Relatório revela
No Iémen, no Sudão do Sul, no Afeganistão, na República Democrática do Congo (RDC) e na República Centro-Africana, a...

A informação é veiculada pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) e o Programa Mundial de Alimentos (PMA) no seu último relatório aos membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas.

No mapa das maiores crises humanitárias do mundo, encontram-se a Somália, a Síria e a bacia do Lago Chade, especialmente no nordeste da Nigéria, embora ultimamente a sua situação alimentar tenha melhorado, em linha com uma maior segurança.

O especialista da FAO Luca Russo observa uma “mudança dramática” na República Democrática do Congo, onde a prevalência da fome disparou 11% num ano devido à intensificação dos confrontos no Leste e à crise de pessoas deslocadas no centro do país.

Cerca de 13 milhões de pessoas precisam de ajuda de emergência no país, escreve o Sapo, um número apenas superado pelo Iémen, com quase 16 milhões de pessoas, mais da metade da população, numa situação de crise alimentar.

“Há muitos iemenitas que estão realmente a morrer, mas não são o suficiente para se declarar fome”, afirma à Efe Luca Russo, adiantando que a operação humanitária no país tem servido como contenção, embora “seja muito difícil” chegar a certas zonas onde as pessoas não conseguem alimentar-se.

Segundo a ONU, espera-se que mais pessoas fiquem em risco de terem fome se a ajuda for interrompida, a guerra se intensificar e portos como o Al Hudeida, o principal ponto de entrada para ajuda e importação de alimentos, forem fechados.

O único desses países em conflito onde o clima está a agravar a seca é o Afeganistão, que enfrenta um complicado período de escassez depois de uma das piores épocas de chuva em quase dez anos, afirma o assessor da Rede de Sistemas de Alerta precoce para a Fome, Peter Thomas.

De acordo com projeções, mais de 10 milhões de afegãos sofrerão um défice alimentar crítico nas áreas rurais se não receberem ajuda urgente.

Enquanto isso, no Sudão do Sul, “o conflito espalhou-se à maior parte do território, mantêm-se altos níveis de deslocações e há muitas famílias com acesso restrito ao mercado” e sem poder cultivar os campos, disse Peter Thomas.

Onde também não foi possível evitar um aumento da fome foi na República Centro-Africana, onde esta situação atinge quase dois milhões de pessoas, a maioria deslocada em comunidades de acolhimento.

A República Centro-Africana, o Sudão do Sul e o Iémen estão na lista de dez países e regiões em que o centro de análise considera estarem em risco de uma escalada de violência e em que a União Europeia poderia promover ações para promover a paz, escreve a Efe.

Atualmente, há operações humanitárias massivas no mundo que abrangem milhões de pessoas todos os meses, mas, como diz Peter Thomas, em certos casos, “as necessidades aumentam quando a assistência não consegue chegar a quem mais necessita”.

Esta situação deve-se, em parte, a ataques contra os que fornecem esta ajuda. No ano passado, registaram-se 284 vítimas, das quais 104 perderam suas vidas, segundo a base de dados sobre a segurança dos trabalhadores humanitários.

Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição
O setor da distribuição arranca hoje com uma campanha para ajudar os portugueses a interpretar e distinguir as datas de...

Ou seja, o objetivo é ajudar o consumidor a interpretar e distinguir as diferentes indicações de datas de validade/durabilidade, ajudando-o a rentabilizar o consumo dos produtos alimentares e, acima de tudo, evitar o seu desperdício.

Assim, "em mais de 1.200" dos associados da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) - nos quais contam-se as cadeias Aldi, Continente, DIA, Minipreço, El Corte Inglés, Intermarché, Ikea, Jumbo/Pão de Açúcar, Lidl, Novo Horizonte e Pingo Doce - haverá informação sobre como ler os prazos de validade, em que no caso de certos produtos, há um prazo indicativo, mas após este expirar não significa que o mesmo não possa ser consumido.

O 'site' da APED, escreve o Sapo, também terá informação a esclarecer as diferenças entre "data limite de consumo" e "datas de durabilidade mínima", além de um conjunto de dicas para conservar os produtos, e explicação sobre quais os produtos sem validade ou produtos com indicação de aproximação de fim de prazo de validade.

"Vamos ter informação em 'mupis' e no 'site' da Câmara Municipal de Lisboa", adiantou Gonçalo Lobo Xavier, acrescentando que a campanha vai ser alargada "a outras grandes cidades do país".

"Segundo dados da União Europeia, estima-se que o retalho seja responsável por 5% do desperdício alimentar", sendo que a maior fatia advém do consumo doméstico, com um peso de 42%, acrescentou o diretor-geral da APED.

Daí a importância "em sensibilizar as pessoas para o combate ao desperdício alimentar, mas também de interpretação de datas de validade", acrescentou.

O diretor-geral da APED adiantou que as cadeias de retalho associadas "comprometeram-se a ter locais específicos nas suas lojas que facilitem a venda de produtos com prazo limite" e a reencaminharem produtos, cujo prazo já não permita comercializar, para IPSS - Instituições Particulares de Solidariedade Social e outras entidades que os consumo de imediato.

"Há produtos que estão a aproximar-se do fim de vida comercial, mas ainda estão em condições excelentes de consumo", sublinhou o responsável.

Entre estes produtos constam, por exemplo, bolachas ou conservas, entre outros.

"São produtos que têm segurança alimentar, mas do ponto de vista comercial" já não podem ser vendidos, disse, adiantando que o objetivo é combater o desperdício alimentar.

 

Alimentação
Nutritivos e saborosos, sem dúvida, os chamados "superalimentos" não são superiores a outros com qualidades idênticas...

O que é que os superalimentos têm? A dúvida é comum, mas a Associação Defesa do Consumidor (DECO) responde. "Uma riqueza nutricional admirável. Porém, esta, só por si, não funciona como um escudo contra todos os males, ao contrário do que a publicidade tem levado a acreditar", explica a associação.

Segundo a organização, escreve o Sapo, há alimentos mais baratos que reúnem benefícios idênticos e merecedores de iguais louvores. "Selecionámos oito alimentos em voga, desmistificamos as propriedades nutritivas e os efeitos na saúde com base na prova científica, e damos sugestões equivalentes, em geral, muito mais baratas. Mais do que procurar soluções milagrosas, o mais razoável é uma dieta variada que inclua cinco porções diárias de frutas e de legumes.

Ciência não reconhece o conceito de superalimento
Os ditos superalimentos acumulam atributos e poderes nutritivos especiais, segundo a sabedoria propagada por especialistas instantâneos nas redes sociais, na internet em geral e nalgumas publicações que se esmeram em títulos apelativos.

"Elaboram-se listas dos melhores superalimentos com intermináveis benefícios e todos, ou quase todos, os nutrientes necessários a uma saúde de ferro. São os antioxidantes, as vitaminas e os minerais. E outros tantos atributos. Não significa que a generalidade dos chamados superalimentos não seja saudável e recomendável ou que não contribua para a diversificação alimentar. Mas não são a solução milagrosa publicitada, nem justificam uma ingestão intensiva", alerta a DECO.

A ciência, medicina e lei concordam: o conceito de superalimento não tem definição.

"A designação é uma obra de puro marketing, que tem mais de lenda do que de realidade. E, à medida que os anos passam, os nomes debaixo do chapéu das qualidades extraordinárias vão sofrendo alterações. O conhecimento científico avança e a situação altera-se", comenta a DECO.

O óleo de coco, por exemplo, perdeu pontos quando se verificou que o elevado teor em gordura saturada aconselhava a moderação. E a popularidade nem sempre beneficia os povos nativos. A procura da quinoa, por exemplo, fez subir o preço, dificultando o acesso daqueles a um alimento de base.

Autoridades de saúde
A vacina contra o vírus do papiloma humano é "segura e indispensável para eliminar o cancro do colo do útero",...

"Os rumores infundados sobre as vacinas contra o vírus do papiloma humano (HPV) continuam a adiar ou a impedir de modo desnecessário o aumento da imunização, que é urgentemente necessário para a prevenção do cancro cervical", disse Elisabete Weiderpass, diretora do Centro Internacional de Investigação sobre o Cancro (CIIC) da Organização Mundial da Saúde (OMS).

De acordo com os dados do CIIC, em 2018 foram diagnosticados quase 570.000 novos casos de cancro do colo do útero em todo o mundo.

Mais de 300.000 mulheres morrem anualmente vítimas da doença, principalmente em países de baixo e médio rendimento, escreve o Sapo.

"Este é o quarto tipo de cancro mais comum entre as mulheres", recordou o CIIC. A organização calcula que se a prevenção não aumentar, a doença pode provocar 460.000 mortes por ano até 2040.

A médica especialista da Organização Pan-Americana da Saúde (OPS) Lúcia Helena de Oliveira diz que, se for alcançada uma taxa de 80% da vacinação contra o vírus do papiloma humano (HPV), o cancro do colo do útero será eliminado em 10 ou 15 anos. Por isso, Lúcia Helena de Oliveira afirma que para eliminar este tipo de cancro nos próximos anos é necessário chegar a 80% da vacinação das meninas e adolescentes.

A especialista elogia a vacina contra o HPV ao considerá-la "eficaz e segura" e afirmou que deveria ser aplicada em meninas entre os 9 e os 14 anos, idade na qual, em média, se inicia a atividade sexual.

Em Portugal
Em Portugal, o cancro no útero é o mais comum, considerando os tumores do sistema reprodutor feminino; representa cerca de 6% de todos os cancros nas mulheres.

Todos os anos são diagnosticados cerca de mil novos casos de cancro do colo do útero em Portugal, sendo o país da Europa Ocidental com a taxa de incidência mais elevada deste tipo de cancro. Nas últimas décadas, o número de casos de cancro do colo do útero diagnosticados anualmente tem vindo a diminuir, sobretudo pela sensibilização da importância do rastreio.

A importância de não esperar por sintomas
As alterações pré-cancerígenas e os cancros precoces do colo do útero não tendem a provocador ou outros sintomas. É importante não esperar até surgirem dores para consultar o médico. Quando a doença se agrava, a mulher pode apresentar um ou mais dos seguintes sintomas:

- Hemorragia vaginal anormal: entre períodos menstruais regulares; após relação sexual; períodos menstruais mais prolongados; hemorragias após menopausa;

- Aumento do corrimento vaginal;

- Dor pélvica;

- Dor durante as relações sexuais.

Porém, estes sintomas podem também dever-se a infeções ou outros problemas de saúde e só o médico está habilitado a fazer esta avaliação.

As mulheres que tenham algum destes sintomas devem informar o médico, para que seja possível diagnosticar e tratar atempadamente eventuais problemas.

Especialistas esclarecem
Cientistas admitem que quem sofre de depressão pode ver os sintomas agravarem-se mas, para a generalidade das mulheres, os...

Perto de completar 60 anos de história, a pílula anticoncecional ainda está envolta em muitos mitos e dúvidas. Recentemente, o Instituto Federal de Medicamentos e Dispositivos Médicos (BfArM), na Alemanha, emitiu uma ordem para que as empresas farmacêuticas incluam a depressão como efeito secundário da pílula. A discussão já não é nova, mas as especialistas contactadas pelo Diário de Notícias consideram que não há razões para alarme.

A notícia foi avançada pelo ABC, que cita um porta-voz do BfArM. "As mudança de humor, a depressão e os pensamentos suicidas" devem, segundo este organismo, ser incluídas na lista de possíveis consequências dos contracetivos hormonais. Além das alterações nas bulas, serão realizadas campanhas de informação para dar a conhecer estes potenciais efeitos da pílula.

Na carta, o BfArM apela aos médicos e farmacêuticos que informem as mulheres sobre as consequências destes contracetivos, e aconselha as consumidores a consultarem imediatamente o médico, se sentirem "os mínimos sintomas de alteração de humor ou de depressão".

Na base da decisão estará um estudo dinamarquês, feito com quase meio milhão de mulheres com mais de 15 anos, que em associou a toma da pílula a um maior risco de depressão e tentativas de suicídio. De acordo com o mesmo, o risco de suicídio é maior nas jovens que tomam a pílula entre os 15 e os 19 anos.

Contudo, nenhuma pesquisa feita até ao momento estabeleceu uma relação de causa efeito entre a pílula e a depressão. "No estudo em causa, o diagnóstico de depressão é feito com base na toma de antidepressivos e/ou de internamento. Sabemos que a depressão é multifactorial e vai muito além destes dois critérios", diz ao Diário de Notícias Teresa Bombas, membro da direção da Sociedade Portuguesa de Contraceção (SPC).

Segundo a especialista em ginecologia e obstetrícia, "o que sabemos atualmente é que as mulheres com antecedentes de depressão ou com instabilidade de humor podem ter um agravamento do seu perfil emocional com o uso dos contracetivos hormonais, independentemente de serem combinados ou só com um progestativo", mas isso "não modifica as recomendações do uso da contraceção hormonal".

Quem está bem assim deve ficar
Lembrado que a escolha de um contracetivo deve ser aconselhada por um profissional de saúde, Teresa Bombas sublinha que "as utilizadoras de contraceção hormonal que estão bem não devem ter receio e podem com segurança continuar o seu contracetivo". Para a generalidade das mulheres, não existe qualquer risco, mas se a mulher que inicia um contracetivo hormonal se deparar com sintomas que lhe foram explicados como sendo normais e transitórios, deve consultar o seu médico.

Quem tem depressão, refere a especialista, "não precisa de modificar o seu contracetivo, se estiver estável com ele, exceto as pessoas que com ou sem o efeito da medicação, sentem um agravamento da doença, ou seja, que começam a desencadear sintomas depressivos com o início da contraceção hormonal".

Contactada pelo Diário de Notícias para comentar a circular do BfArM, a ginecologista e obstetra Marcela Forjaz foi consultar as bulas de algumas pílulas. "Tive a oportunidade de reparar que aparece descrito nos efeitos secundários e com uma incidência considerada "frequente" ( 1 em cada 10) as alterações do humor e como "pouco frequente" (1 em cada 100) a depressão; outras referem logo na faixa dos "frequentes" humor deprimido ou alterado. Não é, assim, novidade, e todos sabemos que a concentração de hormonas, a sua proporção relativa e as suas variações têm impacto no humor da mulher", refere.

Não ficou impressionada com a obrigatoriedade de expressar a depressão como efeito secundário, na Alemanha, mas, ressalva, não é o facto de passar a constar na bulas em que ainda não aparece que irá alterar os seus hábitos de prescrição.

"Qualquer reação que se tenha com um fármaco deverá ser reportada e, quando se atinge um determinado número de referências ao mesmo efeito, terá de constar da lista de efeitos secundários de um medicamento. Há tantos casos de depressão (em Portugal 30% das mulheres tem ou teve depressão e certamente muitas delas fazem ou fizeram contraceção hormonal) que difícil seria não ter de a indicar como possível efeito secundário", refere Marcela Forjaz. A especialista lembra que "a farmacovigilância inclui a participação dos consumidores e a sua comunicação de efeitos secundários, pois só ao fim de alguns anos de utilização acabarão por ser conhecidos todos ou quase todos esses efeitos".

Teresa Bombas sublinha que os "sintomas de tristeza em relação a acontecimentos negativos da vida são normais em pessoas saudáveis e não são necessariamente sinais de depressão. As mulheres em idade reprodutiva passam por fases de acontecimentos negativos (profissionais e pessoais), de instabilidade do humor (gravidez e pós-parto) que fazem parte da vida e requerem energia individual e um exercício de adaptação que pode ser mais ou menos bem-sucedido e que também é normal". No entanto, adverte, isto "é diferente dos sintomas depressivos, com comportamentos suicidas".

4 de fevereiro - Dia Mundial do Cancro
O IPO Lisboa lança hoje um novo portal de internet que pretende dar resposta a necessidades identificadas pelos doentes e pelo...

Na data em que se assinala o Dia Mundial da Luta contra o Cancro, o Instituto Português de Oncologia de Lisboa lança “uma identidade visual renovada, uma nova assinatura, um novo portal de internet”, mantendo “a mesma cultura de serviço público e os mesmos valores de sempre”, afirma o IPO em comunicado.

O novo portal, desenvolvido em torno da missão do IPO de cuidados, investigação e ensino, “procura dar resposta a necessidades identificadas pelos doentes e pelo público e reforçar a ligação a outras unidades de saúde, a centros de investigação e ao tecido social e empresarial”, sublinha o instituto.

O IPO Lisboa lança também um novo logótipo, concebido no âmbito de um projeto de modernização da imagem do instituto.

O novo logótipo “reafirma a história, a personalidade, o conhecimento e o humanismo do Instituto, reflete a luta contra o cancro e os valores do fundador, o professor Francisco Gentil”, adianta.

O novo website, já com a aplicação do novo símbolo da marca “IPO Lisboa Francisco Gentil”, tem “um design moderno e atrativo, uma ergonomia fluida e intuitiva”, segundo a descrição do IPO, e pode ser acedido no mesmo endereço: www.ipolisboa.min-saude.pt.

No portal, os utentes encontram “informação credível na área da oncologia”, o acesso ao IPO e o percurso dos doentes, do diagnóstico ao tratamento e cuidados de suporte, os projetos de investigação em curso, as iniciativas na área da formação, os projetos e as parcerias com a sociedade civil, entre outros conteúdos.

Programado em modo ‘responsive’, todos os conteúdos estão acessíveis em telemóveis, 'tablets', computadores portáteis e podem ser partilhados no Facebook, Twitter, LinkedIn e Youtube, redes sociais integradas no novo site do IPO Lisboa.

“Concebido no âmbito da renovação em curso no IPO Lisboa, o novo site de internet será brevemente a via de acesso a uma nova funcionalidade ainda em desenvolvimento e que permitirá aos doentes obter informação sobre consultas e exames marcados, relatórios médicos, declarações de presença, entre outros documentos”, adianta o comunicado.

A nova imagem do IPO será divulgada esta semana em ‘mupis’ espalhados por Lisboa, em espaços cedidos pela autarquia.

A nova identidade visual do IPO e o novo portal de internet são projetos que decorrem dos investimentos em curso na modernização administrativa e tecnológica e do Plano Estratégico do Instituto para o triénio 2018-2020, que tem como um dos seus objetivos estratégicos o reforço da marca “IPO”, afirma o instituto.

Em 2017, o IPO Lisboa realizou mais de 260 mil consultas, das quais 47.500 foram consultas de primeira vez, 7.000 cirurgias (2.000 feitas em ambulatório) e fez 100 transplantes de medula (um terço em crianças).

Em Portugal, a prevalência do cancro está a aumentar e o número de doentes em tratamento no IPO também. Em 2017 foram assistidos mais de 11.000 novos doentes e, por ano, o instituto acompanha mais de 57.000 pacientes.

Quanto ao cancro pediátrico, o IPO recebe cerca de 195 novos casos por ano e tem 400 em tratamento.

No Porto
O Instituto de Investigação e Inovação em Saúde e o Centro Hospitalar São João, no Porto, estão a desenvolver um projeto que...

“Esta é uma área que carece de avanços e de alternativas terapêuticas. As terapias são limitadas, e aquelas que estão agora a ser desenvolvidas e que poderão vir a ser aplicadas precisam da procura de biomarcadores moleculares [alterações específicas das células tumorais]”, explicou à Lusa Jorge Lima, investigador do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S), a propósito do Dia Mundial da Luta Contra o Cancro, que se celebra hoje.

O projeto, denominado “Implementação de biomarcadores moleculares para medicina de precisão em doentes com tumores cerebrais pediátricos”, iniciou-se há cerca de dois anos, no seguimento de uma doação por parte de um casal português que perdeu o filho devido a um cancro.

“O casal angariou dinheiro para o tratamento da criança, mas infelizmente não chegou a ser utilizado porque a criança faleceu. Mas, eles não o queriam e decidiram aplicá-lo em algo que fosse útil para outras crianças”, disse.

Assim, em colaboração com profissionais do Hospital de São João, os investigadores começaram a procurar biomarcadores moleculares que permitissem a aplicação de “imunoterapia direcionada”.

“O sucesso destas terapias dirigidas está intimamente relacionado com os biomarcadores moleculares encontrados. Portanto, temos de pesquisar no tecido tumoral a existência destas alterações de modo a dizermos que terapia pode ser aplicada a determinado biomarcador”, esclareceu Jorge Lima.

O projeto, que em julho de 2018 foi distinguido com a Bolsa de Investigação Médica Lions - Núcleo Regional do Norte da LPCC na Área do Cancro Pediátrico, envolve para já 40 crianças e adolescentes, das quais cinco já estão a ser tratadas com recurso às terapias dirigidas.

De acordo com Maria João Gil da Costa, oncologista pediátrica do Centro Hospitalar S. João e interlocutora clínica daquela unidade hospitalar no projeto, uma vez que é difícil que os “laboratórios farmacêuticos invistam em ‘drogas’ para os cancros pediátricos, dado o número escasso de doentes”, todo este processo requer "muita atenção" às alterações e fármacos encontrados para os cancros dos adultos.

“Por exemplo, o caso o melanoma. Vimos que em alguns tumores das crianças também estava presente esta mutação, portanto, estamos a utilizar a terapêutica que se utiliza nos melanomas para os adultos nas crianças que também tem essa mutação”, esclareceu a médica.

Maria João Gil da Costa adiantou que este é “um mundo ainda muito incerto”, apesar de ser uma aposta de tratamento que está a ser feita a nível internacional.

“Estamos longe de saber quanto tempo temos de manter o tratamento, porque é que é efetivo nuns tumores e não em outros, o que acontece quando pararmos ou como controlar os efeitos colaterais do mesmo”, acrescentou.

Governo
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, promulgou ontem o diploma do Governo que estabelece o regime remuneratório...

Segundo uma nota divulgada no `site´ da Presidência da República, o diploma ontem promulgado define ainda as regras de transição dos trabalhadores para aquela carreira.

A mesma nota dá conta da promulgação de um outro diploma do Governo, que “regulamenta a competência, composição e funcionamento da Comissão Nacional de Revisão da Lista das Doenças Profissionais”.

O diploma que estabelece o regime remuneratório da carreira de técnico superior de diagnóstico e terapêutica foi aprovado em Conselho de Ministros no passado dia 24 de janeiro, suscitando a contestação dos trabalhadores deste setor.

O comunicado divulgado na altura pelo Governo referia que o diploma “determina o número de posições remuneratórias daquela carreira e identifica os respetivos níveis da tabela remuneratória única”.

No mesmo dia, o Sindicato dos Técnicos Superiores de Diagnóstico e Terapêutica (STDT) manifestou indignação pela aprovação do diploma “sem acordo dos sindicatos” e avisou que irá promover novas ações de luta e greves.

No passado dia 28, a estrutura sindical decidiu em plenário convocar uma manifestação em fevereiro para protestar contra o diploma, argumentado que as novas regras colocam “90% dos trabalhadores na base da carreira”.

“Uma pessoa que comece a trabalhar no dia 01 de janeiro fica na mesma posição salarial que alguém que trabalha há 20 anos”, disse o dirigente sindical Fernando Zorro, adiantando que num universo entre oito a nove mil profissionais “apenas 257 ficam numa posição intermédia e ninguém fica numa posição de topo”.

Na mesma altura, aquele sindicado anunciou que iria pedir a intervenção do Presidente da República, por o diploma conter aspetos inconstitucionais, e manifestou a expectativa de que Marcelo Rebelo de Sousa vetasse o diploma ou aconselhasse "o Governo a voltar às negociações com os sindicatos”.

24 farmácias
O Infarmed recebeu um abaixo-assinado de 24 farmácias a pedir a sua intervenção para pôr fim “à generalizada escassez de...

No abaixo-assinado com o título “Pelo acesso aos medicamentos, pela garantia da saúde dos portugueses", divulgado ontem pelo Correio da Manhã, as farmácias pedem à Autoridade Nacional do Medicamento (Infarmed) para que “reforce e adote todas as medidas que ponham termo à situação atual de degradação do sistema de distribuição e à generalizada escassez de medicamentos que se observa nas farmácias”.

Numa resposta, o Infarmed diz que foi enviado um pedido de informação a todas as farmácias que assinaram o documento “a fim de permitir averiguar a situação relatada”, mas que ainda não recebeu qualquer resposta.

“A todas estas farmácias enviámos prontamente um pedido de informação” a solicitar, “com a maior brevidade possível”, informações sobre os distribuidores que não estão a cumprir o dever de fornecimento e acerca dos medicamentos que a farmácia tem dificuldade em adquirir para satisfazer as necessidades dos utentes.

A Autoridade Nacional do Medicamento pediu ainda às farmácias que enviem “faturas de dezembro e janeiro até à data atual que documentem a dificuldade de acesso relatada (com indicação do medicamento, datas e fornecedor)” e “outras provas documentais que considerem convenientes para documentar a ocorrência relatada”.

As farmácias manifestam no documento “preocupação em relação à escassez de medicamentos” no mercado, afirmando que “dificulta o acesso dos utentes e coloca em causa cuidados de saúde e a qualidade de vida de todos os portugueses”.

“Diariamente são numerosos e reiterados os pedidos de fornecimento que não são satisfeitos ou, quando o são, a satisfação dos mesmos é feita de forma rateada, claramente insuficiente para suprir a carência que se verifica", lê-se no documento citado pelo jornal.

Noutros casos, sustenta, “o fornecimento é assegurado apenas vários dias após pedidos terem sido solicitados”.

Um relatório do observatório do Centro de Estudos e Avaliação em Saúde da Associação Nacional de Farmácias (ANF) divulgado recentemente indicava que, em 2018, 64,1 milhões de embalagens de medicamentos não puderam ser dispensadas no momento em que as pessoas as tentaram adquirir nas farmácias, o número mais elevado desde que o fenómeno começou a ser monitorizado em 2014.

Num comunicado divulgado na quarta-feira, o Infarmed adianta que recebeu, no ano passado, 435 contactos de utentes a reportar esta situação, o que representa uma ligeira descida face a 2017 (455 contactos) e a 2016 (489).

Observa ainda que “alguns destes contactos se referiam a faltas pontuais de medicamentos genéricos ou de marca, mas com alternativa terapêutica no mercado nacional”.

Durante o ano de 2018 foram ainda realizadas 248 inspeções a farmácias e 150 inspeções a distribuidores por grosso de medicamentos, salienta a autoridade do medicamento.

“Apesar de em todas estas ações inspetivas se verificar a existência de questões relacionadas com faltas de medicamentos, não foi identificada nenhuma situação de especial relevo relativamente a anos anteriores”, sublinha.

Ainda sobre a questão de indisponibilidade do medicamento, o Infarmed explica que foram identificadas duas questões que estão na origem desta situação.

Uma questão “temporária” em que está prevista a reposição, embora nem sempre com data concreta identificada, por “falta (indisponibilidade comunicada pelo distribuidor por grosso ou locais de dispensa)” e “rutura (indisponibilidade notificada pelo Titular da Autorização de Introdução no Mercado”.

A outra questão é “permanente” devido à “cessação de comercialização, que se traduz na não disponibilização no mercado nacional”, por decisão Titular da Autorização de Introdução no Mercado.

Prevenção pode reduzir para metade a mortalidade
O cancro do pulmão é, atualmente, a primeira causa de morte por cancro nos homens em Portugal, e a t

Apesar dos progressos conseguidos no seu tratamento, os ganhos verificados na sobrevida da maioria dos doentes, cinco anos após o diagnóstico, são escassos. Nos Estados Unidos a taxa de sobrevida global aos cinco anos passou de 13 por cento em 1975 para cerca de 18 por cento em 2018. O prognóstico depende do estádio de evolução da doença na data em que é iniciado o tratamento e a maioria dos diagnósticos são obtidos em fases avançadas da doença. Nestes casos a taxa de sobrevida aos cinco anos varia entre os zero e os 36 por cento. Contudo, os doentes diagnosticados durante o primeiro estádio clínico da doença têm uma probabilidade de mais de 90 por cento de estarem vivos passados esses cinco anos.

Podemos concluir, pelos números acima referidos, que se trata duma doença com um peso social e económico muito significativo, com sérias repercussões na vida das pessoas e das famílias afetadas e na sociedade em geral, uma vez que as suas consequências, o tratamento e todo o apoio de que necessitam os doentes com cancro do pulmão se repercutem, de diferentes formas e intensidades, a todos estes níveis.

Será que podemos alterar este cenário?

O conhecimento atual sobre as causas do cancro do pulmão, as capacidades disponíveis para o seu tratamento conforme o estádio da doença ao diagnóstico e as possibilidades existentes de realizarmos diagnósticos em estádios mais precoces permitem-nos afirmar que podemos alterar muito o cenário atual e que não estamos, de facto, a orientar os esforços no combate à doença na direção certa. É necessário investir muito mais em duas áreas fundamentais: na prevenção e no diagnóstico precoce do cancro do pulmão. Podemos parar o cancro do pulmão antes de ele aparecer e, quando isso não for possível, temos de o diagnosticar antes de adquirir dimensões que impeçam a sua cura.

Mais de 80 por cento dos doentes com cancro do pulmão são fumadores ou ex-fumadores. O hábito de fumar e a exposição ao fumo ambiental é o principal fator de risco associado ao desenvolvimento de cancro no pulmão e este risco pode ser significativamente diminuído pela mudança de hábitos. A doença pode ser evitada numa enorme parcela dos casos com a redução do consumo ou da exposição ao tabaco. Em Portugal cerca de dois milhões de pessoas são fumadoras (perto de 1.33 milhões são homens e 680 mil são mulheres).

Existem ainda outros fatores de risco conhecidos que devem ser objeto de medidas de controlo específico: poluição atmosférica (fumos de escape diesel); exposição profissional (asbestos, pó de madeiras, vapores de soldagem, arsénico e metais industriais como o Berílio e o Crómio) e a poluição indoor (rádon e fumo do carvão).

Não sendo possível eliminar todo o risco, vai continuar a existir cancro do pulmão, e por isso temos que chegar ao diagnóstico da doença antes que esta se manifeste através dos sintomas, porque a identificação da doença em fase precoce aumenta muito a probabilidade de cura.

A tomografia computorizada torácica de baixa dose de radiação é o único teste de rastreio de cancro do pulmão que permite diminuir a probabilidade de morte por cancro do pulmão numa população com alto risco de desenvolver a doença. Este deverá ser realizado em centros capazes de identificar doentes com alto risco e com capacidade para diagnosticar e tratar o cancro do pulmão. Portugal tem condições para montar um programa de rastreio de cancro do pulmão com cobertura nacional e deve fazê-lo.

Se conseguirmos ser eficazes na prevenção e montar esse mesmo programa de rastreio com capacidade para rastrear todas as pessoas com alto risco de cancro do pulmão, poderemos reduzir a mortalidade por esta doença em cerca de 50 por cento em 15 anos. Isto significa que em 15 anos menos cerca de 3.000 doentes vão morrer por ano por cancro do pulmão.

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As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
“Reagir”
O Centro Hospitalar de Leiria vai dinamizar mais uma edição da iniciativa “Reagir”, que pretende desmistificar a palavra cancro...

“A palavra cancro ainda incute medo. Tentamos desmistificar em cada vinda e vai-se conseguindo aliviar um pouco a pressão psicológica que a palavra em si causa. Daí a iniciativa ‘Reagir’, para tentar aliviar esse peso”, adiantou a enfermeira Fátima Rolo, que está no hospital de dia do Hospital de Santo André (HSA) há 16 anos.

Alcina Ponte, diretora do Hospital de Dia, onde, entre outros tratamentos, são realizadas sessões de quimioterapia, acrescentou que “quanto mais se conviver com a realidade e se chamar a palavra pelo seu nome, mais fácil será enfrentar o cancro”.

“Não conseguimos ultrapassar, se não lidarmos com a palavra”, reforçou.

À semelhança do que sucedeu em 2018, o Centro Hospitalar de Leiria (CHL) vai assinalar o Dia Mundial de Luta Contra o Cancro com a iniciativa “Reagir”, cuja primeira ação está agendada para o dia de hoje.

Pelas 12:00, no auditório do Hospital de Santo André, o CHL organiza a conferência “Conviver com o cancro”, destinada a profissionais, doentes e as suas famílias, e que tem como oradoras a diretora do Serviço de Oncologia Médica do IPO de Coimbra, Gabriela Sousa, e a membro da direção clínica da Unidade de Cuidados Continuados da Batalha Ângela Coelho.

“Habitualmente, já assinalávamos o dia 04 de fevereiro com algumas atividades organizadas pela equipa que aqui trabalha. Procurávamos dar um dia diferente. No ano passado, surgiu a ideia de extrapolar para o exterior e mostrar à comunidade aquilo que também se faz cá dentro, com dois objetivos: sensibilizar para o tema do cancro e para a prevenção, e dizer o que fazemos, como diagnosticamos, como tratamos, como acompanhamos”, explicou Alcina Ponte.

Com o mote “As Artes de Leiria na Luta ao Cancro”, este projeto convida todos os leirienses a participar em ações de sensibilização para a prevenção e deteção precoce do cancro, informando, alertando e mostrando que há vida para além desta doença.

Além da conferência, está prevista uma caminhada no dia 10, com concentração no Largo de Papa, às 09:30, e uma corrida/caminhada, no dia 13, que integra as Brisas do Lis Night Run, pelas 21:30. A concentração é na Praça Rodrigues Lobo e o percurso tem passagem pelo Hospital de Santo André.

Já no dia 16, realiza-se a “Gala Reagir 2019”, um espetáculo solidário que decorrerá no Teatro José Lúcio da Silva, pelas 21:30, com a participação de artistas leirienses de várias áreas, como a dança, a música e o teatro.

O preço dos bilhetes reverte para o hospital de dia.

No Hospital de Dia do HSA realizam-se tratamentos de quimioterapia e “outros que estejam relacionados com o cancro”, explicou Alcina Ponte.

A médica informa que, neste serviço, uma equipa de quatro oncologistas, dez enfermeiros, uma psicóloga, uma nutricionista, duas assistentes operacionais e uma assistente técnica procuram “humanizar” ao máximo o acompanhamento dos utentes.

“Procuramos que toda a equipa esteja disponível para ouvir, para que o doente saiba que está sempre aqui alguém para os escutar e que os compreende. Isso dá confiança. Toda a equipa está sensibilizada para humanizar e orgulho-me bastante desta equipa”, destacou Alcina Ponte.

O Hospital de Dia do HSA é centro referência nacional dos cancros do cólon e biliopancreático e acompanha também os tumores mais frequentes em Portugal: pulmão, próstata, mama, bexiga e aparelho digestivo.

Diariamente, passam, no Hospital de Dia, uma média “entre 40 a 50 doentes” e realizam-se “cerca de nove mil sessões por ano”, informou ainda Fátima Rolo.

Oncologia
O IPO-Porto anunciou ontem a criação da Provedoria do Doente, que será um órgão consultivo, designado por três anos, com...

O presidente do IPO-Porto, Laranja Pontes, explicou que a proposta, inédita na área da oncologia, quer “incluir ainda mais o doente no processo de organização e decisão dos cuidados de saúde e garantir aos mesmos uma entidade idónea e isenta a quem se possam dirigir com as suas sugestões, anseios e oportunidades de melhoria”.

Para concretizar este projeto, o IPO-Porto convida os seus doentes a apresentarem as candidaturas, com carta de motivação e elementos curriculares, a partir de hoje e até dia 28.

“Embora faça parte do Plano Estratégico 2019/2021 do IPO-Porto, a criação deste órgão consultivo que manterá uma ligação direta e estruturada com o universo do doente, é mais uma etapa no caminho que temos procurado traçar para ir ao encontro das necessidades e dos anseios dos nossos doentes”, sublinhou Laranja Pontes.

Acrescentou que o lema do hospital é “As pessoas como força da mudança”, considerando que “só trabalhando como um todo se consegue mais humanização e mais qualidade nos cuidados de saúde. Pretende-se, acima de tudo, fortalecer a relação com o doente”.

A Provedoria do Doente será um órgão consultivo, designado por três anos, com uma dinâmica própria e que se pretende que tenha impacto nas decisões que impliquem alterações na organização dos cuidados de saúde ao doente no hospital.

Esta medida foi anunciada no âmbito do Dia Mundial da Luta Contra o Cancro, que se assinala hoje.

4 de fevereiro - Dia Mundial do Cancro
O diretor do Programa Nacional para as Doenças Oncológicas alertou que chegam aos serviços casos cada vez “mais complicados”,...

“Temos doentes mais velhos”, com várias doenças, “mais dependentes”, o que leva a uma maior necessidade de médicos e sobretudo de enfermeiros porque estas pessoas vão ter necessidade de um cuidado mais direto, disse Nuno Miranda em entrevista a propósito do Dia Mundial do Cancro, que se assinala hoje.

“Havia doentes com os quais tínhamos uma abordagem meramente paliativa, às vezes pela idade ou por outra patologia existente. Hoje em dia temos tratamentos compatíveis de realizar em pessoas muito mais complicadas, mais difíceis”, explicou, sublinhando que estas situações implicam ter mais profissionais de saúde.

Outro dos problemas apontados pelo oncologista prende-se com o lado social dos doentes. “É cada vez mais frequente depararmo-nos com pessoas que vivem isoladas, com poucos apoios sociais, sendo esse um desafio para o qual nós temos particularmente poucas armas e temos pouca capacidade de resposta”.

Nuno Miranda defendeu que é preciso pensar nestes doentes que ora são oriundos de “famílias mais pequenas” ou estão mesmo sozinhos.

O oncologista lembra que mesmo que apareçam “comprimidos milagrosos” será sempre preciso garantir que haja quem olhe por estas pessoas: “Daqui a uns anos, se calhar vai ser mais complicado assegurar que a pessoa tem uma refeição e que a vai comer ou que tem alguém que lha dê em casa” do que ter um tratamento.

O aumento da sobrevivência também faz com que haja mais pessoas sozinhas, uma situação agravada com a emigração durante os anos da crise em que “saíram pessoas já com alguma idade e que muitas vezes faziam o apoio de parte desta população mais velha”.

Mas este “não é um problema da oncologia, é um problema da sociedade e de toda a medicina”.

Para responder a estas situações, é necessária uma “maior capacidade para resposta em ambulatório e ao domicílio” e, eventualmente, poderá haver nos próximos anos “evoluções significativas com tecnologias do tipo da inteligência artificial”.

Questionado sobre a saída de profissionais do Serviço Nacional de Saúde (SNS), o especialista afirmou que é um problema que se “gere com dificuldade e muito empenhamento de cada uma das pessoas”.

“O problema vai-se avolumando e não imagino que vá diminuir”, disse, sublinhando que a necessidade destes profissionais vai ser cada vez maior para responder às necessidades dos doentes.

“Hoje em dia há uma necessidade de informação por parte do doente muito maior do que acontecia há dez anos. Temos que ser mais capazes de dar informação adequada aos doentes sobre a doença e os tratamentos que estão a fazer e isso é importante mesmo na adesão dos doentes ao tratamento e a monitorizar efeitos secundários, etc”, sustentou.

Na entrevista, Nuno Miranda falou também sobre os medicamentos inovadores, sublinhando que representam “uma grande despesa” para o SNS, tendo sido o aumento anual superior a 10% nos últimos anos.

O especialista diz que por brincadeira os medicamentos distinguem-se entre os que são inovação e os que são novidade e é necessária “muita investigação científica para distinguir o trigo do joio”.

“Há muitas vezes pressa em colocar alguns medicamentos no mercado que são pouco estudados e, algumas vezes, a prática clínica tem vindo a demonstrar-nos que as promessas que estes medicamentos tinham afinal não são tão reais assim, ou que a toxicidade que tinham é maior daquela que estávamos à espera”, frisou.

Mas, para isso, existem as autoridades regulamentares, as comissões de farmácia de cada hospital e os profissionais que “têm a obrigação de ter uma visão crítica em relação a estes medicamentos e não embarcar ou não aceitar como verdade absoluta aquilo que vem, muitas vezes, de estudos incompletos”.

“Começou-se a espalhar quase um mito de que existe um medicamento para cada doença, não é verdade, há muita coisa que não sabemos tratar, e as pessoas têm que perceber isto”, disse.

Mas com “todas as notícias, todas as curas milagrosas que são anunciadas, as pessoas ficam a pensar” que há medicamentos que lhes estão a esconder’”.

“Existe quase uma teoria da conspiração, que haverá medicamentos” que não estão a ser fornecidos, mas isso não é verdade.

“Portugal não tem atraso em relação a esse tipo de medicamentos, porque mesmo quando ainda não estão aprovados legalmente, existem formas de acesso mais precoce, que têm permitido que os nossos doentes tenham tido acesso a este tipo de medicamentos”, frisou.

Cancro do pulmão
O diretor do Programa Nacional para as Doenças Oncológicas, Nuno Miranda, defendeu ontem que a legislação do tabaco devia ser ...

“Precisamos de encarar o tabaco como um inimigo”, afirmou Nuno Miranda em entrevista, a propósito do Dia Mundial do Cancro, que se assinala hoje.

Apesar dos locais de proibição terem vindo a aumentar e se ter conseguido “controlar de alguma maneira o consumo de tabaco”, a “legislação vai ter que evoluir no sentido de ser mais restritiva”.

“É este o caminho que os outros países têm seguido e têm tido sucesso no controlo do tabagismo e será esse o caminho que, com certeza, nós iremos ter de seguir”, disse o médico oncologista.

Para Nuno Miranda, “o consumo em público devia ser mais restrito”, dando como exemplo os parques públicos: “Tenho dúvidas que deva ser permitido o consumo de tabaco” nestes locais”.

Defendeu ainda que deviam acabar os espaços para fumadores, porque “não há maneira de assegurar as boas condições de trabalho a quem lá trabalha”.

Questionado se defende a proibição de fumar, afirmou que não: “Tudo aquilo que a história nos diz é que as formas de proibição fosse do álcool, das drogas, tem um efeito nulo no controlo do consumo, até pode inclusive aumentá-lo e levar à existência de circuitos paralelos que lucram com isso e espalham o consumo”.

No seu entender, a prevenção “é a melhor arma” para combater o cancro, realçando a importância de reduzir o consumo do tabaco, “a causa evitável mais simples” e que é “responsável por uma maior mortalidade” em termos desta doença.

O oncologista manifestou particular preocupação com o consumo de tabaco nos jovens e nas mulheres, sublinhando que está a acabar a assimetria de género em relação ao cancro do pulmão.

“Hoje em dia a mortalidade em termos de cancro do pulmão é de três mil homens para mil mulheres por ano, mas essa assimetria está a diminuir” pelo aumento do consumo de tabaco nas mulheres.

Para combater esta situação, tem de mudar a atitude da sociedade, em temos culturais, em relação ao tabaco.

“Temos que olhar para esta praga que é o tabagismo de uma forma diferente”, “não podemos continuar a considerar o tabaco como uma coisa normal, é tão simples como isto”, defendeu.

No caso dos jovens, não se pode ter “meramente uma atitude moralista ou só informadora”, é preciso “ter mais do que do que isso e mais do que isso é mudar o comportamento cultural”.

“Nós não podemos pensar que um pai ou uma mãe que fuma tem alguma autoridade moral para dizer ao filho para não fumar, porque a autoridade moral é zero”, vincou.

Nuno Miranda observou ainda o “aumento significativo” da mortalidade por cancro nos Açores.

Analisando a situação do cancro em Portugal verifica-se que em “todo o território” apenas os Açores registaram “um aumento significativo da mortalidade por cancro”, que está associada ao aumento do consumo de tabaco nesta região.

“Uma causa evitável é a razão da maior assimetria a nível nacional em termos de mortalidade por cancro”, lamentou.

Traçando um retrato da situação da doença em Portugal, Nuno Miranda disse que é semelhante à dos restantes países europeus.

“Temos até uma mortalidade mais baixa do que a maioria dos países europeus com taxas de sobrevivência mais altas e isso deve-se” a um menor consumo de tabaco e ao “sistema que tem respondido às necessidades” e aos “bons profissionais que prestam os melhores cuidados aos doentes”.

Por outro lado, o cancro tem vindo a aumentar e vai continuar a aumentar fruto do envelhecimento da população e das alterações de estilo de vida.

“Temos mais obesidade, mais sedentarismo, as mulheres têm o primeiro filho cada vez mais tarde, temos uma exposição excessiva à radiação solar”, apontou.

Segundo estimativas da Agência Internacional para a Investigação do Cancro, da Organização Mundial de Saúde, o número de novos casos de cancro em Portugal ultrapassará este ano os 58 mil, com as mortes por doença oncológica a ascenderem a quase 29 mil.

Os dados adiantam que um quarto da população portuguesa está em risco de desenvolver cancro até aos 75 anos e 10% correm risco de morrer de doença oncológica.

Estudo
Um grupo de investigadores portugueses identificou um mecanismo que leva a um comportamento mais agressivo das células tumorais...

O estudo desenvolvido pelos Investigadores do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S), denominado ‘O-glycans truncation modulates gastric cancer cell signaling and transcription leading to a more agressive phenotype’ e recentemente publicado na revista EBioMedicine, teve como principal objetivo “compreender o efeito das alterações dos glicanos [estruturas de hidratos de carbono complexas] no cancro”.

“Estas alterações dos glicanos eram conhecidas por ocorrer nas células tumorais, mas a razão desta expressão aberrante nos tumores e o papel funcional destas alterações não eram compreendidas”, contou à Lusa, Celso Reis, líder do grupo ‘Glycobiology in Cancer’ do i3S/Ipatimup e responsável pelo estudo.

Segundo o investigador, os resultados obtidos permitiram assim identificar que o “mecanismo molecular” pode induzir as células tumorais a “serem mais agressivas, causando a progressão da doença e influenciado o prognóstico clínico dos doentes”.

“Percebemos que de facto, esta alteração da glicosilação, modifica e ativa determinadas vias de sinalização e expressão de determinados genes das células que induzem um comportamento agressivo das células tumorais do cancro do estômago”, contou o investigador, a propósito do Dia Mundial da Luta Contra o Cancro, que se assinala hoje.

De acordo com Celso Reis, o conhecimento destes mecanismos pode permitir a melhoria da “estratificação dos doentes” através de terapias dirigidas e fármacos inovadores, assim como “contribuir para o desenvolvimento de fármacos mais eficientes” no tratamento do cancro.

“Se soubermos quais são os cancros com estas características, podemos tratar melhor estes casos. Nos casos em que o ‘arsenal’ terapêutico não é o mais eficiente, podemos identificar e desenvolver novas estratégias para atingir estes novos alvos terapêuticos”, frisou.

A equipa do i3S, que tem vindo a analisar os principais mecanismos e funções desempenhadas pela glicosilação cancerígena, está neste momento a desenvolver “novas estratégias”, assim como fármacos que permitam auxiliar no tratamento de doentes com cancro no estômago.

“No caso do cancro do estômago, já existem alguns marcadores, mas existe um subgrupo substancial que, quando é detetado, já se encontra numa fase avançada e no qual os fármacos não funcionam. É necessário, por isso, perceber porque é que não são adequados, mas também é preciso desenvolver novos”, acrescentou.

Estudo
Um estudo que avaliou a qualidade das refeições em escolas de Santarém e Alpiarça apontou a necessidade de reduzir o sal,...

No âmbito do programa de intervenção comunitária “Eat Mediterranean: a program for eliminating dietary inequality in schools”, o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) avaliou a composição nutricional das refeições escolares em 25 escolas dos municípios de Santarém e Alpiarça, antes e após a intervenção do programa.

O programa, promovido pela Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo nos dois concelhos nos anos letivos de 2015/2016 e 2016/2017, teve como principal objetivo “contribuir para a redução das desigualdades nutricionais em meio escolar, através da promoção da dieta mediterrânica”, enquanto estilo de vida saudável.

Os resultados demonstram que o programa teve “um impacto positivo na qualidade nutricional das refeições escolares disponibilizadas nas escolas intervencionadas”.

No entanto, os investigadores responsáveis pelo estudo sublinham que “existem alguns aspetos que necessitam ainda de ser melhorados, nomeadamente a redução do teor de sal, a oferta de quantidades mais adequadas de proteína e hidratos de carbono e o ajuste das porções servidas às respetivas faixas etárias, o que pode ter tido impacto nos desvios observados nos resultados não atingidos”.

Para os investigadores, estes aspetos precisam de ser “acompanhados, ajustados e reavaliados”.

Na fase de diagnóstico, as refeições avaliadas apresentaram um desvio negativo em relação aos teores de energia e hidratos de carbono para os grupos 06-10 e 16-21 anos (com e sem pão nas refeições), mantendo-se esta tendência para as outras faixas etárias, particularmente para as refeições sem pão.

Em contraste, com exceção da faixa etária dos 16-21, observaram-se desvios tendencialmente positivos para os teores de proteína, relativamente às recomendações nutricionais estabelecidas para a população em estudo.

Os teores de sal apresentaram desvios diferentes para as diferentes faixas etárias, sendo estes superiores a 40% para a faixa etária dos 02-05, quando comparados com o valor da dose diária recomendada.

Na fase pós-intervenção, conseguiram-se “melhorias significativas” nos teores de energia e hidratos de carbono para as faixas etárias dos 02-05 e 06-10 anos, nos valores de proteína manteve-se o desvio positivo e, no teor de sal, observou-se uma redução nos desvios obtidos para todas as faixas etárias.

Quanto ao valor de gordura esteve sempre dentro dos intervalos de referência, na fase de diagnóstico e intervenção, sublinha o estudo.

“O cumprimento das recomendações relativas às refeições escolares é fundamental para garantir o correto aporte energético e nutricional das crianças e jovens”, realçam ainda os autores do trabalho, divulgado no ‘site’ do INSA.

Em Portugal, os municípios são responsáveis pelo fornecimento das refeições escolares (almoço) e pela gestão das ementas do ensino pré-escolar e do primeiro ciclo do ensino básico.

No segundo e terceiro ciclos do ensino básico e no ensino secundário, com exceção das escolas com o seu próprio serviço de cozinha, o fornecimento de refeições escolares é da responsabilidade da Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares.

A Organização Mundial da Saúde e a União Europeia reconhecem o papel da escola no combate à obesidade, bem como a importância de estabelecer políticas de apoio a comportamentos alimentares adequados que limitem a disponibilidade de produtos com elevados teores de sal, açúcar e gordura.

Ações humanitárias
A organização humanitária Médicos sem Fronteiras quer recrutar pelo menos três dezenas de profissionais este ano através da sua...

“Se conseguíssemos recrutar 20 a 30 pessoas era positivo”, disse João Antunes o representante em Portugal da organização internacional, Nobel da paz em 1999.

A abertura do escritório permanente da Médicos sem Fronteiras (MSF), inaugurado na semana passada em Lisboa, centra-se sobretudo no recrutamento de profissionais para as ações humanitárias.

“A MSF, a nível da presença humanitária, está em 72 países, com 450 projetos. Mas a maioria dos recursos humanos e financeiros não vem dos países onde estamos a operar”, disse João Antunes, justificando a abertura do escritório em Lisboa com a convicção de que Portugal pode fornecer meios para essas missões.

A organização, frisou, não precisa apenas de médicos. Na verdade, os profissionais de saúde, sejam médicos, enfermeiros, técnicos de laboratório ou outros, representam 52% do total de trabalhadores, sendo também necessários para as missões, exemplificou, especialistas em controlo de infeções, em telecomunicações, em energia ou em frotas.

A MSF tem cerca de 40 mil trabalhadores, dos quais 80 portugueses, mas segundo o responsável o número é baixo comparado com outros países com características idênticas a Portugal.

É por isso que o objetivo da MSF em Portugal é ampliar a rede de profissionais. E se a organização paga missões, da viagem ao alojamento, também faz um contrato de trabalho. João Antunes diz que “ninguém vai enriquecer com um salário da MSF”, mas admite que sendo a escala salarial a nível europeu acaba por ser “simpática” para um português.

Com profissionais de dezenas de países, diz João Antunes que os portugueses são dos que mais tempo permanecem ligados à organização, além de que também é importante a ligação de Portugal a países africanos de língua oficial portuguesa, nomeadamente Guiné-Bissau, Angola e Moçambique, onde a MSF está presente.

“É um fator extra que nos faz querer estar em Portugal”, disse.

Num comunicado onde dá conta da abertura do escritório nacional a MSF diz que está particularmente interessada no recrutamento de profissionais na área da saúde, administração e logística, para integrarem equipas de projetos em diversos países. As missões, ressalvou João Antunes, são sempre discutidas com as pessoas e não são impostas.

Além desse recrutamento a organização, diz no comunicado, vai também estar mais próxima da população através de notícias, reportagens, exposições e conferências.

Criada em 1971 por médicos e jornalistas, a MSF é uma organização não-governamental de ajuda médica e humanitária, apoiando populações afetadas por guerras, desastres naturais, epidemias, desnutrição ou exclusão no acesso à saúde.

Em 2017 fez mais de 10 milhões de consultas ambulatórias e assistiu mais de 749 mil doentes hospitalizados. Os mais de 45 mil profissionais trataram 2,5 milhões de pessoas com malária e 81.300 crianças com desnutrição grave.

Segundo os dados da organização foi também o ano em que se fizeram 288.900 partos e 110 mil cirurgias, tendo quase 19 mil pessoas recebido tratamento médico devido a violência sexual e outras 300 mil sido atendidas na área da saúde mental. E ainda houve 23.900 refugiados, requerentes de asilo e migrantes resgatados e assistidos no mar.

Estudo
A administração a crianças de vacinas pneumocócicas, que previnem doenças como a pneumonia e a meningite, tem um possível &quot...

O estudo foi realizado por uma equipa de investigadores e médicos do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) e visava aferir o impacto da vacinação das crianças nos internamentos hospitalares de idosos por pneumonia pneumocócica, doença infecciosa grave nos pulmões causada pela bactéria Pneumococo.

A médica de saúde pública no INSA Ana Paula Rodrigues, e uma das autoras do estudo, explicou que "interessava ver" nos idosos "o impacto da vacinação das crianças nos primeiros anos de vida", porque os idosos "são os mais afetados por pneumonias".

Além disso, esclareceu, as vacinas, todas elas, têm "um efeito protetor" na pessoa que a tomou, mas também nas demais ao reduzir a circulação de agentes infecciosos (como bactérias ou vírus) entre a população.

Para o estudo, a equipa do INSA, coadjuvada por uma outra do Hospital Pulido Valente, em Lisboa, analisou o impacto de duas vacinas pneumocócicas conjugadas e as mais usadas em Portugal: uma contra sete serotipos (grupos) de Pneumococo e outra contra 13 serotipos (os sete anteriores e mais seis).

O período avaliado decorreu entre 1998/1999 (quando as vacinas ainda não eram usadas em Portugal) e 2015/2016 (quando as vacinas já eram utilizadas e uma delas, a que protege contra os 13 serotipos de Pneumococo, foi incluída no Programa Nacional de Vacinação).

Na sua metodologia de trabalho, a equipa do INSA socorreu-se das taxas de cobertura de vacinação das crianças (com os dois grupos de vacinas pneumocócicas) e da base de dados dos hospitais públicos de Portugal continental, onde viu o número de idosos (com 65 ou mais anos) internados com pneumonia pneumocócica.

A taxa de cobertura das mesmas vacinas em idosos era baixa.

A partir dos dados e de modelos matemáticos, os investigadores "fizeram um cálculo para a população portuguesa", disse Ana Paula Rodrigues.

O estudo conclui que houve um decréscimo dos internamentos hospitalares de idosos com pneumonia pneumocócica após o uso das vacinas pneumocócicas nas crianças, assinala o INSA numa nota informativa.

Os autores do estudo estimam que, em 2004/2005, "tenham sido prevenidos cerca de 4,6 internamentos por dez mil habitantes" nas pessoas com 65 ou mais anos, depois de, em 2001, ter sido introduzido em Portugal um dos grupos de vacinas (contra 7 serotipos de Pneumococo).

Em 2015/2016, após a inclusão no Programa Nacional de Vacinação de um outro grupo de vacinas pneumocócicas (contra 13 serotipos da mesma bactéria), terão sido evitados "aproximadamente 2,9 internamentos por dez mil habitantes" na população idosa.

"Os resultados apontam para a existência de um eventual efeito indireto das vacinas pneumocócicas conjugadas na redução da pneumonia pneumocócica" nos idosos, devido à "redução da circulação" dos agentes infecciosos em resultado da "vacinação em idade pediátrica", refere o INSA.

A vacina pneumocócica conjugada está indicada para todas as idades, sendo gratuita para as crianças nascidas desde 01 de janeiro de 2015 e para os adultos com doenças crónicas e considerados de alto risco, nomeadamente os portadores do vírus da imunodeficiência humana (VIH/sida) e de certas doenças pulmonares obstrutivas, além do cancro do pulmão, de acordo com o portal do Serviço Nacional de Saúde.

Estudo
Um estudo realizado por uma investigadora do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto concluiu que os cães, ao...

Em entrevista, a investigadora do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP) Katia Pinello contou que o estudo, desenvolvido desde 2013 no âmbito de uma bolsa de doutoramento, teve como objetivo avaliar a relação do linfoma não-Hodgkin (cancro que começa nos linfócitos, células que fazem parte do sistema imunitário) nos humanos e nos caninos da área do Grande Porto.

“Este estudo evidencia que onde há o cancro humano, também há o similar cancro canino, ou seja, eles têm uma correlação espacial, que pode evidenciar um fator de exposição ambiental”, explicou a investigadora do Departamento de Saúde Pública Veterinária do ISPUP, a propósito do Dia Mundial da Luta Contra o Cancro, que hoje se assinala.

O estudo, publicado recentemente na revista The Veterinary Journal, reuniu informações sobre 1242 humanos e 504 cães, e concluiu que o Porto, Matosinhos e a Maia são as zonas que apresentam mais casos.

“Sabemos que 70% dos cancros são provocados por fatores ambientais. O nosso estudo comprova que há uma correlação e que pode existir um fator externo tanto no cão, como no homem. Mas, são necessários estudos de causalidade”, frisou.

Além de evidenciar a correlação espacial, o estudo, que avaliou as características e semelhanças epidemiológicas, destaca a incidência do linfoma não-Hodgkin nos homens e machos, contrariamente ao panorama entre as mulheres e fêmeas.

“Tal como nos humanos a maior prevalência dos linfomas é nos homens, isso também se sucedeu nos cães. Já nas mulheres, o linfoma aparece tardiamente. Em contrapartida, nas cadelas aparece mais cedo, quando ainda são jovens. É uma diferença interessante, que recai provavelmente pela prática da esterilização”, sublinhou.

Segundo Katia Pinello, o estudo, intitulado “Incidence, characteristics and geographical distributions of canine and human non-Hodgkin’s lymphoma in the Porto region”, realça assim a importância do conceito ‘One Health’ (uma saúde, na tradução para português).

“O estudo é uma chamada de atenção e queremos inseri-lo no âmbito do quadro do ‘One Health’, porque queremos tratar a saúde humana, animal e ambiental como apenas uma, na medida em que está tudo interligado”, afirmou.

Katia Pinello revelou que pretende agora “aumentar a colheita de dados” veterinários, de modo a conseguir fazer “uma rede de observação” para outras neoplasias e doenças.

“Esta rede vai permitir monitorizar e alargar os estudos, e perceber também se em outras doenças existe esta correlação, para assim podermos criar sistemas de alerta”, acrescentou.

 

6ª edição
No âmbito do Dia Mundial de Luta contra o Cancro, que se assinala a 4 de fevereiro, a Maratona da Saúde lembra a importância da...

Apesar dos progressos científicos e clínicos o cancro continua a ser considerado a 2ª maior causa de morte em Portugal. A 6ª edição da Maratona da Saúde tem como tema “Conhecer o Cancro” e nesta data que apela à aliança entre cientistas, profissionais de saúde e doentes, contamos com o testemunho de especialistas na nesta área.

“A incidência de cancro tem vindo a aumentar. Estima-se que em 2018 tenham havido 18 milhões de novos casos de cancro e 9 milhões de mortes resultantes de cancro”, indica o Dr. Sérgio Dias, coordenador de um grupo de investigação na área do cancro no Instituto de Medicina Molecular.

São inúmeros os estudos para determinar os fatores de risco do cancro, promover a prevenção da doença e o diagnóstico precoce. “A necessidade de adotar estilos de vida saudáveis, sem álcool, tabaco ou outros hábitos toxicófilos, bem como a adoção de medidas de promoção de regimes alimentares saudáveis e de prática de exercício físico regular devem ser salientadas”, são alguns dos exemplos de hábitos saudáveis para prevenir a doença, como salienta o Dr. Paulo Cortes, Presidente da Sociedade Portuguesa de Oncologia.

Apesar da incidência do cancro continuar elevada, a contínua investigação científica nesta área, durante décadas, tem aumentado significativamente o conhecimento sobre o desenvolvimento e progressão do cancro. “Tornou possível diagnosticar mais precocemente diferentes cancros, e desenvolver novas terapias dirigidas contra o cancro. Algumas terapias desenvolvidas graças a avanços na investigação do cancro melhoraram a resposta clínica dos doentes, o que confirma a importância da investigação nesta área específica da biomedicina”, salienta ainda Sérgio Dias.

De salientar que a Maratona da Saúde tem vindo a promover e fomentar encontros e a aliança entre cientistas, profissionais de saúde e doentes, através da iniciativa “Encontros de Esperança”, no âmbito da prevenção e do tratamento do cancro.

Para acompanhar todas as atividades da 6º edição, visite o site oficial da associação ou a página de Facebook.

 

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