Prevenção de doenças infeciosas
Uma pessoa com cancro está mais suscetível a diversas infeções que podem causar o adiamento de tratamentos ou cirurgias, com...

“As pessoas devem questionar e pedir sempre informação à equipa clínica que as acompanha, médico e/ou enfermeiro, de forma a decidir que vacinas realizar e quando, adaptando o plano vacinal a cada situação particular e minimizando possíveis riscos associados. Estamos no inverno e sendo esta uma altura do ano em que o vírus da gripe circula com mais intensidade, devemo-nos proteger. O mesmo sucede em relação à COVID-19”, alerta Cristina Coelho, sócia fundadora da Careca Power, uma associação que tem como missão apoiar todos aqueles que tiveram diagnóstico de cancro, bem como as suas famílias e amigos, promovendo o sorriso, a esperança e a força nesta fase da vida. 

Em vésperas de mais um Dia Mundial do Cancro, Cristina Coelho, também ela em tratamentos devido a um cancro do pulmão, dá o seu testemunho e faz um apelo público à vacinação, que, não sendo a cura por si só, pode fazer toda a diferença na evolução da doença. “É importante deixar uma mensagem de esperança e de força e frisar que a vacinação é uma forma de prevenção”, explica. 

A infeção, principalmente quando é grave, com necessidade de internamento ou outras complicações associadas, pode atrasar ciclos de quimioterapia ou até mesmo cirurgias. “Um atraso de um mês no tratamento em muitos tipos de cancro pode traduzir-se num aumento do risco de morte entre 6% a 13%”, reforça, por outro lado, Andreia Capela, presidente da Associação de Investigação de Cuidados de Suporte em Oncologia (AICSO) e médica oncologista no Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia – Espinho.  

“A vacinação é um direito universal. Garantir equidade no acesso a este direito deve ser uma prioridade. Profissionais de saúde e utentes mais informados e esclarecidos estarão mais protegidos de infeções que acarretam complicações graves”, acrescenta Andreia Capela. 

A campanha de sensibilização para a vacinação no doente oncológico, à qual se associa a Liga Portuguesa Contra o Cancro e a Associação Careca Power, vai prolongar-se até à Semana Mundial da Vacinação, que se assinala todos os anos em abril. Dinamizada pela AICSO e pela Direção-geral da Saúde (DGS), em parceria com diversas associações e sociedades profissionais na área da Saúde* visa sensibilizar profissionais de saúde e população para a importância, indicações e contraindicações de diferentes vacinas na pessoa com doença oncológica. 

O objetivo é levar as pessoas com diagnóstico de cancro a questionarem as suas equipas de saúde sobre a vacinação e, em simultâneo, incentivar essas equipas a estarem mais atentas a esta temática e a disponibilizarem informação fidedigna sobre a vacinação aos doentes e seus cuidadores. 

Iniciativa do Sindicato dos Enfermeiros é discutida estas 6ª feira
Há muito que os enfermeiros portugueses reivindicam o reconhecimento da sua profissão como sendo de alto risco e desgaste...

O presidente do Sindicato dos Enfermeiros – SE, Pedro Costa, está confiante que os deputados compreendem as motivações do sindicato. Uma convicção que está sustentada no facto de a Petição n.º 310/XVI/3.ª ter dado origem a dois projetos de lei, do Bloco de Esquerda e do Chega, e dois projetos de resolução, do PAN e do PCP.

A recolha de assinaturas, cujo primeiro signatário é o dirigente do SE Eduardo Bernardino, reforça o caráter especial da enfermagem por comparação com outras profissões que também já o são, entre as quais se encontram as forças de segurança. “Diariamente, os enfermeiros estão sujeitos a uma pressão muito grande, exercendo uma profissão com elevada complexidade e onde têm de lidar de forma constante com a doença e até mesmo a morte, além de toda a dificuldade que é lidar com os doentes e a família em momentos de extrema fragilidade”, explica Pedro Costa, presidente do Sindicato dos Enfermeiros.

“Pratica-se um horário de trabalho 24h/24h, sob a forma de turnos diurnos e noturnos, e com consequências físicas e emocionais”, sustenta o presidente do SE. Recordando que “está comprovado, desde 2016, que um em cada cinco enfermeiros se sente em exaustão emocional, a qual se agravou ainda mais com a pandemia”.

Pedro Costa afirma mesmo que, durante a fase mais grave da pandemia, “o Governo acabou por reconhecer, ainda que de forma temporária, as dificuldades inerentes ao exercício da enfermagem, ao criar um subsídio extraordinário e temporário pelos riscos das funções exercidas”. “O problema está no facto de este reconhecimento ser limitado no tempo, quando, na verdade, a nossa profissão é extremamente exigente, todos os dias, com ou sem pandemia”, diz.

A falta de recursos humanos e de equipamentos, bem como as condições muitas vezes inadequadas das instalações físicas, reforçam as dificuldades que os enfermeiros sentem no exercício da profissão e que se reflete, em muitos casos, no abandono da atividade. “Os enfermeiros estão exaustos e desmotivados com toda uma exigência diária que não se reflete, desde logo, nas condições remuneratórias”, acrescenta Pedro Costa.

O presidente do Sindicato dos Enfermeiros espera, por isso, que os deputados reconheçam a urgência de a enfermagem ser considerada uma profissão de alto risco e desgaste rápido, alterando, deste modo, a idade mínima da reforma. “Os deputados têm uma oportunidade quase única de passarem dos atos às ações e trocarem as palmas aos enfermeiros por medidas concretas de valorização da nossa profissão”, conclui Pedro Costa.

Enfarte de miocárdio
Uma equipa de investigadores do Centro de Informática e Sistemas da Universidade de Coimbra (CISUC) da Faculdade de Ciências e...

No decorrer da investigação “GRACE PLUS - Uma abordagem baseada na fusão de dados para melhorar a pontuação GRACE na avaliação de risco da Síndrome Coronária Aguda”, da autoria de Afonso Neto, aluno de doutoramento do Departamento de Engenharia Informática (DEI), de Jorge Henriques e Paulo Gil, investigadores do CISUC e ainda de José Pedro Sousa, médico cardiologista do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), foi possível concluir que existem fatores de risco não contemplados no GRACE, em particular a hemoglobina no momento da admissão, com impacto positivo na melhoria da precisão da avaliação de risco.

«Começámos por investigar formas de adicionar ao modelo Global Registry of Acute Coronary Events (GRACE) novos fatores de risco, identificados pelo nosso parceiro clínico (CHUC), com potencial para melhorar a precisão do prognóstico, tais como a hemoglobina na admissão e marcadores de inflamação», contextualiza Jorge Henriques.

Por outro lado, prossegue o investigador do CISUC, «para manter a interpretabilidade do novo modelo e, por consequência, a sua confiança, percecionada pela equipa clínica, foi definido como requisito adicional manter a forma como na prática clínica o GRACE é utilizado, sendo este sujeito a um fator de correção, considerando a contribuição de novos fatores de risco, daí a justificação de GRACE PLUS».

Segundo a equipa do CISUC, os modelos de avaliação de risco cardiovascular são ferramentas muito úteis para auxiliar o prognóstico de uma série de eventos. O modelo GRACE, bastante utilizado na prática clínica, é atualmente o mais usado em Portugal na avaliação de risco no contexto da síndrome coronária aguda. No entanto, «é um modelo que apresenta algumas limitações, nomeadamente devido à utilização de um número incompleto de variáveis (fatores de risco) no cálculo do prognóstico».

O modelo GRACE pode ser considerado uma ferramenta de prevenção secundária, sendo habitualmente aplicado a pacientes no momento da admissão hospitalar, resultante da ocorrência de um episódio de síndrome coronária aguda (enfarte de miocárdio). O objetivo deste modelo é estimar a probabilidade de morte ou de um novo evento de enfarte de miocárdio num determinado período de tempo, geralmente no mês seguinte ou nos próximos seis meses.

Este modelo baseia-se em oito fatores de risco registados na admissão hospitalar, designadamente idade, frequência cardíaca, pressão arterial sistólica, creatinina, classe Killip, estado de paragem cardíaca, marcadores cardíacos elevados e desvio do segmento ST no eletrocardiograma. «Ao ponderar todos estes fatores, o modelo GRACE gera uma pontuação (score), posteriormente discretizada com vista a fornecer uma categoria de risco, em três classes distintas, nomeadamente, baixo risco, risco intermédio e alto risco», esclarece a equipa de investigadores.

Assim, este estudo focou-se no «desenvolvimento de uma ferramenta baseada em metodologias de fusão de informação e em técnicas de inteligência artificial, que permita melhorar a avaliação do risco cardiovascular e, dessa forma, proporcionar um suporte mais fundamentado à decisão clínica em contexto real sem, no entanto, alterar a forma como essa decisão é atualmente efetuada pelos profissionais», afirma o investigador da FCTUC.

«Através deste mecanismo é possível combinar fontes de informação heterogéneas, neste caso o modelo de risco já existente – GRACE, e o fator de risco adicional – hemoglobina», revela a equipa do CISUC, acrescentando que «esta abordagem permitiu determinar para cada individuo o fator de correção ótimo a adicionar ao GRACE, tendo em conta o valor particular de hemoglobina, de forma a maximizar a precisão de estratificação determinada pelo modelo original».

Para os autores do projeto, «para além da melhoria da caracterização do risco cardiovascular, uma das vantagens adicionais deste estudo consiste em potenciar a aplicação de cuidados de saúde proporcionais ao real risco que o doente apresente no momento da admissão hospitalar, podendo contribuir para uma gestão efetiva de terapêuticas e de recursos humanos», concluem.

O artigo científico, publicado na revista Information Fusion, pode ser consultado aqui: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1566253522001956?via%3Dihub#sec2.

Opinião
A Diabetes Mellitus constitui um grave problema de saúde pública, quer a nível nacional, quer mundia

Ao longo das últimas décadas, em Portugal, à semelhança de outros países a nível mundial, tem sido alvo de uma expressiva transformação demográfica que se caracteriza, entre outros fatores, pelo aumento da longevidade, da população idosa e da diminuição da natalidade e da população jovem (PORDATA, 2022).
Em conformidade com a Federação Internacional da Diabetes Mellitus, este é um dos maiores desafios de saúde do século XXI. Portugal ocupa um lugar de destaque no espaço europeu com maior prevalência de Diabetes em adultos, o que se assume como um problema de saúde prioritário.

Segundo a OMS (2022), no ano de 2019, a Diabetes Mellitus foi a causa direta de 1,5 milhão de mortes e, de todas as mortes por esta doença, 48% ocorreram antes dos 70 anos. 

Portugal é o quinto país da Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) com maior prevalência de Diabetes Mellitus, uma análise resultante do relatório publicado pela mesma organização em 2019, que continua a registar que o país continua a ocupar os lugares cimeiros, com as estimativas a apontarem para 9,8% da população com Diabetes, sendo esta percentagem suplantada pelo México (13,5%), Turquia (11,1%), Estados Unidos (10,8%) e Alemanha (10,4%). Antes do Relatório Health at Glance de 2019, a prevalência da Diabetes na população portuguesa com idades entre os 20 e os 79 anos foi estimada em 13,6%, sendo que ao certo somente 800 mil doentes com diagnóstico de Diabetes estão registados nos Cuidados de Saúde Primários.
Em 2019, Portugal tinha 9,8% de adultos, na faixa etária dos 20 aos 79 anos, com Diabetes Mellitus dos tipos 1 e 2, surgindo atrás da Alemanha (10,4%), o pior país da União Europeia em termos de epidemiologia desta patologia. A média da União Europeia dos 27 foi 6,2%, com a Irlanda (3,2%), a Lituânia (3,8%) e a Estónia (4,2%) a registarem as taxas mais baixas de prevalência de Diabetes Mellitus na população adulta. Estima-se que, para além dos casos de pessoas com diagnóstico de Diabetes, a Pré-diabetes, que pode ser revertida com a terapêutica não farmacológica (alimentação e prática regular de atividade física moderada) na maioria dos países, afeta cerca de 2 milhões de portugueses (OMS, 2020).

A Diabetes Mellitus com o passar dos anos pode provocar várias complicações em diferentes órgãos na pessoa, como nefropatia, retinopatia, doença cardiovascular e doença dos membros inferiores. Sendo por isso considerada uma das mais frequentes causas de morbilidade e mortalidade a nível global, tendo representado em 2019, a nona causa de morte (Veiga, 2020). No entanto, é possível tratar a Diabetes Mellitus e evitar ou retardar as suas consequências através da atividade física e de uma alimentação saudável, aliada a medicamentos e exames regulares.
Assim, sendo e tendo-se em consideração que a profissão de Enfermagem deve ser desenvolvida numa espiral, é importante partir-se do pressuposto que conhecer é transformar o objeto e transformar-se os enfermeiros a si próprios, o que implica ter o desejo de conhecer (Nunes, 2018).

Logo, a enfermagem impõe uma constante atualização de saberes e cabe ao enfermeiro procurar mais e melhor formação que promovam o desenvolvimento e aplicação das suas competências. O enfermeiro deve atualizar os seus conhecimentos de modo a fundamentar a sua ação de forma científica, para que a sua prática seja considerada de excelência e, assim, se traduzir na melhoria da qualidade dos cuidados de saúde á pessoa com Diabetes Mellitus.

Neste contexto, cabe aos profissionais de saúde prestar cuidados com qualidade á pessoa com Diabetes Mellitus, que pode iniciar-se nos cuidados de saúde primários através da intervenção nos fatores de risco; na prevenção secundária, através de um diagnóstico precoce e um tratamento eficaz, até à prevenção terciária, através da reabilitação.  
Em suma, travar a crescente incidência e os seus respetivos custos humanos, sociais e económicos representa um desafio, que passa por programas de prevenção integrados e na literacia em saúde sobre a temática da Diabetes.

Referências Bibliográficas

Nunes, L. (2018). Para uma Epistemologia de Enfermagem 2ª edição. Loures: Lusodidacta.

PORDATA (2022). Estatísticas Sobre Portugal e Europa. Disponível em https://www.pordata.pt/Home

Sistema Nacional de Saúde, Portal Transparência (2022). Morbilidade e Mortalidade Hospitalar para Diabetes. Disponível em

https://transparencia.sns.gov.pt/explore/dataset/morbilidade-e-mortalidade-hospitalar/table/?flg=pt

Veiga, A. (2020). A teoria da resolução dos problemas aplicada a idosos na prevenção da diabetes mellitus tipo 2 para promover a literacia em saúde. Associação Portuguesa de Documentação e Informação de Saúde. Disponível em URI:

http://hdl.handle.net/10400.26/34435

World Health Organization (2018). Diabetes. Disponível em

https://www.who.int/health-topics/diabetes#tab=tab_1

World Health Organization (2020). Noncommunicable diseases progress monitor. ISBN 978-92-4-000140-4. Disponível em

file:///C:/Users/Utilizador/Downloads/9789240000490- eng.pdf

World Health Organization (2022). Diabetes. Disponível em

https://www.who.int/es/news-room/fact-sheets/detail/diabetes

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As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Quase 2 milhões de euros
Quando tentamos caminhar em linha reta com os olhos fechados, após uns passos desviamo-nos inevitavelmente da trajetória...

Nos últimos anos, Eugenia Chiappe, investigadora principal do Laboratório de Integração Sensório-Motora da Fundação Champalimaud, e a sua equipa, obtiveram resultados preliminares, na mosca-da-fruta, que sugerem que a descrição acima também é válida para o cérebro destes pequenos insetos quando eles tentam caminhar em linha reta. A questão é saber como o seu sistema nervoso consegue fazê-lo. Para estudar este problema de forma mais aprofundada, vão dispor agora, e ao longo de cinco anos, de quase dois milhões de euros de uma Consolidator Grant atribuída pelo ERC (o Concelho Europeu de Investigação Científica).

Esta investigação poderá ter implicações não só em termos da compreensão das bases neurais das perturbações motoras humanas, mas também para a construção de robôs capazes de se deslocar melhor em ambientes imprevisíveis.

Para estudar a locomoção das moscas, a equipa desenvolveu um set up experimental que as coloca num ambiente de realidade virtual no qual podem deslocar-se livremente.

Foi assim que descobriram (na altura, também com financiamento do ERC através de uma Starting Grant) que os movimentos da mosca se organizam de uma determinada maneira quando se trata de explorar um ambiente que desconhece, seja com ou sem luz. Utilizando set up, “Tomás Cruz, então aluno de doutoramento no nosso laboratório, estudou como as moscas se moviam”, explica Chiappe. “E pôde observar que a mosca anda para a frente em linha reta e que, a dada altura, vira, muda de direção.” Chamam a esta ocorrência uma “sacada”. Por outras palavras, a locomoção exploratória da mosca é, nestas condições, uma sequência de linhas retas e de sacadas intercaladas.

Mas há mais: “Descobrimos, em experiências iniciais, que parece existir uma relação entre a direção e a amplitude da sacada e a magnitude e direção do desvio relativamente à linha reta” acumulado até ao momento da sacada, acrescenta. Isso sugere, salienta ainda, que “o cérebro da mosca sabe que o corpo da mosca está a desviar-se, tendo a capacidade de estimar esse desvio, esse erro”. Agora, com a ajuda do novo financiamento, um dos objetivos da equipa é perceber, ao nível neuronal, de onde vem essa capacidade.

A equipa quer também perceber como a mosca decide, com base na estimativa de erro feita pelo seu cérebro, corrigir esse erro virando o corpo de uma determinada maneira.

“Também descobrimos, num outro estudo inicial, que certas populações de neurónios, que recebem sinais da medula espinal do inseto, são cruciais para esse processo de tomada de decisão. Isto porque, quando são silenciados [com métodos genéticos], a relação entre o erro de desvio e a magnitude e direção da sacada seguinte da mosca desaparece”, diz Chiappe.

Os investigadores têm portanto um segundo objetivo: perceber – mais uma vez ao nível neural – como a mosca, depois de integrar a informação fornecida pelo cérebro sobre o desvio de trajetória, toma uma decisão que incide sobre a sua próxima viragem de forma a corrigir esse erro.

“Sabemos muito pouco sobre a forma como os organismos integram a informação proprioceptiva (a propriocepção é a perceção da posição das diversas partes do corpo), a informação visual e a informação vinda de outros sinais internos que têm a ver com a locomoção”, diz Chiappe.

O trabalho não será fácil, porque os processos em causa são complexos e intrincados. Mas a mosca-da-fruta é o modelo experimental ideal, diz Chiappe, e em particular o seu sistema nervoso. Com cerca de 250 mil neurónios (incluindo o cérebro e a medula espinal), o sistema nervoso da mosca é suficientemente compacto e ao mesmo tempo suficientemente complexo. E graças a avanços recentes, pode hoje ser precisa e globalmente mapeado (incluindo as suas ligações), o que permite “dissecar” o seu funcionamento através de técnicas de ponta como a optogenética.

As bolsas do ERC existem desde 2007 e financiam investigação de ponta. As Consolidator Grants são “concebidas para sustentar investigadores principais de excelência numa fase da sua carreira em que podem ainda estar a consolidar a sua própria equipa de investigação ou programa independentes”, lê-se no site da Comissão Europeia.

Edição Norte do Programa de Aceleração em Ciência e Tecnologia BfK Innov@Rise
Apresentação dos projetos que, ao longo de três meses participaram na edição Norte, terão lugar no dia 9 de fevereiro às 14h30,...

Foram três meses de capacitação intensiva com a participação de mentores conceituados. Tudo para que projetos de investigação académica com potencial de negócio, se possam apresentar ao mercado de forma estruturada e convincente. 

Uma plataforma de inteligência artificial ao serviço de doenças neurológicas, um sistema de deteção precoce da doença de Alzheimer, uma solução para diagnóstico de displasia da anca em cães, um ecossistema para auxiliar na toma de medicação, uma alternativa vegetal ao ovo e jogos educativos. Estes são os seis projetos que vão ser apresentados no DemoDay do BfK INNOV@Rise, promovido pela Agência Nacional de Inovação (ANI).

A edição Norte do DemoDay do BfK INNOV@Rise vai dar a conhecer os projetos:

PURR.AI

O processo atual de desenvolvimento de novos fármacos é extremamente longo e dispendioso. Em muitos casos, como o das doenças neurológicas (ex. Alzheimer) ou cancros cerebrais (ex. glioblastoma), o insucesso é multifatorial, levando a situações como a existente, em que não existem fármacos que tratem essas doenças de uma forma eficaz. A PURR.AI usa uma estratégia multiescala holística baseada em dados inteligentes e algoritmos de “deep learning” para simplificar o processo de desenvolvimento de fármacos.

EARLY

Perante a ausência de métodos de diagnóstico precoce da doença de Alzheimer bem como de formas de tratar esta doença, surge a EARLY, uma plataforma de bacteriófagos – vírus que infetam bactérias – para o diagnóstico precoce da doença. 

ClasDAC

Serviço de leitura radiográfica automática para diagnóstico e certificação da Displasia da Anca em cães jovens e adultos, uma doença que tem uma elevada incidência em algumas raças (cerca de 50%), implicando tratamento cirúrgico dispendioso (quatro a sete mil euros). Dar aos veterinários a oportunidade de reagir cedo, para que possam parar a progressão da doença, prevenir o sofrimento dos cães e evitar a eutanásia, é o objetivo desta solução inovadora.

BALVIA

A gestão correta de medicamentos é uma dificuldade que assola milhares de pessoas, sobretudo aquelas que utilizam diariamente grande quantidade e diversidade, como os idosos. Acresce ainda que os serviços de apoio domiciliário acarretam custos elevados, tornando ainda mais complexa a prestação de apoio, o acompanhamento e comunicação com os cuidadores. O Balvia é um ecossistema inovador para apoio na administração de medicamentos, promoção de qualidade de vida, bem-estar e comunicação.

notEggo

No setor agroalimentar, a notEggo vai apresentar uma alternativa vegetal ao ovo, com forma e consistência semelhantes a um ovo de galinha.

Kendir Studios

Na área de gaming, a Kendir Studios desenvolve jogos e ambientes digitais de apoio à aprendizagem e ensino.

45 mil euros para desenvolvimento de protótipos

Os 15 projetos empreendedores receberam acompanhamento de mentores especializados, capacitação intensiva em desenvolvimento de negócio e treino de pitch para impulsionarem a entrada dos projetos no mercado. O BfK INNOV@Rise vai, ainda, atribuir 45 mil euros em prémios monetários — três mil euros por projeto — para o desenvolvimento da prova de conceito/protótipo. 

“A capacitação destes projetos e a transferência do conhecimento para o tecido empresarial é algo, como temos dito em várias ocasiões, essencial para a transição para uma economia mais sustentável, mais resiliente a crises e que permite afirmar Portugal como um país inovador. Este programa é, por isso, muito importante no apoio ao empreendedorismo nacional e a ANI vai continuar a acompanhar estes projetos e a apoiar a sua entrada no mercado, porque acredita no seu potencial de negócio”, afirma João Mendes Borga, administrador da ANI.

O BfK INNOV@Rise está a apoiar mais de 60 empreendedores com projetos académicos que pretendem chegar ao mercado.  A decorrer em todo o país, o programa vai, ainda, dinamizar os DemoDays da edição Alentejo e Centro, a acontecerem nos dias 16 de fevereiro e 23 de março, em Évora e Coimbra, respetivamente.

O BfK INNOV@Rise é promovido no âmbito do Sistema de Apoio a Ações Coletivas - Transferência de Conhecimento Científico e Tecnológico, TECH4INNOV, cofinanciado pela União Europeia através do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional, enquadrado no Programa Operacional Competitividade e Internacionalização (COMPETE 2020) do Portugal 2020.

 

CEO da CBR Genomics
Ricardo Ribas, ex-maratonista olímpico, revelou este fim de semana ter sido diagnosticado com fibrilhação auricular, um tipo de...

O episódio de saúde de Ricardo Ribas, que o próprio apelidou de “muito assustador”, abre caminho para debater o papel dos exames genéticos na área do desporto. “Embora os testes de rastreio para doenças cardiovasculares em jovens atletas incluam o eletrocardiograma, ecocardiograma e prova de esforço, nenhum estudo genético é realizado no sentido de perceber se o atleta tem predisposição genética para desenvolver doenças cardiovasculares”, começa por explicar Ana Catarina Gomes, CEO da CBR Genomics, startup portuguesa de saúde e tecnologia que presta serviços na área da genética. 

“Entre os jovens atletas, estima-se que 3 em cada 1.000 atletas têm uma doença cardiovascular, não diagnosticada, associada a morte súbita cardíaca. Em pessoas mais jovens, com menos de 40 anos, os casos de morte súbita são normalmente causados por doenças cardíacas hereditárias, como miocardiopatias e canalopatias”, continua. Por isso, “torna-se muito relevante considerar a realização de rastreios genéticos para a prevenção da morte súbita em desportistas, quer porque as tecnologias de estudo do DNA são consistentes e de valor inquestionável, mas também porque estão já disponíveis para os praticantes de desporto — quer amadores, quer profissionais”. 

Para a especialista, “a deteção atempada destas alterações genéticas permite implementar ações clínicas efetivas de modo a prevenir ou mitigar o risco de desenvolvimento de doenças severas, ou até de mortes súbitas precoces”. Assim, o estudo do DNA pode abrir uma nova janela de prevenção na saúde dos atletas, já que “cada vez mais estudos científicos mostram que certas doenças cardiovasculares têm causa genética”.  

Atualmente, as doenças cardiovasculares são uma das principais causas de morte em todo o mundo. “Estima-se que cerca de 30% da mortalidade global se deve a doenças cardiovasculares, sendo que, na Europa, cerca de quatro milhões de pessoas morrem anualmente como resultado de uma patologia cardíaca”, conclui.  

 

Diferentes faixas etárias
A hipofosfatemia ligada ao X é uma doença genética, o que significa que é causada por um ou mais gen

Entender o XLH

A hipofosfatemia ligada ao cromossoma X (XLH) é um distúrbio hereditário causado por alterações no gene PHEX, presente no cromossoma X, e que se caracteriza por baixos níveis de fosfato no sangue, pois esta alteração genética impede que os rins processem o fósforo corretamente, conduzindo à sua perda através da urina.

Presente nos ossos, o fósforo é essencial para o desenvolvimento e crescimento normal. Quando presente em baixas quantidades, resulta em enfraquecimento ósseo.

Muito embora a maioria das pessoas herde a mutação ligada ao X de um dos pais, casos há em que a doença surge sem que exista qualquer histórico familiar associado à patologia.

O diagnóstico e os primeiros sintomas

O XLH geralmente é diagnosticado numa idade precoce, quando a criança começa a andar. Não obstante, há casos que apenas só são diagnosticados em idades adultas.

Entre os principais sintomas observados na infância estão:

  • Pernas arqueadas ou joelhos recurvados
  • Pulsos e/ou joelhos aumentados
  • Crescimento retardado ou baixa estatura
  • Marcha "de pato" ou bamboleante
  • Dor óssea, muscular ou nas articulações
  • Formato incomum da cabeça

Já na idade adulta, os doentes podem apresentar sintomas como:

  • Pseudofraturas
  • Osteoartrite
  • Dor e rigidez nas articulações
  • Entesopatia (problemas de ligamentos)
  • Dor óssea
  • Abcessos dentários
  • Problemas de audição
  • Fadiga

Tendo em conta estas características, a clínica pode sugerir o diagnóstico. Para o confirmar é necessária uma avaliação analítica de sangue e de urina. Um marcador de raquitismo é a elevação da fosfatase alcalina. A diminuição de fosfato sanguíneo (hipofosfatémia) com cálcio normal e a eliminação urinária aumentada de fosfato indicam a causa.

A radiologia pode confirmar sinais de raquitismo com as deformidades ósseas dos membros inferiores, alargamento e irregularidade das extremidades dos ossos longos.

Pode-se ainda dosear o FGF23 que está elevado.

O estudo genético com identificação da mutação no gene PHEX é importante, porque identifica o raquitismo como sendo ligado ao X (XLH) e nesta situação pode usar-se uma terapêutica específica.

 

Fontes:

https://rarediseases.info.nih.gov/

https://www.endocrine.org/

https://www.xlhlink.com/

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Nutrição
Atualmente, o acesso à informação é cada vez maior, podendo dificultar a distinção das notícias verd

O açúcar engorda mais do que a gordura

Falso - Um grama de hidratos de carbono (açúcar) fornece quatro quilocalorias, enquanto a mesma quantidade de gorduras proporciona nove quilocalorias.

A gordura tem, portanto, mais do que o dobro de calorias do açúcar. Numa dieta equilibrada, a quantidade recomendada de lípidos é mais baixa do que os hidratos de carbono (açúcares) e proteínas. Contudo, os nossos hábitos alimentares sofreram fortes modificações e nem sempre se cumpre esta proporção, o que explica o aumento de pessoas com excesso de peso. Para evitar ser vítima do excesso de gordura, o primeiro passo é o limitar os pratos e produtos industrializados e evitar a gordura escondida nos produtos mais comuns e que não levantam suspeitas, como a carne, os queijos, os biscoitos e bolos, pães ou as massas de pizza.

O sal rosa dos Himalaias é mais saudável

Falso - Sal fino, sal grosso, sal marinho ou rosa, flor de sal e ainda sal kosher: o nome difere, mas “sal é sal”. As diferenças entre os vários tipos residem sobretudo na forma e no local de extração, assim como no grau de refinação. ou de outro tipo.

É verdade que o sal rosa tem mais minerais que o chamado “sal de mesa”, pois não passa pelo processo de refinação, mas a composição é a mesma; e a percentagem de cloreto de sódio, que poderá aumentar a pressão arterial, não varia o suficiente, para que se possa tolerar a ingestão de maior quantidade de um tipo, ou de outro. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o consumo máximo de 5

gramas de sal por dia para um adulto (uma colher de chá rasa), e isso é válido para qualquer tipo de sal.

Os ovos são ricos em colesterol, pelo que devemos reduzir o seu consumo

Falso - O ovo possui uma considerável quantidade de colesterol, cerca de 224 mg por ovo. Mas, o aumento do colesterol sanguíneo não está apenas dependente da quantidade de colesterol que ingerimos através dos alimentos.

Os níveis elevados de mau colesterol no sangue não se devem à ingestão em excesso de ovo, mas antes ao consumo de gorduras ricas em ácidos gordos saturados, presentes principalmente nos alimentos de origem animal como as carnes gordas, os produtos de charcutaria, a manteiga ou as natas.

O ovo, na verdade, é bastante nutritivo e saudável: contém proteínas de elevado valor biológico, como fósforo, ferro e selénio, sendo este último benéfico para o músculo cardíaco. E sabe-se que, quando o ovo é consumido em conjunto com frutas e hortícolas, se verifica uma diminuição da absorção intestinal de colesterol.

Para perder peso é preciso banir os hidratos de carbono

Falso – Os hidratos de carbono são o combustível, pelo que não devem ser eliminados da dieta alimentar. Os hidratos simples são de rápida absorção, vazios de calorias e os que devemos evitar: bolachas, massas, cereais refinados, chocolates ou pão de trigo, são alguns exemplos. Os hidratos complexos são ricos em fibras, vitaminas e minerais e têm uma absorção lenta, sendo uma boa fonte de energia. Os cereais integrais como a aveia, centeio, espelta, arroz ou massa, leguminosas secas, batata-doce ou aveia são boas opções para o dia-a-dia.

Se estiver a seguir uma dieta hipocalórica respeite as seguintes proporções: 45 a 60% de hidratos de carbono; 10 a 15% de proteínas; e 20 a 35% de gorduras.

O azeite é saudável, pelo que pode ser consumido à vontade

Falso – Rico em ácidos insaturados, vitamina E e antioxidantes, o azeite é a gordura de eleição para cozinhar e temperar. Mas não deixa de ser uma gordura e, como tal, deve ser consumia com moderação: cada grama de azeite contém nove calorias. Por isso, é indicado que seja consumido de forma moderada.

Devemos evitar o peixe gordo

Falso – Salmão, cavala, atum, anchova, sardinha e peixe-espada são os peixes gordos mais comuns e que têm um aporte de ácidos gordos insaturados fundamentais ao organismo, como o ómega 3. Especialmente indicados para prevenir doenças cardiovasculares e cerebrais, controlar os níveis de colesterol e

glicemia e aumentar a memória, as qualidades nutricionais destes peixes são inegáveis.

E ainda que forneçam mais calorias do que as espécies magras, não se justifica eliminar peixes gordos da dieta, pois consumidos com conta, peso e medida trazem muito mais benefícios do que contraindicações.

Os alimentos integrais não engordam

Falso - Os alimentos integrais não passam pelo processo de refinamento dos alimentos processados, são ricos em fibras, vitaminas e minerais. Mas não são necessariamente menos calóricos.

Como todos os alimentos, se consumidos em excesso não deixam de ser cereais e podem levar ao aumento de peso. A principal diferença é que como saciam mais e por um maior período de tempo, podem ajudar quem pretende perder peso.

Comer uma maçã tocada não faz mal

Verdadeiro - Se uma parte da polpa da maçã escurecer depois de ter caído no chão ou ter sofrido um choque, não é caso para deitá-la fora. Mergulhe a peça de fruta que caiu num pouco de água com sumo de limão. Pode também retirar só a parte escurecida, pois a maçã não deixa de ser comestível por ter uma zona tocada.

No entanto, a OMS adverte para o perigo de bolores e micotoxinas, muito prejudiciais à saúde se ingeridos, quando a peça de fruta está visivelmente podre.

Não se justifica eliminar as carnes vermelhas da dieta

Verdadeiro - O consumo em excesso da carne vermelha pode trazer prejuízos para a saúde, como a acumulação de gordura nas artérias e no fígado, aumento do colesterol e aumento da gordura a nível abdominal. No entanto, as carnes vermelhas são ricas em vitaminas B3, B12, B6, ferro, zinco e selênio, por isso é possível consumi-las cerca de 2 a 3 vezes por semana, sendo importante escolher cortes de carne que não possuam muita gordura, já que o ideal é ter uma alimentação equilibrada e variada e que inclua todos os tipos de carne. Entre as carnes vermelhas, algumas são melhores do que outras: cabrito, borrego, veado, escalopes de vitela ou rosbife de vaca são algumas opções adequadas.

É recomendado evitar carnes com muita gordura, como a picanha, miúdos, fígado, rins, coração e intestino. Além disso, deve-se retirar toda a gordura visível das carnes antes da sua confeção.

Independente da escolha da carne, a recomendação é que a quantidade por refeição não passe de 100 a 150 gramas dessa fonte de proteína.

Os valores diários de referência na rotulagem/declaração nutricional são valores a atingir

Falso – Os Valores Diários de Referência (VDR) ou Dose Diária Recomendada (DDR) são valores indicativos, que nos permitem controlar a quantidade diária de calorias e nutrientes que determinada dose ou porção de alimentos contém, relativamente ao que é diariamente recomendado no que respeita gorduras, gorduras saturadas, açúcares e sal.

Tem em conta recomendações para a maioria da população adulta, cuja alimentação deve fornecer, em média, 2000 kcal (mulheres) e as 2500 kcal(homens) por dia. Na rotulagem, além dos valores por 100 gramas ou mililitros, surgem, muitas vezes, os dados por porção.

Os VDR referem-se Valor Calórico ou Energético, Carboidratos, Proteínas Gorduras Totais, Gorduras Saturadas, Gorduras Trans, Fibras Alimentares e Sódio.

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As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Registo Clínico de doentes
A Embolia Pulmonar (EP) é a apresentação clínica mais grave do Tromboembolismo Venoso (TEV) e uma das principais causas de...

Com apoio científico da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI), a Sociedade Portuguesa de Cardiologia (SPC) e a Faculdade Medicina da Universidade do Porto um grupo de investigadores iniciaram um registo clínico de doentes - Pulmonary Embolism Regional Registry (PERR).

O PERR é um estudo observacional prospetivo multicêntrico de doentes com diagnóstico de Embolia Pulmonar (EP), com o objetivo principal conhecer a incidência, os fatores de risco, a abordagem diagnóstica e tratamento agudo e a longo prazo da Embolia Pulmonar (EP) em Portugal.

“Pretendemos fazer uma radiografia completa da embolia pulmonar no nosso país de forma a podermos contribuir para a melhoria dos cuidados de saúde prestados aos doentes. Este estudo irá também proporcionar um conhecimento mais aprofundado da nossa realidade e contribuir para uma organização de uma rede de cuidados de saúde mais estruturada e mais eficaz que irá certamente beneficiar estes doentes” afirma Carolina Guedes, Coordenadora do Núcleo de Estudos de Doença Vascular Pulmonar da SPMI e Coordenadora do PERR.

Com uma duração prevista de três a cinco anos, a fase piloto arrancou em julho de 2022 na zona norte do país em 7 centros participantes: Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro, Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho, Centro Hospitalar Entre o Douro e Vouga, Centro Hospitalar Universitário do Porto, , Hospital da Luz Arrábida, Hospital de Santa Luzia – Unidade Local de Saúde do Alto Minho e no Hospital Pedro Hispano - Unidade Local de Saúde de Matosinhos.

“Nesta fase piloto foram, até ao momento, incluídos cerca de 160 doentes e o objetivo passa agora por alargar a abrangência geográfica do estudo a outros centros a nível nacional” conclui Carolina Guedes.

1 de fevereiro, a partir das 9h, na Universidade Católica no Porto
“Microbiomas comunitários & comunidades de microbiomas” é o tema do primeiro CBQF Day, marcado para 1 de fevereiro a partir...

“Este será um dia onde pretendemos mostrar o crescimento do CBQF, enquanto Laboratório Associado com mais de 245 investigadores que desenvolvem o seu trabalho em 4 linhas de investigação - Ambiente e Recursos; Alimentos e Nutrição; Produtos de Base Biológica e  Biomédica; e Soluções de Fermentação – e que conta com 7 plataformas, nomeadamente em Química Analítica; Bioativos; Cultura Celular e Biologia Molecular; Análise Estrutural; Consumo e Ciência Sensorial; Kitchen Lab e Embalagem e Materiais,” salienta Manuela Pintado, diretora do Centro de Biotecnologia e Química Fina da Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica Portuguesa no Porto.

Ao longo do dia os participantes vão ter a oportunidade de ouvir as palestras sobre “Microbiomas no CBQF”, por Manuela Pintado (diretora do CBQF/ESB/UCP); “Como desbloquear microbiomas para a saúde humana, animal e ambiental”, pelo investigador Hauke Smidt (Wageningen University and Research); “Da Saúde à Doença: interação microbiota-hospedeiro”, por Conceição Calhau (Nova Medical School/CINTESIS); “Microbioma oral na saúde e na doença”, por Benedita Sampaio Maia (i3S); Embaixadores do Microbioma: A Comunidade Microbioma na SFS Network - um grupo para quebrar silos e discutir tópicos relacionados ao microbioma; “Descoberta de novas enzimas termofílicas a partir da análise de metagenoma”, por Conceição Egas (CNC); “Microbioma intestinal humano: aspetos gerais e modulação na prática clínica”, por Manuela Estevinho (Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia/ Espinho).

No total, o CBQF conta com mais de 245 investigadores (onde 48% deles com PhD) e detém 43 patentas ativas. Ao longo dos últimos cinco anos da sua existência foram desenvolvidos mais de 170 projetos de investigação, com um volume de financiamento na ordem dos 25 milhões de euros. De referir ainda a publicação em mais de 880 papers (85% em parceria com outros parceiros de 102 países), contando com 170 empresas parceiras, a nível nacional e internacional.

Porquê o microbioma?

O microbioma descreve uma comunidade de diferentes microrganismos que ocupa um determinado ambiente, e como os diferentes microrganismos interagem entre si e com as condições circundantes. A investigação do microbioma tornou-se uma área científica de elevada relevância como parte integrante de muitos campos da ciência, incluindo agricultura, saúde humana, saúde animal e proteção ambiental. Neste sentido, “é fundamental estimular a investigação de microbiomas que liguem os ecossistemas, promovam processos de cocriação para desenvolver novas aplicações, assegurem educação e literacia para aumentar a conscientização da comunidade, estimulem estruturas regulatórias adequadas e permitam redes nacionais e internacionais na área”, salienta Manuela Pintado, diretora do Centro de Biotecnologia e Química Fina (CBQF). Isso permitirá o desenvolvimento de aplicações biotecnológicas e inovações de produtos, fazendo uso das funções do microbioma e para promover sistemas mais sustentáveis e resilientes. “Este evento permitirá partilhar a diversidade dos microbiomas e criar um espaço de discussão entre investigadores para entender o papel fundamental dos microbiomas,” conclui Manuela Pintado.

O “CBQF Day: Microbiomas comunitários & comunidades de microbiomas”, que se realiza já a 1 de fevereiro, tem entrada livre e é aberto a toda a comunidade.

Iniciativa da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares [APAH]
A Bolsa “Capital Humano em Saúde” é uma iniciativa da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares [APAH], que conta...

A iniciativa tem como objetivo reconhecer e potenciar o capital humano do Serviço Nacional de Saúde [SNS], dotando os seus profissionais das competências necessárias para liderarem e implementaram projetos que promovam uma mudança positiva nas suas realidades em particular no domínio da liderança da dimensão humana. 

Podem candidatar-se à Bolsa “Capital Humano em Saúde” instituições do Serviço Nacional de Saúde (Centros Hospitalares, Unidades Locais de Saúde ou Agrupamentos de Centros de Saúde).

O Programa de apoio decorrerá em formato presencial, distribuído ao longo do ano 2023.

Após candidatura, as equipas participarão em várias fases com seleção progressiva dos melhores projetos, com a possibilidade de participação na 1ª Fase de 12 instituições. Após as várias fases de apresentação e seleção do júri, serão selecionados os 3 melhores projetos, a quem serão atribuídas as Bolsas (3 no total)

As candidaturas à 3ª edição encontram-se a decorrer até ao dia 8 de fevereiro.

Mais informações sobre a iniciativa estão disponíveis aqui.

 

Irmãs Hospitaleiras Lisboa
As Irmãs Hospitaleiras Lisboa | Clínica Psiquiátrica de S. José, inaugura em janeiro uma unidade pioneira na área das doenças...

As perturbações do comportamento alimentar são doenças que provocam distúrbios graves na forma como os doentes avaliam o seu peso e imagem corporal, com marcado impacto no autoconceito e na saúde global, física e mental.

Esta nova unidade de doenças do comportamento alimentar tem como objetivo proporcionar ao utente um tratamento que promova a melhoria da saúde global, intervenção terapêutica em várias dimensões, médica, psicológica, nutricional, corporal, estética e relacional, permitindo ao utente recuperar um regime alimentar adequado e reconciliar-se com o seu corpo partilhando experiências/ vivências para voltar a uma vida livre e equilibrada que a doença interrompeu.

 

 

Inquérito
Apesar de se falar cada vez mais sobre os cuidadores informais em Portugal, sobre a importância do papel que desempenham, pouco...

“De forma geral, os resultados deste estudo são muito expressivos” confirma Ana Carina Valente, psicóloga responsável por este estudo e docente do ISPA - Instituto Universitário de Ciências Psicológicas, Sociais e da Vida. “Estes resultados demonstram que os cuidadores informais apresentam níveis elevados de sofrimento psicológico, baixos níveis de bem-estar e sintomatologia depressiva e ansiosa, contribuindo, em muitos casos, para o surgimento de psicopatologias”, acrescenta a especialista, que vai marcar presença esta manhã, a partir das 10h00, no Auditório do Jornal Público, num evento onde serão apresentados os dados do estudo e onde o presente e o futuro dos cuidadores informais no nosso país vai estar em debate.

Os dados deste inquérito nacional realizado junto de mais de mil cuidadores informais revelam que a maioria (83,3%) admite ter-se sentido em estado de burnout/exaustão emocional em algum momento, com 78,5% a concordarem que o seu estado de saúde mental influencia o desempenho do seu papel de cuidador informal. “Segundo a Organização Mundial de Saúde, não existe saúde sem saúde mental. E, neste sentido, podemos afirmar que muitos dos cuidadores - ao apresentarem estes resultados em escalas que avaliam Ansiedade e a Depressão e o seu Bem-estar psicológico, emocional e social -, sob o ponto de vista psicológico, não estão com saúde. E esse estado, pode em alguns casos, influenciar a forma como ‘me sinto e lido comigo e com os outros’”, confirma Ana Carina Valente.

Ao todo, quatro em cada dez (41,5%) não acreditam que a forma como a sociedade funciona faz sentido, com 37,3% a não sentirem também a pertença a uma comunidade. “Sentir-me sozinho e sem apoio, sem esperança (desesperança), exaustão física e emocional, traduz-se (em muitos casos) em sofrimento psicológico, provocando grande impacto na funcionalidade das pessoas, que também são cuidadores informais.”

A maioria (77,9%) dos cuidadores informais reconhece ainda a necessidade de apoio psicológico, mas são poucos os que realmente procuram e usufruem deste apoio extra (42,1%), ainda que muitos (69,7%) manifestem o desejo de o ter. A maioria (83,9%) dos inquiridos confirma também que uma linha de apoio com profissionais especializados é algo que veem com bons olhos. “Muitas vezes, não procuramos apoio psicológico porque o Serviço Nacional de Saúde não nos dá uma resposta eficaz, pelo que a resposta obtida, muitas vezes, é ‘privada e paga’, não estando ao alcance de todas as pessoas. Uma linha de apoio psicológico eficaz faria, com certeza, muita diferença na vida de muitos cuidadores. Essa possibilidade traduz-se, entre muitas coisas, na possibilidade de cuidar de mim. Cuidar da minha saúde mental”, reforça a psicóloga.

Para a especialista, não há mesmo dúvidas: “as pessoas que são cuidadores informais precisam de apoio. Precisam que toda uma sociedade (todo um Estado) as acolha e as ajude, por forma a minimizar ‘os danos e as consequências’ que a sua condição de cuidador ‘trouxeram’ à sua vida, à forma como vivem a sua vida. Que todos possamos ouvir os cuidadores e refletir sobre estes resultados. Que todos possamos fazer a nossa parte. Que se criem respostas efetivas de ajuda aos cuidadores”.

Segundo Pedro Moura, Diretor-Geral da Merck, “o Movimento Cuidar dos Cuidadores Informais realizou, durante o ano de 2021, um estudo aos cuidadores informais em Portugal e concluiu que 52,0% dos cuidadores sente falta de apoio psicológico, principalmente por parte do Estado, e que há necessidade de um maior apoio neste campo. Este novo estudo realizado com o apoio do Movimento Cuidar dos Cuidadores Informais, teve a iniciativa de, com o apoio da psicóloga Ana Carina Valente e do Movimento, veio aprofundar esta problemática e de recolher mais informações sobre a saúde mental dos cuidadores informais e as suas necessidades. É fundamental que a sociedade e o Estado tomem consciência que é urgente dar este apoio psicológico.”

BebéVida
A BebéVida vai realizar nos dias 9, 10 e 24 de fevereiro novos workshops online destinados a futuras mamãs, que trazem novos...

Com duração aproximada de uma hora, a BebéVida vai contar com vários especialistas para abordar três temas distintos nas sessões online. No dia 9 de fevereiro, às 21h00, a Enfermeira Cátia Costa, especialista em saúde materna e obstetrícia, vai explicar como construir um plano de parto.

Dia 10 de fevereiro, às 19h00, a sessão vai dedicar-se às potencialidades das células estaminais do cordão umbilical do bebé. Esta é uma formação em parceria com o Lusíadas Knowlodge Center, inserida no curso online de preparação para o parto e parentalidade.

Por sua vez, no dia 24 de fevereiro, às 21h00, a Enfermeira Cláudia Boticas, especialista em saúde materna e obstetrícia, vai abordar as técnicas facilitadoras do período expulsivo.

Já em formato presencial, os workshops vão chegar tanto ao Alentejo como ao norte do país. No dia 11 de fevereiro, das 11h00 às 18h00, a Loja do Bebé e Brinquedo, em Beja, vai receber uma sessão dividida em três partes: baby blues no pós-parto, segurança automóvel e vantagens de guardar as células estaminais do bebé no momento do parto. Além disso, ao longo de todo o dia vão ser realizadas ecografias emocionais 4D.

No dia 18 de fevereiro, entre as 10h30 e as 12h30, será a vez de Viana do Castelo receber o workshop promovido pela BebéVida. O sono da bebé e da grávida, bem como as mudanças na gravidez e os sinais de alerta vão ser os dois temas em destaque, com a intervenção da terapeuta do sono Ana Maria Pereira e da Enfermeira Ana Rita Azevedo, especialista em saúde materna e obstetrícia, respetivamente.

As experiências Eco My Baby, sessões de ecografias 3D e 4D, também vão estar a decorrer durante todo o mês de fevereiro, em vários pontos do país, nomeadamente: Marco de Canaveses (02/02), Torres Vedras (04/02), Braga (08/02 e 16/02), Luso (10/02), Arouca (14/02), Mirandela (14/02), Palmela (17/02), em Grândola (22/02) e Sacavém (24/02). Estas ecografias destinam-se a grávidas a partir das 16 semanas de gestação.

Focados nas principais dúvidas que os futuros papás e mamãs possam ter antes, durante e no pós-parto, os workshops da BebéVida, banco de tecidos e células estaminais 100% português, destinam-se a apoiar os casais num novo e desafiante capítulo das suas vidas marcado pela chegada do seu bebé.

Guia
Segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), os níveis de humidade no ar têm rondado

Ao observar os números registados pelo IPMA: em dezembro de 2022 a precipitação foi de 250,4 mililitros, 174% do valor normal, é possível entender que se trata do segundo valor mais alto desde há 22 anos – em 2000, a precipitação foi de 311,5 mililitros. E 70% da precipitação de 2022 ocorreu nos últimos quatro meses. Por outro lado, o mês de dezembro foi o mês mais quente em 92 anos. Ou seja, a quantidade de vapor de água na atmosfera, foi acima do normal.

Por outras palavras, decorrente da grande quantidade de vapor de água no exterior (devido às chuvas e ao calor fora de época), bem como do facto de, no inverno, o interior das casas ser mais quente do que o exterior e também devido à temperatura superficial das paredes e tetos com contacto com o exterior (em particular quando não possuem isolamento térmico) serem baixas, resulta o fenómeno da condensação. Este fenómeno resulta do encontro entre o ar mais quente e húmido com uma superfície fria. Estão, dessa forma, criadas condições propícias à formação de manchas nas superfícies, tais como, por exemplo, manchas de bolor.

“É essencial diagnosticar a origem das manchas para encontrar uma solução definitiva para o problema da humidade. Temos de consciencializar a população que a humidade não é um mero capricho do inverno e, infelizmente, tem sempre uma causa associada, seja ela de maior ou menor dimensão”, afirma Pedro Mota Ribeiro, Diretor Geral da Ageas Repara.

A humidade pode ter início na condensação (causa natural, provocada pela humidade existente no interior do imóvel) e em infiltrações (associadas a desgaste de material ou erros de execução das habitações).

Viver em casas com deficiente impermeabilização e mau isolamento térmico é prejudicial para a saúde, aumentando a probabilidade de contrair ou agravar doenças respiratórias, por isso, tanto o Grupo Ageas Portugal como a sua marca Ageas Repara, estão sensíveis ao tema e propõem alguns conselhos úteis para ser possível estar confortável em casa:

Conselhos práticos

  • Abrir as janelas, diariamente, pelo menos durante meia hora, especialmente nos horários de maior exposição solar por forma a não comprometer o aquecimento;
  • Avaliar as melhorias necessárias em casa, por exemplo, requerendo um certificado energético – que irá identificar as obras que deve fazer (por exemplo, a substituição da caixilharia das janelas, revestimentos de tetos e paredes);
  • Ligar o exaustor enquanto cozinha;
  • Evitar estender a roupa dentro de casa ou, em caso de necessidade, realizar a tarefa numa área arejada;
  • Puxar a roupa da cama para trás, para respirar antes de voltar a fazê-la, minimizando assim o aparecimento de ácaros e bactérias;
  • Optar pelo uso de um desumidificador, se assim se justificar;
  • Aplicar verniz em superfícies de madeira crua, para a impermeabilizar e evitar a criação de bolor;
  • Procurar, se possível com a ajuda de um perito, fissuras e possíveis fugas na canalização;
  • Limpar o bolor, se já existir, com produtos de limpeza específicos, ou com água com lixivia;
  • Se se verificar que o problema tem origem em partes comuns do edifício, poderá ter de contactar o condomínio.
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As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Estudo “Perceção sobre uso de antibióticos”
A manutenção de comportamentos como o consumo inapropriado de antibióticos promete agravar os problemas relacionados com a...

Com o objetivo de avaliar o estado atual do conhecimento dos portugueses em relação ao consumo de antibióticos e o potencial impacto destes comportamentos no problema da resistência aos antimicrobianos, o Grupo de Investigação e Desenvolvimento em Infeção e Sépsis (GISID), com o apoio do Centro de Estudos Aplicados da Universidade Católica Portuguesa, promoveu a realização de um inquérito nacional sobre o consumo de antibióticos. Este estudo vem na sequência de um inquérito semelhante realizado em 2020, e que servirá agora de base comparativa. O estudo agora realizado irá ainda permitir avaliar se alguns dos comportamentos e perceções relativos à toma de antibióticos foi influenciado pela pandemia da COVID-19.

O estudo mostra que:

  • Em apenas 2 anos houve um aumento significativo no número de inquiridos que afirmou tomar antibióticos: 83%, mais 10% que em 2020.
  • Há mais mulheres a tomar antibióticos (45% vs. 39% homens) e são principalmente os homens quem mais os evita, mesmo quando prescritos pelo médico (3%).
  • 53% dos inquiridos revelou que a prescrição do antibiótico foi feita por um médico em ambiente de ambulatório (consultório), uma ligeira diminuição face a 2020 (55%). Em segundo lugar, com 19% surge a prescrição médica em ambiente de urgência e em 3º lugar a prescrição no contexto de um tratamento dentário (15%). No total, 94% das respostas incidem na prescrição por um profissional médico.
  • 77% não consegue identificar o antibiótico que toma e nem sempre quem diz saber os identifica corretamente.
  • Aumentou o número de pessoas que referem que a duração do tratamento é a informação mais importante ao ser-lhe prescrito um antibiótico (de 37% em 2020 para 52% em 2022).
  • Apenas 50% dos respondentes entrega os medicamentos que já não usa na farmácia. São principalmente as mulheres que o fazem (30% vs. 20% dos homens), e pessoas com mais de 65 anos (15%) e entre os 35-65 (entre 9% e 10%). Não se verificam diferenças significativas face a 2020 quanto ao comportamento para com os medicamentos remanescentes.
  • 14% dos inquiridos admitem ter antibióticos armazenados em casa. 57% destes afirma tê-lo desde o último tratamento. São mais os homens quem armazena medicamentos em casa (58% vs. 42%) e os mais velhos (+55 anos) são quem menos o faz.
  • Aumentou o número de respondentes a indicar que são as infeções causadas por bactérias as que devem ser tratadas com antibióticos (42% em 2022 vs. 36% em 2020).
  • 28% dos inquiridos consideram que o uso do antibiótico está limitado à medicina humana (25% em 2020). Denota-se uma melhoria no conhecimento quanto a outras áreas de consumo de antibióticos apontadas, em que “todas as anteriores” (Medicina veterinária + Agropecuária) é referida em 62% das respostas e “Medicina veterinária” em 34% das respostas.
  • 30% não conhecia o conceito de resistência aos antimicrobianos – uma ligeira descida face a 2020 em que 34% nunca tinha ouvido falar do termo. Dos 70% que já conhecia, 55% são mulheres, e principalmente nas faixas etárias mais velhas: >65 anos (22%), 55-65 (17%), 45-55 (19%) e 35-45 (20%).
  • São sobretudo as mulheres (52%) que consideram que a resistência aos antimicrobianos é um problema associado ao consumo de antibióticos, salientando-se que a faixa que dá menos relevância ao tema é a dos mais jovens (<=25 anos apenas 10% conhece o assunto).
  • 13% das pessoas consideram ser possível obter antibióticos na farmácia sem receita médica, uma percentagem ligeiramente menor que em 2020 (16%).
  • Com a COVID-19, 9% das pessoas admite ter tomado antibiótico. Destas, 57% foram mulheres.

 

11 de fevereiro
O Seminário de Oncologia Pediátrica, uma iniciativa da Fundação Rui Osório de Castro (FROC), que este ano assinala a sua 9ª...

Em conversas moderadas pela Fernanda Freitas, com a participação de vários peritos e profissionais credíveis, e com a partilha de testemunhos - pais ou sobreviventes de cancro pediátrico - vai-se falar sobre os desafios da parentalidade na doença, exercício físico durante e depois do tratamento e a adolescência e a transição para o adulto. 

“Durante este dia os participantes podem assistir a conversas esclarecedoras e têm também a possibilidade de colocar dúvidas aos nossos convidados. Para quem não gosta de se expor, pode enviar-nos antecipadamente por escrito, para o email da Fundação, que garantimos que as suas dúvidas serão respondidas ao longo do dia, pois o grande objetivo deste dia é esclarecer e tranquilizar” começa por explicar Cristina Potier, Diretora-Geral da FROC. 

“Há alguns anos que a Fundação Rui Osório de Castro tem vindo a questionar a não existência de números relativos ao Cancro Pediátrico. Durante o ano de 2022 foram finalmente disponibilizadas as estatísticas relativas ao período entre 2010 e 2019. Ana Maia Ferreira, responsável pelo Registo Português de Oncologia Pediátrica, estará presente para apresentar estes dados,” continua a explicar. 

Durante este dia haverá ainda um bloco de tempo dedicado aos novos tratamentos e investigação em Portugal. “Sendo a investigação uma das áreas que apoiamos, este assunto não poderia ficar de fora. Apenas através com investigação conseguiremos perceber melhor a doença, melhorar os tratamentos e assim a qualidade de vida durante e depois do tratamento,” acrescenta Cristina Potier.

Serão também homenageados o vencedor e menções honrosas da 7ª edição do Prémio Rui Osório de Castro/Millennium BCP, que apoia projetos que promovem a melhoria dos cuidados prestados a crianças com doença oncológica e que foram conhecidos no passado dia 16 de Janeiro. 

Este ano este seminário conta também com umas palavras pela Marine Antunes, Fundadora do projeto Cancro com Humor e também ela sobrevivente de Cancro Pediátrico.

No momento em que se está a desenhar a Estratégia Nacional de Combate ao Cancro, a Fundação Rui Osório de Castro convidou o seu responsável, José Dinis, que irá fechar este dia. “Espera-se que o programa nacional de alguma forma espelhe o plano europeu que dá um foco sem precedentes ao cancro pediátrico através da investigação e acompanhamento dos sobreviventes,” termina de explicar Cristina Potier.

É um seminário aberto a todos pois, apesar do programa ser sempre criado a pensar nas famílias, qualquer pessoa poderá participar, como voluntários, estudantes, profissionais de saúde, assistentes sociais e profissionais de outras organizações sociais que trabalham na área, de forma gratuita, sendo apenas necessária uma inscrição prévia em www.froc.pt

Minisom recomenda a realização de exame auditivo
A Minisom, uma marca Amplifon, recomenda, neste início do ano, fazer um exame auditivo, que pode ser realizado gratuitamente em...

A audição é um sentido fundamental para a qualidade de vida. Ouvir bem é viver melhor, é emocionar-se e partilhar. Por esse motivo é importante realizarmos um exame auditivo, pois é normal que com a idade, percamos capacidades ao nível deste sentido, o que terá impacto direto na nossa qualidade de vida, afetando tanto o nosso comportamento como a forma como nos relacionamos com os que se encontram à nossa volta.

É muito importante verificar a nossa audição para desta forma detetar, precocemente, uma possível perda auditiva. Quanto mais cedo formos diagnosticados, mais cedo poderemos corrigir esta perda com aparelhos auditivos. Não fazê-lo, terá consequências muito negativas para o nosso dia a dia, como:

  • Dificuldade na nossa comunicação com os outros
  • Gerar insegurança e falta de confiança
  • Provocar falta de concentração e stress
  • Gerar isolamento e solidão

A melhor forma de combater a perda auditiva é detetá-la o quanto antes e ter um diagnóstico precoce. Por esse motivo, a Minisom oferece uma revisão auditiva, que inclui uma audiometria, um relatório completo e orientações sobre a melhor solução para cada caso.

Entrevista | Prevenção do Cancro do Colo do Útero
Estima-se que cerca de 75 a 80% das pessoas sexualmente ativas entra em contacto com o vírus que est

O cancro do colo do útero, considerado o segundo tipo de cancro mais frequente entre mulheres (de acordo com os dados oficiais são registados todos os anos 1000 novos casos da doença), é uma das complicações da infeção por HPV. Assim começo por perguntar em que consiste o Papilomavírus Humano? Como se transmite e qual a sua incidência?

O HPV, sendo um pequeno vírus, é um dos maiores carcinogéneos humanos, isto é, danifica as células até se transformarem em cancro. Este é o responsável pela infeção sexualmente transmissível mais frequente do mundo, que pode ocorrer durante o sexo vaginal, oral, anal ou durante o contacto íntimo de “pele com pele” entre pessoas em que uma esteja infetada. Existem mais de 200 genótipos diferentes de HPV, mas são só 14 os genótipos de alto risco que têm a capacidade de despoletar os cancros. No cancro do colo do útero este vírus é observado em 99.7% dos casos, mas também contribui para cancros em outras partes do corpo, como a vagina (70%), a vulva (40%), o ânus (84%), o pénis (47%) e a cabeça/pescoço (72% da orofaringe – base da língua/amígdalas). O cancro da orofaringe representa 78% dos cancros relacionados com o HPV no homem. A nível mundial são estimados 528 000 novos casos de cancro no colo do útero, 19 960 na vagina e vulva, 10 500 no pénis, 42 000 e 18 000 na orofaringe e 13 000 e 14 300 no ânus (respetivamente no homem e na mulher). Pelo exposto, as doenças associadas ao HPV mantêm-se um importante problema de saúde pública.

Pode-se falar em grupos de risco?

Não existem grupos de risco. Qualquer pessoa estará em risco a partir do início da atividade sexual. Basta ter tido um único parceiro durante toda a vida - independentemente da orientação sexual ou do tempo de inatividade sexual - para se poder estar infetado. Infelizmente, muitas mulheres com cancros avançados são aquelas que não têm atividade sexual há muito tempo ou com idades mais avançadas (por exemplo, viúvas, divorciadas sem companheiros nos últimos anos), que creem já não estarem em risco e, como tal, não realizam regularmente o teste Papanicolau. Provavelmente, este viés de raciocínio contribui para que, em Portugal, mais de metade das mortes por esta causa ocorra acima dos 65 anos.

Que fatores contribuem para o aumento do risco de infeção persistente por HPV?

Alguns fatores aumentam o risco de infeção persistente e a progressão para cancro. Dos fatores externos destacam-se: o serótipo do vírus (só o HPV 16 e o HPV 18 são responsáveis por cerca de 75% dos cancros), tabagismo (aumenta 3-4x o risco), imunossupressão (toma de medicamentos que baixam as defesas para tratamento de doenças autoimunes ou em transplantados), terapêuticas hormonais (contracetivos e terapêutica de substituição), início precoce da atividade sexual, múltiplos parceiros sexuais e multiparidade ou presença simultânea de outros vírus e bactérias. Por outro lado, os fatores intrínsecos, de onde se destacam a imunidade natural, a imunidade adquirida (através da vacinação contra o HPV), fatores de variação genética destes mecanismos e a fase reprodutora da mulher, também influenciam o risco de persistência desta infeção.

Esta infeção pode ser assintomática?

Esta infeção é quase sempre assintomática e transitória. Cerca de 80% dos indivíduos adquirem a infeção em alguma altura da vida, mas a maioria resolve espontaneamente (aproximadamente 90%) ao fim de 1 a 2 anos. O sintoma mais frequente induzido pelo HPV apresenta-se sob a forma de patologia benigna como são os condilomas ou verrugas genitais. Por outro lado, a perda de sangue com as relações sexuais, apesar de poderem aparecer em outros contextos, são um dos poucos sinais de alerta, sendo mandatório nestas situações excluir a presença de infeção por HPV. Só em fases mais avançadas da infeção, em que já ocorreu transformação maligna, é que podem surgir sintomas como dor, corrimento com cheiro fétido, dores nas relações, entre outros.

Como pode ser prevenida?

O uso do preservativo está indicado na prevenção de todas as infeções de transmissão sexual. Contudo, por não cobrir a totalidade da pele da região genital, não protege completamente da transmissão do HPV (apenas em cerca de 70% dos casos). Adicionalmente, a arma mais importante na prevenção é a vacinação contra o HPV. Tratando-se este de um vírus que não causa virémia (não circula no sangue), a imunidade inata e a adaptativa natural que desencadeia é muito fraca, não gerando uma resposta imunológica eficaz contra uma reinfeção ou reativação pelo mesmo serótipo viral. Então, quando o sistema imunitário da pessoa não tem força para eliminá-lo, este permanece inativado (“adormecido”), reativando (“acordando”) quando as defesas envelhecem (imunossenescência) ou se encontram mais frágeis (por imunodepressão ou imunossupressão). A solução é de uma forma artificial colocar um antigénio (parte do agente infecioso) no corpo através de uma vacina, gerando uma resposta imune e prevenindo as doenças por esse patogéneo. As vacinas são uma das formas mais bem-sucedidas, seguras e de baixo custo de proteger a saúde.

Em que consiste o rastreio do HPV e a quem se destina? Qual a importância do diagnóstico precoce?

O rastreio do cancro do colo do útero destina-se a mulheres que já tenham iniciado a sua atividade sexual e consiste na realização de uma colheita, em posição ginecológica, de células do colo uterino com uma escovinha. Neste material pode-se avaliar duas coisas: a presença do vírus HPV de alto risco (e assim identificar as mulheres infetadas e com potencial de desenvolver lesões pré-malignas ou malignas – a opção mais recomendada) e/ou o teste Papanicolau/citologia cervical/colpocitologia (deteta os danos já provocados, ou seja, células pré-cancerígenas e cancerígenas – exame realizado isoladamente antes do advento da testagem do HPV). Quando estes testes estão alterados, as mulheres são encaminhadas para um exame mais específico com um colposcópio (tipo um microscópio), que permite uma análise mais pormenorizada do colo do útero e a identificação/biópsia das áreas alteradas. Desta forma, consegue-se realizar um diagnóstico precoce das lesões, imprescindível para tratamentos menos agressivos (com impacto positivo na fertilidade futura), evitando-se assim o desfecho mais grave desta infeção. Nos homens tem-se investigado a pesquisa do HPV no sémen e em zaragatoas da glande, contudo estes testes ainda não se encontram acessíveis de forma difusa.

Tendo em conta que entre 50 a 80% dos indivíduos adquirem infeção por HPV em algum momento das suas vidas, o que falta fazer em termos de prevenção?

A prevenção primária através da vacinação contra o HPV é a nossa maior arma, particularmente antes do início da atividade sexual. Neste âmbito a vacinação gratuita no PNV foi um grande passo. Em termos de saúde pública, a vacinação em massa depois dos 25 anos tem uma relação de custo/benefício discutível, contudo sem dúvida que é benéfica numa perspetiva de proteção individual, pelo que deve ser sempre aconselhável. Atualmente, o principal entrave para uma vacinação mais abrangente é o custo da mesma, que ainda não é comparticipada fora do PNV. Esta limitação muitas vezes é ultrapassada com a realização de um esquema de administração alargado, permitindo-se assim um menor impacto no orçamento familiar. Certamente que a comparticipação seria um grande contributo para estender a vacinação a outros grupos, com vista à eliminação dos cancros associados a este vírus e, consequentemente, a redução dos gastos no diagnóstico e tratamento dessas neoplasias malignas.

Qual a importância da vacinação? Quem a pode e deve tomar? Há um limite de idade para que possa ser administrada?

Visto que não existe nenhum tratamento que elimine imediatamente o HPV, a vacinação contra o mesmo é de extrema importância. De facto, esta vacina apresenta potencial para prevenir 90% dos cancros e, em maior percentagem, a doença benigna associada ao HPV. Por isso, foi introduzida a administração gratuita desta vacina no PNV, pelos 10 anos, às meninas (desde 2008) e aos meninos (desde 2020). Nos restantes grupos etários ela pode ser adquirida na farmácia. A vacina atualmente comercializada protege contra 7 serótipos de HPV de alto risco, aqueles com um comportamento mais agressivo. De salientar ainda, que quem já realizou a vacina anterior que protegia apenas contra 2 serótipos de HPV de alto risco, pode realizar a vacina mais recente. Inicialmente, pensava-se que esta só seria útil para quem não tivesse começado a atividade sexual. No entanto, vários estudos têm demonstrado a sua eficácia em mulheres mais velhas (sem limite de idade de acordo com a Agência Europeia do Medicamento), com especial recomendação naquelas com história de infeção/lesão prévia pelo HPV (podendo reduzir em mais de 80% as recidivas) e aconselhada em homens (particularmente naqueles em que foi identificado o HPV nas companheiras).

No que diz respeito ao cancro do Colo do útero, a que sintomas devemos estar atentas? E com que periodicidade os rastreios devem ser realizados?

Como já referido anteriormente, esta infeção é quase sempre assintomática, logo nunca devemos esperar por sintomas para realizar o rastreio, porque aí já pode ser tarde e as opções terapêuticas mais limitadas. A chave é as mulheres realizarem o rastreio regular (com a pesquisa do HPV AR e/ou teste Papanicolau). Este rastreio pode ser realizado no âmbito de um programa de rastreio organizado em articulação com os centros de saúde ou de forma oportunista pelos ginecologistas. Atualmente, em Portugal, o rastreio pode ser feito de forma gratuita por mulheres entre os 25 e os 60 anos, com teste de HPV de alto risco, a intervalos de cinco anos. Este é um rastreio que está muito bem organizado e deve ser aproveitado por todas as mulheres incluídas nesta faixa etária. Fora do SNS poderá fazer-se de três em três anos. De salientar que mesmo as mulheres vacinadas, as pertencentes ao grupo etário de mais de 60 anos ou aquelas já submetidas a remoção do útero com história de infeção prévia por HPV, devem manter a vigilância/rastreio regular.

Diria que, hoje, os portugueses estão mais despertos para esta doença?

Em pleno século XXI, a minha resposta deveria ser sim. Apesar de concordar que atualmente seja a altura em que os portugueses estão mais informados acerca deste assunto (pela implementação da vacinação no PNV e pelas ferramentas online disponibilizadas), continuo a achar que se mantém aquém do desejado para uma sociedade tão evoluída, onde a informação circula a uma velocidade sem precedentes. Acredito que o maior entrave se prende com o facto de tratar-se de um assunto relacionado com a intimidade, onde existem ideias erradas pré-concebidas e muitas lacunas no conhecimento. Frequentemente presencio nas consultas a surpresa aquando da explicação da patologia, pois encontra-se estigmatizado que esta infeção se relaciona apenas com quem tem múltiplos parceiros, o que contrasta com a perceção da comunidade científica para a qual é considerado como um evento “natural” que afeta qualquer pessoa sexualmente ativa.

O que é que todos temos mesmo de saber sobre o HPV e cancro do colo do útero?

  • Todos os indivíduos que tenham iniciado a sua atividade sexual estão em risco de contrair a infeção por HPV.
  • A vacinação contra o HPV é a nossa maior arma.
  • A combinação da vacinação contra o HPV e o rastreio têm o potencial para eliminar o cancro do colo do útero no futuro. 
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.

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