Terapia visa alívio dos sintomas

Bowen devolve qualidade de vida aos doentes com Espondilite Anquilosante

Atualizado: 
04/05/2018 - 09:52
Estima-se que, em Portugal, existam cerca de 50 mil doentes com Espondilite Anquilosante - uma doença reumática inflamatória crónica, dolorosa e progressiva, que atinge as articulações da coluna vertebral. Visando o alívio dos principais sintomas – dor e rigidez muscular –, a Terapia de Bowen apresenta múltiplos benefícios no tratamento desta doença.

Sem causa conhecida, a Espondilite Anquilosante é uma doença reumática crónica, de natureza inflamatória, que pode atingir qualquer sexo, embora os homens sejam mais afetados. Atingindo sobretudo jovens, com idades compreendidas entre os 15 e os 30 anos, esta doença é bem mais comum do que imaginamos e caracteriza-se, essencialmente, por dor intensa e perda de mobilidade ao nível da coluna vertebral.

O tratamento é indicado para o alívio dos sintomas e evitar, a médio/longo prazo, danos estruturais irreversíveis.

É, neste âmbito que, surge a Terapia de Bowen. Muitas vezes entendida como uma mera massagem, - “o único elemento que tem em comum é o facto de acontecer numa marquesa” - a verdade é que esta técnica holística traz inúmeros benefícios no tratamento desta patologia.

“O Bowen consiste numa série de movimentos muito suaves e precisos que o terapeuta aplica no corpo do paciente ao nível da fáscia”, começa por explicar Rita Azeredo, a primeira terapeuta de Bowen portuguesa credenciada pela The Bowen Therapy Academy of Australia.

“A fáscia é uma rede de tecido fibroso localizado entre a pele e a estrutura adjacente ao músculo e osso (...) composta por duas camadas: uma camada superficial e uma camada mais profunda”, descreve acrescentando que o colagénio e a elastina compõem a camada supercial da fáscia que está ligada à pele.

“Acredita-se que é ao nível da fáscia que o movimento de Bowen atua. Além de libertar as possíveis tensões e adesões que existem na fáscia, o movimento de Bowen ativa o sistema nervoso parassimpático e, consequentemente, inícia o reequilíbro do organismo e o processo de auto-cura”, revela Rita.

Considerada umas das terapias mais seguras, qualquer pessoa pode recorrer a esta técnica independentemente da idade. “A terapia de Bowen é muito segura. Quase não é usada pressão nos movimentos. É ideal para pessoas de todas as idades, desde recém-nascidos até pessoas muito idosas, em qualquer situação”, afiança.

Entre os vários benefícios, esta terapia melhora a circulação, o movimento articular, melhora a postura e facilita a drenagem linfática. Trata dores muscoloesqueléticas - crónicas ou agudas -  e lesões desportivas. Promove ainda o alívio de cólicas no recém-nascido, distúrbios do sono, problemas digestivos ou respiratórios.

“No caso da Espondilite Anquilosante, a terapia de Bowen pode aliviar as dores sacro-ilíacas, tensão muscular e rigidez dos membros inferiores e superiores, dores no externo e cervical. Ajuda o doente a dormir melhor e sem dores. Este sente mais energia em geral e melhor movimento articular”, enumera a terapeuta.

Dedicada, sobretudo, aos casos de doenças autoimunes e dor crónica, Rita afirma que o alívio dos sintomas já se fazem sentir entre a primeira e a terceira sessão terapêutica.

“O doente deve observar as alterações que vão surgindo no seu organismo e o tratamento seguinte deve ser adaptado consoante a resposta de cada indivíduo”, enfatiza.  Depois de restabelecido o equilíbro – que acontece geralmente entre a 6ª e a 10ª sessão – o doente com Espondilite Anquilosante necessita apenas de fazer uma manutenção, o que corresponde a um tratamento por mês, “para manter a sua qualidade de vida parecida com a de uma pessoa sem esta doença”.

Entre as principais conselhos, Rita recomenda a ingestão de água e a prática de exercício físico. “É evidente que se recomenda a estes pacientes que continuem a praticar exercício físico diariamente e a serem seguidos regularmente pelo seu reumatologista”, adianta a terapeuta. Devem evitar, no entanto, recorrer a outras técnicas ou formas de tratamento ao longo deste processo. “Se a pessoa deseja fazer uma massagem, fisioterapia, reflexologia ou outra forma de terapia, deve esperar até ao fim das sessões da Terapia de Bowen”, aconselha.


A terapeuta, Rita Azeredo, descobriu a Terapia de Bowen na sequência do seu diagnóstico 

Embora se trate de uma doença de evolução imprevisível, alternando entre surtos e períodos de remissão espontânea, o prognóstico da Espondilite Anquilosante é, no geral, positivo. “Viver com Espondilite Anquilosante é viver uma vida cheia de incertezas, com medo da dor e da incapacidade física, mas é possível dar a volta e é possível sermos nós doentes a controlar a doença e não nos deixar vencer por ela”, afirma Rita, que além de terapeuta é também doente.

Foi precisamente, há cerca de 16 anos, e graças ao seu diagnóstico, que descobriu a Terapia de Bowen, decidindo dedicar-se a ajudar aqueles que, tal como ela, convivem com a dor.

“Uma pessoa conhecida falou-me da Terapia de Bowen mas, como sempre fui muito céptica em relação todo o tipo de terapias alternativas, não me deixei convencer facilmente. Estava convencida que ter uma doença crónica era algo que simplesmente devia aceitar e que nada me podia ajudar além da medicina tradicional que, de facto, não estava a fazer muito por mim”, recorda.

No entanto, e apesar da resistência inicial, Rita Azeredo decidiu comprovar os benefícios de uma terapia até então desconhecida. “Após a primeira sessão fiquei mais uma vez bastante céptica, já que o terapeuta me tinha apenas aplicado alguns movimentos tão suaves que eu pensei que seria impossível eles terem algum efeito no meu organismo”, afirma assegurando que foram precisas apenas mais duas sessões para mudar completamente a sua opinião. “As minhas dores começaram a diminuir e a minha mobilidade começou a melhorar de dia para dia. Ao fim de 11 tratamentos as minhas dores tinham completamente desaparecido. Eu estava incrédula e rendida às evidências”, afirma.

“16 anos mais tarde continuo a fazer um tratamento por mês em forma de manutenção e a ser seguida pelo meu reumatologista que me receita análises de sangue de ano a ano. Os valores saem sempre normais, como se não tivesse a doença ativa. Graças a esta terapia, hoje consigo fazer uma vida completamente normal, sem medicação”, acrescenta assegurando que, partindo da sua própria experiência pode comprovar os resultados alcançados com esta técnica.

“Hoje em dia, tenho uma perspectiva muito clara relativamente à forma como a Terapia de Bowen funciona. Eu conheço o seu efeito lógico no organismo. E vejo que faz todo o sentido”, reforça. “É extremamente gratificante ouvir dos meus pacientes ao fim de 3 tratamentos ‘a dor desapareceu completamente’. Entendo perfeitamente a sua alegria, até porque eu também já a senti…”, conclui.

A Terapia de Bowen: como escolher o terapeuta

“A técnica de Bowen foi desenvolvida entre os anos 50 e 60, na Austrália, por Thomas Ambrose Bowen (1916 – 1982), mas foram os seus assistentes, Ossie e Eleine Rench, que a tornaram pública nos anos 80, dando-lhe o nome de Bowtech. É desde então que têm vindo a espalhar esta técnica pelo mundo inteiro”, explica Rita Azeredo.

De acordo com a terapeuta, a Terapia de Bowen só pode ser aplicada por  “terapeutas treinados e credenciados nesta técnica em específico”.

Existem várias escolas a nível mundial que ensinam esta técnica mas, em Portugal, a mais ativa e dinâmica é a formação Bowtech Portugal (http://www.cursosterapiabowen.com)

“Estes cursos são acreditados pela BOWTECH, a Academia de Terapia de Bowen da Austrália (Bowen Therapy of Australia), a Associação de Bowen do Reino Unido, Bowen Academy Europe, e com o apoio da Associação Portuguesa de Terapeutas de Bowen”, refere.

A Bowtech é a única escola que dá apoio, a nível mundial, a todos os cerca de 20 mil terapeutas formados e mais de 100 instrutores creditados.

Em Portugal, pode-se consultar a lista de terapeutas certificados no site da Associação Portuguesa de Terapeutas de Bowen, em http://www.apt-bowen.pt.

Autor: 
Sofia Esteves dos Santos
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Foto: 
Rita Azeredo