos de descanso ou inactividade;
- Alívio total ou parcial dos sintomas quando em movimento;
- A necessidade de movimento deverá ocorrer ou piorar no final do dia ou durante a noite.
Alguns exames complementares poderão ser feitos apenas com o objectivo de excluir causas secundárias de síndrome das pernas inquietas.
Se existirem sintomas de outras patologias do sono, nomeadamente sintomas sugestivos de movimentos periódicos do sono ou apneia do sono, será fundamental a realização de uma polissonografia. A polissonografia poderá, por um lado, corroborar o diagnóstico ao detectar os movimentos periódicos do sono e, por outro, permitir o diagnóstico de apneia do sono, cujo correcto tratamento contribuirá para o sucesso do tratamento da síndrome das pernas inquietas.
Algumas doenças apresentam sintomas semelhantes à síndrome das pernas inquietas, são elas as radiculopatias (dor ciática), a insuficiência venosa (varizes) ou arterial dos membros inferiores e os edemas dos membros inferiores.
Tratamento
O tratamento da síndrome das pernas inquietas assenta em medidas farmacológicas e não farmacológicas. Geralmente é uma situação crónica, pelo que o tratamento terá de ser mantido toda a vida.
Medidas farmacológicas
Existem diversas classes de fármacos utilizados no tratamento da síndrome das pernas inquietas. A primeira linha de tratamento são os agonistas dopaminérgicos, que se demonstram eficazes no alívio dos sintomas dos doentes.
Medidas não farmacológicas
- Boa higiene de sono, evitando, principalmente, a privação de sono;
- Evitar bebidas alcoólicas;
- Evitar substâncias estimulantes como o chocolate, a nicotina e o café.
Estas medidas são úteis para todos os doentes com síndrome das pernas inquietas, independentemente da gravidade. No entanto, nos doentes com síndrome das pernas inquietas moderada a grave, poderão ser ineficazes sem o apoio farmacológico.