Secção Regional do Norte da Ordem dos Médicos
Investigadores nacionais e estrangeiros a produzir investigação em Portugal podem a partir de hoje e até 15 de junho candidatar...

Criado pela Secção Regional do Norte da Ordem dos Médicos e patrocinado pelo Banco Carregosa, o galardão pretende, segundo Miguel Guimarães, presidente da SRNOM, “estimular e premiar a investigação clínica em Portugal, uma realidade emergente no país, mas uma das áreas com maior potencial de crescimento, ao nível científico, assistencial e económico, fruto do continuado investimento e consolidação dos recursos técnicos e humanos”.

Com coordenação científica de Sobrinho Simões, recentemente considerado o patologista mais influente do mundo, o prémio irá atribuir ao vencedor 20 mil euros, sendo os restantes cinco mil divididos por duas menções honrosas.

Na cerimónia de assinatura do protocolo entre as duas instituições, Miguel Guimarães acrescentou que o prémio destina-se a projetos que se encontrem em curso e os concluídos, desde que há menos de um ano relativamente à data da sua proposta.

Será condição de elegibilidade a publicação e divulgação dos trabalhos ou dos resultados, em uma ou mais revistas das especialidades em causa, indexadas e com índice de impacto.

As propostas de candidatura ao Prémio Banco Carregosa/SRNOM deverão ser entregues em impresso próprio na Secção Regional do Norte da Ordem dos Médicos, devidamente instruídas com toda a documentação necessária à demonstração e comprovação do trabalho desenvolvido e dos resultados alcançados.

Os vencedores serão conhecidos a 15 de setembro, nas comemorações do Dia do Serviço Nacional de Saúde.

O Prémio Banco Carregosa/SRNOM terá uma periodicidade anual, devendo o Banco Carregosa e a SRNOM decidir, até 15 de janeiro de cada ano civil, da sua atribuição, da sua finalidade e do montante pecuniário.

Estudo
Uma investigação pioneira em Portugal, realizada na Universidade da Beira Interior, Covilhã, permitiu identificar algumas das...

"Estamos a falar do hipogonadismo hipogonadotrófico idiopático e este estudo baseou-se na análise de 50 casos congénitos, tendo permitido concluir que em 60% dessas situações - ou seja, de pessoas que já nasceram com a doença - a patologia teve origem em alterações genéticas", explicou.

Catarina Gonçalves referiu que foi possível identificar mutações genéticas em causa, 18 das quais são novas e não descritas a nível mundial.

Segundo destacou, estas conclusões são "extremamente importantes", não só porque "não existia em Portugal uma investigação desta dimensão" relativamente à doença, mas essencialmente porque poderão dar origem a "aplicações médicas importantes".

"A partir do momento em que identificamos a mutação genética, podemos passar para o desenvolvimento da técnica de tratamento adequada e, naturalmente, fazer um aconselhamento genético", fundamentou, garantindo que esse trabalho será agora feito "caso a caso".

Noutra vertente, o estudo permitiu ainda verificar que algumas das mutações genéticas identificada podem interferir com o desenvolvimento dos neurónios que compõem o sistema olfativo, motivo pelo qual há doentes que possuem anósmia/hipósmia, isto é, ausência ou diminuição da capacidade para cheirar determinadas substâncias.

A investigação decorreu no Centro de Investigação de Ciências da Saúde da Universidade da Beira Interior (CICS-UBI) e foi realizada ao longo dos últimos quatro anos, contando com a colaboração de várias unidades hospitalares de endocrinologia de Lisboa, Porto, Coimbra e Braga.

Do trabalho resultou ainda a tese de doutoramento em Biomedicina, intitulada "Genética molecular do hipogonadismo hipogonadotrófico idiopático", cuja defesa foi realizada por Catarina Gonçalves no dia 1 de fevereiro, tendo obtido a classificação de 19 valores.

De acordo com os dados internacionais, o hipogonadismo hipogonadotrófico idiopático é uma doença rara que nas situações congénitas se verifica em cerca de um a dez casos por cada dez mil nascimentos e que afeta homens e mulheres, tendo, todavia, maior incidência no sexo masculino.

Vendidos no Japão
Uma cadeia de óticas japonesa começou a comercializar óculos para paliar os efeitos negativos que o uso dos ‘smartphones’ e de...

O fabricante de lentes Jin garantiu que os óculos em causa, que custam 4.900 ienes (cerca de 37 euros), eliminam em 60% a luz de onda curta que emana dos ecrãs dos ‘smartphones’.

A exposição a esta luz “azul” antes de dormir reduz a segregação de hormonas (como a melatonina) que ajudam a dormir, assinalou hoje a empresa em comunicado.

O recurso a estes óculos aquando da utilização do telemóvel antes da ida para a cama reduz em 10% o tempo necessário para conciliar o sono, segundo um estudo apresentado pela Jin.

Ver televisão e utilizar o telemóvel à noite antes de ir dormir pode perturbar o sono, de acordo com um estudo da Fundação Nacional do Sono nos Estados Unidos.

Segundo especialista
Caracterizada pela ausência de sintomas, a doença do beijo afeta maioritariamente jovens com idades entre os 15 e os 25 anos....

"A mononucleose atinge o seu pico de incidência entre os 15 e os 25 anos, sendo muito rara a manifestação da doença a partir dos 30 anos. Cerca de 90% dos adultos apresentam evidência serológica de terem tido a infeção no passado, sem sintomas associados", explica Ana Teresa Boquinhas, especialista em Medicina Interna do Hospital de Cascais.

Embora não seja comum a manifestação de quaisquer sintomas, quando estes surgem podem confundir-se, segundo o Sapo, com os de uma gripe como, por exemplo, febre, fadiga, aumento dos gânglios linfáticos, dor de garganta, náuseas e mialgias.

Ana Teresa Boquinhas acrescenta ainda que "ocasionalmente, o envolvimento do fígado e do baço pode gerar sintomas menos frequentes como dor abdominal e icterícia e algumas complicações do sistema nervoso central poderão ocorrer, mas de forma muito rara".

Para evitar o contágio, a médica aconselha: "Não devem ser partilhados os copos e os talheres, por exemplo, uma vez que a transmissão do vírus Epstein-Barr é feita através do contacto com secreções corporais, nomeadamente a saliva".

Na presença do vírus, uma análise ao sangue revela um aumento dos linfócitos e das enzimas hepáticas, sendo posteriormente necessário confirmar o diagnóstico da doença através de um monoteste, um exame que permite mostrar se ocorreu uma infeção recentemente.

O tratamento da mononucleose é realizado por meio de antipiréticos e analgésicos, associados a repouso, sendo que a resolução da doença é espontânea entre duas a três semanas.

A mononucleose infeciosa é geralmente benigna e, sem tratamento dirigido, não evolui para uma doença grave.

Primeiro caso na Europa
As autoridades da região espanhola da Catalunha confirmaram que uma mulher grávida de 13 semanas, que recentemente esteve na...

As autoridades catalãs acreditam que será o primeiro caso de uma gestante infetada com o vírus Zika em Espanha.

Segundo o Departamento de Saúde do executivo regional (Generalitat) da Catalunha, a mulher está a receber assistência, mas não está hospitalizada.

Os sintomas e sinais clínicos da infeção, transmitida aos seres humanos por picada de mosquitos infetados, são muito parecidos com os da gripe, com o doente a registar febre, erupções cutâneas, dores nas articulações, conjuntivite, dores de cabeça e musculares.

Geralmente, os sintomas começam a desaparecer quatro ou cinco dias depois. O período normal de incubação varia entre três a 12 dias.

No caso de mulheres grávidas, o vírus está associado a complicações neurológicas e malformações em fetos, nomeadamente a casos de microcefalia.

Na segunda-feira, a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou que o recente aumento de casos de microcefalia e de desordens neurológicas na América Latina constitui uma emergência de saúde pública de alcance internacional, adiantando na mesma altura que existe uma forte suspeita de que o aumento daqueles casos seja causado pelo vírus Zika.

A microcefalia é um distúrbio de desenvolvimento fetal que resulta num perímetro do crânio infantil mais baixo do que o normal, com consequências no desenvolvimento do bebé.

A OMS confirmou que até à data foram detetados casos do vírus em 25 países e territórios das Américas.

Segundo a agência das Nações Unidas, a doença está a propagar-se "de forma explosiva" pelo continente americano, com três a quatro milhões de casos esperados este ano, dos quais 1,5 milhões no Brasil, o país mais afetado.

O Departamento de Saúde do executivo regional da Catalunha indicou que até ao momento naquela região foram diagnosticados seis casos positivos e notificados 10 casos suspeitos, todas pessoas que viajaram recentemente para países da América do Sul.

Estudo
Investigadora da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra, Beatriz de Oliveira Xavier, quis saber o que é viver com uma afeção...

A generalidade das pessoas hipertensas não encara a hipertensão arterial como uma “verdadeira doença”, considerando-a, sobretudo, resultado do “envelhecimento e dos excessos que se acumularam no corpo, consequentes da própria vida”, conclui um estudo desenvolvido por uma professora da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC), que teve por base entrevistas a 40 doentes com esta afeção.

A investigadora, Beatriz de Oliveira Xavier, que recentemente prestou provas de doutoramento em Sociologia, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (com a tese “Entre o fazer e o dever: lógicas e práticas dos doentes hipertensos”), constatou, ainda, que a finalidade com que estes doentes – utentes da consulta de hipertensão arterial – recorrem à consulta se prende com o “ir buscar receitas”, ou com o “mostrar resultados de exames”.

Mais: “a consulta parece ser usada pelos doentes, não para reforço da sua autonomia pessoal, mas colocando no médico a responsabilidade de estabelecer o controlo” e “de vigiar”, refere a professora Beatriz Xavier.

No âmbito desta investigação qualitativa, assente em entrevistas em profundidade aos utentes da consulta de hipertensão arterial numa Unidade de Cuidados de Saúde Primários Personalizados de Coimbra (a maioria dos quais entre os 60 e os 69 anos, num intervalo de idade que vai dos 41 aos 82 anos), verificou-se, também, que “o cumprimento da medicação não é simples» e que «os doentes manifestam forte desagrado face ao consumo de fármacos”.

“Contudo, há uma enorme confiança na toma do comprimido como sendo essencial e o necessário para ter a hipertensão arterial controlada”, observa a investigadora da ESEnfC.

Já quanto ao cumprimento de dietas alimentares e da prática de exercício físico, ele “é geralmente submetido a outras prioridades ou circunstâncias de vida das pessoas”, como sejam a “dificuldade de conciliação com a atividade profissional, com a falta de tempo e com a vida familiar”, o “gosto e hábitos alimentares instalados”, o “facto de existir uma dimensão de comensalidade como prática social, de comer bem ser comer muito” e da “dimensão simbólica de certos alimentos, como o pão, ou o vinho”, salienta Beatriz Xavier.

Neste estudo, a professora da ESEnfC pretendeu “recolher a perspetiva singular das pessoas com hipertensão nas formas como descrevem a doença, como esta se apresenta nos seus quotidianos e como estas pessoas engendram ações de cuidado de si. De uma forma simples, podemos dizer que procurei saber o que é viver com hipertensão arterial”, conclui Beatriz Xavier.

De acordo com a Direção-Geral da Saúde (documento “A saúde dos portugueses. Perspetiva 2015”), estudos recentes indicam que a prevalência de hipertensão arterial na população adulta permanece alta: afeta cerca de 42% dos portugueses (44% em homens e 40% em mulheres).

“A hipertensão arterial é o mais importante fator de risco modificável para as doenças do aparelho circulatório (acidente vascular cerebral e doença isquémica do coração), que são a primeira causa de morte em Portugal”, lê-se no mesmo relatório.

Bioética quer referendo
O movimento “Direito a morrer com dignidade” apresenta, no sábado, um manifesto a defender a eutanásia, um tema sobre o qual o...

“Um referendo tem a vantagem de ser democrático, de as pessoas escolherem, mas também implica um debate alargado na sociedade”, disse o presidente da associação, Rui Nunes, que também é professor da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto.

O movimento, ainda em fase de recolha de assinaturas, defende no manifesto que as pessoas têm o direito a uma morte assistida digna, em casos de sofrimento profundo ou de doenças incuráveis, e quer a alteração da lei para a morte assistida (e suicídio assistido).

Ainda que sem revelar nomes, um comunicado do movimento diz contar com apoiantes que vão de médicos a deputados.

A Holanda, a Bélgica e o Luxemburgo são os únicos países da União Europeia onde a eutanásia é legal, sendo o conceito, na Holanda, o de que é possível a morte intencional de um doente, a seu pedido firme e consistente, através da intervenção direta de um profissional de saúde.

Rui Nunes considera que este seria o modelo a adaptar a Portugal e sublinha que a questão tem de ser intensamente debatida, até porque coloca muitas questões éticas, mas também muitos receios.

Nas sociedades desenvolvidas, explicou à Lusa, há uma percentagem muito significativa de pessoas que, em abstrato, concorda que se deve morrer com dignidade, “mas o problema é que este tipo de escolha racional e autónoma pode resvalar para a morte assistida, não por decisão do próprio, mas de terceiros”.

O professor dá o exemplo de um caso de uma pessoa em estado vegetativo persistente ou de uma criança, e diz que, na Bélgica, já é permitida a eutanásia de crianças, algo que é, diz, difícil de aceitar.

Rui Nunes tem até dúvidas sobre se este é o melhor momento para lançar uma discussão sobre a matéria, quando o país vive uma crise económica. Porque o preocupa que a eutanásia acontecesse por imposição de condições alheias à vontade do doente, que acontecesse a pessoas com capacidade diminuída.

“Tem de haver seguranças muito fortes”, diz, acrescentando que tem também de ser criado antes um plano nacional de cuidados paliativos, não se podendo legalizar a eutanásia para “resolver problemas sociais e do sistema de saúde”.

O debate, a acontecer, tem de ser o mais alargado possível e distinguindo entre a eutanásia voluntária e involuntária. E acrescenta ser preciso “distinguir legalização/despenalização e ponderar os constrangimentos económicos que a população enfrenta e as enormes carências existentes no que se refere ao acesso a cuidados paliativos”.

O movimento de cidadãos a favor da regulamentação e despenalização da morte assistida surgiu oficialmente em novembro passado, com uma reunião no Porto, e partiu de Laura Ferreira dos Santos, doutorada em Filosofia da Educação, autora de "Leituras feministas do cristianismo e da filosofia", "Diário de uma mulher católica a caminho da descrença, I e II", e de "Ajudas-me a morrer? A morte assistida na cultura ocidental do século XXI", entre outros livros.

UNICEF
Pelo menos 200 milhões de raparigas e mulheres foram vítimas de mutilação genital feminina em 30 países, revela um relatório...

No âmbito do Dia Internacional de Tolerância Zero à Mutilação Genital Feminina, que se assinala no sábado, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) lança o relatório "Mutilação Genital Feminina/Excisão: Uma Preocupação Global", segundo o qual "metade do conjunto de raparigas e mulheres que foram excisadas vivem em três países - Egipto, Etiópia e Indonésia".

Numa declaração conjunta da UNICEF e do FNUAP (Fundo das Nações Unidas para a População) é assinalado que, "independentemente da modalidade praticada", a mutilação genital feminina é, não só, mas também, "uma violação dos direitos das crianças".

"A mutilação genital feminina (MGF) difere consoante as regiões e as culturas", mas "em todos os casos viola os direitos das raparigas e mulheres", pelo que "governos, profissionais de saúde, líderes comunitários, progenitores e famílias devem acelerar os esforços para eliminar esta prática", afirmou a diretora-executiva-adjunta da UNICEF, Geeta Rao Gupta.

As raparigas até aos 14 anos constituem 44 milhões das excisadas, registando-se a maior prevalência de MGF nessa faixa etária na Gâmbia (56%), na Mauritânia (54%) e na Indonésia, onde cerca de metade de todas as raparigas até aos 11 anos foram submetidas à prática, enquanto os países com a maior prevalência na faixa dos 15 aos 49 anos são a Somália (98%), a Guiné (97%) e o Djibouti (93%).

Na maior parte dos países, é predominante o número de raparigas que foram excisadas antes de completar os cinco anos de vida.

No entanto, nos últimos 30 anos, as taxas de prevalência da MGF em raparigas com idades entre os 15 e os 19 anos diminuíram, nomeadamente na Libéria (em 41%), no Burkina Faso (em 31%), no Quénia (em 30%) e no Egipto (em 27%).

De assinalar ainda que, desde 2008, mais de 15.000 comunidades e bairros em 20 países declararam publicamente que estão a abandonar a MGF, incluindo mais de 2.000 comunidades em 2015, além de cinco países terem aprovado legislação para criminalizar a prática.

Os dados indicam também que, nos países onde existem dados sobre MGF, a maioria das pessoas considera que a prática deve ser eliminada, com os rapazes e homens a constituírem dois terços desse total.

Mas a taxa de progresso não é "suficiente para acompanhar o crescimento populacional" e, se as atuais tendências se mantiverem, "o número de raparigas e mulheres submetidas à MGF vai aumentar significativamente ao longo dos próximos 15 anos", lê-se na declaração.

Nesse sentido, Babatunde Osotimehin, diretor-executivo do FNUAP, e Anthony Lake, diretor-executivo da UNICEF, consideram necessário "encorajar mais comunidades e famílias a abandonar a MGF" e "trabalhar com um maior número de comunidades médicas – incluindo profissionais de medicina tradicional e convencional –, persuadindo-as a recusarem-se a realizar ou apoiar a MGF".

Os dois responsáveis consideram ainda fundamental "apoiar mais mulheres e raparigas que foram submetidas à prática nefasta e proporcionar-lhes acesso a serviços para ajudá-las a superar o trauma que sofreram", uma vez que a mutilação genital feminina "é uma prática violenta, que marcas as raparigas para o resto da vida", pondo em perigo a sua saúde e privando-as de direitos.

Considerando que a MGF "reflete e reforça a discriminação contra raparigas e mulheres", Babatunde Osotimehin e Anthony Lake salientam que, embora prevalecente em África e no Médio Oriente, a prática afeta "comunidades na Ásia, Austrália, Europa, América do Norte e do Sul".

Em setembro, na Cimeira das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, 193 nações aprovaram por unanimidade o ano de 2030 como meta para a eliminação da MGF.

Bial diz
A farmacêutica portuguesa Bial realçou que o relatório da Inspeção-Geral dos Assuntos Sociais francesa, sobre o ensaio clínico...

"O relatório da Inspeção-Geral dos Assuntos Sociais (IGAS), hoje apresentado, conclui que as causas do acidente verificado não puderam ainda ser apuradas, sendo que confirma que o protocolo de execução do ensaio está conforme a legislação e as recomendações aplicáveis, tal como decorria da aprovação prévia do mesmo pela Agência Nacional de Segurança do Medicamento e dos Produtos de Saúde (ANSM)", referiu num comunicado.

Na sequência da participação num ensaio clínico de um novo medicamente da farmacêutica portuguesa Bial em França, seis pessoas foram internadas, todos homens, entre 10 e 14 de janeiro, tendo um deles morrido, depois de declarada morte cerebral. Neste momento, todos os voluntários já tiveram alta hospitalar.

O relatório do IGAS, apresentado hoje pela ministra da Saúde de França, Marisol Touraine, em conferência de imprensa, concluiu que o laboratório Biotrial, onde foi realizado o ensaio clínico para a farmacêutica portuguesa Bial, respeitou a regulamentação, mas cometeu "três grandes falhas".

Além disso, a IGAS considerou que a seleção de voluntários para a realização do ensaio clínico deveria ter sido "mais rigorosa e criteriosa", nomeadamente quanto ao consumo de "substâncias psicoativas".

A Bial realçou que o "relatório preliminar não revela ainda os resultados das investigações em curso, em particular as relativas aos dados clínicos dos voluntários do ensaio, os quais são cruciais para um cabal esclarecimento das causas deste lamentável incidente".

E acrescentou: "a Bial reafirma que o desenvolvimento desta nova molécula (inibidor da enzima FAAH) seguiu, desde o início, todas as boas práticas internacionais, com a realização de testes e ensaios pré-clínicos".

A farmacêutica portuguesa lembrou ainda que o ensaio foi aprovado pela ANSM e pela Comissão de Ética Francesa, em conformidade com as orientações de boas práticas clínicas, com a Declaração de Helsínquia e de acordo com toda a legislação aplicável a ensaios clínicos.

Sublinhando que mantém "todo o empenho, compromisso de transparência e partilha de informação", em colaboração com as autoridades francesas, para de forma "rigorosa e exaustiva" apurar o que aconteceu no ensaio.

Instituto Ricardo Jorge
A atividade gripal epidémica foi de “baixa intensidade, com tendência estável”, na semana de 25 a 31 de janeiro, de acordo com...

De acordo com o boletim informativo, o vírus da gripe A (H1)pdm09 foi detetado em 64% dos casos analisados nessa semana, um valor superior ao da semana anterior, mas o boletim realça que “os vírus da gripe circulantes são, na sua maioria, semelhantes aos vírus contemplados na vacina antigripal da época 2015-2016”.

As Unidades de Cuidados Intensivos (UCI) reportaram ter admitido 15 novos casos de gripe na última semana de janeiro, sendo que todos os pacientes estavam infetados com o vírus A(H1N1).

Segundo o Instituto Ricardo Jorge, a mortalidade observada por todas as causas apresentou “valores de acordo com o esperado”, numa semana em que a temperatura mínima do ar registou valores médios acima do normal para a época.

A época gripal 2015-2016 começou em outubro e termina em maio.

Ensaio clínico para a Bial
A Inspeção-Geral dos Assuntos Sociais francesa considerou que a seleção de voluntários para a realização do ensaio clínico no...

“Falta precisão e coerência nos critérios de seleção [dos voluntários] quanto aos seus hábitos de consumo de substâncias psicoativas. Deviam ter mantido um critério específico de exclusão dos voluntários com hábitos de consumo regular de canábis”, refere o relatório da IGAS, divulgado hoje, no âmbito de uma investigação à morte de um voluntário, num ensaio clínico realizado no laboratório francês Biotrial para a farmacêutica portuguesa Bial.

Na sequência da participação no ensaio clínico realizado pela empresa francesa para um novo medicamento a farmacêutica portuguesa Bial em França, seis pessoas foram internadas, todos homens, entre 10 e 14 de janeiro, tendo um deles morrido, depois de declarada morte cerebral.

Neste momento, todos os voluntários já tiveram alta hospitalar.

O relatório da IGAS realçou que no caso particular de um voluntário, ao qual é atribuído o número 2508, estava “documentado” que consumia drogas, mas não deu essa informação aquando da sua inscrição na base informática da Biotrial, em outubro de 2015.

E acrescentou: “quando fez um exame de pré-seleção em novembro para um outro ensaio, entretanto anulado, ele respondeu que não consumia drogas de maneira abusiva, tendo a despistagem dado negativa”.

Quando foi selecionado para o ensaio 1BIAL35, a despistagem a drogas deu novamente negativo, mas os inspetores da IGAS consideram “necessário” aprofundar a investigação quanto a esta questão.

A inspeção não especifica se o voluntário em causa foi o que faleceu ou um dos cinco que foram internados.

Segundo o relatório, a Biotrial disse à IGAS que os voluntários foram “todos” interrogados sobre os seus hábitos de consumo de canábis.

“Foi-lhes perguntado diretamente se eram consumidores de droga e foi-lhes feito um rastreio à urina, capaz de detetar o consumo recente destas substâncias”, lê-se.

A Biotrial adiantou ainda que as “intoxicações antigas”, nomeadamente consumos regulares ou episódios de dependência, deviam estar assinalados no histórico clínico do voluntário, fator que deveria conduzir à sua exclusão.

A ministra da Saúde de França, Marisol Touraine, disse, em conferência de imprensa, que o laboratório Biotrial respeitou a regulamentação, mas cometeu “três grandes falhas”, referindo-se às conclusões deste relatório.

E sublinhou: “não foi ainda possível apurar as causas diretas do acidente”.

Pimenta Marinho
O médico Pimenta Marinho é o novo presidente do Conselho Diretivo da Administração Regional de Saúde (ARS) do Norte depois de o...

“Designo, em regime de substituição, para exercer o cargo de presidente do Conselho Diretivo da Administração Regional de Saúde do Norte, IP, o licenciado António José da Silva Pimenta Marinho, cujo currículo académico e profissional (…) evidencia a competência técnica, aptidão, experiência profissional e formação adequadas ao exercício das respetivas funções”, pode ler-se num despacho publicado em Diário da República de dia 02 mas que “produz efeitos a 04 de fevereiro”.

No despacho, assinado pelo ministro da Saúde Adalberto Campos Fernandes, a nomeação de um novo presidente do Conselho Diretivo é justificada “considerando a vacatura do cargo” na sequência “de cessação do mandato a pedido do anterior titular” Álvaro Almeida.

A 20 de janeiro, o ministro assumiu ter recebido o pedido de renúncia de Álvaro Almeida que, após procedimento concursal, havia sido designado pelo anterior ministro da Saúde Paulo de Macedo para exercer o cargo durante cinco anos.

Pimenta Marinho, que foi vice-presidente do conselho diretivo da ARS Norte entre dezembro de 2010 e outubro de 2011, altura em que o atual secretário de Estado da Saúde era o presidente, irá agora assumir o cargo em regime de substituição.

Esta nomeação, confirmada pela ARS Norte, visa assegurar o “normal funcionamento do respetivo Conselho Diretivo até à conclusão do procedimento concursal aplicável, a realizar pela Comissão de Recrutamento e Seleção para a Administração Pública”.

Vírus Zika
A Organização Mundial de Saúde considerou "adequado" restringir as doações de sangue de viajantes oriundos de países...

"Com o risco de novas infeções pelo vírus Zika em diversos países, e a possível ligação entre (...) o vírus e a microcefalia, além de outras consequências clínicas, restringir as doações de sangue por parte daqueles que regressam de regiões onde há a epidemia é uma medida de precaução adequada", segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).

O Canadá e a Grã-Bretanha já tomaram a dianteira, tendo as autoridades de saúde canadianas anunciado, na quarta-feira, que os viajantes que voltam das regiões de maior risco devem esperar 21 dias após regressar ao Canadá para doar sangue.

Por seu lado, o serviço público de saúde britânico decidiu, também na quarta-feira, que aqueles que voltam de países afetados pela epidemia não podem doar sangue ou órgãos durante 28 dias, como "medida de precaução".

O vírus é uma ameaça para as mulheres grávidas e, em alguns casos, causa complicações graves no feto, incluindo malformações, o que levou a OMS a declarar o caso como uma "emergência de saúde pública de âmbito internacional".

Quinze países latino-americanos estão bastante preocupados, incluindo o Brasil e a Colômbia, os dois mais afetados.

Biotrial
A ministra da Saúde francesa anunciou que foram identificadas “três falhas graves” do laboratório Biotrial no ensaio clínico,...

Essas falhas “na condução do ensaio e na gestão da crise” subsequente – ocorridas entre 10 e 14 de janeiro em Rennes - foram apontadas pela Inspeção Geral de Assuntos Sociais (IGAS) num relatório preliminar que Marisol Touraine apresentou em conferência de imprensa, classificando o caso como “de excecional gravidade e sem precedentes no país”.

“O laboratório não se manteve suficientemente informado sobre o estado de saúde do primeiro voluntário hospitalizado [a 10 de janeiro]”, indicou a ministra, acrescentando que se verificou “ausência de procedimentos internos para gerir uma tal situação” e que foi realizada “a 11 de janeiro uma nova administração da molécula aos outros voluntários”, o que constitui a primeira das três “falhas graves”.

A segunda falha “decorre diretamente da primeira, tendo os inspetores constatado que o laboratório não informou formalmente os outros voluntários do sucedido na véspera. Isso não lhes permitiu dar consentimento informado à continuação do ensaio clínico”, sublinhou.

A terceira falha grave identificada pelos inspetores “diz respeito à comunicação do acidente”.

“Segundo os inspetores, a gravidade do caso constitui um facto novo, suscetível de comprometer a segurança dos voluntários”, pelo que “deveria ter sido comunicado sem demora à Agência Nacional de Segurança do Medicamento (ANSM)”, mas o Biotrial “só procedeu a uma declaração formal a 14 de janeiro, ou seja, quatro dias após a hospitalização do primeiro voluntário e três dias depois da decisão de interromper o ensaio” de Fase 1.

A inspeção não considerou, contudo, que estas falhas “justifiquem a suspensão, como medida de precaução, da autorização de realização de ensaios clínicos concedida ao laboratório Biotrial”.

A ministra francesa frisou que este relatório preliminar “não permite identificar as causas diretas do acidente”, pelo que “as análises, nomeadamente farmacológicas, prosseguem” e o IGAS entregará um relatório final antes do fim de março.

Marisol Touraine indicou ainda que vai “propor à Comissão Europeia a criação urgente de uma comissão de especialistas internacionais para reforçar a proteção dos voluntários saudáveis nos ensaios clínicos”.

Campanha sensibiliza população através de mensagens positivas partilhadas
A Sociedade Portuguesa de Oncologia, com o apoio da Janssen, companhia farmacêutica do grupo Johnson & Johnson, pretende...

Mostrar que o cancro não é o fim, que pode ser superado e que cada vez mais é uma doença prevenível e curável são os objetivos da campanha de sensibilização, que será lançada no dia 4 de fevereiro.

Intitulada “As Faces do Cancro”, a campanha de sensibilização centra-se num vídeo onde são mostradas histórias de quem vive com cancro, de familiares e de profissionais de saúde que dão a conhecer particularidades da sua vida, mostrando que é possível ter uma vida tão normal quanto possível para além do cancro.

“Gosto do meu corpo, do meu peito, do que ele representa”, sintetiza Alexandra Silva, sobrevivente de cancro da mama, mas feliz. “Aqui os riscos são diferentes (…), mas é assim a vida é um risco”, diz Paula Rodrigues, enfermeira no IPO de Lisboa, comparando a sua profissão no IPO com a função de diretora num clube de patinagem artística. Estas são duas das “Faces do Cancro” apresentadas na primeira pessoa e em discurso direto.

E porque é preciso mudar hábitos e mentalidades, a campanha assenta também no site www.asfacesdocancro.pt.

“Ao lançar esta campanha, a SPO pretende chamar a atenção dos portugueses para o cancro, uma doença que toca muitas faces, seja direta ou indiretamente, e que merece ser conhecida melhor pela população.”, afirma Gabriela Sousa, presidente da Sociedade Portuguesa de Oncologia (SPO).

“Estima-se que a meio deste século, 50% da população tenha cancro em alguma fase da sua vida. Será uma doença que poderá ser prevenida e tratada, quase à semelhança de outras doenças crónicas. Para isso, o caminho passa por evitar fatores de risco, criar novos meios de diagnóstico, aumentar os rastreios, promover políticas de prevenção, procurar ter tratamentos cada vez mais eficazes e, sobretudo, por manter a população informada. E esta é a principal mensagem que procurámos passar com ‘As Faces do Cancro’”, conclui.

Para o diretor-geral da Janssen Portugal, José Antonio Burón, esta deve ser uma “causa de todos” e, por isso, “a Janssen não quis deixar de juntar a sua face a esta campanha”.

José Antonio Burón assevera que na Janssen sabem “que a gestão eficaz desta doença vai além da disponibilização de medicamentos que prolonguem a vida do doente” e apela à “participação de todos para travar esta doença, seja através da adoção de um estilo de vida saudável, do apoio àqueles que têm cancro ou do diálogo construtivo que visa alterar perceções e mudar realidades.”

O cancro é uma doença que surge com a própria evolução da espécie. O cancro já atinge uma em cada três pessoas e espera-se que atinja metade da população a meio do século.

Anualmente são diagnosticados 40 a 45 mil novos casos no país. Entre 20 a 25 mil morrem de doença oncológica, a segunda causa de morte em Portugal, depois das doenças cardiovasculares.

O envelhecimento da população, bem como as alterações dos estilos de vida são apontados como os responsáveis por este cenário. Tendo estes fatores em mente, “As faces do cancro” pretendem incitar a sociedade portuguesa a mudar hábitos e comportamentos. 

Em menos de dois anos
Mais de 6.200 cheques para diagnóstico do cancro oral foram emitidos desde o início do funcionamento do programa, tendo sido já...

Segundo dados da Ordem dos Médicos Dentistas divulgados, entre março de 2014 e o final desse ano foram emitidos 2.401 cheques-diagnóstico, número que cresceu em 2015 para 3.836 cheques emitidos.

O Programa de Intervenção Precoce de Cancro Oral arrancou em março de 2014, tendo havido na altura alguns problemas com o sistema informático de emissão dos cheques. Ainda assim, só nesse ano foram realizadas 269 biópsias ao abrigo do programa.

O número de biópsias mais que duplicou em 2015, quando se realizaram 661 biópsias.

Dos 3.836 cheques para diagnóstico emitidos no ano passado foram utilizados 1.421. Destes, 703 deram origem a um cheque para biópsia, tendo sido usados 661.

“Queremos que a taxa de utilização cresça para os níveis do programa cheque-dentista. É importante que os médicos de família sejam mais proactivos na divulgação do programa junto dos seus doentes, sobretudo os que têm mais de 40 anos e são fumadores e/ou consumidores de álcool, que são quem apresenta maior risco de cancro oral”, refere a Ordem dos Médicos Dentistas num comunicado de balanço do programa feito hoje, Dia Mundial de Luta Contra o Cancro.

Das 661 biópsias realizadas em 2015, houve resultado positivo para cancro oral em 23 casos, doentes que são encaminhados para o Instituto Português de Oncologia de referência. Outros 49 resultados apontaram para biópsias potencialmente malignas.

A região Norte foi a que apresentou mais casos positivos (16) e potencialmente malignos (34), como já tinha acontecido em 2014.

Dados da Federação Dentária Internacional indicam que, em 2012, ocorreram em todo o mundo 229 mil casos de cancro oral, tendo provocado mais de 145 mil mortos.

A taxa de sobrevivência do cancro oral a cinco anos ronda os 50%, uma das mais baixas de todos os cancros.

Dia Mundial da Luta Contra o Cancro
Rouquidão prolongada, dificuldade em engolir ou respirar podem ser os primeiros sinais de um cancro

Ao contrário do que acontece na grande maioria dos casos, o tumor de Vera não apresentou qualquer tipo de sintoma. E, foi numas análises de rotina que descobriu que tinha a doença.

“Eu nunca tive qualquer sintoma, por isso este diagnóstico caiu como uma bomba na minha vida. E eu tinha 24 anos…”, começa por contar.

Embora fosse seguida por um endocrinologista desde os 18 anos “por ter uma alteração nos níveis da tiróide”, nunca apresentou qualquer tipo de queixa e nada faria prever o desenvolvimento da doença.

“Eu fazia apenas uma medicação para controlar os níveis da tiróide… Aliás, era o único medicamento que eu tomava e todos os anos fazia análises para monitorizar o seu funcionamento”, recorda.

Licenciada em Ciências da Comunicação entrou para a Força Aérea em 2004. Um ano que nunca vai conseguir esquecer.

“Na altura, eu estava muito focada na parte profissional. Já tinha feito a recruta, superado algumas dificuldades, e estava a meio do curso de oficiais quando soube que alguma coisa não estava bem”, explica Vera.

Nesse ano, por indicação do médico, tinha deixado de tomar a medicação para a tiróide. “Não sei se teve alguma coisa a ver com isso ou não. Sei apenas que tinha deixado de tomar a medicação para ver como a tiróide reagia sem ela”, adianta revelando que, nas análises de rotina, que fez nessa altura, o médico percebeu que havia algo de errado.

“Eu estava na Ota, a meio do curso de oficiais, quando o meu médico ligou para a minha mãe a dizer que as análises tinham qualquer coisa fora do normal e que eu tinha de fazer um exame”, conta.

Sem nunca pensar no pior, Vera fez uma biopsia e soube que tinha um nódulo na tiróide.

“Lembro-me que o médico teve alguma dificuldade em dar-me a notícia e eu, que não tinha ligado nenhuma ao exame, comecei a ficar inquieta com o que ele me estava a dizer. Eu tinha um nódulo, com nove milímetros, que tinha de ser removido antes que crescesse demais”, recorda admitindo que assim que ouviu a palavra “nódulo” a associou de imediato a “cancro”.

Revoltada, chorou. E não quis aceitar. “Chorei de raiva. Eu só pensava: como é possível ser seguida há tantos anos e de repente isto acontecer?”

“Aí caiu-me o Mundo. Eu não fazia ideia do que me ia acontecer dali para a frente. Sabia apenas que tinha de ser operada o quanto antes”, diz.

De um lado inquietava-a a incerteza da sua recuperação, por outro revoltava-se por se ter dedicado tanto a um projeto profissional, de vida, que agora corria o risco de perder. “Foi um misto de emoções. Antes do diagnóstico eu estava super focada no curso. Queria terminar bem classificada. Era a minha prioridade. E depois veio o medo de não sobreviver, de passar por alguma complicação”, admite Vera.

“Honestamente, acho que foi a conversa com o cirurgião, para o qual fui imediatamente encaminhada, que me deu força para enfrentar tudo o que me estava a acontecer”, explica.

Vera quis saber tudo ao pormenor. Tudo o que ia ou podia acontecer. Queria garantias. Que ia ficar bem e que podia cumprir com os seus objetivos.

“Uma das coisas que o cirurgião me garantiu é que ia poder terminar o curso de oficiais antes da cirurgia e que, embora fosse essa uma das suas complicações, não iria ficar com a voz afetada”, revela.

Confiante de que estava em boas mãos, acabou por se focar na sua recuperação.

“A dada altura eu só queria que tudo passasse o mais rápido possível e, embora tenha tido alguns momentos de introspecção, mantive o pensamento positivo”, recorda a jovem.

“Tive medo, claro… Medo de perder voz. Para alguém da área da comunicação e que ia integrar um projeto de rádio, perder a voz era o pior que podia acontecer… Tive medo de não acordar ou de acordar a meio da cirurgia”, conta.

Na realidade, antes da cirurgia o “nervoso miudinho era tanto” que passou a tarde a dizer disparates. “Eu acabei por ser a última a ir para o bloco, por isso, passei a tarde toda a contar anedotas, a rir com o meu pai, a dizer disparate e a minha mãe, coitada, nervosíssima. Mas nós não conseguíamos parar”, relembra.

Vera foi operada cerca de um mês depois de ter recebido o diagnóstico. “Correu tudo bem e eu senti dentro de mim que eu ia ficar bem”, acrescenta.

Sem tiróide e paratiroides passou a tomar um fármaco de substituição destas glândulas, cálcio e vitamina D.

Um ano mais tarde fez um tratamento com iodo radioativo. “As células da tiróide alimentam-se de iodo. A radioatividade do iodo destrói as células cancerígenas”, explica acrescentado que esta foi, sem dúvida, uma das fases mais complicadas deste processo.

“Eu fiquei isolada num quarto durante os três dias de tratamento. O meu corpo expelia radioatividade e por isso ninguém podia ter contato comigo”, recorda.

“Depois de sair do IPO, e pelo período de 15 dias, não pude estar perto de grávidas, bebés ou crianças. E mesmo os adultos, só podiam estar, no máximo, duas horas no mesmo espaço que eu. A radioatividade presente no meu corpo podia provocar infertilidade nas outras pessoas”, justifica.

Desde esta altura, Vera é seguida no Instituto Português de Oncologia onde faz exames anuais para monitorizar o seu estado de saúde.

“Vou ser seguida para o resto da vida e também não vou poder deixar de tomar a medicação e os suplementos de cálcio ou vitamina D, mas estou aqui! Foi uma batalha dura mas eu venci!”, conclui.

Sobre o cancro da tiróide:
O carcinoma da tiróide é um tumor maligno relativamente raro, que afecta sobretudo o sexo feminino, numa relação de 4 mulheres para 1 homem.

Apesar da grande maioria dos nódulos da tiróide serem benignos, surgem anualmente, em Portugal, cerca de 400 novos casos de cancro da tiróide. E embora represente apenas 1% de todas as patologias oncológicas registadas no país, a sua incidência tem vindo a aumentar.

O cancro da tiróide é mais frequente nas pessoas que receberam algum tipo de radiação ao nível da cabeça, pescoço e tórax. E há, contudo, tratamentos eficazes para os nódulos malignos.

O prognóstico para os carcinomas papilar e folicular é de 95% de sobrevivência, após dez anos.

O primeiro sinal de cancro da tiróide é, habitualmente, uma saliência indolor no pescoço. Rouquidão, endurecimento e presença de gânglios aumentados no pescoço são outros sinais.

O diagnóstico é realizado por meio de uma citologia aspirativa, sendo sempre necessária a confirmação através da análise microscópica (histológica) do nódulo, após a cirurgia.

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Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Novas tecnologias
Tecnologias microscópicas introduzidas no organismo podem ajudar a tratar esta doença. Depois de várias experiências com...

É a materialização de um sonho antigo. Num passado ainda muito recente, especialistas do Instituto de Tecnologia da Califórnia e das Universidades de Columbia e do Arizona, nos Estados Unidos da América, juntaram-se para programar e construir dois robots de milionésimos de milímetros de tamanho. Estes nanorobots, com inúmeras extremidades, conseguem realizar tarefas complexas à escala microscópica, mexendo-se e girando sobre si mesmos, escreve o Sapo.

À semelhança de outros dispositivos desenvolvidos entretanto, conseguem executar trabalhos concretos, reagem ao meio ambiente, auto reparam-se, tomam decisões, manipulam os genes, constroem material orgânico e reparam tecidos vivos. No futuro, esta nova tecnologia vai permitir, por exemplo, combater um tumor desde o seu núcleo. Como? Sendo programado para identificar, perseguir e destruir todas as células cancerígenas que for encontrando ao longo do interior do organismo.

Ao contrário do que seria de esperar, os primeiros testes envolvendo ADN humano serão, no entanto, feitos ao longo deste ano na Universidade Bar-Ilan, em Israel, onde o professor Ido Bachelet desenvolveu nanorobots programáveis, capazes de combater células cancerígenas, enquanto parte integrante de uma terapia que combina vários fármacos. Em desenvolvimento desde dezembro de 2014, os dispositivos conseguem identificar e distinguir 12 tipos de células cancerígenas.

DGS
A subdiretora-geral da Saúde disse que o estudo que aponta para a transmissão humana da doença dos Legionários carece de mais...

Graça Freitas comentava os resultados de um estudo realizado por profissionais de saúde de várias instituições nacionais, que será divulgado na revista New England Journal of Medicine, indicando que a doença dos Legionários poderá ser transmitida pessoa a pessoa.

“Agora vamos ter de continuar a estudar. É um caso pontual e esporádico, que aconteceu uma única vez, aparentemente. Não há motivo para se alertar as pessoas para a infeção de pessoa a pessoa. Agora, se se verificar noutros sítios e se se tornar um padrão, e se existir risco, então alertaremos as pessoas, mas não é o caso agora”, frisou a responsável.

Graça Freitas explicou que o caso provável de transmissão pessoa a pessoa ocorreu no contexto do surto que se registou em Vila Franca de Xira entre novembro e dezembro de 2014, provocando a morte de 14 pessoas.

Além das mortes, 400 pessoas foram diagnosticadas com a doença.

“Na sequência do surto, todos os casos foram investigados. Foram feitas por diversas autoridades de saúde e ambientais inquéritos às investigações e exames laboratoriais às pessoas e á água para ver a origem da infeção”, contou.

Segundo a subdiretora-geral da saúde, os investigadores chegaram à conclusão depois de identificarem na região de saúde do norte, dois casos fatais da doença em familiares, em que um deles não tinha qualquer associação geográfica com Vila Franca de Xira.

“Foram feitas análises laboratoriais e verificou-se que o vírus da pessoa era igual ao dos doentes de Viola Franca de Xira e ao encontrado no ambiente em Vila Franca de Xira”, disse.

Na opinião de Graça Freitas, estes resultados são importantes porque é a primeira vez que se verifica uma possível transmissão da doença do legionário pessoa a pessoa.

“No entanto, este resultado carece de investigação de culturas e do aparecimento de casos noutros locais do mundo. Quero salientar que perante casos de legionella, o objetivo da investigação é encontrar o foco ambiental, aquela que é a origem da doença e que está no ambiente”, salientou.

O estudo, inédito a nível mundial, assinado por 17 coautores, envolveu profissionais de saúde de várias instituições, nomeadamente da Administração Regional de Saúde do Norte e do Instituto Nacional de Saúde doutor Ricardo Jorge.

“Apesar do risco de transmissão pessoa a pessoa da Doença dos Legionários ser certamente muito baixo, as conclusões deste trabalho poderão servir para alertar a comunidade médico-científica para a eventual necessidade de rever as medidas de prevenção e controlo da doença”, refere a Administração Regional de Saúde do Norte (ARS Norte), num comunicado enviado à agência Lusa, a divulgar o estudo e a sua publicação.

A Doença dos Legionários é uma pneumonia que afeta preferencialmente pessoas idosas, fumadoras, imunodeprimidas ou pessoas com doenças crónicas.

A pneumonia provocada pela legionella pode provocar a morte.

Afastada hipótese de surto
O Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra confirmou que três pessoas com a bactéria multirresistente “klebsiella...

Apesar das mortes, o diretor clínico José Pedro Figueiredo afastou a possibilidade de um surto e disse que associados a este caso estão internados no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) 21 doentes.

Entre estes 21, oito estão infetados e os restantes colonizados com a bactéria.

Dos doentes infetados, quatro estão nos cuidados intensivos, um dos quais deverá ter alta, dois têm prognóstico favorável e um outro prognóstico reservado e "nenhum deles está internado com patologia relacionada com a klebsiella", apresentando outras patologias.

O Jornal de Notícias associava esta bactéria e os internamentos em Coimbra a um surto que em Gaia, em 2015, acabou por atingir mortalmente três pessoas.

Desde que o CHUC “tomou conhecimento desta situação, foram implementadas um conjunto de medidas de prevenção, que radicam sobretudo na identificação dos doentes, no seu isolamento e numa monitorização permanente da sua evolução clínica”, disse o diretor clínico do CHUC, que falava hoje, ao final da manhã, numa conferência de imprensa.

“Em nenhuma circunstância se justifica alarmismo social”, sublinhou José Pedro Figueiredo, referindo o CHUC tem, nos seus diferentes estabelecimentos hospitalares, “internados em situação aguda, habitualmente, mais de 1.900 doentes”.

Sublinhando que “há diferença entre doentes colonizados e doentes infetados por este tipo de a klebsiella”, o responsável referiu que os infetados “têm uma cultura num produto biológico positiva”, devendo ser tratados com os antibióticos disponíveis, enquanto os doentes colonizados, embora possam registar “uma cultura positiva num dos produtos biológicos”, não têm qualquer “manifestação clínica da infeção”.

Os doentes colonizados pela bactéria não devem ser tratados com antibióticos, “mas tal como os infetados, devem ser objeto de medidas de isolamento e do controlo”, concluiu.

Nos CHUC “estamos a tomar todas as medidas adequadas, usando da capacidade de vigilância que um hospital desta envergadura indiscutivelmente dispõe para termos a capacidade de permanentemente tranquilizar os nossos cidadãos acerca desta circunstância clínica”, assegurou José Pedro Figueiredo.

Sobre as vítimas mortais ali registadas em janeiro deste ano, o diretor clínico do CHUC disse que só três óbitos são atribuíveis à infeção por klebsiella produtora de carbapenemases”.

“Temos seis óbitos [em janeiro] nos quais os doentes estavam colonizados, mas só em três desses é que podemos atribuir o desfecho fatal à infeção por klebesiella”, assegurou.

O diretor clínico do CHUC sustenta que estes casos não configuram “a situação técnica de surto”.

O CHUC está a fazer rastreio, “procedendo a análises sistemáticas de todos os contactantes [com doentes afetados pela bateria] e, naturalmente, a fazer mais análises dirigidas para esta circunstância, mas não se trata de surto na definição técnica” do termo, afirmou.

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