Até final de fevereiro
A greve dos enfermeiros em blocos operatórios de sete hospitais públicos começou hoje às 08:00, estendendo-se até ao final de...

O anúncio foi feito ontem pelas duas estruturas sindicais que convocaram esta greve, no final de uma reunião de quase cinco horas no Ministério da Saúde que terminou sem acordo.

A Associação Sindical Portuguesa dos Enfermeiros (ASPE) e o Sindicato Democrático dos Enfermeiros de Portugal (Sindepor) tinham convocado e entretanto suspendido a greve cirúrgica, marcada de 14 de janeiro a 28 de fevereiro, depois de há cerca de duas semanas ter ficado marcado o encontro de ontem como uma jornada suplementar para concluir negociações.

A greve prevê abranger sete centros hospitalares: São João e Centro Hospitalar do Porto, Centro de Entre Douro e Vouga, Gaia/Espinho, Tondela/Viseu, Braga e Garcia de Orta.

No final da semana passada o Sindepor lançou um novo pré-aviso para alargar a greve a mais três centros hospitalares entre 08 e 28 de fevereiro: Centro Hospitalar de Coimbra, Centro Hospitalar Lisboa Norte e Centro Hospitalar de Setúbal.

Segundo os presidentes da ASPE e do Sindepor, os principais pontos que separam Governo e sindicatos são o descongelamento das progressões na carreira e o aumento do salário base dos enfermeiros.

Carlos Ramalho, presidente do Sindepor, assume que a reunião de ontem foi difícil e que da parte do Ministério da Saúde houve vontade de negociar, mas não foi possível chegar a consenso.

“Não chegámos às condições mínimas para chegar a consenso. Por muito boa vontade, não conseguimos o compromisso de assumir o descongelamento das progressões da carreira de forma justa e que vai englobar todos os enfermeiros. A forma que o Governo propõe deixaria quase metade dos enfermeiros de fora”, afirmou Carlos Ramalho em declarações aos jornalistas no final da reunião.

Expressando que não há mais reuniões negociais marcadas, o presidente do Sindepor avisa que os sindicatos vão começar já a pensar em novas formas de luta para depois do fim da greve que terminará no dia 28 de fevereiro.

Também a presidente da ASPE admitiu recorrer a novas formas de luta, embora assuma que gostava de ter outro espaço de negociação, por perceber que “o país não tem tudo de um dia para o outro”.

“Estávamos disponíveis para fazer um faseamento. Neste momento não temos uma proposta concreta que nos permita continuar a negociar. Estão encerradas as negociações”, afirmou Lúcia Leite aos jornalistas.

A presidente da ASPE frisou que “o Governo se recusou a mexer na base da carreira” dos enfermeiros, mantendo os atuais 1.200 euros mensais brutos.

“O Ministério assume que não pode mexer na base porque precisa de contratar mais enfermeiros”, indicou.

Por outro lado, o Ministério da Saúde também não assumiu o tempo de descongelamento das carreiras que os sindicatos reivindicavam.

Também sobre a redução da idade da reforma não houve consenso entre sindicatos e Governo.

Infarmed
Os portugueses consumiram mais quatro milhões de embalagens de medicamentos em 2018 do que no ano anterior, o que demonstra que...

"O consumo de medicamentos em Portugal aumentou relativamente a anos anteriores", "demonstrando claramente que a acessibilidade aos mesmos continua em níveis elevados", afirma a autoridade nacional do medicamento (Infarmed) em comunicado.

Um relatório do observatório do Centro de Estudos e Avaliação em Saúde da Associação Nacional de Farmácias (ANF) divulgado na semana passada indicava que, em 2018, 64,1 milhões de embalagens de medicamentos não puderam ser dispensadas no momento em que as pessoas as tentaram adquirir nas farmácias, o número mais elevado desde que o fenómeno começou a ser monitorizado em 2014.

Relativamente às dificuldades no acesso a medicamentos, o Infarmed adianta que recebeu, no ano passado, 435 contactos de utentes a reportar esta situação, o que representa uma ligeira descida face a 2017 (455 contactos) e a 2016 (489).

Observa ainda que “alguns destes contactos se referiam a faltas pontuais de medicamentos genéricos ou de marca, mas com alternativa terapêutica no mercado nacional”.

Durante o ano de 2018 foram ainda realizadas 248 inspeções a farmácias e 150 inspeções a distribuidores por grosso de medicamentos, salienta a autoridade do medicamento.

“Apesar de em todas estas ações inspetivas, se verificar a existência de questões relacionadas com faltas de medicamentos, não foi identificada nenhuma situação de especial relevo relativamente a anos anteriores”, sublinha.

Ainda sobre a questão de indisponibilidade do medicamento, o Infarmed explica que foram identificadas duas questões que estão na origem desta situação.

Uma questão “temporária” em que está prevista a reposição, embora nem sempre com data concreta identificada, por “falta (indisponibilidade comunicada pelo distribuidor por grosso ou locais de dispensa)” e “rutura (indisponibilidade notificada pelo Titular da Autorização de Introdução no Mercado”, - TAIM).

A outra questão é “permanente” devido à “cessação de comercialização, que se traduz na não disponibilização no mercado nacional”, por decisão Titular da Autorização de Introdução no Mercado (TAIM).

“Nestas definições são considerados todos os medicamentos comercializados em Portugal, independentemente da sua forma, apresentação ou classificação quanto à dispensa ou avaliação económica, dispensados em serviços farmacêuticos hospitalares, em farmácia de oficina ou em locais de venda de medicamentos não sujeitos a receita médica”, adianta.

O Infarmed lembra ainda que tem desenvolvido nos últimos anos um conjunto de medidas que visam “prevenir e/ou melhor gerir a indisponibilidade do medicamento em Portugal”, como um sistema de notificação prévia, a Via Verde do Medicamento, uma plataforma eletrónica para notificação de rutura e cessação de comercialização por parte dos TAIM.

Linhas de contacto para os utentes e profissionais de saúde reportarem problemas de abastecimento de medicamentos junto do Infarmed e uma recolha de informação sobre medicamentos em falta em sede de inspeções periódicas são outras medidas realizadas pelo organismo.

Liga Portuguesa Contra o Cancro
A Liga Portuguesa Contra o Cancro anunciou hoje o lançamento de uma campanha global que visa consciencializar todos os setores...

A campanha “Eu sou e eu vou” será lançada no Dia Mundial do Cancro e pretende mobilizar a população nesta data (04 de fevereiro) para uma ação nacional, adianta a Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC) em comunicado.

Esta ação visa “unir a população na luta contra o cancro, ao mesmo tempo que sensibiliza para a literacia em saúde e reforça a importância da equidade no acesso aos cuidados em oncologia”.

“A luta contra o cancro constitui uma atividade global, de toda a sociedade, com forte aposta na literacia em saúde que facilite a alteração de hábitos de vida não saudáveis, na disponibilização de recursos de saúde adequados à população e no apoio ao doente oncológico e aos seus familiares”, afirma o presidente da LPCC, Vítor Rodrigues.

A campanha é promovida a nível mundial pela União Internacional de Controlo do Cancro (UICC), decorrendo no triénio 2019-2021 e operacionalizada em Portugal pela LPCC.

Fazem parte da campanha sessões de sensibilização na comunidade, escolas e unidades hospitalares, atividades desportivas e “forte divulgação digital, nomeadamente nas redes sociais”.

A iniciativa “explora como, individual e coletivamente, pode(mos) agir, de forma a que as atitudes tenham um impacto real na luta contra o cancro”, refere a LPCC.

“Trata-se de um apelo à ação, dando o poder ao indivíduo e desafiando-o a um compromisso pessoal. Pequenas ações individuais podem ter o poder de reduzir o impacto do Cancro no próprio, nos outros e no mundo”, salienta.

A presidente da direção da UICC, Princesa Dina Mired, adverte no comunicado que a morosidade permite que o cancro se espalhe e cause danos irreversíveis. “É, por isso, que neste dia mundial do cancro peço que se informem sobre aos sinais de alerta e sintomas do cancro e que não tenham medo de procurar ajuda imediatamente”.

“Igualmente, encorajo os governos a priorizarem ações de diagnóstico precoce e programas de rastreio, permitindo assim um melhor acesso aos cuidados em oncologia e dando a todos a oportunidade de lutar para vencer o cancro”, afirma Princesa Dina Mired no comunicado.

Para contribuir para “o aumento da notoriedade da luta contra o cancro como prioridade mundial de saúde pública”, a LPCC traduziu e adaptou uma série de materiais ajustáveis às necessidades das iniciativas, nomeadamente kits informativos para escolas e bibliotecas, poder central e local, bem como empresas.

Em 2018, a iniciativa do Dia Mundial do Cancro chegou a 139 países e os materiais foram traduzidos em 54 línguas

Dados do Observatório Global de Cancro (Globocan, 2018) referem que morrem três portugueses por hora vítimas de cancro, sendo o cancro da mama, da próstata, do colón e do pulmão os que têm maior incidência.

Segundo a União Internacional de Controlo do Cancro, cinco milhões de casos no mundo poderiam ter sido detetados mais cedo e tratados eficazmente em 2018.

No Porto
Investigadores do CINTESIS-Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde, no Porto, desenvolveram uma ferramenta ...

A investigadora do CINTESIS Daniela Ferreira Santos explicou hoje à Lusa que a nova ferramenta, disponível online, pode ser usada pelos médicos, nomeadamente pelos médicos de família, para calcular automaticamente a probabilidade de alguém sofrer de apneia obstrutiva do sono.

Para desenvolver esta ferramenta, os investigadores avaliaram cerca de três centenas de doentes seguidos no Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia-Espinho.

Os resultados revelaram que 63% dos doentes com apneia obstrutiva do sono eram homens e 73% tinham mais de 55 anos de idade, sendo que 23% tinham entre 40 e 54 anos.

“O objetivo do uso desta ferramenta é fazer uma triagem, identificando as pessoas que provavelmente sofrem desta doença e evitando que as pessoas que provavelmente não sofrem sejam sujeitas a exames desnecessários. Desta forma, podemos diminuir as pessoas que são referenciadas para fazerem o exame”, disse a investigadora.

Atualmente, segundo Daniela Ferreira Santos, “calcula-se que 34% das polissonografias – o exame tradicionalmente prescrito para diagnosticar apneia obstrutiva do sono – têm, afinal, um resultado normal, o que significa que um grande número de exames é prescrito e realizado desnecessariamente”.

Em comunicado, o coordenador do trabalho e especialista em inteligência artificial aplicada à saúde, Pedro Pereira Rodrigues, explica que “trata-se de um exame dispendioso que exige a presença de técnicos, implica longas listas de espera e está muito limitado às áreas urbanas”.

A ferramenta não pretende substituir os exames clínicos. O objetivo é triar os casos, dando prioridade aos pacientes que têm de ser vistos rapidamente pelos profissionais de saúde.

Além disso, refere o investigador, “este método permite detetar doentes com apneia obstrutiva do sono num estádio ligeiro, que poderiam passar despercebidos, de modo que possam ser diagnosticados e iniciar o tratamento o mais precocemente possível”.

O grupo de investigação espera que a utilização deste método na prática clínica consiga detetar mais de 90% dos casos de apneia obstrutiva do sono e evite que um em cada cinco indivíduos realize uma polissonografia, com poupanças de milhares de euros em exames, consultas e recursos humanos.

De acordo com os dados disponíveis, “cada exame custa cerca de mil euros”, acrescenta o CINTESIS.

O CINTESIS é uma Unidade de Investigação e Desenvolvimento (I&D) cuja missão é encontrar respostas e soluções, no curto prazo, para problemas de saúde concretos, sem nunca perder de vista a relação custo/eficácia.

Sediado na Universidade do Porto, o CINTESIS beneficia da colaboração das Universidades Nova de Lisboa, Aveiro, Algarve e Madeira, bem como da Escola Superior de Enfermagem do Porto. No total, o centro agrega cerca de 500 investigadores e conta com sete spin-offs.

Bruxelas
A Comissão Europeia atribuiu hoje uma verba de 154 milhões de euros para combater doenças nos animais e plantas em 2019,...

“As lutas contra a Peste Suína Africana e a ‘Xylella’ são exemplos diários das ações da União Europeia (UE) nas doenças que representam ameaças concretas ao rendimento dos nossos cidadãos e a setores económicos chave”, disse o comissário europeu para a Saúde, Vytenis Andriukaitis.

Um montante de 141 milhões de euros foi atribuído a 142 programas já aprovados para a erradicação, controlo e vigilância de doenças animais transmissíveis a pessoas, tal como a tuberculose bovina, a raiva e a salmonela nas aves.

No setor da saúde das plantas, a UE atribuiu mais de 13 milhões para a monitorização de 62 pragas em 24 Estados-membros (num total de 817 programas), incluindo o da bactéria ‘Xylella fastidiosa” em Portugal, que é considerada uma das mais perigosas do mundo.

A presença da bactéria, que ataca espécies como oliveiras e amendoeiras e para a qual não há cura, foi detetada em plantas de lavanda num jardim de um 'zoo' - ou seja, não numa zona agrícola - em Vila Nova de Gaia, Porto, tendo já sido acionados os planos de contingência por parte do Ministério da Agricultura.

Relatório
O número de mortes por ‘overdose’ aumentou 41% em 2017 face ao ano anterior, tendo sido detetado na maioria das 38 vítimas mais...

Segundo o relatório anual sobre “A situação do país em matéria de drogas e toxicodependência 2017”, do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD), nesse ano morreram 259 pessoas com a presença de substâncias ilícitas, dos quais 38 (15%) foram considerados ‘overdoses’.

Nas mortes por ‘overdose’ foram detetadas a presença de opiáceos (42%), de cocaína (42%) e de metadona (42%).

“Uma vez mais, na maioria (87%) foram detetadas mais do que uma substância, sendo de destacar em associação com as drogas ilícitas, o álcool (37%) e as benzodiazepinas (32%), adianta o documento.

Relativamente às outras causas das mortes com a presença de drogas (221), foram sobretudo atribuídas a morte natural (38%) e a acidentes (33%), seguindo-se-lhes o suicídio (23%) e o homicídio (3%).

Foram também notificados 90 óbitos ocorridos nesse ano em casos de infeção por VIH associados à toxicodependência.

“Verifica-se uma tendência decrescente no número de mortes ocorridas a partir de 2002, e a um ritmo mais acentuado nos casos associados à toxicodependência”, afirma o documento.

O documento observa “um ligeiro acréscimo” no número de utentes em tratamento em 2017, tendo sido acompanhados 27.150 no ambulatório da rede pública.

Dos 3.307 que iniciaram tratamento em 2017, 1.538 eram readmitidos e 1.769 novos utentes, adianta o documento.

“O número de novos utentes decresceu em relação a 2016, representando o valor mais baixo desde 2012, mas aumentou o de readmitidos, contrariando a tendência de descida manifestada nos quatro anos anteriores”, sublinha.

Nas redes pública e licenciada registaram-se 719 internamentos devido ao uso de droga em Unidades de Desabituação (631 nas públicas e 88 nas licenciadas) e 2.046 em Comunidades Terapêuticas (56 nas públicas e 1.990 nas licenciadas), correspondendo a 57% e 60% do total de internamentos nestas estruturas, um número que tem vindo tendencialmente a diminuir desde 2009.

A heroína continua a ser a droga principal mais referida pelos utentes (…) na maioria das estruturas de tratamento, sendo de destacar entre as exceções, os novos utentes em ambulatório, em que uma vez mais foi a canábis, o que poderá refletir a maior articulação dos serviços e adequação das respostas às necessidades específicas de acompanhamento desta população”, salienta.

No final de dezembro, 78 reclusos estavam em programas orientados para a abstinência e 1.062 em programas farmacológicos, o que reflete uma tendência de decréscimo.

As prevalências de VIH (19%), hepatite C (56%) e hepatite B (5%) nos reclusos foram superiores às registadas em 2016, verificando-se no último quinquénio uma tendência de subida das prevalências das hepatites B e C.

Em 2017 tinham sido diagnosticados 1.068 casos de infeção por VIH e 234 casos de SIDA, 2% e 11% dos quais relacionados com a toxicodependência.

“Considerando o decréscimo de novos casos de infeção por VIH associados à toxicodependência (…) importa continuar a investir nas políticas promotoras do diagnóstico precoce e do acesso ao tratamento por parte destas populações, com vista a potenciar os ganhos em saúde entretanto obtidos”, defende o SICAD.

Ao nível das contraordenações por consumo de drogas foram instaurados 12.232 processos de ocorrências em 2017, representando um aumento (14%) face a 2016 e o valor mais elevado desde 2001.

Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências
O diretor-geral do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências destaca como “evoluções negativas” em...

A mortalidade por doenças atribuíveis ao álcool e o aumento ligeiro, mas contínuo dos consumos de álcool e canábis nos jovens de 18 anos também é destacado por João Goulão no relatório anual do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD), hoje divulgado na Assembleia da República.

Mas existem “outros indicadores cuja evolução nos dois últimos anos exige a nossa atenção, como o aumento das proporções de novas infeções por VHC [vírus da hepatite C] entre os utentes que iniciaram tratamento no ano por problemas relacionados com o uso de álcool”, afirma João Goulão no preâmbulo do relatório sobre “A Situação do País em Matéria de Drogas e Toxicodependência 2017”.

Aponta ainda o acréscimo de sinalizações comunicadas às Comissões de Proteção de Crianças e Jovens (CPCJ) em que crianças e jovens assumem ou são expostos a comportamentos relacionados com o consumo de bebidas que afetam o seu bem-estar e desenvolvimento.

Segundo o relatório, foram registadas, em 2017, 302 sinalizações deste tipo comunicadas às CPCJ, sendo os valores dos dois últimos anos os mais elevados dos últimos cinco anos, tendo sido efetuados 87 diagnósticos principais relacionados com estas situações.

Na área das drogas, João Goulão cita os resultados do Inquérito Nacional ao Consumo de Substâncias Psicoativas na População Geral 2016/17, que evidenciaram “o não cumprimento das metas relacionadas com os consumos na população geral de 15-74 anos, devido ao agravamento do consumo de canábis” ao nível das prevalências de consumo recente, das frequências mais intensivas e da dependência.

Observa ainda “a particularidade dos agravamentos” deste consumo nas mulheres e nas faixas etárias dos 25-34 anos e 35-44 anos.

Segundo o documento, cerca de 0,7% da população de 15-74 anos tinha um consumo considerado de risco elevado (0,4%) ou de risco moderado (0,3%), quase duplicando o valor correspondente (1,2%) na população de 15-34 anos (0,6% com consumo de risco elevado e 0,6% de risco moderado).

João Goulão destaca como positivo a descida dos indicadores relacionados com as infeções por VIH e sida associadas à toxicodependência e com a mortalidade.

“De um modo geral, também foram atingidas as metas definidas para os indicadores relacionados com os consumos dos mais jovens, em particular no que respeita à canábis (perceção dos riscos do consumo, o retardar a idade do início dos consumos e a prevalência do consumo recente)”, sublinha.

Como "evolução positiva" na área do álcool, João Goulão aponta a “perceção de menor facilidade de acesso a bebidas alcoólicas” a menores e o retardar das idades de início dos consumos em jovens, a diminuição do consumo per capita e a diminuição dos internamentos hospitalares com diagnóstico principal hepatite ou cirrose alcoólicas.

“Em contrapartida, alguns indicadores apontaram para um agravamento dos consumos de risco ou dependência na população geral de 15-74 anos, e outras evoluções negativas preocupantes em alguns subgrupos populacionais, como no feminino e nas faixas etárias mais velhas”, salienta.

Para João Goulão, importa continuar “a priorizar as intervenções com impacto” nos ganhos obtidos na área da droga, como a aposta no diagnóstico precoce da infeção por VIH”, a “referenciação adequada” dos casos reativos para o Serviço Nacional de Saúde e “estratégias robustas de redução de riscos e minimização de danos com elevado impacto na mortalidade”.

João Goulão adverte que se mantém “a premência da aprovação da proposta de alargamento do atual modelo de coordenação nacional, a outros comportamentos aditivos e dependências sem substância” e reitera “a necessidade de se priorizarem as ações preventivas, que têm vindo a registar perdas de continuidade e de reforço”.

Relatório
Cento e setenta pessoas morreram em 2017 em acidentes de viação sob a influência do álcool, o valor mais elevado dos últimos...

Em 2017, foram registados 977 óbitos positivos para o álcool, 36% dos quais foram atribuídos a acidente (incluindo os de viação), 33% a morte natural, 17% a suicídio e 5% a intoxicação alcoólica.

“Cerca de 46% dos 44 óbitos por intoxicação alcoólica apresentaram resultados positivos só para o álcool, e em metade dos casos foram detetados só álcool e medicamentos, em particular benzodiazepinas”, adianta o relatório anual sobre “A Situação do País em Matéria de Drogas e Toxicodependência”, hoje divulgado.

Dos 170 mortos em acidentes de viação, cerca de 80% eram condutores, 14% peões e 6% passageiros. “Em 2015 inverteu-se a tendência de descida contínua do número de vítimas mortais de acidentes de viação sob influência do álcool, sendo o valor de 2017 o mais elevado dos últimos cinco anos, apesar dos registados neste período terem sido inferiores aos do anterior quinquénio”, refere o documento.

Segundo o relatório, foram registados no ano passado 19.848 crimes por condução com excesso de álcool, representando 38% do total de crimes contra a sociedade e 6% da criminalidade registada em 2017, o que indica uma tendência de decréscimo nos últimos cinco anos.

No final de 2017, 233 pessoas estavam detidas por crimes de condução em estado de embriaguez ou sob a influência de estupefacientes ou substâncias psicotrópicas, representando um decréscimo pelo segundo ano consecutivo.

O inquérito anual realizado aos jovens participantes no Dia da Defesa Nacional, em 2017, revelou que as prevalências de consumo de álcool se enquadraram nos resultados do ano anterior e de outros em populações escolares, sendo que em relação aos alunos de 18 anos, persistem algumas diferenças nos padrões de consumo, como "um maior consumo diário e, sobretudo, uma menor prevalência de embriaguez".

As prevalências de consumo de qualquer bebida alcoólica foram de 89% ao longo da vida, 85% nos últimos 12 meses e de 67% nos últimos 30 dias. Cerca de 8% destes jovens de 18 anos declarou ter um consumo atual diário ou quase diário de bebidas alcoólicas.

“Os consumos, e em particular os de risco acrescido, continuam a ser mais expressivos nos rapazes, existindo heterogeneidades regionais - com o Alentejo a continuar a apresentar valores tendencialmente mais elevados -, que importa monitorizar para uma maior adequação das intervenções loco-regionais”, defende o relatório.

Em 2017 estiveram em tratamento no ambulatório da rede pública, 13.828 utentes com problemas de álcool. Dos que iniciaram tratamento, 1.047 eram readmitidos (+53 face ao ano anterior) e 3.352 novos utentes (-11%).

Foram registados 4.425 internamentos hospitalares com diagnóstico principal atribuível ao consumo de álcool, menos 18% do que em 2016, a maioria relacionados com doença alcoólica do fígado (62%) e a síndrome de dependência alcoólica (29%

O número médio de anos potenciais de vida perdidos por doenças atribuíveis ao álcool foi de 13,7 anos nos homens e 11,7 nas mulheres.

Segundo o relatório, foram fiscalizados no ano passado 12.052 estabelecimentos comerciais, tendo sido aplicadas 98 contraordenações relacionadas com a disponibilização ou venda a menores, um número que tem vindo a crescer nos últimos três anos.

Conheça esta doença
Em Portugal, estima-se que mais de 30% da população adulta sofre de Bexiga Hiperativa.
Bexiga Hiperativa

Quando a bexiga se contrai de forma descontrolada, dando origem a um conjunto de sintomas caracterizados por uma vontade imperiosa de urinar, estamos na presença de uma condição clínica crónica designada de Bexiga Hiperativa. Ainda que possa confundir-se com a Incontinência Urinária, não é a mesma coisa!

De acordo com a especialista em Ginecologia e Obstetrícia do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Geraldina Castro, a Bexiga Hiperativa “caracteriza-se pela presença de urgência miccional, isto é, por um desejo súbito e forte de urinar, difícil de controlar e que pode ou não ser acompanhado de perda involuntária de urina associada a estas vontades”. Geralmente associa-se também a uma necessidade frequente de urinar: “oito ou mais vezes durante o dia e uma ou mais vezes durante a noite”.

Embora, na maioria dos casos, não seja possível determinar uma causa, há um conjunto de patologias que podem estar na sua origem. É o caso de algumas doenças neurológicas, como a esclerose múltipla, a doença cerebrovascular, a doença de Parkinson ou lesões na medula. “Alterações estruturais da própria bexiga, do seu músculo e órgãos adjacentes podem também causar esta doença”, acrescenta a especialista.

Certo é que 32% da população adulta em Portugal sofre desta condição, embora um grande número de casos fique por diagnosticar. “A prevalência é semelhante entre homens e mulheres”, aumentando com a idade.

Vergonha deixa doentes sem tratamento

Apesar de ser fácil de diagnosticar a verdade é que, por vergonha, são muitos os casos que ficam por identificar. “O seu diagnóstico é feito com base nos sintomas do doente e após exclusão de infeção urinária ou outra patologia óbvia, como a diabetes ou o cancro da bexiga”, explica Geraldina Castro. Na maioria dos casos, basta avaliar a história clínica do doente e pedir uma análise à urina. No caso das mulheres, é feito ainda um exame ginecológico para o seu diagnóstico. “Os casos mais complexos poderão ter de ser encaminhados para um especialista e submetidos a outros exames específicos”, adverte a ginecologista garantindo que estes são os casos que fogem à regra.

No entanto, “existem estudos que demonstram que esta é uma patologia subdiagnosticada precisamente porque os doentes sentem vergonha em falar dela ao seu médico, acham que faz parte do envelhecimento e desconhecem a existência de tratamento”.

Não tem cura, mas pode ser tratada para controlar sintomas

A Bexiga Hiperativa é uma doença crónica, o que significa que não é curada, mas pode ser controlada com recurso a diversas armas terapêuticas. “É uma doença que sofre de períodos de agravamento e o seu tratamento deverá ser ajustado consoante as necessidades”, esclarece a médica.

A primeira medida contra a Bexiga Hiperativa é alterar o estilo de vida, procedendo a alterações alimentares, à evicção tabágica e alcoólica, promovendo a manutenção de um peso saudável. “Alimentos que contenham cafeína, como o chocolate, condimentados ou ácidos (tomate e citrinos), que podem causar irritação da bexiga, devem ser evitados”, explica a especialista acrescentando que “nos doentes com ingestão de líquidos elevada (superior a dois litros por dia), esta deverá ser restringida, principalmente à noite”. De fora ficam também as bebidas com cafeína, como o chá preto ou o café e ainda as bebidas gaseificadas.

Por outro lado, as técnicas de treino da bexiga e os exercícios do pavimento pélvico são também importantes no controlo desta condição clínica. “Nos episódios de urgência, a contração dos músculos do pavimento pélvico de forma sustentada pode atenuá-la ou fazê-la desaparecer”, revela. Além disso, fazer estes exercícios de forma regular ajuda a fortalecer a região e a manter as estruturas anatómicas, nomeadamente a bexiga, na posição correta.

“Quando as medidas comportamentais e os exercícios por si só não resolvem o problema, poderá ser associado um medicamento”, adianta a especialista do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra.

“Os medicamentos disponíveis no mercado vão atuar nos receptores da bexiga. Ao promoverem o relaxamento do músculo da bexiga, vão aumentar a sua capacidade de armazenamento da urina e diminuir as contrações involuntárias deste músculo”, explica.

Apenas as situações muito graves, que não respondem a nenhum dos outros tratamentos disponíveis, são encaminhadas para cirurgia. E estas, felizmente, ainda são uma minoria.

Artigos relacionados

Bexiga Hiperativa: “alguns médicos não estão familiarizados com este problema”

Como manter a bexiga saudável

Sensação urgente de urinar afeta 32% da população

Foto: 
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Associação Portuguesa de Urologia
Em Portugal, mais de 30% das mulheres e cerca de 15% dos homens com mais de 50 anos apresentam sintomas de incontinência...

No sentido de promover a consciencialização e incentivar as pessoas a falar abertamente com o seu médico de família ou especialista sobre o problema, e também para assinalar o Dia Mundial da Incontinência Urinária (14 de março), a Associação Portuguesa de Urologia (APU) e a Associação Portuguesa de Neurourologia e Uroginecologia (APNUG) promovem a Semana de Alerta para a Incontinência Urinária, que decorre entre os dias 11 e 17 de março. O objetivo é impedir que as pessoas sofram em silêncio.

“A vergonha pode estar a impedir muitas pessoas de alcançar a cura, uma vez que certos tipos de incontinência urinária têm tratamentos com taxas de sucesso acima dos 90%”, sublinha o médico urologista e presidente da APU Luís Abranches Monteiro. “A incontinência urinária não é normal, mas é muito comum. Também não mata, mas afeta muito a qualidade de vida das pessoas que dela sofrem. E o mais importante é que hoje é um problema mais simples do que há 20 anos. Por isso, as pessoas precisam de perder o medo de falar sobre estas questões com o seu médico”, explica.

As pequenas perdas de urina podem ter um grande impacto psicológico, emocional, social e económico na vida das pessoas.

O diagnóstico é feito de forma simples, através do diálogo entre paciente e médico e um exame físico.

Há vários tipos de incontinência urinária e cada caso tem as suas especificidades. Os tratamentos podem ser medicamentosos, de reabilitação ou cirúrgicos. Algumas cirurgias são tão simples que a vida normal pode ser retomada em poucos dias.

Chamo a vossa atenção para o comunicado de imprensa relativo ao novo teste para a deteção precoce do vírus do papiloma humano que permitirá que as mulheres conheçam o possível risco de desenvolver lesões pré-cancerígenas com uma fiabilidade de até 7 anos. Os dados da eficácia do teste Aptima® HPV na deteção de lesões precursoras do cancro do colo do útero estão publicados na revista International Journal of Cancer.

Cientistas garantem
Uma equipa de cientistas afirma que um novo tratamento que está atualmente em desenvolvimento não terá os mesmos efeitos...

Os cientistas garantem que encontraram finalmente a primeira cura completa para o cancro.

Uma pequena equipa de cientistas israelitas afirma que a terapia revolucionária estará disponível dentro de apenas um ano, escreve o Notícias ao Minuto.

“Acreditamos que seremos capazes de oferecer dentro do espaço de um ano uma cura completa para o cancro”, disse Dan Aridor, do laboratório farmacêutico Accelerated Evolution Biotechnologies Ltd.

“Esta cura será eficaz logo a partir do primeiro dia, durará algumas semanas e não apresentará nenhum ou apenas efeitos secundários mínimos para o doente a um preço muito mais baixo, comparativamente a outras terapias existentes atualmente no mercado”.

“A nossa solução é tanto genérica como pessoal”.

Ainda assim, o periódico científico PLOS onde a pesquisa foi publicada salienta que apesar da possibilidade da droga estar ativa em apenas um ano, que há a probabilidade dos pacientes terem que aguardar cerca de uma década para receberem o novo tratamento – até que seja clinicamente provado que é realmente seguro e eficaz.

Drogas atuais são quase inúteis perante a ‘inteligência’ dos tumores
O novo tratamento foi denominado de Mu Ta To (‘multi-target toxin’ ou ‘toxinas com múltiplos-alvos’), divulga o jornal The Jerusalem Post, e funciona como um antibiótico para o cancro, garante o laboratório farmacêutico.

Até ao momento a maioria das drogas para tratar tumores atacam um alvo específico ou a célula cancerígena, explicou Morad.

Esses fármacos falham porque esse alvo sofre mutações – dividindo-se e propagando-se de modo a evitar ser aniquilado.

Como tal, a droga original que atacou um determinado alvo torna-se eventualmente inútil e perde a sua funcionalidade.

Ataque em três frentes
Todavia, Morad garante quem o Mu Ta To “não será afetado por essas mutações” m- já que a terapia ataca três alvos de uma só vez.

Acrescentando: “Nem um tumor consegue modificar três recetores de uma vez só”.

Mais ainda, segundo os investigadores o Mu Ta To consegue discernir entre células saudáveis e cancerígenas– não deixando os pacientes debilitados, assim como acontece após tratamentos como a quimioterapia.

Mas… ainda é necessário realizar ensaios clínicos em seres humanos

Até ao momento, as conclusões dos cientistas basearam-se apenas em experiências realizadas em ratos.

O próximo passo será provar que o tratamento funciona em seres humanos a sofrer de cancro – num laboratório.

Se a droga se provar eficaz, os cientistas terão de seguida que submeter o fármaco a uma fase I, II e III mem ensaios clínicos de modo a garantir a sua total segurança e eficácia.

A associação britânica dedicada à investigação de tumores Cancer Research UK's afirmou no seu website: "Não há um período de tempo concreto para testar uma droga e para que esta seja ou não aprovada”.

“Poderá levar entre 10 a 15 anos ou mais a completar todas as três fases dos ensaios clínicos necessários até ser decretada uma licença”.

Fatores que incluem a variante de cancro – existem 200 na totalidade – o tipo de tratamento e duração do mesmo podem afetar quanto tempo as drogas demoram a chegar à fase que antecede o licenciamento.

Ordem dos Médicos
O bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, revelou ontem que vai propor ao Governo uma “adaptação” à política de...

“Vamos propor uma política de contratações que tem de se adaptar aos tempos modernos para que as regiões periféricas possam contratar os seus médicos rapidamente, mas também uma política de incentivos adequada”, afirmou o bastonário da Ordem dos Médicos (OM), no final de uma visita ao Hospital do Litoral Alentejano (HLA), em Santiago do Cacém, distrito de Setúbal.

Para o bastonário, “sem uma verdadeira política de incentivos”, o país "não vai conseguir resolver o problema das regiões mais periféricas e desfavorecidas” e passará a ter “doentes de primeira e doentes de segunda”.

“O acesso aos cuidados de saúde dentro do Serviço Nacional de Saúde (SNS) não pode nem deve depender do código postal”, disse Miguel Guimarães, em declarações aos jornalistas, após uma reunião com o conselho de administração da Unidade Local de Saúde do Litoral Alentejano (ULSLA) e com a equipa médica do HLA.

Considerando os profissionais que prestam serviço no HLA “uns heróis”, o bastonário alertou ainda para “os vários problemas” no que respeita “às estruturas físicas do hospital” e ao “capital humano”.

“Estes médicos são de facto uns heróis, porque têm uma pressão muito grande para dar resposta às necessidades desta população e devido à falta de médicos muito marcada em áreas como a gastrenterologia e a otorrinolaringologia, entre outras especialidades”, realçou.

O bastonário alertou também para o facto de o HLA estar a funcionar com um quadro de pessoal que “só está preenchido a cerca de 50 por cento”, que “depende muito das horas suplementares” e "recorre em demasia" às empresas prestadoras de serviços.

“Este hospital tem cerca de 90 médicos especialistas e cerca de 40 médicos em formação. Se, porventura, aquilo que são as horas extraordinárias e o que são as horas pagas em prestação de serviços fossem transformadas em contratos individuais de trabalho com os médicos a fazerem 40 horas estes valores dariam para contratar 82 médicos”, defendeu.

A este respeito e durante a visita, a diretora clínica do hospital, Alda Pinto, reconheceu “o esforço que tem sido feito” para conseguir dar resposta às necessidades dos cerca de 100 mil utentes, que aumentam durante a época balnear.

“A questão da sazonalidade cria dificuldades acrescidas e na nossa unidade estamos muito dependentes de protocolos com outras instituições do SNS e com as prestações de serviço para completar o quadro médico”, afirmou.

Outro dos constrangimentos, segundo a diretora clínica, prende-se com “a área territorial” da ULSLA, com cinco centros de saúde e 27 extensões de saúde, distribuídos pelos concelhos de Sines, Santiago do Cacém, Grândola, Alcácer do Sal e Odemira, no litoral alentejano.

Questionado sobre a diminuição de 43% das cirurgias programadas no HLA, entre 2017 e 2018, o bastonário da OM referiu “a falta de recursos humanos”, médicos e enfermeiros, e a questão “da segurança clínica”.

“Se não tivermos aqui um corpo clínico, nas várias especialidades, que permita dar continuidade de cuidados a doentes que façam cirurgias maiores, temos alguma limitação em fazer cirurgias maiores por médicos que venham fazer uma tarefa e depois corremos o risco de não ter médicos da mesma especialidade para seguir os doentes”, justificou.

Além de considerar a diminuição das cirurgias programadas, no espaço de um ano, “muito preocupante”, o bastonário defendeu que esta é uma situação “que tem de ser corrigida imediatamente” para que “a qualidade das pessoas e da medicina possa ser melhor” para a população do litoral alentejano.

Por seu lado, Armindo de Sousa Ribeiro, do Sindicato Independente dos Médicos, que também participou na visita, reforçou a necessidade de “mais incentivos” para “resolver os problemas que existem” na ULSLA e criticou “a falta de receptividade” do Governo nesta matéria.

Centro Hospitalar de Lisboa Central
O hospital Curry Cabral, em Lisboa, inaugurou ontem uma unidade de radiologia de intervenção que tem “um equipamento único na...

De acordo com a presidente do Centro Hospitalar de Lisboa Central, que integra o Curry Cabral, a nova unidade tem salas com equipamento híbrido de angiografia por tomografia computorizada, o que permite procedimentos de radiologia de intervenção vascular e oncológica guiados por imagem em três e quatro dimensões.

Durante a inauguração, onde esteve presente a ministra da Saúde, a coordenadora da unidade de radiologia de intervenção, Élia Coimbra, explicou aos jornalistas que o equipamento em causa é “único na Europa” e que permite realizar medicina de precisão.

O novo equipamento, comprado com verbas do fundo europeu Portugal 2020, integram-se no investimento do Centro Hospitalar Lisboa Central em equipamentos que, nos últimos dois a três anos, “começou a repor vários anos de descapitalização”,

Segundo a presidente da administração, Ana Escoval, os 300 novos equipamentos que chegaram ao Centro Hospitalar nos últimos dois ou três anos estão ainda aquém de todas as necessidades.

“Não podemos desinvestir durante vários anos e acreditar que depois é estalar os dedos e volta a acontecer”, afirmou Ana Escoval em declarações aos jornalistas, lembrando que a falta de investimento em equipamentos ocorreu devido à crise económico financeira, mas também porque iria haver o novo hospital Oriental de Lisboa.

A presidente do Centro Hospitalar, que terminou o mandato à frente dos seis hospitais deste centro, mas que continua em funções, apelou a que “o esforço de renovação” de equipamentos continue.

Antes mesmo da inauguração da nova unidade, o Centro Hospitalar homenageou o médico cirurgião Eduardo Barroso, dando o seu nome ao centro hepato-bilio-pancretático e de transplantação.

Eduardo Barroso manifestou-se lisonjeado com a homenagem, que considerou “um bocadinho exagerada”.

O cirurgião destacou que esse serviço do Curry Cabral, que integrou até final de outubro, é “o único do país inteiro com um quadro multidisciplinar na sua origem”.

No seu discurso, Eduardo Barroso pediu às gerações mais jovens que “não reneguem o passado, nem quem lhes antecedeu”, estando mesmo gratas a “quem lhes abriu o caminho”.

Reunião de negociação suplementar
A ministra da Saúde disse ontem esperar que enfermeiros e Governo estejam à altura de responder às necessidades de um Serviço...

Sobre a reunião de negociação suplementar que o Governo tem hoje com os sindicatos, a ministra Marta Temido disse aos jornalistas que espera que seja "uma sessão de trabalho produtiva", na qual se perceba "o percurso já feito" e em que pontos não é possível haver mais aproximação das partes.

"Esperamos que todos saibam estar à altura de responder ao que os portugueses esperam de nós, que é um SNS que funciona de forma tranquila, que responde com prontidão e rapidez e que está lá quando os portugueses precisam", afirmou a ministra à margem da inauguração de uma nova unidade no hospital Curry Cabral, em Lisboa.

Marta Temido escusou-se a entrar em detalhe sobre o processo de negociação e sobre o que está em cima da mesa na reunião de quarta-feira, lembrando que para a negociação complementar ficaram "alguns aspetos de natureza remuneratória".

Hoje, os dois sindicatos que suspenderam a greve cirúrgica, marcada de 14 de janeiro a 28 de fevereiro, estarão na reunião com o Governo e já admitiram reativar a paralisação suspensa caso não cheguem a um acordo definitivo.

Numa mensagem aos seus sindicalizados, a Associação Sindical Portuguesa dos Enfermeiros disse que "levantará de imediato a suspensão da greve caso o Governo mostre falta de empenho nas negociações ou uma posição irredutível que desrespeite" as reivindicações dos enfermeiros.

Centro Hospitalar Lisboa Central
O hospital Curry Cabral, em Lisboa, vai receber o primeiro robô cirúrgico do Serviço Nacional de Saúde, anunciou hoje a...

Segundo a presidente do Centro Hospitalar Lisboa Central (CHLC), Ana Escoval, o primeiro robô para cirurgias no SNS foi doado pela Fundação Aga Khan.

Portugal já tem vários robôs cirúrgicos em unidades privadas, mas o SNS não tinha ainda nenhum, como recordou Ana Escoval.

"Em defesa dos doentes, todos temos obrigação de encontrar formas de também apetrechar o SNS (...). Qualquer pessoa, pobre ou rica, no nosso país, que necessite ou seja melhor tratada com uma cirurgia robótica, que não deixe de o ser por não ter recursos financeiros", declarou a administradora do CHLC aos jornalistas, à margem da inauguração da unidade de radiologia de intervenção no Curry Cabral e de uma homenagem ao cirurgião Eduardo Barroso.

Os robôs cirúrgicos são já usados em várias especialidades como substitutos da mão do cirurgião, permitindo maior previsão e cirurgias menos invasivas.

O primeiro robô do SNS ficará no Curry Cabral, onde deverá ser instalado durante o primeiro semestre do ano.

De acordo com a administração do hospital, há um grupo de trabalho interno a avaliar quais as especialidades ou doenças que prioritariamente devem beneficiar do robô cirúrgico.

O equipamento, doado pela fundação Aga Khan, terá custado entre três a quatro milhões e meio de euros, segundo a administração do CHLC.

Investigação da Universidade de Aveiro
Imagine que tem de memorizar um conjunto de objetos, metade usados por pessoas doentes e a outra metade por pessoas saudáveis....

Ao longo da evolução, o Homem tem enfrentado uma multiplicidade de microorganismos patogénicos que ameaçam a sua reprodução e sobrevivência. “Em resposta a este problema adaptativo, desenvolveu-se um sistema imunológico biológico flexível, que deteta e destrói patogenes já contraídos, e um sistema imunológico comportamental (SIC), para prevenir o contacto com possíveis fontes de infeção”, explica Natália Fernandes, a investigadora dos polos da Universidade de Aveiro (UA) das unidades de investigação CINTESIS e William James Research Center, que a par da investigadora Josefa Pandeirada, assina o trabalho.

O SIC, quando deteta potenciais contaminantes, induz vários tipos de resposta, designadamente respostas afetivas, cognitivas e comportamentais, que serão determinantes na promoção do evitamento às fontes de ameaça. Num conjunto de estudos, as investigadoras da UA procuram explorar a componente cognitiva deste sistema, particularmente a memória.

As experiências contaram com a participação de quase duas centenas de voluntários aos quais foi pedido que visualizassem imagens de objetos tocados por pessoas doentes ou saudáveis. Metade dos objetos foi apresentada juntamente com uma breve descrição de sintomas de doença que a pessoa estaria a evidenciar, como tosse, ou imagens de faces dessas pessoas contendo pistas de doença, como o herpes labial. A outra metade dos objetos foi apresentada com descrições de características físicas da pessoa ou com faces com aparência saudável.

Memória ajuda a evitar contaminações
Finalmente, e após uma tarefa distratora, os participantes foram surpreendidos com uma tarefa de recordação livre, na qual lhes foi pedido que recordassem o máximo de objetos apresentados anteriormente. “Os dados revelaram que as pessoas se recordam melhor de objetos ‘tocados’ por pessoas doentes, ou seja, objetos que são potencialmente contaminantes, comparativamente com os objetos ‘tocados’ por pessoas saudáveis, ou seja, com menor potencial de contaminação”, aponta Natália Fernandes.

Para as investigadoras, estes resultados sugerem que o modo como a memória opera pode refletir alguns dos problemas adaptativos recorrentemente enfrentados pelos nossos antepassados.


As investigadoras Natália Fernandes e Josefa Pandeirada

“Recordar-se de objetos potencialmente contaminantes terá sido vantajoso no sentido de evitarmos esses objetos, os quais poderão colocar em causa a nossa saúde e, em última instância, a nossa sobrevivência”, diz Natália Fernandes, que sublinha ainda que: “ao percebermos as circunstâncias em que a nossa memória é mais eficaz podemos desenvolver modos de intervenção mais eficazes”.

Estes resultados, exemplificam as psicólogas da UA, “poderão informar o desenvolvimento de programas de saúde pública visando aumentar comportamentos de prevenção de doenças infeciosas, uma das principais causas de mortalidade no mundo”.

Disponível em Portugal
O DOC (Desfibrilhador Operacional Conectado) é um equipamento de cardioproteção com monitorização 24 horas por dia, com ligação...

Em Portugal, morrem cerca de 10.000 pessoas anualmente por paragem cardiorrespiratória, aponta a Sociedade Portuguesa de Cardiologia e apenas 3% das vítimas sobrevive, o que reflete lacunas do sistema de socorro pré-hospitalar português.

Muitas vidas podiam ser salvas com o uso de um desfibrilhador, daí a publicação do Decreto-Lei nº 184/2012, de 8 de agosto, onde passará a ser obrigatória em zonas que, pela elevada concentração de pessoas ou pelo risco elevado da população envolvida, a ocorrência de casos de Paragem Cardiorrespiratória (PCR) é mais provável.

O DOC é o único desfibrilhador inteligente no mercado, sendo o único que incorpora monitorização remota 24 horas por dia, serviço exclusivo de teleassistência com a Cruz Vermelha Portuguesa, chamada automática para os serviços de emergência e geolocalização, via GPS, do local exato da vítima.

A tecnologia DOC é segura e eficaz já que integra um cartão SIM que conecta automaticamente a um operacional treinado da Cruz Vermelha que ajuda durante todo o processo.

O DOC é também o desfibrilhador mais fácil de usar, bastando colocar os elétrodos no peito da vítima.

Quando o DOC é retirado da caixa de proteção, uma vez confirmado que é uma emergência real, o geolocalizador automático enviará as coordenadas exatas para a ambulância.

Miguel Martins, responsável do projeto DOC na Almas Industries, indica que “o equipamento está a ser comercializado desde setembro de 2018 e já está implementado em 60 clientes, desde o setor público, ao privado, IPSS, clubes desportivos, corporações de bombeiros e até unidades móveis de juntas de freguesia”.

Desde as pequenas empresas às multinacionais, a vontade em proteger a saúde dos colaboradores é grande, daí as empresas apostarem cada vez mais na segurança. 

Paulo Barros, diretor-geral da Almas Industries explica: “O equipamento foi desenvolvido pelo nosso grupo em França. Fomos nós que o desenvolvemos e patenteamos. Já todos os países em que o grupo opera estavam a comercializar o equipamento, menos Portugal, porque existe uma burocracia enorme, e tivemos de passar por um período de aprendizagem e de concretização de algumas parcerias estratégicas, que nos tornou mais competitivos. Depois dessa fase, decidimos trazer então a patente desenvolvida pela Almas Industries para Portugal”.

O caso de maior sucesso no grupo é o espanhol que, em apenas 5 anos, tornou-se líder de mercado, tendo vendido em 2018 mais de 3.000 equipamentos.

“Em Portugal, as empresas estão a procurar o equipamento pela necessidade de garantir a cardioproteção dos colaboradores”, explica o diretor geral.

Para a Cruz Vermelha Portuguesa, conforme expresso publicamente no seu site, “salvar a vida de uma vítima de PCR em ambiente extra-hospitalar pode depender exclusivamente da existência de um aparelho de desfibrilhação nas imediações e da presença de alguém que o saiba utilizar”.

Deco
Treze dos 19 batons para criança à venda no mercado e analisados pela Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor têm...

A Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor (Deco) recorda que a composição destes produtos “tem de ser controlada com rigor” e deve excluir substâncias tóxicas, lembrando que o uso de óleos minerais derivados do petróleo, apesar de permitido em cosméticos, “impõe alguma cautela quando há a possibilidade de ingestão dos produtos”, como é o caso dos batons para criança.

Dos 19 produtos analisados, à venda em lojas de brinquedos, moda e acessórios, supermercados, e perfumarias, três continham hidrocarbonetos saturados de óleos minerais (MOSH) acima dos limites de segurança: Miraculous Bálsamo para os Lábios (Claire’s), Unicorn Bálsamo Labial Cotton Candy (Accessorize) e o The Body Shop Strawberry, Pomegranate & Aloe Vera.

Três outros podem apenas ser usados por crianças a partir dos 6 anos e/ou com 22 quilos (quanto menor o peso, maior o risco), uma vez que não incluem hidrocarbonetos aromáticos de óleos minerais (MOAH) e o teor em MOSH não representa risco.

Segundo o estudo da Deco, outros três produtos analisados não continham óleos minerais e, como tal, estavam isentos de MOSH, MOAH e de hidrocarbonetos sintéticos saturados (POSH): um batom e um bálsamo da Imaginarium e os batons da Disney.

“Para efetuarmos esta avaliação, considerámos os resultados de estudos científicos e as recomendações de várias entidades de referência, como a Comissão Europeia, a Autoridade Europeia de Segurança Alimentar (EFSA), o observatório suíço que aprecia estas matérias e a associação europeia de fabricantes de cosméticos (Cosmetics Europe), uma vez que não estão fixados limites legais”, refere a Deco.

A associação recorda ainda que, nos produtos para usar na pele sem lesões, aqueles componentes não representam perigo, porque quase não há absorção. Contudo, no caso dos que se destinam aos lábios, “a situação é diferente”.

“Quando ingeridos, os MOAH têm potencial cancerígeno e podem causar mutações genéticas, enquanto os MOSH são suspeitos de favorecerem o aparecimento de microgranulomas (nódulos) nalguns órgãos”, destacam os autores do estudo, que já comunicaram os resultados ao Infarmed, entidade responsável pelo controlo dos cosméticos.

O panorama atual é um pouco melhor do que o dos hidratantes labiais para adultos, considera a Deco, referindo-se ao estudo realizado em 2017, quando foram testados 20 hidratantes labiais para adultos - “batons do cieiro” - e se descobriu que 14 incluíam componentes potencialmente perigosos (MOSH, POSH e MOAH).

Deco
Os portugueses ouvidos num estudo da Deco sobre as suas experiências nos hospitais dão um voto de confiança aos...

O trabalho, realizado pela Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor (Deco), em colaboração com investigadores da Faculdade de Medicina de Lisboa, pretendeu pôr o acento na experiência do utente, e não avaliar a qualidade dos serviços prestados.

“Aqui, quem avalia são os utentes, (…) é sobretudo de cuidados centrados no cidadão que estamos a falar”, refere a Deco no estudo, sublinhando que “um cuidado médico competente, mas destituído de atenção face ao ser humano a que é dirigido, produzirá muito provavelmente uma experiência pouco ou nada satisfatória”.

Com 1.723 entrevistas válidas, a Deco recolheu informação sobre 42 hospitais de todo o país, incluindo ilhas, cinco dos quais privados.

“Em síntese, os portugueses dão um voto de confiança aos seus hospitais, mas mantêm uma vigilância exigente. Esperas mais curtas e confortáveis, menos ruído, opções alimentares que vão ao encontro das preferências e necessidades dos doentes, e servidas a horas adequadas, assim como melhor comunicação com o hospital, são áreas prioritárias”, refere o documento.

Para Paulo Nicola, investigador da Faculdade de Medicina de Lisboa, este estudo “pode ser um primeiro passo para avaliações regulares da experiência dos utentes, fazendo delas um fator relevante na avaliação dos hospitais”.

“Permitirá, em breve, identificar boas práticas e ajudar os hospitais na missão de prestar cuidados de saúde aos portugueses”, considera o investigador, sublinhando a importância de “construir este estudo com o contributo e a discussão de peritos, profissionais de saúde, utentes e familiares”.

De maio a dezembro de 2017, os responsáveis pelo estudo perguntaram a utentes sobre idas ao hospital nos seis meses anteriores (12 para internamentos), escolheram a mais recente e procuraram saber como tinha sucedido. Mas investigaram também outras idas ao hospital, tanto do próprio, como de membros do agregado familiar.

Segundo os dados recolhidos, os portugueses relatam experiências “muito positivas” na sua relação com o hospital, um bom atendimento que “não foi exclusivo dos privados”.

O Hospital CUF Infante Santo (Lisboa), o Instituto Português de Oncologia do Porto, o Hospital Curry Cabral (Lisboa), o Hospital dos SAMS (Lisboa) e o Hospital Dr. José Almeida (Cascais) foram os mais bem pontuados. Contribuíram para estes resultados, em especial, “a experiência proporcionada pelos profissionais de saúde e as condições dos hospitais”.

“Todos os 42 hospitais estudados registaram mais de 74% na apreciação global”, refere a Deco, sublinhando que os profissionais de saúde “podem mesmo fazer a diferença”.

Segundo os dados do estudo, os profissionais do Instituto Português de Oncologia do Porto receberam uma apreciação de 98%, graças ao apoio, à empatia e ao envolvimento da família nos cuidados de saúde.

Pouco atrás ficaram os profissionais da CUF Infante Santo e do Hospital de Angra do Heroísmo, com 96%, sendo que outros oito estabelecimentos foram pontuados acima de 90% neste critério.

A Deco considera que os resultados “mostram que pôr o cidadão no centro dos cuidados de saúde é um caminho que deve continuar a ser seguido” pelas unidades hospitalares.

“Abordar o doente com dignidade e humanismo reforça a colaboração com os profissionais de saúde e a adesão aos tratamentos. Nesta área, apesar dos resultados encorajadores, continua a haver grande potencial de melhoramentos, em especial na fase em que o doente tem de aguardar até ser atendido”, afirma a associação, frisando que “o controlo da dor ou de outros sintomas nem sempre é devidamente considerado”.

Com base nas respostas recolhidas, o estudo refere que “uma espera muitas vezes longa, associada ao desconforto da doença, ainda que o caso clínico possa não ser grave, acaba por tornar a experiência negativa e prejudicar a perceção global sobre o hospital”.

“Para o objetivo de colocar o utente no centro dos cuidados ser alcançado, a participação do doente nas decisões, o envolvimento da família e o apoio na fase pós-alta têm de ser a regra, e não a exceção. Também a comunicação com o hospital requer maior dose de eficácia”, acrescenta.

Os autores do estudo destacam ainda que “se o lado humano dos hospitais portugueses sai genericamente sublinhado neste novo estudo, também é verdade que há vertentes que continuam a desagradar aos utentes e explicam as classificações menos favoráveis obtidas”.

Entre elas estão, nos serviços de urgência, a ajuda deficiente no controlo da dor ou de outros sintomas, a menor empatia dos enfermeiros e auxiliares, o ruído e a falta de envolvimento do doente nas tomadas de decisão reativas ao seu estado de saúde.

No âmbito dos internamentos, foram reportadas experiências menos positivas por causa da espera até ser iniciado o atendimento e do controlo da dor ou de outros sintomas. Já internados, os utentes reclamam, com frequência, do ruído e da alimentação.

A dificuldade em contactar o hospital, por telefone ou e-mail, foi também assinalada pelos utentes, a mesma dificuldade apontada no caso das consultas externas.

Estudo
Neuroengenheiros e neurocientistas criaram, com base na inteligência artificial, um sistema que dizem ser capaz de traduzir...

Ao monitorizar a atividade cerebral de uma pessoa, a tecnologia "consegue reconstruir, com uma clareza sem precedentes, as palavras que a pessoa ouve", refere em comunicado o Instituto Zuckerman da Universidade Columbia, nos Estados Unidos, que participou no trabalho.

Os resultados foram publicados na revista científica Scientific Reports e, segundo a equipa de neuroengenheiros e neurocientistas envolvida no trabalho, podem abrir caminho para novas formas de comunicação direta entre os computadores e o cérebro e ajudar pessoas que não podem falar - tais como as que têm esclerose lateral amiotrófica ou sofreram um acidente vascular cerebral - a recuperarem a capacidade de comunicação.

Para conduzirem a sua tarefa, os cientistas usaram um sintetizador de voz humana em que um algoritmo num computador é capaz de sintetizar a fala depois de ter sido treinado com registos de conversação de pessoas.

O sintetizador foi 'ensinado' a interpretar a atividade cerebral de doentes epiléticos que ouviram frases ditas por várias pessoas.

Aos doentes foi pedido que ouvissem também pessoas a enumerarem dígitos de 0 a 9 enquanto os sinais cerebrais por eles emitidos durante esta tarefa eram registados.

O som produzido pelo sintetizador de voz em resposta a estes sinais foi depois analisado e 'limpo' por redes de inteligência artificial que mimetizam a estrutura dos neurónios (células) no cérebro humano. O resultado obtido foi uma voz robótica a recitar uma sequência de números.

Para testar a fiabilidade da gravação, a mesma equipa científica pediu aos doentes para que ouvissem o registo e relatassem o que tinham ouvido.

"O sintetizador e as redes neuronais de inteligência artificial interpretavam com uma exatidão impressionante os sons que os doentes tinham inicialmente ouvido", defendeu Nima Mesgarani, principal autor do estudo e investigador no Instituto Zuckerman da Universidade Columbia.

Num próximo passo, o seu grupo de trabalho pretende testar o sistema com palavras e frases mais complexas e pô-lo a traduzir para discurso verbal sintetizado sinais cerebrais emitidos quando uma pessoa está a pensar.

Páginas