Projeto H2 - Humanizar o Hospital
O Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) lançou hoje um projeto de humanização da relação entre doentes e...

"O ‘Projeto H2 - Humanizar o Hospital' é, assumidamente, um projeto de difícil execução, porque implica significativas mudanças de atitude, de comportamento e de cultura", disse o médico, diretor da Unidade de Gestão Intermédia dos Meios de Diagnóstico e Terapêutica do CHUC.

Segundo o coordenador do projeto, que falava hoje na sua apresentação no átrio do polo principal do CHUC, não se trata de "uma corrida de 100 metros", mas de uma "maratona", em que vai ser necessário "muita energia e muita dedicação".

“O projeto de humanização "é um grande desafio para todos nós, mas, sobretudo, uma aposta em cada um de nós. Não terá êxito fácil, nem resultados imediatos, mas não é impossível de realizar. Será tão mais fácil atingir os seus objetivos, quanto mais rapidamente cada um de nós interiorizar e aplicar a regra de ouro: procede com o outro da mesma forma que gostarias que procedessem contigo".

O projeto pretende que a assistência aos doentes "seja prestada de forma a respeitar a dignidade e a fragilidade de cada pessoa doente e exercida com a afabilidade, a cortesia, a empatia e a compaixão adequadas a cada situação particular".

"A humanização dos cuidados de saúde é uma necessidade cada vez mais sentida. O exercício da medicina tem-se afastado progressivamente da sua forma tradicional, assente na participação humana, para se basear em ações de natureza cada vez mais tecnológica", sublinhou João Pedroso de Lima.

O médico ressalva, no entanto, que a relação de confiança a estabelecer com o doente exige um "contacto humano que, naturalmente, a tecnologia não pode disponibilizar".

Nas linhas de atuação, a primeira medida passa por promover uma cultura de humanização, através de reuniões internas com diretores de serviço e serviços de ação médica e de apoio, e da criação da figura de embaixador, que conta já com a participação dos músicos André Sardet, José Cid, do treinador João Alves e do jornalista Pedro Carvalhas.

No âmbito do projeto, foi lançado também hoje uma ação de sensibilização contra o ruído hospitalar, que, de acordo com as medições efetuadas pelo IteCons da Universidade de Coimbra, apresenta níveis duas vezes superiores aos recomendados pela Organização Mundial de Saúde.

O bem-estar e conforto dos doentes também é uma das preocupações do projeto de humanização dos cuidados hospitalares, que passa por resolver as deficientes condições de atendimento no Serviço de Urgência e em vários gabinetes de consulta, a inadequação das salas de espera e a questão do estacionamento "caótico".

Encontra-se também em desenvolvimento um programa de formação em comunicação e empatia (com a colaboração do Instituto de Psicologia Médica da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra) para 16 médicos referência, que depois se vão tornar formadores.

Para o presidente do CHUC, Fernando Regateiro, o "Projeto H2 - Humanizar o Hospital" é "relevante e mobilizador" para um centro hospitalar que quer "ser o melhor" do país".

"É um passo estruturante para a nossa capacidade de fazer acontecer", disse o responsável, salientando que é necessária esta humanização quando se lida com pessoas "frágeis, doentes e deprimidas" pela sua condição.

Segundo o presidente do CHUC, "é na ação que se quer levar a bom porto este programa, em que cada um se deve mobilizar agindo".

Iniciativa da Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos
A Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos (APCP) atribuiu duas bolsas, de cinco mil euros cada, às enfermeiras Joana Rente...

Com caráter bienal, as bolsas são patrocinadas pela família de Isabel Correia Levy (1931-2005) e visam promover o estudo sobre cuidados paliativos em Portugal, ajudando ao desenvolvimento dessa área específica do acompanhamento de doentes incuráveis ou em fase terminal da sua vida.

Uma das bolsas foi atribuída a Joana Rente, que, segundo revelou fonte do Hospital Francisco Zagalo, em Ovar, trabalha nessa unidade desde 2009, é especialista em Enfermagem Médico-Cirúrgica e integra a sua recém-criada Equipa Intra-hospitalar de Suporte em Cuidados Paliativos.

Atualmente, a enfermeira combina a sua atividade profissional com a preparação de uma tese de doutoramento com o tema "Via Verde: Cuidados Paliativos".

"Para mim, a investigação em Cuidados Paliativos é um forte investimento no valor da vida destas pessoas, na sua dignidade e na perspetiva de lhes proporcionar sempre os melhores cuidados", declarou a enfermeira, defendendo que esses doentes "merecem que se continue a investir fortemente" nessa especialidade.

Sara Gomes, por sua vez, trabalha no Instituto Português de Oncologia de Coimbra e, segundo o site da Ordem dos Enfermeiros, vai aplicar a bolsa da APCP no desenvolvimento de recursos que permitam avaliar o bem-estar dos profissionais de saúde que trabalham em Cuidados Paliativos, para melhor monitorização de um domínio de atividade que ainda é recente em Portugal comparativamente a outros países europeus.

Relatório
Cinco milhões de pessoas por ano vão morrer devido a danos causados pela produção industrial de alimentos até 2050, conclui um...

Segundo o documento, que será divulgado no Fórum Económico de Davos, nos próximos 30 anos o número de mortes devido a fatores de produção industrial de alimentos será o dobro das causadas por obesidade e quatro vezes o número de mortes em acidentes de viação atualmente.

Hoje em dia, adianta o estudo, a produção de alimentos é responsável por quase um quarto das emissões de gases com efeito estufa.

“A poluição do ar, a contaminação da água, a exposição a pesticidas e o uso excessivo de antibióticos e fertilizantes tornam a alimentação saudável impossível para as pessoas em todo o mundo”, refere o documento.

Como proposta de resolução do problema, o relatório avança um sistema alimentar circular e regenerativo para as cidades.

“As cidades são fundamentais para esta revolução alimentar”, avisa, referindo que, em 2050, será nas cidades “que se consumirão 80% dos alimentos produzidos em todo o mundo”, o que “lhes confere o poder de conduzir a mudança para este sistema saudável”.

O estudo realizado pela Fundação Ellen MacArthur, com o apoio da Fundação Gulbenkian, baseou-se em números e estatísticas globais, focando-se em quatro cidades: Bruxelas, Guelph, São Paulo e Porto.

Segundo conclui, os esforços das cidades para eliminar o desperdício e melhorar a saúde através da economia circular podem poupar cerca de 2,3 biliões de euros por ano à economia global.

A proposta integra um sistema alimentar circular, onde o cultivo de alimentos é regenerativo e, quando possível, local.

Além disso, o desperdício é eliminado através da melhor redistribuição e uso de coprodutos, e os alimentos saudáveis são produzidos sem a necessidade de práticas nocivas, defende.

“Os gastos com a saúde, causados pelo uso de químicos e pesticidas, diminuiriam em 465 mil milhões de euros por ano, e a resistência antimicrobiana, a poluição do ar, a contaminação da água e as doenças transmitidas por alimentos reduziriam significativamente”, consideram as fundações no relatório.

A emissão de gases de efeito estufa poderiam diminuir o equivalente a retirar permanentemente mil milhões de carros da estrada, aponta, considerando ainda que, no sistema circular, a degradação de 15 milhões de hectares de solo arável seria evitada e 450 biliões de litros de água doce seriam economizados anualmente.

A Fundação Ellen MacArthur foi criada em 2010 com o objetivo de acelerar a transição para a economia circular.

Segundo defende, a economia circular elimina o conceito de resíduo e constrói capital económico, natural e social através de três princípios: a reconstrução do capital natural, a manutenção dos produtos e materiais em uso, e a eliminação da poluição e dos resíduos.

Serviço Regional de Saúde
O Hospital Dr. Nélio Mendonça, no Funchal, dispõe desde hoje de um equipamento de suporte básico de vida com autonomia...

O secretário regional da Saúde, Pedro Ramos, destacou, na apresentação do equipamento, a importância da aquisição de um dispositivo automático externo para fazer compressões cardíacas, já que permite que, numa reanimação, quem está a fazer o salvamento não chegue à exaustão.

"Portanto, é uma mais-valia para o Serviço Regional de Saúde na abordagem do doente e permite uma continuidade da prestação de cuidados com a mesma segurança e a mesma qualidade, porque a EMIR [Emergência Médica de Intervenção Rápida] também tem um dispositivo idêntico e a sala de emergência do hospital do Funchal também tem um" a partir de agora, afirmou.

Atualmente, existem na região três equipamentos deste tipo: dois adstritos à Proteção Civil regional, na qual se integra a EMIR, e o que foi agora entregue no hospital central.

Quanto aos centros de saúde, Pedro Ramos explicou que normalmente a EMIR é chamada a estes locais quando é necessário fazer o transporte de um doente, pelo que pode ou não utilizar o compressor "devido aos requisitos do equipamento, que têm de ser respeitados", devido a questões de segurança e tendo em conta a situação dos próprios pacientes

 

Médicos alertam para o tema
As ordens dos médicos da Península Ibérica avisam que são crescentes os casos de doentes em situações críticas por recorrerem a...

O apelo dirigido aos responsáveis políticos e às autoridades surge numa declaração assinada em Madrid por representantes da Ordem dos Médicos de Portugal e da sua congénere espanhola – Consejo General de Colegios Oficiales de Médicos de España.

Numa reunião que decorreu no final da semana passada, os representantes médicos analisaram a “crescente proliferação de casos de doentes em situações críticas” pelo uso de pseudoterapias, que não são baseadas na evidência científica nem estão validadas pela comunidade científica.

O bastonário dos Médicos de Portugal, Miguel Guimarães, explicou à agência Lusa que grande parte desses casos resulta de atrasos nos diagnósticos enquanto as pessoas se submetem a supostas terapias sem qualquer validade científica ou efeito.

Na declaração de Portugal e Espanha, hoje divulgada, as duas ordens dos médicos apelam aos responsáveis políticos para criar legislação que combata as pseudoterapias e a pseudociência e para apertar o controlo à divulgação ou aplicação de “falsas atividades preventivas e curativas”.

O documento esclarece que pseudoterapia é toda a oferta de cura de doenças ou de alívio de sintomas e melhoria da saúde usando procedimentos, técnicas, produtos ou substâncias baseadas em crenças ou em critérios sem evidência científica ou sem validação e que são falsamente apresentadas como científicas.

As duas ordens apelam a que todos os atos de pseudociência ou de falsas terapias sejam denunciados, por constituírem uma “fraude à saúde” e querem que todas essas práticas sejam “expressamente proibidas e excluídas de qualquer sistema de saúde”, sendo consideradas como práticas que atentam contra a saúde pública e contra a segurança dos doentes.

A declaração indica ainda que todo o médico tem obrigação de informar o doente de que as pseudoteapias não são uma especialidade médica. Aliás, as duas ordens consideram que a profissão médica tem de “aprofundar aspetos como a relação médico-doente” ou a comunicação pessoal, como forma de “evitar o recurso às pseudociências e pseudoterapias”.

Para o bastonário da Ordem dos Médicos de Portugal este devia ser "um assunto de Estado". Miguel Guimarães indica que a ministra da Saúde de Espanha está disponível para "combater as falsas terapias" e que será promovido um encontro com a ministra da Saúde portuguesa, Marta Temido, para em conjunto desenvolver ações "de combate à não ciência ou à pseudociência".

9as Jornadas de Diabetologia Prática para a Medicina Familiar da Região Sul
O presente e o futuro da Diabetes vão juntar mais de 300 médicos, entre os dias 15 e 16 de fevereiro, nas 9as Jornadas de...

Na sua 9ª edição, as jornadas, que são hoje um marco na formação pós-graduada na diabetes no nosso país, juntam médicos de medicina geral e familiar, internistas e endocrinologistas de todo o país para se debruçarem sobre as mais recentes inovações e prioridades na área da diabetes. “A diabetes é uma doença que afeta mais de 1 milhão de portugueses, tratando-se de uma verdadeira epidemia do nosso século. Temos a obrigação de nos dedicar à procura de melhores soluções tanto para os médicos, como para os doentes, que nos permitam acompanhar a evolução do conhecimento científico. Temos hoje ao nosso dispor opções no tratamento e na monitorização da glicémia que nos permitem ir cada vez mais ao encontro das necessidades particulares de cada doente. Hoje, o doente com ou em risco de desenvolver doenças cardiovasculares, complicações frequentes da diabetes, tem felizmente opções que lhes permitem melhorar a qualidade e aumentar a esperança de vida. Também hoje os fármacos disponíveis são mais seguros, permitindo a obtenção dos objetivos terapêuticos com muito menor risco de hipoglicémias”, explica o presidente das jornadas, Jácome de Castro.

Esta iniciativa visa ainda discutir novas propostas de classificação da Diabetes Mellitus Tipo 2 e a sua aplicabilidade na prática clínica, sendo apresentados dados recém divulgados de um estudo desenvolvido no Hospital das Forças Armadas.

Outros temas debatidos serão o impacto das infeções urinárias e disfunção sexual muito frequentes nos doentes que vivem com diabetes, a importância da alimentação na terapêutica do doente e a insulinoterapia enquanto marco incontornável na terapêutica dos doentes com diabetes. Estes assuntos serão apresentados e discutidos com base em casos clínicos, permitindo uma aproximação às necessidades diárias dos doentes e dos profissionais de saúde.

As orientações terapêuticas da diabetes tipo 2, atualizadas no final do ano passado pela Sociedade Europeia para o Estudo da Diabetes, e revistas pela Sociedade Portuguesa da Diabetes este mês, estarão também no centro da discussão.

O endocrinologista Jácome de Castro acrescenta “É de extrema relevância que os médicos estejam próximos dos doentes conhecendo bem as suas necessidades e tratamentos disponíveis".

Dados do Ministério da Saúde
Cerca de 30% do total de cirurgias canceladas devido à greve dos enfermeiros no final do ano passado já foram realizadas até...

Ao todo, os números do Ministério da Saúde enviados à agência Lusa mostram que foram realizadas até 13 de janeiro 2.291 operações das mais de 7.500 canceladas entre 22 de novembro e 31 de dezembro, período durante o qual durou a greve dos enfermeiros em blocos operatórios em cinco grandes centros hospitalares.

Entretanto, foram também já reagendadas outras 2.314 operações e que estão previstas realizar até dia 13 de fevereiro.

As restantes cirurgias, cerca de 2.900, vão ser reprogramadas para serem feitas até dia 31 de março, tanto em hospitais do Serviço Nacional de Saúde como em entidades convencionadas, ao abrigo de vale cirurgia, caso ultrapassem o tempo máximo de resposta garantido.

O Centro Hospitalar do Porto foi o que mais cirurgias adidas já realizou até dia 13 de janeiro, conseguindo fazer 654 operações das 1.913 canceladas devido à greve.

O Centro Hospitalar de São João, no Porto, foi o que teve mais cirurgias adiadas devido à greve, num total superior a 2.400, tendo já realizado 559.

No Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra foram realizadas 650 das 1.741 adiadas, no Centro Hospitalar Lisboa Norte foram feitas 285 cirurgias das 816 adiadas e em Setúbal fizeram-se até 13 de janeiro 143 das 578 operações canceladas.

A agência Lusa tentou, junto do Ministério da Saúde, perceber o impacto financeiro da greve cirúrgica nas várias instituições, mas até ao momento não obteve resposta.

Há cerca de uma semana, a administração do Centro Hospitalar Lisboa Norte anunciou, no parlamento, que a greve dos enfermeiros em blocos operatórios teve um impacto financeiro de pelo menos de 1,8 milhões de euros só em perda de proveitos.

Tecnologia minimamente invasiva
O novo dispositivo para tratar a doença torácica da aorta dá aos médicos a possibilidade de tratar mais doentes com uma...

O Centro Hospitalar Universitário do Porto realizou hoje, pela primeira vez em Portugal, um procedimento com o recurso ao Sistema Valiant Navion™, uma endoprótese torácica utilizada para tratar uma condição potencialmente fatal, conhecida como doença da aorta torácica.

A cirurgia foi efetuada no serviço de angiologia e cirurgia vascular, dirigido por Rui Almeida, num doente com úlcera penetrante da aorta e foi liderada por Rui Machado, professor e cirurgião vascular responsável pela área de endovascular do serviço de angiologia e cirurgia vascular do Centro Hospitalar Universitário do Porto, com a colaboração da cirurgiã Joana Martins.

“O Centro Hospitalar Universitário do Porto tem o compromisso de disponibilizar a tecnologia minimamente invasiva mais avançada para dar resposta às necessidades dos nossos doentes com doença da aorta torácica. A realização desta cirurgia é um exemplo desse compromisso”, refere Rui Machado. “O doente está a recuperar bem do procedimento e estamos satisfeitos por podermos contar com este novo dispositivo - o sistema Valiant Navion - em futuros procedimentos.”

A úlcera penetrante é uma fragilização focal da parede da aorta que pode dilatar até à rutura, exsanguinamento e morte do paciente. A colocação de uma endoprótese por via femoral reveste a aorta frágil de um novo conduto protésico, evitando assim a progressão da dilatação e consequente rutura.

A maioria das pessoas é diagnosticada com esta doença enquanto fazem exames para diagnosticar outra condição. Os fatores de risco incluem tabagismo, obesidade, hereditariedade, lesão ou outras doenças.

“Devido ao seu perfil mais baixo, o sistema de endoprótese Valiant Navion pode ser utilizado para tratar doentes com vasos sanguíneos mais pequenos e tortuosos, de uma forma menos invasiva. Anteriormente, era um desafio tratar doentes com estas características e com este tipo de procedimento, incluindo muitos doentes do sexo feminino”, sublinha o cirurgião vascular do Centro Hospitalar Universitário do Porto.

O Sistema de endoprótese Valiant Navion é utilizado para reparar de forma minimamente invasiva todas as lesões da aorta torácica descendente. Essa indicação abrange uma ampla categoria de condições da aorta torácica, incluindo aneurismas, dissecções e lesão aórtica traumática contundente. Este Sistema é um produto da Medtronic plc e recebeu aprovação de marca CE em novembro de 2018.

Pulmão, Ambiente e Genética são os temas em destaque
A Fundação Portuguesa do Pulmão (FPP) realiza hoje e amanhã, no Auditório dos Serviços Sociais da Camara Municipal de Lisboa, o...

Nesta reunião magna serão discutidas as doenças respiratórias que têm atualmente um maior impacto social, nomeadamente o cancro do pulmão e a doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC), que integram a lista das doenças com maior mortalidade em Portugal, e ainda o impacto da genética e do ambiente na saúde respiratória.

Adalberto Campos Fernandes, ex-ministro da Saúde, estará presente na conferência de encerramento deste evento, na qual irá abordar o futuro da saúde em Portugal, sob o tema “Saúde 2030”.

Neste congresso onde serão apresentados e discutidos dados sobre o presente da saúde respiratória e ideias para construir um melhor futuro para a saúde em Portugal, a Fundação Portuguesa do Pulmão reforça a importância do diagnóstico precoce da DPOC, propondo a realização de espirometrias a todos os fumadores antes dos 40 anos de idade e debatendo a possibilidade de modificar a epidemiologia desta doença.

O congresso incluirá um painel sobre o cancro do pulmão, onde será feito um balanço da evolução do diagnóstico e tratamento desta doença oncológica, mas também apresentada a visão do futuro que os profissionais de saúde têm para esta patologia. Jorge Cruz, presidente do evento e moderador do painel, destaca: “o cancro do pulmão, se diagnosticado numa fase inicial, já não é uma sentença de morte, porque quando os doentes são operados numa fase precoce da doença os resultados são bons. Atualmente é possível tornar o cancro do pulmão numa doença crónica, tratada de forma individualizada de acordo com a genética de cada cancro, graças à imunoterapia e às terapêuticas-alvo”.

A de­ficiência de alfa 1 antitripsina (doença genética rara) também será debatida neste congresso, bem como o ambiente enquanto causa importante de doenças respiratórias, dando-se destaque à relação causa-efeito entre o amianto e o mesotelioma, o mais grave tumor maligno da pleura, e reforçando-se a necessidade de remover o amianto dos vários edifícios públicos e privados que ainda contêm este material perigoso na sua estrutura.

José Alves, presidente da FPP, sublinha que “este congresso é mais um esforço da FPP de, através da reunião de um painel de especialistas de qualidade na saúde respiratória, continuar a missão de informar, alertar, proteger e contribuir para a saúde respiratória dos portugueses”.

O Congresso é aberto a todos os profissionais de saúde, doentes, estudantes, associações e à sociedade civil.

Causas, sintomas e tratamento
É uma das principais causas de infertilidade.

Endometriose: o que é?

A endometriose é uma doença crónica, benigna, que se caracteriza pelo crescimento de tecido endometrial (glândulas e estroma) fora do seu local habitual, que é a cavidade uterina. Estes focos vão colonizar a cavidade abdominal e também os órgãos vizinhos. Sempre que ocorre a menstruação existe sangramento nestas zonas, o que vai provocar uma reação inflamatória crónica que, por sua vez, vai produzir aderências nos órgãos e o crescimento de tumores que, apesar de benignos, trazem grande transtorno como dor e, em muitos casos, infertilidade.

A endometriose afeta aproximadamente 10% das mulheres em idade reprodutiva, cerca de 21-40% das mulheres com infertilidade e 70-90% das mulheres com dor pélvica crónica (duração >6 meses).

Existem vários tipos de endometriose:

A endometriose superficial ou peritoneal caracterizada por lesões disseminadas na superfície (peritoneu) do interior do abdómen, podendo atingir o diafragma.

A endometriose ovárica com implantes na face externa dos ovários cuja retração conduz à formação de quistos (endometriomas).

A endometriose infiltrativa profunda em que os implantes alcançam uma profundidade superior a 5 mm e envolvem o septo recto-vaginal e espaço vesico-uterino, atingindo vários órgãos pélvicos como o recto, vagina, cólon sigmoide, uréteres, bexiga e nervos superficiais e profundos. Pode também envolver outros órgãos mais distantes como o apêndice, diafragma e pulmão.

Nos casos mais graves, com infiltração dos órgãos adjacentes, pode conduzir a obstrução/perfuração intestinal ou obstrução dos uréteres com consequente interferência no funcionamento dos rins, podendo mesmo condicionar uma total ausência de função renal. Nos casos mais raros, como o envolvimento do pulmão, pode-se manifestar por pneumotórax ou derrame pleural.

Quais as causas?

Muitas teorias têm sido discutidas como responsáveis na génese da endometriose, sem que nenhuma seja satisfatória.

No entanto, parece certo haver uma causa multifatorial onde estão implicados fatores hormonais (estrogénios), genéticos, imunológicos e ambientais.

Sintomas: será a dor o principal sinal de alerta?

Os sintomas mais frequentes incluem a dismenorreia (dor menstrual) intensa e incapacitante, dispareunia (dor nas relações sexuais), dor retal e desconforto na bexiga. Esta sintomatologia dolorosa pode afetar significativamente a qualidade de vida da mulher.

Alguns casos de infeções urinárias de repetição com uroculturas negativas e síndromes de cólon irritável de agravamento progressivo podem estar relacionados com situações de endometriose urinária e intestinal não diagnosticadas.

Apesar de a dor ser a queixa mais frequente, nem sempre a intensidade da mesma se correlaciona com a gravidade da doença.

Muitas vezes é a infertilidade que motiva a procura do diagnóstico.

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico da doença começa pela clinica. Ouvir estas doentes e observá-las com atenção é fundamental, pois permite-nos colocar uma hipótese de diagnóstico, posteriormente confirmada com exames complementares.

Destes, a ecografia pélvica com sonda vaginal e retal, bem como a ressonância magnética nuclear são habitualmente imprescindíveis.

No entanto, um exame negativo não exclui a doença, porque o diagnóstico definitivo só é possível por laparoscopia, que nos permite a visualização e biópsia das lesões.

Qual o tratamento?

A maioria das mulheres diagnosticadas com endometriose beneficia do tratamento médico que lhes proporcione um alívio da dor e um possível controlo na progressão da doença.

A variedade de fármacos usados no tratamento da endometriose divide-se em dois grupos: os específicos para o tratamento da doença e os que são usados off-label.

Na primeira categoria enquadram-se a hormona libertadora de gonadotrofinas (GnRH), o danazol. Estes fármacos promovem a atrofia de lesões endometrióticas e induzem a amenorreia (ausência de menstruação) através de forte redução da produção de estrogénio. Não devem ser usados de forma prolongada devido aos seus efeitos adversos.

Outra classe terapêutica usada para tratar a endometriose são os progestativos e destes destaca-se o dienogest, o único progestativo investigado de forma sistematizada para o tratamento da endometriose. Os progestativos podem ser considerados como a primeira escolha para o tratamento da endometriose, porque são tão eficazes na redução da dor como os agonistas de GnRH ou o danazol e têm um custo e incidência de efeitos adversos menores.

No tratamento da endometriose também são usados fármacos não específicos para a patologia como os anti-inflamatórios não-esteróides (AINE) e contraceptivos orais combinados (estroprogestativos).

O tratamento médico não está indicado nas mulheres que desejam engravidar.

Quando é recomendado o tratamento cirúrgico?

O tratamento cirúrgico da endometriose está particularmente indicado nas mulheres que associam dor pélvica intensa e infertilidade.

Nem sempre a intensidade da dor é proporcional à gravidade das lesões. Nos casos assintomáticos, a indicação para cirurgia dependerá da disseminação da doença aos órgãos vizinhos.

Também nas situações de infertilidade associada, em que é necessário recorrer a técnicas de procriação medicamente assistida, verificam-se melhores resultados se a doente foi previamente submetida a uma cirurgia que restaure a anatomia pélvica.

Os principais objetivos da cirurgia são a excisão das lesões e a reposição da anatomia pélvica, tendo em consideração que se tratam habitualmente de mulheres jovens que querem engravidar, pelo que teremos de optar por uma cirurgia que conserve a integridade do útero, ovários e trompas.

Para isso, a abordagem deverá ser, sempre que possível, por via laparoscópica, por ser minimamente invasiva, permitir uma melhor visão e acesso ao espaço pélvico e reduzir a incidência de novas aderências.

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As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Entre hoje e amanhã
A Conferência de Farmacovigilância em Oncologia (Pharm+V) traz a Portugal cerca de 200 profissionais ligados ao sector da saúde...

Durante dois dias Coimbra será palco de um encontro que reúne profissionais de toda a Europa para participar no Pharm+V - Conferência de Farmacovigilância em Oncologia. Este é um evento que oferece aos participantes uma visão geral das atividades realizadas em todo o ciclo de vida dos medicamentos utilizados ​​em Oncologia.

Sendo a farmacovigilância a ciência e atividade relacionada com a deteção, avaliação, compreensão e prevenção de efeitos adversos ou qualquer problema relacionado com fármacos, o encontro colocará em debate as mais modernas metodologias utilizadas para monitorizar a segurança dos medicamentos e o impacto clínico, social e económico das reações adversas a medicamentos.

Para Maria Filomena Botelho, Professora da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra e coordenadora do projeto ONCONET SUDOE em Portugal, «este é um encontro que colocará em destaque os processos de farmacovigilância, dando a conhecer grande parte das atividades realizadas em todo o ciclo de vida dos medicamentos usados ​​em Oncologia que vão desde a investigação e desenvolvimento de fármacos, passando pela prática clínica pós-comercialização, os aspetos legais, regulatórios e éticos, a monitorização da segurança dos medicamentos, até ao impacto clínico, social e económico das reações adversas a medicamentos».

«O ONCONET SUDOE, enquanto projeto que visa estabelecer uma rede em oncologia através da mobilização de profissionais na área da saúde na região sudoeste da Europa em diagnóstico, assistência e investigação, tem conseguido reunir nas suas iniciativas os melhores profissionais. Estes são muitas vezes integrados em projetos colaborativos, de modo a levar a cabo as melhores práticas profissionais e políticas de saúde pública no âmbito da Oncologia. Dada a importância que atribuímos à troca e transferência de conhecimento, é  objetivo da organização trazer ao evento especialistas com diferentes competências, capazes de discutir e partilhar as mais atuais práticas na área da Farmacovigilância», acrescenta André Pereira, Professor da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra e membro do projeto.

Presente em Portugal, o projeto europeu ONCONET SUDOE - Rede Europeia de Cooperação em Oncologia, tem como principal objetivo criar uma área de cooperação em Oncologia, colocando em contacto centros de investigação, universidades, unidades de saúde e empresas de Portugal, Espanha e França. O projeto foi cofinanciado pelo Programa Interreg Sudoe através do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER). A realização do Pharm+V - Conferência de Farmacovigilância em Oncologia conta ainda com o apoio do AIBILI, através da Unidade de Farmacovigilância de Coimbra, e do INOV C. A Unidade de Farmacovigilância de Coimbra é uma Unidade Regional do Sistema Nacional de Farmacovigilância apoiada pela Autoridade Nacional de Medicamentos e Produtos de Saúde (INFARMED, IP). O INOV C é um projeto estratégico cofinanciado pelo Centro 2020 através do FEDER com o objetivo de consolidar a Região Centro enquanto referência nacional na criação de produtos e serviços resultantes de atividades de Investigação & Desenvolvimento.

No dia em completaria o 83º aniversário
Um livro de poemas inéditos de António Arnaut vai ser apresentado em Coimbra, na segunda-feira, dia em que o fundador do...

“Esta é uma forma de continuar a homenagear o meu pai”, disse hoje à agência Lusa o advogado António Manuel Arnaut, filho de António Duarte Arnaut, que nasceu na Cumieira, concelho de Penela, em 28 de janeiro de 1936, e morreu em Coimbra, em 21 de maio de 2018.

António Manuel Arnaut realçou que a família, com a publicação póstuma da obra “Poemas de Outono e Inverno – Poemas da Finitude”, quer “cumprir o desejo” do principal impulsionador do SNS, que esteve na criação do PS, em 1973, e que na sequência da revolução do 25 de Abril de 1974 integrou a Assembleia Constituinte e o segundo governo de Mário Soares.

O filho de António Arnaut contou que os quase 50 poemas reproduzidos no livro de 130 páginas, editado pela Minerva Coimbra, “foram escritos já ele estava doente” e alguns foram mesmo concebidos durante os internamentos no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC).

“António Arnaut afirmou várias vezes que o SNS foi o seu melhor poema, mas a sua vida foi pautada por muitos e grandiosos poemas”, salienta a editora, Isabel Carvalho Garcia.

Numa nota ao livro, intitulada “António Arnaut – a grandiosidade de uma vida em forma de poesia”, Isabel Garcia considera que o antigo deputado e ministro dos Assuntos Sociais afirmou-se na sociedade portuguesa como “expoente máximo da ética” e ao serviço “de todas as grandes causas da Humanidade”.

Advogado, político e escritor, exerceu também o cargo de grão-mestre do Grande Oriente Lusitano – Maçonaria Portuguesa, no início do século.

Escreveu mais de 40 livros, entre poesia e prosa, incluindo nas áreas cívica, jurídica e maçónica.

Em outubro de 2017, ainda em vida, publicou “Um homem que partiu do seu regresso e outros poemas”, dez anos após a edição do seu único romance, “Rio de Sombras”, em que preponderam episódios ficcionados de caráter histórico-político que o autor situa num período de 20 anos, de 1968 a 1988.

“Poemas de Outono e Inverno”, escritos entre 21 de dezembro de 2017 e 16 de maio de 2018, “são agora publicados nesta editora por vontade expressa do autor”, informa Isabel Garcia.

Há um ano, o lançamento do livro “Salvar o SNS - Uma nova Lei de Bases da Saúde para defender a democracia”, redigido em coautoria com o médico e antigo coordenador do BE João Semedo, foi o seu derradeiro contributo para preservar o SNS.

Entretanto, cidadãos de diferentes quadrantes políticos acabam de criar em Coimbra o Observatório de Saúde António Arnaut, coordenado por Américo Figueiredo, professor catedrático e médico do CHUC, para defender a modernização e a sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde.

A apresentação de “Poemas de Outono e Inverno”, a cargo de Delfim Ferreira Leão, professor da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (FLUC), realiza-se na segunda-feira, às 18:30, na Casa Municipal da Cultura de Coimbra.

Sintomas de outras doenças serão colocados mais tarde
O novo portal do Serviço Nacional de Saúde (SNS 24) tem um avaliador de sintomas de doenças que, por enquanto, só funciona para...

O portal (www.sns24.gov.pt) foi lançado no Centro de Contacto SNS 24, em Lisboa, na presença da ministra da Presidência e da Modernização Administrativa, Maria Manuel Leitão Marques, e do secretário de Estado adjunto e da Saúde, Francisco Ramos.

Apresentado como a coqueluche do portal, o avaliador de sintomas, que apenas funciona para a gripe, dá indicações a um doente ou a um cuidador do que fazer (manter cuidados em casa ou ligar para linha telefónica SNS 24) face aos sintomas que foram assinalados e a variáveis como o sexo e a idade do paciente, o seu histórico de doenças ou se tomou ou não a vacina contra a gripe.

Apesar de o portal ter informações em áudio para cegos ou pessoas com dificuldades de visão, o avaliador de sintomas da gripe só pode ser consultado, e os seus diversos campos preenchidos, por quem vê.

Em declarações aos jornalistas, no final da sessão de apresentação, a ministra da Presidência e da Modernização Administrativa, Maria Manuel Leitão Marques, definiu o portal como um serviço que permite "evitar o Dr. Google", ao aconselhar a "ligar imediatamente" a linha SNS 24 (808 24 24 24) em caso de dúvidas.

O portal tem informações sobre diversos temas de saúde, como alimentação, dádivas e transplantes, doenças transmissíveis e vacinação, e indicações do que fazer para, por exemplo, se marcar uma consulta médica, aceder ao boletim de vacinas eletrónico ou pedir a isenção da taxa moderadora.

As pessoas com dificuldades auditivas e de fala podem registar-se num 'chat' a partir do qual podem aceder, por conversação escrita, ao serviço de triagem, aconselhamento e encaminhamento do SNS 24 em caso de dúvidas ou suspeita de doença.

Henrique Martins, presidente dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde, entidade que gere as plataformas informáticas, disse que o avaliador de sintomas vai começar a funcionar com a gripe, mas que sintomas de outras doenças, ainda não definidas, serão colocados no portal "progressivamente, ao longo do ano".

 

Alterações aos acordos coletivos de trabalho
Os sindicatos dos médicos acordaram com a tutela a redução do limite anual de trabalho suplementar de 200 para 150 horas, mas...

De acordo com um comunicado conjunto da Federação Nacional dos Médicos (FNAM) e do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), foram assinados acordos com o Ministério da Saúde, “aplicáveis aos médicos sindicalizados”, que introduzem alterações aos acordos coletivos de trabalho.

Uma das medidas acordadas foi a redução do limite anual do trabalho suplementar de 200 para 150 horas, “em igualdade de circunstância com as restantes carreiras profissionais”, e o alargamento dos concursos de mobilidade aos médicos hospitalares e médicos de Medicina Geral e Familiar, “independentemente do regime de vinculação”.

Acordaram ainda a “harmonização do regime de férias independentemente do regime de vinculação”, que atribui aos médicos com contrato individual de trabalho, desde que sindicalizados, mais um dia de férias por cada 10 anos de serviço, colocando-os em igualdade de circunstâncias com os clínicos com contrato de trabalho em funções públicas.

“No entanto, o Ministério da Saúde continua a não dar resposta a reivindicações sindicais basilares, nomeadamente a redução das atuais 18 para as 12 horas de trabalho normal a afetar ao serviço de urgência, redução do limite máximo das listas de utentes dos Médicos de Família, renegociação da carreira médica e grelhas salariais. Os sindicatos continuarão a reivindicar as suas justas propostas em defesa da carreira médica e da qualidade dos cuidados prestados aos nossos doentes”, declararam as estruturas sindicais.

 

Estudo
Portugal está entre os países da OCDE que mais gasta com prestações sociais, sendo o quarto onde a despesa com pensões é maior,...

De acordo com o relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), os gastos sociais públicos nos países eram, em média, superiores a 20% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2018. Em Portugal a percentagem situava-se acima da média, em 22,6%.

Os gastos públicos sociais foram maiores em França (31,2%), na Bélgica (28,9%) e na Dinamarca (28,7%) e menores no México (7,5%), no Chile (10,9%) e na Coreia (11,1%).

Quanto às prestações sociais, os 36 países da OCDE, registaram gastos em média de 12% do PIB, mas em países como Portugal, Itália, Polónia a despesa foi superior a 70%, com destaque para as pensões.

As pensões representam a maior fatia da despesa social nos países da OCDE, correspondendo em média a 8% do PIB, seguido da despesa com saúde, com 5,7%.

Portugal está acima da média nas duas áreas, surgindo em quarto lugar no que diz respeito aos gastos com pensões de velhice e de sobrevivência, com um peso de 13,3% do PIB. Apenas a Grécia, Itália e França apresentam uma despesa maior com aposentações, de 16,9%, 16,2% e de 13,9% respetivamente.

Já os gastos com saúde pesam em Portugal 5,9% do PIB, situando-se o país a meio da tabela. França é o país que mais gasta com a saúde (8,8%) seguida pelos Estados Unidos (8,5%).

No entanto, enquanto os gastos sociais privados em saúde representam um adicional de 1,6% em França, nos EUA chegam a 6,8% do PIB.

 

Governo pretende reforçar os serviços públicos e defender os cidadãos
A ministra da Saúde rejeitou que a proposta do Governo para uma nova Lei de Bases do setor seja estatizante ou ambígua, em...

No final do debate parlamentar sobre uma nova Lei de Bases da Saúde, Marta Temido afirmou aos jornalistas que a proposta do Governo é “clara” e “ideologicamente coerente”.

“Não são propostas nem estatizantes nem ambíguas. São propostas programáticas que apontam num determinado sentido de transformação da realidade, de desenho do sistema de saúde português, com base num SNS, financiado por impostos e que cubra a totalidade da população e que assenta numa prestação preferencialmente pública”, referiu.

Da parte do PSD e do CDS, Marta Temido tinha ouvido críticas de uma proposta demasiado focada no Estado e na gestão pública, enquanto PCP e Bloco de Esquerda pediram que o Governo clarifique se rejeita modelos de gestão em parceria público-privada.

No seu discurso no plenário parlamentar, a ministra tinha defendido que a proposta do Governo pretende reforçar os serviços públicos e defender os cidadãos, mas sem hostilizar o setor privado e social.

O parlamento debateu propostas do Governo, do PCP, do PSD e do CDS para uma nova Lei de Bases da Saúde, enquanto a proposta do Bloco, a primeira a ser conhecida, desceu diretamente à especialidade.

 

Setor privado e taxas moderadoras
A ministra da Saúde, Marta Temido, garantiu ontem que o Governo não está disposto a transigir relativamente aos negócios na...

No debate que decorreu no parlamento sobre a proposta do Governo e os projetos dos partidos para uma nova Lei de Bases da Saúde, Marta Temido respondia aos pedidos de esclarecimento dos deputados à sua intervenção inicial, concretamente às críticas do PSD.

"Senhor deputado Ricardo Baptista Leite [PSD], a necessidade não é um critério cego, mas este setor é um setor que vale 10% do PIB, que envolve muitos negócios e é relativamente aos negócios que não estamos dispostos a transigir", assegurou.

O deputado do PSD tinha feito várias críticas à proposta "pobre, equívoca e contraditória" do Governo, que "não contém um pensamento claro" e "ignora as realidades e os desafios que se colocam hoje aos portugueses".

"O Governo tentou agradar a deus e ao diabo e foi assim que cometeu o pecado original", acusou, perguntando se o executivo vai ceder "à extrema-esquerda" em relação ao papel dos setores privado e social e às taxas moderadoras.

Ricardo Baptista Leite afirmou que "a ideologia não dá saúde e que se saiba não cura nenhuma doença", perante um enorme burburinho na sala.

Antes, tinha sido a vez de a deputada socialista Maria Antónia Almeida Santos garantir que o grupo parlamentar do PS se revê "convictamente na proposta de lei do Governo" e por isso "não vale a pena levantar fantasmas onde eles não existem".

Pelo BE, cujo projeto de lei não está em discussão, uma vez que já baixou à especialidade sem votação no ano passado, Moisés Ferreira defendeu que é necessária clarificação, já que "em qualquer proposta que venha a ser aprovada deve estar bem claro que o privado e o social devem ser complementares", para além da necessidade de se acabar com as taxas moderadoras.

Moisés Ferreira insistiu que a proposta do Governo "é dúbia", lançando o repto à ministra da saúde para saber se "o Governo está preparado para negociar a proposta e para a alterar".

O parlamento debateu quatro propostas para a nova Lei de Bases da Saúde, do Governo, do PCP, do PSD e do CDS-PP, havendo outra do Bloco de Esquerda que desceu à especialidade e não será discutida no plenário parlamentar.

Programa de Saúde Prioritário
Catorze unidades de saúde, mais de 100 profissionais e cerca de 3.000 utentes com doenças crónicas integram um projeto-piloto...

Lançado pela Direção-Geral da Saúde (DGS), através do seu Programa Nacional para a Promoção da Atividade Física, o projeto-piloto de “Recomendação da Atividade física no Serviço Nacional de Saúde para utentes com doenças crónicas” pretende avaliar durante os próximos 12 meses “os ganhos em saúde e o custo-efetividade da recomendação de atividade física” no SNS.

“A intervenção multidisciplinar coordenada por um médico com formação adicional em medicina desportiva, em colaboração estreita com um profissional do exercício físico, que contará também com o envolvimento de outros profissionais como nutricionistas, fisioterapeutas, psicólogos e enfermeiros, tem como objetivo aumentar a atividade física, em autonomia, em utentes com doença crónica”, explica a DGS em comunicado.

Para isso, será estabelecido um plano individual de atividade física para o utente ou a participação num programa de exercício físico estruturado ou supervisionado.

Estima-se que quase três quartos da população portuguesa com mais de 15 anos não cumprem as recomendações internacionais de atividade física, estando Portugal na 11ª posição dos países com maior prevalência de inatividade física.

“Sendo a prática de atividade física um indicador de saúde com robusta evidência científica, quer sob o ponto de vista da prevenção da doença e da promoção da qualidade de vida, quer no contexto da melhor gestão de doenças crónicas, urge a existência de ações concertadas para a sua promoção”, defende a Direção-Geral da Saúde.

Definido por um despacho de 10 de outubro de 2017, este projeto-piloto constitui-se como “um passo pioneiro” no sentido da implementação das principais orientações relativas à recomendação da atividade física no SNS incluídas também na Estratégia Nacional para a Promoção da Atividade Física, Saúde e Bem-Estar 2016-2025 (DGS) e no Plano de Ação Global para a Atividade Física 2018-2030, da Organização Mundial de Saúde (OMS).

“A inatividade física é um dos fatores de risco modificáveis com maior peso na carga das doenças crónicas não transmissíveis, e a sua recomendação no Serviço Nacional de Saúde é um marco histórico na abordagem ao tratamento, controlo e prevenção das doenças crónicas em Portugal”, salienta a Direção-Geral da Saúde.

O lançamento do projeto está integrado na sessão pública de apresentação do Relatório Anual do Programa Nacional para a Promoção da Atividade Física, onde será partilhada a visão e atividades em curso deste Programa de Saúde Prioritário da DGS.

Em parceria com duas instituições
As termas de Amarante, inauguradas no sábado e geridas pelo município, vão trabalhar no domínio da formação académica, em...

Segundo José Luís Gaspar, foram firmados acordos com os dois estabelecimentos de ensino com o objetivo de serem ministradas pós-graduações em termalismo, aproveitando o potencial da estância termal de Amarante.

O autarca explicou que aquela componente de formação irá funcionar num pavilhão, contíguo ao principal, no qual decorreu toda a fase experimental das termas, a qual culminou na atribuição do alvará de funcionamento.

No mesmo espaço, acrescentou José Luís Gaspar, serão também desenvolvidos estudos científicos para confirmar as propriedades terapêuticas da água no tratamento de patologias da pele.

O presidente referiu que a prioridade, na fase de instalação do complexo termal, foi apostar nas componentes das doenças respiratórias e musculoesqueléticas, o que foi conseguido e já se encontra em funcionamento, mas os indicadores apontam para a "forte possibilidade" de as águas termais em Amarante terem também "ótimas qualidades terapêuticas" ao nível da dermatologia.

Se tal vier o acorrer, como prevê o município, avançar-se-á com essa componente, o que permitirá, acentuou José Luís Gaspar, aumentar a capacidade de oferta do atual complexo termal.

As termas de Amarante, situadas na margem esquerda do rio Tâmega, representaram um investimento global de cerca de dois milhões de euros. O complexo tem capacidade de atendimento diário para cerca de 60 pessoas em tratamentos das vias respiratórias e 50 em balneoterapia.

Em relação ao modelo de gestão do equipamento construído pela câmara, o chefe do executivo explicou que, atendendo ao desconhecimento que há do setor, se optou, nesta fase, por mantê-lo na esfera do município, recorrendo-se à contratação de uma equipa técnica, no âmbito de um concurso público. Esse modelo, previu, deverá manter-se pelo menos durante dois anos.

Findo esse período e feita a avaliação, haverá uma decisão quanto à manutenção do modelo, com a eventual integração no quadro do município da equipa técnica, ou a adoção de um outro tipo de gestão.

O presidente da edilidade disse haver bons indicadores, atualmente, que apontam para o sucesso das termas de Amarante. Se isso for confirmado no futuro, concluiu, constituirá um fator acrescido de atratividade de uma cidade cada vez mais voltada para o turismo.

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