Na Assembleia da República
O BE requereu ontem a audição parlamentar do Conselho Diretivo do Infarmed para explicar as causas das falhas de medicamentos...

“Sabendo dos milhões de ocorrências de falhas que aconteceram durante o ano de 2018 e das consequências que isso tem na vida dos doentes, o Bloco de Esquerda pretende ouvir o Infarmed na Comissão Parlamentar de Saúde para saber das causas para as ruturas registadas durante o ano de 2018, sabendo também se essas falhas são imputáveis à indústria”, pode ler-se no requerimento.

Em 2018, segundo o mesmo texto, “terão faltado nas farmácias portuguesas mais de 64 milhões de embalagens, mais 15 milhões do que foi verificado em 2017”, uma lista de medicamentos liderada por um fármaco para o Parkinson, seguindo-se um para a diabetes tipo 2 e um outro para tromboses e enfartes.

“A falha de medicamentos traz grandes e graves consequências para os doentes. A ansiedade de não encontrar na farmácia o medicamento prescrito ou, nos casos mais graves, a interrupção do tratamento por rutura de stock do abastecimento, são apenas algumas das consequências”, avisa ainda o BE.

De acordo com o requerimento assinado pelo deputado bloquista Moisés Ferreira, “a falha de medicamentos não é um caso inédito”, mas “certo é que as falhas de medicamentos e dispositivos acontecem vezes de mais e na maior parte das vezes as responsabilidades são imputáveis à indústria”.

A indústria, critica o BE, “ora quer descontinuar medicamentos mais baratos para os substituir por outros mais caros, ora orienta o seu stock para outros países onde os medicamentos são comercializados a um valor superior”.

“Outros casos em que se verificam falhas de abastecimento porque a indústria quer ganhar força negocial para renegociar os termos da contratualização e os preços acordados com o Infarmed”, condena.

Dióxido de nitrogénio
Mais de 100 médicos alemães de pneumologia assinam um documento que põe em causa os alegados malefícios do gasóleo: "O...

Mais de 100 pneumologistas alemães assinaram um documento que coloca em dúvida os riscos para a saúde causados pelo fumo causado pelo gasóleo. O dióxido de nitrogénio (NO2) e as partículas de poeira existentes no fumo não “causaram uma única morte”, garantem os especialistas.

O ex-presidente da Sociedade de Pneumologia Alemã Dieter Köhler, por exemplo, contrariou a posição atual de sua antiga organização. O especialista, escreve o Observador, defendeu que a maioria dos estudos existentes sobre os perigos causados pelas emissões de gasóleo são questionáveis. Esta tomada de posição ganha uma relevância particular depois de se ter instalado um debate sobre o tema na Alemanha. A cidade de Hamburgo está no epicentro da discussão pois aprovou legislação que proíbe a circulação de veículos a gasóleo anteriores a 1998.

O documento destes especialistas alemães pode ser assim mais um argumento para um debate que acontece agora um pouco por toda a Europa. A Sociedade de Pneumologia Alemã tinha emitido um longo comunicado, no final de novembro, onde alertava para os riscos que as partículas de NO2 representam para a saúde. Os avisos tinham por base as pesquisas do conceituado Instituto Helmholtz de Medicina Ambiental, que assegura que o dióxido de carbono causa invariavelmente grandes riscos para a saúde, mesmo que concentrado em doses relativamente baixas.

Uma visão que Köhler e mais de cem especialistas alemães questionam agora, com esta tomada de posição. “O limite atual de NO2 e poeira de partículas é completamente inofensivo e não causa uma única morte“, afirmou numa entrevista recente a uma rádio alemã.

A tensão entre os dois lados tem crescido nos últimos dias, sobretudo depois de Estugarda ter seguido os passos de Hamburgo e ter adotado uma medida semelhante, promovendo a utilização de carros amigos do ambiente e penalizando aqueles que utilizem os carros a diesel, impedindo a circulação dos mais antigos. Mas é precisamente da mesma cidade que sai uma das mais fortes críticas: o médico-diretor da Cruz Vermelha de Estugarda, Martin Hetzel, soma a sua voz à de Köhler. “No hospital, nunca se veem doentes com problemas do pulmão ou do coração causadas por poeiras ou por NO2. Não é plausível que estejam a causar os danos para saúde que têm sido publicados ultimamente”, disse.

São cada vez mais as cidades que estão a adotar medidas de combate à poluição que passam por eliminar de vez a circulação de carros a diesel. Já em 2016, na sequência de um encontro de autarcas de todo o mundo, os presidentes das câmaras de Paris, Madrid, Atenas e Cidade do México tinham assumido o compromisso de retirar de circulação todos os carros, camiões e outros veículos movidos a diesel até 2025.

Instituto Português do Mar e da Atmosfera
A falta de precipitação em janeiro tem agravado a seca meteorológica, principalmente no Sul do país, embora a situação não seja...

“Em relação ao ano passado, obviamente, que não estamos tão mal, porque também não tivemos uma sequência de meses anteriores com ausência de precipitação. Agora, em dezembro e em janeiro é que houve valores de precipitação abaixo do que é normal. Dezembro já foi bastante abaixo, sobretudo nas regiões do Sul, onde houve muito pouca precipitação, e agora em janeiro agravou-se essa situação”, disse a meteorologista do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), Vânia Lopes.

Seca: que efeitos na saúde?
Os principais riscos para a saúde humana provenientes de uma situação de seca estão, essencialmente, associados ao aumento potencial de doenças transmitidas pela água e pelos alimentos, escreve o Sapo. Por outro lado, segundo a Direção-geral da Saúde, a seca contribuiu para um agravamento das doenças alérgicas mas, igualmente, a um incremento de vetores e reservatórios de doenças transmissíveis e à ocorrência de incêndios.

Vânia Lopes explicou que atualmente Portugal enfrenta um valor que é apenas de 20% em relação ao que é normal para janeiro, mês em que se verificaram só “quatro dias com valores de precipitação e apenas nas regiões do Norte e Centro, o que também está muito abaixo do que é normal” para esta altura.

“Temos uma situação de fraca precipitação neste mês que poderá levar a um agravamento da situação de seca que se fazia sentir. A ‘seca fraca’ do final de dezembro poderá ter um agravamento. O final deste mês poderá ficar com uma situação entre a ‘seca fraca’ e a ‘seca moderada’”, disse, salientando que a situação poderá alterar-se com a precipitação prevista para o final do mês, sobretudo para terça e quarta-feira.

A meteorologista realçou que esta é uma “seca meteorológica”, associada à ausência de precipitação, que se distingue da “seca hídrica”, originada pela falta de água nas barragens e sistemas de retenção.

“Estamos em meses em que é preciso que ocorra mesmo essa precipitação. Quando temos meses de dezembro e janeiro em que não ocorre precipitação - e com as temperaturas em dezembro a terem valores elevados para a época - tudo isso tem contribuído numa secagem maior do solo, e isso reflete-se logo sobretudo na agricultura, que é o setor logo com o primeiro impacto”, acrescentou.

A Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) mostrou-se este mês “apreensiva” devido à falta de chuva, defendendo a criação, por parte do Governo, de um grupo de trabalho permanente que estude os fenómenos das alterações climáticas.

Também a Associação dos Agricultores do Distrito de Portalegre se mostrou “apreensiva" devido à falta de chuva na região, considerando que a situação poderá comprometer o desenvolvimento das pastagens e das culturas instaladas de outono/inverno.

O ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, garantiu que estão a ser tomadas as "medidas necessárias para combater a seca" que possa vir a assolar o país.

De acordo com o ministro do Ambiente e da Transição Energética, está a ser feito “um vastíssimo investimento”, partilhado pela Empresas de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva e a Águas de Portugal, no sentido de, “no sul do país, se construir um conjunto de ligações entre albufeiras”.

De acordo com índice meteorológico de seca (PDSI) disponível no ‘site’ do IPMA, 53,3% do território estava na classe de seca fraca em 31 de dezembro, 13,7% na classe normal e 33% na classe de chuva fraca.

O IPMA classifica em nove classes o índice meteorológico de seca, que varia entre “chuva extrema” e “seca extrema”. Segundo o Boletim Climatológico do IPMA, o mês de dezembro em Portugal Continental classificou-se como quente em relação à temperatura do ar, com a temperatura máxima a alcançar o terceiro valor mais alto em 87 anos, e muito seco em relação à precipitação.

O próximo PDSI, relativo a janeiro, deve ser conhecido na primeira semana de fevereiro.

Saúde oral ainda é negligenciada
É o 6º cancro mais comum em Portugal e no mundo. No entanto, continua a ser frequentemente esquecido e são poucos os...

Juntamente com a ida regular ao médico dentista, são gestos podem fazer a diferença, alerta João Braga, médico dentista do Best Quality Dental Centers (BQDC), que a propósito do Dia Mundial de Luta contra o Cancro reforça a necessidade de mais prevenção e deteção precoce.

“Numa consulta de medicina oral, o médico dentista efetua um exame visual de toda a cavidade oral e estruturas anexas, permitindo que lesões suspeitas sejam detetadas em fases precoces”, explica. “Com estas consultas é possível efetuar um rastreio da doença, identificar/tratar lesões potencialmente malignas, ensinar o paciente a efetuar o autoexame da cavidade oral”, acrescenta.

Consultas que são ainda mais importantes nos pacientes de risco, “nomeadamente fumadores, pessoas com hábitos etílicos, pessoas regularmente expostas à radiação solar (cancro do lábio). E são também importantes para a educação e sensibilização da população para a problemática do cancro oral”.

Porque a cavidade oral faz parte do organismo, “todos os seus problemas poderão afetar a saúde geral”, reforça o médico. E há mesmo estudos recentes que indicam que aqueles que possuem uma má saúde oral têm maior probabilidade de voltar a sofrer de cancro oral. “Está também comprovado que existe uma associação entre grandes níveis de placa bacteriana e morte prematura por cancro”, refere, acrescentando ser compreensível, “já que as mesmas bactérias que causam periodontite (uma doença inflamatória que afeta as gengivas e tecidos que circundam o dente) têm um papel importante no desenvolvimento de cancro pancreático e cancro do trato gastrointestinal superior. A inflamação potencia alterações celulares, propagação de bactérias e fatores de virulência bacterianos por todo o corpo. Todos estes fatores podem ser preponderantes para o desenvolvimento de doenças oncológicas.” Já para não falar do sistema imunitário, cuja “eficácia fica diminuída”.

No que diz respeito aos doentes já diagnosticados com cancro, também aqui a saúde oral é determinante. Explica João Braga que os doentes oncológicos submetidos a tratamentos de quimioterapia e/ou radioterapia “sentem, na maior parte das vezes, alterações diversas na sua boca. Alterações que serão mais graves e desconfortáveis se o estado inicial de saúde oral do paciente não for saudável. Por este motivo, também, todos os pacientes deverão zelar pela sua saúde oral”.

Consultar o médico dentista após o diagnóstico e antes de iniciar os tratamentos é, pois, essencial para que este possa avaliar o estado de saúde oral, “efetuar os tratamentos necessários e receber instruções de como deve efetuar a sua higiene oral e como deve atuar quanto aos efeitos secundários dos tratamentos oncológicos”.

Consultas que devem continuar durante os tratamentos, para que o “médico dentista possa aconselhar o paciente a minimizar os inevitáveis efeitos secundários”. Ainda de acordo com o especialista, “genericamente, e porque os efeitos dos tratamentos variam muito de paciente para paciente, este deve ser mais rigoroso ainda na sua higiene oral diária. Deve usar uma escova suave e pasta fluoretada, fio ou fita dentária e um higienizador de língua. A utilização de colutórios deve ser aconselhada pelo médico dentista caso a caso. O paciente pode notar, devido a uma baixa de plaquetas e das células do sistema imunitário, um maior sangramento da gengiva, mas tal não deve inibi-lo de continuar a higienizar convenientemente porque, se o fizer, a saúde oral piorará e o aumento do sangramento é inevitável”.

No que diz respeito à alimentação, o especialista do grupo BQDC aconselha que se evitem alimentos picantes, crocantes e ácidos, “dando preferência a alimentos moles e fáceis de mastigar, a fim de prevenir úlceras e feridas”.

Apesar da importância destes cuidados, João Braga considera que “atualmente, esta ainda é uma área negligenciada. Embora se observe, cada vez mais, o alerta por parte da equipa médica para a importância da saúde oral, penso que os doentes portugueses com cancro ainda não estão completamente sensíveis da sua importância para o seu tratamento e bem-estar. Há uma tendência para se preocuparem apenas com os problemas mais graves e negligenciar tudo o resto”.

Para prevenir doenças oncológicas, para além de todos os conselhos no sentido de uma vida mais saudável, “as pessoas devem adotar cuidados diários de higiene oral (escovar os dentes e gengivas pelo menos duas vezes por dia, usar fio dentário e escovilhões, higienizar a língua) e efetuar visitas regulares ao seu médico dentista. Deve também ser evitada a exposição solar direta, adotado o uso de creme labial com proteção para a radiação solar e efetuada a vacinação contra o HPV”.

Estudo
A quimioterapia e a radiação são tratamentos eficazes contra o cancro, pois conseguem eliminar células em rápida divisão,...

Cientistas do Sanford Burnham Prebys Medical Discovery Institute, nos Estados Unidos, relataram que uma terapia direcionada que bloqueia uma proteína chamada LSD1 foi capaz de encolher tumores em animais com uma forma de cancro cerebral pediátrico conhecido como meduloblastoma.

Os inibidores de LSD1 estão atualmente a ser avaliados em ensaios clínicos para outros tipos de cancro.

O estudo foi publicado na revista Nature Communications.

“Sujeitar uma criança em desenvolvimento à quimioterapia e radiação pode ter efeitos devastadores a longo prazo. Algumas crianças até se tornam deficientes intelectuais como resultado do tratamento, e não podem ir à faculdade, viver sozinhas ou alcançar outros marcos importantes”, explicaram os cientistas.

“O nosso laboratório está a trabalhar para entender os caminhos genéticos que conduzem ao meduloblastoma, de forma a que possamos encontrar melhores formas de intervir e tratar os tumores. Este estudo mostra que um tratamento personalizado baseado no tipo de tumor específico de um paciente pode estar ao nosso alcance”.

O meduloblastoma é o tumor cerebral pediátrico maligno mais comum. Mais de 350 crianças são diagnosticadas com o cancro a cada ano, só nos Estados Unidos, sendo que o tratamento padrão envolve cirurgia para remover o tumor seguido de quimioterapia e radiação.

Um terço das crianças acaba por sucumbir ao cancro; para os dois terços das crianças que sobrevivem, muitos têm efeitos secundários severos e duradouros derivados do tratamento, incluindo comprometimento cognitivo e aumento do risco de desenvolvimento de outros tipos de cancro devido aos danos causados ao ADN.

Nos últimos anos, os cientistas descobriram que o meduloblastoma não é uma doença, mas quatro subtipos distintos que diferem nas mutações que os causam, nas células das quais o cancro surge e na probabilidade de sobrevivência a longo prazo.

Um subtipo chamado meduloblastoma do Grupo 3 é a forma mais letal da doença.

Este trabalho baseia-se num trabalho anterior que estudou o meduloblastoma do Grupo 3, no qual os cientistas demonstraram que um fator de transcrição (uma proteína que se liga ao ADN e ativa genes) chamado GFI1 é ativado em cerca de um terço dos tumores do Grupo 3.

No estudo anterior, os cientistas usaram abordagens de análise genética para criar modelos de meduloblastoma em ratos de forma a confirmarem que o GFI1 é crítico para esses tumores – um indicador importante que vale a pena perseguir.

No entanto, os fatores de transcrição são inerentemente difíceis de atingir terapeuticamente, ganhando o apelido de “indestrutível”.

Assim, os cientistas procuraram por um cúmplice do GFI1 – uma proteína que interage com ele e que pode ser mais facilmente direcionada – e descobriram um modificador epigenético chamado lisina demetilase 1 (LSD1).

“O LSD1 parece ser o calcanhar de Aquiles deste cancro”, disseram os cientistas que acabaram por confessar ter tido a sorte de já existir “um inibidor de LSD1 que está a ser testado em ensaios clínicos para outros tipos de cancro”.

Os cientistas obtiveram um inibidor de LSD1 e testaram-no nas cobaias com meduloblastoma do Grupo 3 ativado por GFI1.

O estudo mostrou que o fármaco diminuiu drasticamente o tamanho dos tumores cultivados sob a pele dos animais, reduzindo o cancro em mais de 80%, o que sugere que o medicamento também pode ser eficaz contra os tumores dos pacientes se puder ser administrada no cérebro.

“O nosso laboratório está agora a trabalhar em tecnologias de distribuição de fármacos que possam transportar esse medicamento através da barreira hematoencefálica até ao tumor. Se essas abordagens forem bem-sucedidas, um inibidor de LSD1 pode ser uma terapia promissora direcionada para crianças com meduloblastoma do Grupo 3 dirigido por GFI1”.

12,3 litros puros por ano
Os europeus estão a consumir menos bebidas alcoólicas mas a Europa continua a ser a região com maior consumo per capita de...

Embora nos países do Sul da Europa os níveis de consumo não se tenham alterado de forma significativa nos últimos anos, o mesmo não tem acontecido em alguns países do Leste, onde se observou uma quebra acentuada. Tal levou Portugal, mas também outros países, a ultrapassar a Rússia no que ao consumo de álcool puro per capita diz respeito.

O último estudo da Organização Mundial de Saúde, segundo o Sapo, indica que o consumo nacional anual per capita de álcool puro é de 12,3 litros por ano, face aos 9,8 litros de média europeia, e de 11,7 na Federação Russa. No topo do ranking está a República da Moldávia, com 15,2 litros per capita.

Bebidas mais caras?
O aumento do preço das bebidas alcoólicas e a diminuição da exposição ao marketing e consumo são as metas do plano europeu da Organização Mundial de Saúde (OMS) que está a ser debatido por especialistas reunidos até esta terça-feira em Santo Tirso.

Mas há ainda uma terceira área específica em que a organização preconiza um maior investimento: a disponibilidade e o acesso a bebidas alcoólicas, nomeadamente junto a escolas.

Trinta organizações nacionais e internacionais em representação de 15 países debatem a implementação do Plano Europeu de Ação para a redução do consumo de álcool, no período 2012-2020, procurando obter respostas para os resultados que ficaram aquém das metas, informou Carina Ferreira Borges, do escritório regional da OMS em Portugal.

Numa altura em que em Portugal, segundo o comunicado, o número de mortes ligadas ao álcool é muito elevado entre jovens - uma em cada sete mortes entre os 15 e os 19 anos e uma em cada cinco mortes entre os 20 e os 24 - a especialista quer mais medidas a nível interno.

"Quando olhamos para a situação de Portugal verificamos que existe mais espaço para a implementação destas três áreas específicas", começou por dizer a responsável da OMS em Portugal. "Julgo que existe também vontade política. As áreas do marketing e do preço das bebidas terão um grande impacto em termos da redução da mortalidade ligada ao álcool e Portugal tem uma mortalidade que é importante e que precisa de ser mudada".

Partindo do país para o mundo, Carina Ferreira Borges alertou que "os dados atuais não são bons" com a estatística conclui ocorrerem, "por ano, mais de um milhão de mortes que são atribuídas ao álcool", razão para o qual quer aquela organização mais respostas por parte dos governos.

Segundo a especialista, há "estudos que mostram que [as medidas] são relativamente fáceis e economicamente viáveis de implementar", elencando o "aumento do preço das bebidas alcoólicas, para diminuir a disponibilidade que existe ao consumo" e o "marketing, pois quem está exposto consome mais, e nos jovens é extremamente problemático, porque não só consomem mais como de uma maneira diferente, com maiores danos".

Do conjunto de recomendações em análise em Santo Tirso, faz também parte "a disponibilidade, ou seja, o acesso perto de escolas" dos jovens às bebidas alcoólicas que a OMS quer eliminar.

A título de exemplo, Carina Ferreira Borges citou o caso da Rússia, "hoje em dia um dos países onde menos se consome [álcool], precisando ser "menos de que noutros países" onde esperariam "houvesse menor consumo".

Na base da redução, explicou a responsável da OMS, estiveram "medidas ligadas ao estabelecimento de um preço mínimo nas bebidas alcoólicas", situação também registada "na Escócia, com muita resistência por parte da indústria das bebidas alcoólicas, e que levou a grandes discussões ao nível dos tribunais tendo, inclusive, chegado ao tribunal europeu".

"Temos hoje suficiente evidência científica que nos permite dizer que há coisas que têm de ser mudadas. Não podemos manter os mesmos discursos. Como aconteceu na área do tabaco, a partir do momento em que tivemos mais evidência científica mudámos. A mesma coisa terá de acontecer na área do álcool", argumentou.

Da parte da autarquia, o presidente Joaquim Couto alertou para o "paradoxo" de as pessoas "todos os dias desmesuradamente" consumirem "álcool, sal, gorduras e açúcar" e depois se queixarem quando estão "doentes por causa dessas substâncias", de o "Serviço Nacional de Saúde não ser suficientemente expedito para curar".

"Vamos então evitar a doença, promovendo a saúde e diminuindo os consumos do álcool, do sal, das gorduras e do açúcar", alertou.

Estudo
Estudo mostra como o exercício regular interfere com os circuitos neuronais que induzem e cancelam o apetite. A longo prazo o...

Está tudo no cérebro. É isso, pelo menos, que mostra um estudo publicado por uma equipa de investigadores da Universidade do Texas, que resolveu testar em ratinhos o que se passa nos circuitos neuronais relacionados com o apetite, quando os animais são sujeitos a uma regime prolongado de exercício moderado.

A ideia era tentar perceber a aparente contradição entre o apetite que o exercício físico induz, e o resultado prático, a longo prazo, de o desporto combater os excessos alimentares e a obesidade. Em que ficamos? - perguntaram-se os cientistas.

A resposta está na forma como os circuitos de indução e bloqueio do apetite são afetados pela prática desportivas, revelam os autores no estudo que publicaram na revista Molecular Metabolism.

Para perceber como esses mecanismos neuronais funcionam, escreve o Diário de Notícias, a equipa de Kevin W. Williams, um especialista nos circuitos neuronais do hipotálamo, da Universidade do Texas, decidiu fazer uma experiência que pudesse elucidar a forma como eles se relacionam entre si utilizando ratinhos aos quais foi aplicado um regime de corrida.

Os animais foram sujeitos a um período global de 60 minutos de corrida, com três períodos de 20 minutos de descanso, após o que os animais podiam comer.

Os resultados mostraram que havia mais atividade no circuito neuronal que faz diminuir o apetite nos ratinhos corredores e que, a longo prazo, essas alterações tendiam a manter-se, o que, segundo Kevin W. Williams, tal como afirmou ao The New York Times, permite compreender "por que muitas pessoas dizem não ter grande apetite nas horas seguintes a uma prática desportiva".

Janeiro é o Mês da Consciencialização para o Glaucoma
As pessoas com mais de 60 anos apresentam um elevado risco de desenvolver o glaucoma, sendo necessár

O nervo ótico é formado por um conjunto de milhares de fibras nervosas individuais que transmitem sinais do olho para o cérebro. O glaucoma é uma patologia ocular que causa danos progressivos neste mesmo nervo ótico, e consiste na perda da sensibilidade do tecido da retina por morte de fibras nervosas e consequente perda de visão irreversível.

Existem vários fatores de risco que podem levar ao desenvolvimento do glaucoma, entre os quais a idade. As pessoas com mais de 60 anos apresentam um elevado risco de desenvolver o glaucoma, sendo necessário que se mantenham atentas e façam consultas de rotina. Monitorizar o estado do olho e do nervo ótico é especialmente importante para as pessoas desta faixa etária, uma vez que o glaucoma avançado pode provocar a cegueira.

A forma mais comum desta patologia é o glaucoma primário de ângulo aberto. Este está associado a um progressivo aumento da pressão dos fluidos dentro do olho. Por se desenvolver lentamente e geralmente sem sintomas, muitas pessoas só se apercebem quando já ocorreu uma perda significativa de visão. Contudo, apesar de não produzir sintomas, o glaucoma pode ser diagnosticado através de uma consulta de rotina, com a avaliação de pressão do olho, alterações na papila do nervo ótico e dos campos visuais.

O tipo menos comum de glaucoma é o glaucoma agudo de ângulo fechado, que normalmente ocorre devido a um aumento significativo da pressão no olho num curto espaço de tempo. Os seus sintomas incluem dor ocular severa, náuseas, forte hiperemia, aparecimento de anéis coloridos em redor das luzes e visão enublada. Esta condição é uma emergência médica, pois a perda de visão pode ser imediata. No entanto, nem todas as pessoas que sofrem de pressão intraocular alta desenvolvem glaucoma e muitas pessoas com pressão ocular normal também sofrem de glaucoma. Quando a pressão dentro do olho é demasiado alta para esse nervo ótico específico, independentemente do valor que tenha essa pressão, produzirá glaucoma. A este tipo de glaucoma designou-se glaucoma de baixa pressão, em que a pressão permanece dentro dos valores normais, mas o nervo ótico apresenta alterações.

A diminuição da pressão intraocular deve ser realizada pelo Oftalmologista, através da prescrição de medicação, podendo mesmo ser necessária uma intervenção cirúrgica. É, por isso, importante a colaboração estreita entre o Oftalmologista e o Optometrista na gestão desta doença, fazendo o controlo com frequência dos valores da pressão intraocular.

O glaucoma não pode ser prevenido nem é uma condição rastreável, mas se for diagnosticado e tratado atempadamente pode ser controlado. Assim, existem exames auxiliares que devem ser feitos quer para diagnóstico, quer para acompanhamento da doença. Na consulta optométrica podem ser efetuadas medições da pressão intraocular, bem como a observação dos fundos oculares através do exame com oftalmoscópio ou outras técnicas de imagiologia. Desta forma, é possível observar e determinar os sinais físicos de possíveis alterações do nervo ótico. Se o glaucoma já estiver instalado, um exame de campos visuais permite analisar a extensão da lesão e acompanhar a patologia. Com o acompanhamento certo, é possível controlar o seu glaucoma em colaboração com o oftalmologista.


Raúl Sousa
Optometrista e Presidente da APLO

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As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
DIA
O grupo DIA retirou do seu ‘stock’ um lote de 24.576 latas de conserva de sardinha em azeite, fabricado pela Cofisa, devido a ...

“O grupo DIA procedeu recentemente à remoção de um lote de 24.576 latas de conserva de sardinha em azeite marca DIA, fabricado pela Cofisa – Conservas de peixe, perante uma possível falha de esterilização de algumas dessas latas e apenas como medida preventiva”, disse, em comunicado, a multinacional.

Em causa, está o lote 2694L com validade até julho de 2023, que foi distribuído em diferentes estabelecimentos da empresa em Portugal e Espanha.

“Todos os clientes que tenham adquirido este lote poderão proceder à sua devolução na loja mais próxima”, esclareceu o DIA.

A empresa disse ainda lamentar “profundamente todo e qualquer inconveniente que esta situação possa ter causado aos seus clientes”, garantindo que vai continuar a trabalhar para assegurar os mais altos padrões de qualidade e segurança alimentar em todos os processos.

De acordo com os dados avançados pela multinacional espanhola, o grupo DIA realizou, em 2018, mais de 500.000 testes internos e mais de 10.000 análises externas em laboratórios credenciados para assegurar a qualidade dos seus produtos.

 

Leucemia mielóide aguda
A Sociedade Europeia de Hematologia distinguiu um projeto do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do...

Em declarações, Delfim Duarte, investigador do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S) responsável pelo projeto distinguido recentemente pela Sociedade Europeia de Hematologia, explicou que foi através de outro estudo que os investigadores perceberam que “o ferro poderá ter um papel importante” no desenvolvimento desta patologia.

“O que vimos no trabalho anterior é que, diminuindo a quantidade de ferro, conseguimos proteger o microambiente da medula óssea. E isso é bom porque conseguimos manter a produção de sangue normal durante mais tempo e preparar a medula óssea para o transplante. Achamos que a deposição do excesso de ferro pode ser prejudicial”, esclareceu.

Segundo Delfim Duarte, também docente na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, apesar da investigação na área da leucemia mielóide aguda, uma doença “rara” e “bastante agressiva”, ser ativa, ainda não foi possível desenvolver “um tratamento eficaz”.

“Durante os últimos 30 anos foi utilizada a mesma estratégia no tratamento, porque de facto a biologia da doença é muito complexa e não se conseguiu desenvolver um tratamento eficaz”, frisou.

De acordo com o investigador, a leucemia mielóide aguda, doença que tem uma maior incidência em pessoas com mais de 65 anos, é provocada pela “proliferação descontrolada de glóbulos brancos”, tendo como consequência para o doente a perda de células normais do sangue, o aparecimento de cansaço, hemorragias e várias infeções.

“Existe uma destruição específica de determinados vasos sanguíneos da medula óssea, isto é, no tutano do osso que é onde a doença se desenvolve e isso tem implicações na perda de sangue normal e na agressividade das células de leucemia”, afirmou Delfim Duarte.

Para explorar esta hipótese, a equipa de investigadores do i3S vai utilizar amostras de doentes, estando por isso em fase de recrutamento no Instituto Português de Oncologia (IPO) do Porto, e modelos pré-clínicos de ratinhos.

O projeto, designado “O papel do ferro na remodelação do microambiente vascular na leucemia mielóide aguda”, conta com um financiamento de 160 mil euros, e pretende, a partir de março e durante os próximos dois anos, explorar o papel do ferro e procurar desenvolver novas terapêuticas e aumentar a qualidade de vida dos doentes oncológicos.

“Para nós este projeto é motivante porque nos permite, enquanto clínicos, fazer questões sobre a biologia básica das doenças hematológicas”, acrescentou Delfim Duarte.

Brexit
A Agência Europeia de Medicamentos vai mudar de sede, em março, para Amesterdão após 24 anos em Londres devido à saída do Reino...

Numa publicação feita na sua página oficial da rede social Facebook, a Comissão Europeia aponta que ontem, “após 24 anos em Londres, os funcionários da Agência Europeia de Medicamentos (EMA, sigla em inglês) disseram, simbolicamente, adeus aos seus escritórios no Reino Unido”, isto enquanto envergavam bandeiras dobradas dos 28 Estados-membros.

“É sempre difícil dizer adeus”, assinala Bruxelas naquela publicação.

E explica: “Em março, devido ao ‘Brexit’, a organização responsável pela avaliação científica, pela supervisão e pela monitorização dos medicamentos na UE, vai oficialmente mudar-se para Amesterdão”.

A ideia é que a mudança ocorra logo no início desse mês de março, pelo que “as autoridades holandesas já entregaram um edifício temporário ao diretor executivo da EMA, Guido Rasi”, observa o executivo comunitário numa outra nota.

A mudança estará completa em abril, estima Bruxelas, rejeitando que o ‘Brexit’ afete o funcionamento deste organismo.

A publicação foi feita na véspera do voto ao plano do Governo britânico para tentar avançar com o processo de saída do Reino Unido da União Europeia (UE), duas semanas depois de o acordo negociado com Bruxelas ter sido chumbado por uma margem de 230 votos.

A primeira-ministra britânica, Theresa May, recusou mudar a data de saída, marcada para 29 de março, ou realizar um novo referendo, argumentando que a única forma de evitar uma saída desordenada, sem acordo, é encontrar um consenso entre deputados que garanta a aprovação do texto.

Inglaterra
Os pacientes britânicos, com cancro do pulmão, foram os primeiros a submetidos ao tratamento que queima os tumores sem deixar...

Carlito Macabagdal, 76 anos, foi um dos primeiros doentes com cancro do pulmão a ser submetido à nova técnica. Em 2016, o londrino teve um terço do seu pulmão direito extraído, mas, dois anos depois, foram encontrados novos tumores no outro pulmão. Com diabetes, tensão alta e artrite reumatóide a complicar o prognóstico, Macabagdal foi considerado demasiado doente para fazer quimioterapia, radioterapia ou cirurgia. Quando os médicos lhe propuseram o novo tratamento, não hesitou e em julho de 2018 foi submetido ao procedimento. "A minha recuperação tem sido lenta, devido às minhas outras doenças, mas agora estou a começar a sentir-se mais energético e tenho conseguido voltar a cozinhar, o que adoro", diz.

Todos os nove doentes operados no Hospital de São Bartomoleu, em Londres, tinham sido identificados pelos médicos como "demasiado debilitados" para passarem por uma cirurgia convencional ou radioterapia. A nova técnica não implica qualquer incisão nem punção do pulmão afetado e é realizada em apenas 10 minutos, escreve a Visão.

Um ano depois, os nove estão vivos e os seus casos fazem os cirurgiões envolvidos na experiência acreditar que esta pode ser uma esperança para milhares de doentes oncológicos.

"É fantástico ver pacientes que estavam tão debilitados antes da cirurgia e agora estão tão bem", congratula-se Kelvin Lau, cirurgião cardiotorácico e consultor nesta experiência. "Não sentem qualquer dor depois do procedimento e, normalmente, estão suficientemente bem no dia seguinte para irem para casa", acrescenta.

A técnica elimina alguns dos principais riscos das cirurgias usadas atualmente nos casos de cancro do pulmão, como o colapso do órgão, hemorragias graves e dores intensas devido ao corte de tecidos no peito.

Neste caso, os doentes fazem uma TAC e são submetidos a anestesia geral. Os cirurgiões inserem, depois, um broncoscópio, pela boca, que conduzem, com recurso a uma espécie de GPS que lhes permite ver o "caminho", até aos pulmões. Uma vez no local certo, os médicos fazem passar um fio que pode aquecer até aos 100 graus centígrados, usando o mesmo tipo de energia dos microondas domésticos, para matar as células malignas.

A "ablação por microondas" já é usada para tratar o cancro do pulmão, mas até aqui, foi sempre necessário abrir o peito e puncionar o órgão.

Kelvin Lau salienta, no entanto, que nem todos os doentes poderão ser submetidos a esta técnica, como é o caso dos que tiverem os tumores localizados junto de grandes vasos sanguíneos, uma vez que o calor pode provocar hemorragias.

300 a 400 mil euros
O presidente da Jerónimo Martins anunciou hoje que a dona do Pingo Doce vai investir num laboratório para a rastreabilidade do...

Pedro Soares dos Santos falava aos jornalistas à margem da apresentação do programa "Menos Sal Portugal" em Lisboa, o qual resulta de uma parceria entre a CUF e o Pingo Doce, que pretende sensibilizar a população portuguesa para a importância de reduzir o consumo daquele ingrediente.

"Vamos criar um laboratório para a rastreabilidade dos produtos alimentares, em Portugal não há nenhum que faça ADN alimentar", afirmou o gestor, dentro de "ano e meio",

"Damos um caderno de encargos a um fornecedor e depois quando recebemos testamos os nossos produtos" (marca própria), acrescentou.

"Como marca temos de estar sempre à frente", salientou Pedro Soares dos Santos, apontando que "uma das maiores fraudes futuras na alimentação vão ser os ingredientes", algo cuja "tendência vai aumentar".

Segundo o presidente do Conselho de Administração da Jerónimo Martins, este laboratório será "um selo de garantia e a marca [Pingo Doce] quer continuar a ser uma marca forte e à frente".

O investimento rondará entre os 300 e 400 mil euros, dependente dos equipamentos, disse.

As vendas dos produtos sem glúten na cadeia Pingo Doce duplicaram, os sem lactose triplicaram e os biológicos quadruplicaram, no espaço de três a quatro anos.

Relativamente a este tipo de produtos, o presidente do grupo disse que "não só aumentou o espaço" dos produtos no supermercado, como também a oferta.

"Já começam a ter impacto e a valer a pena" ter sido feito o investimento.

"Já retirámos 70 toneladas de sal nos últimos oito a nove anos dos nossos produtos de marca própria", afirmou, adiantando que a cadeia de supermercados vai continuar a reduzir.

No segmento agroalimentar, Pedro Soares dos Santos disse que "as coisas têm corrido bem", a fábrica de leite "já está a laborar há algum tempo", e a fábrica de massa fresca, no norte do país, ainda não está feita devido às questões ligadas ao licenciamento.

Para a Polónia, a Jerónimo Martins espera atingir o objetivo "de 3.000" lojas, crescimento que será feito de forma orgânica.

Questionado sobre novas geografias, Pedro Soares dos Santos disse que a aposta continua na América Latina, através da Colômbia, e na Europa de Leste, na Polónia, mas não escondeu a "ambição de ir para a Roménia", algo que não tem horizonte definido.

Sobre o que antevê em termos macroeconómicos para Portugal e Europa, o presidente do Conselho de Administração afirmou: "A Europa vai passar por seis meses muito difíceis".

"Vai ser importante o que vai acontecer nas eleições europeias, estes primeiros seis meses vão requerer muita cautela. Estamos presentes em dois países com eleições europeias e locais", disse, aludindo a Portugal e Polónia.

"O mundo de hoje não parece ser um mundo fácil, só sei que qualquer coisa que passe no mundo, quem paga o preço são os europeus", rematou o gestor.

 

“Menos Sal Portugal”
Investigadores vão realizar um estudo para avaliar o impacto na saúde dos portugueses de um programa de reeducação alimentar de...

Lançado pela CUF e pelo Pingo Doce, o programa visa consciencializar os portugueses para a importância de melhorarem os seus hábitos alimentares em relação ao consumo de sal, que em Portugal é o dobro da quantidade recomendada pela Organização Mundial de Saúde (cinco gramas de sal diárias para um adulto e até três gramas para as crianças).

O programa inicia-se com a realização do “estudo inédito” que envolve 500 voluntários, entre os 20 e os 70 anos, da área metropolitana de Lisboa, que vão integrar, entre março e maio, um programa de educação alimentar que visa a redução do consumo do sal, sendo acompanhados e orientados por equipas especializadas.

“Esperamos que a mudança no estilo de vida, sobretudo nos hábitos alimentares, tenha um impacto favorável na população em estudo e que as alterações observadas se traduzam em ganhos de saúde duradouros”, afirmou Conceição Calhau, uma das coordenadoras do estudo, professora da Nova Medical School e investigadora do Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde (CINTESIS).

Em declarações aos jornalistas, à margem da apresentação do programa, Conceição Calhau, explicou que os portugueses estão a consumir diariamente 10,7 gramas de sal cada e que apenas 4% da população consome o nível adequado.

Depois de feito este diagnóstico nos estudos de observação, o estudo de intervenção agora lançado vai “condicionar e modificar estilos de vida”, para que no final das 12 semanas de intervenção a população esteja a consumir menos sal e haja ganhos em saúde em termos de pressão arterial e risco cardiovascular e excesso de peso.

Esta iniciativa foi saudada por Maria João Gregório, da Direção-Geral da Saúde (DGS), afirmando, na apresentação do “Menos Sal Portugal”, que é “um programa determinante para obter ganhos adicionais na saúde”.

“Portugal, atualmente, tem uma estratégia na área de redução de consumo de sal na população portuguesa, que consome mais do dobro do recomendado pela OMS e, portanto, a intervenção nesta área requer implementar um conjunto de medidas que promovam a literacia da população portuguesa e este projeto pode dar resposta a essa necessidade”, adiantou Maria João Gregório aos jornalistas.

Em paralelo, são necessárias medidas que modifiquem a oferta alimentar, por exemplo, em alguns espaços públicos ou que incentivem a reformulação dos teores do sal em alguns alimentos.

Neste momento, a DGS está a trabalhar em parceria com a indústria para definir protocolos de colaboração para reduzir, até 2021, o teor de sal em alimentos como tostas, cereais de pequeno-almoço, queijo, sopa pronta a consumir, batatas fritas e outros snacks e também bolachas e biscoitos.

Segundo Maria João Gregório, foi também realizado um “protocolo mais ambicioso” com as associações dos industriais da panificação para reduzir de 1,4 para um grama de sal por 100 gramas de pão, em 2021.

Na apresentação do programa, Jorge Polónia, coordenador do estudo e investigador do CINTESIS, afirmou que “Portugal é um país salgado”, estando numa “péssima situação” em termos de consumo de sal a nível mundial

As estimativas apontam que se conseguir uma redução diária de três gramas de consumo de sal pode-se evitar 20% dos acidentes vasculares cerebrais (AVC) e reduzir em 15% as doenças coronárias, disse Jorge Polónia.

Sobre o contribui para um consumo elevado de sal, Conceição Calhau explicou que “o sal adicionado no momento de confeção dos alimentos contribui em 29,2%, o pão e as tostas, 18,5%, a sopa, 8,2% e os produtos de charcutaria e carnes processadas têm um contributo de 6,9%.”

Como alternativas mais saudáveis, a investigadora aconselhou “a utilização de ervas aromáticas”.

Debate
O aumento do preço das bebidas alcoólicas e a diminuição da exposição ao marketing e consumo são as metas do plano europeu da...

Trinta organizações nacionais e internacionais em representação de 15 países começaram hoje a debater a implementação do Plano Europeu de Ação para a redução do consumo de álcool, no período 2012-2020, procurando obter respostas para os resultados que ficaram aquém das metas, informou Carina Ferreira Borges, do escritório regional da OMS em Portugal.

Numa altura em que em Portugal, segundo o comunicado, o número de mortes ligadas ao álcool é muito elevado entre jovens - uma em cada sete mortes entre os 15 e os 19 anos e uma em cada cinco mortes entre os 20 e os 24 - a especialista quer mais medidas a nível interno.

"Quando olhamos para a situação de Portugal verificamos que existe mais espaço para a implementação destas três áreas específicas", começou por dizer a responsável da OMS em Portugal.

E prosseguiu: "Julgo que existe também vontade política. As áreas do marketing e do preço das bebidas terão um grande impacto em termos da redução da mortalidade ligada ao álcool e Portugal tem uma mortalidade que é importante e que precisa de ser mudada".

Partindo do país para o mundo, Carina Ferreira Borges alertou que "os dados atuais não são bons" com a estatística conclui ocorrerem, "por ano, mais de um milhão de mortes que são atribuídas ao álcool", razão para o qual quer aquela organização mais respostas por parte dos governos.

Segundo a especialista, há "estudos que mostram que [as medidas] são relativamente fáceis e economicamente viáveis de implementar", elencando o "aumento do preço das bebidas alcoólicas, para diminuir a disponibilidade que existe ao consumo" e o "marketing, pois quem está exposto consome mais, e nos jovens é extremamente problemático, porque não só consomem mais como de uma maneira diferente, com maiores danos".

Do conjunto de recomendações em análise em Santo Tirso, faz também parte "a disponibilidade, ou seja, o acesso perto de escolas" dos jovens às bebidas alcoólicas que a OMS quer eliminar.

A título de exemplo, Carina Ferreira Borges citou o caso da Rússia, "hoje em dia um dos países onde menos se consome [álcool], precisando ser "menos de que noutros países" onde esperariam "houvesse menor consumo".

Na base da redução, explicou a responsável da OMS, estiveram "medidas ligadas ao estabelecimento de um preço mínimo nas bebidas alcoólicas", situação também registada "na Escócia, com muita resistência por parte da indústria das bebidas alcoólicas, e que levou a grandes discussões ao nível dos tribunais tendo, inclusive, chegado ao tribunal europeu".

"Temos hoje suficiente evidência científica que nos permite dizer que há coisas que têm de ser mudadas. Não podemos manter os mesmos discursos. Como aconteceu na área do tabaco, a partir do momento em que tivemos mais evidência científica mudámos. A mesma coisa terá de acontecer na área do álcool", argumentou.

Da parte da autarquia, o presidente Joaquim Couto alertou para o "paradoxo" de as pessoas "todos os dias desmesuradamente" consumirem "álcool, sal, gorduras e açúcar" e depois se queixarem quando estão "doentes por causa dessas substâncias", de o "Serviço Nacional de Saúde não ser suficientemente expedito para curar".

"Vamos então evitar a doença, promovendo a saúde e diminuindo os consumos do álcool, do sal, das gorduras e do açúcar", alertou.

Atinge 11% das mulheres durante a gravidez
Com a ajuda da médica psiquiatra, Ana Peixinho, reunimos um conjunto de perguntas e respostas para q

O que é a Depressão Perinatal?

A Depressão Perinatal é a depressão que surge na gravidez, parto ou período pós parto (12 meses).

Quais são os sintomas?

Os sintomas são semelhantes aos da depressão noutras fases da vida e englobam tristeza, diminuição do interesse e do prazer nas atividades habituais, alterações do apetite e sono, agitação ou lentificação física e psíquica, fadiga ou diminuição da energia, perda da autoestima/confiança ou sentimentos de culpa, diminuição da concentração ou da capacidade de tomar decisões e ideias recorrentes de morte, de suicídio ou comportamentos suicidários.

Estes sintomas estão presentes durante pelo menos 2 semanas, ocorrendo na maioria dos dias e causam sofrimento significativo ou têm implicação negativa no desempenho social, ocupacional ou noutras áreas do funcionamento pessoal.

É muito frequente?

A Depressão Perinatal ocorre em cerca de 11% das mulheres durante a gravidez e em 13% no primeiro trimestre pós-parto.

Ou seja, não existe diferença significativa entre a prevalência ou incidência da depressão entre mulheres grávidas e não grávidas. Contudo, a identificação e o tratamento da depressão é menor nas mulheres grávidas o que dá uma perceção de menor prevalência.

O que é o “Baby Blues” ou “Blues Pós- Parto”?

É uma situação que ocorre em 50% das mulheres no período pós-parto, surgindo nos primeiros 3 dias após o parto e terminando entre o 7º e o 10º dia. Verifica-se um pico de intensidade ao 5º dia. Os sintomas incluem labilidade emocional, choro fácil, irritabilidade, tristeza, ansiedade e alterações do sono e do apetite. Esta situação tem intensidade moderada.

É importante realçar que a ocorrência de “Baby Blues” está associada ao desenvolvimento posterior de Depressão Pós-Parto.

Quais são os Fatores de Risco para a Depressão Perinatal?

Os fatores de risco são múltiplos e subdividem-se em três grupos principais: Sociais, Psicológicos e Biológicos.

Os Fatores de Risco Sociais incluem o nível socioeconómico, a exposição a traumas, a situações de vida adversas e a stress, a violência doméstica, o relacionamento marital, o apoio social, o desejo de estar grávida e também o facto de ser emigrante. 

Os Fatores de Risco Psicológicos englobam os traços de personalidade da mulher e a existência de doença psiquiátrica prévia como Depressão, Ansiedade, Perturbação de Stress Pós-Traumático e Abuso de Substâncias. A existência de história familiar de doença psiquiátrica é também um factor de risco para Depressão Perinatal.

Os Fatores de Risco Biológicos são: a idade, a susceptibilidade genética e hormonal, a existência de doenças crónicas e de complicações na gravidez. A Depressão Pós-Parto surge mais frequentemente em mulheres que já têm filhos, em gravidezes múltiplas, em partos pré-termo e quando os recém-nascidos têm baixo peso ao nascer.

Como se trata?

O tratamento engloba duas vertentes: Psicossocial e Psicológica e Farmacológica.

Os tratamentos não-farmacológicos são particularmente importantes no Período Perinatal e incluem Terapia Interpessoal e Terapia Cognitivo Comportamental.

Muitas vezes esta intervenção não é suficiente e é necessário recorrer ao tratamento farmacológico.

A utilização de psicofármacos no Período Perinatal requer uma análise individualizada da relação risco/benefício sem esquecer o risco para a mãe, feto e criança da doença não tratada.

Contudo, e apesar da evidência do risco da utilização de psicofármacos ser restrita por se basear em estudos observacionais que estabelecem associações e não causalidade é seguro utilizar estes medicamentos.

Habitualmente opta-se por antidepressivos de uma classe específica, chamada de Inibidores Seletivos da Recaptação da Serotonina que são eficazes.

Sabe-se que 3% das mulheres grávidas estão medicadas com antidepressivos na Europa e 10% nos EUA.

Na prescrição terapêutica deve-se utilizar a dose mínima eficaz para obter o resultado desejado tendo em conta o risco mais baixo para a mãe e bebé. Deve -se preferir sempre a utilização de um único fármaco e envolver a mãe e o pai da criança nas decisões a tomar.

É importante referir que é possível amamentar o bebé enquanto medicada com psicofármacos. A utilização destes medicamentos no Período Pós-Parto não deve ser um factor determinante nem para não fazer medicação psiquiátrica neste período nem para deixar de amamentar. O acompanhamento por um psiquiatra experiente na área perinatal é fundamental para que seja realizado um correcto acompanhamento na tomada de decisões terapêuticas durante a amamentação.

Como se pode prevenir?

Existem várias estratégias simples que permitem prevenir a Depressão Perinatal.

Antes de mais é importante estar atento para a depressão no contexto da gravidez e não exclusivamente no Período Pós-Parto. Uma identificação atempada, minimiza o prejuízo, não só durante a gravidez como também no Período Pós-Parto e aumenta a taxa de tratamento.

Internacionalmente preconiza-se a utilização de um questionário que permite fazer o despiste de Depressão Perinatal e que deve ser preenchido pela grávida e puérpera em 3 momentos: na 1ª consulta da gravidez, durante o primeiro trimestre e na 1ª consulta pós-parto. Esta escala, inicialmente utilizada para a Depressão Pós-Parto e actualmente aplicada à Depressão Perinatal é composta por 10 itens relativos à presença de sintomas depressivos nos últimos 7 dias. O tempo médio de administração deste questionário é de 5 minutos e é de auto-preenchimento. Se o resultado obtido for sugestivo de depressão a mulher é referenciada para consulta de Psiquiatria.

Um adequado acompanhamento psicossocial durante a gravidez, realizado pelo médico assistente, por um técnico de referência como o enfermeiro ou inclusivamente adquirido através da frequência de cursos pré-parto criam uma rede de apoio e suporte à grávida que a tranquiliza e dá espaço para que os seus receios e emoções sejam expressos livremente.

No período Pós-Parto a existência de visitas periódicas e individualizadas, o apoio telefónico, a psicoeducação e a aprendizagem de estratégias para lidar com as dificuldades no sono são essenciais para prevenir a Depressão.

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Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Relatório revela
Os quatro últimos anos foram os mais quentes já registados desde a Era Industrial, segundo um relatório publicado na quinta...

A temperatura mundial média foi 1,16°C superior à temperatura média da segunda metade do século XIX, o período em que se deu o início da industrialização na Europa, consideram analistas.

Segundo o estudo, escreve o Sapo, "a temperatura mundial média em 2018 foi mais baixa do que em 2015, 2016 e 2017, porém mais quente do que em cada ano observado antes de 2015".

"O ano de 2016 continua a ser o mais quente do período de observações históricas", informou o grupo de pesquisas independente, segundo o qual a tendência geral coincide com "um aquecimento global a longo prazo".

Os dados procedem de 20.000 estações meteorológicas, informou o Berkeley Earth.

O governo americano costuma fazer uma análise similar das temperaturas, mas o encerramento parcial do governo, iniciado em dezembro, impediu a sua realização até ao momento.

Outro grupo de cientistas, o europeu Copernicus Climate Change Service, publicou em 7 de janeiro uma análise similar à do Berkeley Earth, confirmando que os quatro últimos anos foram os mais quentes já registados.

DECO alerta
Alguns dispositivos médicos implantados no corpo dos pacientes, como pacemakers, próteses de anca e joelho, implantes mamários,...

Uma investigação realizada em 36 países, pelo International Consortium of Investigative Journalists, revela alertas de segurança e recolha de dispositivos médicos que apresentaram algum problema de segurança para a saúde pública ou do doente.

Em Itália, por exemplo, no ano passado, mais de 30 mulheres recorreram à Altroconsumo - uma associação que apoia o consumidor naquele país - para obter ajuda no pedido de indemnização relativo a efeitos secundários graves devido ao uso do dispositivo de contraceção permanente Essure, cuja produção foi entretanto suspensa pela Bayer.

Portugal não está na lista atual das denúncias mas, escreve o Sapo, em 2012, as polémicas com os implantes mamários PIP - que afetaram várias portuguesas - e as próteses de metal-metal na anca mostravam as fragilidades da lei dos dispositivos médicos na Europa.

Na altura, várias consumidoras portuguesas substituíram os implantes mamários da marca PIP devido a ruturas. "Temos defendido o reforço da avaliação dos dispositivos antes de serem colocados à venda, com maiores exigências nas provas científicas dos seus benefícios e riscos. Na nossa opinião, estes estudos devem ser acessíveis também ao público", diz a Associação Defesa do Consumidor (DECO).

Nova regulamentação aperta regras, mas DECO diz que não é suficiente
Segundo a nova regulamentação europeia sobre dispositivos médicos, que entra em vigor em 2020, "só podem ser colocados no mercado os dispositivos que respeitem os requisitos previstos, quando corretamente disponibilizados, mantidos e utilizados de acordo com a finalidade a que se destinam".

"Assim, antes de colocar o dispositivo médico no mercado europeu, o fabricante deverá sujeitá-lo a um processo de avaliação de conformidade com os requisitos previstos na lei para obtenção da marcação CE. Deve, ainda, elaborar a Declaração CE de Conformidade e notificar a autoridade competente onde está sedeado ou todas as autoridades competentes onde disponibiliza o dispositivo", explica a DECO.

As novas regras reforçam a vigilância dos dispositivos depois de colocados no mercado, melhoram a informação ao consumidor e a transparência. No entanto, falham a oportunidade de reforçar a avaliação da segurança e eficácia dos dispositivos antes de chegarem aos consumidores, adverte a Defesa do Consumidor.

"Consideramos que as novas regras não introduzem uma avaliação adequada antes da comercialização dos dispositivos de alto risco (por exemplo, pacemakers ou dispositivos intrauterinos que não libertem progestagénios), como solicitámos. Apenas reforçam as regras de vigilância aplicadas aos organismos independentes responsáveis pela avaliação de dispositivos médicos antes de estes poderem ser colocados no mercado", afirma em nota de imprensa.

"Só determinados dispositivos de alto risco, como implantes, podem passar por uma verificação adicional dos especialistas antes de serem colocados à venda. Reivindicamos, por isso, um reforço dos testes de eficácia e segurança", conclui a associação.

Estudo
Cientistas identificaram os genes em amostras de solo de uma das ilhas Svalbard, e alertam para a necessidade de controlar uso...

Os genes que conferem às bactérias a capacidade de multi-resistência aos antibióticos foram identificados pela primeira vez em 2008 numa doente internada num hospital da Índia. Três anos depois, encontravam-se nas águas, em Nova Deli, espalhando-se depois a muitas áreas urbanas por toda a Índia e a vários países. Agora, esses genes foram pela primeira vez encontrados muito mais longe, numa das mais remotas regiões do planeta: o Ártico, onde quase não vai ninguém.

A descoberta, feita em amostras de solo das ilhas Svalbard, a 13 mil quilómetros de distância da Índia, faz soar alarmes e reforça as preocupações crescentes em relação a uma potencial situação de emergência global na saúde, que alguns já consideram mais grave do que as próprias alterações climáticas.

Os resultados são de uma equipa internacional de cientistas, liderada por David Graham, da Universidade de Newcastle, no Reino Unido, e foram agora publicados na revista científica Environmental International, escreve o Diário de Notícias.

"As regiões polares contam-se entre os últimos ecossistemas prístinos do planeta, constituindo uma importante plataforma para caracterizarmos a era de pré-resistência aos antibióticos e para podermos avaliar a sua progressão", explica o coordenador do estudo, sublinhando que "a velocidade rapidíssima" a que estes genes se propagaram a "uma região com um impacto humano mínimo confirma" a ideia de que "as soluções para o problema têm de ser encaradas a nível global, e não a nível local".

A equipa analisou o ADN (informação genética) presente em 40 amostras de solo recolhidas em oito locais diferentes de Kongsfjorden, uma zona de fiordes numa das ilhas do arquipélago de Svalbard, localizado em pleno Ártico e pertencente à Noruega, e encontrou genes associados à resistência às principais classes de antibióticos, que são comummente usados para tratar as mais variadas infeções. Mas, mais grave ainda, em 60% das amostras, os cientistas confirmaram também a presença dos genes resistentes aos antibióticos de última geração, que são encarados como arma de último recurso quando tudo o resto falha.

A explicação para a presença destes genes nos solos do Ártico estará, provavelmente, nas aves, sugerem os cientistas, uma vez que aquelas são regiões com uma presença humana mínima.

Presentes nos sistemas digestivos das aves, esses genes terão passado para o solo através das suas fezes, sugerem os cientistas.

"O que os humanos fizeram com o uso excessivo dos antibióticos à escala global foi acelerar a evolução e ajudar a criar novas linhagens de bactérias resistentes que antes não existiam", afirma David Graham. E explica: "Através do abuso dos antibióticos, a dispersão de fezes e a contaminação da água potável, acelerámos a velocidade a que as super-bactérias evoluem: face a uma nova droga desenvolvida, as bactérias podem adaptar-se rapidamente a ela".

Também por causa disto, no outro lado da moeda, os laboratórios farmacêuticos têm investido muito pouco no desenvolvimento de novos antibióticos nas últimas décadas, o que significa que, sem armas novas contra as super-bactérias que não param de evoluir, poderemos estar à beira de uma grave crise de saúde pública global, como alertam os cientistas.

África
Uma unidade paramilitar sul-africana que operou durante o “apartheid” foi concebida para infetar com Sida a população negra do...

Antigos elementos do grupo terão atuado a mando de Keith Maxwell, o excêntrico líder do sombrio Instituto Sul-Africano de Investigação Marítima, que defendia um país de maioria branca, onde “os excessos dos anos 60,70 e 80 não teriam lugar no mundo pós-sida”.

O líder do grupo é acusado de se ter apresentado como um médico filantropo para dar falsas injeções aos cidadãos sul-africanos negros.

“Uma sombria unidade paramilitar da era 'apartheid' foi planeada para infetar a população negra”, escreveu ontem o jornal, a propósito do documentário intitulado “Cold Case Hammarskjold”.

Um ex-elemento do instituto (SAIMR, na sigla em inglês) disse que o grupo “espalhou o vírus” a mando de Maxwell.

Falando aos autores daquele documentário, o ex-oficial dos serviços secretos do instituto Alexandre Jones disse que Maxwell, que tinha poucas qualificações médicas, se estabeleceu como médico tratando negros pobres sul-africanos.

“Qual a maneira mais fácil de obter uma cobaia, quando se vive num regime de 'apartheid'?”, afirmou Jones para o documentário, que estreou este fim de semana no Festival Sundance Film.

“As pessoas negras não tinham direitos, precisavam de cuidados médicos. Há um 'filantropo' branco que chega e diz 'vou abrir estas clínicas e tratar-vos' e, no entanto, é apenas um lobo com pele de cordeiro”, relatou.

Os autores do documentário encontraram uma placa anunciando os serviços de um “Dr. Maxwell” em Putfontein, perto de Joanesburgo, e falaram com habitantes locais, que se lembram de um homem que tinha um monopólio virtual na área da saúde, apesar de oferecer estranhos tratamentos.

Jones disse que o SAIMR também atuou fora da África do Sul, referindo no documentário: “Estivemos envolvidos em Moçambique, espalhando o vírus da sida através de condições clínicas”.

Acredita-se que o SAIRM tinha ligações secretas com as forças armadas do “apartheid” na África do Sul.

Foi também acusado de trabalhar com os serviços secretos britânicos e a norte-americana CIA para assassinar o secretário-geral das Nações Unidas Dag Hammarskjold.

O secretário-geral de nacionalidade sueca, um apoiante da descolonização, morreu em circunstâncias misteriosas quando o avião em que seguia explodiu antes de aterrar na Zâmbia, em 1961.

Tentava mediar a paz entre o recém-independente Congo e a província separatista de Katanga.

Em 1998, a Comissão de Verdade e Reconciliação pós “apartheid” da África do Sul revelou ter encontrado cartas em papel timbrado do SAIMR que pareciam sugerir que os serviços secretos britânicos e a CIA tinham concordado que “Hammarskjold devia ser removido”, escreve o Independent.

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