Covid-19
Valor angariado pela iniciativa #Nunca Desistir vai dar resposta ao aumento de pedidos de ajuda. Esta iniciativa de...

Ao longo de quase um mês muitas foram as personalidades da sociedade portuguesa que deram o rosto por esta causa. Cristiano Ronaldo juntou-se à iniciativa, tendo já participado no “never give up”, em Itália.  Nomes sonantes como Manuel Luís Goucha, Pedro Teixeira, Fátima Lopes, Marta Botelho, Cláudio Ramos, Fernanda Serrano, Miguel Oliveira, André Villas Boas, João Félix, Luís Represas, Joaquim de Almeida, Sara Sampaio, entre muitos outros, apelaram à generosidade dos Portugueses por uma causa comum.

O valor total angariado, 639 241,13 €, vai ser repartido pela Cruz Vermelha Portuguesa e pela Rede de Emergência Alimentar para compra de bens alimentares e posterior distribuição às famílias mais necessitadas.

“Se há três semanas o aumento de pedidos de apoio já era significativo e rondava os 25%, atualmente este aumento ultrapassa os 40% por parte de famílias que, afetadas pela Pandemia, se encontram numa situação de grande fragilidade. A cruz Vermelha assume o seu compromisso, para com os parceiros desta iniciativa, mas, sobretudo, para com cada pessoa que contribuiu para esta causa de, com transparência e celeridade, fazer chegar a ajuda a quem dela precisa” afirma Susana Marques, Secretária Geral da Cruz Vermelha Portuguesa.

 

Investigaçao
A Crioestaminal, laboratório de criopreservação líder em Portugal e um dos maiores da Europa, anuncia o desenvolvimento de um...

O laboratório concluiu a primeira fase de desenvolvimento de um medicamento experimental à base de células estaminais mesenquimais (sigla inglesa MSCs), constituído por doses de 100 milhões de MSCs do tecido do cordão umbilical. Nesta primeira fase, concluída no dia 1 de maio, foi produzida a primeira dose, com os necessários controlos de qualidade que permitirão a validação de todo o processo e a qualificação deste medicamento inovador como terapia experimental que poderá ser testada em doentes com COVID-19 em condição mais grave.

“Ao longo dos últimos meses, perante a urgência da situação, tal como muitos outros grupos de investigação e empresas em todo o mundo, temos dedicado todos os nossos esforços a tentar ajudar no combate a esta pandemia. Tirando partido de mais de 15 anos de experiência em projetos de investigação com células estaminais, em colaboração com hospitais e centros de I&D em Portugal, e da nossa equipa de técnicos e investigadores altamente qualificados, criamos uma equipa de trabalho que tem vindo a desenvolver este projeto com uma dedicação e esforço notáveis”, refere André Gomes diretor geral da Crioestaminal.

André Gomes acrescenta que “o desenvolvimento deste medicamento experimental em tempo record só foi possível graças ao investimento recente da empresa em instalações únicas em Portugal para a produção de terapias avançadas à base de células”.

A utilização deste tipo de células para tratar doentes com pneumonias graves associadas a COVID-19 tem vindo a ser testada na China, EUA e alguns países europeus, estando já em curso mais de 20 ensaios clínicos para estudar de forma alargada a segurança e eficácias desta terapia.

Resultados de estudos recentes, conduzidos na China e nos EUA, que investigaram se as MSCs seriam capazes de tratar a pneumonia associada a COVID-19, com base nas propriedades imunomoduladoras e reparadoras conhecidas destas células, revelaram uma reversão notável dos sintomas, mesmo em condições críticas.

A função pulmonar e os sintomas dos doentes melhoraram significativamente após a administração de MSCs, tendo-se observado um reequilíbrio nas populações de células do sistema imunitário destes doentes, bem como do perfil de moléculas pró e anti-inflamatórias. Os resultados publicados permitiram observar que a terapia com MSCs foi capaz de inibir a hiperativação do sistema imunitário e de promover a reparação celular endógena, melhorando o microambiente pulmonar permitindo a recuperação destes doentes. Apesar destes estudos terem sido conduzidos num número ainda restrito de doentes, os resultados favoráveis obtidos sugerem que as MSCs podem constituir uma nova estratégia terapêutica para o tratamento desta doença.

Covid-19
A Direção-Geral de Saúde (DGS) e UNICEF Portugal dinamizam esta quinta-feira um webinar dedicado ao tema: “Famílias em tempo de...

O objetivo é ajudar as famílias portuguesas e responder às suas questões sobre a importância de manter as relações saudáveis, saúde e bem-estar de toda a família, no contexto atual da pandemia da Covid-19.

A representar a DGS estará a enfermeira Bárbara Menezes, Coordenadora do Programa Nacional de Saúde Infantil e Juvenil e representante da DGS na Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Proteção das Crianças e Jovens. Pela UNICEF estará presente Leonor Costa, da Direção de Políticas de Infância e Juventude.

«Como fortalecer os laços entre as famílias e gerir momentos de maior tensão?» e «Como lidar com a nova dinâmica na vida das crianças, jovens, pais, mães e cuidadores/as?» serão algumas das questões a abordar no webinar da DGS e da UNICEF que pode aceder através deste link.

 

Rectificação
O Secretário de Estado da Saúde esclareceu, durante a conferencia de imprensa de ontem sobre a Covid-19, que os doentes...

“Todos os doentes diabéticos e todos hipertensos que estejam em situação de descompensação, devidamente validada pelos seus médicos, estarão sob o chapéu das doenças crónicas”, garantiu António Lacerda Sales.

Os hipertensos e diabéticos não são abrangidos pelo regime excecional de proteção laboral para imunodeprimidos e doentes crónicos, no âmbito da pandemia da Covid-19, definido no Decreto-Lei n.º20/2020, mas serão considerados por este regime em caso de descompensação da doença.  

Segundo o Secretário de Estado da Saúde, os “diabéticos e hipertensos podem ficar tranquilos e confiantes”, ressalvando que estes doentes têm fatores de risco para poderem desenvolver doenças crónicas, mas está provado que, caso estejam compensados, “não têm maiores possibilidades de virem a ser infetados por Covid-19”.

“Na sua grande maioria os diabéticos e os hipertensos são fatores de risco para doenças crónicas, mas a grande maioria dos doentes está compensada. Contudo, não significa que a qualquer momento não possam descompensar e por isso sabemos que sempre que isso aconteça estarão com certeza cobertos pelo chapéu das doenças crónicas”, referiu.

Declaração de retificação: a lista de doenças tem apenas um caráter exemplificativo

Neste momento, só doentes cardiovasculares, portadores de doença respiratória crónica, doentes oncológicos e portadores de insuficiência renal podem faltar ao trabalho com a apresentação de uma declaração médica que ateste a condição de saúde do trabalhador e que justifica a sua especial proteção no âmbito da pandemia.

Segundo Lacerda Sales, o que está provado é que os doentes com hipertensão ou com a diabetes têm fatores de risco para desenvolver outras doenças, mas “não estão associados a uma maior possibilidade de infeção por covid-19 e por isso há esta diferença entre a compensação e a descompensação”. Acrescentou ainda que a lista de doenças enumerada no Decreto-Lei n.º 20/2020, agora retificado, tem apenas “um caráter exemplificativo”.

Reagendamento nos próximos dia
As consultas e cirurgias no Serviço Nacional de Saúde (SNS) que foram adiadas devido à pandemia de Covid-19 vão ser reagendadas...

O despacho publicado hoje em Diário da República, determina que os órgãos dirigentes das entidades prestadoras de cuidados de saúde primários e hospitalares do SNS devem assegurar a identificação e reagendamento de toda a atividade assistencial programada não realizada por força da pandemia Covid-19, reportando o plano e o prazo de recuperação à respetiva Administração Regional de Saúde e à Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS).

No preâmbulo do diploma, assinado pela Ministra da Saúde, justifica-se esta medida “considerando a necessidade iniciar de forma gradual e monitorizada o reagendamento e realização de atividade assistencial suspensa no SNS, sem prejuízo da salvaguarda do cumprimento escrupuloso de regras de saúde pública e da manutenção da prontidão de resposta necessária a um eventual aumento da incidência da Covid-19”.

A realização da atividade suspensa e a retoma da atividade assistencial não Covid-19 nos estabelecimentos e serviços do SNS deve ser gradual, dinâmica e assegurar o cumprimento rigoroso das normas e orientações da Direção-Geral da Saúde (DGS) em termos de segurança para utentes e profissionais de saúde, designadamente equipamentos de proteção individual, circuitos de doentes, testes de diagnóstico e boas práticas clínicas, nas diferentes áreas assistenciais.

 

Relatório
A Organização Mundial de Saúde (OMS) publicou, no Dia Mundial da Saúde, o primeiro relatório sobre a situação da enfermagem no...

O documento, feito em parceria com o Conselho Internacional de Enfermeiros e o projeto Nursing Now, faculta “as mais recentes evidências e as opções políticas para a força de trabalho de enfermagem a nível global”, apresentando “um argumento convincente para investimentos consideráveis e exequíveis” em cada uma daquelas três áreas: educação, emprego e liderança.

Neste relatório, OMS e parceiros destacam, uma vez mais, “a centralidade dos enfermeiros” para que seja possível atingir a cobertura universal em saúde.  Os enfermeiros continuam a constituir o maior grupo ocupacional no setor de saúde, com quase 28 milhões em todo o mundo (aproximadamente 59% dos profissionais de saúde). 

De acordo com este documento, persiste, contudo, a escassez de enfermeiros à escala global (embora com uma diminuição ligeira, de 6,6 milhões em 2016 para 5,9 milhões em 2018), sendo que quase 90% desta falta de profissionais está concentrada em países de baixa e média renda (países em desenvolvimento).

O relatório admite que, até 2030, a escassez de enfermeiros poderá atingir os 5,7 milhões de profissionais de enfermagem (sobretudo em África, no sudeste da Ásia e no leste do Mediterrâneo), o que só será contrariado se todos os países aumentarem, em média, 8% no número total de enfermeiros formados anualmente, melhorando políticas de emprego e medidas de retenção.

Entre as principais áreas de preocupação referidas no relatório, destaca-se, por exemplo, o envelhecimento da força de trabalho em saúde, especialmente nas regiões americana e europeia, recomendando a OMS que, nos países com maior participação de enfermeiros com 55 anos ou mais, se aumente o número de graduados. 

A enfermagem continua a ser uma profissão exercida sobremaneira por mulheres (90% da força de trabalho de enfermagem é do sexo feminino), o que não se reflete, todavia, na liderança, adverte o relatório, que aponta para evidências de discriminação baseada no género, no ambiente de trabalho e a nível salarial.

Oportunidade para reavaliar opções políticas também em Portugal

De acordo com a diretora do Centro Colaborador da OMS para a Prática e Investigação em Enfermagem sediado na Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC), Ananda Fernandes, “pela primeira vez, e no Ano Internacional do Enfermeiro”, há “dados que permitem traçar o panorama global sobre a enfermagem em todo o mundo”. A professora da ESEnfC nota que “as conclusões deste relatório”, para o qual o Centro Colaborador da OMS que dirige também contribuiu, “apelam aos governos que reconheçam que investir na enfermagem é essencial para obter a cobertura universal em saúde e atingir os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável até 2030”. 

E “também em Portugal a publicação deste relatório é uma oportunidade para serem reavaliadas, com base em evidências, as opções políticas de formação, emprego e exercício profissional dos enfermeiros», sublinha Ananda Fernandes. “Mais do nunca, a atual situação de pandemia torna visível a importância de ter uma força de trabalho em enfermagem qualificada, a trabalhar no patamar mais elevado do seu nível de preparação e a participar na definição das políticas de saúde”, advoga, ainda, a diretora do Centro Colaborador da OMS para a Prática e Investigação em Enfermagem sediado na Escola de Coimbra.

Ao citar o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, segundo o qual os enfermeiros são a espinha dorsal de qualquer sistema de saúde, Ananda Fernandes salienta que, “em muitos países, [eles] são os únicos agentes de saúde e fazem a diferença na vida das pessoas e nas comunidades”.  “O retorno do investimento na enfermagem para as sociedades e para as economias pode ser medido pela melhoria da saúde e bem-estar das populações, pela criação de milhões de postos de trabalho qualificado e pela redução das desigualdades de género”, explica a responsável do Centro Colaborador da OMS para a Prática e Investigação em Enfermagem acolhido na ESEnfC.

Projeto dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde
Projeto que visa melhorar a autogestão dos pacientes com diabetes é um dos primeiros nesta área no país.

Os sistemas de saúde de todo o mundo enfrentam, há alguns anos, um aumento significativo de doentes com diabetes, suportando os custos sociais e económicos associados à patologia. Estima-se que, se não forem adotadas medidas eficazes, a prevalência da diabetes registe um aumento global de 10,4% em 2040. Em parceria com o Türkiye Cumhuriyeti Sağlık Bakanlığı (Turquia), o Serviço Murciano Salud (Espanha) e o Soggetto Aggregatore della Regione Campania (Itália), os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS) lançaram o projeto ProEmpower, que, recorrendo às Compras Públicas de Inovação (CPI), criou uma solução que promete reduzir as mortes relacionadas com a diabetes, como amputação, cegueira e insuficiência renal, e um alívio total de 53 milhões de euros em sete anos nos quatro países parceiros.

O projeto, que recebeu o financiamento de 3,9 M€ da UE, pressupõe que a qualidade das decisões médicas possa ser melhorada pela utilização de tecnologias de informação de suporte personalizado, que agregam as características clínicas do paciente, as suas opções em termos de tratamentos e os dados associados aos mesmos.

Para encontrar fornecedores que desenvolvessem estas ferramentas, o ProEmpower recorreu a uma Compra Pré-Comercial, um dos instrumentos de CPI. Dividido em cinco fases, o projeto, lançado em 2016, concluiu em março a última, referente ao Desenvolvimento do Sistema Piloto e Teste.

12 milhões de diabéticos e alívio de 53 M€ em sete anos

O projeto ProEmpower servirá 12 milhões de pacientes diabéticos. Do lado da procura, as vantagens estão na redução das mortes relacionadas à diabetes, como amputação, cegueira e insuficiência renal, e um alívio total de 53 milhões de euros em sete anos nos quatro países parceiros. Do lado da oferta, os fornecedores podem esperar uma faturação de 5.000 M€ ao longo de vários anos. Além disso, a iniciativa dos SPMS gerará conhecimento para o setor da saúde.

Este é um exemplo de como funcionam as CPI e de como estas podem ser um importante catalisador de desenvolvimento.

A contratação pública de Inovação tem ainda uma reduzida expressão em Portugal. Mas na Suécia, por exemplo, representou 17% do PIB em 2018, tendo sido lançados nesse ano mais de 18,5 mil procedimentos.

Um cenário que a Agência Nacional de Inovação (ANI) pretende contrariar, tendo como compromisso contribuir para impulsionar a contratação pública de inovação em setores de interesse estratégico, no âmbito da Estratégia de Inovação Tecnológica e Empresarial 2018-2030. Nesse sentido, a Agência formalizou, em 2018, um protocolo de colaboração com o IMPIC - Instituto dos Mercados Públicos, do Imobiliário e da Construção. A alicerçar o trabalho conjunto das duas entidades estão as atividades desenvolvidas no âmbito do Interreg Europe iBuy e do Procure2Innovate (Horizonte 2020), dois projetos internacionais em curso coordenados a nível nacional pela ANI, com o acompanhamento próximo do IMPIC. A contratação pública de inovação pretende centrar a procura e a oferta, mas, simultaneamente, ser um instrumento importante de indução de inovação e atividades de I&D, quer nas empresas quer nas entidades públicas compradoras de produtos e serviços.

Portugal deverá ter Centro de Competências de Compras Públicas

Atualmente, existem cinco Centros de Competências em Compras Públicas de Inovação (CPI) na Europa, um dos quais na vizinha Espanha. Tendo em conta a importância deste instrumento para, por um lado, trazer às pessoas os serviços públicos mais inovadores, e, por outro, incentivar o desenvolvimento tecnológico nos países, mais cinco membros da União Europeia receberão outros tantos centros nos próximos anos. Em fase de implementação está a estrutura portuguesa, a qual deverá estar disponível até 2021, e cujo desenvolvimento está entregue à ANI, que conta com o IMPIC no estudo e implementação deste projeto. Além de Portugal, os outros países que estão prestes a ter centros de competências em CPI são Estónia, Grécia, Irlanda e Itália

Doença rara
A Doença de Fabry é uma patologia genética rara e limitativa, que leva, em média, cerca de 14 a 16 a

A doença de Fabry

A doença de Fabry é uma doença hereditária do metabolismo do grupo das doenças lisossomais de sobrecarga. É uma doença genética, rara, crónica, e progressiva, causada pela deficiência de atividade de uma enzima, denominada alfa-galactosidase A, que desempenha um papel importante no metabolismo lipídico. As mutações no gene que controla a produção desta enzima – o gene GLA - podem levar à ausência ou à diminuição de atividade da alfa-galactosidase A, com a consequente acumulação de gorduras nos tecidos e órgãos.

Esta é uma doença de transmissão ligada ao cromossoma X, que se pode manifestar tanto no sexo masculino quanto no sexo feminino, no entanto, está associada a quadros mais graves entre os homens.  

Estima-se que afete uma em cada 20 000 mulheres e um em cada 40 000 homens.

Sintomas

Os primeiros sinais de doença podem surgir durante a infância ou já na idade adulta, e evoluir silenciosamente. De acordo com a Comissão Coordenadora do Tratamento das Doenças Lisossomais de Sobrecarga, existem, deste modo, dois fenótipos principais na sua história natural:

1. O fenótipo clássico, mais raro e de início precoce, apresenta manifestações logo na infância ou adolescência.

Formigueiros nas extremidades, dor neuropática, ausência ou diminuição da transpiração, intolerância ao frio, calor ou exercício; crises de febre inexplicadas, alterações gastrointestinais, lesões vermelhas na pele denominadas angioqueratomas, alterações da córnea dos olhos e excreção aumentada de proteínas na urina (proteinuria) estão entre os principais sintomas.

Na idade adulta, o doente pode desenvolver insuficiência renal, acidente vascular cerebral (AVC), surdez e hipertrofia cardíaca, insuficiência cardíaca, arritmias e bloqueios cardíacos.

Este fenótipo está, como descrevem os especialistas, associado a uma atividade enzimática nula ou quase nula (<1%) da enzima alfa-galactosidase A.

2. Quanto ao fenótipo tardio, este caracteriza-se pela manifestação de sintomas com início já em idade adulta. Insuficiência renal, acidente vascular cerebral (AVC), surdez e hipertrofia cardíaca, insuficiência cardíaca, arritmias e bloqueios cardíacos são as manifestações típicas deste fenótipo. A maioria dos casos diagnosticados pertencem a este grupo.

Diagnóstico

Como os sintomas desta doença podem ser comuns aos de outras patologias, é frequente que a doença de Fabry se encontre subdiagnosticada, levando meses ou anos até à confirmação do seu diagnóstico. De acordo com a literatura, estima-se que a doença leve, em média, cerca de 14 anos nos homens e 16 anos nas mulheres, a ser diagnosticada.

Para se estabelecer o diagnóstico é necessário realizarem-se:

  • testes de atividade enzimática que permitem estabelecer se o doente tem níveis baixos de atividade da enzima alfa-GAL, uma vez que estes são tipicamente muito mais baixos do que nas pessoas sem a doença.
  • Ou, testes genéticos para descobrir que defeitos no gene GLA estão a provocar a doença.

Tratamento

Apesar de não ser conhecida uma cura, existem dois tratamentos disponíveis para controlar a Doença de Fabry: a terapêutica de substituição enzimática e a terapêutica com chaperone.

Segundo a Comissão Coordenadora do Tratamento das Doenças Lisossomais de Sobrecarga, “existem duas formulações de terapêutica de substituição enzimática: agalsidase alfa e agalsidase beta”, ambas demonstrando um bom perfil de segurança clínica e eficácia clínica, nomeadamente na estabilização ou atraso da progressão das manifestações cardíacas e renais.

Mais recentemente, como refere a especialidade, a terapêutica com o chaperone migalastat revelou um bom perfil de segurança e uma eficácia clínica à terapêutica enzimática. No entanto, esta opção está apenas indicada a doentes com determinadas mutações e que demonstram responder a este fármaco.

Podendo afetar vários órgãos ou sistemas é essencial que o doente seja acompanhado por uma equipa multidisciplinar, em Centros de Referência de Doenças Hereditárias do Metabolismo e Doenças Lisossomais de Sobrecarga.

Quando não tratada, esta doença pode causar danos irreversíveis em órgão vitais, conduzindo à sua falência. Nestes casos, o prognóstico da doença é bastante pessimista, estimando-se a perda de 10 a 20 anos na esperança de vida destes doentes, quando comparados com a população geral.

Foto: 
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Saúde ocular
O regresso do País, ainda que com restrições, a alguma atividade económica motiva preocupação por parte da Sociedade Portuguesa...

Fernando Falcão Reis, presidente da SPO, confirma que “os médicos oftalmologistas estão disponíveis para proceder a uma consulta não presencial e, se necessário, sugerir uma observação médica prioritária”. Um apoio que, refere, “afigura-se como especialmente importante, numa altura em que os profissionais de optometria reiniciam a atividade, explorando a confusão entre médicos oftalmologistas e técnicos de optometria”.

De acordo com o especialista, “a confusão é fomentada pelo ilusório cumprimento de normas e procedimentos emanados pela Ordem dos Médicos, cujo alcance os técnicos de optometria são incapazes de compreender por falta de formação médica”.

Desta forma, a SPO informa que “o único grupo profissional que, em Portugal, pode legalmente prestar cuidados no âmbito da saúde ocular são os Médicos Oftalmologistas”.

Para a população a necessitar de cuidados médicos, os especialistas estão disponíveis através da COESO – a nova rede de Consultórios de Especialistas de Oftalmologia da Sociedade. Para aceder a consultas, apenas é necessário descarregar a App COESO na Apple Store ou no Google ou entrar em contacto através da linha de apoio 800 300 350. 

 

Plataforma online
A Esclerose Múltipla (EM) é uma doença que acarreta alguns cuidados especiais e, em situação de pandemia e consequente...

“Não deixe de fazer o tratamento; consulte o seu médico; mantenha-se ativo fisicamente; tenha atividades cognitivas...”, estes são alguns dos primeiros conselhos, na voz do médico neurologista Filipe Palavra, que já podem ser consultados no primeiro vídeo já publicado neste link: https://www.youtube.com/watch?v=Bncc5hnlDnM

Ao longo das próximas nove semanas será ainda possível ouvir conselhos de outros médicos, tais como: Simone Fernandes, nutricionista, de Cristina Rodrigues, enfermeira, Ana Carina Resina, psicóloga e José Feio, farmacêutico.

A EM é uma doença crónica, autoimune, inflamatória e degenerativa, que afeta o Sistema Nervoso Central. O canal Youtube “alÉM das Histórias” é um projeto, criado pela Merck em 2018, que objetiva transmitir histórias e conteúdos informativos de qualidade para a comunidade de EM. O canal conta ainda com o apoio das três associações de doentes: ANEM, SPEM E TEM.

 

Estudo mostrava falhas
Foi divulgado um estudo da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos (SRCOM), que aponta “graves carências de material de...

Em comunicado, a direção deste Centro Hospitalar afirma desconhecer os métodos e critérios utilizados neste estudo, que alega que “1.003 respostas validadas de médicos que trabalham em hospitais e centros de saúde da região apontam para a falta de pelo menos um tipo de material essencial para o combate à covid-19", questionando-se assim a legitimidade do mesmo.

Para contrapor estas conclusões a unidade hospitalar faz saber que “desde o primeiro momento em que se conheceu a possibilidade de propagação da COVID-19 a Portugal, o CHUCB envidou todos os esforços, financeiros e logísticos, na aquisição de dispositivos médicos e material/equipamentos de proteção individual, preparando-se desta forma para o pior dos cenários. Assim, em sintonia com a tutela, sob o parecer técnico da Comissão de Controle de Infeção do CHUCB e atendendo às especificidades próprias do trabalho dos seus diferentes grupos socioprofissionais, foram adquiridos e também recebidos a título de donativo os materiais em apreço, nunca se tendo verificado qualquer carência ou rotura de stock de EPI´s, nomeadamente máscaras cirúrgicas e/ou fatos de proteção integral”.  

Adianta ainda, o stock diário do CHUCB “em termos de EPI´s e demais materiais de proteção, ser sempre superior ao consumo diário necessário, para além de ser assegurada a reposição diária aos serviços, através de kits integrais preparados para o efeito”. Desde o início da pandemia, esclarece em comunicado, “o CHUCB regista um consumo médio mensal na ordem das 25.000 máscaras cirúrgicas e faz o reporte diário do stock de EPI´s para a ARS e para a SPMS, nunca tendo havido necessidade de recorrer à reserva nacional”.

Para além disso, destaca que desde 1 de janeiro, não existe na instituição nenhuma notificação feita por profissionais de saúde, de incidente ou evento adverso, relativo a falta de EPI´s, “cuja comunicação é remetida ao Conselho de Administração, via Equipa de Gestão de Risco, conforme procedimento interno instituído”.

 

 

Medidas de proteção
A Associação Portuguesa de Podologia (APP), seguindo as orientações das Entidades de Saúde, avança que a atividade de podologia...

“Face ao levantamento do Estado de Emergência, entendemos que a retoma da atividade de consultas programadas de podologia deve ser de forma segura e progressiva. Neste período, de retoma, devemos ser cautelosos e adotar as medidas de prevenção e contenção da transmissão da doença, que toda a população, e de forma particular os profissionais de saúde, têm em consideração para o controlo da epidemia”, justifica Manuel Portela, presidente da APP.

“Somos agentes de saúde publica no controlo da infeção, na prevenção de recidivas e de novos picos da pandemia. Entendemos que a segurança e a proteção de todos os agendes é imprescindível e por isso devemos seguir com rigor o protocolo recomendado pela APP. Nesta fase de reinício, durante a realização das consultas, os profissionais devem dar prioridade às situações e consultas anteriormente adiadas e mais urgentes e, sempre que possível, os procedimentos cirúrgicos devem ser programados em função da situação de urgência.”, acrescenta Manuel Portela.

A retoma das consultas programadas de podologia deve ser realizada tendo em consideração todas as medidas de autoproteção, proteção dos colaboradores da clínica e de uma forma muito cautelosa de proteção dos doentes.

Assim, e de acordo com as orientações das Entidades de Saúde, a APP recomenda a adoção do seguinte protocolo nas consultas de podologia:

  • Colocar cartazes na sala de espera e na casa de banho sobre o procedimento de lavagem das mãos e de etiqueta respiratória;
  • Retirar da sala de espera revistas, folhetos e outros objetos que possam ser manuseados por várias pessoas;
  • Colocação de acrílico no balcão de atendimento para evitar circulação de aerossóis entre o doente e o pessoal da receção;
  • Dar formação às auxiliares e assistentes dos consultórios sobre os procedimentos de proteção e higienização constante dos espaços, superfícies, cadeiras, equipamentos;
  • Terminais de Pagamento Automáticos;
  • Sempre que possível implementar circuitos de circulação de doentes e profissionais para evitar cruzamentos entre pessoas no interior da clínica;
  • Aferir junto do paciente se apresenta sintomas compatíveis com o COVID-19 (febre, ainda que modesta; tosse; espirros; conjuntivite; diarreia; rinite), se esteve em viagem ou em contacto com pessoas infetadas pelo COVID 19;
  • Gerir as marcações de forma a evitar ter mais que um utente em sala de espera;
  • Informar os utentes sobre as medidas de segurança, em particular manter uma distância de cerca de 2 metros, lavar as mãos antes de entrar e usar a solução alcoólica quando entrar e sair do consultório e não entrar com as peças de roupa que vão retirar;
  • Oferecer material de proteção aos doentes, nomeadamente máscaras e educar sobre o seu bom uso (uso obrigatório de máscara pelo doente e acompanhante);
  • Evitar a permanência de familiares ou acompanhantes no interior do consultório;
  • Adaptar um acrílico na cadeira de podologia para evitar a circulação de aerossóis entre o doente e o podologista;
  • Usar luvas e máscara do tipo PFF2 ou outra certificada, ou em alternativa duas máscaras cirúrgicas;
  • Usar óculos de proteção ou viseira;
  • Usar farda, touca e bata cirúrgica descartável ou usar fato impermeável de proteção;
  • Usar socos ou proteção de calçado.

Os podologistas devem também implementar medidas especificas na realização de procedimentos que comprometam a vulnerabilidade dos doentes, nomeadamente em tratamentos invasivos, mantendo vigentes as medidas de segurança recomendadas.

 

Estudo de sequenciação genómica
O Presidente do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), Fernando Almeida, anunciou hoje, na conferência de...

O Secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, aproveitou a ocasião para explicar que este estudo de âmbito nacional, financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia e liderado pelo INSA, com a participação do Instituto Gulbenkian da Ciência e do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde, pretende sequenciar mil genomas do coronavírus.

Antónia Lacerda Sales sublinhou que a sequenciação do genoma irá possibilitar “identificar cadeias de transmissão, a escala e a cronologia da transmissão, os pontos de entrada em Portugal”, o que permitirá “avaliar o impacto das medidas de contenção”, bem como “orientar as medidas a implementar em caso de um novo surto”.

De acordo com as previsões do INSA, será possível sequenciar 450 amostras do novo coronavírus em Portugal, até ao final da semana. Até ao momento, já foram encontradas 150 mutações do coronavírus.

Fernando Almeida sublinhou que agora “é o tempo de ir em busca daquilo que o coronavírus nos pode dar em termos de resposta”, explicando que a sequenciação do genoma do SARS-CoV-2 irá permitir identificar “a impressão digital deste coronavírus” e perceber se o vírus que saiu de Wuhan “é o mesmo ou se tem outras linhas ou não”.

“Este genoma permite também identificar clara e inequivocamente, num determinado doente que foi infetado com coronavírus, toda a sua linha de transmissão e de onde veio essa linha de transmissão”, salientou o responsável, realçando que esta ferramenta “é muito importante” na fase de confinamento em que o país entrou.

Com este trabalho, os investigadores vão poder também perceber se “há linhagens mais severas e mais agressivas” e que podem constituir motivo de maior atenção no tratamento, explicou.

 

Procedimento
O Centro de Responsabilidade Integrado Cardiovascular do Alentejo (CRIA) do Hospital do Espírito Santo de Évora (HESE) realizou...

O procedimento em questão tem como objetivo identificar obstruções (estenoses) nas artérias coronárias que podem comprometer a irrigação do miocárdio, levando a uma isquemia, habitualmente associada a sintomas de angina de peito (dor, peso, pressão no peito). A oclusão das artérias coronárias pode estar na origem do enfarte agudo do miocárdio.

De acordo com a informação avançada por esta unidade hospitalar, a coronariografia não invasiva permite a realização deste exame sem necessidade de colocação de catéter dentro do coração, através da TAC (Tomografia Axial Computorizada), com injeção de contraste. Para isto, é necessário um aparelho com uma capacidade especial para conseguir detetar essas obstruções nas artérias, como é o caso do Angio TC de 124 cortes, existente no HESE.

Lino Patrício, Diretor do CRIA, realça que “a coronariografia não invasiva é atualmente o método de primeira linha no diagnóstico de doença coronária em doentes de baixo risco e risco intermédio. É fundamental para programar intervenção cardíaca estrutural, vascular e cerebrovascular. Desde hoje podemos oferecer esse serviço no SNS a todo o sul do país. Podemos prever que em tempos de pandemia, esta alternativa no SNS é ainda uma maior valia”.

Maria Filomena Mendes, Presidente do Conselho de Administração do HESE, realça que “apesar da conjuntura, é muito importante continuarmos a evoluir, a investir em inovação, e a dar resposta aos doentes com outras patologias. Esta nova tecnologia permite melhorar a qualidade dos cuidados prestados à população da região do Alentejo na área da cardiologia, cirurgia vascular e neuroradiologia e contribui para a descentralização a a proximidade dos cuidados, evitando a deslocação dos doentes para fora da região, garantindo assim uma maior equidade e uma melhor resposta a mais doentes”.

 

Segurança
A indústria portuguesa produz diariamente um milhão de máscaras. Sendo a máscara o nosso novo acessório em espaços públicos, “é...

A indústria portuguesa produz diariamente um milhão de máscaras tendo como prioridade o abastecimento do mercado interno, mas está a começar a exportar”, segundo o ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital, Pedro Siza Vieira. A máscara passou a ser o nosso novo acessório em espaços públicos.

Neste contexto, o ISQ considerou fundamental disponibilizar o conhecimento existente na sua infraestrutura tecnológica, estimulando desta forma a economia nacional no desenvolvimento de novas atividades de maior valor acrescentado. É o caso de ensaios a máscaras de uso comunitário, cuja procura tem aumentado a nível nacional por parte da população em geral e que o ISQ está em condições de dar resposta, dado estar presente em várias regiões no país e no mundo.

“O ISQ está apto a disponibilizar aos fabricantes os ensaios necessários para a qualificação de máscaras de uso comunitário Nível 2 e Nível 3, em conformidade com as do documento “Máscaras destinadas à utilização no âmbito da COVID-19 - Especificações Técnicas (Cf. Informação nº 009/2020, de 13/04/2020, da Direção-Geral da Saúde, relativa a «COVID-19: FASE DE MITIGAÇÃO – Uso de Máscaras na Comunidade), apoiando também os fabricantes na elaboração do dossier técnico do produto”, afirma José Medina, diretor dos Laboratórios ISQ. O diretor do ISQ continua dizendo que têm sido procurados “pela indústria têxtil e ateliers de costura (PME)”.

Os métodos de ensaio desenvolvidos pelo ISQ para as máscaras de uso comunitário, baseados nas normas aplicáveis, têm em consideração um aspeto muito importante que é o tamanho do vírus SARS-CoV-2. A dimensão do novo coronavírus é muito inferior à das bactérias. Diversos estudos científicos realizados por entidades de referência internacionais desde o início da pandemia, permitem corroborar esta informação e aferir a gama de dimensões deste vírus. “O ISQ, para determinar a eficiência de filtração (EF) da máscara, utiliza um método baseado na EN 13274-7:2019, fazendo uso de aerossóis que permitem simular a dimensão média do vírus. Desta forma, o ISQ determina o valor real da EF face ao vírus SARS-CoV-2, garantindo também a rastreabilidade de todos os resultados”, esclarece Tânia Farinha, responsável do Laboratório de Metrologia Química do ISQ.

Desde o início da pandemia o ISQ tem respondido ao mercado oferecendo novos serviços que vão desde a avaliação de conformidade de dispositivos médicos de classe I e de EPI, ao “COVID OUT” com vista à identificação, análise, avaliação e tratamento do risco de transmissão do Coronavírus SARS-CoV-2 em superfícies e espaços. Esta nova gama de serviços inclui ainda ensaios de segurança elétrica para ventiladores pulmonares e ensaios de validação de máscaras cirúrgicas e respiradores segundo as Normas EN 14683:2019 e EN 149:2019, respetivamente. Nestas áreas, o ISQ já está a trabalhar com diversas entidades nacionais e internacionais. Estes serviços são suportados por capacidade laboratorial (16 laboratórios acreditados).

 

Decisão do Governo
A retificação publicada ontem, terça-feira, em Diário da República, do Decreto-Lei 20/2020 retira da lista do regime excecional...

A Sociedade Portuguesa de Diabetologia (SPD) mostra-se negativamente surpreendida com esta retificação e com a exclusão propositada das pessoas com diabetes e hipertensão do regime excecional de proteção.

“Não percebemos qual é a intenção do Governo ao excluir as pessoas com diabetes do regime excecional de proteção. A Sociedade Portuguesa de Diabetologia, tal como outras sociedades científicas, há meses que faz um trabalho árduo no sentido de sensibilizar as pessoas com diabetes para o risco acrescido que têm perante a COVID-19. Vários elementos do próprio Governo têm feito múltiplas menções a este risco. Foi uma surpresa para nós esta exclusão que se manifestou numa correção intencional não justificada deste Decreto-Lei”, destaca João Filipe Raposo, Presidente da Sociedade Portuguesa de Diabetologia.

O presidente da SPD relembra ainda que “as sociedades científicas devem, entre outras funções, ser ouvidas em questões como estas para fazer o devido enquadramento técnico-científico, que claramente aqui não foi assumido”.

“A diabetes representa um sério problema de saúde pública em Portugal, com mais de um milhão de pessoas a viver com a doença, das quais mais de 40% não está diagnosticada, pelo que temos ainda muitos aspetos a melhorar no panorama dos cuidados às pessoas com diabetes. Esta exclusão era desnecessária, uma vez que deixa estas pessoas numa situação de vulnerabilidade ainda maior. Recordo que este Decreto-Lei, agora alterado para excluir pessoas com diabetes e hipertensão, permitiria aos doentes crónicos e imunodeprimidos justificar faltas com base numa declaração médica, até um máximo de 30 dias num ano, a pessoas que em idade ativa não poderiam realizar a sua atividade laboral em regime de teletrabalho ou em condições de proteção especial. Estamos com certeza a falar numa população muito reduzida e que certamente merecia esta atenção por parte do Estado”, conclui João Filipe Raposo.

Balanço
Portugal já fez mais 459 mil testes de diagnóstico desde o início da pandemia da Covid-19, correspondendo a uma média de 44 mil...

António Sales salientou que o número e a média de testes realizados coloca Portugal “numa posição confortável em termos europeus”.

“O dia em que se fizeram mais testes foi em 30 de abril, com mais de 15 mil testes”, afirmou o Secretário de Estado da Saúde, referindo que aos fins de semana se têm realizado menos testes, “não porque haja uma menor oferta, que se mantém constante, mas porque há uma diminuição da procura, como, aliás, se compreende”.

António Sales destacou, também, que tem havido “um reforço constante e estabilizado do nível de testagem” apesar de flutuações nos números diários.

 

Sociedade Portuguesa para o Estudo da Obesidade
Apesar de não apresentarem uma maior probabilidade de contrair COVID-19, quando comparados com a pop

Por que motivo os doentes diabéticos correm maior risco de sofrer complicações em caso de infeção por COVID-19? 

As pessoas com diabetes mellitus assim como as pessoas com hipertensão arterial, doença cardiovascular, obesidade e com idade superior a 65 anos têm um risco maior de morbilidade, hospitalização e mortalidade pelo novo coronavírus – o SARS-CoV-2. Por um lado, as pessoas com diabetes muitas vezes já têm um conjunto de complicações crónicas e de fatores de risco associados como por exemplo, obesidade, hipertensão arterial e doença cardiovascular, mas também existem outras explicações independentemente dos fatores de risco ou complicações já existentes. Existem vários potenciais mecanismos que podem aumentar a suscetibilidade dos doentes com diabetes mellitus à COVID-19: maior afinidade e entrada eficiente do vírus, diminuição da clearance do vírus, diminuição da função das células T, aumento da suscetibilidade à hiperinflamação e síndrome de tempestade de citocinas, entre outros. Por outro lado, a diabetes mellitus, sobretudo se descompensada, inibe a chemotaxia de neutrófilos, a fagocitose e morte intracelular de micróbios, o que favorece a gravidade das infeções. Ou seja, se a diabetes estiver descompensada, aumenta a probabilidade de todas as infeções, sejam bacterianas, víricas, parasitárias ou fúngicas. Isto porque na diabetes podem existir alterações de imunidade adaptativa que podem proporcionar mais infeções ou infeções mais graves. Também não podemos esquecer que no caso da diabetes mellitus tipo 2, 90% dos doentes têm obesidade, o que lhes confere um risco adicional.

Dito de outro modo, considerando a elevada prevalência de doença cardiovascular, obesidade, e hipertensão nos doentes com diabetes mellitus, esta constelação de fatores contribui para este risco aumentado de gravidade da doença COVID- 19 nas pessoas com diabetes. Aliás, níveis plasmáticos elevados de glicose e a diabetes mellitus per se são predictores independentes para morbilidade e mortalidade em doentes COVID-19.

É de realçar que as pessoas com diabetes e obesidade não têm maior probabilidade de contrair COVID-19 do que a população em geral. No entanto, a COVID-19 pode causar sintomas mais graves e mais complicações nas pessoas que vivem com diabetes e obesidade e outras doenças associadas. As pessoas idosas e as pessoas com doenças crónicas, incluindo diabetes, doença cardiovascular e distúrbios pulmonares – doenças comumente associadas à obesidade e à diabetes - apresentam maior risco de sofrer complicações graves. A evidência científica já tinha sugerido que numa gripe sazonal, pessoas com IMC ≥ 40 Kg/m2 tinham um risco aumentado de complicações e o mesmo acontece com a COVID-19.

No âmbito da pandemia, quais os cuidados que devem seguir para além dos tão comentados e que dizem respeito à higiene e etiqueta respiratória? Que hábitos do dia -a -dia devem ser reforçados? 

As pessoas com diabetes devem fazer uma autovigilância mais apertada da glicemia. Idealmente as pessoas com diabetes devem, nesta fase, avaliar os valores da sua glicemia de acordo com as indicações do seu médico assistente. O risco de hiper ou hipoglicemia pode ser maior, especialmente em caso de infeção por COVID-19, pois a doença irá descompensar a diabetes, mesmo que antes estivesse bem controlada. É importante saber tratar-se se surgir descompensação da diabetes e em caso de dúvidas aconselhar-se com o seu médico sobre como proceder nos casos de hiperglicemia nos dias de doença aguda ou como tratar hipoglicemias. Estas últimas podem ser particularmente perigosas já que podem estar associadas a complicações, por exemplo, cardiovasculares e neurológicas. Por vezes, as pessoas com diabetes não sabem identificar os sintomas de hipoglicemia que podem ser mais ligeiros, como visão turva, fadiga, dor de cabeça, hipersudorese, taquicardia, sensação de fome ou mais graves, como perda de consciência.

Também de sublinhar que se ficar doente, e muitas vezes com perda de apetite, não deve descurar a hidratação, deve continuar a alimentar-se, fazer monitorização frequente da glicemia capilar a cada 3 a 4 horas. Se tiver hiperglicemia (valores superiores a 250 -300 mg/dL) deve adicionalmente avaliar os corpos cetónicos. Nesta última situação deve manter e nunca parar a administração de insulina ou medicação usual para a diabetes e eventualmente até pode ter de administrar insulina extra, de acordo com os ensinamentos prévios do seu médico e, se necessário contactar o médico.

 De uma forma geral, mesmo não tendo quaisquer sintomas de doença aguda deve prevenir a desidratação. As pessoas com diabetes e obesidade devem manter-se bem hidratadas, bebendo sobretudo água e evitando a ingestão de bebidas alcoólicas e açucaradas, que além de serem muito calóricas, podem contribuir para a desidratação.

Outro aspeto importante é fazer uma alimentação saudável. O tempo passado em casa pode convidar a refeições mais demoradas ou a snacks mais frequentes. É importante que as pessoas com obesidade e diabetes continuem a seguir os conselhos dos seus médicos e nutricionistas assistentes e optem por uma alimentação saudável e equilibrada e não hipercalórica. Outro aspeto também muito importante é a prática de atividade física. O tempo de confinamento não pode ser sinónimo de inatividade. É importante manter ou até iniciar um programa de exercício físico. Não precisa de ser complexo. Coisas simples como descer e subir escadas quando se vai levar o lixo ou levantar-se para mudar o canal de televisão podem ser o primeiro passo para dias mais ativos.

Agora e mais do que nunca o controlo da diabetes é muito importante.

A que sinais devem estes doentes estar atentos? E o que devem fazer em caso de suspeita de infeção COVID 19?

Os doentes com COVID-19 podem ser assintomáticos, ou seja, sem qualquer sintoma, mas com teste positivo e estes doentes, denominados portadores assintomáticos têm taxas de transmissão e carga viral respiratória semelhantes ao sintomáticos, o que parcialmente pode explicar a rápida propagação da SARS-CoV-2. Outros doentes podem ter doença respiratória sintomática ou até pneumonia. Os doentes com doença respiratória aguda podem ter febre, fadiga, sintomas respiratórios (tosse, dispneia - falta de ar) ou sintomas gastrointestinais (náuseas, diarreia, vómitos). Também foi descrito a presença de anósmia (perda ou diminuição do olfato). Nos casos graves com pneumonia e com falência respiratória pode surgir também falência multiórgãos, choque e morte.

Quanto à obesidade, de que forma esta pode condicionar o agravamento da infeção?

Tal como na diabetes, as pessoas com obesidade não têm maior risco de contrair a doença, mas se se infetarem a gravidade da doença aumenta de acordo com o seu IMC (índice de massa corporal), tendo maior risco aqueles com IMC igual ou superior a 35 ou 40 Kg/m2. Alguns estudos mostraram que a necessidade de ventilação mecânica invasiva estava associada com a gravidade da obesidade e era independente da idade, do género, da presença de diabetes ou de hipertensão arterial. Ou seja, a obesidade per se contribuía para a gravidade da doença COVID-19. Mas por outro lado, os doentes de maior risco de COVID-19 são aqueles com doenças prévias como a hipertensão arterial, diabetes mellitus, doença respiratória crónica, doença cardiovascular e cancros. E de facto, todas essas doenças também são mais prevalentes em doentes com obesidade. E adicionalmente, as pessoas com obesidade e sobretudo aquelas com obesidade abdominal, podem ter diminuição de ventilação das bases pulmonares, o que pode resultar numa diminuição ou redução da saturação do oxigénio no sangue. Os doentes com obesidade podem também ter redução da elastância da parede abdominal, redução da compliance do sistema respiratório total ou do volume de reserva expiratória. Também existe uma associação entre obesidade e diminuição da função imune e maior possibilidade de agravamento de eventos trombóticos, o que se relaciona com a gravidade da COVID-19.

Quais as principais recomendações para este grupo de risco?

Além das medidas de distanciamento social, higiene respiratória e das mãos, este período de confinamento pode associar-se a sedentarismo prolongado e a má prática alimentar associada ao stress emocional e um padrão alimentar psicopatológico. Mas, as pessoas com obesidade podem encarar este período como uma oportunidade para iniciar uma mudança para todo o sempre, como uma nova etapa, com o início de adoção de medidas de estilo saudáveis, com técnicas culinárias saudáveis e início de atividade física quer nas tarefas domésticas quer algo mais estruturado. Sugiro uma visita ao site da SPEO – www.speo.pt – e descarregar o “Manual para a Pessoa com Obesidade e Pré-Obesidade” onde podem encontrar dicas sobre alimentação, atividade física e do foro da Psicologia.

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Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Medidas de contingência
A Direção-Geral da Saúde (DGS) publicou, no início deste mês, uma orientação sobre os procedimentos a adotar em clínicas,...

Devido à proximidade com os utentes, os profissionais de saúde oral estão expostos a gotículas respiratórias e a aerossóis que podem ser criados durante os procedimentos, tornando o gabinete de consulta uma potencial fonte de transmissão do vírus. Por isso, lê-se no documento, “medidas adicionais devem ser tomadas para assegurar uma minimização da transmissão deste vírus”.

Nesta fase, nenhum atendimento presencial deve ser efetuado sem um contacto prévio por telefone, email ou outro meio. Adicionalmente, deve ser atualizado o Plano de Contingência e dada formação/informação a todos os profissionais.

A orientação estabelece os procedimentos gerais a adotar pelas clínicas e consultórios, bem como na triagem. “Antes da realização da consulta deve ser feita uma triagem prévia, por via remota, para que o utente seja avaliado quanto à presença de sintomas sugestivos de COVID-19”, refere o documento, acrescentando que se existirem sintomas sugestivos de infeção, a consulta não deve ocorrer.

O documento refere também os procedimentos que devem ser realizados antes da consulta, durante a consulta e após a consulta, e as especificações relativas aos equipamentos de proteção individual e à limpeza e desinfeção dos espaços.

 

Doença reumática crónica
A Espondilite Anquilosante (EA) é uma doença reumática crónica de características inflamatórias que

O que é a Espondilite Anquilosante?

A Espondilite Anquilosante (EA) é uma doença reumática crónica, de natureza inflamatória dolorosa e progressiva, que afeta predominantemente o esqueleto axial (as articulações entre as vértebras) e as sacroilíacas (articulações entre o sacro e os ossos ilíacos da bacia).

Esta doença inclui-se num grupo de doenças designadas por Espondilartropatias.

“Habitualmente descrita como muito mais frequente nos homens (3 a 5 vezes para 1 mulher) (…) a percentagem de mulheres diagnosticadas tem vindo a aumentar nos últimos 40 anos”, segundo o reumatologista António Vilar.

Quais as causas?

Embora as suas causas permaneçam desconhecidas, sabe-se que que os fatores genéticos têm um papel preponderante, no desenvolvimento da doença. O risco individual de desenvolver EA está aumentado 5 a 16 vezes nos familiares

em primeiro grau de doentes com esta doença.

Sabe-se ainda que a presença do antigénio de histocompatibilidade HLA B27 está associada a um risco aumentado de desenvolver a doença em alguns grupos.

Quais os sintomas?

Os principais sintomas da Espondilite Anquilosante são as dores nas costas e a dificuldade na mobilização. No entanto, nas suas fases iniciais podem ocorrer outras manifestações, como “tendinites com dor na inserção dos tendões de Aquiles, nos polegares ou nos ombros. Nos dedos das mãos ou dos pés a inflamação dos tendões dá um inchaço com “aspeto de dedo em salsicha” muito característico”, explica António Vilar.

“Sintomas de artrite podem ocorrer em qualquer articulação, mas são mais frequentes nos joelhos, tornozelos, cotovelos, ombros e mãos. Apresentam-se com dor, inchaço articular e calor nas articulações afetadas”.

De acordo com o especialista “as características da dor nesta doença são importantes para ajudar ao diagnóstico e devem alertar os doentes e seus familiares”. “Tratam-se de dores que classificamos como inflamatórias, isto é são dores que não aliviam com o repouso, que acordam o doente durante a noite, tipicamente de madrugada fazendo o doente sair da cama, com algum alívio, mas que se repetem ciclicamente”, chama a atenção António Vilar.  

Segundo o reumatologista, os doentes “queixam-se ainda de rigidez matinal (“ferrugem”) que dura habitualmente mais de 30 minutos”.

A dor na coluna pode atingir qualquer segmento (cervical, dorsal ou lombar) “localizado ou por extensão, mas também e muito frequentemente na bacia (nádegas) afetando apenas um lado por vezes com irradiação para a coxa com trajeto que pode simular a dor ciática, mas diferenciando-se dela por ser truncada à coxa, não irradiar para o pé́ e muitas vezes alternar com a nádega oposta , num quadro que chamamos de pseudo ciática basculante”.

Na cervical, esclarece o especialista, “comporta-se como um torcicolo limitando todos os movimentos da cabeça, na dorsal pode irradiar para as costelas ou “atravessar” o tórax”.

Mais raramente podem ocorrer manifestações de «olho vermelho», “unilateral, de início súbito com visão turva ou intolerância à luz que pode desaparecer espontaneamente, mas com tendência a repetir-se e que levam o doente à consulta de oftalmologia e ao diagnóstico de inflamação ocular - uveíte”.

Fora das articulações podem ocorrer outras manifestações associadas à doença, como Psoríase, Doença Inflamatória do Intestino, “habitualmente doença de Cohn ou Colite Ulcerosa”, ou a ocorrência muito frequente de aftas.

Como se faz o diagnóstico?

De acordo com o reumatologista António Vilar, as características da dor são o que devem levantar a suspeita da doença. “A presença no meu consultório de um adulto jovem com menos de 40 anos, que se queixa de uma dor lombar de início insidioso, com rigidez matinal superior a 30 minutos, que melhora com o exercício mas não com o repouso, que o acorda de madrugada e com recaídas após melhoria com anti-inflamatórios é muito suspeita e merece uma observação e exame médico cuidados.

Se neste contexto o doente refere episódios de artrite, tendinites ou “dedo em salsicha” então devemos colocar a hipótese de Espondilite”, explica o especialista.

História familiar, manifestações extra articulares como descritas acima e a presença radiológica de inflamação nas sacroilíacas confirma o diagnóstico.

Qual o tratamento?

Não existindo cura para a doença, o tratamento tem como objetivo diminuir a dor, preservar uma boa função articular e evitar deformações.

Medidas gerais como a manutenção de uma dieta equilibrada e variada, rica em proteínas, vegetais e fruta; o controlo do peso; a abstinência tabágica e a prática de exercício adequado à sua condição, são essenciais para a evolução da doença.

Quanto ao tratamento farmacológico, “nos últimos 20 anos o aparecimento de medicamentos produzidos por biotecnologia (BT) na gíria designados “biológicos” vieram trazer grandes melhoras com respostas clínicas e remissão até então não alcançadas, em 25% dos doentes”, explica o reumatologista António Vilar.

O tratamento inclui ainda analgésicos, anti-inflamatórios não esteroides (AINE) e fármacos modificadores da doença, que não têm impacto imediato nas dores ou rigidez, mas podem modificar a sua evolução.

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