Especialista
A Sociedade Portuguesa para o Estudo da Obesidade defendeu hoje que só uma “ação concertada” com profissionais de várias...

“Só com uma ação concertada com vários profissionais de saúde é que vamos conseguir tratar este grave problema”, que “já é tão transversal, desde a infância, à idade adulta e aos idosos, que temos que ter medidas para atacar todas essas frentes”, disse a presidente da Sociedade Portuguesa para o Estudo da Obesidade (SPEO), Paula Freitas.

Nos últimos anos, tem vindo a aumentar a prevalência da obesidade, que atinge neste momento 22,3% da população adulta portuguesa. Há ainda 34,8% com pré-obesidade, salientou a endocrinologista, que falava a propósito do Dia Nacional e Europeu da Obesidade, que se assinala no sábado.

“Algo tem que ser feito para travar esta progressão”, defendeu, apontando algumas medidas como a comparticipação dos medicamentos para a obesidade, como acontece para outras doenças crónicas como a diabetes ou a hipertensão arterial.

“Portugal foi um dos primeiros países a considerar a obesidade como doença. No entanto, até hoje nenhum fármaco para o tratamento da obesidade foi comparticipado”, lamentou.

Tendo em conta que a obesidade é “muito mais prevalente” nas classes mais desfavorecidas, o problema agrava-se. Estas pessoas “não têm acesso aos medicamentos”, porque não os podem comprar. Mas “daqui a uns anos, o Serviço Nacional da Saúde vai pagar o tratamento das doenças e de todas as comorbilidades associadas à obesidade”, que podiam ser evitadas se a doença fosse tratada na fase inicial.

“Temos que pôr a obesidade no centro e tratá-la de uma forma agressiva a partir do centro e não andar a tratar todas as doenças que estão à volta”, disse, defendendo que é preciso dotar os cuidados de saúde primários com as ferramentas necessárias para o fazer.

Para Paula Freitas, a obesidade só consegue ser tratada com o “auxílio dos médicos de várias especialidades”, com nutricionistas, e fisiologistas. Contudo, os médicos de família “são imprescindíveis, porque são eles que têm toda a população”.

Os médicos de família devem sinalizar a pessoa, ajudá-la, orientá-la e referenciar os casos mais graves para os cuidados hospitalares. O “mais importante” é identificar o problema que está por trás da obesidade e dar a solução adequada a cada pessoa”.

“É importante travar a obesidade para que as complicações associadas não venham a surgir a longo prazo”, mas também para reduzir custos na saúde.

Esta doença está associada a custos no seu tratamento, nas consultas, mas o que “custa muito mais ao erário público” é tratar as suas complicações. “Quanto é que custa tratar o AVC, um enfarte do miocárdio, um cancro? Seguramente custa muito mais do que se se tratasse o problema muito mais cedo ou até se o preveníssemos”, frisou.

Apesar de Portugal já ter “algumas armas terapêuticas”, são precisas mais porque a obesidade é uma doença complexa e multifatorial.

Para a combater, são necessárias medidas de prevenção primária dirigidas a toda a população, educação para a saúde e medidas de prevenção secundária para os indivíduos que estão em risco, impedindo que evoluam para formas de obesidade mórbida, e para os que já têm a doença em formas mais graves proporcionar-lhes os tratamentos adequados, rematou.

Cancro de pele
O melanoma é um tumor maligno que tem origem nos melanócitos (células produtoras de melanina, o pigm

Fatores de risco para o melanoma

  1. Exposição excessiva a radiação ultravioleta (proveniente do sol, solários): é a principal causa do melanoma. Cerca de 95% dos casos de melanoma são atribuídos à exposição ultravioleta, tanto a cumulativa ao longo da vida como a intensa e intermitente. A ocorrência de 5 ou mais queimaduras solares prévias ("escaldões") entre os 15 e 20 anos aumenta o risco de melanoma em 80%.
  2. Características individuais: pele clara, com sardas; cabelo e olhos claros; pele que bronzeia pouco e queima facilmente.
  3. Presença de mais de 50 nevos ("sinais"), ou de nevos grandes ou atípicos.
  4. Imunossupressão (ex: doentes transplantados).
  5. História prévia de melanoma ou outro tipo de cancro de pele.
  6. História prévia de outros cancros (ex: cancro da mama, tiróide).
  7. Genética: algumas pessoas herdam genes que aumentam o risco de melanoma.
  8. História familiar de melanoma: 5 a 10%  dos doentes com melanoma têm familiares afetados pela doença; a existência de pelo menos um familiar afetado aumenta o risco em 2,2 vezes.

Apresentação clínica do melanoma

O melanoma surge mais frequentemente como uma lesão nova na pele (70% dos casos), embora também possa desenvolver-se a partir da transformação de um sinal pré-existente (30% dos casos).

O melanoma apresenta habitualmente crescimento muito rápido, e se não for tratado, pode espalhar-se rapidamente para outras partes do corpo, podendo provocar a morte.

O acrónimo "ABCDE" pode ser usado para lembrar as características clínicas do melanoma:

Assimetria: uma metade é diferente da outra metade

Bordo: bordo irregular

Cor: presença de múltiplas cores (diferentes tonalidades de castanho, preto e por vezes de vermelho, azul e branco).

Diâmetro: diâmetro superior a 6 mm

Evolução: alteração do tamanho, forma ou cor.

É importante salientar que nem todos os melanomas seguem as regras do ABCDE, e que existem sinais benignos que apresentam uma ou mais destas características.

Embora o melanoma seja muitas vezes assintomático, pode causar comichão ou dor.

Autoexame da pele

O autoexame da pele é uma das principais medidas que podem levar a uma deteção atempada do melanoma.

Durante a realização do autoexame, devem ser procurados os seguintes sinais de alarme:

Regra ABCDE (acima descrita)

Sinal com aparência diferente dos restantes (regra do "patinho feio")

Sinal que provoque ardor, comichão ou hemorragia

Se for encontrada na pele uma lesão suspeita, deve ser consultado de imediato o médico dermatologista.

Diagnóstico do melanoma

O diagnóstico começa pela observação clínica da totalidade da pele, complementada muitas vezes com a utilização do dermatoscópio (aparelho que fornece luz e amplia as lesões).

Perante uma lesão suspeita, o médico procede à remoção da mesma (ou parte dela), para ser analisada ao microscópio (exame histológico).

O exame histológico é indispensável para o diagnóstico definitivo de melanoma e determinação da sua gravidade (que depende da profundidade da lesão).

Tratamento do melanoma

O tratamento do melanoma depende principalmente do estadio da doença e do estado geral de saúde da pessoa. Em todos os casos, é realizada a remoção cirúrgica total da lesão com margens de segurança.

Nos melanomas que já tenham disseminado para outras partes do corpo, além da cirurgia, podem ser necessárias outras terapêuticas como a quimioterapia, imunoterapia e radioterapia.

Prevenção do melanoma

Uma vez que a radiação ultravioleta é o principal fator de risco no melanoma, a medida mais importante na sua prevenção é a proteção rigorosa da exposição excessiva (evitar as horas de maior exposição solar; utilizar chapéu, roupa protetora e protetor solar; não frequentar solários).

Prognóstico

O prognóstico do melanoma depende largamente do estadio em que é diagnosticado. Quando diagnosticado e tratado na fase inicial, está associado a uma taxa de sobrevida de 97% aos 5 anos, mas esta baixa para 10% no estadio mais avançado.

O diagnóstico precoce é fundamental e pode salvar a vida. A realização regular de autoexames à pele e avaliação periódica em consulta de Dermatologia são medidas importantes, recomendadas a todas as pessoas, que ajudam na deteção precoce do melanoma.

Foto: 
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Instituto Português do Mar e da Atmosfera
Todas as regiões do continente, Açores e Madeira apresentam hoje um risco muito elevado de exposição à radiação ultravioleta,...

Para as regiões com risco muito elevado e elevado, o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) recomenda o uso de óculos de sol com filtro ultravioleta (UV), chapéu, ‘t-shirt’, guarda-sol e protetor solar, além de desaconselhar a exposição das crianças ao sol.

Os índices UV variam entre 1 e 2, em que o UV é baixo, 3 a 5 (moderado), 6 a 7 (elevado), 8 a 10 (muito elevado) e superior a 11 (extremo).

O IPMA prevê para hoje no continente céu pouco nublado ou limpo, apresentando períodos de maior nebulosidade no litoral entre os cabos Raso e Mondego até ao início da manhã, e aumentando temporariamente de nebulosidade no interior a sul da serra da Estrela durante a tarde.

Está também previsto vento fraco a moderado do quadrante leste, soprando moderado, de nordeste nas terras altas até ao início da manhã e para o final do dia, de noroeste no litoral oeste durante a tarde, e temporariamente de sudoeste na costa sul do Algarve a partir do meio da tarde e pequena subida de temperatura, em especial da máxima e no litoral oeste.

As temperaturas mínimas vão variar entre os 07 graus Celsius (em Bragança) e os 16 (em Portalegre) e as máximas entre os 21 (na Guarda) e os 30 (em Lisboa e Santarém).

Na Madeira prevê-se céu geralmente muito nublado, com boas abertas nas vertentes sul da ilha, aguaceiros fracos, mais frequentes nas vertentes norte e nas zonas montanhosas.

A previsão aponta ainda para vento moderado a forte predominando de nordeste, por vezes com rajadas até 70 km/h no extremo leste da ilha da Madeira, soprando forte e com rajadas até 85 km/h nas zonas montanhosas.

No Funchal as temperaturas vão oscilar entre 17 e 22 graus.

Para os Açores, o IPMA prevê períodos de céu muito nublado, tornando-se pouco nublado a partir da manhã e vento fraco a moderado.

Em Santa Cruz das Flores as temperaturas vão variar entre os 16 e os 22 graus, na Horta entre os 15 e os 21, em Angra do Heroísmo entre os 13 e os 20 graus e em Ponta Delgada entre 14 e 21.

 

Estudo
A intervenção terapêutica em grupo pode trazer mudanças positivas na vida das mulheres que tiveram cancro da mama, revela um...

O estudo envolveu 205 mulheres com cancro da mama não metastático do Centro de Mama do Hospital de São João, do Hospital de Santo António, ambos no Porto, do Hospital da Luz, Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa, e do Movimento Vencer e Viver da Liga Portuguesa Contra o Cancro.

Segundo o estudo, o cancro da mama, compreendido como um acontecimento traumático, pode potenciar sintomas de Perturbação Pós-Stress Traumático.

A investigação visou “promover o melhor ajustamento psicossocial à doença, o suporte social e maior expressão emocional”, disse a investigadora Catarina Ramos, que vai receber hoje o Prémio ISPA 2018 por esta investigação, financiada pela Fundação para a Ciência e tecnologia (FCT).

O estudo envolveu dois grupos, um dos quais foi alvo de intervenção terapêutica em grupo durante oito semanas com periodicidade semanal e teve como principal objetivo a promoção do crescimento pós-traumático.

Esta intervenção promove “um ambiente seguro, confortável, e estimulante para a expressão emocional e para a partilha de experiências relativas ao processo individual de doença de cada membro do grupo”, refere o estudo.

Após a análise dos resultados, a investigadora concluiu que há mudanças positivas nas mulheres depois de terem tido cancro da mama e após esta intervenção.

“Mais do que uma superação do cancro, ocorre uma transformação psicológica e social na vida de uma sobrevivente, que pode ser potenciada por intervenções como esta”, inclusive nos hospitais, disse Catarina Ramos.

A investigadora explicou que “as mulheres que participaram na intervenção tiveram mais crescimento”, o que significa que perceberam “o lado positivo do cancro, que existe”, passando a valorizar mais cada dia.

“Ninguém está a valorizar o cancro, mas valorizam a forma de olhar a vida depois da doença. Conseguem até ver outras oportunidades, desenvolver outros projetos, dar mais valor a si próprias. Colocarem-se em primeiro lugar”, salientou.

No entanto, os resultados mostram que “a intervenção não chega e que há outros fatores que podem potenciar esse crescimento, como por exemplo o suporte social”.

Os utentes, os profissionais e os hospitais também perceberam a importância da intervenção e do crescimento pós-traumático, disse, defendendo que esta terapêutica pode ser desenvolvida nos hospitais, que ainda mantêm o foco “nos sintomas e nos aspetos negativos” da doença.

“Estas mulheres também precisam (…) de falar nesses aspetos positivos no local onde são tratadas, porque não descurando os aspetos negativos, se for encorajada esta vivência saudável da doença” os tratamentos podem tornar-se mais fáceis no dia a dia, sustentou Catarina Ramos.

Em Portugal, anualmente são detetados cerca de 6.000 novos casos de cancro da mama e 1.500 mulheres morrem com esta doença.

Em Lisboa
Centenas de especialistas vão estar reunidos em Lisboa entre hoje e sábado numa conferência que pretende “diminuir o...

A organizadora do ‘Lisbon Sleep Summit’ afirma que o sono das mulheres “é muito mal conhecido” e as implicações terapêuticas entre mulheres e homens são diferentes.

“Há muita coisa que não se sabe e muita coisa de que não se tem a certeza, no que diz respeito ao sono das mulheres em determinadas doenças e efetivamente há diferenças na forma como as doenças funcionam nos homens e nas mulheres (…) e isso implica também terapêuticas diferentes”, afirmou a neurologista e especialista em sono.

Segundo Teresa Paiva é “necessário alertar” para determinadas situações da vida da mulher de hoje que derivam num sono pior nas mulheres do que nos homens.

“O ‘summit’ vai incluir pessoas de várias formações e com essas diferenças vamos tentar lançar para a sociedade as questões que ficam abertas e que é necessário fazer. Vamos tentar transferir do conhecimento científico e do conhecimento clínico problemas para resolução social”, esclareceu a especialista.

Dia Internacional da Luz
No Dia Internacional da Luz, a Universidade de Lisboa lembra que a luz artificial não traz felicidade aos seres humanos, cujos...

A vice-reitora Isabel Rocha e o especialista em sono Miguel Meira e Cruz, da faculdade de Medicina, assinalam o dia na Incubadora da Universidade, marcando a luz como combustível biológico e também elemento do mundo do espetáculo e artes, para o que conta também com o apoio da Associação Portuguesa de Festivais de Música.

Os seres humanos são animais diurnos para os quais a luz é fundamental, afirmou Miguel Meira e Cruz, que é especialista em Cronobiologia e Medicina do Sono.

Nisto, os seres humanos podem aprender com outros modelos animais, como o da 'Gonyaulax', um protozoário unicelular para quem a luz serve para controlar a aquisição de nutrientes e a "estabilidade social" que precisa para a sua sobrevivência.

Num corpo humano, as células, tecidos e órgãos também são influenciados pela luz natural, por exemplo, com as células fotossensíveis na retina, que regulam o tempo interno de cada pessoa.

É a luz do sol que estimula estas células e desencadeia ao longo de cada dia os mecanismos que levam ao sono, vigília e repouso e influencia a frequência cardíaca, pressão arterial, produção de urina e temperatura do corpo.

Com a falta de luz natural há "um índice maior de infelicidade" e "alterações relacionadas com a ansiedade e depressão".

A criatividade e a memória também são sensíveis à luz, afirma Miguel Meira e Cruz num comunicado a propósito do dia Internacional da Luz, notando que se sofre "cada vez mais com o encarceramento em locais fechados com acesso condicionado a claridade original", dos escritórios aos centros comerciais e até a casa de cada um.

Isso faz aumentar a prevalência "de doenças e de incapacidade", porque a falta de luz do Sol influencia "o sistema imunitário e a função cardiometabólica".

"A criatividade, memória e predisposição para dinamizar são também capacidades afetadas pela falta ou ausência de luz", indica o especialista.

16 de maio - Dia do Euromelanoma
Mais de 45 serviços de dermatologia espalhados por todo o país realizam hoje consultas e rastreios de cancro de pele gratuitos,...

“Neste dia, em 46 serviços de dermatologia dispersos por todo o país irão ser disponibilizadas cerca de 2.000 consultas” e a possibilidade de fazer “rastreio de cancros da pele”, segundo a Associação Portuguesa de Cancro Cutâneo (APCC), promotora da iniciativa, que conta com o apoio da Sociedade Portuguesa de Dermatologia e Venereologia e da Direção-Geral da Saúde.

Esta iniciativa é particularmente dirigida a pessoas com risco acrescido, sobretudo as de pele clara ou propensa a queimaduras, adultos que sofreram “escaldões” na infância ou adolescência, pessoas que passam demasiados tempo ao sol, que frequentam solários, que têm mais de 50 sinais na pele ou que com antecedentes pessoais ou familiares de cancro da pele e transplantados de órgãos

Em declarações, o presidente da APCC, Osvaldo Correia, salientou a importância de todas as pessoas fazerem o autoexame, aconselhando os portugueses a consultarem o ‘site’ da associação, onde podem aprender a fazer o rastreio de cancro de pele e “saber o que valorizar”

“Todos temos sinais e à medida que passa o tempo temos mais”, sendo parte deles “herdados geneticamente”, disse o dermatologista, explicando que se deve estar principalmente atento aos sinais que surgiram na sequência de exposições prolongadas ao sol, de férias tropicais e queimaduras solares.

Osvaldo Correia adiantou que os adultos, e particularmente os homens, devem estar atentos às costas. “Peçam para fazer fotografias. Hoje o telemóvel deve ser uma ferramenta de vigilância de autoexame da família, fazendo imagens do tronco, à frente, a trás, dos lados e comparem de dois em dois meses”.

"Se houver uma lesão nova, que modificou ou é estranha (…) recorra ao dermatologista para esclarecer se é uma lesão de risco que tem que se tirar ou se é uma lesão emergente que não é preciso retirar”, aconselhou Osvaldo Correia.

Neste dia de alerta e luta contra os cancros da pele, estão assegurados rastreios em 46 serviços de dermatologia, que podem ser consultados em www.apcancrocutaneo.pt.

O rastreio realizado em 2017 detetou 101 casos de cancro de pele, sendo 19 casos de melanoma e 70 de carcinoma basocelular

Das 1.548 pessoas rastreadas no dia do Euromelanoma de 2017, com uma idade média de 52 anos e 60% mulheres, 43% evidenciavam lentigos celulares no tronco (manchas acastanhadas tipo sardas, mas mais largas), 10% queratoses actínicas (precursores potenciais de um tipo de cancro de pele) e 16% tinham nevos atípicos, um sinal irregular na cor e no contorno.

A incidência de cancros de pele tem aumentado mundialmente, estimando-se que sejam diagnosticados este ano em Portugal mais de 12.000 novos casos de cancros da pele e cerca de mil serão melanoma.

DGS
A vacinação no Serviço Nacional de Saúde resultou na maior taxa de cobertura vacinal contra a gripe em pessoas com 65 ou mais...

A diretora-geral da Saúde fazia um balanço do módulo de inverno do plano de contingência, durante a apresentação do módulo de verão, indicando que foram administradas no Serviço Nacional de Saúde (SNS) mais de 1,2 milhões de vacinas contra a gripe.

“Tivemos, de facto, o maior número de vacinas contra a gripe no SNS, mais de 1 milhão e 200 mil, mais 354 mil vacinas do que na época 2015/2016. Este número de vacinas resultou na maior cobertura vacinal de sempre contra a gripe em pessoas com 65 ou mais anos de idade”, afirmou a responsável.

De acordo com Graça Freitas o SNS “teve muitas vacinas” e a população aderiu à vacinação, explicando ainda que a atividade gripal foi “mais tardia do que na época anterior”, mas com uma maior duração, o que se refletiu nos números registados nas urgências.

“Nunca se tinham feito em Portugal tantas urgências como nesta última época gripal, mais de três milhões de episódios de urgência hospitalar. O número [de doentes] que a partir da urgência foi internado não foi muito diferente. Tivemos mais pessoas a procurar a urgência, mas isso não se repercutiu em gravidade destes casos”, disse.

A responsável fez o lançamento do módulo de verão, destacando a “estabilidade na mortalidade”, durante o módulo de inverno, com a época gripal a terminar “praticamente com o mesmo número de mortos” do que a anterior.

“Fizemos o que podíamos, adaptámos os nossos cuidados e a nossa oferta à procura e monitorizámos muito bem, entre todos, a situação. Nunca tivemos tão boa informação como no ano passado e é assim que entramos no verão. Estamos em módulo verão, temos três grandes eixos, o primeiro volta a ser a informação, depois as medidas de prevenção e controlo e a comunicação”, afirmou.

De acordo com Graça Freitas a aplicação dos planos de contingência é feita localmente, através do trabalho com vários parceiros, mantendo sempre o contacto com a população.

“O plano de contingência não é uma coisa de nível nacional, a não ser nas grandes ideias e grandes estratégias, é gerido localmente nos centros de saúde, nos hospitais, nas misericórdias, na segurança social, nos bombeiros, na Autoridade Nacional de Proteção Civil”, esclareceu.

Polícia Judiciária
O diretor da Unidade Nacional Contra o Terrorismo da Polícia Judiciária realçou ontem a importância da prevenção e da sociedade...

Luís Neves, ontem indicado pelo Ministério da Justiça para futuro diretor nacional da Polícia Judiciária (PJ), falava sobre "Perspetiva relativa à Investigação Criminal", no Seminário "Tráfico de Órgãos Humanos", painel que teve a presença da Procuradora-Geral da República, Joana Marques Vidal, do antigo ministro da Justiça Laborinho Lúcio, do juiz conselheiro Lopes da Mota e da formadora do Centro de Estudos Judiciários (CEJ) Patríca Naré Agostinho.

O diretor da Unidade Nacional Contra o Terrorismo (UNCT), unidade que tem ainda competência para investigar os crimes de tráfico de pessoas e tráfico de armas, entre outros ilícitos graves, referiu os bons resultados alcançados recentemente na Europa no desmantelamento de redes de tráfico de órgãos humanos, com detenções e apreensão de património no valor de centenas de milhares de euros.

Luís Neves sublinhou que as participações deste tipo de crime podem chegar às autoridades através de denúncias anónimas ou através das redes sociais, como também por via dos familiares das vítimas, de entidades da saúde, organizações não-governamentais (ONG) e Instituto Nacional de Medicina Legal.

A cooperação judiciária, envolvendo Europol, Interpol, Eurojust, SIRENE, oficiais de ligação no estrangeiro e acordos bilaterais e multilaterais, foram alguns aspetos salientados pelo diretor da UNCT, a par da importância da troca e partilha de informação entre PJ, PSP, GNR, serviços de informação e Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF).

O responsável da PJ indicou que o tráfico de órgãos humanos implica muitas vezes a prática de outros crimes como branqueamento de capitais, profanação de cadáver, tráfico de pessoas e ofensa à integridade física grave.

As principais dificuldades na investigação do tráfico de órgãos humanos, admitiu, residem no "pacto de silêncio entre os envolvidos", inclusivamente das pessoas do círculo próximo do dador, na capacidade financeira do beneficiário, na deslocalização territorial do atos praticados e na diferença substantiva entre jurisdições de diferentes países.

A este propósito, reconheceu que o combate é mais fácil e eficaz dentro do espaço europeu, onde as cartas rogatórias são cumpridas com maior prontidão.

Como meios de obtenção de prova na investigação desta atividade criminosa, apontou as escutas telefónicas, a recolha de voz e imagem, a gestão dos informadores, a utilização de agentes encobertos, a vigilância eletrónica, o regime especial de quebra de sigilo profissional, a especialização de meios humanos e técnicos e a proteção de testemunhas.

As comunidades migrantes e/ou minorias e as pessoas vulneráveis, mormente com dificuldades financeiras, foram apresentadas como sendo os alvos preferenciais deste tipo de tráfico ilegal altamente lucrativo, em que o órgão mais procurado é o rim.

O tráfico de seres humanos, muitas vezes para recolha de órgãos para transplantação, é a segunda prática criminosa mais lucrativa, a seguir ao tráfico de armas, segundo a ONU.

Os números foram ontem apresentados durante o seminário, que decorreu na Assembleia da República e que reuniu especialistas da área da saúde e da justiça.

A perita do Instituto Português do Sangue Ana Pires da Silva utilizou a expressão “turismo de transplantação” para ilustrar o caso dos doentes, ricos, que vão a outro país, por exemplo Paquistão, China ou Índia, comprar um órgão para que este lhe seja transplantado, abusando e vitimizando pessoas desfavorecidas, sem estudos e que vivem no limiar da pobreza.

Segundo Organização Mundial de Saúde, a Índia, Paquistão e China são os países onde há mais turismo de transplantação, locais onde pessoas desesperadas não se importam de mutilar o seu corpo e vender um órgão a troco de dinheiro.

Apesar de se desconhecerem casos na Europa de pessoas que vendem órgãos, os países europeus não estão imunes ao facto de cidadãos irem ao oriente fazer um transplante ilegal e muitas vezes perigoso.

O crime de tráfico de órgãos humanos está, segundo organizações internacionais, entre os 10 crimes mais cometidos no mundo em 2015.

“Entre 5% e 10% dos transplantes renais, por exemplo, são realizados através do comércio de órgãos. O preço varia entre os 62 mil euros e os 140 mil euros”, disse Ana Pires da Silva, ressalvando que “o tráfico de órgãos é um capítulo negro da história da transplantação”.

A Organização Mundial de Saúde estima que haja 10.000 casos de retirada ilícita de órgãos humanos de pessoas vivas ou mortas para transplantes ou outros fins.

Portugal assinou, a 25 de março, a convenção sobre tráfico de órgãos para transplante, mas ainda não a ratificou.

Na Guarda
A companhia Dançando com a Diferença inicia na sexta-feira, na Guarda, uma digressão nacional com a coreografia “Doesdicon”, de...

Nesta digressão, a companhia dirigida por Henrique Amoedo, depois de subir ao palco do Teatro Municipal da Guarda, na sexta-feira, atua no Centro de Artes de Ovar, no distrito de Aveiro, no dia 25 de maio, e no Teatro Cine de Torres Vedras, a 50 quilómetros de Lisboa, no dia seguinte.

“Doesdicon” é a primeira criação de Tânia Carvalho para uma companhia de dança inclusiva. Depois da estreia em Viseu, foi apresentada no Mudas - Museu da Arte Contemporânea da Madeira, na Calheta, e no Teatro Maria Matos, em Lisboa.

Segundo Tânia Carvalho, citada pela companhia, “Doesdicon” é “uma composição para desenho de movimentos fixos, não rígidos": "Trabalho dos contrastes rítmicos do corpo em deslocação ou não. Onde os movimentos fixos são depois libertados. Não contra estes mesmos movimentos. Não para os apagar, mas para os estender”.

A companhia Dançando com a Diferença tem como objetivo a promoção e utilização das diferentes linguagens artísticas como elemento de inclusão social de pessoas com deficiência, desenvolvendo atividades que podem estar inseridas nos âmbitos artísticos, educacionais, terapêuticos ou de apoio a processos terapêuticos.

Os estudantes e artistas/bailarinos, ao longo do processo formativo, têm apoio terapêutico, educacional e estético artístico, visando incentivar o potencial criativo e o desenvolvimento profissional de grupos inclusivos.

A companhia estabeleceu diferentes parcerias europeias, nomeadamente com o Grundtvig Lifelong Learning Program.

A coreógrafa Tânia Carvalho soma 20 anos de carreira, que assinalou com uma retrospetiva da sua obra, entre janeiro e março, nos teatros Maria Matos, São Luiz e Camões, em Lisboa.

Nascida em Viana do Castelo, em 1976, Tânia Carvalho iniciou os estudos de dança na cidade natal. Na década de noventa, prosseguiu estudos artísticos na Escola Superior de Arte e Design das Caldas da Rainha, na Escola Superior de Dança de Lisboa e no Fórum Dança.

As suas primeiras criações nos domínios da coreografia foram "A Corte" e "Inicialmente Previsto", ambas apresentadas no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, esta última distinguida com o Prémio Jovens Criadores 2000, tendo sido apresentada em Sarajevo em julho do ano seguinte.

É autora de várias bandas sonoras das suas próprias coreografias, como por exemplo a de "Como Se Pudesse Ficar Ali Para Sempre" (2005), e também a de "Síncopa" (2013). Outras peças atravessam outras artes, como a pintura, em "Xilografia" (2016), pelo expressionismo e pela memória do cinema em "27 Ossos".

Em 2011, "Icosahedron" venceu o prémio de melhor coreografia da Sociedade Portuguesa de Autores.

Sarampo
A movimentação de pessoas durante os meses de verão torna “provável que Portugal importe sarampo” durante esse período, afirmou...

Numa sessão de apresentação do plano de contingência para o verão, Graça Freitas afirmou a preocupação da Direção-Geral da Saúde (DGS) com a hipótese de haver “importação de sarampo”.

“Podemos voltar a ter sarampo pois muito mais gente se vai estar a mexer de um lado para o outro, é provável que importemos sarampo”, afirmou a diretora-geral.

De acordo com a responsável, para além da população sazonal, as temperaturas e os comportamentos de risco são as três coisas mais importantes para o verão.

Segundo Graça Freitas estes três fatores são responsáveis por “doenças agudas, acidentes e doenças crónicas”, que influenciam os cuidados de saúde.

O plano de contingência saúde sazonal, módulo verão, entrou em vigor no dia 01 de maio e terminará a 30 de setembro, sendo possível a sua ativação em outros períodos "em função das condições meteorológicas”.

Eutanásia
A Associação dos Médicos Católicos Portugueses (AMCP) reiterou hoje a oposição à legalização da eutanásia, considerando que ...

Em comunicado divulgado após uma reunião com o bastonário da Ordem dos Médicos (OM), a AMCP diz ter transmitido a Miguel Guimarães “preocupação” por esta lei colocar “doentes com doenças graves e incuráveis numa situação de enorme coação para pedirem a eutanásia”.

“Seguramente, muitos doentes, de modo particular os mais pobres e frágeis, sentir-se-iam socialmente pressionados a requerer a eutanásia, porque se sentem a mais ou um fardo para a família e para a sociedade. Há um enorme risco de se criar um efeito de desmoralização nestes doentes, levando-os a desistir de viver”, lê-se no comunicado.

A associação afirma recear também que, com a legalização da eutanásia, se “desincentive o investimento nos serviços de saúde para a assistência aos doentes graves e terminais” e se “assista ao fenómeno de rampa deslizante”.

“A experiência dos Estados que legalizaram a eutanásia revela que não é possível restringir essa legalização a situações raras e excecionais; o seu campo de aplicação passa gradualmente da doença terminal à doença crónica e à deficiência, da doença física incurável à doença psíquica dificilmente curável, da eutanásia consentida pela própria vítima à eutanásia consentida por familiares de recém-nascidos, crianças e adultos com deficiência ou com alterações profundas do estado de consciência”, referiu o presidente da associação e médico psiquiatra, Pedro Afonso.

A AMCP reiterou que a “prática médica é inconciliável com a prática da eutanásia” e, no comunicado, afirma ainda esperar que “a legalização da eutanásia seja rejeitada no próximo dia 29 de maio na Assembleia da República”.

 

 

 

Entrevista
É uma doença rara metabólica que atinge sobretudo o sexo masculino e que se caracteriza por uma defi

Em que consiste a Síndrome de Hunter e qual a sua incidência?

A Síndrome de Hunter é uma mucopolissacaridose (MPS tipo II), uma doença rara, genética que se caracteriza pela deficiência da idorunase-2-sulfatase (I2S), uma das enzimas necessárias à degradação de substâncias chamadas de glicosaminoglicanos (GAG). Na ausência de doença, estas enzimas degradam estas macromoléculas em componentes mais pequenos permitindo a sua assimilação pelo organismo. No entanto, quando o funcionamento destas enzimas se encontra comprometido, os GAG acumulam-se nos lisossomas das células, conduzindo às manifestações da doença.

A MPS II foi descrita pela primeira vez pelo médico canadiano Dr. Charles Hunter em 1917. É uma doença genética ligada ao cromossoma X, atingindo por isso, sobretudo, os homens e muito raramente as mulheres.

É uma doença de depósito lisossomal muito rara, sendo a sua incidência estimada em 1 para cada 162 mil nados vivos. Em Portugal, não dispomos de dados atualizados mas desde a década de 80 foram diagnosticados menos de 100 doentes com MPS.

Quais as principais manifestações clínicas da doença?

A Síndrome de Hunter é uma doença progressiva e multissistémica. Nem todas as pessoas com esta síndrome são afetadas da mesma forma, sendo as manifestações clínicas diversas: alterações faciais, cabeça com volume maior do que o habitual, abdómen aumentado, aumento do fígado e do baço, alterações da audição, comprometimento das válvulas cardíacas e da função cardíaca, obstrução das vias respiratórias, apneia do sono, hérnias, alterações da mobilidade por alterações articulares, alterações ósseas múltiplas e baixa estatura.

Na maioria dos casos (> 60%) há comprometimento do Sistema Nervoso Central (SNC), podendo a doença cursar com epilepsia, défice de atenção, alterações de comportamento, alterações do sono, atraso cognitivo, entre outros).

Conforme a existência ou não de atingimento do SNC, foram definidas duas formas de expressão da doença: uma forma atenuada (sem envolvimento do Sistema Nervoso Central) e uma forma grave, com envolvimento do Sistema Nervoso Central.

A partir de que idade pode ser diagnosticada?

Sendo uma doença genética, o seu diagnóstico pode ser realizado ainda in utero, através de biopsia das vilosidades coriónicas. O aconselhamento genético das famílias com diagnósticos de Síndrome de Hunter ou qualquer outra das MPS é imperativo.

As crianças com MPS II habitualmente não apresentam sinais ou sintomas de doença aquando do nascimento. Os primeiros sintomas mesmo na forma mais grave são habitualmente somáticos e surgem em média aos 1,5 anos de vida e são, habitualmente, inespecíficos (ex. otites de repetição, hérnias abdominais). Este facto, associado à raridade da doença, faz com que o diagnóstico não seja imediato. Estima-se que o tempo até ao diagnóstico a partir do aparecimento dos primeiros sinais e sintomas é de 7 anos.

Como é feito o seu diagnóstico?

A suspeita clínica é a melhor forma de iniciar o diagnóstico de todas as doenças. Após a integração de todos os sinais e sintomas, o teste de diagnóstico standard é a determinação da atividade enzimática da I2S.

Em Portugal, quando um médico suspeita desta Síndrome tem, atualmente, disponível uma fácil e acessível ferramenta de diagnóstico. Inserido no projeto FIND, que resulta de uma parceria entre a secção de Doenças Hereditárias do Metabolismo da Sociedade Portuguesa de Pediatria e o Instituto Ricardo Jorge, o diagnóstico pode ser efetuado através de determinação enzimática em sangue colhido em cartão (como no conhecido teste do pezinho). O kit de diagnóstico é gratuito e poderá ser solicitado pelo médico através do correio electrónico: [email protected].

Os resultados devem posteriormente ser confirmados por teste genético. 

Tratando-se de uma doença progressiva, qual o seu prognóstico? E de que modo esta síndrome condiciona a vida do doente?

A acumulação dos GAG de forma multissistémica condiciona alterações virtualmente em todos os órgãos e sistemas, sendo os sintomas muito variados. Na forma mais grave apresenta um enorme impacto na redução da qualidade e esperança de vida (sobrevida média de aproximadamente 15 anos).

Quando não diagnosticada e instituídas medidas terapêuticas de forma atempada, a Síndrome de Hunter torna-se progressiva e muito incapacitante. Para além das alterações físicas, as alterações de concentração e aprendizagem, bem como alterações psicológicas têm de ser monitorizadas de perto. É mandatório, em particular em doentes com formas graves, que sejam integrados em ambiente com estímulos enriquecedores desde idades precoces, por forma a atrasar a deterioração cognitiva.

Qual a esperança média de vida dos doentes?

A esperança média de vida nas formas mais graves é de 10 a 20 anos. Nas formas atenuadas também se encontra reduzida, mas habitualmente os doentes atingem a idade adulta e sem alterações cognitivas As doenças cardíacas e a obstrução das vias aéreas são as principias causas de mortalidade em ambas as formas. 

Em que consiste o seu tratamento?

Como ainda não há cura para a síndrome de Hunter, o tratamento centra-se na gestão de sinais, sintomas e possíveis complicações, de forma a proporcionar alívio sintomático e melhoria da qualidade de vida à medida que a doença progride.

Os tratamentos dirigidos, atualmente disponíveis, a terapêutica enzimática de substituição (TES) e o transplante de células hematopoiéticas têm demonstrado bons resultados retardando a progressão da doença e diminuindo a gravidade da sua expressão. No entanto, a TES não tem resultados nos sintomas neurológicos/cognitivos e o transplante tem um efeito muito limitado.

A eficácia destes tratamentos depende muito da precocidade do diagnóstico, que é bastante difícil. O atraso no diagnóstico impede uma intervenção atempada, que poderia evitar a rápida progressão da doença e prevenir a ocorrência de danos irreversíveis.

Qual a importância do diagnóstico pré-natal? A análise do gene I2S está incluída nos rastreios convencionais?

A análise do gene I2S não está incluída nos rastreios convencionais portugueses. Mas, sendo uma doença genética, o seu diagnóstico pode ser realizado ainda in utero, através de biopsia das vilosidades coriónicas ou logo à nascença de forma semelhante às doenças testadas no teste do pezinho.

Independentemente da altura em que se estabelece diagnóstico, o aconselhamento genético das famílias com diagnósticos de Síndrome de Hunter ou qualquer outra das MPS é sempre imprescindível.

Um diagnóstico atempado é sempre importante porque permite a rápida instituição da terapêutica.

Que apoios têm estes doentes e suas famílias, no nosso país?

A realidade das Doenças Raras no nosso país tem vindo a evoluir de uma forma significativa nos últimos anos. O Programa Nacional de Doenças Raras, a constituição de Centros de Referência de Doenças Hereditárias do Metabolismo e Doenças Lisossomais de Sobrecarga e da Comissão Coordenadora do Tratamento das Doenças Lisossomais de Sobrecarga, trouxeram maior apoio clínico, científico e terapêutico a estes doentes de norte a sul do país.

As Associações de doentes nacionais, como por exemplo a Associação Portuguesa das Doenças do Lisossoma e a Raríssimas, e redes internacionais como a de MPS, têm-se diferenciado e apostado no apoio personalizado às diferentes vertentes das necessidades dos seus associados, bem como à educação para a saúde e a promoção da literacia em saúde.

Mas apesar de todas estas alterações que se assumem como positivas, muito caminho há ainda a percorrer, para suprir as necessidades destes doentes e famílias.

Alguns projetos começam a surgir, como por exemplo a Casa dos Marcos, pensada para ser um centro de recursos capaz de dar uma resposta integrada aos doentes com Doença Rara. A Rede Nacional de Cuidados Continuados e Integrados (RNCCI) já contempla 10 camas em Unidade de Longa Duração e Manutenção (ULDM) para estes doentes.

Para terminar, qual o impacto socioeconómico desta síndrome?

As doenças raras não afetam apenas os doentes, mas também têm um grande impacto nas famílias, amigos, cuidadores e na sociedade em geral.

Em Portugal, a verdadeira dimensão do problema não é conhecida, dada a inexistência de um registo único adequado a estas doenças, bem como o reduzido número e a extensão dos estudos epidemiológicos realizados até à data.

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As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Está proibida a utilização deste material
A inspeção do Ambiente e a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) receberam 41 denúncias relacionadas com suspeita ou existência...

Do total de denúncias no ano passado, 14 foram encaminhadas para a Agência Portuguesa do Ambiente, nomeadamente "sobre a existência de edifícios abandonados dispondo de coberturas em fibrocimento com risco para a saúde pública", aponta o Ministério do Ambiente, em resposta a questões da agência Lusa.

As preocupações chegadas à APA também se referem à identificação de situações irregulares de obras de remoção de materiais com amianto, bem como o abandono de resíduos de construção e demolição (RCD) com a substância na via pública.

Estas denúncias, salienta o Ministério, foram "encaminhadas para a ACT [Autoridade para as Condições de Trabalho] e DGS [Direção-Geral de Saúde], nas respetivas esferas de intervenção".

Quanto às reclamações ou denúncias recebidas na Inspeção Geral da Agricultura, Mar, Ambiente e Ordenamento do Território (IGAMAOT) relacionadas com materiais ou resíduos com amianto, totalizaram 27 casos, de acordo com os dados do Governo.

O Ministério explica que "as denúncias analisadas foram maioritariamente comunicadas às CCDR [comissões de coordenação e desenvolvimento regional], quando estavam em causa" práticas indevidas de gestão de RCD com amianto relacionadas com operadores de gestão de resíduos, ou para as câmaras municipais nas situações de resíduos com aquele material em obras particulares.

O amianto é uma fibra mineral natural, abundante na natureza, com propriedades físicas e químicas como resistência mecânica às altas temperaturas, durabilidade, facilidade de ser trabalhada como um tecido, e com baixo custo, por isso, foi muito utilizada na construção até aos anos 90.

A partir de 1999, uma diretiva comunitária veio determinar a proibição da utilização deste material, tendo sido transposta para a legislação nacional em 2005.

Dados do Ministério do Ambiente
A quantidade de resíduos de construção e demolição com amianto aumentou 20% em 2017 e atingiu 17,8 mil toneladas, a maior parte...

"Regista-se um acréscimo (20%) nas quantidades de RCD [resíduos de construção e demolição] com amianto geradas (17.774,33 toneladas) comparativamente com 2016", avança o Ministério liderado por João Matos Fernandes, em resposta a questões da agência Lusa.

No ano passado, as ações relacionadas com a gestão deste tipo de resíduos, com amianto, envolveram 30 operadores de gestão de resíduos e 36 das suas instalações.

Segundo dados do Ministério do Ambiente, que coordena as medidas de identificação e remoção deste material em edifícios públicos, "74% dos RCD com amianto foram encaminhados para aterro, [em 2017], representando um acréscimo de 10% face ao ano anterior".

Ainda não está a ser organizada a avaliação da presença de amianto em edifícios privados, mas também de habitação, caso em que a responsabilidade pela identificação é dos proprietários.

A maior parte dos resíduos com amianto, uma substância cancerígena usada em edifícios e já proibida, gerados no ano passado têm origem no setor da construção, refere o Ministério, sem especificar o tipo de imóveis públicos objeto de intervenções.

Acerca do papel das autarquias na tarefa de acompanhar a retirada do amianto dos edifícios, especifica que "um número reduzido de municípios" assegurou a gestão de resíduos com a substância.

Nas intervenções envolvendo os municípios, foram encaminhadas para operadores de gestão de resíduos 112,3 toneladas, ou seja, não ultrapassaram 0,4% do quantitativo global de RCD com amianto sujeitos a eliminação.

Os resíduos com amianto, obtidos principalmente nas obras de retirada dos edifícios públicos, ficam em Portugal.

Ao contrário, entraram em Portugal 512,6 toneladas de resíduos com amianto, "encaminhadas na sua globalidade, para eliminação em aterro de resíduos perigosos", segundo o Ministério do Ambiente.

Os partidos parlamentares, principalmente o Partido Ecologista os Verdes, e as associações ambientalistas, nomeadamente a Quercus, têm insistido na necessidade de identificar os edifícios públicos com amianto com vista à retirada nos casos em que há degradação, e perigo da substância ser libertada para o ar.

Também várias associações de pais têm alertado para a presença, ou possibilidade de presença, de amianto em escolas e em várias já foram realizadas obras.

No Orçamento do Estado para 2018, é apontada a continuação do programa de remoção de amianto nos edifícios onde são prestados serviços públicos, sendo salientado que o OE "permite que cada área governativa tenha o reforço orçamental necessário para assegurar os investimentos nos casos em que o amianto apresenta um risco sério para a saúde pública".

O Banco Europeu de Investimentos e o Banco de Desenvolvimento do Conselho da Europa são possibilidades de financiamento para os 420 milhões de euros necessários para retirar o amianto daqueles edifícios.

Estudo
Poucos cidadãos europeus recorrem a cuidados de saúde noutros países e a ideia de um mercado europeu está longe da realidade,...

O estudo português, publicado no European Journal of Public Health no final de abril, mostra que a diretiva que possibilita o recurso a cuidados de saúde em qualquer país da União Europeia, em vigor desde 2013, não veio promover substancialmente a mobilidade e não beneficiou os cidadãos mais necessitados.

De acordo com os resultados, baseados numa amostra de mais de 53 mil entrevistas do Eurobarómetro de 2007 e 2014, a mobilidade de doentes entre países passou de 3,3% em 2007 para 4,6% em 2014.

Conclui-se que, de todos os inquiridos, apenas 4% receberam cuidados de saúde no estrangeiro, o que demonstra a “pequena influência” da diretiva.

A análise conclui que a diretiva “parece não ter promovido a mobilidade de utentes a grande escala como era esperado” e que a União Europeia “está longe de um mercado de saúde comum”.

Os autores identificam algumas barreiras ou restrições a uma maior mobilidade de doentes, como a necessidade de autorizações prévias a internamentos e a tratamentos especializados mais onerosos noutros países.

A diretiva exige ainda que os tratamentos sejam primeiro pagos pelo utente, que só será reembolsado pelo seu Estado após a prestação de cuidados.

“Isto exige alguma folga financeira que nem todos conseguem suportar”, salienta o investigador André Peralta-Santos, da Escola Nacional de Saúde Pública.

Em Portugal, a procura de cuidados de saúde transfronteiriços continua baixa. Num relatório da Entidade Reguladora da Saúde do ano passado, só tinham sido identificados sete pedidos de reembolso ou autorização prévia. Já Portugal tratou mais de 200 cidadãos europeus ao abrigo da diretiva.

Segundo o estudo da Escola Nacional de Saúde Pública, os cidadãos europeus “mais predispostos” a receber cuidados de saúde fora do seu país são jovens, do género masculino, com maior escolaridade e de países de menor dimensão.

Nova geração de equipamentos
O Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) possui, desde fevereiro, o primeiro equipamento de Tomografia...

"Trata-se de uma geração disruptiva de equipamentos de Tomografia Computorizada, cujo último modelo foi lançada no Congresso da Radiological Society of North America, em dezembro de 2017", explica um comunicado enviado hoje à agência Lusa.

Esta nova geração de equipamentos "está altamente focada na experiência do paciente, através do conceito 'mobile workflow', que permite aos profissionais de saúde programar todo o exame ao lado do paciente, maximizando assim a atenção no seu acompanhamento".

Segundo o comunicado, outra das inovações do equipamento passa pela utilização da tecnologia 'Recon&GO', que "automatiza toda a rotina de pós-processamento de imagens, aumentando assim a produtividade, disponibilizando de imediato imagens 2D e 3D para o diagnóstico médico".

"Está também equipado com tecnologias inovadoras, de que é exemplo o 'Tin Filter', destinado a reduzir consideravelmente a dose de radiação-X, por exemplo nos exames de tórax, aumentando a segurança dos pacientes e criando melhores condições para a detecção precoce do cancro do pulmão, com doses até 10 vezes mais baixas", segundo os primeiros resultados obtidos com este equipamento no CHUC.

De acordo com a unidade hospitalar, o equipamento de Tomografia Computorizada "traz ainda vantagens adicionais em relação às versões anteriores desta plataforma, em particular capacidades acrescidas para o diagnóstico avançado nas áreas cardiovascular e de trauma, com um conjunto de aplicações de ‘software’ inovadoras".

"Em síntese, o novo equipamento significa mais qualidade, maior segurança e mais humanização nos cuidados de saúde prestados nestas áreas", sublinha o CHUC, que destaca a aposta na inovação no Serviço de Imagem Médica.

 

17 de maio - Dia Mundial da Hipertensão
A hipertensão arterial (HTA) é responsável por 1 em cada 5 mortes entre as mulheres, sendo mais pesada a carga da doença no...

Até porque, refere o especialista a propósito do Dia Mundial da Hipertensão, que se assinala a 17 de maio, “a HTA é um companheiro para vida, numa relação intempestiva, trespassada por afeções diversas, mas sempre presente, sempre atenta, tanto na prevenção como no tratamento”.

É o coordenador do NERPC que cita os dados do Global Burden of Disease, que dava conta que, em Portugal, “cerca de 41% do total de anos de vida saudável perdidos por morte prematura poderiam ter sido evitados se fossem suprimidos os principais fatores de risco modificáveis”. E no segundo lugar da lista, logo seguido dos hábitos alimentares inadequados (16%), está a hipertensão arterial (13%). A estes dados juntam-se outros: “em 2015, as doenças cardiovasculares e vasculares cerebrais foram responsáveis por quase 30% das mortes ocorridas em Portugal, com um acréscimo de 0,5% relativamente a 2014, que nos deve obrigar a meditar”.

Ainda assim, Pedro Marques da Silva defende que, “mais ponderadas, as mulheres estão mais conscientes de que têm HTA, ao contrário dos homens, o que, juntamente com a sua singular relação com instituições de saúde desde a saúde materno-infantil, explica, possivelmente, o melhor controlo tensional nas mulheres”.

Apesar de tudo isto, “a taxa bruta de mortalidade foi de 313,2 por 100 mil habitantes, mais elevada para as mulheres (330,6) do que para os homens (293,9). E ainda dizem que as mulheres não morrem de doenças cardiovasculares!…”

Consciente de que “a presença e a combinação de diversos fatores de risco favorecem o advento, o estabelecimento e a progressão da HTA, com afetação do coração, artérias, cérebro e rins e o consequente aumento do risco cardiovascular”, o especialista considera “crucial uma abordagem multifacetada e multifatorial da HTA nas mulheres (mas também nos homens!), evitando e controlando o peso, favorecendo uma dieta variada, equilibrada e nutricionalmente adequada (com um aporte adequado de ácido fólico), restringindo o sal, alguns tipos – mais nefastos – de gorduras e o excesso de açúcares de absorção rápida, promovendo o exercício físico regular e a limitação de álcool e restringindo – em tantos casos! – os analgésicos anti-inflamatórios”.

Por isso, a propósito deste Dia Mundial de Hipertensão, deixa um conselho simples: “não omita a HTA, uma circunstância cardiovascular que é capaz de afetar as mulheres – e é delas que hoje estamos a falar! – em todas as fases da sua vida, concorrendo, de forma impressiva, para uma parte importante da morbilidade e mortalidade do sexo feminino. O tratamento, farmacológico ou não, é eficaz, com redução significativa da doença cardiovascular e melhoria da qualidade de vida”.

Testes em ratinhos
Um novo estudo desenvolvido em duas universidades norte-americanas - e que se socorreu de três enzimas naturais - conseguiu...

O desenvolvimento de um comprimido para consumo humano capaz de reduzir os efeitos de uma noite regada com álcool pode estar mais próximo do que se pensa.

Testado em ratos, este fármaco conseguiu reduzir a circulação de álcool no sangue e do acetaldeído, o químico responsável pelas dores de cabeça e vómitos característicos da ressaca.

Yunfeng Lu, investigador e engenheiro químico da Universidade da Califórnia (UCLA), e Cheng Ji, especialista em doenças do fígado da Universidade do Sul da Califórnia (USC), criaram um comprimido que diminuiu em 45% o nível de alcoolismo no sangue em apenas quatro horas, explica a UCLA em comunicado.

O fármaco consiste numa cápsula composta por três enzimas naturais, que são normalmente encontradas nas células do fígado e que ajudam o corpo a processar o álcool.

A equipa está agora na fase de testes, na tentativa de garantir a segurança e eficácia destas substâncias combinadas e, ao mesmo tempo, tentar reduzir os efeitos secundários da toma da mesma.

"Entre 8 e 10% das emergências médicas nos Estados Unidos são causadas por envenenamento agudo por álcool", comenta Yunfeng Lu no estudo.

"O álcool é o principal fator de risco para a morte prematura em pessoas entre os 15 e 49 anos", acrescenta.

 

Estudo
Mais de 54% dos jovens entre os 14 e os 24 anos apresentam sintomas psicológicos como tristeza, nervosismo, problemas de sono,...

As conclusões são de um estudo observacional transversal realizado por investigadores do Cintesis – Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde, a que a Lusa teve hoje acesso.

Com uma amostra composta por 746 adolescentes e jovens, o estudo foi publicado na obra “Qualidade de vida e saúde em uma perspetiva interdisciplinar” e tinha por objetivo caracterizar as perceções juvenis acerca da sua própria saúde e as experiências de ocupação dos tempos livres, fora do contexto académico ou laboral.

De acordo com este trabalho, assinado por Paula Rocha, Carlos Franclim e Paulo Santos, a sintomatologia psicológica era “significativamente maior” no género feminino, que também é o que perceciona pior o seu estado de saúde.

Nas jovens, o nervosismo é um dos sintomas mais referidos, seguindo-se a irritação e os problemas de sono.

Os autores defendem que “a diferença de género na perceção do estado de saúde e nos sintomas reforça a necessidade de intervenções e abordagens distintas entre os géneros”.

O estudo aponta também para a existência de uma correlação positiva e significativa entre a satisfação com a ocupação dos tempos livres e a perceção favorável do seu estado de saúde, sendo que os jovens mais satisfeitos são os que aproveitam os tempos livres para conviver com familiares e com amigos.

Para os investigadores, esta associação “justifica a inclusão sistemática da avaliação da dimensão ‘atividades’ nas consultas de seguimento de saúde dos adolescentes e jovens”.

Entre as atividades de ocupação regular dos tempos livres (pelo menos uma vez por semana), a música e a internet ocupam os lugares cimeiros, enquanto atividades como o voluntariado ou a participação associativa são menos comuns, mostrando que esta é “uma juventude mais individual na sua forma de passar os tempos livres, o que implica atualizar a compreensão sobre as causas deste movimento e as suas consequências”, consideram.

Os autores salientam a necessidade de ajustar as respostas existentes, nomeadamente o formato dos tempos escolares e laborais, bem como as estratégias de promoção de saúde e de estilos de vida saudáveis às “especificidades dos contextos e das gerações”.

O Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde é uma Unidade de Investigação e Desenvolvimento (I&D) cuja missão é encontrar respostas e soluções, no curto prazo, para problemas de saúde concretos, sem nunca perder de vista a relação custo/eficácia.

Sediado na Universidade do Porto, o Cintesis beneficia da colaboração das Universidades Nova de Lisboa, Aveiro, Algarve e Madeira, bem como da Escola Superior de Enfermagem do Porto. No total, o centro agrega cerca de 500 investigadores e conta com sete spin-offs.

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