Estudo
As alterações climáticas estão a mudar a energia na atmosfera, levando a verões mais tempestuosos, mas também a longos períodos...

O estudo, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, Estados Unidos, (MIT na sigla original), constata que o aumento da temperatura global alimenta as tempestades com mais energia, mas que a circulação do ar vai estagnar em regiões do hemisfério norte, incluindo a América do Norte, a Europa e a Ásia.

De acordo com os cientistas, o aumento da temperatura, principalmente do Ártico, está a redistribuir a energia na atmosfera, colocando mais energia nas tempestades e menos nos ciclones extra-tropicais de verão, que circulam por milhares de quilómetros e que estão associados a ventos e a frentes que geram chuva.

“Os ciclones extra-tropicais ventilam o ar e dispersam a poluição, por isso, com ciclones extra-tropicais mais fracos no verão estamos perante um potencial para dias de qualidade do ar mais pobre nas áreas urbanas”, disse um dos autores do estudo, Charles Gertler, acrescentando que se caminha para verões com tempestades mais destrutivas e muitos dias mais quentes e abafados.

Com os resultados publicados na revista científica “Proceedings of the National Academy of Sciences”, a publicação oficial da Academia de Ciências dos Estados Unidos, os autores dizem que os ventos associados aos ciclones extra-tropicais diminuíram devido às alterações climáticas.

Os ciclones extra-tropicais são grandes sistemas meteorológicos que geram mudanças rápidas de temperatura e de humidade e podem estar associados a nuvens, chuva e vento.

Quanto maior as diferenças de temperatura entre, por exemplo, o Ártico e o Equador mais forte será um ciclone. Como nas últimas décadas o Ártico aqueceu mais depressa do que o resto da Terra, diminuíram as diferenças de temperatura.

O que os cientistas fizeram foi investigar como é que isso afetou a energia disponível na atmosfera e descobriram que desde 1979 que a energia disponível para os ciclones extra-tropicais em larga escala diminuiu 6%, enquanto a energia que pode alimentar tempestades menores e mais locais aumentou em 13%.

Greve dos enfermeiros
A Procuradoria-Geral da República considerou a greve dos enfermeiros ilegal por não corresponder ao pré-aviso e porque o fundo...

Segundo o parecer complementar do Conselho Consultivo da Procuradoria-Geral da República (PGR) publicado em Diário da República, que se refere à greve aos blocos operatórios decretada em novembro e dezembro, os enfermeiros, apesar de terem paralisado de forma intercalada, devem perder o salário referente a todo o período da greve.

“Não deve ser admitida a desproporção entre os prejuízos causados à entidade patronal e as perdas salariais sofridas pelos trabalhadores em greve, pelo que os descontos salariais devem ter em conta não só o período efetivo em que cada trabalhador se encontrou na situação de aderente à greve, mas também os restantes períodos que, em resultado daquela ação concertada, os serviços estiveram paralisados”, refere documento.

Quanto ao financiamento colaborativo (crowdfunding) usado pelos enfermeiros, o parecer considera que "não é admissível que os trabalhadores aderentes a uma greve vejam compensados os salários que perderam como resultado dessa adesão através da utilização de um fundo de greve que não seja constituído, nem gerido pelos sindicatos que decretaram a greve".

No parecer complementar pedido pelo Ministério da Saúde, o Conselho Consultivo da PGR diz que a modalidade que a greve assumiu “não constava do aviso prévio emitido pelos sindicatos que a decretaram”, pelo que, “pela surpresa que constituiu a forma como ocorreu, face ao conteúdo do aviso prévio, foi ilícita”.

“A greve anunciada no aviso prévio tinha uma configuração clássica, na qual os trabalhadores aderentes, simultaneamente, se abstêm de trabalhar, de forma contínua, durante todo o período em que a greve decorre, nada nele indiciando que a greve viesse a incidir nos serviços prestados nos blocos operatórios e que os enfermeiros faltassem alternadamente, de forma organizada, de modo a impedir a constituição das equipas que realizam as cirurgias”, refere a PGR.

Nos avisos prévios de greve emitidos pela ASPE [Associação Sindical Portuguesa dos Enfermeiros] e o SINDEPOR [Sindicato Democrático dos Enfermeiros de Portugal] “apenas é mencionado que a greve decretada por estas estruturas sindicais teria início às 08:00 do dia 22 de novembro e termo às 24:00 do dia 31 de dezembro de 2018, abrangendo todos os turnos que comportam as 24 horas dos dias compreendidos naquele período de forma ininterrupta, sob a forma de paralisação total do trabalho”, acrescenta.

Para o Conselho Consultivo da PGR, a greve anunciada não teve qualquer correspondência “com a modalidade da greve executada (greve parcial setorial e rotativa), pelo que constituiu uma ‘greve surpresa’, não pela sua ocorrência, mas pelo modo como ela se desenrolou”.

Já sobre o uso da figura do financiamento colaborativo, a PGR diz que constitui “uma ingerência inadmissível na atividade de gestão da greve, que incumbe exclusivamente às associações sindicais que a decretaram”.

Sobre esta matéria, diz ainda que esta violação da lei “pode determinar a ilicitude da greve realizada com utilização daqueles fundos, caso se demonstre que essa utilização foi um elemento determinante dos termos em que a greve se desenrolou”.

“Estamos perante um processo de obtenção de financiamento, que comporta riscos de instrumentalização das organizações sindicais e dos trabalhadores em greve”, diz ainda a PGR sobre a constituição de um fundo de greve através de uma operação de ‘crowdfunding’.

A PGR recorda que as estruturas representativas dos trabalhadores são, segundo o código do trabalho, independentes do Estado, de partidos políticos, de instituições religiosas ou associações de outra natureza, e que estão proibidos “qualquer ingerência destes na sua organização e gestão, bem como o seu recíproco financiamento”.

“A constituição de fundos de greve, dado estarmos perante uma atividade financeira, é um ato sindical abrangido por esta proibição”, refere o parecer da PGR, acrescentando: “A ilicitude desses donativos poderá estender-se à greve por eles subsidiada, caso se demonstre que estes, pela sua dimensão ou outras circunstâncias, foram determinantes dos termos em que a greve se desenrolou”.

Neste parecer complementar, a PGR esclarece igualmente que o Conselho Consultivo, em sede relativa à emissão de “parecer restrito a matéria de legalidade” à solicitação do Governo, “carece de legitimidade para o desenvolvimento de qualquer investigação autónoma e julgamento sobre a ‘matéria de facto’” e que, por isso, assume como pressupostos os dados que lhe foram fornecidos pelo Ministério da Saúde.

ADSE
O Conselho Geral e de Supervisão da ADSE reúne-se hoje com a ministra da Saúde, Marta Temido, após o apelo deste órgão ao &quot...

O encontro, que contará também com a presença do secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Francisco Ramos, foi pedido pelo Conselho Geral e de Supervisão (CGS) após a última reunião deste órgão consultivo onde têm assento representantes dos beneficiários e do Governo.

Nestes últimos dias tem vindo a público a intenção de grupos de saúde privada, entre os quais a José Mello Saúde (que gere os hospitais CUF), a Luz Saúde e os Lusíadas, suspenderem as convenções com a ADSE a partir de abril.

A ADSE exige o pagamento de 38 milhões de euros aos privados por excesso de faturação referente a 2015 e 2016, uma exigência que é contestada pelos hospitais.

Na última reunião do órgão consultivo, em 12 de fevereiro, o CGS aprovou, por unanimidade, uma resolução a apelar para um “urgente diálogo” entre os prestadores de saúde e o conselho diretivo do instituto público para uma solução.

Também o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, pediu "bom senso e capacidade de entendimento" entre os grupos privados de saúde e a ADSE, enquanto o primeiro-ministro, António Costa, garantiu que o sistema de saúde da função pública não vai acabar.

"Acho que é preciso uma palavra de confiança a todos os beneficiários da ADSE. Os cuidados de saúde não estão em causa, estarão integralmente assegurados, assim como também está assegurada a continuidade da ADSE. Para isso, é essencial que a ADSE mantenha boas condições de solidez financeira e boas condições comerciais", afirmou o chefe do Governo.

Por sua vez, a Associação Portuguesa de Hospitalização Privada (APHP) considerou que “ainda há espaço” para os grupos de saúde privada voltarem atrás relativamente ao fim das convenções com a ADSE, abrindo a porta ao diálogo com o Estado.

No parlamento, a comissão de Saúde aprovou por unanimidade a audição da ministra da Saúde e do Conselho Diretivo da ADSE, a pedido do BE.

Estudo
Estudo do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, publicado no jornal médico ‘Acta Odontologica Scandinavica’, mostra...

De acordo com esta análise, apenas 65% dos portugueses adultos, entre os 25 e os 74 anos, escova os dentes pelo menos duas vezes ao dia. Isto significa que 35% da população ainda não adotou o comportamento recomendados pelas entidades de saúde em matéria de higiene oral

Tendo por base os dados recolhidos no primeiro Inquérito Nacional de Saúde com Exame Físico em 2015, este estudo realizado pelo INSA através do seu Departamento de Epidemiologia teve como objetivo apurar a prevalência de hábitos de higiene oral na população portuguesa e avaliar a sua associação com fatores sociodemográficos e socioeconómicos.

O estudo, que contou com a colaboração de 4911 indivíduos, mostra que aqueles que residem em áreas urbanas e aqueles que possuem maior nível educacional são os que mais cuidados têm quanto a esta matéria. Os resultados mostram, por outro lado, que os homens com baixa escolaridade são o que menos se preocupam com a sua saúde oral. 

Outro dos resultados mostra que a adesão às recomendações de escovagem dos dentes emitidas pela Direção-Geral da Saúde é superior nas mulheres (75,1% versus 53,9% nos homens).

Neste sentido, «estes resultados sugerem a necessidade de abordagens integradas, desde medidas que lidam com as desigualdades sociais até ações focadas na melhoria da literacia em saúde. Também é importante expandir os serviços de assistência odontológica e melhorar a cobertura efetiva para aumentar o acesso da população rural», recomendam os doze analistas que assinam o estudo do INSA.

 

 

Neuropatia Ótica Hereditária de Leber
O serviço de Oftalmologia do Centro Hospitalar de São João é um dos serviços, a nível europeu, que participa no estudo LEROS,...

São, ao todo, três os doentes portugueses incluídos neste estudo, a quem a doença foi diagnosticada há até cinco anos. “É um estudo em que são avaliados os efeitos da administração deste medicamento durante um período de dois anos”, explica Sérgio Silva Estrela, oftalmologista do Centro Hospitalar de São João, um dos médicos envolvidos no trabalho.

A Neuropatia Ótica Hereditária de Leber (LHON) é uma doença genética mitocondrial. Apesar de ser a doença mitocondrial mais frequente e de ser a primeira com tratamento aprovado pela Agência Europeia do Medicamento, o atraso no diagnóstico é ainda uma realidade, para a qual alertou recentemente um grupo de especialistas mundiais, num documento onde se definiram as guidelines e critérios para a gestão clínica e terapêutica da LHON.

A LHON é atualmente entendida como a doença mitocondrial (que afeta a mitocôndria, o centro fornecedor da energia das células) mais frequente (uma em 27.000-45.000 pessoas), resultante de uma mutação genética, de transmissão materna, que afeta sobretudo jovens adultos do sexo masculino entre os 18 e os 35 anos. Os doentes são normalmente assintomáticos, isto até à perda rápida e progressiva da visão central, com distorção e visão turva num dos olhos, a que se costumam seguir iguais sintomas, semanas ou meses depois, no outro olho.

Estudo
Estudo comprova que as células reprodutivas masculinas mais lentas são impedidas de chegar ao óvulo por ação do corpo feminino,...

Os espermatozoides mais lentos são impedidos de ter sucesso na fecundação por ação do corpo feminina. Um conjunto de cientistas encontrou provas de que a operação reprodutiva feminina é moldada de forma a bloquear os mais lentos, impedindo-os de atingir o seu objetivo. O estudo foi feito por investigadores da Universidade de Cornell, em Nova Iorque.

A investigação científica centrou-se no órgão reprodutor feminino e observou o comportamento das células reprodutivas masculinas desde o colo do útero até o óvulo, escreve o Observador. Há vários pontos ao longo do caminho que os espermatozoides percorrem que funcionam como portões. Assim, só os mais velozes conseguem ultrapassar estas várias barreiras.

O teste foi feito com espermatozoides de homens e de touros. E a conclusão foi a mesma para ambos: os mais fortes e mais rápidos são os mais talhados para atravessar os pontos estreitos, enquanto os mais lentos ficam presos nas correntes dos fluidos femininos, que os impedem de chegar ao óvulo.

Essas restrições evitam que os espermatozoides passem facilmente e selecionam os espermatozoides com maior mobilidade”, disse Alireza Abbaspourrad, cientista e principal autor do estudo, citado pelo The Guardian.

O comportamento dos espermatozoides já foi alvo de vários estudos no passado. Neste caso, os cientistas da universidade norte-americana examinaram especificamente de que forma é que as células reprodutivas masculinas reagem quando atingem as partes mais estreitas do órgão reprodutor feminino. De todo o percurso, a abertura para as trompas de falópio é o mais desafiante, já que nesta etapa os fluidos femininos circulam na direção oposta.

Para ver como o sémen se comportava nos pontos mais estreitos, os investigadores construíram um pequeno dispositivo “microfluídico” que imitava os pontos críticos que o espermatozoides tinham de ultrapassar.

A maioria dos estudos tende a usar dispositivos com canais de natação longos e retos, “que testam sobretudo a resistência” dos espermatozoides, explicou à revista Science News o académico David Sinton, da Universidade de Toronto, que não esteve envolvido na pesquisa.

Ao The Guardian, Abbaspourrad explicou que o padrão de movimento seguido tanto pelo espermatozoide humano como pelo do touro também deixou os investigadores espantados. “A parte mais surpreendente para nós foi a forma como os espermatozoides fazem um caminho com forma de borboleta”, confessou.

Estudo
Estudo aponta limitações à informação que se transmite aos adolescentes quando estão doentes.

A falta de tempo é um dos principais problemas dos médicos que acompanham doentes adolescentes. Esta é uma das conclusões de um estudo acabado de publicar sobre a informação que os adolescentes recebem quando estão doentes ou internados.

A Convenção sobre os Direitos das Crianças e o Código Penal português preveem que os menores de 16 e 17 anos devem ser bem informados quando têm uma doença e aprovar (ou não) os tratamentos propostos pelos médicos, escreve a TSF.

A pediatra Maria do Céu Machado, que coordenou o estudo (professora da Faculdade de Medicina de Lisboa e também presidente do Infarmed), explica que os avanços a este nível têm sido grandes nas últimas décadas, mas ainda há limitações: os médicos até querem explicar, mas falta-lhes tempo.

O estudo também conclui que, por norma, os adolescentes e os pais desconhecem as normas legais sobre o chamado "consentimento informado", ou seja, o princípio de que estes (tal como os adultos) devem compreender e decidir sobre os tratamentos a que são sujeitos, percebendo vantagens e riscos, nomeadamente a partir dos 16 anos.

Razões que levam os autores do estudo a proporem programas de sensibilização pois os folhetos que atualmente existem nos serviços de saúde têm uma linguagem que nem é compreendida pelos adolescentes.

Redes sociais
Ativistas contra as vacinas queixam-se de falta de liberdade de expressão.

A rede social Facebook vai suprimir publicações anti vacinação. O objetivo é proibir a divulgação de informação que possa colocar em causa a saúde pública, avança a CNN.

"Temos vindo a dar passos para diminuir a distribuição da desinformação relacionada com a saúdo no Facebook, mas sabemos que há mais a fazer. Atualmente, estamos a trabalhar com especialistas para fazermos mais mudanças, que anunciaremos em breve", disse na passada sexta-feira um representante da rede social.

A ideia, escreve o Diário de Notícias, surgiu porque nos últimos anos, muitos ativistas contra a vacinação têm usado o Facebook para partilhar comentários e informação na tentativa de dissuadir os cidadãos de tomarem vacinas. Para além disto, estão a aumentar o número de casos de sarampo e de outras doenças infecciosas nos Estados Unidos. No estado de Washington, onde as taxas de vacinação atingem números muito baixos, foi declarado o estado de emergência em janeiro por causa de um surto de sarampo que afetou pelo menos 58 pessoas.

A medida conta com o apoio do professor e fundador do departamento de ética médica da Universidade de Nova Iorque, Arthur Caplan, e do presidente do Comité norte-americano da Inteligência, Adam Schiff, que dirigiu uma carta aberta aos diretores do Facebook, Mark Zuckergers, e do Google, Sundar Pichhai, onde manifestava a sua preocupação com a crescente informação sobre a não vacinação que circula na internet. "O Facebook e o Instagram estão a recomendar mensagem onde se desencoraja os pais de vacinarem os filhos - uma ameaça direta à saúde pública e o reverter do progresso do combate às doenças evitáveis através da vacinação", escreveu.

"Não há evidências que sugiram que as vacinas causam doenças fatais ou incapacitantes e a disseminação das teorias infundadas sobre os perigos da vacinação representam um grande risco para a saúde pública", continuou Schiff.

Quem não está satisfeito com a posição do Facebook são os ativistas anti vacinação que na semana passada, organizaram-se para protestar em frente ao Congresso, em Washington. Afirmam que a medida promove a falta de liberdade de expressão e coloca em causa a saúde pública.

40 mil crianças e jovens portugueses têm síndrome de Asperger
Os primeiros sinais de alerta da síndrome de Asperger podem surgir aos 18 meses e a pediatra Mafalda
Criança sentada de frente para urso de peluche

A síndrome de Asperger é um distúrbio do espetro do autismo, de causa desconhecida, embora se pense que possa ter origem genética. As crianças com síndrome de Asperger apresentam dificuldades ao nível da interação social e problemas de comportamento mas, ao contrário do que acontece no autismo clássico, desenvolvem a linguagem e são capazes de comunicar verbalmente.

Por isso é tão importante compreender e aprender a gerir os comportamentos de uma criança com síndrome de Asperger.

Com que idade é possível fazer o diagnóstico?

Aos 18 meses, a criança já revela alguns sinais:

  1. Não olha os outros nos olhos;
  2. Não aponta;
  3. Não revela qualquer intenção de comunicar;
  4. Não tem jogo simbólico, ou seja não consegue “brincar ao faz de conta” (quando agarra num carrinho faz rodar as rodas mas é incapaz de simular o movimento deste na estrada);
  5. Mostra interesses obsessivos e comportamentos repetitivos, sem nenhuma intenção funcional ou comunicativa (corre à volta de uma sala, sem nenhum interesse pelo que está à volta; ou abana os braços continuamente, não para mostrar contentamento ou outro sentimento, mas sem qualquer intenção).

Como se trata a síndrome de Asperger

Em alguns casos, os médicos podem prescrever medicação para minorar problemas associados, como a ansiedade. Todas as crianças podem, porém, melhorar as suas competências sociais e de comunicação se tiverem acompanhamento especializado de educadores de ensino especial e outros técnicos. Quanto mais cedo se iniciar esse trabalho, em casa e na escola, melhores poderão ser os resultados.

Como lidar e ajudar uma criança com síndrome de Asperger?

Distrair sem proibir

Os comportamentos obsessivos e repetitivos têm, para estas crianças, uma função securizante. É importante não proibir ou contrariar impulsivamente (por exemplo, retirando-lhe da mão o objeto), o que pode causar-lhes grande agitação — é mais eficaz distraí-los.

Respeitar

A mudança é quase sempre mal recebida. Em questões de menor importância, como a criança insistir em só querer comer iogurtes de uma determinada marca, os pais devem facilitar e respeitar o pedido.

Antecipar e explicar

Alterações na rotina diária causam grande perturbação. Qualquer troca de planos — por exemplo, a criança está doente e vai ficar com a avó — deve ser antecipada, explicada e, sempre que possível, acompanhada.

Compreender as limitações para poder trabalhá-las

Há características que são comuns a todas crianças com síndrome de Asperger, independentemente do seu quociente de inteligência. Tendem a interpretar literalmente qualquer palavra ou frase e têm muita dificuldade em captar um segundo sentido ou intenção, o que as faz falhar socialmente (na interpretação de tiradas humorísticas ou maliciosas) e traz problemas escolares (sobretudo no português). Além disso, apresentam dificuldades no que respeita à capacidade de adaptação (se todos os dias fazem o mesmo percurso e um dia o autocarro avaria, ficam perturbadas e é-lhes difícil reorganizarem-se para tomar uma decisão alternativa simples como “ir a pé”, “telefonar a alguém” ou “chamar um táxi”).

A importância dos estímulos

Cada caso é um caso, mas as competências de cada criança podem sempre ser estimuladas e melhoradas. Uma criança com síndrome de Asperger, acompanhada desde cedo, pode fazer o percurso escolar habitual. Estas crianças têm interesses muito específicos — números, mapas, um determinado período histórico, entre outros. Em alguns casos, essas capacidades são mais tarde dirigidas com sucesso a uma área de estudo ou de trabalho específica.

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Foto: 
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Direção-Geral da Saúde
Mais de 950 casos de incidentes de violência contra profissionais de saúde foram registados só no ano passado, ficando 2018...

Do total de 4.256 registos desde o início do sistema, em 2007, a maioria dos casos (62%) diz respeito a assédio moral, sendo 17% casos de violência verbal e 12% de violência física.

Deste modo, houve, numa década, cerca de 500 casos de violência física contra profissionais de saúde nos seus locais de trabalho.

No final de 2018, o sistema de notificação dos incidentes tinha um acumulado desde 2007 de 4.256 registos de violência contra profissionais de saúde no seu local de trabalho, quando no final de 2017 eram 3.303 as notificações.

Segundo os dados analisados, houve no ano passado 953 notificações de casos de violência contra profissionais de saúde.

Trata-se de um aumento ainda superior ao registado em 2017, com 678 casos, que já acusava um acréscimo em relação a 2016.

Segundo os dados anuais discriminados que a Direção-Geral da Saúde (DGS) tem publicado, em 2015 tinham sido registados 582 incidentes relativos a violência contra profissionais de saúde no local de trabalho, em 2014 houve 531 e, em 2013, foram notificados 202.

Do total de registo de incidentes de violência, em mais de metade das situações (55%) o agressor é o utente ou doente, havendo 20% em que são familiares e outros cerca de 20% em que o agressor é outro profissional de saúde.

Os enfermeiros são o grupo que mais casos de incidentes de violência têm registado, com 52% do total, sendo também a classe com maior número de trabalhadores no setor da saúde.

Aos enfermeiros seguem-se os médicos, com um quarto dos incidentes e, depois, os assistentes técnicos, assistentes operacionais e outros.

O problema da violência contra os profissionais de saúde foi também levantado por um estudo divulgado em dezembro pela Associação Nacional das Unidades de Saúde Familiar. A análise indicava que em 80% das unidades tinham sido registados casos de ameaça ou agressão verbal a profissionais e que em 14% houve mesmo situações de violência física.

Em maio do ano passado, a agressão física a um médico de um centro de saúde, por se recusar a passar uma baixa a um doente, motivou a indignação da Ordem dos Médicos.

Tratava-se de um médico recém-especialista no centro de saúde da Chamusca, que foi agredido fisicamente pelo companheiro de uma utente que lhe tinha solicitado uma renovação de baixa médica, após o clínico se ter recusado a passá-la.

O médico tinha tentado procurar junto da utente dados clínicos para a baixa e percebeu que não havia motivos para a passar.

Na altura, o bastonário Miguel Guimarães considerou necessário intervir para acabar com a "elevada taxa de agressões a profissionais de saúde", entendendo que já deviam ter sido tomadas medidas para diminuir a conflitualidade no Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Melhorar as condições de trabalho e a relação entre médicos e doentes eram dois dos aspetos focados pelo representante dos médicos.

Serviço Nacional de Saúde
Cerca de 40% dos atendimentos em urgência nos hospitais públicos no ano passado foram considerados pouco ou nada urgentes,...

Os números das urgências por triagem de Manchester, que determina o grau de prioridade clínica, indicam que quase 2,2 milhões dos atendimentos receberam pulseira verde ou azul, sendo considerados pouco urgentes ou não urgentes, segundo dados disponíveis no portal da Transparência do SNS.

A atribuição do verde e do azul como prioridade clínica significa que os utentes poderiam ser encaminhados para outros serviços de saúde, como os cuidados primários.

Os 40% de atendimentos em urgência hospitalar que em 2018 não foram considerados realmente urgentes aquando da triagem estão em linha com a proporção que se tem verificado nos últimos anos.

O Ministério da Saúde divulgou na quinta-feira números que exibem que as urgências hospitalares registaram uma subida ligeira em 2018, num total de 6,36 milhões de atendimentos, depois de no ano de 2017 se ter verificado uma redução.

A análise aos dados do portal do SNS sobre a proporção na atribuição de prioridades teve em conta os 5,5 milhões de atendimentos com uma das cinco cores da triagem de Manchester, uma vez que há casos sem pulseira atribuída e outros com pulseira branca (recebidos por razões administrativas ou casos clínicos específicos).

As cores da triagem de Manchester são vermelho (emergente), laranja (muito urgente), amarelo (urgente), verde (pouco urgente) e azul (não urgente).

Os dados de 2018 mostram que a cor amarela foi a pulseira mais vezes atribuída nas urgências no ano passado, com 2,6 milhões de atendimentos.

A atribuição de prioridade laranja – casos muito urgentes – foi dada a menos de 600 mil atendimentos num total de 6,3 milhões, enquanto a vermelha foi atribuída em 20.500 casos.

De acordo com os números do portal do SNS, houve ainda no ano passado mais de 700 mil atendimentos sem triagem de Manchester efetuada e cerca de 160 mil casos com atribuição de pulseira branca.

Enfermeiros
A Ordem dos Enfermeiros considera que o crescente absentismo no setor da saúde mostra que “os próprios serviços e contextos de...

A bastonária Ana Rita Cavaco revelou que a Ordem encomendou um estudo à equipa da investigadora Raquel Varela com o objetivo de avaliar em que medida a forma de gestão dos recursos humanos e as condições de trabalho contribuem para a taxa de absentismo dos enfermeiros.

“Os enfermeiros têm das maiores taxas de absentismo, que a nível nacional se situa nos 13%, mas há hospitais que chegam aos 15% de absentismo só nos enfermeiros”, referiu Ana Rita Cavaco.

Dados oficias demonstram as faltas ao trabalho no setor da saúde por todos os motivos em 2018, passando para o equivalente a mais de quatro milhões de dias perdidos. Também as faltas por motivo de greve voltaram a disparar, para mais de 180 mil dias de trabalho perdidos.

A bastonária dos Enfermeiros recorda que dados recentes da Ordem mostram que um em cada cinco enfermeiros está a trabalhar em ‘burnout’ e que dois terços têm um nível de 'stress' muito elevado.

Para a representante da classe, as atuais condições dos serviços e a forma como são geridos os profissionais têm contribuído para os constantes aumentos da taxa de absentismo pelo menos nos últimos três anos.

Ana Rita Cavaco afirma que há administrações a gerir os profissionais com base na coação, no medo e na ameaça”, pressionando a que não exerçam direitos legais, como redução de horário com filhos menores ou nos casos de amamentação.

A Ordem dos Enfermeiros encomendou ainda um outro estudo à equipa do economista e investigador Pedro Pita Barros, com o objetivo de aferir a taxa de abandono da profissão, bem como as razões.

“Há enfermeiros que pura e simplesmente desistem, querem sair desta profissão”, lamenta a bastonária.

Os administradores hospitalares consideraram já preocupante o aumento do absentismo geral no setor público da saúde e avisaram que pode retratar o estado das condições de trabalho e a motivação dos profissionais.

O presidente da Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares, Alexandre Lourenço, sublinha que as faltas ao trabalho na saúde em 2018 atingiram níveis “muito elevados”, apresentam tendência de crescimento ao longo dos últimos anos e que isso deveria merecer atenção especial por parte do Ministério da Saúde e também dos hospitais.

“A ausência geral é preocupante, uma vez que retrata muitas vezes as próprias condições de trabalho e motivação dos profissionais”, declarou.

Sobre as ausências dos trabalhadores do Serviço Nacional de Saúde por motivo de greve em 2018, o representante dos administradores hospitalares considera que refletem um ano “extraordinariamente conflituoso”.

Dia de marcha pela enfermagem
A Associação Sindical Portuguesa dos Enfermeiros vai decretar greve nacional para dia 8 de março, para permitir a participação...

O anúncio foi feito na página oficial da Associação Sindical na rede social Facebook.

A Associação Sindical Portuguesa dos Enfermeiros (ASPE) indica que a “marcha branca” de homenagem à enfermagem não está a ser organizada pelos sindicatos, mas decidiu avançar para a marcação de um dia de greve geral “para facilitar a participação de todos os enfermeiros” no desfile.

A marcha tem sido divulgada também através das redes sociais pelo Movimento Nacional de Enfermeiros, que dizem que estes profissionais “continuam focados” em “demonstrar o verdadeiro papel do enfermeiro como agente fulcral na persecução de qualidade de cuidados de saúde para todos”.

Coincidindo com o Dia da Mulher, a “marcha branca” pretende homenagear ainda “uma das figuras centrais da enfermagem”, Florence Nightingale, enfermeira que no século XIX mudou o paradigma da profissão, tendo sido considerada pioneira no tratamento a feridos de guerra, durante a Guerra da Crimeia.

Entre os motivos que fundamentam a marcação da greve para dia 8 de março, a ASPE refere a “dignificação da profissão” e o descongelamento das progressões na carreira, um dos pontos que mantém em oposição sindicatos e Governo e que motivou já duas greves em blocos operatórios, uma delas em curso ainda em dez hospitais.

A ASPE é um dos dois sindicatos responsáveis pela convocação das duas greves cirúrgicas.

Administradores
Os administradores hospitalares consideram preocupante o aumento do absentismo geral no setor público da saúde e avisam que...

O presidente da Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares, Alexandre Lourenço, sublinha que as faltas ao trabalho na saúde em 2018 atingiram níveis “muito elevados”, apresentam tendência de crescimento ao longo dos últimos anos e que isso deveria merecer atenção especial por parte do Ministério da Saúde e também dos hospitais.

“A ausência geral é preocupante, uma vez que retrata muitas vezes as próprias condições de trabalho e motivação dos profissionais”, declarou Alexandre Lourenço.

Sobre as ausências dos trabalhadores do Serviço Nacional de Saúde por motivo de greve em 2018, o representante dos administradores hospitalares considera que refletem um ano “extraordinariamente conflituoso”.

No sábado foram divulgados dados oficias que demonstram que as faltas ao trabalho no setor da saúde por motivo de greve voltaram a disparar em 2018, para mais de 180 mil dias de trabalho perdidos.

As ausências por todos os motivos, que não apenas as greves, subiram também em 2018, passando para o equivalente a mais de quatro milhões de dias perdidos.

Com base nestes dados, Alexandre Lourenço indica que o absentismo total pode equivaler a uma média diária de 16 mil trabalhadores em falta. Quanto às ausências por greve, correspondem a 725 colaborares em falta, em média, diariamente.

“É um número muito elevado [o das ausências por greve], e é muito elevado comparando com os anos de 2014, 2015 e até 2016”, refere o presidente da Associação dos Administradores Hospitalares.

Apesar do aumento do absentismo global, Alexandre Lourenço destaca que o Serviço Nacional de Saúde conseguiu em 2018 fazer mais consultas médicas e teve apenas um ligeiro decréscimo de cirurgias.

“Isto mostra a resiliência do sistema e a grande resiliência e elevados níveis de produtividade dos profissionais de saúde”, comenta.

Lembra ainda que os hospitais têm, desde 2015, um “problema grave de autonomia”, sendo incapazes de substituir de forma célere e eficaz as ausências prolongadas dos profissionais, por doença ou parentalidade.

Alexandre Lourenço indica ainda que será importante perceber que efeito teve o absentismo global no setor público da saúde nas horas extraordinárias dos profissionais.

Serviço Nacional de Saúde
As faltas ao trabalho no Serviço Nacional de Saúde por motivo de greve voltaram a disparar em 2018, para mais de 180 mil dias...

As greves totalizaram o equivalente a 181.238 dias de trabalho no setor público da saúde no ano passado, pelo menos mais 60 mil dias do que o verificado no ano anterior, segundo dados do portal do Serviço Nacional de Saúde e confirmados pela Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS).

As faltas por greve em 2018 mais do que duplicaram relativamente ao ano de 2016, que registou menos de 70 mil dias de trabalho perdidos por paralisações dos trabalhadores.

O total de mais de 180 mil dias de trabalho perdidos em 2018 conta com a primeira greve dos enfermeiros em blocos operatórios, que durou mais de um mês e decorreu entre 22 de novembro e 31 de dezembro.

Mas mesmo antes desta paralisação em blocos operatórios, o Serviço Nacional de Saúde já tinha ultrapassado, em outubro do ano passado, o total de dias de trabalho perdidos de todo o ano de 2017.

As ausências ao trabalho por todos os motivos, que não apenas as greves, subiram também em 2018, passando para o equivalente a mais de quatro milhões de dias perdidos.

No topo destas ausências estão as faltas por doença, que voltaram a aumentar em 2018, para um total que está acima de 1,8 milhões de dias perdidos, pelo menos mais 100 mil dias do que o registado em 2017.

Vários agentes da área da saúde têm vindo a avisar ao longo do último ano que o absentismo tem atingido valores fora do normal mesmo para o próprio setor.

A bastonária da Ordem dos Enfermeiros alertou, em meados do ano passado, que a taxa de absentismo na profissão “nunca foi tão alta”, apontando na altura para situações de exaustão e casos de profissionais que chegam a não conseguir comer ou ir à casa de banho, dada a falta de trabalhadores.

Também os administradores hospitalares apontaram já para valores “muito anómalos” de absentismo no setor da saúde.

DGS
A nutricionista Maria João Gregório é a nova diretora do programa nacional para a alimentação saudável, enquanto a psicóloga...

Estas são duas das três novas nomeações feitas pela Direção-geral da Saúde, que escolheu ainda a pediatra Maria Isabel Guerra Loureiro como diretora do programa nacional para a área da tuberculose, segundo despachos já publicados em Diário da República.

A nutricionista Maria João Gregório substitui no cargo Pedro Graça, a seu pedido, que assumiu, entretanto, o cargo de diretor da Faculdade de Ciências da Nutrição e da Alimentação da Universidade do Porto.

Já a psicóloga Marlene Nunes Silva ocupa o lugar deixado vago por Pedro Teixeira, que saiu também a seu pedido.

O programa para a área da tuberculose tinha sido ocupado pela atual secretária de Estado da Saúde, Raquel Duarte.

Os despachos de nomeação dos novos responsáveis de três programas nacionais da Direção-geral da Saúde foram publicados na sexta-feira em Diário da República.

Macau
As autoridades de Macau estão a apelar à vacinação, junto da população e das empresas, para prevenir riscos do surto de sarampo...

“Decorrente da situação epidémica ativa do sarampo em países vizinhos à Região Administrativa Especial de Macau [RAEM], os Serviços de Saúde apelam a todos os residentes que prestem a máxima atenção à prevenção”, pode ler-se no comunicado divulgado na noite de sexta-feira.

“Como existe um grande fluxo de pessoas entre as zonas epidémicas do sarampo acima referidas e a RAEM, e devido ao facto de trabalharem no território um grande número de trabalhadores oriundos das Filipinas e do Vietname, os Serviços de Saúde apelam aos empregadores para prestarem atenção aos seus trabalhadores que (...) das zonas onde existem alertas e, caso o registo de vacinação seja desconhecido, devem programar a vacinação anti-sarampo”, acrescenta-se na nota.

Em Macau, desde janeiro, foram registados “dois casos importados de sarampo e um associado com o caso importado”, sendo que “um dos pacientes é natural das Filipinas e contraiu sarampo durante as férias passadas nas Filipinas”.

As autoridades de saúde de Macau sublinham que, “de acordo com as informações divulgadas pela Organização Mundial da Saúde, as zonas do sudeste asiático, incluindo Filipinas, Vietname e Malásia, são atualmente zonas de elevado risco de incidência do sarampo”.

Estes países são próximos de Macau, território onde a OMS declarou a doença como erradicada, mas no qual trabalham milhares de filipinos e vietnamitas, a esmagadora maioria com o estatuto de não residentes.

Pediatra Mário Cordeiro
O pediatra Mário Cordeiro convida os pais de hoje em dia a refletir sobre a “correria infernal sem destino”, que tem como...

“Pais Apressados, Filhos Stressados” é o título do novo livro de Mário Cordeiro, obra que é apresentada hoje em Lisboa e que se debruça sobre a pressa e o ‘stress’ parental.

“A vida quotidiana é uma pressão enorme e o que pretendo com este livro é, exatamente, estimular a pensar. Não é mudar o mundo e implodir o que está feito, mas pedir, quase rogar, que os pais parem para pensar, vejam se têm graus de liberdade para mudar a sua vida, porventura em coisa singelas e que não consomem muito tempo”, explica Mário Cordeiro.

Para a sociedade em geral, o livro apela também para uma reflexão sobre o tempo, porque o pediatra considera que todos andam a “rosnar e de garras de fora”.

Uma das questões deixadas na obra, em jeito de desafio, é testar a capacidade de estar “uma hora sem ecrãs”, não contando o tempo de sono.

“Excluamos o tempo de dormir e o de trabalho e vejamos, das horas que restam, quantas passamos com um ecrã à frente (…) Parece canja, mas ficar sem SMS, telefonemas, e-mail, tweets, redes sociais… sem sequer olhar para ver ‘se já chegou alguma coisa’, vai ser muito difícil”, escreve Mário Cordeiro.

O pediatra compara a vida atual e a sua relação com o tempo com a escravatura: “O escravo (…) não tinha vida própria, vontade própria e tempo próprio”, aludindo desta forma à atitude de cobrança para uma disponibilidade permanente através do telefone ou das redes sociais.

Mário Cordeiro entende que deve haver coragem para “afastar a pressão de estar sempre” comunicável, sob pena de fazer sofrer os filhos, que estão “expostos ao comportamento dos pais, como que a radiações”.

O livro sugere ainda que a hora das refeições seja “um momento sagrado, ritualizado, partilhado”.

“Mesmo atendendo ao ritmo de vida das atuais famílias — e do qual estou bem ciente, podem crer, pelo que não pretendo estar aqui com moralismos de pacotilha —, é possível criar o hábito de fazer pelo menos uma refeição por dia em conjunto, com calma, e pelo menos uma mensal de toda a família. O homem é um animal gregário e necessita de o ser. Querer contrariar isso é condená‑lo ao fracasso. Não é só o corpo que precisa de alimento”, escreve o autor, que é pediatra e autor de várias obras sobre a infância e a adolescência, além de pai e avô.

Sobre a falta de tempo de pais e famílias, Mário Cordeiro considera que pode induzir ‘stress’ nas crianças e uma “rapidez maior do que a que o ser humano consegue absorver e metabolizar”.

“As crianças não estão, ainda, habituadas a tanto ‘stress’, rapidez, aceleração e, sobretudo, à ausência de ritmos calmos, de lazer”, defende.

“Ser e estar” em vez de “fazer e ter” é o que advoga o pediatra, para quem viver é fruir, é ter contactos pessoais, é ver o outro com empatia, é ter “o prazer de contemplar”, observar e interagir.

O pediatra considera que não são apenas os pais que têm de se interrogar “para onde vão” na “correria infernal sem destino aparentemente nenhum”.

“Tem um misto de intervenção pessoal e de intervenção estatal e laboral”, responde à Lusa, sublinhando a necessidade de políticas “integrais para a infância e para a família”.

Não se trata de inventar a pólvora, refere Mário Cordeiro, mas antes de olhar para exemplos do que já foi feitos nalguns países nórdicos, além de pensar que “o tempo é escasso e finito”.

“Não somos deuses”, afirma o pediatra, que constata que atualmente se vive com uma atitude de imortalidade e de que o dia tem 240 horas.

 

Menos de 6 horas por noite
Os portugueses estão a descansar poucas horas, dormindo em média menos de seis horas diárias, com reflexos negativos na vida...

Em declarações à agência Lusa, o médico do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) referiu que a sociedade portuguesa e europeia "dão pouca importância ao sono, dando mais importância ao trabalho e ao lazer".

"As pessoas dormem pouco e mal em Portugal", sublinhou o especialista, que dirige também o Centro de Medicina do Sono do CHUC, frisando que esta situação provoca problemas de saúde cognitiva e física.

A APS vai assinalar o dia mundial do Sono em Coimbra, no dia 15 de março, com uma mesa redonda sobre a presença e representação do sono nos Livros das Grandes Religiões Proféticas (Cristianismo, Judaísmo e Islamismo), em que participam um estudioso, um crente, um líder religioso, um médico e uma cientista.

"Quando um elemento lê os livros, por exemplo, o Corão, verificamos que é muito interessante que estão lá os procedimentos que a medicina do sono moderna, que é relativamente recente (só tem 50 anos), também recomenda", frisou Joaquim Moita.

Segundo o presidente da APS, "quando se olha para as religiões, verifica-se, em primeiro lugar, que têm muitos pontos em comum e que dão uma grande importância ao sono".

"É muito interessante verificar que todas elas dão uma grande importância ao sono, à alternância entre o sono e a vigília, entre a noite e o dia, isso é muito importante", realçou.

De acordo com Joaquim Moita, "vive-se numa sociedade que desvaloriza a importância do sono e verifica-se que, de facto, nas religiões monoteístas isso não acontece".

"Pelo facto de termos luz, estendemos o nosso trabalho e o lazer pela noite dentro. Ora, os livros dizem-nos que não, que de facto é preciso aproveitar esta alternância entre a noite, em que preferencialmente devemos dormir, e o dia, em devemos trabalhar", acrescentou.

No âmbito das comemorações do Dia Mundial do Sono, a APS e o Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra estão a promover um concurso de desenho, tendo por tema o lema "Dormir bem, envelhecer melhor".

O concurso destina-se a todas as crianças e jovens que se encontrem a frequentar escolas dos 1.º, 2.º, 3.º ciclos e ensino secundário, em estabelecimentos de ensino público, particular e cooperativo, incluindo escolas profissionais, públicas e privadas localizadas em Portugal.

Esta iniciativa pretende dar a conhecer as condições para um bom sono, sensibilizar as crianças e os jovens para a importância e para o respeito do sono, mobilizar as escolas para ações nesta área e promover e valorizar a criatividade.

As imagens devem ter como material de referência a brochura "Higiene do Sono na Criança e Adolescente", produzida pela APS e Sociedade Portuguesa de Pediatria.

Falta de profissionais
A bastonária da Ordem dos Farmacêuticos disse hoje que os turnos noturnos da farmácia do Centro Hospitalar de São João, no...

“Enquanto não tivermos os farmacêuticos e técnicos para manter a farmácia, o risco permanece”, referiu Ana Paula Martins à margem da assinatura da petição pública “Salvar as Farmácias, Cumprir o SNS”, numa farmácia do Porto.

A responsável frisou que o Ministério da Saúde já autorizou a contratação de quatro profissionais, mas na prática “ainda nada aconteceu”.

A 29 de janeiro, o hospital admitiu que a contratação de farmacêuticos vai permitir manter os turnos noturnos da farmácia, depois de anunciar não poder manter o serviço “na plenitude” devido ao “défice” de profissionais.

“A contratação dos quatro profissionais permite manter os turnos noturnos da farmácia”, lê-se em resposta à agência Lusa, depois de questionado sobre o aviso de concurso para a “Constituição de Reserva de Recrutamento de Farmacêuticos” publicado na sua página oficial.

Em 18 de janeiro, a administração admitiu que devido a “um défice muito relevante” de recursos humanos não era possível manter o Serviço de Farmácia "na sua plenitude”.

O concurso da “Constituição de Reserva de Recrutamento de Farmacêuticos”, cujas candidaturas deviam ser formalizadas até 12 de fevereiro, irá “facilitar e apressar” o processo de contratação após a autorização, explicou o hospital.

Ana Paula Martins reforçou que se realmente esses quatro farmacêuticos, que o Ministério da Saúde assumiu a responsabilidade de contratar, não forem recrutados o serviço não poderá continuar.

 

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