Ordem dos Enfermeiros
Algumas dezenas de enfermeiros estão hoje concentrados frente à sede da sua ordem profissional, em Lisboa, a aguardar a chegada...

Ao som de Grândola Vila Morena, os enfermeiros gritam “25 de Abril sempre, fascismo nunca mais”, enquanto formam um pequeno cordão humano na entrada da Ordem dos Enfermeiros.

Junto aos profissionais concentrados na ordem encontra-se também a bastonária Ana Rita Cavaco, bem como outros dirigentes da Ordem dos Enfermeiros.

A Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) vai realizar uma sindicância à Ordem dos Enfermeiros, por determinação da ministra da Saúde, Marta Temido.

A sindicância é no fundo uma averiguação geral, mas a bastonária da Ordem já levantou dúvidas legais sobre esta sindicância realizada pela IGAS, lembrando que se trata de uma associação pública profissional com elementos eleitos e não de um serviço da administração pública.

Segundo a Lei Geral do Trabalho em Funções Públicas, os membros do Governo e os dirigentes máximos de órgãos ou serviços “podem ordenar inquéritos ou sindicâncias aos órgãos, serviços ou unidades orgânicas na sua dependência ou sujeitos à sua superintendência ou tutela”.

“A sindicância destina-se a uma averiguação geral acerca do funcionamento do órgão, serviço ou unidade orgânica”, define a legislação.

No artigo 230.º da mesma lei estabelece-se que “toda a pessoa que tenha razão de queixa ou de agravo contra o regular funcionamento dos órgãos, serviços ou unidades orgânicas sindicados se pode apresentar ao sindicante (…) ou a ele apresentar queixa por escrito”.

Este artigo é invocado pela IGAS no anúncio publicado num jornal sobre a sindicância à Ordem dos Enfermeiros, determinada na sequência de um despacho da ministra da Saúde de dia 16 deste mês.

O diploma que regula as ordens profissionais, como a dos Enfermeiros, estabelece que as associações públicas profissionais “não estão sujeitas a superintendência governamental”, estando sujeitas a tutela de legalidade “idêntica à exercida pelo Governo sobre a administração autónoma territorial”.

A ministra da Saúde justificou na passada terça-feira a decisão de determinar uma sindicância à Ordem dos Enfermeiros com “intervenções públicas e declarações dos dirigentes”.

Em comunicado, o gabinete de Marta Temido explica que a ministra determinou a realização da sindicância “com o objetivo de indagar indícios de eventuais ilegalidades resultantes das intervenções públicas e declarações dos dirigentes” e “das atividades realizadas pela Ordem e correspetivas prioridades de atuação, e eventuais omissões de atuação delas decorrentes, em detrimento da efetiva prossecução dos fins e atribuições que lhe estão cometidos por lei”.

Para Ana Rita Cavaco, esta decisão da ministra é "uma atitude persecutória nunca antes vista".

"Já há muito tempo que a senhora ministra mostra uma senda de perseguição à Ordem dos Enfermeiros e aos seus órgãos. É uma atitude persecutória nunca antes vista", afirmou a bastonária, estimando que seja a primeira vez na história do país que é feita uma sindicância a uma ordem profissional.

Tratamento
A MSD anunciou que a Food and Drug Administration (FDA) dos EUA aprovou a extensão da utilização de pembrolizumab em...

Esta aprovação foi baseada nos resultados do ensaio KEYNOTE-042, um estudo da fase 3, no qual a sobrevivência global (OS) foi avaliada sequencialmente como parte de um plano de análise pré-especificado. No ensaio, a monoterapia com pembrolizumab demonstrou uma melhoria estatisticamente significativa na OS em comparação com a quimioterapia isolada em doentes cujos tumores expressaram PD-L1 com TPS≥50%, com TPS ≥20% e, posteriormente, na população total do ensaio (TPS≥1%).

"Esta expansão da indicação em primeira linha torna a monoterapia com pembrolizumab uma opção para mais doentes com CPCNP, incluindo aqueles para os quais a terapêutica combinada pode não ser apropriada", disse Jonathan Cheng, vice-presidente de investigação clínica em oncologia da MSD Research Laboratories.

Reações adversas imunomediadas, que podem ser graves ou fatais, podem ocorrer com pembrolizumab, incluindo pneumonite, colite, hepatite, endocrinopatias, nefrite, reações cutâneas graves, rejeição de transplante de órgãos sólidos e complicações no transplante alogénico de células-tronco hematopoiéticas (TCTH). Com base na gravidade da reação adversa, pembrolizumab deve ser suspenso ou descontinuado e, se apropriado, administrados corticosteroide. Pembrolizumab pode também causar reações graves ou potencialmente fatais associadas à perfusão intravenosa. Com base no seu mecanismo de ação, pembrolizumab pode causar danos fetais quando administrado a uma mulher grávida. Para mais informações, consulte “Informação de segurança” (em anexo).

"O ensaio KEYNOTE-042 demonstrou um benefício de sobrevivência com pembrolizumab em monoterapia nas diversas histologias, em doentes com CPCNP estadio III ou metastático cujos tumores expressassem PD-L1 em pelo menos 1% das células tumorais", disse o Dr. Gilberto Lopes, diretor associado de oncologia global no Sylvester Comprehensive Cancer Center da Universidade de Miami. "Como oncologista, ter opções adicionais disponíveis para os doentes é importante num cenário de tratamento em rápida evolução como o do cancro de pulmão, que continua a ser a principal causa de morte por cancro nos Estados Unidos."

Pembrolizumab é o primeiro anti-PD-1 aprovado no tratamento em primeira linha de doentes com CPCNP metastático em combinação e monoterapia.

Estudo
As crianças que ingerem mais alimentos durante a tarde e depois do jantar correm o risco de se tornarem mais facilmente obesas...

O estudo, recentemente publicado na revista ‘Journal of Biological Rhythms’, avaliou os hábitos alimentares de 1961 crianças da coorte Geração XXI (projeto iniciado em 2005, que acompanha o crescimento e desenvolvimento de mais de oito mil crianças da cidade do Porto) entre a idade pré-escolar, aos 4 anos, e a idade escolar, aos 7.

Em entrevista, Sofia Vilela, investigadora responsável pelo estudo, explicou que foi através da avaliação dos padrões de consumo energéticos (hidratos de carbono e proteínas) das crianças aos 4 anos, que a equipa de investigadores conseguiu padronizar “o desenvolvimento do excesso de peso ou obesidade” aos 7 anos.

“Utilizando informação de diários alimentares de três dias, obtivemos padrões de distribuição de ingestão alimentar quando as crianças tinham 4 anos e associamos esses padrões com o seu Índice de Massa Corporal (IMC) 3 anos depois, quando completaram 7 anos”, referiu.

Com o objetivo de “alertar” para determinados comportamentos alimentares e não “quantificar” os padrões seguidos pelas crianças, o estudo permitiu “ver a ligação entre dois comportamentos alimentares e o excesso de peso ou obesidade”.

“As crianças que têm um padrão alimentar, caracterizado por saltarem o pequeno-almoço, terem o almoço mais tarde e comerem depois do jantar, estão em maior risco de desenvolverem excesso de peso ou obesidade”, frisou.

Segundo Sofia Vilela, para que o peso das crianças seja “saudável” é necessária “uma maior distribuição energética” ao pequeno-almoço, almoço e jantar e uma “menor ingestão” de alimentos a meio da manhã e a meio da tarde.

“Começar o dia com um pequeno-almoço equilibrado parece ser uma boa estratégia para conseguir um bom nível de saciedade ao longo do dia e controlar a ingestão alimentar. É fundamental ter um padrão regular e não saltar refeições. Tendo em conta os resultados deste estudo e de outros prévios, a ceia poderá ser uma refeição dispensável nestas crianças”, apontou.

A investigadora adiantou que, apesar do contributo do estudo para a compreensão do ritmo circadiano no consumo alimentar e desenvolvimento de excesso de peso em crianças, é necessário “replicar os resultados noutras faixas etárias e noutras populações”.

Saúde
A Ordem dos Médicos vai avançar com uma auditoria externa e independente para avaliar o processo de atribuição de capacidades...

Em comunicado, a Ordem justifica a decisão de uma auditoria externa e independente ao processo de atribuição de idoneidade e capacidade formativa no internato médico com a “preocupação com as condições proporcionadas pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS), com médicos a ficarem sem acesso a uma vaga de especialidade”.

“Perante o agravamento do desinvestimento no SNS, o preocupante desinteresse do Ministério e tendo em conta vários relatos e queixas de especialistas e de jovens médicos sobre as difíceis condições em que exercem o seu trabalho e a sua formação, a Ordem não podia esperar mais e iniciou o procedimento de concurso aberto para a contratação de uma empresa idónea e independente para realizar uma auditoria”, refere o comunicado hoje divulgado.

A auditoria deve identificar e analisar o processo de atribuição de idoneidades e capacidades formativas, bem como os “constrangimentos existentes ao nível dos hospitais e centros de saúde que possam ter impacto” na formação de médicos.

O objetivo final da auditoria é “melhorar todo o processo” de atribuição de idoneidade e capacidade formativa, “no sentido de continuar a garantir a elevada qualidade de formação e disponibilizar todas as capacidades formativas existentes nas várias unidades de saúde que assegurem internatos de qualidade inquestionável”.

A Ordem entende que não se pode permitir que a “qualidade e excelência” da formação médica em Portugal “seja colocada em risco”, seja por uma eventual quebra de qualidade, seja porque vários médicos ficam sem acesso a uma especialidade.

Numa entrevista há cerca de duas semanas, o bastonário Miguel Guimarães já tinha levantado a possibilidade de ser necessária uma auditoria externa e independente, que já tinha sido aliás proposta ao Ministério da Saúde “há dois anos”.

Lembrando que há médicos que em Portugal não têm acesso à especialidade, muito porque há jovens formados noutros países que tiram a especialidade em hospitais portugueses, o bastonário indicava que seria importante fazer uma auditoria sobre todo o processo que envolve a formação dos médicos para ver onde é possível melhorar.

Este era um dos projetos que a Ordem já tinha negociado com o anterior ministro da Saúde, mas que, entretanto, não avançou, recordou ainda Miguel Guimarães.

A Ordem decidiu agora avançar sozinha para o processo de auditoria, através de um concurso aberto para a escolha de uma empresa que realize esta avaliação.

Direitos humanos
A Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos defendeu ontem que as pessoas que usam drogas não "perdem os...

"As pessoas não perdem os seus direitos humanos porque usam drogas. Elas têm exatamente os mesmos direitos que nós, à vida, aos cuidados de saúde, à não discriminação e à liberdade", lembrou Michelle Bachelet.

Bachelet, que falava durante a 26.ª edição da Conferência Internacional de Redução de Riscos (HR19), evento que arrancou ontem e prossegue até quarta-feira na Alfândega do Porto, sublinhou os "inúmeros casos de abusos" e queixas que, continuadamente, têm sido reportados à Comissão das Nações Unidas para os Direitos Humanos.

"Recebemos frequentemente queixas de pessoas que usam drogas e que são subornados pela polícia, que lhes diz que em troca de dinheiro ou sexo não são acusados", salientou, acrescentando que é por isso importante "assegurar" que as políticas progressivas relativamente ao uso de drogas têm de "ter em conta as circunstâncias específicas" de cada mulher e cada homem.

"Não tenho dúvida que princípios e políticas compreensivas, que respeitem os direitos humanos e protejam a saúde, ajudem a reparar alguns dos traumas destas pessoas", apontou.

Durante a sessão, a Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos salientou que são necessárias políticas e medidas que não "promovam a estigmatização e tortura" das pessoas que usam drogas, lembrando que na última década "pelo menos três mil e novecentas pessoas" foram executadas.

"Se há tantas evidências e um consenso internacional a favor dos direitos humanos e das políticas de uso de drogas, porque é que são tantas as pessoas a serem oprimidas dos seus direitos? Simplesmente, porque usam drogas", disse.

Sob o tema 'People before Politics' (‘As pessoas antes da política’), esta 26.ª edição vai reunir, nos próximos três dias, representantes das Nações Unidas, políticos, investigadores, profissionais de saúde e ativistas de mais de 80 países no Porto, e dar a conhecer o modelo português de descriminalização do uso de drogas.

Introduzido em 2001, o modelo descriminalizou a posse para o consumo de drogas e promoveu medidas para a sensibilização dos consumidores, contribuindo para a redução da criminalidade, das taxas de transmissão de VIH e do número de overdoses em Portugal.

Segundo Bachelet, o programa implementado em Portugal é a "evidência clara" de que a mudança de pensamento, alicerçado pela "educação, aconselhamento terapêutico e os substitutos de drogas", como a metadona, permitem a redução do consumo de drogas.

"É bastante importante termos esta conferência em Portugal, onde o uso de drogas já não é considerado uma ofensa ou desrespeito à lei e onde muito tem sido feito para ajudar aqueles que usam drogas", disse.

A conferência, organizada pela Harm Reduction International e pela Agência Piaget para o Desenvolvimento (APDES) quase três décadas após o primeiro encontro em Liverpool, vai ainda retratar as respostas e os desenvolvimentos relacionados com a saúde pública.

Médico
O médico e investigador Manuel Valente Alves realça que Leonardo da Vinci "revolucionou os modos de ver e representar o...

Quinhentos anos depois da morte do inventor, artista, engenheiro mecânico e cientista italiano, que se assinalam na quinta-feira, Manuel Valente Alves, que também é artista plástico, defendeu que Leonardo da Vinci "continua a ser um exemplo da importância de religar a arte e a ciência para compreender o humano nas suas ligações com a natureza e a tecnologia".

Para o investigador, com obra publicada sobre a história da medicina, o génio renascentista "revolucionou os modos de ver e representar o corpo", ao encher "páginas e páginas" de "estudos anatómicos", que "fundaram a cultura visual da medicina", mais tarde representada por radiografias, fotografias, filmes e imagens de computador, em substituição dos desenhos ou gravuras impressos em papel.

"São as primeiras ilustrações conhecidas do interior do corpo humano literalmente científicas", frisa.

Manuel Valente Alves, que se tem debruçado sobre as ligações da medicina com a arte, ciência, tecnologia e cultura visual, lembra que Leonardo da Vinci, não tendo sido médico, dissecou cadáveres de animais e pessoas "ao longo de toda a sua vida".

Os desenhos do interior do corpo humano, que se destinavam a um tratado da sua autoria, e eram "de um realismo e de uma objetividade sem precedentes", não foram compilados e sistematizados, "acabando por ter escassa ou nula influência no desenvolvimento da ciência médica", lamenta.

O médico, que fundou e dirigiu o Museu da Medicina da Universidade de Lisboa, salienta que Leonardo da Vinci estudou também o "corpo vivo em ação" para "compreender a sua mecânica, a fisiologia".

"Leonardo interessava-se por tudo, queria compreender todas as facetas do Universo", vinca. Por isso, "observou e desenhou" o corpo humano - interior e exterior - e o "mundo da natureza" para perceber como funcionavam.

A partir deste conhecimento, "concebeu prodigiosos inventos, verdadeiros 'sonhos tecnológicos'", segundo Manuel Valente Alves.

"Mostrou que o ser humano, através da técnica, podia superar as suas limitações voando como os pássaros, vivendo debaixo de água como os peixes...", afirma, numa alusão a inventos como a máquina voadora e o escafandro.

Para o artista plástico, a obra científica de Leonardo da Vinci, que construiu autómatos e planeou pontes, "projeta-se no futuro, muito para além do seu tempo", e anuncia "o mundo dos robôs, das próteses e da engenharia que marcou indelevelmente o século XX".

Natural da pequena cidade toscana de Vinci, Leonardo da Vinci morreu, em 02 de maio de 1519, em Amboise, França, aos 67 anos.

DGS
A Direção Geral da Saúde recomenda que todos os serviços e unidades do Serviço Nacional de Saúde tenham planos de contingência...

O “Plano de contingência saúde sazonal – Módulo verão 2019”, que entra em vigor a 01 de maio e se estende até 30 de setembro, apresenta orientações estratégicas e referenciais que permitem comunicar o risco e sua gestão à população e aos parceiros do setor da saúde, bem como capacitar os cidadãos para a sua proteção e a prontidão dos serviços de saúde para a resposta ao aumento da procura.

Nesse sentido, reforça a necessidade de todos os serviços e estabelecimentos do Serviço Nacional de Saúde implementarem Planos de Contingência de nível local e regional.

“Com base na informação disponível a nível nacional, regional e local, as ARS [administrações regionais de saúde e as instituições do SNS devem organizar-se, em cada momento, antecipando as necessidades de resposta face à procura (aumento da procura ou procura diferente da esperada) com o objetivo de minimizar os efeitos do calor intenso na saúde e nos serviços”, lê-se no documento publicado no ‘site’ da Direção-Geral da Saúde (DGS).

Segundo o plano, as instituições e serviços do SNS devem, entre outras medidas, promover a linha SNS 24 (808 24 24 24) como primeiro contacto com o sistema de saúde, garantir a articulação dentro e fora do setor da saúde, identificar previamente e gerir as necessidades em estruturas e equipamentos e recursos humanos, com especial atenção aos períodos de férias.

Garantir a existência de salas climatizadas e identificar as pessoas mais vulneráveis e prever a adaptação da sua medicação, quando aplicável, são outras recomendações do plano.

“Cada instituição e serviço do SNS deve garantir a mais ampla divulgação das medidas a implementar e promover o seu cumprimento”, sublinha.

O documento lembra que Portugal é um dos países europeus vulneráveis às alterações climáticas e aos fenómenos climáticos extremos, tendo em conta a sua localização geográfica.

“Na primavera/verão ocorrem frequentemente temperaturas muito elevadas (extremas) não apenas de forma pontual, mas em períodos continuados de tempo, podendo existir efeitos graves sobre a saúde, incluindo desidratação e descompensação de doenças crónicas”, salienta.

Pelos potenciais efeitos na saúde das populações são ainda relevantes os afogamentos, as toxinfeções alimentares, o aumento da população de vetores, nomeadamente mosquitos e carraças e os incêndios, adianta o plano, advertindo que o potencial aumento da morbilidade pode conduzir a um aumento da procura dos serviços de saúde.

“Nesta altura do ano algumas regiões do país, como o Algarve e outras zonas, aumentam a sua população devido aos movimentos sazonais ligados ao turismo e/ou à ocorrência de eventos de massas habituais ou esporádicos”, refere a DGS, que 2004 implementa Planos de Contingência com o objetivo de minimizar os potenciais efeitos do calor intenso na saúde da população.

‘Crowdfundig’
O fundo de greve criado através de ‘crowdfundig’ para financiar a greve dos enfermeiros nos blocos cirúrgicos ainda tem 246 mil...

Segundo o breve relatório, hoje divulgado pelo jornal Público e que foi publicado na página do Facebook do grupo “Greve Cirúrgica”, que esteve na origem das paralisações que obrigaram a adiar milhares de cirurgias, sobraram da primeira greve 42.157 euros.

Os dados indicam que o total angariado da segunda greve (384.836 euros) mais o que sobrou da primeira totalizou 426.933 euros.

O grupo lembra ainda que, do valor total angariado, é retirado pela plataforma PPL o correspondente ao IVA (23%) e à comissão pelo trabalho.

Os dados indicam ainda que foram gastos 180.869 em doações e despesas de manutenção de conta, restando um remanescente de 246.124 euros.

O grupo de profissionais aproveita a mensagem publicada para agradecer “todos os contributos dos colegas em prol desta luta nunca antes tentada”, aos enfermeiros dos blocos cirúrgicos que levaram a cabo a paralisação, aos piquetes de greve e aos sindicatos que a apoiaram.

“Fizemos o que ainda não tinha sido feito e não vamos parar por aqui”, avisa o grupo, garantindo: “Brevemente daremos mais informações acerca do destino do montante remanescente”.

O grupo “Greve Cirúrgica” garante que vai manter-se “atento e em período de definição de novas estratégias” e afirma: “vamos continuar sempre ao lado dos enfermeiros”.

A primeira greve cirúrgica decorreu entre 22 de novembro e 31 de dezembro de 2018 e a segunda entre 31 de janeiro e 28 de fevereiro, acabando por ser interrompida depois de a Procuradoria-Geral da República ter considerado a primeira paralisação ilegal por não corresponder ao pré-aviso e porque o fundo usado para compensar a perda de salário não foi constituído nem gerido pelos sindicatos que decretaram a greve.

Na segunda greve, o Governo decretou uma requisição civil para quatro dos dez centros hospitalares abrangidos pela paralisação, alegando o não cumprimento dos serviços mínimos que tinham sido definidos com os sindicatos.

Entretanto, o Sindicato Democrático dos Enfermeiros de Portugal (Sindepor) marcou uma greve para começar a 02 de abril, mas foi sendo sucessivamente adiada na sequência das negociações com a tutela e que acabou cancelada na passada quarta-feira.

“Para o Sindepor a prioridade será sempre a resolução dos problemas dos Enfermeiros através de processos negociais pelo que, neste momento e tendo em conta as condições existentes, decretamos a suspensão definitiva da greve”, lê-se na mensagem publicada na página do Facebook deste sindicato.

Investigação
Um grupo de investigadores portugueses participa num projeto científico com vários países europeus que aposta na valorização...

“O projeto DiadES visa avaliar e potenciar os serviços do ecossistema de peixes diádromos, como a lampreia ou a enguia, num cenário de alterações climáticas”, disse o investigador Pedro Raposo Almeida.

O professor da Universidade de Évora realçou a necessidade de “estabelecer a cooperação transnacional e promover a definição e a partilha de critérios de gestão inovadores que permitam a preservação e exploração sustentável destes recursos num cenário de aquecimento global”.

“As atividades humanas e as alterações climáticas representam uma ameaça para os peixes e os seus habitats”, alertou.

O salmão, a lampreia-marinha, a enguia e o sável, por exemplo, são espécies diádromas, assim designadas porque se desenvolvem entre o mar e os meios de água doce.

“São peixes migradores, que realizam movimentos entre a água doce e salgada para se reproduzirem ou alimentarem e apresentam elevado valor ecológico, económico e cultural nas comunidades locais de toda a Europa”, explicou Pedro Raposo Almeida, vice-diretor do MARE – Marine and Environmental Sciences Centre, que integra diversas instituições portuguesas.

O MARE e a Universidade de Évora são parceiros no projeto “DiadES - Avaliar e promover serviços do ecossistema de peixes diádromos num cenário de alterações climáticas”, no qual participam igualmente representantes de Espanha, França, Inglaterra e Irlanda.

O DiadES, segundo o mesmo docente universitário, destina-se a “unir esforços para compreender as alterações à distribuição geográfica dos peixes diádromos, em resposta às alterações climáticas, e as consequências a nível dos bens e serviços prestados por estas espécies”.

Liderado pelo IRSTEA – National Research Institute of Science and Technology for Environment and Agriculture, de França, e financiado pela União Europeia, através da iniciativa comunitária Interreg Espaço Atlântico do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER), o projeto tem um orçamento de 2,2 milhões de euros e será desenvolvido até 2022.

A primeira reunião decorreu em Dublin, capital da Irlanda, no início do mês, tendo participado todos os parceiros portugueses associados: Agência Portuguesa do Ambiente, Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, Direção-Geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos, Instituto Português do Mar e da Atmosfera e Autoridade Marítima Nacional.

“Foram apresentados os vários casos de estudo, entre os quais o do rio Mondego”, coordenado pela Universidade de Évora, disse Pedro Raposo Almeida.

Também foram discutidas “questões relacionadas com as metodologias a ser utilizadas pelos 10 parceiros beneficiários e os 20 parceiros associados que compõem este projeto”, acrescentou.

Sociedade Portuguesa de Cardiologia
Cerca de meio milhão de portugueses têm insuficiência cardíaca, doença que está a aumentar e é responsável por duas a três...

Na véspera do Congresso Português de Cardiologia, que decorre em Vilamoura entre os dias 27 e 29 de abril, a Sociedade Portuguesa de Cardiologia (SPC) alerta para o aumento dos casos de insuficiência cardíaca, sobretudo por causa do envelhecimento da população.

De acordo com a SPC, no caso da insuficiência cardíaca, o número de mortes pode aumentar em 73% em 2036 e a carga da doença, que engloba os anos de vida perdidos por morte e incapacidade, vai crescer 28% relativamente a 2014.

Em declarações à Lusa, o novo presidente da SPC, Vitor Gil, diz que, apesar dos dados divulgados esta semana, que indicam uma falta de conhecimento dos sintomas da doença por grande parte da população, os portugueses identificam os sintomas e procuram um médico, mas por vezes associam mais à idade do que à insuficiência cardíaca.

“A falta de ar e o cansaço levam as pessoas a procurarem o médico, podem é não chamar insuficiência cardíaca a isso”, afirma Vitor Gil, que defende que é preciso aumentar a literacia e, sobretudo, facilitar o acesso aos cuidados de saúde necessários.

“Tentar aumentar literacia é extremamente importante, mas tão importante ou mais é facilitar o acesso das pessoas. É frequente haver pessoas que estão preocupadas e não têm acesso imediato ao especialista ou até ao médico de família”, afirmou.

O responsável reconhece que a insuficiência cardíaca tem vindo a aumentar como consequência do envelhecimento gradual da população: “Temos de perceber que os corações envelhecem e que chega a uma altura que começam a dar manifestações”.

Vitor Gil sublinha ainda que além de ser importante alertar as pessoas para os sintomas de alerta – cansaço, falta de ar ou inchaço nas pernas -, é fundamental fazer o diagnóstico certo: “Nem todos os que se cansam e têm pernas inchadas têm insuficiência cardíaca”.

Destaca também a necessidade de tratar adequadamente os fatores de risco, afirmando que, por exemplo, na hipertensão Portugal está longe dos objetivos terapêuticos: “Há muita gente a tomar medicamentos, mas a percentagem de doentes efetivamente controlados está longe do que gostaríamos de atingir”.

O novo presidente da SPC defende igualmente uma melhor estratégia de ligação entre hospitais e cuidados de proximidade. Diz que na fase inicial o cardiologista deve ser envolvido, mas quando o doente estabiliza pode e deve ser seguido nos cuidados de proximidade.

“É preciso uma estratégia multidisciplinar e de colaboração porque os doentes não são de ninguém, nem do cardiologista, nem do clínico geral. O doente deve ser seguido de acordo com a sua situação na altura”, afirma, frisando que é preciso também fomentar a colaboração institucional entre centros de saúde e hospitais.

“Estimula-se que os médicos de família enviem doentes para os hospitais, mas pedir aos médicos de família para fazerem exames auxiliares de diagnóstico em ambulatório não é encorajado porque os orçamentos são diferentes. Isso facilitaria muito a vida dos hospitais, porque aliviava a carga dos exames auxiliares de diagnóstico em doentes de ambulatório”, concluiu.

No congresso que decorre entre sábado e segunda-feira, a SPC vai promover, no Centro de Congressos do Algarve, em Vilamoura, um treino com 12.000 pessoas em Suporte Básico de Vida para sensibilizar a população para a morte súbita.

A estimativa da SPC é que se perdem 32 vidas por dia por morte súbita cardíaca em Portugal. Das 12.000 vítimas de paragem cardíaca, apenas 360 sobrevive. É como se todos os meses caíssem quatro aviões com cerca de 236 vítimas mortais cada.

"Porque ser reanimado é um direito cívico, porque não podemos ter a nossa vida vetada à sorte e porque salvar vidas pode estar nas nossas mãos, aprender Suporte Básico de Vida (SBV) é um passo para não vivermos com 'o coração nas mãos'”, refere a SPC.

Filipe Froes
Dez anos depois da pandemia da gripe A, o médico Filipe Froes confessa que viveu a doença “24 horas por dia” e com ela...

“Esta foi a pandemia dos heróis anónimos. Tive a oportunidade de trabalhar em equipa com pessoas com um altruísmo, dedicação e abnegação ímpares. Profissionais de saúde que se ofereceram, se voluntariaram, e foram trabalhar com espírito de missão e dedicação. A pandemia de gripe A mudou a minha vida”, relata, em entrevista à agência Lusa, o pneumologista Filipe Froes, que em 2009 e 2010 era consultor da Direção-Geral da Saúde e coordenador da resposta dos cuidados de internamento no plano de contingência à pandemia.

À semelhança do que sente, acredita que a gripe pandémica de 2009 “foi a pandemia em que muitas pessoas tiveram a redescoberta da gratificação profissional”.

No Algarve, por exemplo, que foi uma zona com muitos casos da doença, Filipe Froes recorda que os profissionais trabalhavam “horas a fio”, com uma dedicação e altruísmo exemplares.

Há 10 anos, Filipe Froes era assistente hospitalar graduado no Hospital Pulido Valente, onde ainda trabalha, e tinha 48 anos, que celebrou em plena pandemia, aliás, no dia em que se deu em Portugal o primeiro caso de transmissão secundário da doença.

Os primeiros casos da doença começaram a surgir no mundo durante o primeiro trimestre de 2009, embora desde 2005 a Organização Mundial de Saúde (OMS) viesse a alertar para uma possível pandemia de gripe.

Contudo, a fase de pandemia viria a ser decretada apenas a 11 de junho de 2009, embora dois meses antes, em finais de abril, a OMS declarasse a gripe H1N1 como emergência de saúde pública internacional.

Portugal ativou a sua fase de contingência da doença também em finais de abril de 2009, com o primeiro caso a ser registado numa mulher proveniente do México.

A pandemia de gripe A H1N1, que inicialmente começou por ser designada como gripe suína, nasceu precisamente em zonas de criação de porcos no México.

“Para ocorrer uma pandemia tem de haver conjugação de vários fatores: uma estirpe nova do vírus ‘influenza’, não haver imunidade entre a população e o vírus ter capacidade de transmissão eficaz entre os humanos”, explica o médico Filipe Froes.

Na gripe sazonal, que ocorre todos os anos, a estirpe do vírus que circula é sempre aparentada de outras que já circularam e com as quais grande parte da população já teve contacto.

Há ainda a diferença da altura em que surge e da sua duração: a pandemia não se sujeita apenas a tempo frio e demora muito mais tempo. A pandemia de gripe A durou, por exemplo, mais de um ano.

Graças à simplificação com que passou a ser designada, a pandemia de H1N1 acabou por trazer “má fama” ao vírus da gripe A, que ocorre em muitas das gripes sazonais registadas.

A pandemia de gripe A provocou 284 mil mortes em todo o mundo, 124 das quais em Portugal.

Especialista
A gripe H1N1 foi a primeira pandemia do século XXI e da era da informação global, gerando inicialmente um “pandemónio de...

O retrato é feito, uma década depois da pandemia de gripe A, pelo médico Filipe Froes, que acompanhou o plano de contingência da Direção-Geral da Saúde durante cerca de um ano.

Medicamentos eficazes e, pela primeira vez na história de uma pandemia, a existência de uma vacina elevaram o patamar do combate à doença.

Em Portugal morreram 124 pessoas durante a pandemia em 2009 e 2010, com uma média etária de 47 anos, sendo que um terço delas não tinha qualquer doença associada. Ao todo, cerca de um milhão de pessoas terão sido infetadas, segundo estimativas apresentadas no final da pandemia.

“Eu tive pessoas, doentes, de 18 ou 19 anos que lutaram pela vida. Pessoas perfeitamente saudáveis. Há uma maneira de ver isto, que são os potenciais anos de vida perdidos e nós calculámos que foram três mil. Das 124 pessoas que faleceram, tivemos bebés com cinco meses, sendo que a pessoa mais idosa tinha 85 anos, e tivemos uma grávida”, recorda Filipe Froes em entrevista.

É provável que durante uma gripe sazonal, das que ocorrem todos os anos, morram mais pessoas do que durante a pandemia de gripe A em Portugal. Mas o pneumologista salienta que no período pandémico houve “um conjunto enorme de recursos” e “uma preparação única”.

“É um drama, porque eram pessoas novas, a maior parte pessoas saudáveis, que nunca na vida lhes passaria [pela cabeça] ter este risco”, entende Filipe Froes.

Também a nível mundial a média etária dos óbitos foi relativamente baixa. Dos 284 mil mortos que se estimam durante a pandemia de gripe A em 2009, cerca de 80% tinham menos de 65 anos.

Comparando com a última pandemia de gripe registada, que em 1968 matou cerca de um milhão de pessoas, na pandemia de H1N1 passou-se para um terço da mortalidade.

“Tivemos preparação, tivemos no combate fármacos eficazes e, pela primeira vez na história de uma pandemia, tivemos vacinas”, salienta o pneumologista e intensivista.

Em termos de mortalidade, a distância é ainda maior para as outras duas pandemias de gripe do século XX: a gripe espanhola que se calcula que matou mais de 50 milhões de pessoas e a gripe asiática de 1958, responsável por 1,1 milhões de óbitos.

Voltando à realidade portuguesa, Filipe Froes indica que cerca de 80 das 124 pessoas que morreram tinham indicação para receber vacina da gripe, sendo que nenhuma se encontrava totalmente vacinada.

“A desvalorização da vacina e da prevenção talvez tenha feito com que muitas pessoas com critério para se vacinar não o tenham feito e algumas dessas pessoas podem ter falecido”, nota.

Para o perito, inicialmente houve “uma pandemia de ignorância e um pandemónio de medos” que depois se transformou em “alguma desinformação e utilização da benignidade da pandemia”, acabando numa “total desvalorização”.

Faltou entender, defende o médico, que a preparação e a capacidade de conter a pandemia “transforma uma doença com potencial de alguma gravidade numa doença mais benigna”, desvalorizando assim o trabalho de preparação e organização que foi feito, nomeadamente pela Direção-Geral da Saúde.

“Das coisas que aprendi nesta pandemia foi que a preparação é fundamental. E nunca estivemos tão bem preparados para uma ameaça à escala global”, argumenta.

O trabalho de preparação e contenção foi feito seguindo um princípio da Organização Mundial da Saúde que dita: “Preparar para o pior e esperar o melhor”.

Se o nível de preparação não era depois tão necessário para o relativo caráter benigno da pandemia, isso são “prognósticos no fim do jogo”, diz Filipe Froes.

O modelo de organização praticado em 2009 e 2010 serviu em Portugal para que o país estivesse até apto noutro tipo de respostas, como no surto de ‘legionella’ em Vila Franca de Xira em 2014.

Não só as estruturas de saúde se prepararam para a pandemia de gripe A, mas também nas empresas e nos restantes serviços públicos se multiplicavam avisos sobre os cuidados a ter, cartazes com indicações dos sintomas, bem como a dispersão de produtos para desinfeção das mãos.

Foi a primeira pandemia da era da informação global, segundo Filipe Froes, assumindo que ninguém tinha experiência de uma ameaça daquele tipo “em tempos de Internet e de redes sociais”.

“Não estávamos provavelmente preparados para a nova dinâmica da transmissão da comunicação perante estas novas vias. Isso fez com que nalgumas alturas a informação mais fidedigna não tenha sido tão célere e tenha permitido histeria numa fase inicial ou desvalorização numa fase mais tardia”, justifica.

Um dos casos que ficou na história da desinformação da pandemia é o de um vídeo transmitido no Youtube por uma suposta monja que vivia num convento na Catalunha, sendo alegadamente licenciada em Medicina, e que veio pôr em causa todas as medidas tomadas e criou a teoria de que tudo era uma fraude e uma montagem da comunicação social e da indústria farmacêutica para vender vacinas e provocar pânico na população.

“Pôs muito em causa a importância de estarmos preparados e de medidas preventivas para evitar a disseminação da doença. Esse vídeo era viral e eu, na altura, nem sabia o que era um vídeo viral. Fomos completamente apanhados de surpresa”, recorda Filipe Froes.

“Testes do pezinho”
O número de nascimentos em Portugal atingiu o valor mais elevado dos últimos sete anos no primeiro trimestre de 2019, período...

Os dados indicam que, nos três primeiros meses do ano, nasceram, pelo menos, mais 984 crianças face ao mesmo período de 2018, quando tinham sido estudados 20.364 recém-nascidos no âmbito Programa Nacional de Diagnóstico Precoce.

Desde 2012 (21.750) que não eram estudados tantos recém-nascidos nos primeiros três meses do ano, observam os dados baseados nos “testes do pezinho” que cobrem quase a totalidade dos nascimentos em Portugal, apesar de não ser um teste obrigatório.

Em 2014, foram realizados no primeiro trimestre do ano 19.574 testes, número que subiu para 21.348 este ano, mais 1.776, o que significa um aumento de 9%.

Lisboa foi o distrito com mais exames realizados (6.419), seguido do Porto (3.814), Setúbal (1.596), Braga (1.562), Aveiro (1.091) e Faro (1.082).

Guarda foi o distrito onde menos crianças realizaram o teste (165), segundo os dados do programa coordenado pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), através da sua Unidade de Rastreio Neonatal, Metabolismo e Genética, do Departamento de Genética Humana

Janeiro foi o mês que registou o maior número de exames feitos (8.291), seguido de março (6.642) e de fevereiro (6.415).

Em 2018, houve 86.827 recém-nascidos, mais 674 do que em 2017, ano em que foram realizados 86.180 “testes do pezinho”.

O “teste do pezinho” é efetuado a partir do terceiro dia de vida do recém-nascido, através da recolha de umas gotículas de sangue no pé da criança, e permite atualmente detetar 26 doenças, 25 das quais de origem genética, possibilitando uma atuação precoce e um desenvolvimento mais saudável das crianças.

Este rastreio permite identificar as crianças que sofrem de doenças, quase sempre genéticas, como a fenilcetonúria ou o hipotiroidismo congénito, que podem beneficiar de tratamento precoce.

Ministério da Saúde
O Ministério da Saúde brasileiro anunciou ontem, no Dia Mundial da Malária, a redução de 38% dos casos dessa doença no país, de...

Nos primeiros três meses deste ano, a pasta da Saúde notificou 31.872 casos novos da doença, sendo que no mesmo período de 2018 foram registados 51.076 casos de malária no país sul-americano.

De acordo com a tutela, a redução dos casos de malária no país deve-se, essencialmente, às ações de saúde levadas a cabo pelo Governo brasileiro, em parceria com os estados, municípios e a própria população.

"Para 2019, entre os principais desafios, estão os de manter a continuidade das ações de vigilância da malária, melhorando a oportunidade no diagnóstico e tratamento, resposta rápida a surtos, mobilização social e orientação de prevenção da doença para a população, fortalecimento dos níveis locais, além de comprometimento de todos os envolvidos nas ações de prevenção da doença", declarou o Ministério na sua página da internet.

A pasta da saúde lançou também hoje a campanha “Brasil Sem Malária”, com foco na região Amazónica, que concentra mais de 99% dos casos da doença.

O público-alvo da campanha são as populações que vivem nas capitais dos nove estados que compõem a região Amazónica: Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Mato Grosso, Roraima, Rondônia, Tocantins e Maranhão.

“O objetivo do Ministério da Saúde é alertar a população da região sobre a responsabilidade do cidadão na redução da transmissão da doença, da importância do diagnóstico em tempo oportuno e da importância do tratamento completo”, afirmou o coordenador-geral dos Programas Nacionais de Controle e Prevenção da Malária do Ministério da Saúde, Cassio Peterka, citado na página da internet da tutela.

A malária é uma doença infecciosa e transmite-se através da picada de um mosquito.

De acordo com a Direção-Geral da Saúde, o quadro clínico da malária é, em termos gerais, caracterizado por febre, calafrios, dores musculares e nas articulações, e cefaleias, podendo evoluir com diarreia e vómitos.

A malária tem cura, mas se não for diagnosticada e tratada em tempo oportuno, pode evoluir para formas grave da doença, segundo o Ministério da Saúde brasileiro.

Supremo Tribunal
Uma juíza do Supremo Tribunal brasileiro suspendeu provisoriamente a decisão de um magistrado que permitia que psicólogos...

A decisão foi tomada pela juíza Carmen Lúcia Antunes, que deixou sem efeito aquela tomada por um juiz de primeira instância de Brasília que garantiu "total liberdade científica" para a realização de supostas terapias contra a homossexualidade, uma prática proibida pelo Conselho Federal de Psicologia do Brasil desde 1999.

O caso tem a sua origem num processo interposto por um grupo de psicólogos que alegou o princípio da liberdade científica para realizar terapias daquilo que eles chamavam de "reversão sexual".

Em dezembro de 2017, o juiz Waldemar Cláudio de Carvalho, de um tribunal de primeira instância em Brasília, confirmou parcialmente a ação interposta pelos psicólogos e endossou este tipo de alegados tratamentos, contrariando uma resolução do Conselho Federal de Psicologia que, por sua vez, recorreu ao Supremo Tribunal Federal.

Carmen Lúcia Antunes baseou-se no facto do recurso ser da competência do Supremo Tribunal e apoiou a resolução do Conselho Federal de Psicologia, que vetou a "cura gay", até que o próprio tribunal emitisse uma sentença final a esse respeito.

A chamada Resolução 01/1999 estabelece que os psicólogos não realizem qualquer ação que pretenda tratar como uma patologia comportamentos ou práticas homossexuais, nem emitam orientações para que as pessoas se submetam a tratamentos para esse efeito.

O Supremo recordou em comunicado que essa norma também diz que os profissionais não podem reforçar nas suas sessões os preconceitos sociais existentes em relação aos homossexuais e proíbe expressamente os psicólogos de colaborarem em "eventos e serviços que proponham o tratamento e cura da homossexualidade".

De acordo com a entidade, a homossexualidade faz parte da "identidade de cada sujeito" e, portanto, "não constitui doença, distúrbio ou perversão".

Centros de prevenção
Os EUA registaram desde o início do ano até quarta-feira 695 casos de sarampo, no que é o pior regresso da doença desde a sua...

A doença foi registada nos 22 estados norte-americanos, mas é o Estado de Nova Iorque, sobretudo, mas também o de Washington que registam o maior número de casos.

O número de casos de sarampo em Nova Iorque, onde até à semana passada tinham sido registados um total de 626 casos desde o início do ano, é já o mais elevado dos últimos 25 anos, quando foram registados 963 casos desta doença em 1994.

A maior parte dos casos de ocorrência da doença – na cidade de Nova Iorque – surgiu em comunidades de judeus ortodoxos não vacinados.

Programa Nacional de Luta contra a Malária
Angola registou nos dois últimos anos um total de 25.781 óbitos provocados pela malária, doença que já atingiu, no primeiro...

Os dados foram avançados pelo coordenador do Programa Nacional de Luta contra a Malária angolano, Franco Martins, salientando que, apesar da estatística, os números representam uma diminuição do número de mortes, 2.153 entre 2017 e 2018.

"Houve um aumento, em 2017, na ordem dos quatro milhões [de casos] e, em 2018, na ordem dos cinco milhões. O que nos deixa relativamente satisfeitos em relação ao controlo foi que o comportamento que teve relativamente ao número de casos não foi o que tivemos nos óbitos", disse o responsável em declarações à rádio pública angolana.

Segundo Franco Martins, que falava em alusão ao Dia Mundial de Luta Contra a Malária, que se assinalou ontem, em 2017 as autoridades sanitárias registaram um total de 13.967 óbitos, número que desceu em 2018 para 11.814.

Franco Martins indicou as províncias do Norte como as mais endémicas, nomeadamente o Cuanza Norte, Uíge, Cabinda e Zaire.

Contudo, acrescentou, nos últimos anos, de acordo com a monitorização feita pelo programa e pela sala de coordenação do Ministério da Saúde, algumas regiões do sul e centro do país, como Benguela, Huambo e Bié, também têm registado um aumento exponencial do número de casos.

"É fundamentalmente a localização geomorfológica, o clima, que tem condições criadas para o desenvolvimento e proliferação do vetor da doença, que é o mosquito", referiu.

Relativamente ao ano em curso, o coordenador do Programa Nacional de Luta contra a Malária disse que foram já registados no primeiro trimestre cerca de 1,2 milhões de casos, mas, tendo em conta que "o sistema de informação está a melhorar", prevê-se a diminuição de casos.

"O nosso foco é que este aumento do número de casos não se reflita no aumento do número de óbitos, à semelhança do ano passado", frisou.

A malária, uma doença infecciosa, que tem como grupo vulnerável crianças e grávidas, é a primeira causa de morte em Angola.

A sensibilização da população para a prevenção da doença é uma das estratégias do Governo, que criou uma comissão interministerial para "elucidar melhor a população de que a malária”, para se poder “chegar a uma fase efetiva de controlo e até de eliminação, a abordagem deve ser multissetorial", acrescentou Franco Martins.

EUA
Cientistas no hospital pediátrico de Boston desenvolveram o primeiro robô médico que navega de forma autónoma no interior de um...

O investigador em bioengenharia Pierre Dupont comparou o mecanismo ao de um avião de combate: "o avião trata das tarefas de rotina, como voar, para o piloto se poder concentrar nas tarefas mais complexas da missão".

O cateter robótico desenvolvido em Boston e testado numa experiência realizada em porcos usa um sensor de toque ótico que usa inteligência artificial e algoritmos de processamento de imagem para poder identificar em que parte do coração está e para onde precisa de ir.

O procedimento cirúrgico realizado na experiência levou o mesmo tempo que operações em que é um cirurgião a guiar o cateter robô de forma remota.

Quando o robô autónomo chegou ao local onde teria que fazer a operação, o cirurgião tomou o controlo da reparação da válvula.

O sensor do cateter analisa regularmente o ambiente à sua volta, como os insetos fazem com as antenas, e foi capaz de determinar se estava a tocar em sangue, na parede cardíaca ou numa válvula e regular a pressão exercida.

Dados de imagens recolhidas antes da operação foram introduzidos em algoritmos que depois permitiram ao cateter autónomo interpretar sinais visuais.

Pierre Dupont antecipa um futuro em que robôs médicos autónomos a trabalhar em todo o mundo partilham dados para melhorar o desempenho de todos.

"Todo o médico no mundo estaria a trabalhar a um nível de perícia e experiência equivalente ao melhor que se faz na sua área. Esta sempre foi a promessa dos robôs médicos e a autonomia talvez nos permita lá chegar", afirmou o investigador, citado num comunicado do hospital.

Internamentos sociais
Um estudo realizado no âmbito do 3.º Barómetro de Internamentos Sociais revela que se gastaram cerca de 81 mil dias de...

O relatório final demonstra que, com base nas respostas de 79 por cento dos hospitais nacionais, foram registados 17 mil internamentos, 829 dos quais inapropriados, o que equivale a 4,7 por cento do total de internamentos.

Estes resultados foram apresentados no início de abril, na 6.ª Conferência de Valor da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH), realizada em parceria com a Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI).

Durante a iniciativa, que teve como tema central os “Modelos de gestão da qualidade e melhoria contínua em saúde”, Alexandre Lourenço, presidente da APAH, revelou que esta realidade se traduz num “aumento do número de dias de internamento inapropriado, que nesta edição do barómetro quase atinge os 100 dias, com alguns casos a chegarem aos oito meses, sendo a região de Lisboa e Vale do Tejo a que apresenta números mais significativos”.

Segundo João Araújo Correia, presidente da SPMI, “os internistas são uma parte central desta questão, uma vez que 56 por cento dos internamentos inapropriados acontecem nos Serviços de Medicina Interna, que é atualmente a maior especialidade médica hospitalar em Portugal e a que alberga a maior parte das camas do Serviço Nacional de Saúde”.

E acrescenta: “A totalidade dos Serviços de Medicina Interna do país têm, em média, 25 por cento da sua lotação ocupada com doentes com alta clínica. Isto porque a colocação na rede de cuidados continuados demora cerca de dois meses e num lar da Segurança Social nunca menos de seis meses.”

No final da conferência foi ainda assinado um protocolo de cooperação entre a APAH e a SPMI, que visa promover o estudo e discussão de diversos temas na área da saúde, com o objetivo de alcançar um sistema de saúde mais eficiente e seguro.

 

África
O Gana inaugurou na quarta-feira a maior rede de 'drones médicos' do mundo, esperando-se que distribua vacinas e...

"Ninguém deveria morrer no Gana por não ter acesso a um medicamento de que precisa numa emergência", afirmou o Presidente do Gana, Nana Akufo-Addo, no centro de distribuição da cidade de Omenako, um dos quatro entrepostos no país.

Com o apoio do Ministério da Saúde do Gana e da associação Gavi, The Vaccine Aliance, cerca de 120 'drones' da empresa norte-americana Zipline irão distribuir vacinas, sangue e medicamentos para mais de dois mil centros de saúde no país.

O diretor-geral da Gavi, Seth Berkley, considerou que este é uma iniciativa que permite chegar aos cidadãos "geograficamente isolados pela distância, mas também porque vivem em regiões montanhosas, de elevada densidade florestal ou em zonas inacessíveis na época de chuvas".

Berkley abordou também a vantagem de utilizar veículos aéreos não tripulados, que permite ultrapassar as barreiras naturais e entregar os materiais a tempo, exemplificando que os 'drones' podem reabastecer um centro de vacinação que se encontre sem doses.

Esta é a segunda rede deste tipo, depois de, em outubro de 2016 a mesma empresa ter criado uma rede semelhante no Ruanda, permitindo a distribuição de sangue pelo país.

Desde então, a rede em território ruandês concretizou mais de 13.000 entregas, das quais um terço terá correspondido a emergências em que a vida de pacientes estava em risco.

Atualmente, a rede da Zipline no Ruanda é responsável por 65% dos envios de sangue fora da capital ruandesa, tendo como destino principal centros de saúde em áreas rurais.

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