Este ano
O tempo de espera de chamadas para o Instituto Nacional de Emergência Médica diminuiu este ano, depois de em 2017 ter aumentado...

Segundo dados do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), o tempo de espera médio na primeira semana deste mês foi 13 segundos, descendo dos 22 que se verificaram entre janeiro e abril deste ano, enquanto em 2017 o tempo atingiu 36 segundos, o dobro do que aconteceu em 2016.

O presidente do instituto, Luís Meira, disse que houve "melhorias feitas" para pôr os Centros de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) a funcionar de forma mais eficiente, da contratação de mais pessoas a melhorias técnicas.

Luís Meira frisou que o indicador do tempo médio de espera para atendimento é apenas uma parte de uma cadeia cujo fim último é "garantir a assistência médica o mais rapidamente possível".

A contratação de mais recursos, a renovação de viaturas médicas e a contratação de uma equipa médica para controlar a atividade dos CODU e evitar "processos geradores de atrasos ou perdas de tempo" são algumas das medidas que Luís Meira vai apresentar na quarta-feira aos deputados da Comissão Parlamentar de Saúde.

Uma das melhorias conseguidas com a entrada em pleno funcionamento de dois centros operacionais (Sul e Norte) foi conseguir a geolocalização automática de todas as chamadas recebidas, essencial para dirigir os meios.

Este mês foi concluído o concurso para contratar mais 100 técnicos de emergência pré-hospitalar e durante o ano passado entraram 41 assistentes técnicos através de mobilidade na função pública e prestação de serviços.

O INEM passou a contar também com mais 16 médicos para a bolsa de prestadores de serviços no CODU e mais sete psicólogos.

Luís Meira destacou também a renovação da frota automóvel do INEM, como as 41 novas viaturas que estão nos bombeiros e Cruz Vermelha.

Municípios assumem
Os municípios reconheceram ontem que há avanços nas negociações com o Governo para a descentralização de competências nas áreas...

“Apesar dos avanços alcançados” nas negociações dos municípios com o Governo para a descentralização de competências, “ainda subsistem necessidades de esclarecimento e de melhoria”, designadamente nos setores da Educação e da Saúde, disse ontem o presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP), Manuel Machado.

Na Educação, “há preocupações relacionadas com as dotações, as previsões e as obrigações referentes ao apetrechamento de escolas (aparelhagem, laboratórios, computadores, etc.), bem como à conservação e manutenção dos edifícios escolares”, exemplificou Manuel Machado, que falava aos jornalistas, ontem, em Coimbra, depois de ter participado numa reunião do Conselho Diretivo da Associação.

“A questão do apetrechamento [das escolas] é especialmente relevante”, sustentou Manuel Machado, que também é presidente da Câmara de Coimbra, apontando os casos da Escola Secundária José Falcão, nesta cidade, “cujos laboratórios ainda estão equipados com bicos de Bunsen”, ou do Conservatório de Música, onde o equipamento passa por peças como um piano, que custa, “sem grande dificuldade”, cem mil euros.

“As contas relativamente a essa componente e as condicionantes, que devem ser determinadas, são motivo de preocupação”, pelo que a ANMP vai fazer uma “recomendação [ao Governo] de melhoria [das dotações financeiras] para as coisas ficarem a funcionar bem”, após a descentralização de competências para os municípios, sublinhou.

Na área da Saúde, a Associação “regista com apreço” a criação de “um conselho municipal de saúde em cada município”, que terá “funções importantes” para “interagir com o SNS [Serviço Nacional de Saúde]” e outros serviços, na sequência de uma proposta, nesse sentido, apresentada pela ANMP.

Mas, adverte Manuel Machado, “são precisos elementos relativos aos valores atribuídos anualmente para a manutenção de imóveis e para o designado apoio logístico”.

Neste setor, outras componentes “estão em cima da mesa” e poderão vir a integrar a descentralização da administração central para as autarquias locais, mas ainda estão numa fase de discussão pouco adiantada, acrescentou.

Durante a reunião do Conselho Diretivo da Associação, ontem em Coimbra, na sede nacional da ANMP, para além da Educação e da Saúde, foram igualmente analisadas “as mais recentes versões dos decretos-lei setoriais” referentes às áreas da Cultura e do Património.

Em relação às áreas da Cultura e do Património também “subsistem dúvidas”, que os municípios esperam igualmente “ver esclarecidas rapidamente”, concluiu.

EyeBrain
Uma equipa de Lisboa está a desenvolver uma aplicação para 'smartphones' que auxilia os profissionais de saúde no...

A doença de Parkinson é uma patologia "que tira a qualidade de vida dos doentes e das famílias, atingindo um número elevado de pessoas", disse Ana Sousa, membro da equipa EyeBrain, vencedora da 3.ª edição da maratona de programação tecnológica HackForGood, que teve lugar no Porto no último fim de semana.

Segundo indicou, a doença de Parkinson é uma patologia neurodegenerativa, relacionada com um desequilíbrio no sistema nervoso autónomo - composto pelos sistemas nervosos simpático e parassimpático -, que é responsável por gerir a dinâmica pupilar.

Ana Sousa explicou que a dinâmica pupilar altera-se quando indivíduos com Parkinson são expostos a estímulos externos, como é o caso dos estímulos luminosos.

Para ajudar num diagnóstico precoce da doença, a equipa EyeBrain, constituída por seis elementos da empresa tecnológica Compta, desenvolveu uma aplicação para ‘smartphones', que grava e analisa a dinâmica pupilar dos utilizadores.

Recorrendo à camara fotográfica do ‘smartphone', a aplicação grava um vídeo de 15 segundos à cara utilizador, durante os quais é lançado um estímulo luminoso através do ecrã, com o objetivo de detetar alterações na dinâmica pupilar.

A aplicação, referiu, envolve um algoritmo que analisa o vídeo, monitorizando a variação da dinâmica pupilar e verificando se existem indícios da doença.

A solução desenvolvida permite igualmente um acesso "mais clínico", que poderá ser feito, por exemplo, por entidades ligadas ao Serviço Nacional de Saúde (SNS), que conseguem aceder ao histórico do paciente e, assim, encaminhá-lo para exames clínicos específicos, caso as medições apontem para essa necessidade.

"Basta que o utilizador faça uma medição de três em três meses, porque não é de um dia para o outro que existem as manifestações", referiu a responsável, acrescentando que são necessárias monitorizações a longo termo.

O objetivo deste projeto, continuou Ana Sousa, é conseguir auxiliar num diagnóstico precoce da doença.

Até ao momento a equipa desenvolveu um protótipo, que será afinado ao nível do algoritmo e da arquitetura do sistema.

A 3.ª edição da maratona de programação tecnológica HackForGood, promovida pela Fundação Calouste Gulbenkian, decorreu pela primeira vez no Porto, no Palácio dos Correios, no sábado e domingo, e incidiu sobre o bem-estar dos jovens, dos idosos, dos migrantes e dos refugiados.

Com a conquista no evento científico, a equipa EyeBrain terá acesso a um programa de acompanhamento e mentoria e à possibilidade de apresentar o seu trabalho na conferência Web Summit, que acontece em Lisboa, entre os dias 27 a 29 de novembro.

O HackForGood 2018 deu início à "Semana Start&Scale 2018", uma semana do empreendedorismo, inovação e tecnologia, promovida pela Câmara do Porto.

Iniciativa a favor da Health4MOZ
A 2ª Edição da Art4Moz, decorre de 11 a 20 de maio, na Douro Marina, em Vila Nova de Gaia e vai homenagear, a título póstumo,...

A Health4MOZ (Health 4 Mozambican Children and Families, O.N.G.D.) prossegue a sua missão de trabalho voluntário na área dos cuidados de saúde que tem vindo a desenvolver desde 2013 e promove a 2ª Edição da Art4Moz, uma exposição coletiva que junta artistas de renome portugueses e moçambicanos e onde se alia a solidariedade científica à solidariedade artística, com o objetivo de ajudar a levar melhores cuidados de saúde para Moçambique.

Obras de diferentes áreas (fotografia, pintura, desenho e escultura) de artistas como Ana Pais de Oliveira, Armando Alves, Carlos Cezanne, Francisco Laranjo, Henrique Silva, Joana Rêgo, Luís Coquenão ou Zulmiro de Carvalho farão parte do espólio e poderão ser adquiridas.

A curadora da iniciativa, Catarina Machado, irá também participar na exposição, para além do seu pleno envolvimento no projeto de um modo geral. Desde 1995 que a curadora participa em vários concursos e bienais de Artes Plásticas, expondo individualmente desde 1996 e participado em 200 exposições coletivas.

A Art4MOZ vai estar patente de 10 a 20 de maio, na Douro Marina, em Vila Nova de Gaia. Parte do valor angariado com a venda das obras reverte para a Health4MOZ.

“Parte do valor angariado através da venda das obras com que estes 30 artistas gentilmente participam na exposição, vai permitir à Health4MOZ dar continuidade ao trabalho que tem desenvolvido nos últimos 5 anos e que nas 13 missões já realizadas permitiu dar formação a perto de um milhar de alunos de medicina, de enfermagem e de medicina dentária bem como a mais de meio milhar de médicos de várias áreas, transmitindo-lhes conhecimentos que os dotaram de mais ferramentas para o desempenho da profissão”, refere Carla Rêgo, presidente da Health4Moz.

Direção-Geral da Saúde
O número de casos de sarampo do surto na Região Norte subiu para 111, mas todos os doentes encontram-se já curados, segundo o...

No início deste mês havia 109 casos de sarampo confirmados e durante mais de duas semanas não houve novos registos.

Atualmente são 111 os casos confirmados, sendo que as duas últimas situações se referem a doentes que iniciaram sintomas em março e que já estão curados.

Aliás, todos os 111 casos deste surto de sarampo, que começou em fevereiro, estão dados como curados, de acordo com o boletim da DGS datado de segunda-feira, dia 7 de maio.

Segundo a Direção-Geral da Saúde (DGS), há ainda 24 casos em investigação e, durante o surto, foram analisados 292 casos que se revelaram negativos.

Do total de casos confirmados, apenas um foi em crianças e a maioria (quase 80%) afetou profissionais de saúde e sobretudo com ligação ao hospital de Santo António, no Porto.

O vírus do sarampo é transmitido por contacto direto com as gotículas infecciosas ou por propagação no ar quando a pessoa infetada tosse ou espirra.

A Direção-Geral da Saúde recomenda aos portugueses que verifiquem o seu boletim de vacinas e se vacinem caso seja necessário e para ligaram para 808 24 24 24 se estiveram em contacto com um caso suspeito de sarampo e se tiver dúvidas.

Segundo a DGS, em pessoas vacinadas a doença pode, eventualmente, surgir com um quadro clínico mais ligeiro e menos contagioso.

Quem já teve sarampo está imunizado e não voltará a ter a doença.

A vacina contra o sarampo faz parte do Programa Nacional de Vacinação, que deve ser administrada aos 12 meses e aos cinco anos.

3º ASPIC International Congress
O que é que o trabalho da NASA tem a ver com a investigação sobre cancro da mama? A resposta vai ser dada no 3º ASPIC...

‘New technologies/New achievements’ é o tema de um dos simpósios que vai mostrar como “o conhecimento não tem fronteiras. Aqui, o objetivo é trazer esse conhecimento, literalmente, para a Terra, aplicado aos doentes com cancro”, refere Luís Costa, presidente da Associação Portuguesa de Investigação em Cancro (ASPIC) e diretor do Serviço de Oncologia do Hospital de Santa Maria.

Leon Alkalai é o homem em destaque, um investigador que trabalha na NASA, que participará neste Congresso através de vídeo-conferência. “É um dos homens que fez parte da equipa responsável pela sonda que pousou em Marte” e que se encontra, atualmente, a aplicar os seus conhecimentos à medicina. E uma das áreas que escolheu foi o cancro. “A instituição mundial com maior capacidade ao nível de instrumentos tecnológicos para visão é a NASA e o que estão a fazer é aplicar esse conhecimento ao corpo humano e aos tecidos humanos”, explica Luís Costa.

“Temos vírus e bactérias que habitam em nós e, enquanto hospedeiros, convivemos com esses vírus e bactérias, que modelam muitas das nossas respostas imunitárias”, acrescenta. “Alguns tratamentos contra o cancro na área da imunoterapia podem depender de todo o tipo de bactérias que os doentes têm no seu intestino. Por isso, temos de as conhecer. O que é que a NASA tem a ver com isto? Nós podemos fazer análises cada vez mais profundas e a NASA é provavelmente uma das organizações a nível mundial mais bem preparada para analisar microbiomas. Porque não há nenhum objeto que vá para o espaço ou que venha do espaço que não seja analisado ao detalhe em busca de possíveis microorganismos. É que nós não queremos contaminar o espaço e não podemos ser contaminados a partir do espaço.”

É essa capacidade de análise de microbiomas, que Luís Costa considera “fantástica”, que está a ser aplicada à análise de tecidos. “Ninguém diria que isso fosse possível há uns anos. Já há trabalhos publicados e descobriu-se que a população de microrganismo nos ductos mamários das mulheres com cancro da mama é diferente das que não têm cancro da mama. No futuro, valerá a pena saber se esta composição do microbioma é importante ou não para conhecer as mulheres em risco de cancro da mama, isto para além dos fatores de risco que já são conhecidos.”

Leon Alkalai marca presença através de video-conferência, mas muitos outros nomes vão estar presentes, com projetos igualmente surpreendentes e importantes na investigação sobre o cancro, como o espanhol J. Iñaki Martin-Subero ou Peter Nelson, do Fred Hutchinson Cancer Research Center, que apresenta novidades na área do cancro da próstata. Aos portugueses Carlos Caldas, diretor do Cambridge Breast Cancer Research Unit, Susana Godinho, do Barts Cancer Institute, de Londres e Carla Martins, da University of Cambridge, juntam-se vários outros investigadores nacionais, que confirmam a ‘saúde’ da investigação que se faz por cá e além-fronteiras.

O 3º ASPIC International Congress tem como grande objetivo “motivar as pessoas para o conhecimento. É isso que pretendemos dar às pessoas com o congresso, motivação. O que esperamos das pessoas? Realização de projetos”.

Cancro
Portimão apresentava 8 meses de espera em Senologia em 2017, que garante já ter resolvido. Liga avança com levantamento nacional.

No final do ano passado, o tempo de espera em Portimão para uma cirurgia muito prioritária na área da Senologia (especialidade que trata as doenças da mama) era de oito meses. Isto para casos que deviam ter resposta em 15 dias. O hospital garante que neste momento tem apenas uma doente nesta situação, que já foi operada ao problema oncológico e espera cirurgia reconstrutiva da mama. Este era um dos casos mais graves num retrato feito com dados de 30 de novembro de 2017, os últimos publicados no Portal do SNS, e que preocupam a Liga Portuguesa Contra o Cancro, que vai avançar com um levantamento nacional junto dos hospitais, depois de ter recebido denúncias de que grande parte destas doentes estão a ser operadas fora dos tempos considerados aquedados.

O tema das listas de espera volta a ganhar importância numa altura em que os médicos começam uma greve de três dias, e depois de os administradores hospitalares admitirem ao Diário de Notícias que parte das cirurgias programadas que se perdem nesta altura - uma paralisação com forte adesão pode pôr em causa cerca de três mil operações por dia - já não serão recuperadas este ano. No final do ano passado, 45 serviços de hospitais públicos apresentavam tempos de espera acima do que a lei prevê para cirurgias muito prioritárias. E se em muitos casos a derrapagem nos prazos era apenas de alguns dias, numa dúzia deles os utentes tinham de esperar mais de um mês por uma operação urgente, com especial destaque para duas especialidades: Oftalmologia, em Santarém, onde um doente esperava em média nove meses por uma cirurgia muito prioritária (situação que o Presidente do Conselho de Administração garante ao DN não se passar atualmente, ao afirmar que o Hospital de Santarém não tem doentes inscritos para cirurgia muito prioritária); e Senologia, no Hospital de Portimão.

Panorama que "preocupa muito" Vítor Veloso, presidente da Liga Portuguesa Contra o Cancro, que denuncia queixas de atrasos nas cirurgias para casos urgentes, em especial na área das doenças da mama. "E muitas dessas queixas nem vêm dos utentes, partem mesmo dos médicos, que denunciam que grande parte das doentes estão a ser operadas fora dos tempos considerados aquedados. É um problema generalizado, que vai dos maiores hospitais, mais especializados, até aos distritais, e que tem tendência a agravar-se nesta altura de greves".

Importância da deteção precoce
Na lista dos dez serviços com maiores atrasos a nível nacional, Senologia surge duas vezes: além de Portimão, também o Garcia de Orta, com 41 dias, apresentava um prazo que ultrapassava largamente os tempos recomendados. "Um tempo de espera tão dilatado torna-se absolutamente dramático se estivermos a falar de um cancro. Uma das nossas lutas tem passado precisamente por promover rastreios, porque com a deteção precoce de tumores e se forem operados a tempo, conseguimos reduzir a mortalidade em 20%", aponta Vítor Veloso.

Do lado dos hospitais, o Centro Hospitalar e Universitário do Algarve, que inclui Portimão, argumenta desde logo que os últimos dados publicados no Portal do SNS têm cinco meses e que os processos de entradas e saídas de doentes para as listas de espera cirúrgicas "são dinâmicos", detalhando o ponto de situação no início do mês de maio: no caso da Senologia, em Portimão, há uma doente considerada muito prioritária que já ultrapassou os chamados Tempos Máximos de Resposta Garantidos. E "não por motivos oncológicos, uma vez que essa situação prioritária foi resolvida dentro do tempo regulamentar, mas sim para cirurgia plástica-reconstrutiva", garante o centro hospitalar. "Toda a patologia oncológica com indicação cirúrgica é rapidamente tratada, dentro dos tempos definidos, não havendo doentes oncológicos em lista de espera".

Outras especialidades com problemas no Algarve são Ortopedia, em Portimão, com nove doentes à espera para lá do recomendado (seis deles transferidos de outros hospitais no âmbito do Sistema Integrado de Gestão de Inscritos para Cirurgia) e Oftalmologia, em que o processo de um doente ainda está em análise, depois de ter sido devolvido por uma unidade privada".

Tempos de resposta "ligeiramente mais dilatados", segundo palavras do centro hospitalar, que se devem "à reconhecida carência de profissionais de saúde em algumas áreas", nomeadamente de anestesistas. "É preciso ainda perceber que as entradas e saídas de doentes das listas de espera são processos dinâmicos, em que também a prioridade clínica pode ser reformulada por alteração da situação clínica do utente, mantendo-se o tempo de espera inicial, sendo certo que, sempre que é ultrapassado o prazo é emitido um vale cirúrgico onde o utente pode escolher outra unidade de saúde para resolução do seu problema".

Face às constantes ressalvas em relação aos prazos publicados no Portal do SNS e ao facto de algumas especialidades terem tempos de espera altos mas não apresentarem doentes inscritos, a Administração Central do Sistema de Saúde - entidade que gere os dados no site - explicou ao DN que os dados refletem duas realidades: O número de utentes a aguardar a intervenção cirúrgica num determinado momento (último dia do mês); e a média do tempo de espera dos doentes intervencionados nos últimos três meses. "Se partirmos da análise de dezembro, podemos ter um tempo médio de espera nos últimos 3 meses de doentes já intervencionados de X e no último dia do mês não existirem doentes a aguardar cirurgia".

Procura e falta de anestesistas
Também questionado pelo Diário de Notícias sobre as razões que levam a tempos de espera muito acima do previsto na lei, o Garcia de Orta, outro dos visados, responde que "o hospital regista uma procura crescente, que se mantém há vários anos, o que dificulta o cumprimento dos tempos máximos de resposta garantidos", a que se junta "a falta de recursos, no âmbito da anestesia". Isto apesar de o hospital de Almada apontar várias medidas que tomou para tentar resolver o problema, como o "ajustamento das agendas de consulta, a reformulação de espaços e circuitos de bloco operatório e recobro" ou a "centralização da atividade de agendamento operatório com vista a controlar de forma mais eficaz as regras de agendamento".

Cancro
No final de 2017, o IPO tinha quatro especialidades com tempos de espera acima do recomendado, mas poucos doentes preferiram...

Nos dados recolhidos pelo Diário de Notícias, o Instituto Português de Oncologia de Lisboa apresentava quatro especialidades com esperas superiores ao recomendado para casos muito prioritários: otorrino (35 dias), dermatologia (28 dias), cancro da cabeça e pescoço (20 dias) e cirurgia geral (18 dias). Em resposta a este quadro, o IPO sublinha que 62% dos seus doentes são operados dentro dos tempos considerados adequados e que para as esperas mais prolongadas são entregues vales-cirurgia que podem ser usados em hospitais privados ou do setor social com convenções com o SNS. O que a esmagadora maioria prefere não fazer.

Entre as principais razões apontadas para estes tempos está o facto de alguns destes serviços serem muito especializados, para onde são referenciadas pessoas com doença oncológica muito complexa, provenientes de todo o país. Com muitos doentes prioritários e um bloco operatório curto para as necessidades e afetado por greves em 2017, as listas de espera continuam a ser altas. Em 31 de dezembro de 2017, 1296 doentes estavam inscritos para serem operados no IPO Lisboa.

Ainda assim, "provavelmente devido ao reconhecimento e à elevada diferenciação da cirurgia do IPO Lisboa, a grande maioria dos doentes prefere aguardar mais uns dias e serem operados no IPO, por cirurgiões do IPO. Em 2017, apenas 25 doentes optaram por tal solução [vales-cirurgia] e no IPO fizeram-se 6402 cirurgias", frisa o IPO, em informações enviadas ao Diário de Notícias.

A procura de doentes no instituto de Lisboa tem crescido entre 1 a 2% ao ano, o que se deve ao aumento da prevalência das doenças oncológicas, um aumento que não foi acompanhado por melhorias nas condições dos serviços, reclamadas há muitos anos. "O IPO Lisboa só poderá recuperar as listas de espera para cirurgia e reduzir os tempos médios de espera após a realização das obras do bloco operatório, cujos trabalhos preparatórios já começaram", assume o hospital.

O atual bloco operatório foi inaugurado em 1948 e teve obras de ampliação há 30 anos. Com uma área de 925 m2, tem cinco salas de cirurgia convencional, a que se junta uma sala de cirurgia ambulatória, quatro camas de recobro e três de recobro pediátrico. No futuro, depois de concluídas as obras de cinco milhões de euros - que tiveram luz verde das Finanças em dezembro, cerca de um ano e meio depois de terem sido pedidas -, vai duplicar a sua área (2176 m2) e passará a ter seis salas de cirurgia convencional, três de ambulatório, dez camas de recobro e duas camas de recobro pediátrico.

Estudo
Os micro-organismos do plâncton marinho organizam-se em comunidades complexas, mas que duram pouco e mudam rapidamente,...

O mar está repleto de micróbios, mas representa um meio muito hostil para estes organismos, pois tem uma baixa concentração de nutrientes e é muito mutável, em escalas distintas de espaço e de tempo, segundo uma informação hoje divulgada pela Universidade de Granada.

Perante esta situação adversa, os micro-organismos do plâncton, em vez de desenvolverem um modo de vida solitário, coordenam-se entre si para formar comunidades biológicas complexas que funcionam como uma unidade, revelou o trabalho publicado na revista "Nature Communications".

Um dos autores, Antonio Martín Platero, do departamento de Microbiologia da Universidade de Granada, em Espanha, explica que "em cada gota de água do mar vivem centenas de milhares de seres vivos invisíveis, os micro-organismos".

Apesar da sua pequena dimensão, escreve o Sapo, são responsáveis pelo bem-estar do planeta porque regulam vários processos, como aquele relacionado com os níveis de dióxido de carbono na atmosfera.

Mar é um ambiente totalmente mutável em poucos dias
No mar, estes micro-organismos enfrentam um ambiente mutável e heterogéneo, por isso, até agora, não se sabia até que ponto são capazes de organizar-se e viver como uma comunidade a atuar em conjunto ou se vivem e se desenvolvem de forma solitária ou em pequenos grupos.

No estudo agora divulgado, baseado na análise de amostras recolhidas na costa de Massachusetts, os cientistas demonstram que esta grande quantidade de micro-organismos forma comunidades complexas, mas bem definidas e submetidas a uma grande mutação, de modo que, em poucos dias, desaparecem as existentes e voltam a aparecer novas formadas por organismos distintos.

Segundo Antonio Martín Platero, estes resultados "são de grande importância para compreender as redes tróficas, pois organismos de maior tamanho encontram-se com numerosos grupos de micróbios, entre os quais poderá haver patogénicos ou outros prejudiciais".

Os cientistas referem a necessidade de uma monitorização frequente nas águas costeiras recreativas ou de atividades comerciais para uma correta avaliação da exposição a potenciais perigos microbiológicos.

 

Estudo
Os cidadãos sabem na teoria que a água é um bem que não dura sempre mas pouco fazem para gastar menos, apesar de conscientes do...

Os cidadãos sabem na teoria que a água é um bem que não dura sempre mas pouco fazem para gastar menos, apesar de conscientes do risco ecológico associado ao desperdício, segundo um estudo da Águas de Portugal hoje divulgado.

Há "dissonância entre as atitudes e os comportamentos" em relação à água, que a maior parte dos inquiridos percebe como escassa mas que continua a sair das torneiras em casa e lhe dá um "caráter 'inesgotável'", segundo a investigação.

Dos inquiridos, escreve o Sapo, 83,3 por cento sabe que o planeta Terra não terá sempre água abundante e 76,1% recusa a ideia de que a crise ecológica por escassez de água é um exagero.

61,8 % assume que consome mais água do que devia
Mas, se por um lado, 88,8 por cento dos inquiridos considera que as pessoas não têm o direito de usar a água como quiserem, por outro, 61,8 % assume que consome mais água do que devia e precisa.

Quando pensam em poupar água, os inquiridos associam essa necessidade a uma redução no seu conforto, pelo que no estudo da Águas de Portugal se conclui que são necessárias campanhas de sensibilização para contrariar essa ideia.

Em vez de "mecanismos de penalização" para o desperdício, o espírito destas campanhas deve ser "obtenção de recompensas", e a inclusão de "dicas de poupança", dando ênfase ao impacto reduzido desta poupança na qualidade de vida.

Poupar água para ter um ambiente melhor deve ser outra das mensagens para sensibilizar os consumidores. "Mensagens alarmistas" são de evitar e deve apostar-se em campanhas continuadas, defendem os inquiridos. Para três quartos das pessoas que responderam ao inquérito, aumentar o preço da água não é a maneira mais eficaz de estimular a poupança.

A maioria (57%) não acredita que se dê o devido valor à água como recurso escasso, devido à facilidade com que esta sai da torneira. Além disso, a água é mais barata do que bens como a eletricidade, o combustível ou as telecomunicações, ficando em quarto lugar na lista dos recursos em que se gasta mais dinheiro.

Se tivessem que preservar um recurso abdicando dos outros, 44,9% escolheria a água, mas a eletricidade está bem perto, com 40,9 por cento. Eletricidade, telecomunicações e gás repartem o resto das preferências. Embora 88,2% aceitasse usar água reciclada para consumo não humano, apenas 48,4% concorda com o pagamento de uma taxa para financiar a reciclagem da água.

Entre os gestos de poupança que mais pessoas admitem como necessários está fechar a torneira e não ter água a correr sem parar, reduzir o tempo dos banhos, reduzir a quantidade de água em cada descarga de autoclismo ou otimizar o número de lavagens de roupa e de louça.

Os resultados do Estudo Nacional sobre as Atitudes e Comportamentos dos Portugueses são apresentados hoje no Museu da Água, em Lisboa, com o ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes.

O estudo da Águas de Portugal foi feito com 1.662 pessoas que responderam pela Internet a perguntas sobre as suas atitudes e comportamentos em relação à água.

Direção-Geral da Saúde
A Direção-Geral da Saúde lança esta terça-feira um manual sobre a "A importância do potássio e da alimentação na regulação...

O documento sublinha que o potássio "é um mineral essencial na regulação da pressão arterial, mas frequentemente esquecido, tanto por profissionais de saúde como pela população em geral".

O diretor do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável, Pedro Graça, recorda à TSF que nos últimos anos tem-se apostado muito no combate ao excesso de sódio na alimentação dos portugueses (somos dos que ingerem mais sal no dia-a-dia), mas há o outro lado desta 'guerra' contra a hipertensão: além de menos sal na comida, é preciso ingerir mais potássio, num objetivo que tenta ser atingido com este manual que dá conselhos práticos.

No fundo, ingerir potássio ajuda a compensar o excesso de sal, com o manual a recordar que este mineral "está presente em todos os alimentos de origem natural destacando-se raízes e tubérculos amiláceos, hortícolas, frutas, cereais integrais, laticínios e café".

No entanto, na confeção dos alimentos o potássio tem perdas muito significativas, nomeadamente para a água de cozedora (em certos alimentos pode chegar aos 70%), pelo que o manual aconselha que se usem métodos de confeção que conservem a água de cozedura, como por exemplo, a sopa de hortícolas e os estufados.

O documento disponível no site do Programa Nacional aconselha ainda a diminuir o tempo de cozedura dos alimentos, diminuir a quantidade de água de cozedura e a quantidade de sal adicionada, além de cozinhar os alimentos em porções maiores.

Pedro Graça recorda que "quanto maior a desproporção entre a ingestão do sal e do potássio, maior o risco de sofrer um evento cardiovascular, razões que o levam a destacar a importância de "aumentar o consumo de potássio e reduzir o consumo de sódio".

Entrevista
É um dos 10 tipos de cancros mais comuns em todo o mundo, estimando-se que atinja, todos os anos, ce

O que é o carcinoma urotelial e qual a sua incidência na população portuguesa?

O carcinoma urotelial é reconhecido genericamente como tumor maligno da bexiga. No entanto, a terminologia de carcinoma urotelial pode ser aplicada não só à bexiga como também à pélvis renal, ureteres e uretra.  

O cancro da bexiga constitui um dos 10 tipos de cancro mais comuns em todo o mundo e o 5º a nível europeu. Em Portugal, estima-se que sejam diagnosticados anualmente 1.900 novos casos de cancro da bexiga. Segundo dados do Registo do Programa Nacional para as Doenças Oncológicas (2014), a incidência do cancro da bexiga, em Portugal, situou-se em 17,6 por cada 100.000 habitantes – e este valor sobe para 29 em cada 100.000 habitantes considerando apenas o sexo masculino.

Quais os principais sintomas ou sinas de alerta?

A neoplasia da bexiga pode ter sintomas semelhantes a outras doenças, como por exemplo uma infeção.

O sintoma mais frequente e que deve constituir um sinal de alerta é o aparecimento de sangue na urina (hematúria), que ocorre em cerca de 85% dos casos. Este sinal pode aparecer isolado ou acompanhado de outros sintomas, como ardor ou dor miccional, sensação de esvaziamento incompleto e aumento da frequência miccional. Para além disto, podem aparecer sintomas mais gerais como dor lombar, dor abdominal ou perda de peso inexplicável.

Existem fatores de risco?

As causas para o desenvolvimento de Cancro da Bexiga não estão totalmente esclarecidas. No entanto, há diversos fatores relacionados com o aparecimento desta patologia, sendo o principal o tabagismo. Sabe-se que os fumadores apresentam 3 vezes mais probabilidade de vir a desenvolver cancro da bexiga. Além do tabaco, a idade também parece estar relacionada, com aumento do aparecimento da doença em idades superiores a 65 anos (em 70% dos casos), assim como o sexo masculino (3 a 4 vezes mais frequente do que no sexo feminino), a raça caucasiana (2 vezes mais frequente do que na raça negra) e a exposição a agentes químicos (como tintas, borracha, petróleo). Outros fatores que se podem considerar: a história familiar/genética de cancro da bexiga, história de infeções crónicas da bexiga, alterações congénitas, assim como radioterapia prévia com atingimento pélvico.

É possível determinar a sua causa e explicar o porquê desta neoplasia atingir maioritariamente o sexo masculino?

A neoplasia da bexiga é 3 a 4 vezes mais frequente no sexo masculino. Considerando a frequência de todas as formas de cancro, nos homens ocupa o 7º lugar e nas mulheres ocupa o 15º. As razões para isso são multifatoriais, incluindo predisposição genética e maior exposição pelos homens aos fatores de risco (incluindo tabagismo).

Tendo em conta que alguns sintomas são comuns a outras patologias – como é caso da urgência urinária presente na bexiga hiperativa, por exemplo – como é feito o seu diagnóstico?

Como já referido anteriormente, o cancro da bexiga pode ter sintomas semelhantes a outras doenças. Por este motivo, o diagnóstico requer uma história clínica detalhada, exame físico completo e a realização de exames complementares de diagnóstico apropriados. A citologia urinária, uma cistoscopia, uma biópsia e exames de imagem como ecografia, TAC ou ressonância magnética são, geralmente, os exames mais indicados. Num doente com história clínica e exame clínico suspeitos de neoplasia da bexiga devem ser pedidas análises gerais e à urina, uma ecografia pélvica, assim como a realização de uma cistoscopia. Esta técnica permite observar a mucosa e fazer uma biopsia, cujo material é observado ao microscópio pela Anatomia Patológica. Só assim é possível confirmar o diagnóstico de cancro da bexiga.

Sendo que nem todos tumores invadem o músculo da bexiga, como se classificam e qual o seu sistema de estadiamento?

O cancro da bexiga é geralmente classificado de acordo com a profundidade da invasão tumoral: cancro da bexiga não invasivo (≈70%, onde as células cancerígenas se encontram apenas no revestimento interno da bexiga); cancro da bexiga que invade o músculo (≈30%, o tumor avança até ou para além da camada de músculo da bexiga); cancro da bexiga metastizado (≈4%, já existem células tumorais fora da bexiga).

A classificação anatomopatológica dos tumores de bexiga tem em conta o tipo de células que dão origem ao tumor, sendo possível distinguir diversos tipos de cancro da bexiga: carcinoma de células de transição (o mais frequente, ≈90%); carcinoma de células escamosas; adenocarcinoma e carcinoma de pequenas células. Além disso, de acordo com o aspecto das células, existem três graus de malignidade, que indicam a rapidez com que o tumor pode crescer e espalhar-se: Baixo Grau; Grau Intermédio; e Alto Grau (são os mais agressivos e invasivos).

Dado que as opções terapêuticas são diferentes de acordo com a fase em que o tumor se encontra, o seu correto estadiamento ajuda a perceber o tamanho do tumor, a invasão de outros órgãos e a decidir estão qual o tratamento mais adequado para cada caso. A forma mais utilizada para o estadiamento do cancro da bexiga avançado é o sistema de estadiamento TNM, que se baseia na profundidade com que o tumor penetra na parede da bexiga: T (tumor) – descreve o tamanho do tumor; N (nódulos) – descreve o atingimento dos nódulos linfáticos; M (metástases) – descreve se o cancro se espalhou para outras partes do corpo.

Quais as opções terapêuticas disponíveis para o tratamento do cancro da Bexiga?

O tratamento do cancro da bexiga é diferente em função da fase em que a doença se encontra e, dependendo disso, podem utilizar-se como opções terapêuticas: a cirurgia, tratamentos intravesicais (dentro da bexiga), quimioterapia sistémica, radioterapia e imuno-oncologia (imunoterapia).

Quando o tumor se diagnostica precocemente as opções terapêuticas têm intenção curativa, no entanto, quando a doença já é metastizada a sobrevivência é menor e o tratamento é apenas paliativo.

De uma forma geral: para tumores não invasivos o tratamento passa por cirurgia, com ou sem tratamentos intravesicais; para tumores que invadem o músculo, cirurgia, eventualmente tratamentos intravesicais e quimioterapia sistémica; para tumores metastizados, quimioterapia sistémica, imuno-oncologia (imunoterapia) e eventualmente radioterapia.

É fundamental ter sempre em conta que o tipo de tratamento varia também de acordo com estado geral do doente, idade, estadio do tumor, preferência do doente e possíveis efeitos secundários.

Atualmente, a imunoterapia tem demonstrado ser mais eficaz do que a quimioterapia no tratamento do cancro da bexiga em estado avançado. Em que consiste e o que representa esta opção de tratamento, depois de tantos anos sem qualquer avanço terapêutico?

Nos últimos 30 anos, não existiram avanços significativos para o tratamento do cancro da bexiga avançado. A quimioterapia era o único tratamento disponível. Recentemente, a imunoterapia apareceu como uma excelente opção terapêutica para diversos tipos de cancro, inclusivamente o cancro de bexiga avançado, nos casos de doentes que não responderam à quimioterapia com Cisplatina ou que não possam fazer esta terapêutica. Estes tratamentos utilizam a capacidade do sistema imunitário para combater a doença, induzindo uma resposta imune no doente. Estas reações imunológicas podem ser por interação antígeno-anticorpo ou por mecanismos envolvidos na imunidade mediada por células. Os efeitos secundários deste tipo de tratamentos são substancialmente diferentes da toxicidade clássica da quimioterapia. São eventos mais inflamatórios, como por exemplo, tiroidites, hepatites, colites, entre outros, cujo tratamento é também diferente, com o uso de corticoterapia, e em casos mais graves, com imunossupressores específicos.

Qual a taxa de sobrevivência deste tipo de cancro?

O prognóstico do cancro da bexiga é variável, com taxas de sobrevivência que diminuem substancialmente com a progressão do tumor para além da bexiga.

A taxa de sobrevivência aos 5 anos varia com o estadio da doença à altura do diagnóstico. Nos casos de doença em estadios iniciais, a sobrevida poderá alcançar os 96% aos 5 anos. No entanto, um de cada 10 casos de cancro da bexiga já se disseminou à altura do diagnóstico, sendo a sobrevivência apenas de 5-6% aos 5 anos.

Neste sentido, qual a importância do diagnóstico precoce? Existem rastreios? Quando se deve investigar a doença?

Com base no anteriormente referido, é de facto importante diagnosticar precocemente esta patologia de forma a aumentar a sobrevida destes doentes. Na verdade, o cancro da bexiga, apesar de não ser uma doença rara, não é muito falado nem discutido. Não existem rastreios para este tipo de neoplasia, mas é muito importante estar alerta sobre os seus fatores de risco. O aparecimento de algum sinal de alerta deve levar o doente a consultar o médico assistente, para realização do exame físico completo, seguido de exames auxiliares e encaminhamento para a consulta de especialidade, se pertinente. 

Em que consiste a reabilitação após o tratamento e qual a sua importância?

Em função dos tratamentos realizados, a reabilitação será diferente, mas, sem dúvida, sempre muito importante. Além disso, os efeitos secundários e as sequelas não são iguais para todos os doentes. É, por isso, fundamental ter uma equipa multidisciplinar (médicos, enfermeiros, psicólogos, nutricionistas) a trabalhar em prol do doente na recuperação do seu estado geral, da sua independência e vida quotidiana. É necessário tentar equilibrar a sua esfera emocional, física e também sexual. 

Muitas vezes o que acontece é a perda da função da bexiga, sexual, ou a construção de um estoma, e por isso uma necessidade emergente de aprender a cuidar do mesmo. Relativamente ao atingimento psicológico após o diagnóstico e tratamento do cancro da bexiga, a ansiedade, depressão reativa, dificuldade em dormir, aparecem com frequência. A quimioterapia contribui também para um mau estar geral, debilidade, um emagrecimento temporário, enquanto que a imunoterapia pode levar ao aparecimento de doenças autoimunes.

É então essencial o doente manter as consultas de seguimento para avaliar o seu estado geral, assim como o risco de reaparecimento do tumor. Isto acontece com maior frequência nos 2 primeiros anos, sendo que, após estes, a probabilidade da doença voltar a aparecer diminui bastante. Por este facto, as consultas de seguimento e os exames complementares são mais regulares nos 2 primeiros anos.

No âmbito do Mês de Sensibilização do Cancro da Bexiga, quais a principais recomendações?

O cancro da bexiga é um dos 10 tipos de cancro mais comuns em todo o mundo, mas ainda é muito desconhecido pela população geral. Além disso, os sinais de alarme são frequentemente desvalorizados, desconhecidos ou ocultados pelos doentes, maioritariamente homens. O mais importante é dar a conhecer quais os sintomas relacionados com esta patologia, para a população estar atenta, perder os preconceitos e agir precocemente. Só assim será possível diagnosticar esta doença em estadios iniciais, permitindo poupar vidas e alcançar melhores sobrevivências. 

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Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Lares e restaurantes portugueses
A salicórnia, planta halófita comestível que cresce espontaneamente em zonas de sapal, como a Ria Formosa, no Algarve, é cada...

Se antes era preciso ir a um restaurante 'gourmet' para saborear a planta, usada em saladas, mas também em pratos de peixe, marisco ou carne, desde o ano passado que já é possível encontrar salicórnia nas prateleiras de alguns supermercados do país.

Mais recentemente, desde o início deste ano, existem também saladas prontas a consumir já com salicórnia, dispensando a adição de sal, através de uma parceria entre um grupo dedicado aos produtos de quarta gama e uma empresa que produz aquela e outras plantas da Ria Formosa em estufas, junto a Faro.

“Na nossa salicórnia, por cada 100 gramas, existem dois gramas de sal, portanto, apenas 2%, e o nível de sódio é de 0,75 gramas”, explicou Miguel Salazar, gerente da Ria Fresh e que começou a desenvolver projetos com plantas halófitas no Algarve em 2011.

Segundo o engenheiro agrónomo, os benefícios da salicórnia relativamente ao sal não se esgotam na capacidade de salgar os alimentos com menos sódio já que a planta “não é unicamente sal”, tendo outros minerais benéficos para a saúde como o cálcio, o potássio e o magnésio.

“Existem uma série de estudos que indicam que a salicórnia e outras plantas dos sapais têm também compostos com propriedades antioxidantes, anti-inflamatórias e até antidiabéticas”, indicou.

Nascido em Espanha, mas a viver em Portugal há 17 anos, o engenheiro agrónomo sublinha que a composição da salicórnia proporciona não só um sabor salgado, como realça o sabor dos alimentos, fazendo com que perdure mais no palato.

Segundo Miguel Salazar, trata-se do sabor “umami”, palavra de origem japonesa, que em português significa delicioso ou saboroso, e que dá nome ao quinto sabor, para além do doce, amargo, ácido e salgado.

Para ser usada na confeção de pratos quentes e por se tratar de um vegetal muito hidratado, o ideal é adicionar a salicórnia à preparação já na parte final da cozedura, embora a planta não oxide, explicou.

Pedro Girão, diretor comercial da empresa, estima que, no total das nove plantas produzidas e comercializadas pela Ria Fresh, a produção deste ano se situe entre as 15 e as 17 toneladas.

No próximo ano esperam alcançar as 25 toneladas, estando já em curso a exportação para Espanha e Bélgica, com possibilidade de a operação vir a estender-se também à Inglaterra e Alemanha.

A salicórnia da Ria Fresh está atualmente à venda em superfícies comerciais do Porto, Coimbra, Lisboa e Algarve, onde, por enquanto, existe apenas um ponto de venda.

A empresa também já comercializa sal vegetal, que consiste em salicórnia desidratada, embora o produto ainda esteja em desenvolvimento, concluiu.

EUA
A primeira dama dos Estados Unidos, Melania Trump, lançou ontem na Casa Branca um programa dedicado a melhorar a vida das...

Como Laura Bush (luta contra o analfabetismo) ou Michelle Obama (luta contra a obesidade), a mulher de Donald Trump quer também colocar a sua passagem pela Casa Branca sob o signo de uma causa.

“Como mãe e primeira dama preocupo-me com o facto de, num mundo permanentemente ligado, as crianças poderem estar menos preparadas para expressar ou gerir as suas emoções e recorrerem muitas vezes a comportamentos aditivos ou destrutivos”, disse Melania Trump.

“Creio firmemente que como adultos podemos e devemos educar melhor os nossos filhos sobre a importância de uma vida sã e equilibrada”, adiantou.

O objetivo da sua campanha de consciencialização pública é incentivar os pais e outros adultos a ensinar as crianças a serem bons cidadãos, incluindo serem amáveis, a não intimidarem os outros nas redes sociais ou em qualquer outro lugar, a não usarem drogas e a cuidarem de si próprias.

A primeira dama foi criticada pela sua intenção, anunciada durante a campanha eleitoral, de se dedicar a combater o assédio nas redes sociais, dado o seu marido não se coibir de atacar os seus inimigos no Twitter, segundo a agência noticiosa espanhola EFE.

Donald Trump, que assistiu na primeira fila, elogiou no final “um magnífico discurso” e salientou que “em todos os lugares” a que Melania foi “os norte-americanos foram tocados pela sua sinceridade”.

Grupo de 44 cidadãos
Um sistema de saúde centrado no utente, com o Serviço Nacional de Saúde como "espinha dorsal", mas articulado com os...

Dez princípios orientadores foram apresentados ontem, em Lisboa, e são subscritos por várias pessoas entre as quais Alexandre Castro Caldas, Bagão Félix, Guilherme d'Oliveira Martins, Germano de Sousa ou Vítor Melícias.

Em declarações aos jornalistas, no final da apresentação pública, o professor e antigo ministro da Economia Augusto Mateus defendeu que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) tem sido uma peça fundamental na construção da democracia, mas que o país ganharia se soubesse "fazer futuro" e pensasse estrategicamente os próximos 20 anos.

"A saúde é tão importante que nós não podemos tolerar na saúde ineficiências, desigualdades, iniquidades, e, portanto, o que nós propomos são dez princípios para tentar dar um sentido mais estratégico, de mudança tranquila, mas forte, em direção a melhor satisfação", explicou.

Segundo Augusto Mateus, o princípio base são os serviços de saúde e os seus destinatários, que são os doentes.

“Doentes que são cidadãos portadores de direitos e não meros consumidores”, sublinhou, acrescentando que isso justifica a construção de um sistema mais coerente, com o SNS no “coração”.

Augusto Mateus adiantou que esta proposta visa “aproveitar tudo aquilo que o país tem de bom”, seja no setor privado, no setor social ou até mesmo no voluntariado.

Os dez princípios orientadores vão desde um sistema de saúde centrado no cidadão, a cidadãos e representantes dos doentes com maior participação ou a maio ênfase à educação para a saúde e prevenção da doença.

Os 44 subscritores defendem, por outro lado, que para o financiamento do SNS seja desenvolvida uma lei de meios que preveja as despesas e as receitas correntes, apontando que o subfinanciamento “crónico” exige orçamentos plurianuais.

Sugerem que sejam alargadas as formas de prestação e de gestão dos serviços de saúde e que, apesar da primazia do setor público, as instituições privadas e sociais continuem a contribuir em complementaridade.

“Na efetivação do direito à saúde, o Estado deve atuar através de serviços próprios e por via de acordos com entidades privadas e sociais e complementar a sua atividade com o restante setor privado e social da área da saúde”, lê-se no documento que foi distribuído.

Defendem também o apoio ao envelhecimento ativo, o acompanhamento e tratamento das doenças crónica e mental, bem como o apoio à investigação e desenvolvimento científico.

Questionado sobre de que forma este sistema de saúde seria financiado, Augusto Mateus apontou que o cidadão já paga cerca de dois terços por via os impostos e o restante diretamente.

Sublinhou, por outro lado, a necessidade de orçamentos plurianuais, “que permitam que haja mais equidade, mais eficiência e menos desperdício”.

“E mais liberdade para os cidadãos no exato momento em que eles também têm de se tornar mais responsáveis pela sua própria saúde”, defendeu o antigo ministro.

Durante a apresentação, a presidente da EVITA – Associação de Apoio a Portadores de Alterações nos Genes Relacionados com Cancro Hereditário, Tamara Milagre, defendeu que as futuras alterações à lei de bases não sejam feitas sem ouvir os doentes e que o financiamento vise, em primeiro lugar, a prevenção.

O ex-ministro do Trabalho Bagão Félix, por seu lado, apontou que o excesso de ideologia é que tem tornado a saúde refém do imobilismo, defendendo que o Estado seja o garante do sistema de saúde, mas não seja o seu único fornecedor.

Gilead Sciences
O uso de nanopartículas magnéticas para diagnóstico da sida e da tuberculose é um dos projetos científicos distinguidos pelo...

Na edição de 2017, a farmacêutica subsidia dez projetos - seis científicos e quatro iniciativas comunitárias.

A entrega das bolsas, que contam com o alto patrocínio do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, será feita na hoje, em Lisboa.

A equipa de Miguel Viveiros, especialista em microbiologia do Instituto de Higiene e Medicina Tropical, propõe-se criar partículas magnéticas microscópicas (mini-ímans) que possam 'capturar' numa colheita de sangue o vírus VIH/sida e o bacilo da tuberculose.

A ideia é que este dispositivo possibilite que outros procedimentos de análise "tenham muito mais eficácia", sobretudo em países subdesenvolvidos, onde "não há um laboratório sofisticado que permita colher a amostra do doente e processá-la" com os métodos de centrifugação ou concentração, refere uma nota explicativa da farmacêutica.

Um outro projeto científico, do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto, pretende testar o papel de uma proteína de controlo da imunidade, a PSGL-1, como alvo para o tratamento de linfomas (cancros do sangue). A proteína está presente tanto nas células imunitárias como nos tumores de linfomas.

Na prática, o investigador Nuno Santos vai aferir se a desativação da proteína pode impedir a propagação do linfoma e aumentar a eficácia das células imunitárias.

Os testes serão feitos com células tumorais humanas e de ratinhos e em modelos animais 'in vivo'.

A lista de trabalhos científicos contemplados com uma bolsa Gilead Génese inclui o estudo de como "a variabilidade genética do vírus VIH-1 afeta, nas pessoas com sida, a resposta imune e a velocidade de progressão da doença", para efeitos de descoberta de novos tratamentos (Universidade do Minho).

Uma das iniciativas comunitárias distinguidas visa promover, com uma equipa móvel, "o aconselhamento e a deteção precoce" de infeções pelos vírus da sida e das hepatites B e C na região do Algarve.

Noutra zona do país, nos concelhos de Loures e Odivelas, uma outra iniciativa, a cargo da Liga Portuguesa Contra a Sida, destina-se a apoiar, em colaboração com os centros de saúde, o diagnóstico e o tratamento da infeção pelo VIH e outras infeções sexualmente transmissíveis entre pessoas com idade igual ou superior a 50 anos.

Criado em 2013, o programa de bolsas Gilead Génese visa financiar a investigação e as boas práticas de acompanhamento de doentes, nas áreas dos linfomas, VIH/sida e hepatites B e C.

Ministro da Saúde
O ministro da Saúde disse que se pretende generalizar ao maior número de unidades de saúde as práticas de uma iniciativa que...

Os resultados da iniciativa foram ontem apresentados na Fundação Gulbenkian, instituição responsável pelo desafio “STOP Infeção Hospitalar!”, e no final da cerimónia foi assinado um protocolo com o Governo, no sentido de transferir para a Direção-Geral da Saúde as práticas do trabalho, desenvolvido nos últimos três anos pela mão da Gulbenkian.

“Nunca Portugal tinha alcançado resultados tão positivos numa batalha como esta”, disse o ministro aos jornalistas. Momentos antes, na sessão de encerramento da apresentação da iniciativa, já tinha considerado como “históricos” os resultados alcançados.

As infeções hospitalares e as bactérias resistentes são “uma ameaça mundial”, disse o ministro, lembrando que Portugal tem das mais elevadas taxas de infeção hospitalar.

O Presidente da República, que encerrou a cerimónia, afirmou também ser “inequívoco que as infeções hospitalares são um grave problema de saúde pública”, que colocam em causa a qualidade da prestação de cuidados, que aumentam o tempo de internamentos e provocam mais óbitos.

O desafio “Stop Infeção Hospitalar!” foi apresentado em março de 2015 na Gulbenkian, em Lisboa, propondo-se reduzir em 50% quatro tipos de infeções hospitalares e assim poupar vidas, diminuir o número de dias de incapacidade por doença, poupar o sofrimento dos doentes e famílias e poupar os consumos, como lembrou a presidente da Gulbenkian, Isabel Mota.

Em 2014 Portugal tinha quase o dobro das infeções hospitalares que a média dos países europeus.

Passados três anos a trabalhar com 19 hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e com mais de 240 profissionais os resultados foram hoje apresentados.

As infeções associadas a cateter vesical (algália) diminuíram 51% e as associadas a cateter vascular central decresceram 56%. Depois há menos 51% de pneumonias associadas à intubação; menos 55% de infeções nas cirurgias de prótese da anca e do joelho e menos 52% de infeções associadas às cirurgias à vesícula.

Associação de Cancro Cutâneo
O presidente da Associação Portuguesa de Cancro Cutâneo, Osvaldo Correia, afirmou hoje que os solários são um “cancerígeno...

“A Organização Mundial da Saúde (OMS) já o reconheceu há oito anos como um cancerígeno completo”, porque “iniciam e promovem todos os cancros de pele”, disse Osvaldo Correia no encontro promovido pela Associação Portuguesa de Cancro Cutâneo (APCC) para apresentar as iniciativas do Dia do Euromelanoma, celebrado este ano em Portugal a 16 de maio.

O dermatologista lamentou que ainda continuem “a existir solários sem qualquer tipo de controlo” e apelou às autoridades para cumprirem a legislação, fiscalizarem estes espaços e aplicarem multas, uma vez que não podem ser encerrados, como aconteceu na Austrália.

O aumento do risco dos vários tipos de cancros da pele associados aos solários, atestado por diversos estudos internacionais, que estimam que morram 2.000 pessoas por ano na Europa devido a esta situação, “reforçam a ideia das vantagens do seu encerramento definitivo”, sustentou

“Se todos nós ficamos em polvorosa quando cai um avião com 200 pessoas, como é que ainda conseguimos aceitar que se continue a colocar, dizendo que acima de 18 anos cada um pode fazer o que quiser, mas tem que assinar consciente”, uma pessoa exposta “a um cancerígeno completo”, questionou o especialista.

Ressalvando que não quer mudar a legislação, Osvaldo Correia explicou que a associação apenas pretende que, “enquanto é legítimo e é lícito haver solários, que as pessoas estejam devidamente informadas”.

“As pessoas precisam saber o que estão a fazer porque a pele memoriza os efeitos negativos”, disse, adiantando que “o solário está para a pele como o tabaco está para o pulmão”.

“Ninguém diz que todas as pessoas que vão ao solário vão ter cancro, mas têm um risco acrescido como demonstram vários estudos”, rematou.

Presente no encontro, o subdiretor-geral da Saúde, Diogo Cruz disse que os solários estão regulamentados na legislação portuguesa e europeia, mas disse desconhecer se a fiscalização está a ser feita.

“Se há ou não fiscalização não sei dizer, mas acredito que sim”, disse Diogo Cruz, explicando que à DGS cabe ajudar na formação das pessoas que trabalham nos solários.

No encontro foi também analisada a relevância ou não do doseamento da vitamina D e a sua relação com outros cancros.

Para Osvaldo Correia, “há um exagero na valorização dos níveis de vitamina D”, afirmando que “não está demonstrado que sejam relevantes para uma quantidade de patologias que são evocadas”.

“A população está a ser enganada e está alarmada e desorientada por informações de pessoas que não têm rigor científico e é preciso ter rigor científico naquilo que afirmamos”, disse à Lusa.

“É completamente errado assumir-se que se deve apanhar sol nas horas do pico”, adiantou, defendendo que “o ideal” é fazer as caminhadas e corridas até às 10:00 e depois das 17:30. “Isso sim é salutar e é o suficiente para a vitamina D”.

E se há lógica de suplementação desta vitamina pode ser feita com gotas ou comprimidos que "são seguros e eficazes”, disse, salientando que, segundo os últimos dados internacionais, “não há nenhum cancro do corpo em que haja vantagem suplementar para a sua prevenção com vitamina D”.

A incidência desta doença tem aumentado em todo o mundo, estimando-se que em Portugal sejam diagnosticados este ano mais de 12.000 novos casos de cancros da pele e cerca de 1.000 serão melanoma, a forma mais grave.

Para tratamentos adequados
O presidente da Associação Portuguesa de Cancro Cutâneo defendeu hoje que os elevados custos do tratamento dos cancros de pele...

A Associação Portuguesa de Cancro Cutâneo (APCC) divulgou hoje um estudo que analisou os custos inerentes aos tratamentos dos cancros realizados em ambulatório e internamento nos hospitais públicos do Continente, entre 2011 e 2015, que representaram 118 milhões de euros nos “cancros de pele não melanoma” e 23,9 milhões de euros nos casos de melanoma.

Dos doentes analisados 6.567 tinham diagnóstico de melanoma e 45.479 tinham cancros de pele não melanoma (carcinomas basocelulares e carcinomas espinocelulares), refere o estudo apresentado hoje no encontro promovido pela APCC para apresentar as iniciativas do Dia do Euromelanoma, celebrado este ano em Portugal a 16 de maio.

A APCC pretendeu com este estudo “sensibilizar mais uma vez as autoridades para a necessidade de saber os números reais dos números de cancros de pele”, disse o presidente da associação, Osvaldo Correia.

“Muitos dos cancros de pele não são tratados nos hospitais públicos, mas nos hospitais públicos os custos ascenderam a 140 milhões de euros em quatro anos", disse à agência Lusa Osvaldo Correia.

Os custos mais elevados no tratamento dos cancros de pele não melanoma devem-se ao facto de serem carcinomas “muito mais frequentes do que o melanoma”, disse o dermatologista, sublinhando que existe “uma subnotificação elevada” dos carcinomas basocelulares e espinocelulares, que se estimam ser 10 a 12 vezes mais frequentes do que o melanoma.

O melanoma, apesar de “ser o mais temido, se for tratado e diagnosticado precocemente é curável. Se for diagnosticado tardiamente obriga a tratamento mais onerosos”, sublinhou.

Para o dermatologista, “a cifra de 118 milhões de euros” tem que “refletir-se na necessidade de um registo efetivo dos cancros de pele não melanoma nos registos oncológicos”.

“Se não tivermos notificação no registo oncológico de todos os cancros de pele não melanoma é impossível dotar de recursos humanos e de recursos financeiros os hospitais públicos e o custo é muitas vezes ignorado e então existe sobredotação de recursos financeiros e não existem especialistas que possam atempadamente tratar estes cancros de pele”, sublinhou.

O registo “é essencial para esta planificação”, rematou.

Presente no encontro, o subdiretor-geral da Saúde, Diogo Cruz, disse que o registo “está operacional” e a dar “os números que deveriam dar”.

“Estamos a fazer melhoramentos ao registo para ser possível dar cada vez melhores dados”, disse Diogo Cruz aos jornalistas, adiantando que o processo de criar o registo único em vez dos regionais deverá estar concluído até ao final do ano.

Associação Portuguesa de Cancro Cutâneo
Mais de uma centena de casos de cancro de pele, 19 dos quais melanoma, foram detetados em 2017 no rastreio nacional, que...

“Em 101 pessoas foi efetuado o diagnóstico clínico de cancro de pele, sendo 19 casos de melanoma e 70 de carcinoma basocelular”, disse Osvaldo Correia à agência Lusa, à margem de encontro promovido pela Associação Portuguesa de Cancro Cutâneo (APCC), em Lisboa, no âmbito do Dia do Euromelanoma, assinalado este ano em Portugal a 16 de maio.

Segundo Osvaldo Correia, está a assistir-se, desde 2010, a “um aumento progressivo do número de casos de cancro de pele”.

Das 1.548 pessoas rastreadas no dia do Euromelanoma de 2017, com uma idade média de 52 anos e 60% mulheres, 43% evidenciavam “lentigos celulares no tronco (manchas acastanhadas tipo sardas, mas mais largas) que são testemunho de antecedentes de queimadura solar”, disse o dermatologista, advertindo que estas zonas apresentam maior risco de aparecerem carcinomas basocelulares e melanoma.

Dez por cento apresentavam queratoses actínicas (precursores potenciais de um tipo de cancro de pele) e 16% tinham nevos atípicos, um sinal irregular na cor e no contorno.

Comparando com 2010, observou-se um “aumento significativo” das manchas solares, que passaram de 37% nesse ano, para 43% em 2017 e das queratoses actínicas, que subiram de 5% para 10 para dez por cento.

Nestes sete anos, verificou-se ainda um aumento do número de homens que fizeram o rastreio e de pessoas com mais de 55 anos, que totalizaram 42% em 2017, contra 23% em 2010, o que indica que as “pessoas perceberam que a população madura é que deve procurar o médico”.

Mas, ressalvou, os mais jovens também têm de estar atentos, porque estão a ser detetados cancros de peles em pessoas com 30 e 40 anos.

Houve 24% que referiram antecedentes de queimadura solar antes dos dez anos e 55% entre os dez e os 18 anos, uma situação que representa “um risco acrescido de poder ter cancro de pele no futuro”.

Da população rastreada, 39% disseram praticar desporto ao ar livre, sobretudo os homens, e 6% contaram já ter sofrido queimaduras enquanto praticavam desporto.

“É importante que as pessoas percebam que mesmo a caminhar, a correr ao ar livre, sobretudo nas horas piores, têm de proteger-se com chapéu e usar manga comprida”, salientou.

Para sensibilizar a população, a APCC criou um “Roteiro de Verão”, liderado por dermatologistas, com apoio de vários voluntários, que irão percorrer nos fins de semana de julho praias marítimas ou fluviais de todo o país, levando “mensagens concretas de proteção solar adequada” e explicando como se diagnostica precocemente os diferentes cancros da pele.

“Todos devem fazer o autoexame que tem regras próprias e saber o que valorizar”, disse Osvaldo Correia, aconselhando as pessoas a tirarem fotos aos sinais e compararem-nos: "se houver uma lesão nova ou que modificou ou é estranha recorra ao dermatologista para esclarecer se é uma lesão de risco que tem que se tirar ou não”.

No Dia do Euromelanoma mais de 45 serviços de dermatologia vão realizar rastreios gratuitos, uma iniciativa da APCC, com o apoio da Sociedade Portuguesa de Dermatologia e Venereologia e da Direção-Geral da Saúde.

A incidência desta doença tem aumentado mundialmente, estimando-se que sejam diagnosticados este ano em Portugal mais de 12.000 novos casos de cancros da pele e cerca de mil serão melanoma.

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