Em 2018
O número de jovens americanos que utilizam cigarros eletrónicos aumentou um milhão e meio em 2018, compensando os anos de...

Cerca de 3,6 milhões de estudantes de ensino secundário e universidades usaram cigarros eletrónicos em 2018, em comparação com 2,1 milhões em 2017, um aumento vertiginoso de 78% entre estudantes de ensino médio e de 48% entre universitários. A quantidade de fumadores de cigarros e outros produtos de tabaco, enquanto isso, manteve-se estável, segundo um relatório dos Centros de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos.

Um total de 4,9 milhões de jovens usaram cigarros eletrónicos, fumaram ou consumiram algum produto de tabaco em 2018, em comparação com 3,6 milhões em 2017, de acordo com uma definição que incluía consumir um destes produtos no mês anterior ao questionário respondido pelo estudante. Esse aumento é atribuído ao cigarro electrónico, escreve o Sapo.

Mais de um em cada quatro estudantes do ensino secundário (27%) fuma, usa cigarros eletrónicos ou consome algum produto de tabaco (cigarro, cachimbo, narguilé, fumo de mascar, etc).

"O aumento meteórico do uso de cigarros eletrónicos por parte dos jovens no ano passado ameaça eliminar os avanços alcançados na redução do consumo de tabaco nos jovens", disse o diretor dos CDC, Robert Redfield.

Os cigarros eletrónicos contêm nicotina e outros produtos, mas não as substâncias encontradas nos cigarros tradicionais que se sabe que são cancerígenas.

Efeitos desconhecidos
O seu efeito a longo prazo na saúde é objeto de estudo. Os especialistas do governo explicam que o consumo de nicotina pode ter efeitos prejudiciais no desenvolvimento do cérebro adolescente.

Os fabricantes argumentam que para os adultos que já são fumadores e dependentes de nicotina, o cigarro eletrónico fornece um benefício radical para a saúde, mas as autoridades de saúde temem que introduza as novas gerações à nicotina.

Nas Filipinas
As autoridades filipinas informaram hoje que o surto de sarampo nas Filipinas piorou na última semana, registando-se já 4.300...

Cinco regiões do país estão em alerta, embora o maior número de casos esteja concentrado em Manila e nas províncias vizinhas, onde as autoridades lançaram um intenso programa de imunização entre as crianças para prevenir a disseminação da doença.

O Hospital San Lazaro, em Manila, onde mais de dois mil casos foram tratados, entrou em colapso devido ao afluxo de pacientes, razão pela qual a Cruz Vermelha filipina instalou uma unidade móvel com cem camas adicionais para lidar com todos os casos.

De todas as mortes que ocorreram no país devido ao sarampo, uma doença infecciosa muito contagiosa, 55 aconteceram neste hospital.

O surto da doença é uma consequência da falta de imunização infantil nos últimos anos, uma vez que cerca de 2,5 milhões de crianças filipinas com menos de 5 anos de idade não foram vacinadas.

Muitos pais filipinos recusaram-se a vacinar os seus filhos por causa do escândalo Dengvaxia, uma vacina contra a dengue que foi usada no país entre 2014 e 2017, até que seu fabricante, a farmacêutica francesa Sanofi Pasteur, admitiu que tinha efeitos adversos e que as pessoas vacinadas que contraíram dengue pela primeira vez sofreriam efeitos muito mais sérios.

As autoridades estão a investigar a causa das mortes de 14 crianças que foram vacinadas, o que suscitou desconfiança em relação a todo o tipo de vacinas no país e fez com que muitas famílias optassem por não imunizar os seus filhos.

Crianças não vacinadas têm maior risco de contrair sarampo, uma doença que infeta o sistema respiratório e causa diarreia severa, pneumonia, cegueira e até a morte.

 

Estudo
A taxa de desemprego entre os farmacêuticos é inferior à média nacional (4,4% contra 6,8%), com mais de oito em cada dez a...

Realizado pela Ordem dos Farmacêuticos (OF), através do Observatório da Empregabilidade no Setor Farmacêutico e da Plataforma Ensino-Profissão, o estudo pretendeu fazer um diagnóstico das diferentes áreas de exercício profissional e caracterizar a empregabilidade e o acesso ao mercado de trabalho no setor farmacêutico.

Segundo o estudo, que decorreu em outubro de 2018 e envolveu 1.502 farmacêuticos, a maioria mulheres (79%), correspondendo a 10% dos membros da OF, a taxa de desemprego entre os farmacêuticos é inferior à média nacional e é ainda mais baixa entre os profissionais com menos de 30 anos, não ultrapassando os 2,8%.

Questionados sobre o tempo decorrido desde que concluíram a formação até começarem a exercer, 82,1% dos inquiridos disseram ter aguardado no máximo três meses, 8,5% entre três a seis meses, 4,7% entre seis a 12 meses e 2,4% entre um a dois anos, refere o estudo a que a agência Lusa teve acesso.

Contudo, os farmacêuticos mais jovens têm hoje maiores dificuldades no acesso ao mercado de trabalho do que as que foram sentidas pelos colegas das faixas etárias superiores (entre os 30 e os 60 anos).

Entre os mais novos, 71,5% diz ter iniciado atividade em menos de três meses, um valor inferior aos profissionais que têm hoje entre 30 e 60 anos (cerca de 90%).

Os farmacêuticos com mais de 60 anos referiram ter demorado mais de três meses, e até dois anos, a encontrar o primeiro emprego.

Cerca de 30% dos inquiridos disse ter sentido algum tipo de dificuldade para ingressar no mercado de trabalho, justificadas com a reduzida oferta na área profissional pretendida e com mercado farmacêutico em geral, mas também com a falta de experiência profissional e de ofertas de trabalho na área de residência.

De entre as diversas áreas de intervenção dos farmacêuticos, a “Farmácia Comunitária” é a que regista maior procura por parte dos recém-licenciados, mas é também a que tem maior número de farmacêuticos em situação de desemprego.

De acordo com o estudo, mais de 60% dos farmacêuticos desempregados residem na região norte do país.

Sete em cada dez inquiridos referiram ter conseguido entrar de imediato na área que desejava, refere o estudo, acrescentando que os homens e os mais jovens foram os que sentiram maiores dificuldades para conseguir começar a trabalhar de imediato na sua área profissional de eleição.

Os resultados mostram também uma relação direta entre o vínculo de trabalho inicial e a idade dos profissionais, ou seja, quanto menor a idade, maior a percentagem de indivíduos que teve no início da sua carreira profissional um vínculo igual ou inferior a um ano.

O estudo indica que 40% dos farmacêuticos auferem entre 1.000 e 1.700 euros brutos mensais. Embora de forma residual, existem ainda profissionais a receber o salário mínimo nacional (no “Ensino e Investigação”, na “Farmácia Hospitalar” e na “Farmácia Comunitária”).

Revela ainda que os farmacêuticos da área das “Análises Clínicas e Genética Humana” têm maior tempo decorrido desde a conclusão do curso superior, o que explica algum envelhecimento da área profissional, por comparação, por exemplo, com a “Farmácia Comunitária”, onde se encontra maior número de profissionais com menor tempo decorrido desde a conclusão do curso.

Metade dos inquiridos considerou que estava relativamente bem preparado para exercer a profissão no início da sua carreira, mas 82,1% disse que existem lacunas e áreas disciplinares pouco exploradas na formação graduada, em especial a componente prática do exercício profissional e a gestão.

Independentemente do género, idade ou área profissional, 75,4% dos farmacêuticos atribuiu elevada importância à formação contínua, sendo que 46,7% frequentou estudos pós-graduados nos últimos anos.

A percentagem é inferior entre os profissionais que têm na “Farmácia Comunitária” a sua principal área profissional, com 30% a reportar a frequência de estudos pós-graduados conferentes de grau académico.

A maioria dos farmacêuticos disse estar “satisfeito” ou “muito satisfeito” com a profissão, sendo os farmacêuticos de indústria os mais satisfeitos com a sua situação profissional, por oposição aos farmacêuticos hospitalares, que reportam menores índices de satisfação global.

Greve dos enfermeiros
A greve dos enfermeiros em blocos operatórios que decorre desde 31 de janeiro levou ao adiamento de 56% das 4.782 cirurgias...

Entre 31 de janeiro e 08 de fevereiro, a greve, marcada até ao fim do mês, provocou o adiamento de 2.657 cirurgias nos blocos operatórios nos centros hospitalares abrangidos.

Segundo o balanço semanal do Ministério da Saúde, o maior número de cirurgias adiadas registou-se no Centro Hospitalar Universitário de São João, no Porto (adiadas 823 das 1.226 cirurgias previstas – 67%), seguindo-se o Centro Hospitalar Universitário do Porto (adiadas 607 das 977 cirurgias previstas - 62%), o Centro Hospitalar Entre-Douro e Vouga (adiadas 362 das 586 cirurgias previstas – 62%), o Hospital de Braga (adiadas 305 das 666 cirurgias previstas - 46%), o Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia e Espinho (adiadas 270 das 615 cirurgias previstas – 44%), o Centro Hospitalar de Tondela e Viseu (adiadas 140 das 332 cirurgias previstas - 42%) e o Hospital Garcia de Orta, em Almada, (adiadas 106 das 232 cirurgias previstas - 46%).

Em 08 de fevereiro juntaram-se à greve cirúrgica o Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte, que no balanço do Ministério da Saúde regista 33 cirurgias adiadas das 114 previstas (29%), o Centro Hospitalar de Setúbal (adiadas 11 das 34 cirurgias previstas - 32%) e o Centro Hospitalar Universitário de Coimbra, sobre o qual o balanço do Ministério da Saúde não regista números de cirurgias previstas nem das adiadas.

O Ministério da Saúde considera como dados provisórios os referentes ao Hospital de Braga e ao Centro Hospitalar Universitário de Coimbra.

O Conselho de Ministros decretou na quinta-feira uma requisição civil na greve dos enfermeiros em blocos operatórios, alegando incumprimento da prestação de serviços mínimos.

A requisição civil foi feita aos enfermeiros do Centro Hospitalar e Universitário de S. João, Centro Hospitalar e Universitário do Porto, Centro Hospitalar de Entre o Douro e Vouga e Centro Hospitalar de Tondela-Viseu.

Hoje, o Sindicato Democrático dos Enfermeiros (Sindepor), uma das duas estruturas que convocou a paralisação, entregou no Supremo Tribunal Administrativo uma intimação para proteção de direitos, liberdades e garantias da classe, contestando a requisição civil.

A primeira “greve cirúrgica” decorreu em blocos operatórios de cinco centros hospitalares entre 22 de novembro e 31 de dezembro de 2018, tendo levado ao adiamento de mais de 7.500 cirurgias.

As duas greves foram convocadas após um movimento de enfermeiros ter lançado recolhas de fundos numa plataforma ‘online’ para financiar as paralisações, num total de 740 mil euros.

Segundo os sindicatos, os principais pontos de discórdia são o descongelamento das progressões na carreira e o aumento do salário base dos enfermeiros.

Rede CUF
A José de Mello Saúde formalizou na segunda-feira a suspensão da convenção com a ADSE para prestação e cuidados de saúde aos...

De acordo com uma nota interna da José Mello Saúde (JML), assinada pelo presidente Salvador Mello a que o jornal Expresso teve acesso, a suspensão da convenção com a ADSE tem efeitos a partir do dia 12 de abril.

“Esta suspensão poderá evoluir para a denúncia definitiva da convenção”, a 01 de março, caso não sejam encontradas “soluções equilibradas e que defendam os superiores interesses dos beneficiários da ADSE”, é referido.

Na nota é especificado que “todos os atos que venham a ser marcados, a partir de hoje [segunda-feira], para data posterior [a 12 de abril], deixarão de poder ser realizados ao abrigo do regime convencionado”.

“Todas as marcações, novas ou já existentes, para atos a realizar até esta data, mantêm-se ao abrigo do regime convencionado”, é sublinhado.

Segundo a nota, estão asseguradas as marcações existentes, nomeadamente todos os tratamentos prolongados bem como para partos, mesmo que agendados para data posterior a 12 de abril.

No caso dos beneficiários que queiram agendar cuidados de Saúde para depois de 12 de abril, é referido que “a CUF disponibilizará uma tabela de preços específica e ajustada, ficando estes atos sujeitos ao pedido de reembolso à ADSE ao abrigo do regime livre”.

No comunicado, Salvador Mello adianta que “há uma conjugação de fatores que, individualmente, mas sobretudo de forma cumulativa, tornam insustentável a manutenção da convenção sob pena de colocar em causa os padrões de qualidade e segurança” defendidos.

“Em 2014, a ADSE introduziu a regra das regularizações retroativas com base no preço mínimo praticado por um qualquer prestador. Desde o primeiro momento a JMS opôs-se formal e frontalmente a esta alteração das regras em vigor. Com esta regra a ADSE pretende ter o direito de reduzir retroativamente os preços a que os serviços foram prestados aplicando ‘a posteriori’ o preço mínimo praticado sem considerar a complexidade clínica do doente e a utilização de procedimentos diferenciados com valor clínico comprovado”, é referido.

Em dezembro de 2018, segundo a nota, “a ADSE surpreendeu os operadores desencadeando os procedimentos para as regularizações relativas aos anos de 2015 e 2016. Não estando circunscrita esta medida aos anos de 2015 e 2016 significa que, à data de hoje, a JMS não sabe, nem consegue saber, no momento da prestação dos cuidados, com que preços presta serviços aos beneficiários da ADSE, em todas as linhas de atividade abrangidas pela regra”.

Salvador Mello destaca também que desde o início de 2018, as unidades da rede CUF são obrigadas a faturar todos os atos à ADSE em sete dias, sendo o prazo de pagamento de 120 dias (...). Contudo, na prática, o prazo médio de pagamento às unidades CUF situa-se atualmente em 283 dias, após a prestação do ato clínico ao beneficiário”.

A terceira razão apontada na nota para a suspensão do acordo é a “fixação de preços dos medicamentos e dispositivos médicos”.

Segundo Salvador Mello, “as tabelas de preços da ADSE estão totalmente desajustadas do real custo dos atos médicos, mantendo-se, em alguns casos, inalteradas há mais de 20 anos”.

Na semana passada, o Expresso adiantou que vários grupos privados, entre os quais o grupo José de Mello Saúde e Luz Saúde, pretendiam suspender as convenções com a ADSE, sistema de saúde dos funcionários públicos, a partir de abril.

Já no final de dezembro, a Associação Portuguesa de Hospitalização Privada revelou que alguns prestadores admitiam deixar de ter convenção com a ADSE, após esta ter exigido 38 milhões de euros por excessos de faturação em 2015 e 2016, pedindo a anulação desse processo ao Governo.

Os membros do Conselho Geral e de Supervisão da ADSE reúnem-se hoje, encontro no qual será abordada a questão da eventual suspensão das convenções entre grupos privados e o sistema de saúde dos funcionários públicos.

Bastonária dos Nutricionistas
A bastonária da Ordem dos Nutricionistas, Alexandra Bento, afirmou hoje, no Funchal, que há ainda um "longo caminho"...

"O aumento das doenças crónicas não transmissíveis e a possibilidade de no futuro os nossos filhos poderem viver menos anos do que nós, e com um viver pesado, deve ser motivo de preocupação", advertiu, vincando que muito do "pesar na doença" resulta dos maus hábitos alimentares.

Alexandra Bento falava na abertura das I Jornadas de Nutrição da Região Autónoma da Madeira, que decorrem hoje na capital madeirense e tem por base três mesas redondas subordinadas aos temas da nutrição clínica, nutrição comunitária e saúde pública e alimentação coletiva e restauração.

"Temos de colocar a alimentação em todas as políticas, de forma a assegurar aquilo que é um direito universal, que é o direito humano à alimentação adequada", afirmou a bastonária da Ordem dos Nutricionistas.

A responsável disse que há ainda um "longo caminho" a percorrer para melhorar o estado de saúde da população portuguesa, mas destacou, por outro lado, que a trajetória do país em termos de melhoria da saúde tem sido "relevante" e está bem patente no aumento da esperança média de vida e na diminuição da mortalidade à nascença.

A abertura das I Jornadas de Nutrição da Madeira foi presidida pelo chefe do executivo regional, Miguel Albuquerque, que sublinhou a aposta nos cuidados primários de saúde, com enfoque na nutrição.

"Vamos avançar o mais rapidamente possível nos próximos anos no sentido de garantir que a nutrição seja um dos vetores fundamentais ao nível dos cuidados primários de saúde", disse, explicando que dos cerca de 100 nutricionistas que atuam na Madeira, 37 estão afetos a serviços públicos, nomeadamente o Serviço Regional de Saúde (31), a Educação (quatro), a Segurança Social (um) e a Câmara Municipal de Câmara de Lobos (um).

Miguel Albuquerque considerou, por outro lado, que a "única forma" de a região autónoma garantir a sustentabilidade do sistema público de saúde é através de "políticas efetivas e concretas" nos cuidados primários, onde a área da nutrição assume uma importância especial.

O presidente da delegação regional da Ordem dos Nutricionistas, Bruno Sousa, sublinhou, por seu lado, que as I Jornadas de Nutrição "superaram claramente" as expectativas da organização, considerando o número de inscritos - 170 -, entre nutricionistas, médicos, enfermeiros, farmacêuticos, professores e estudantes.

"A procura dos profissionais na Região Autónoma da Madeira é demonstrativa da necessidade deste evento e o número de inscritos demonstra bem a abrangência da nutrição e da importância do trabalho multidisciplinar", disse.

Prémio Georg Schmorl
Um estudo do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S), no Porto, que visava compreender o “papel do anel fibroso na...

"Quisemos estabelecer um modelo em que se pudesse realmente estudar os mecanismos de formação das hérnias discais, porque faltam modelos adequados para estudar este fenómeno, que é complexo do ponto de vista biológico e mecânico", contou, em entrevista, a investigadora do i3S responsável pelo estudo, Raquel Gonçalves.

Desenvolvido em 2017, o estudo, que contou com a colaboração de investigadores do Instituto de Ortopedia e Biomecânica da Universidade de Ulm, na Alemanha, foi recentemente premiado pela Sociedade Alemã de Coluna com o Prémio Georg Schmorl, no valor de cinco mil euros.

Segundo Raquel Gonçalves, a equipa de investigadores, que visava compreender como se formam as hérnias discais e qual o papel do anel fibroso na sua formação, avaliou o "impacto da resposta inflamatória e da estimulação mecânica na degeneração do anel fibroso".

"Neste trabalho conseguimos demonstrar que uma ação conjunta, ou seja, uma sinergia entre o ambiente inflamatório e o impacto (medido por uma ação mecânica nesta estrutura, como torções e choques) enfraquece a resistência do anel fibroso numa zona específica mais suscetível de rutura", esclareceu.

À Lusa, a investigadora adiantou que este modelo vai permitir "desenvolver novos alvos terapêuticos" assim como "novos sinais" no diagnóstico antecipado de hérnias, que são maioritariamente causadas pelo envelhecimento dos discos intervertebrais [articulações que conferem rigidez e flexibilidade à coluna] e provocadas por má postura, falta de exercício físico e excesso de peso.

"Na clínica não há terapias para recuperar ou regenerar o disco. O que se faz ou é tratar a inflamação com recurso a fisioterapia ou anti-inflamatórios. Quando a situação não se resolve, o paciente é encaminhado para a cirurgia onde há a remoção de uma parte ou total do disco. No fundo, não há nenhuma estratégia clínica para manter os discos e tratar a dor associada", frisou.

A investigadora Raquel Gonçalves, membro do grupo 'Microenvironments for New Therapies' do i3S, espera agora que o "reconhecimento" da Sociedade Alemã de Coluna "abra portas" e permita o desenvolvimento de novas investigações.

Sociedade científica tem novo presidente para 2019-2020
A Sociedade Portuguesa de Patologia da Coluna Vertebral (SPPCV) acaba de nomear o neurocirurgião Miguel Casimiro para...

Licenciado em Medicina pela Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de Lisboa, Miguel Casimiro é especialista em neurocirurgia desde 2004. Dedica-se à cirurgia minimamente invasiva da coluna e foi pioneiro na cirurgia endoscópica da coluna em Portugal. Foi vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Neurocirurgia (2013-2014), da Sociedade Portuguesa de Patologia da Coluna Vertebral (2017-2018) e da Associação Portuguesa para o Estudo da Dor (2017-2018).

A nova direção da SPPCV é também constituída pelos médicos Jorge Alves (vice-presidente), Carla Reizinho (vice-presidente), Bruno Santiago (tesoureiro) e Nuno Neves (secretário-geral).

Nos próximos dois anos, a SPPCV pretende reforçar o seu posicionamento no ensino e investigação científica junto dos profissionais de saúde, com a organização de congressos, conferências, cursos e atividades relacionadas, e manter o seu apoio na realização de estudos no âmbito das patologias da coluna vertebral.

Pretende ainda continuar a contribuir para o apoio, desenvolvimento e implementação de campanhas de sensibilização dirigidas aos doentes e ao público em geral.

13 de fevereiro | Dia Internacional do Preservativo
O GAT (Grupo de Ativistas em Tratamento), em parceria com a AIDS Healthcare Foundation (AHF) e a Câmara Municipal de Almada,...

Durante todo o dia, duas tendas e duas unidades móveis do GAT vão ocupar a Praça São João Batista, em Almada, com várias atividades e realização de rastreios gratuitos e anónimos ao VIH, hepatites virais e sífilis. Serão também distribuídos balões em forma de coração e material informativo sobre a importância da utilização dos preservativos, demonstrando que estes fazem parte de uma estratégia de prevenção mais alargada com outras ferramentas, como o teste, a PrEP e a PPE.

Ao final dos dia, pelas 17 horas, as duas unidades móveis do GAT – a carrinha LOVE Condom e a MOVE-SE, assim como o grupo de voluntários que irá distribuir os preservativos, deslocam-se até à estação de Cacilhas para impactar os muitos passageiros que àquela hora regressam a casa.

“Com esta campanha, queremos reforçar a importância do preservativo como um objeto normal de prevenção. É importante relembrar que a infeção do VIH e outras infeções sexualmente transmissíveis não são coisa do passado, são problemas reais, que persistem no presente. O preservativo não é novidade, mas continua a ser um dos meios de prevenção mais eficaz e, por isso, continua a estar na moda”, explica Ricardo Fernandes, diretor executivo do GAT. 

Segundo o Programa Conjunto das Nações Unidas para o HIV/SIDA estima-se que, em todo o mundo, 45 milhões de infecções pelo VIH tenham sido evitadas graças ao uso do preservativo desde 1990. Se se atingir a meta de distribuição global de preservativos até 2020, evitar-se-ão 3,4 milhões de novas infecções. O custo por infeção evitada seria de aproximadamente 450 dólares, bem abaixo do custo com a oferta do tratamento antirretroviral.

Segundo o estudo “Atitudes e Comportamentos da População Portuguesa face ao VIH” (2015), somente cerca de 19% dos inquiridos utiliza sempre preservativo nas suas relações sexuais. Quase 10% das pessoas concordaria também em ter relações sexuais com um novo parceiro sem utilizar o preservativo e 16% acredita que o material do preservativo não é suficientemente forte para prevenir o VIH. De notar que 76% dos não teve acesso gratuito a preservativos no ano anterior ao inquérito.

De acordo com o estudo “Vida Sem Sida”, publicado em 2018 pela Universidade de Lisboa, um terço dos infetados pelo VIH/SIDA tem menos de 30 anos. Cerca de 97% dos jovens portugueses entre os 18 e os 24 anos estão genericamente bem informados relativamente à importância do preservativo, mas mais de 60% assumem ter relações sem o seu uso.

Saiba tudo sobre:
A doença de Parkinson é uma doença de evolução lenta e progressiva, na qual se perdem os mensageiros
Cérebro e neurónios a ilustrar a doença de parkinson

Em Portugal dois estudos epidemiológicos de prevalência apontam para a existência aproximada de 12000 doentes com doença de Parkinson. A doença pode manifestar-se pela quinta ou sexta década da vida, e só excepcionalmente mais cedo. A sua incidência aumenta com a idade constituindo esta, só por si, um factor de risco. É previsível, portanto, que o número de doentes venha a aumentar à medida que aumenta a esperança de vida. Afecta ambos os sexos com ligeira preponderância para o sexo masculino. Constitui a principal causa de incapacidade neurológica em indivíduos com idade superior a 60 anos e tem uma prevalência de 30 a 300 casos em cada 100 000 pessoas.

Factores de risco da Doença de Parkinson

Nas últimas décadas a doença de Parkinson tem sido investigada intensamente sem que a sua causa tenha sido ainda encontrada. A hipótese mais consensual neste momento é que a causa não seja única mas multifactorial, reunindo factores genéticos e factores tóxicos ambientais.

O estudo genético da doença tem sido feito em famílias, pela análise da árvore genealógica, em gémeos e num gene específico (CYP2D6). Da análise feita em famílias concluiu-se que há um componente familiar para a doença de Parkinson mas não se trata de uma hereditariedade mendeliana. O estudo de gémeos permitiu apurar que nos casos em que a instalação da doença é precoce há uma forte componente genética, e nos casos em que a doença se instala tardiamente esta componente não existe. O estudo do gene específico levanta a hipótese de haver pessoas predispostas geneticamente a serem lesadas por factores tóxicos ambientais, isto é, como se herdassem menor capacidade para resistir aos tóxicos.

A vertente ambiental ganhou maior fôlego quando em 1979 se descobriu que um tóxico (o MPTP -1-metil-4-fenil-1,2,3,6-tetrahidropiridina), provocava um sindroma parkinsónico em tudo semelhante à doença de Parkinson. A partir daí tem aumentado o número de estudos ecológicos estabelecendo uma associação entre populações em que há um aumento de frequência da doença e os tóxicos existentes no seu ambiente. Concluiu-se que tóxicos utilizados na agricultura e na indústria, como por exemplo, herbicidas e pesticidas, podem estar relacionados com a doença.

Diagnóstico e sintomas da Doença de Parkinson

A doença de Parkinson inicia-se, frequentemente, de forma insidiosa e avança de forma gradual. Os sinais cardinais da doença de Parkinson são tremor, rigidez, acinesia (perda parcial ou total do movimento do corpo) e instabilidade postural. É um quadro clínico não se inicia sempre da mesma maneira em todos os doentes. Em 70 por cento dos casos a doença começa por tremor localizado geralmente a um membro superior que atinge depois o outro membro do mesmo lado. Este tremor pode ficar confinado a metade do corpo durante meses ou anos só depois se estendendo ao outro lado. O tremor ocorre quando os membros estão em repouso e desaparece quando o doente executa movimentos, por exemplo, levar um copo à boca. Pode localizar-se noutras partes do corpo como a língua ou os lábios. É importante fazer distinção com o tremor essencial ou benigno que só aparece durante o movimento e não em repouso.

A rigidez é uma dificuldade de relaxação dos músculos. Pode atingir qualquer grupo muscular do tronco ou dos membros. Começa muitas vezes só num membro, pode variar ao longo do dia, pode ser influenciada pelo humor, pelo stress e por medicamentos.

A acinésia caracteriza-se essencialmente pelo atraso na iniciativa motora reflectindo provavelmente um tempo de reacção prolongado, execução lenta de movimentos voluntários, dificuldade de alcançar o alvo com um simples e único movimento, fadiga rápida com a execução de movimentos repetidos, incapacidade para executar acções simultâneas e incapacidade para executar acções sequenciais. Ainda outras manifestações de acinésia são o facies inexpressivo, a diminuição de volume de voz, o aumento excessivo de saliva ou ainda a micrografia (letra pequena e tremida).

Os familiares descrevem os doentes como estando "parados". Pode-se dizer que há um defeito na génese dos processos cerebrais para a programação e execução do acto motor. A instabilidade postural, ou melhor dizendo, o desequilíbrio, está mais vezes presente nos casos com maior tempo de evolução. É um desequilíbrio que se torna patente durante a marcha ou quando o doente muda de direcção. A instabilidade postural associada à alteração da marcha é usualmente o último dos sinais cardinais a aparecer; é das manifestações da doença a mais difícil de tratar e representa um traço de progressão. O doente adopta uma postura encurvada. Uma vez que perde a capacidade de fazer rapidamente uma correcção da sua postura, a tendência é cair para diante ou para trás.

Para além dos atrás descritos, outras manifestações podem acompanhar o quadro. O sinal mais precoce de dificuldade na marcha é a diminuição do balanceio dos braços. Seguidamente o doente começará também a andar com passos curtos e irregulares. Há ainda um outro fenómeno designado por freezing que aparece em muitos doentes em fase avançada da doença. É uma hesitação no início da marcha, na tentativa de se virarem ou quando se aproximam de um espaço apertado, por exemplo, o limiar duma porta.

Importa salientar que a doença não se caracteriza por diminuição da capacidade intelectual. Os doentes pensam devagar e respondem devagar mas as respostas estão certas. O pensamento é lento. Este fenómeno designa-se por bradifrenia.

O diagnóstico da doença de Parkinson é assim apenas clínico, pois não há nenhuma análise laboratorial, qualquer exame radiológico ou outro que o possa revelar, não se tendo ainda encontrado nenhum marcador biológico da doença. Isto tem levado à necessidade de estabelecer critérios de diagnóstico clínico a que um quadro deve obedecer para se considerar uma doença de Parkinson. Alguns destes critérios foram discutidos e são seguidos pelos médicos da especialidade. São instrumentos de trabalho indispensáveis à prática clínica e também à investigação. Para o estabelecimento do grau de evolução da doença utilizam-se escalas de severidade que merecem consenso internacional.

Causas da Doença de Parkinson

Na maior parte dos casos, a origem da Doença de Parkinson é desconhecida. No entanto, nalguns casos a doença de Parkinson é uma complicação tardia da encefalite viral uma infecção semelhante à gripe, relativamente pouco frequente mas grave, que causa a inflamação do cérebro. Noutros casos, a doença de Parkinson deve-se a processos degenerativos, fármacos ou produtos tóxicos que interferem ou inibem a acção da dopamina no cérebro. Por exemplo, os antipsicóticos utilizados no tratamento da paranóia grave e da esquizofrenia interferem com a acção da dopamina sobre as células nervosas.

Na profundidade do cérebro existe uma área conhecida como os gânglios basais. Quando o cérebro inicia uma acção como a de levantar um braço, os neurónios nos gânglios basais contribuem para a precisão e a uniformidade dos movimentos e coordenam as mudanças de posição. Os gânglios basais processam os sinais e transmitem a informação ao tálamo, que selecciona os impulsos processados e os envia para o córtex cerebral. Todos estes sinais se transmitem através de neurotransmissores químicos sob a forma de impulsos eléctricos pelas vias nervosas. A dopamina é o principal neurotransmissor dos gânglios basais.

Na doença de Parkinson produz-se uma degenerescência nas células dos gânglios basais que ocasiona uma perda ou uma interferência na acção da dopamina e leva a menos conexões com outras células nervosas e músculos. A causa da degenerescência das células nervosas e da perda de dopamina não é habitualmente conhecida.

O conjunto de manifestações da doença de Parkinson é assim devido a uma perda de células numa estrutura do cérebro muito pigmentada designada substância negra. O pigmento parece ser quimicamente semelhante à melanina que é responsável pela cor da nossa pele e dos nossos olhos. A substância negra envia para uma estrutura próxima, o estriado, através dos prolongamentos das suas células um neurotransmissor designado dopamina. Dois cientistas, Ehringer e Hornykiewicz, demonstraram que os doentes parkinsónicos têm falta de dopamina neste circuito neuronal, nigroestriado.

Tratamento da Doença de Parkinson

Dado que a dopamina administrada oralmente não alcança o cérebro, em 1967 o americano Cotzias começou a tratar os doentes de Parkinson com um seu precursor directo, uma substância chamada dopa. A dopa ao chegar ao cérebro transforma-se em dopamina reforçando a dopamina endógena que as células da substância negra, degenerada, fabricam em quantidade insuficiente. Esta foi a primeira terapêutica farmacológica realmente eficaz para a doença de Parkinson.

Actualmente o tratamento da doença de Parkinson é ainda exclusivamente sintomático e os objectivos desse tratamento podem ser classificados da seguinte forma; 1) controlo dos sintomas característicos da síndrome parkinsónica (tremor, rigidez e bradicinésia); 2) controlo das complicações que surgem decorrentes do tratamento com levodopa (flutuações da resposta motora e movimentos involuntários); 3) prevenção e retardamento do aparecimento das complicações referidas no ponto anterior.

Assim actualmente na abordagem terapêutica da doença de Parkinson pode utilizar-se uma ampla variedade de medicamentos, embora nenhum dos fármacos cure a doença nem suprime a sua evolução, mas facilitam o movimento e durante anos estes doentes podem levar a cabo uma vida funcionalmente activa.

Um dos grupos de fármacos que tem emergido nas últimas três décadas são os agonistas da dopamina que controlam os sintomas não por substituírem a dopamina que falta, mas porque estimulam as células sobreviventes da substância negra que passam a funcionar mais activamente. Tem também havido tentativas para encontrar substâncias químicas que impeçam a progressão da doença, isto é "substâncias neuro-protectoras".

Nos últimos anos os especialistas têm recorrido ao tratamento cirúrgico que até ao advento da dopa, foi uma terapêutica por excelência, mas que a partir da década de 60 passou para um segundo plano. Ultimamente a cirurgia da doença de Parkinson tem-se aperfeiçoado em paralelo com outras técnicas, nomeadamente a ressonância nuclear magnética, sendo cada vez mais fácil o atingir de forma certeira as estruturas cerebrais profundas por intervenção pontual.

Para além da terapêutica farmacológica ou cirúrgica outras medidas podem ajudar o doente de modo a torná-lo física e socialmente activo contribuindo para uma melhor qualidade de vida. O exercício físico adequado à doença deve ser feito diariamente com a ajuda da família se necessário.

Também uma dieta rica em fibras e uma ingestão adequada de alimentos contribuirão para combater a obstipação que pode ocorrer devido à inactividade, à desidratação e ao uso de alguns fármacos. Neste sentido é útil acrescentar suplementos à dieta e tomar laxantes para manter a regularidade da função intestinal. Deve prestar-se uma atenção especial à dieta porque a rigidez muscular pode dificultar a deglutição, e às vezes de forma grave, o que a longo prazo pode produzir desnutrição.

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Estudo
Um estudo internacional sobre a diversidade de fungos aquáticos em ribeiros de floresta, liderado por uma investigadora da...

“O aquecimento global pode induzir mudanças nas comunidades de fungos de água doce, especialmente em comunidades dominadas por espécies adaptadas a ambientes mais frios ou a ambientes com oscilações mínimas de temperatura”, afirma a Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC).

Além disso, escreve o Sapo, o aquecimento global pode também “provocar uma alteração gradual nas teias alimentares, modificando os ciclos biológicos e geoquímicos e comprometendo os serviços do ecossistema e do bem-estar humano”, alerta a mesma investigação internacional, liderada por Seena Sahadevan, do Centro de Ciências do Mar e do Ambiente (MARE) da FCTUC.

Este é “o primeiro estudo realizado à escala global sobre a diversidade de fungos aquáticos em ribeiros de floresta distribuídos ao longo de um gradiente latitudinal (do equador em direção aos polos), baseado em técnicas moleculares de nova geração (Illumina NGS)”, sublinha a faculdade.

Ao contrário dos micro-organismos do solo, cujos padrões de distribuição das espécies pelo globo estão bem definidos, “a distribuição em larga escala dos micro-organismos aquáticos, apesar do seu valor ecológico, não tem tido a mesma atenção”, refere ainda FCTUC.

“Os ecossistemas de água doce têm um papel relevante no ciclo global do carbono, inclusive os pequenos ribeiros de floresta em que a principal fonte de carbono reside nas folhas e detritos vegetais que caem sobre o leito e aí se decompõem”, acrescenta.

Este processo de decomposição – explicita a FCTUC – é conduzido pelos fungos aquáticos: “Ao libertarem substâncias para digerir as folhas, também as tornam apetecíveis para consumidores invertebrados, e por sua vez estes servirão de alimento a predadores como ninfas de libélula e peixes, dinamizando as relações tróficas”.

A investigação, já publicada na revista Science of the Total Environment, envolveu 32 investigadores de 31 instituições de 18 países – Alemanha, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China (Hong Kong), Equador, Espanha, EUA, França, Guiné, Índia, Itália, Japão, Malásia, Noruega, Portugal (incluindo Açores) e Nova Zelândia.

A partir da análise das comunidades de fungos de 19 rios, distribuídos pelos dois hemisférios, a equipa verificou que “o número de espécies de fungos varia consoante a latitude, isto é, o número de espécies é maior nas regiões temperadas de média latitude, como por exemplo Portugal e Espanha”, relata a investigadora Seena Sahadevan.

“Este padrão de distribuição diverge do padrão global, pois enquanto o número de espécies de plantas e animais diminuem quando nos afastamos do equador, os fungos aquáticos diminuem perto do equador e dos polos”.

A investigadora do MARE destaca que “outro ponto relevante do estudo foi verificar que a composição das comunidades de fungos difere claramente com a temperatura da água, tendo sido registados três grupos distintos independentemente do hemisfério onde se encontravam”.

Estudo
A lamivudina, um fármaco antiviral em fase de ensaios clínicos, conseguiu retardar "significativamente" os sinais de...

Um novo medicamento para o vírus da imunodeficiência humana (VIH) pode ser a solução para a travar o avanço do alzheimer, do parkinson, da degenerescência macular e até da artrite, escreve o Sapo. A lamivudina, um fármaco antiviral em fase de ensaios clínicos, conseguiu retardar "significativamente" os sinais de envelhecimento associados a estas patologias, garantem os autores de um estudo divulgado pela revista Nature.

Até agora, só foi testado em ratos mas, segundo os investigadores, os resultados preliminares são promissores. O novo medicamento combate a inflamação dos tecidos, um dos fatores na origem dessas doenças, asseguram os cientistas da Universidade de Nova Iorque, da Brown University, da Universidade de Rochester, da Universidade da Virgínia nos EUA e da Universidade de Montreal no Canadá.

"Quando lhes começámos a administrar este medicamento contra o VIH, observámos efeitos anti-inflamatórios surpreendentes", assegura John Sedivy, professor de ciências médicas e biologia, um dos autores do estudo. Ainda assim, a sua prescrição não será para já. "Ainda há muito trabalho para fazer", assume. "Ainda não entendemos toda a complexidade do processo de envelhecimento", refere ainda.

Patologia atinge cerca 8 mil portugueses
A esclerose múltipla (EM) é uma doença inflamatória e degenerativa crónica do sistema nervoso centra

De causa desconhecida, na sua génese têm sido descritos fatores genéticos e ambientais (infeções víricas, défice de vitamina D, tabagismo), cuja interação desencadeia alterações no sistema imunológico que provocam perda de mielina, de fibras nervosas e de neurónios.

O quadro clínico é muito variável de doente para doente. Os sintomas da EM são inespecíficos, devendo ser valorizados no contexto em que surgem: falta de força, desequilíbrio, perda de sensibilidade, formigueiros, diminuição da visão, visão dupla, queixas urinárias. Outros sintomas igualmente frequentes e incapacitantes são a fadiga, as alterações cognitivas (défices de memória, de atenção, do processamento da informação) e a depressão. A maioria dos doentes evolui na forma surto-remissão, com aparecimento de surtos (novos sintomas/sinais) intercalados por períodos de regressão. Outros doentes progridem desde o início (forma primária progressiva), outros ainda passam da fase surto-remissão para a secundária progressiva alguns anos depois.

O diagnóstico da EM assenta em critérios internacionais, os mais recentes publicados em 2017, baseados na clínica (eventos neurológicos que não são melhor explicados por outra doença) e nos exames, como a ressonância magnética cerebral e medular que mostra lesões desmielinizantes com localização e características típicas e o estudo do líquido cefalorraquidiano com bandas oligoclonais.

A EM não tem cura mas é tratável com medicamentos imunomoduladores que modificam a sua história natural, uma arma importante que surgiu há mais de duas décadas, em crescente expansão. Com mecanismos de ação e perfis de eficácia, segurança e monitorização diferentes, os imunomoduladores incluem autoinjectáveis (interferão beta, acetato de glatirâmero), orais (fingolimod, teriflunomida, fumarato de dimetilo, cladribina) e anticorpos monoclonais (natalizumab, alemtuzumab, ocelizumab), com o objetivo de parar a atividade da doença - ausência de surtos, reduzir a progressão da incapacidade, ausência de novas/expansão/captação de contraste das lesões desmielinizantes, redução da atrofia cerebral. O manejo deste tratamento requer experiência e recursos físicos e humanos adequados, incluindo outros profissionais, como enfermeiros e neuropsicólogos, em equipas interdisciplinares. O tratamento passa ainda pelo controlo dos surtos (corticoides), dos sintomas (antidepressivos, antiespásticos, anticolinérgicos, etc.) e pela reabilitação.

Os custos e o peso individual, familiar e socioeconómico da EM, têm sido estudados a nível internacional. No estudo europeu mais recente (2017), que inclui Portugal, verificou-se que os custos aumentam à medida que a doença progride, predominando os custos diretos nas fases precoces e os indiretos nas mais avançadas. Em Portugal, 98% dos doentes referiam fadiga, 74% dificuldades cognitivas e 79% estavam a tomar medicamentos modificadores da doença; os principais custos resultavam dos cuidados hospitalares, das baixas médicas prolongadas/pensões de invalidez e dos cuidados informais. No nosso país há poucos estudos epidemiológicos, mas as estimativas apontam para a existência de 6000-8000 doentes.

O International Porto Congress of Multiple Sclerosis é um evento bianual, organizado pelo Grupo de Doenças Desmielinizantes do Hospital de S. João desde 2011, que se tem afirmado no panorama científico pela qualidade dos palestrantes, oriundos dos mais diversos centros de EM internacionais, pelo cariz formativo focando sempre tópicos diferentes e pelo formato inovador permitindo uma grande proximidade e interação entre os participantes.

Esta 5ª edição, que se vai realizar de 14 a 16 de fevereiro na secção regional do Norte da Ordem dos Médicos, foi desenhada a pensar no cruzamento entre as ciências exatas e as clínicas e a sua aplicabilidade prática na área da EM e outras doenças desmielinizantes e autoimunes, com as quais é imprescindível fazer o diagnóstico diferencial. Outras sessões temáticas abordam aspetos epidemiológicos de gestão e registo da doença noutras regiões do mundo, planeamento familiar e gravidez, análise do que se alcançou e do que ainda permanece em aberto, consciencialização de que o tempo urge para se poupar cérebro, novas técnicas de análise automática de neuroimagem e biossensores, neuroimunologia e virologia, terapêuticas inovadoras. Há ainda 3 workshops – enfermagem, cognição, comunicação e liderança – pelos quais se pretende dar formação a públicos mais específicos, e apresentação de trabalhos por participantes de diferentes países, sendo atribuídos prémios à melhor comunicação oral e ao melhor poster.

Em suma, este congresso, que conta com o patrocínio científico de muitas entidades, como a Direção-Geral de Saúde, o European Committe for the Treatment and Research in Multiple Sclerosis e a Fundação Charcot, pretende fazer uma atualização e aprofundar temas que estão na ordem do dia.

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As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge
Mais de metade dos portugueses têm pelo menos uma doença crónica, uma ocorrência mais frequente nas mulheres, nas pessoas com...

De acordo com os dados do inquérito realizado pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA), divulgados a propósito do Dia Mundial do Doente, assinalado hoje, 3,9 milhões de pessoas reportaram ter pelo menos uma doença crónica das citadas numa lista de 20 doenças.

Hipertensão arterial, enfarte agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral, disritmia cardíaca, diabetes, insuficiência renal crónica, cirrose, hepatite crónica, asma, doença pulmonar obstrutiva crónica, dor crónica, osteoporose, artrite reumatoide, artrose, cancro, depressão, ansiedade crónica, úlcera gástrica ou duodenal, colesterol elevado e alergia são as 20 doenças citadas na lista.

Questionados sobre se têm “alguma doença ou problema de saúde que dure há mais de seis meses ou que se espere que venha a durar mais de seis meses, mais de metade dos inquiridos (57,8%) disseram que sim.

Quase 20% dos inquiridos (19,4%) disseram ter uma doença crónica, 17% apontaram duas e 10,4% referiram três patologias crónicas.

Os dados referem ainda que 5,2% pessoas sofrem de quatro doenças crónicas, 3% de cinco e 2,7% de seis patologias crónicas.

A ocorrência de doença crónica foi mais frequente nas mulheres (62%) do que nos homens (53,1%), nas pessoas com menos escolaridade e no grupo etário dos 65-74 anos, referem os dados do INSA.

Nos homens, as doenças crónicas mais frequentes foram hipertensão (25,1%), colesterol elevado (23,7%), alergia (11,4%), diabetes (10,4%), dor crónica (7,4%) e artrose (7,3%).

Nas mulheres, as doenças crónicas mais apontadas foram hipertensão (26,1%), colesterol elevado (25,7%), artrose (20,6%), alergia (18,1%), depressão (15,2%) e dor crónica (13,5%).

Promovido e coordenado pelo Departamento de Epidemiologia do Instituto Ricardo Jorge, o primeiro Inquérito Nacional de Saúde com Exame Físico (INSEF) foi desenvolvido em 2015 para recolha de informação epidemiológica sobre o estado, determinantes e cuidados de saúde da população portuguesa.

Os indicadores apurados referem-se à população com idades entre os 25 e os 74 anos, tendo contado com a participação de 4.911 pessoas, na sua maioria em idade ativa (84,3% com idade entre os 25 e os 64 anos), cerca de três quintos (63,4%) dos quais “sem escolaridade ou com escolaridade inferior ao ensino secundário” e 11,2% desempregados.

“Este Inquérito teve como mais-valia o facto de conjugar informação colhida por entrevista direta ao indivíduo com dados de uma componente objetiva de exame físico e recolha de sangue”, afirma o INSA.

O INSEF tem como finalidade contribuir para a melhoria da saúde dos portugueses, apoiando as atividades nacionais e regionais de observação e monitorização do estado de saúde da população, avaliação dos programas de saúde e a investigação em saúde pública.

DECO
A Deco recebeu no ano passado cerca de 2.500 queixas ou reclamações sobre serviços de saúde, sendo que 60% destes contactos...

O volume de queixas tem-se mantido constante nos últimos três anos e, segundo a jurista da DECO Carolina Gomes, o setor da saúde não é o que mais reclamações tem, "o que não significa que seja um setor sem problemas”.

“Verificamos que ainda existe uma grande dificuldade no reconhecimento e exercício dos direitos por parte dos consumidores, nomeadamente no que concerne ao direito a reclamar”, disse Carolina Gomes hoje, quando se assinala o Dia do Doente.

O desconhecimento dos seus direitos torna os consumidores “menos exigentes”, num setor “com tantas ou mais exigências” do que outros serviços.

“Noutros setores, o incumprimento dos parâmetros de qualidade gera compensações para os consumidores. Isso ainda não acontece na saúde. É importante que os consumidores tenham a literacia necessária para ser exigentes”, defende.

Segundo Carolina Gomes, as queixas no setor da saúde recebidas na Deco incidem essencialmente no tempo de espera na urgência, no atendimento nos estabelecimentos de saúde e também na qualidade do serviço prestado.

Cerca de 60% das queixas dizem respeito ao setor privado, nota a associação de defesa do consumidor.

Para capacitar os utilizadores dos serviços de saúde, a Deco lança hoje a campanha “Saúde a quem tem direito”.

“O objetivo é dar aos consumidores conhecimento sobre os seus direitos enquanto utentes de saúde, permitindo um exercício mais pleno e um comportamento mais esclarecido no sistema de saúde”, explicou Carolina Gomes.

A campanha é dirigida a todos os cidadãos e utentes dos serviços de saúde, tendo em atenção “os grupos mais vulneráveis”, que têm menos acesso á informação.

A Deco preparou vídeos explicativos sobre os vários direitos dos utentes e utilizadores dos serviços de saúde que estarão disponíveis na internet e que deverão também passar em monitores em algumas farmácias e em unidades de saúde familiar, através de uma parceria com a Associação Nacional de Farmácias e com a Associação das USF.

Ministério da Saúde
A Ordem dos Médicos vai apresentar ao Ministério da Saúde uma “proposta concreta” para ultrapassar os problemas informáticos no...

O bastonário Miguel Guimarães indicou, num encontro com jornalistas, que persistem no SNS “os graves problemas informáticos” que complicam a vida aos doentes e dificultam o trabalho dos médicos.

Nos últimos meses têm sido recorrentes as queixas de falhas informáticas em hospitais e centros de saúde, com problemas e lentidão no sistema.

“É muito excessivo o tempo que os médicos perdem com a utilização dos sistemas. Podem estar mais de uma hora sem conseguir usar o programa de prescrição, é uma coisa frequente”, lamenta o bastonário.

Miguel Guimarães estima que dentro de três semanas possa apresentar uma “proposta concreta” aos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde, dando conta igualmente à ministra da Saúde.

“Não somos peritos em informática, mas temos conhecimentos médicos e pessoas da área informática a ajudar-nos. Cansa-me que só se critique e vamos por isso fazer uma proposta concreta”, explica o líder da Ordem dos Médicos, que cumpriu no final da semana passada dois anos de mandato.

Ordem dos Médicos
As consultas de medicina geral e familiar deverão ter uma duração padrão entre os 30 e os 45 minutos, segundo uma proposta da...

A definição de tempos mínimos de intervalo entre marcação de consultas pode levar à necessidade de reduzir as listas de utentes por médico de família, no caso dos centros de saúde, uma vez que os tempos atuais são geralmente de 15 ou 20 minutos, reconhece o bastonário da Ordem dos Médicos.

Cumprindo uma das propostas do seu mandato, o bastonário vai colocar esta semana em discussão pública a proposta dos vários colégios da especialidade para os tempos padrão de consulta, que são no fundo tempos mínimos de intervalo entre consultas.

“Não é possível aceitar como inevitável a sobrecarga que atualmente se verifica nas consultas, agendadas com diferenças de escassos minutos, quando não sobrepostas, prejudicando as boas práticas clínicas e a qualidade da assistência aos doentes”, justifica o documento da Ordem.

Na apresentação deste projeto aos jornalistas, o bastonário Miguel Guimarães explicou que o objetivo é criar uma regulação dos tempos das consultas, uma vez que “a pressão que existe é grande” e “os médicos e os doentes não têm o tempo que deviam ter”.

“Esta intervenção tem a ver com a necessidade de organização do trabalho. Não significa que cada doente e cada médico não tenham o tempo que entenderem necessário”, afirmou o bastonário.

Depois de estar um mês em consulta pública, o documento tem de ser aprovado em assembleia de representantes da Ordem dos Médicos, sendo depois publicado, enquanto regulamento, no Diário da República.

O bastonário destaca que os tempos que vierem a ser definidos terão de ser aplicados tanto no público como no setor privado ou social.

Na medicina geral e familiar, a proposta da Ordem aponta vários intervalos de tempo para marcação entre consultas, consoante se são ou não primeiras consultas.

Nas primeiras consultas são recomendados tempos entre os 30 minutos e os 45 minutos, que devem ser aplicados nas consultas subsequentes que decorram com pelo menos 12 meses de intervalo.

Nas consultas de seguimento marcadas com menos de 12 meses de intervalo o tempo será entre 20 e 30 minutos. As consultas por doença aguda deverão ser marcadas com um intervalo entre 15 a 20 minutos.

Entre as várias consultas de especialidade hospitalar, os tempos variam por especialidade.

A psiquiatria da infância e adolescência é uma das especialidades que surge com tempo padrão mais elevado, sendo de 90 minutos no caso das consultas de primeira infância e na terapia familiar. Já na psiquiatria de adultos, o tempo de intervalo recomendado para as primeiras consultas é de 45 minutos, sendo de meia hora nas restantes consultas subsequentes.

Com tempos padrão de 60 minutos para primeiras consultas surgem especialidades como a genética médica, a oncologia e radioncologia, a medicina da dor e a medicina paliativa.

Com o máximo tempo padrão aparece, na proposta, a primeira consulta de acupuntura médica, com uma hora e 15 minutos.

O bastonário Miguel Guimarães destaca que a definição dos tempos padrão é essencial para proteger a relação entre clínicos e doentes.

“Os médicos têm cada vez mais de explicar ao doente a sua situação clínica e o que vão ou não fazer ao doente, discutir os possíveis tratamentos. Isto demora tempo. Não é só uma questão de diagnóstico médico, é também uma questão de empatia, de o doente ter confiança no médico e perceber exatamente o que o médico lhe está a propor”, argumentou o responsável num encontro com jornalistas para apresentar a proposta da Ordem, com base numa análise dos colégios de especialidade.

Miguel Guimarães diz que não espera resistência aos tempos padrão por parte das administrações das unidades de saúde ou das direções clínicas, embora reconheça que será necessária uma reorganização, porque atualmente os tempos são curtos e há até casos de mais do que uma consulta marcada para a mesma hora.

“Significa que os doentes têm de ter mais espaço, as unidades de saúde têm de ter mais médicos ou têm de ter mais consultas abertas. E têm de se corrigir as deficiências que existem. E ter menos utentes nas listas dos médicos de medicina geral e familiar”, avisou.

A discussão em torno da dimensão da lista de utentes por médico de família tem sido também muito levantada pelos sindicatos médicos, que querem que sejam repostas listas de 1.550 utentes, quando atualmente são 1.900 utentes por médico.

No documento que é a partir de hoje posto em discussão pública, a Ordem considera que a aplicação dos tempos padrão de consulta “exige sentido de compromisso e responsabilidade” da parte das organizações, unidades de saúde e profissionais.

“É necessário que compreendam as vantagens destas recomendações para a melhoria da qualidade dos atos médicos praticados, da saúde dos doentes e da própria organização do sistema”, refere o documento.

Ministério da Defesa
A Associação de Oficiais das Forças Armadas defendeu ontem que são urgentes medidas concretas que levem à regularização cabal,...

Num comunicado, a Associação de Oficiais das Forças Armadas (AOFA) salienta que são precisas soluções e que “basta de negligência”.

A associação lembra que o grupo José de Mello Saúde rescindiu de forma unilateral, com efeitos a partir de 01 de abril, o acordo que mantinha com o Instituto de Ação Social das Forças Armadas (IASFA/ADM), alegando o incumprimento do contrato por parte do IASFA, por atrasos de pagamentos e acumulação da dívida, “tudo indicando que outros grupos da área da saúde privada lhe seguirão o exemplo”.

Na sexta-feira o IASFA/ADM confirmou que grupo José de Mello Saúde comunicou que irá suspender o acordo para a prestação de cuidados de saúde a partir de 01 de abril, por atrasos nos pagamentos e por discordar das regras e tabelas do Regime Convencionado da ADSE, pelas quais se rege a ADM [subsistema de saúde dos militares].

Ontem, a AOFA lembra um recente relatório do Tribunal de Contas que já recomendava ao Governo soluções, e acrescenta que “no cerne encontra-se o facto de parte muito significativa das receitas provenientes dos descontos realizados pelos militares e suas famílias para a ADM não estar a ser utilizada para os fins a que exclusivamente se destinam”.

Os militares têm de descontar 3,5% do rendimento bruto para o subsistema de saúde e “encontram-se na situação de assistir impotentes à rápida implosão do Hospital das Forças Armadas e à deterioração e diminuição de acordos de saúde alternativos com entidades privadas, situação claramente insustentável”, diz-se no comunicado.

A AOFA afirma que é preciso, “com efeitos imediatos”, medidas que levem à regularização da dívida acumulada. E um debate sobre a organização do IASFA, além de “um vasto conjunto de ações que terminem imediatamente com o desvio das receitas da ADM para finalidades que não lhe incumbem”.

Na última semana começaram a ser divulgadas notícias dando conta de que grupos privados de saúde estavam ou iam rescindir acordos com a ADSE, o subsistema de saúde dos funcionários públicos.

Triénio 2019/2021
A atual bastonária da Ordem dos Farmacêuticos, Ana Paula Martins, foi ontem reeleita para o triénio 2019/2021 com 91,28% dos...

Ana Paula Martins apresentou-se a sufrágio liderando a única lista candidata aos órgãos nacionais, que contabilizou 3.526 votos, quase o dobro da votação registada há três anos.

A votação destinou-se a eleger os órgãos nacionais, regionais e os colégios de especialidade.

De acordo com uma nota da Ordem dos Farmacêuticos (OF), as eleições para a escolha dos novos órgãos sociais ficaram concluídas no sábado à noite com a votação presencial e a contagem dos votos por correspondência e por via eletrónica, procedimento introduzido pela primeira vez este ano.

De acordo com a nota, o "voto eletrónico mereceu a preferência de 80% dos farmacêuticos que participaram no ato eleitoral".

Os resultados finais do escrutínio determinaram também a eleição dos representantes dos farmacêuticos a nível regional.

Entre as duas listas candidatas à Secção Regional do Norte, a liderada pelo atual presidente, Franklim Marques, foi a mais votada, com 998 votos (67,4%), contra 417 (28,2%) da lista encabeçada por José Luís Nicolau.

Na Secção Regional do Centro, a lista única liderada por Anabela Mascarenhas registou 611 votos, enquanto na Secção Regional do Sul e Regiões Autónomas a lista única encabeçada por Luís Lourenço, obteve com 1.471 votos.

As presidências das Delegações Regionais da Madeira e dos Açores ficam respetivamente a cargo de Tiago Magro e Ana Margarida Martins, que é reeleita.

O ato eleitoral determinou ainda a eleição dos cinco Conselhos dos Colégios de Especialidade da OF.

O Conselho do Colégio de Especialidade de Farmácia Hospitalar foi o único que registou duas listas candidatas, tendo sido eleita a lista I, liderada por Paula Campos.

Segundo a nota da OF, nos restantes Colégios de Especialidade foram eleitas as listas únicas que se apresentaram a sufrágio, lideradas por Rui Pinto, no caso das Análises Clínicas e Genética Humana, por Pedro Freitas, nos Assuntos Regulamentares, Carolina Mosca, na Farmácia Comunitária, e Nuno Moreira, no Colégio de Indústria Farmacêutica.

Despacho
Os encargos com a saúde dos militares em efetividade de serviço vão passar a ser suportados pelos orçamentos dos ramos desde...

O despacho, assinado pelo ministro da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho, a 28 de janeiro, determina que “não são suportados pela entidade gestora da ADM (Instituto de Ação Social das Forças Armadas) os encargos decorrentes da prestação de cuidados de saúde a militares na efetividade de serviço” desde que prestados nas entidades do Sistema de Saúde Militar.

Para o Ministério da Defesa, as novas regras refletem “o entendimento consensual de que compete aos ramos das Forças Armadas assumir os encargos decorrentes da prestação de cuidados de saúde a militares na efetividade de serviço, desde que prestados nas entidades do Sistema de Saúde Militar (SSM)”.

Esta alteração vai ao encontro de uma das recomendações do relatório de auditoria do Tribunal de Contas, divulgado sexta-feira, no sentido de os encargos com a saúde dos militares deverem ser assumidos pelo Estado, e não pelos descontos dos beneficiários do subsistema de Saúde, ADM.

A existência de encargos suportados pela ADM “que competia ao Estado suportar” têm induzido o crescimento da dívida contabilizada do IASFA, refere o relatório do Tribunal de Contas.

De acordo com o novo despacho, a Assistência na Doença aos Militares continuará a suportar os encargos prestados em outras entidades com as quais aquele subsistema tenha celebrado acordos ou da livre escolha dos beneficiários, refere o documento.

Os encargos de saúde dos restantes beneficiários da ADM continuam no Hospital das Forças Armadas continuam também a ser suportados pelo subsistema de saúde, de acordo com o documento.

A medida, que está para publicação em Diário da República e produz efeitos a 01 de janeiro, revoga um despacho de 2015 que diferenciava a “saúde operacional” e a “saúde assistencial” dos militares no ativo e em efetividade de serviço, sendo que só a “saúde operacional” era suportada pelos ramos das Forças Armadas.

O despacho de João Gomes Cravinho conclui que aquelas mudanças “vieram consubstanciar um peso demasiado expressivo da ADM no financiamento do Sistema de Saúde Militar” que conduziram “ao avolumar da dívida da entidade gestora da deste subsistema [IASFA] a terceiros”.

Reconhecendo que se trata de “uma medida avulsa”, o despacho “terá necessariamente uma vigência limitada no tempo, até que seja aprovada uma reforma mais estrutural da ADM e do SSM”, indica o documento, remetendo para o final de março de 2019 outras medidas de reforma para a sustentabilidade do sistema de saúde militar.

O despacho determina ainda o reforço dos orçamentos dos ramos das Forças Armadas e do EMGFA visando suportar as despesas de saúde, num total de 4,2 milhões de euros.

A verba atribuída à Marinha foi cerca de um milhão de euros, ao Exército de 2,1 milhões, à Força Aérea de 776 mil euros, ao EMGFA 288 mil euros e à secretaria geral de 50 mil euros.

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