ASAE
A Autoridade para a Segurança Alimentar e Económica inspeccionou 26 lojas conhecidas como ‘smartshops’ durante os anos de 2013...

As inspecções ocorreram após a entrada em vigor do decreto-lei que, há dois anos, veio proibir a venda, produção e publicidade a mais de 150 substâncias psicoactivas, geralmente encontradas nas lojas conhecidas como ‘smartshops’, e são consideradas uma ameaça grave à saúde pública.

Estas substâncias eram, até Abril de 2013, consideradas como drogas legais e vendiam-se em lojas ou na internet sob pretexto de serem fertilizantes para plantas, por exemplo.

Segundo informação oficial da Autoridade para a Segurança Alimentar e Económica (ASAE), após a entrada em vigor daquela legislação, foram inspeccionados 26 operadores económicos durante 2013 e 2014.

Na sequência dessas operações, foram instaurados um processo-crime, quatro processos de contraordenação e duas suspensões.

Foram também apreendidas 1.100 unidades de produtos prejudicais nocivos à saúde, num montante total que rondou os 19.500 euros.

No diploma em vigor há dois anos, é proibida a venda, distribuição, produção, importação ou exportação destes produtos, bem como a sua publicitação. Nesta proibição inclui-se também a venda pela internet.

Com este decreto-lei, as autoridades de saúde podem determinar o encerramento dos locais onde estas drogas se encontrem a ser vendidas, produzidas ou simplesmente guardadas para exportação.

Estudo
Metade dos portugueses tem níveis insuficientes de conhecimentos relacionados com a saúde, o que os prejudica nos cuidados que...

Realizado pelo Centro de Investigação e Estudos de Sociologia (CIES), do ISCTE, o estudo partiu de um inquérito em Portugal, tendo por base o Inquérito Europeu sobre Literacia em Saúde, que identifica as principais limitações, problemas e entraves da literacia em saúde na sociedade portuguesa.

De acordo com os resultados, 49% dos inquiridos têm um índice geral de literacia em saúde baixo (38% têm um nível de conhecimentos “problemático” e 11% têm um nível “inadequado”, o mais baixo da escola).

O estudo destaca que dos restantes, com níveis positivos de literacia, apenas 8,6% apresentaram um nível “excelente” de conhecimentos.

No que respeita especificamente aos “cuidados de saúde”, 45,4% dos inquiridos revelam uma literacia limitada (10,1% e 35,3% tem o nível de literacia “inadequado” ou ”problemático”, respectivamente).

Para a coordenadora do estudo, Rita Espanha, “este pode ser um aspecto preocupante na relação que os portugueses desenvolvem com os prestadores e com o cuidado com a sua própria saúde e dos seus familiares”.

No âmbito da “prevenção da doença”, Portugal concentra 45,5% dos inquiridos num nível de literacia com limitações, enquanto no capítulo da “promoção da saúde”, estas limitações sobem para os 51,1%.

Rita Espanha destaca que é possível identificar entre os iletrados em saúde um grupo mais vulnerável, constituído maioritariamente por idosos e pessoas menos estudos.

“Os mais baixos níveis de literacia em saúde encontram-se precisamente entre os mais velhos e os menos escolarizados, o que nos remete também para o reconhecimento de alguns grupos mais vulneráveis que são identificados no estudo como sendo o público-alvo a considerar em termos de políticas públicas no campo da promoção da literacia em saúde”, explicou.

Esse grupo mais vulnerável é identificado pela investigadora como sendo o dos indivíduos com 66 ou mais anos, com rendimentos até aos 500 euros, com uma auto-percepção de saúde “má”, os viúvos, os operários, pessoas com doenças prolongadas, os reformados, os que frequentaram no último ano seis ou mais vezes os cuidados de saúde primários e os que se sentem limitados por terem alguma doença crónica.

No lado oposto estão os mais jovens (até aos 45 anos) que concentram tanto o melhor nível de literacia (excelente), como o nível considerado adequado (junção dos dois melhores, excelente e suficiente).

Rita Espanha não se mostra surpreendida com estes resultados, considerando que estes confirmam a percepção já existente entre a população em geral e a comunidade científica de que os portugueses têm níveis de literacia em saúde relativamente baixos.

No entanto, destaca que estes resultados não são muito diferentes dos restantes países europeus participantes no estudo (Holanda, Grécia, Irlanda, Áustria, Polónia, Espanha, Bulgária e Alemanha), além de que confirmam a associação entre literacia em saúde e literacia em termos mais abrangentes.

O estudo sublinha, a este respeito, que “a literacia em saúde se encontra positivamente correlacionada com as práticas de literacia, sejam estas práticas de leitura de diversos materiais, sejam práticas de utilização de tecnologias da informação e comunicação”.

No inquérito realizado, constatou-se que as maiores dificuldades dos inquiridos estão relacionadas com a capacidade de acesso a informação sobre “promoção de saúde no local de trabalho, saúde mental, actividades benéficas para o bem estar mental, tratamentos de doenças geradoras de preocupação, como tornar mais saudável a zona onde reside e politicas relacionadas com a saúde”.

“Os inquiridos percepcionam dificuldades tanto em identificar temas por desconhecimento dos mesmos, como em procurar e encontrar informação sobre o que os preocupa”, explica Rita Espanha.

Há outros temas relacionados com “práticas específicas de cuidados com a saúde, que os inquiridos têm dificuldade em as encarar como tal”, tais como a “dificuldade em participar em acções que visem melhorar a comunidade” e “frequentar um ginásio”, acrescenta.

Os inquiridos demonstraram ainda dificuldade em interpretar bulas de medicamentos, bem como em avaliar informação sobre doenças e sua prevenção, riscos para a saúde, vantagens e desvantagens perante opções de tratamento, vacinas ou recorrer a segunda opinião médica.

OMS
Pelo menos 22 milhões de crianças no mundo, sobretudo de países subdesenvolvidos, não receberam as doses necessárias para estar...

A advertência foi lançada na semana da imunização, que se comemora de 24 a 30 de Abril, período em que a Organização Mundial de Saúde (OMS) pretende, entre outras acções, lembrar que as vacinas obrigatórias evitam anualmente a morte de três milhões de pessoas, sobretudo de menores.

De acordo com a agência de saúde das Nações Unidas, a média mundial da imunização situa-se em 80%, com grandes diferenças a nível de cobertura entre os países, pelo que se estima que a uma em cada cinco crianças não foram administradas as doses necessárias para prevenir doenças.

“Uma em cada cinco crianças no mundo não recebeu as três doses obrigatórias da vacina antidiftérica, tétano e tosse convulsa acelular (denominada DTP3), e a maioria vive nos países mais pobres do mundo”, refere a OMS.

A organização aponta a Índia, Paquistão, Nigéria, República Democrática do Congo, Etiópia o Afeganistão como os países com taxas mais baixas de cobertura de vacinação.

“É por essa razão que aproveitamos a celebração da semana da imunização para consciencializar sobre a importância crucial da vacinação para salvar vidas”, refere em nota o director a imunização da OMS, Jean-Marie Okwo-Belé.

Bruxelas entrega decisão a Estados-membros
A Comissão Europeia entregou hoje os Estados-membros o poder de decisão sobre a utilização em géneros alimentícios e alimentos...

A alteração ao processo decisório sobre organismos geneticamente modificados (OGM) foi decidida na sequência de orientações políticas dadas pelo Parlamento Europeu (PE), entregando aos governos dos 28 o poder de decidir sobre a inclusão ou exclusão de OGM na cadeia alimentar.

Segundo Bruxelas, o actual sistema de autorização de OGM, baseado em dados científicos e as regras de rotulagem que asseguram a liberdade de escolha dos consumidores não serão alterados.

Assim, depois de a utilização de um OGM em géneros alimentícios ou alimentos para animais ter sido autorizada na União Europeia (UE), os Estados-membros terão a possibilidade de excluir a sua utilização no consumo humano (géneros alimentícios) ou animal (alimentos para animais).

Os Estados-membros terão de provar que as suas medidas de exclusão respeitam o direito da UE, nomeadamente os princípios do mercado interno e as obrigações internacionais da UE, das quais fazem parte integrante as suas obrigações no âmbito da Organização Mundial do Comércio. As medidas de exclusão devem basear-se em motivos legítimos, para além dos relacionados com o risco para a saúde humana ou animal, ou para o ambiente, avaliados a nível da UE.

"A Comissão ouviu as preocupações de muitos cidadãos europeus, reflectidas nas posições expressas pelos respectivos governos nacionais. Uma vez adoptada, a proposta vai conceder aos Estados-membros, em plena consonância com o princípio da subsidiariedade, uma voz mais activa no que diz respeito à utilização de OGM autorizados pela UE em géneros alimentícios e alimentos para animais nos seus respectivos territórios", disse o comissário europeu para a Saúde e Segurança Alimentar, Vytenis Andriukaitis.

A proposta da 'Comissão Juncker' terá de ser aprovada pelo PE e pelo Conselho de Ministros da UE, em processo de co-legislação.

Bastonário dos enfermeiros
O bastonário da Ordem dos Enfermeiros, Germano Couto, disse que a falta de profissionais e de respostas ao nível dos cuidados...

"Em Portugal, o número de enfermeiros continua muito abaixo das reais necessidades", afirmou Germano Couto na abertura do 2º Congresso Insular de Enfermagem Madeira-Açores, que reúne mais de 500 profissionais até sexta-feira na capital madeirense.

"Sei que o momento pelo qual estamos a passar não é fácil. Sentimo-lo na pele. Sofremos cada vez mais cortes, quer na nossa remuneração, pagando mais impostos, e trabalhamos cada vez mais horas, dias seguidos sem descanso para não comprometer a qualidade da saúde dos nossos cidadãos", realçou, vincando que a Ordem dos Enfermeiros (OE) está atenta à realidade vivida nos serviços de urgência dos hospitais e já expôs publicamente "várias situações de insegurança e condições indignas".

"Não nos podemos esquecer que o nosso país está cada vez mais envelhecido e esta realidade tem reflexos na prestação de cuidados, nomeadamente nos serviços de urgência, que passa a ser muitas vezes um serviço de internamento", salientou.

O problema da falta de profissionais foi também focado pelo presidente da secção da Madeira da Ordem, Ricardo Silva, que considerou fundamental a contratação de mais 350 para garantir a "qualidade mínima" dos serviços na região.

"O custo dessa não-contratação será passarmos de um dos melhores serviços de saúde para ‘lanterna vermelha’", advertiu, realçando que não há qualidade e segurança em saúde sem enfermeiros.

Ricardo Silva evocou estudos que comprovam que o aumento da carga de trabalho do enfermeiro está associado a um aumento da mortalidade e, por outro lado, que a diminuição da mortalidade está directamente associada ao aumento da qualificação da equipa de enfermagem.

O presidente da secção regional da Ordem dos Enfermeiros alertou, ainda, para o fenómeno da emigração, que diz ser "particularmente gritante" na área da enfermagem. "Depois de tanto falarmos em infraestruturação na Região [Autónoma da Madeira], corremos o risco de quando tivermos as estruturas ideais, não termos profissionais de saúde para as mesmas, porque as pessoas estão a emigrar", salientou.

Ricardo Silva deixou também claro que não tem boas expectativas relativamente à políticas de saúde, apesar da mudança de Governo Regional, mas, por outro lado, garantiu que não lhe falta esperança e trabalho para oferecer.

O secretário regional de Saúde, Manuel Brito, ouviu as críticas e disse que não tinha promessas para fazer, mas expôs "os três grandes compromissos" do novo Governo Regional: melhorar o acesso aos cuidados de saúde, melhorar a qualidade da prestação de cuidados e investir na medicina preventiva ao nível dos centros de saúde.

Manuel Brito expressou também reconhecimento pelo profissionalismo e comportamento ético dos enfermeiros e vincou que "não há projecto nenhum que consiga atingir os objectivos se não tiver a motivação dos profissionais".

A partir de 1 de Maio
Os menores de 18 anos ficam isentos do pagamento de taxas moderadoras a partir do dia 1 de Maio, uma medida que visa “promover...

De acordo com o Decreto-Lei hoje publicado Diário da República, o não pagamento de taxas moderadoras pelos menores de idade constitui “um estímulo indirecto, num quadro de previsibilidade, ao aumento da natalidade, no âmbito da adopção de políticas públicas para a promoção da natalidade, a protecção das crianças e o apoio às famílias”.

O objectivo do alargamento da isenção do pagamento das taxas moderadoras a todos os menores de idade é, além da promoção da saúde, “garantir a eliminação de quaisquer constrangimentos financeiros no seu acesso aos serviços de saúde assegurados pelo SNS, tanto mais que a decisão de recorrer ou não aos cuidados de saúde não depende unicamente dos menores”.

Com esta alteração legislativa, ficam isentos de pagamento de taxas moderadoras os menores de idade e os jovens em processo de promoção e protecção a correr termos em comissão de protecção de crianças e jovens ou no tribunal (…) que não possam, por qualquer forma, comprovar a sua condição de insuficiência económica (…).

Estão igualmente isentos “os jovens que se encontrem em cumprimento de medida tutelar de internamento, de medida cautelar de guarda em centro educativo ou de medida cautelar de guarda em instituição pública ou privada, por decisão proferida no âmbito da Lei Tutelar Educativa (…) que não possam, por qualquer forma, comprovar a sua condição de insuficiência económica” (…).

Também “os jovens integrados em qualquer das respostas sociais de acolhimento por decisão judicial proferida em processo tutelar cível, e nos termos da qual a tutela ou o simples exercício das responsabilidades parentais sejam deferidos à instituição onde os jovens se encontram integrados, que não possam, por qualquer forma, comprovar a sua condição de insuficiência económica”.

Estudo
Será que o tratamento com antidepressivos é o mais eficaz na prevenção da depressão? Estudo recente conclui que estas drogas...

Para evitar que uma pessoa com diagnóstico depressivo tenha recaídas, os médicos têm por prática prescrever antidepressivos durante um período de dois anos. Mas será que esta é a opção mais eficaz? Um estudo publicado na revista médica The Lancet revela que uma terapia baseada em exercícios da mente – Mindfulness-based cognitive therapy (MBCT) – pode ser igualmente eficaz e com menos efeitos negativos, escreve o jornal digital Observador.

O estudo publicado esta segunda-feira, 20 de abril, e que envolveu uma amostra de 424 britânicos com diagnóstico depressivo, concluiu que a taxa de recaída foi praticamente a mesma naqueles que recorreram à terapia “Mindfulness” e nos que continuaram a tomar antidepressivos durante os dois anos seguintes à depressão, a prática recomendada pelo NICE (National Institute for Health and Clinical Excellency), o instituto britânico equivalente ao Infarmed, em Portugal.

Os 424 participantes foram divididos em dois grupos – um deles tomou sempre antidepressivos e o outro fez oito sessões de grupo e mais quatro opcionais durante um ano e gradualmente largou a medicação. A eficácia na prevenção da recaída foi idêntica, com menos efeitos secundários para os que seguiram a terapia.

Os investigadores, baseados num estudo-piloto de 2008, tinham pensado que este estudo iria mostrar que a terapia MBCT é mais efectiva do que os medicamentos, mas, citado pelo jornal Guardian, o autor principal do estudo Willem Kuyken – da Universidade de Oxford – disse que “a realidade é que [a eficácia desta terapia] não foi superior à da medicação “.

O MBCT é uma terapia que incentiva as pessoas a focarem-se no presente, em cada momento, e nos efeitos que esses pensamentos têm sobre o bem-estar. A partir daí a pessoa rompe com o passado e põe fim a hábitos nocivos.

O elevado consumo de antidepressivos tem sido referido pelas autoridades de saúde em Portugal e não é um problema novo. Em comparação com outros países europeus, Portugal apresenta o maior consumo de ansiolíticos, sedativos e hipnóticos (96 DHD – Dose Diária Definida por 1000 habitantes), muito superior à Dinamarca (31 DHD), Noruega (62 DHD) e Itália (53 DHD), de acordo com o estudo apresentado no final do ano passado “Portugal – Saúde Mental em Números 2014”.

As duas substâncias que se mantêm mais destacadas são o alprazolam e o lorazepam, que integram o subgrupo das benzodiazepinas [fármacos ansiolíticos utilizados no tratamento de situações de ansiedade e insónias] com maior potencial de induzirem tolerância e dependência, que, contrariamente ao verificado no resto da União Europeia, têm registado acréscimos anuais de consumo.

As perturbações psiquiátricas afectam mais de um quinto da população portuguesa. Com os valores mais altos de prevalência anual destacam-se as perturbações da ansiedade (16,5%) e as perturbações depressivas (7,9%), de acordo com o primeiro Estudo Epidemiológico Nacional de Saúde Mental divulgado em 2013 e integrado no World Mental Health Survey Initiative, da OMS. Em comparação com outros países ocidentais, Portugal apresenta dos mais altos valores de prevalência de perturbações psiquiátricas (22,9%), apenas comparáveis com a Irlanda do Norte (23,1%) e com os EUA (26,4%), alcançando as perturbações de ansiedade e as de controlo dos impulsos a pontuação mais elevada entre os 9 países da Região Europa da OMS que integraram o mesmo estudo.

Cáritas Europa
Pelo terceiro ano consecutivo, a Cáritas Europa tentou avaliar o impacto da austeridade em sete países mais atingidos pela...

Portugal foi, entre os sete países mais atingidos pela crise na União Europeia, aquele que registou o maior aumento da taxa de risco de pobreza e exclusão social em 2013 (um aumento de 2,1 pontos percentuais). A despesa com o serviço nacional de saúde desceu — e foi cerca de 15% inferior à de 2010. E “a despesa no apoio às famílias com filhos foi reduzida em 30% desde que surgiram os principais cortes”, sendo que “um terço dos beneficiários perdeu o acesso às prestações por filhos a cargo”, o que afecta “fortemente o potencial futuro das crianças”, revela o jornal Público na sua edição digital.

Estes são dados do Relatório da Crise da Cáritas Europa 2015 que tem como título O aumento da pobreza e das desigualdades. O documento é de Fevereiro, mas a apresentação nacional acontece nesta quarta-feira, em Lisboa, na presença do secretário-geral da Cáritas Europa, Jorge Nuño Mayer.

Pelo terceiro ano consecutivo, a organização analisou uma série de estatísticas oficiais, que cruzou com informação proveniente dos centros de apoio da Cáritas existentes nos países abrangidos, que trabalham no terreno. Com esta combinação, criou aquilo a que chama no relatório de “fórmula Cáritas” — que, diz, permite medir de forma “muito precisa a temperatura da situação socioeconómica da população desde a classe média até àqueles que estão situações de particular vulnerabilidade”.

Tal como nos últimos anos, a análise debruçou-se essencialmente sobre sete países: Chipre, Grécia, Irlanda, Itália, Portugal, Roménia e Espanha — os “sete países da União Europeia mais atingidos” pela crise.

O cenário descrito no documento é, numa frase, este: “Enormes níveis de desemprego e um claro aumento dos indicadores de pobreza e exclusão social.”

E continua: “A política de exigir aos países com sistemas de protecção social mais fracos que imponham consolidação orçamental e vagas sucessivas de medidas de austeridade com calendários muito curtos está a colocar o ónus dos ajustamentos nos ombros das pessoas que não criaram a crise na Europa e que têm menos capacidade para suportar esse fardo.”

Portugal é referenciado em vários momentos. Com uma taxa de pobreza infantil de 24,4%, em 2013, o país é dos sete estudados o que tem um menor peso de crianças nesta situação, mas foi aquele que registou o maior crescimento num só ano (mais 2,6 pontos percentuais), segundo o relatório. A maior taxa de pobreza infantil encontra-se na Roménia (32,1%).

No que diz respeito às pessoas que vivem em agregados familiares com uma intensidade de trabalho muito baixa (por vezes designados agregados familiares sem emprego), a Irlanda apresentou a pior taxa (23,4% em 2012, último ano para o qual há dados), seguida pela Grécia (18,2%, em 2013). A taxa de Portugal (12,2%, em 2013) piorou, o mesmo acontecendo em Itália (11%) e Chipre (7,9%). Já o peso dos trabalhadores pobres subiu, mas pouco (0,3 pontos), para 10,7% do total.

No capítulo da saúde assinala-se que “os tempos de espera constituíram uma dificuldade para um grande número de pessoas, especialmente na Grécia, Itália, Chipre, Portugal e Roménia”. E a Cáritas Portuguesa, citada no documento, faz saber que está preocupada com as “reduções drásticas dos últimos anos nos orçamentos da saúde, educação e protecção social”.

Em termos de dívida pública nota-se ainda que o país “tem a segunda maior dívida pública em comparação com o PIB (128%) logo a seguir à Grécia (174,9%)”.

Face a isto, a Cáritas Europa deixa um conjunto de recomendações. Desde logo, às instituições europeias. Diz que é preciso garantir que a meta de retirar, pelo menos, 20 milhões de pessoas da situação de pobreza, prevista na Estratégia 2020, é cumprida e que há que fixar “submetas para a redução da pobreza nos grupos de maior risco” como as crianças, os idosos e os trabalhadores pobres.

Ajudar pessoas carenciadas
A Faculdade de Medicina da Universidade do Porto inicia quinta-feira a plantação de um Pomar Solidário, destinado a satisfazer...

Fonte da Faculdade de Medicina do Porto (FMUP) disse que a iniciativa está integrada no Projecto SOMA - Solidariedade e Meio Ambiente, sob a liderança directa de Maria Amélia Ferreira (directora da FMUP).

O pomar vai incluir 33 árvores de fruto, 40 plantas de maracujá e várias aboboreiras, para além de ervas aromáticas.

Os trabalhos de preparação do novo espaço, que ficará implantado nos espaços verdes das novas instalações da FMUP, arrancaram segunda-feira, numa operação intensiva de jardinagem assegurada pela Câmara Municipal do Porto que providenciou também o projecto paisagista do pomar.

A plantação das árvores será garantida por equipas de voluntários constituídas por estudantes de medicina da FMUP, utentes e técnicos do Serviço de Psiquiatria do Centro Hospitalar de São João e pelos utentes e técnicos da Abraço.

De acordo com Maria Amélia Ferreira, “a FMUP pretende apostar em acções que envolvam a comunidade académica no campo da produção de relações sociais”.

“Estas acções deverão ter um papel pedagógico tanto a nível profissional, como de desenvolvimento de uma cidadania activa compatível com a melhoria de bem-estar das pessoas desfavorecidas, a promoção da qualidade de vida, a promoção de hábitos alimentares saudáveis, as boas práticas agrícolas e a preservação do meio ambiente”, sublinhou.

Para o efeito, “juntaram-se ao Projecto SOMA, no trabalho do Pomar, os estudantes de Medicina da FMUP, os utentes e técnicos da ABRAÇO, os utentes e técnicos da Psiquiatria do Centro Hospitalar de S. João, os técnicos da Câmara Municipal do Porto e da LIPOR, com o apoio da Federação dos Bombeiros do Distrito do Porto e dos Seguros ATLAS, numa perfeita dialética de parceria em que se reúnem esforços para que seja possível a realização do mesmo”, esclareceu a coordenadora do Gabinete de Serviço Social e Mediação de Conflitos da FMUP, Sónia Magalhães.

A cerimónia que assinala o início da plantação do Pomar Solidário da FMUP – Projecto SOMA realiza-se esta quinta às 09:00, no Centro de Investigação Médica da FMUP (entrada pela Rua Dr. Plácido Costa), contando com a presença de Filipe Araújo (vereador da Inovação e Ambiente da Câmara Municipal do Porto), de António Ferreira (presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar de São João) e de Rui Ramos (vice-reitor da Universidade do Porto), entre outros representantes institucionais.

Lançamento de novo teste
Custa 230 euros o kit que permite fazer o teste e será vendido pela internet. Porém há dúvidas sobre interpretação dos resultados.

Uma start-up sediada em Silicon Valley (Califórnia) anunciou o lançamento de um teste que detecta mutações nos genes associados ao cancro da mama e dos ovários, através da saliva, por 249 dólares (cerca de 230 euros), um valor irrisório face aos praticados nos EUA, onde chegaram a custar quase 4 mil dólares. O objectivo, dizem os responsáveis da empresa, é democratizar o acesso aos testes, pretensão que não reúne consenso entre os especialistas, escreve o Diário de Notícias.

O kit desenvolvido pela Color Genomics analisa 19 genes - incluindo o BRCA1 e o BRCA2 -, pelo que permite ajudar a perceber qual o risco de aparecimento de cancro da mama e dos ovários. "Queremos ser capazes de ampliar o acesso a este tipo de testes, porque é muito importante as mulheres serem capazes de entender o risco que têm e trabalhar com o seu prestador de cuidados de saúde para criar um plano à volta disso" disse Elad Gil, vice-presidente da Color Genomics, citado pela Forbes.

Uma das questões que têm vindo a ser levantadas prende-se com o acesso a estes testes genéticos, ou seja, quem deve fazê-los. Actualmente, só são indicados quando é identificada uma alteração do gene num doente com cancro, ou quando existe um historial de cancro da mama ou dos ovários na família. Ora, vender estes testes online é colocá-los à disposição de qualquer mulher.

Médicos especializados
Hospital de Santa Maria cria equipa que irá estudar efeitos tóxicos dos tratamentos de rádio e quimioterapia para evitar a...

No Hospital de Santa Maria, em Lisboa, está a nascer uma nova especialidade. Chamam-lhe cardio-oncologia. Junta médicos do coração e oncologistas que avaliam os efeitos tóxicos dos novos medicamentos para tratar os efeitos do cancro da mama no coração. Estudos internacionais mostraram que entre 7% e 25% das doentes que fizeram um determinado remédio ficaram com insuficiência cardíaca, escreve o Diário de Notícias na sua edição digital. Na unidade portuguesa decorre um ensaio que já está a avaliar 93 mulheres. O objectivo é chegarem pelo menos às 200.

"Os novos medicamentos dirigidos a alvos específicos para o cancro da mama foram altamente benéficos para transformar o cancro numa doença crónica e a aumentar a população de sobreviventes. Mas verificou-se que estas terapêuticas tinham influência no coração, com as mesmas alterações que os medicamentos antigos e que provocam insuficiência cardíaca. Começou a nascer a necessidade de uma nova abordagem conjunta entre cardiologistas e oncologistas, que cria uma nova sub-especialidade: a cardio-oncologia", explica ao jornal Manuela Fiúza, cardiologista no Hospital de Santa Maria.

O tema foi ontem discutido no Congresso Português de Cardiologia. O primeiro sinal de alerta internacional surgiu quando as doentes que tomaram um medicamento para o cancro da mama dirigido a uma alteração genética específica começaram a ter problemas cardíacos. "Os estudos mostraram que entre 7% e 25% das doentes desenvolveram insuficiência cardíaca. Desde então começou tudo a ser investigado e tornou-se obrigatório nos ensaios avaliar os efeitos no coração."

Novo estudo científico
Um novo estudo científico rejeita a existência de ligação entre o autismo e a vacina contra o sarampo, a papeira e a rubéola,...

Outros estudos chegaram já à mesma conclusão antes deste, que analisou cerca de 95.000 crianças com irmãos mais velhos, alguns dos quais com Perturbações do Espectro do Autismo (ASD, na sigla inglesa).

“Em consonância com estudos efectuados noutras populações, não observámos qualquer ligação entre a vacinação contra o sarampo, a papeira e a rubéola (MMR), e um risco aumentado de ASD entre crianças com seguros médicos privados”, indica o estudo, conduzido por Anjali Jain, médico em Falls Church, Virginia.

“Também não encontrámos provas de que a administração de uma ou duas doses de vacinação MMR esteja associada com um risco aumentado de ASD entre crianças com irmãos mais velhos com ASD”, prosseguiu.

O autismo está a aumentar e afecta uma em cada 68 crianças nos Estados Unidos, mas as suas causas continuam a ser praticamente desconhecidas.

O medo de que as vacinas pudessem causar autismo começou a espalhar-se após a publicação, em 1998, de um artigo por Andrew Wakefield que afirmava ter encontrado ligação entre a vacina MMR e o autismo em 12 crianças.

Só posteriormente se provou ser fraudulento e a revista científica que o publicou divulgou um pedido de desculpas. O Reino Unido também retirou ao autor, Andrew Wakefield, a sua cédula profissional.

Mas as preocupações quanto à segurança das vacinas, particularmente na era da Internet, têm provado ser difíceis de apaziguar.

“Apesar de uma quantidade substancial de estudos realizados nos últimos 15 anos não terem encontrado qualquer ligação entre a vacina MMR e as ASD, os pais e outras pessoas continuam a associar a vacina a ASD”, sustenta o estudo publicado no Journal of the American Medical Association (JAMA).

“Questionários a pais cujos filhos têm ASD sugerem que muitos creem que a vacina MMR foi uma causa que contribuiu para a doença”, lê-se no artigo publicado na revista científica.

Crianças com um irmão mais velho têm menor probabilidade de ser vacinadas do que crianças sem autismo na família, concluiu o estudo.

A taxa de vacinação MMR de crianças com irmãos saudáveis foi de 92% até aos cinco anos.

Em contraste, os níveis de vacinação de crianças cujos irmãos mais velhos tinham ASD foi de 86% até aos cinco anos.

Acompanhando o artigo, um editorial de Bryan King, médico da Universidade de Washington e do Hospital Pediátrico de Seattle, sublinha que os dados são claros.

“A única conclusão que pode ser retirada do estudo é que não há indícios que sugiram a existência de uma relação entre a MMR e o desenvolvimento de autismo em crianças com ou sem um irmão com autismo”, escreveu King.

“Ao todo, são cerca de 12 os estudos que até agora mostraram que a idade em que as ASD se manifestam não difere entre crianças vacinadas e não vacinadas, que a gravidade ou evolução das ASD não difere entre crianças vacinadas e não vacinadas e, agora, que o risco de recorrência de ASD nas famílias não difere entre crianças vacinadas e não vacinadas”, sustentou.

Em quatro regiões do país
Quatro regiões do país apresentam risco muito alto de exposição à radiação ultravioleta, informou o Instituto Português do Mar...

De acordo com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), Faro, Funchal, Porto Santo e Sagres apresentam hoje risco muito alto de exposição à radiação ultravioleta (UV) enquanto Beja, Castelo Branco, Coimbra, Évora, Guarda, Leiria, Lisboa, Portalegre, Santarém, Setúbal, Sines, Angra do Heroísmo e Ponta Delgada (Açores) estão com níveis altos.

Para as regiões com níveis muito altos e altos, o IPMA recomenda o uso de óculos de sol com filtro UV, chapéu, ‘t-shirt’, guarda-sol, protector solar e evitar a exposição das crianças ao sol.

De acordo com o IPMA, a radiação ultravioleta pode causar graves prejuízos para a saúde se o nível exceder os limites de segurança, sendo que o índice desta radiação apresenta cinco níveis, entre o baixo e o extremo, com onze.

Segundo especialistas
Especialistas estimam que serão necessários 93 mil milhões de euros para erradicar a malária até 2030, mas os fundos anualmente...

O Dia Mundial da Malária é assinalado a 25 de Abril e a Roll Back Malaria Partnership (RBM), composta pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pela UNICEF, entre outras entidades, fez um apelo alertando para quanto se avançou na luta contra a doença, mas também para tudo quanto há ainda a fazer.

Existem, no mundo, 2.300 milhões de pessoas em risco de contrair malária, 1.200 dos quais em alto risco.

Estima-se que em 2013 cerca de 198 milhões de pessoas tenham contraído a doença, das quais 584.000 morreram, 90% delas em África.

Desde o ano 2000, a incidência da malária teve uma redução de cerca de 30% no mundo e cerca de 34% em África.

Os 93 mil milhões de euros necessários para eliminar a doença até 2030 permitiriam salvar 12 milhões de vidas, evitar 3.000 milhões de casos e uma despesa global de 250 mil milhões de euros só se a doença for erradicada na África subsaariana, segundo a RBM.

África deixa de ganhar anualmente 11 mil milhões de euros, em produtividade perdida por causa da doença.

De acordo com a RBM, em 2013 investiram-se no mundo 2.416 milhões de euros em diversos programas e projectos para combater a doença.

Contudo, o montante estimado para que toda a gente que precisa tenha acesso aos métodos preventivos e aos tratamentos para curar a malária é de 4.700 milhões de euros.

A OMS calcula que, para cumprir os seus objectivos de erradicação da malária até 2030, seriam necessários 6.000 milhões de euros anuais até 2020, ano em que tanto a morbilidade como a mortalidade deveriam reduzir-se em cerca de 40% em relação a 2000.

Para 2025, o investimento anual deveria ser de 7.400 milhões de euros e a redução da morbilidade e da mortalidade de 75%.

Para alcançar uma queda da mortalidade e da morbilidade de 90% em 2030, serão necessários 8.300 milhões de euros por ano.

Só em África, calcula-se que 10.000 mulheres morrem ao contrair malária durante a gravidez.

Em 2013, cerca de 15 milhões dos 35 milhões de grávidas na África subsaariana não receberam qualquer dose de tratamento preventivo para se protegerem da doença.

Trabalho premiado
Investigadores portugueses estão a estudar o papel de uma substância na cardiomiopatia associada à sépsis, ou infecção...

A Sociedade Portuguesa de Cardiologia anunciou que o Prémio Sanofi Cardiologia deste ano distinguiu Catarina Quina-Rodrigues, Francisco Vasques-Nóvoa, Rui Cerqueira, Adelino Leite-Moreira e Roberto Roncon-Albuquerque Jr, investigadores na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, no Hospital de Braga e no Centro Hospitalar S. João.

O trabalho vencedor, conhecido no decorrer do XXXVI Congresso Português de Cardiologia, é uma investigação clínica que pretende apurar o papel do microRNA-155 na cardiomiopatia séptica, uma das principais causas de admissão nos serviços de cuidados intensivos.

"Nos doentes que têm uma infecção generalizada, aquilo que as pessoas conhecem como sépsis ou septicémia, há associada uma falência do coração", ou seja, a cardiomiopatia séptica que aparece como consequência do estado de infecção, explicou Lusa Maria José Loureiro, da direcção da Sociedade Portuguesa de Cardiologia.

Esta "é uma das principais causas de admissão nas unidades de cuidados intensivos e esta cardiomiopatia séptica, isto é, a disfunção cardíaca secundária à sépsis, é também causa de morte nos indivíduos" com a infecção, referiu a especialista da Sociedade Portuguesa de Cardiologia.

Maria José Loureiro avançou que o trabalho de investigação "pretendia exactamente apurar qual era o papel de um alvo promissor específico no tratamento", o microRNA-155, que "apresenta um valor elevado quando existe cardiomiopatia séptica".

Os resultados a obter com este trabalho podem contribuir para reduzir a mortalidade nos casos de sépsis, salientou.

A Sociedade Portuguesa de Cardiologia atribui um conjunto de prémios a investigadores portugueses na área da medicina cardiovascular. O Prémio Sanofi Cardiologia é o mais antigo, sendo esta a sua 46ª edição, e tem como objectivo distinguir um trabalho que se tenha destacado na área da investigação clínica.

Ordem de Médicos Norte
O Conselho Regional do Norte da Ordem dos Médicos anunciou que vai instaurar um inquérito de averiguação disciplinar aos...

O jornal Público noticiou no domingo que duas enfermeiras, uma do Hospital de Santo António e outra do São João, ambos no Porto, se queixam de terem tido que comprovar às entidades laborais que estavam a amamentar “espremendo leite das mamas à frente a médicos de saúde ocupacional”.

Em comunicado, o Conselho Regional do Norte da Ordem dos Médicos (CRNOM) revela que “decidiu instaurar um inquérito de averiguação disciplinar aos médicos envolvidos nos casos agora relatados”.

Segundo o presidente do CRNOM, citado no comunicado, aquele organismo vai também pedir, com “carácter de urgência, a todos os directores clínicos e responsáveis da Saúde Ocupacional dos hospitais do norte do país os procedimentos que estejam (…) a adoptar no caso das licenças de amamentação”.

A Ordem dos Médicos do Norte avisa que a licença de amamentação é um direito consagrado no Código do Trabalho e classifica de uma “ilegalidade” e “ofensa grave” aos direitos das trabalhadoras lactantes a convocatória para uma consulta no serviço de Saúde Ocupacional a fim de realizar uma prova de evidência de leite.

No comunicado, o Conselho Regional classifica as afirmações proferidas a respeito desta matéria pelo ministro da Saúde de “imprudentes”. Isto porque Paulo Macedo disse que o seu ministério não tinha dado “quaisquer orientações nesse domínio” e que não tinha conhecimento das metodologias.

“Num qualquer outro país estas afirmações teriam consequências graves, tanto mais que é inequívoco o poder de superintendência que o Ministério da Saúde exerce sobre os hospitais”, lê-se na nota de imprensa.

O presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar do Porto, Sollari Allegro, já veio afirmar que, “em função deste escândalo”, decidiu-se alterar os testes para comprovar a amamentação, que serão feitos por análises à prolactina às mães lactantes que o aceitem fazer.

Serviços prestados a residentes nos Açores
Várias unidades do Serviço Nacional de Saúde do continente estão a reclamar em tribunal o pagamento de cerca de 60 milhões de...

A informação foi avançada por fonte oficial da Secretaria Regional de Saúde dos Açores, após o Supremo Tribunal Administrativo (STA) ter aceitado analisar um recurso para saber se o Governo daquela região autónoma é responsável pelo pagamento dos cuidados de saúde prestados aos seus residentes, no continente, pelos serviços do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

A Secretaria Regional da Saúde dos Açores recorreu de uma decisão do Tribunal Central Administrativo (TCA) do Norte que a condenou a pagar cerca de 5.000 euros ao Centro Hospitalar de Entre Douro e Vouga.

Em causa estão cuidados de saúde que aquele centro hospitalar, que agrupa os hospitais de Santa Maria da Feira, São João da Madeira e Oliveira de Azeméis, prestou a beneficiários do Serviço Regional de Saúde dos Açores.

No recurso, a Secretaria Regional da Saúde diz que existem várias decisões da primeira instância em processos semelhantes e dois acórdãos do TCA que a condenam a pagar os cuidados de saúde prestados aos cidadãos portugueses residentes nos Açores.

Um dos argumentos invocados pelos juízes para aceitar o recurso é o facto de a questão ter sido decidida de modo diverso pela primeira e segunda instâncias o que, só por si, "evidencia não se tratar de questão simples".

"Por outro lado trata-se de questão de interesse geral sobre a articulação do Serviço Nacional de Saúde e os serviços de saúde da Região Autónoma dos Açores", dizem os juízes, adiantando que se está perante uma "questão jurídica de importância fundamental".

Em declarações, fonte oficial da Secretaria Regional de Saúde dos Açores disse que receberam com satisfação a decisão do STA, considerando que “vem confirmar que o acórdão da instância inferior necessita de ser devidamente revisto”.

Em Outubro do ano passado, os governos da República e dos Açores decidiram constituir um grupo de trabalho para apurar o valor das dívidas que o Serviço Nacional de Saúde reclama ao Serviço Regional de Saúde e vice-versa. O primeiro-ministro disse na altura, durante uma visita aos Açores, que este levantamento incluiria também a Madeira.

“O grupo de trabalho constituído tem reunido com o objectivo de definir os princípios do entendimento, antes de se dedicar ao apuramento real dos montantes”, disse a mesma fonte da Secretaria Regional da Saúde dos Açores.

Casa Pia
A prevenção do consumo de substâncias psicoactivas na Casa Pia de Lisboa vai ser alargada aos comportamentos aditivos e...

No protocolo, que será firmado entre a Casa Pia de Lisboa, a Administração Regional de Saúde de Lisboa e o Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e Dependências (SICAD), lê-se que é “fundamental, numa perspectiva de aprofundamento de uma colaboração específica interinstitucional, dar continuidade ao trabalho realizado, alargando-o aos comportamentos aditivos e dependências”.

Isto porque desde 2005 que tem vindo a ser desenvolvida uma intervenção de carácter preventivo do consumo de substâncias psicoactivas na Casa Pia de Lisboa.

Em declarações, a presidente do conselho directivo da Casa Pia de Lisboa, Cristina Fangueiro, enalteceu esta colaboração, lembrando que “todas as crianças” que frequentam a instituição recebem “um conjunto de competências que visa prevenir” estes comportamentos.

“Queremos fazer um protocolo mais forte. Com esta rede, queremos fazer o diagnóstico, a intervenção e a reparação e queremos que deste acompanhamento surja uma mais valia que é a criação de um instrumento que possa ser replicado em outras instituições. Essa é a nossa ambição”, adiantou.

De acordo com Cristina Fangueiro, o trabalho começa com os profissionais da Casa Pia de Lisboa, que recebem formação constante, tendo em conta que precisam de “estar atentos aos sinais das crianças e saber transmitir aos miúdos a necessidade deles próprios estarem atentos”.

A este propósito, lembrou algumas mensagens que os profissionais tentam fazer chegar aos alunos da Casa Pia, como o perigo de deixar um copo esquecido num bar ou experimentar uma substância que pode facilmente criar dependência.

“Todo este tipo de informação tem de ser dita de forma muito clara e com um discurso que os miúdos entendam. Os técnicos têm de estar muito bem preparados”, sublinhou.

O objectivo primeiro é prevenir, responder na instituição e, caso seja necessário, reencaminhar os jovens para os serviços especializados, ainda que com o apoio da instituição.

Sobre o consumo de substâncias ilícitas na instituição ou por jovens que a frequentam, Cristina Fangueiro disse que os números permanecem estáveis.

“Esses casos existem, mas estamos atentos”, garantiu.

O protocolo começa por lembrar que a Casa Pia de Lisboa “tem por missão integrar crianças e adolescentes, designadamente as desprovidas de meio familiar adequado”.

Garantir a estas crianças “percursos educativos inclusivos, assentes nomeadamente, numa escolaridade prolongada, num ensino profissional de qualidade e numa aposta na integração profissional e, sempre que necessário, acolhendo-os” é outro dever da instituição, assinalado no documento.

Estudo
Um estudo sobre o uso problemático da internet, realizado por uma investigadora portuguesa, concluiu que existe uma “relação...

Ivone Patrão, docente do ISPA - Instituto Universitário de Ciências Psicológicas, Sociais e da Vida, é a autora do estudo sobre “Jovens e Uso Problemático da Internet (UPI): A relação com a ansiedade, depressão e stress”, que identificou esta ligação.

Para esta pesquisa foram questionados 645 jovens que frequentam o sétimo, oitavo e nono ano do ensino básico.

“Os resultados indicam que existe uma relação significativa entre a UPI, a ansiedade, a depressão e o stress”, lê-se no resumo do estudo.

A investigação, que será apresentada na quinta-feira no VI Congresso Internacional de Psicologia e do Adolescente, que decorre quarta e quinta-feira na Universidade Lusíada, em Lisboa, identificou 10% destes 645 jovens com UPI.

Quase metade destes jovens (40%) com UPI assume que estão dependentes de estar online, disse a investigadora Ivone Patrão.

No decorrer da investigação, a autora apurou que o jovem relaciona este uso da internet ao bem-estar.

“É contraditório, mas compreensível, dado a faixa etária e as tarefas comuns na adolescência”, disse Ivone Patrão, para quem isto significa que estes jovens sentem-se bem, pois “conseguem estar conectados ao grupo de pares e sentirem que pertencem ao grupo, ainda que a via seja o online”.

Como explicou, “até jogar os jogos online dá a percepção de pertencer a um grupo, apesar de haver pouca comunicação entre eles, pois o tema é só o jogo”.

Ivone Patrão contacta diariamente, no decurso da sua prática clínica, com o fenómeno dos jovens que dependem da internet e reconhece que este está a aumentar.

O Uso Problemático da Internet é “uma patologia”, para a qual “já se fazem tratamentos”.

“Atendo todos os dias jovens e famílias que chegam por vários motivos, como alterações no comportamento dos filhos, faltas às aulas, tempos livres totalmente ocupados com o computador”, disse.

Na origem destes problemas está, cada vez mais, o UPI. “Quando fazemos a triagem entendemos que o jovem está mais isolado e revela sintomas de dependência da ou na internet”, disse.

Um desses sintomas é irritabilidade quando não deixam o jovem jogar computador, nomeadamente a uma determinada hora em outros jovens estão também a jogar.

Na investigação, Ivone Patrão identificou jovens deprimidos, para quem a internet funciona como um escape, mas também o contrário: jovens com um percurso normal, mas que se cruzam com a onda de jovens que usam a internet.

Paralelamente com esta dependência da internet, estes jovens manifestam ausência de actividades face a face.

“Começamos a ver que não têm amigos, não têm rede – além da on-line - e isso vai pô-los em risco”, disse.

Sociedade de Pneumologia concorda
A Sociedade Portuguesa de Pneumologia considerou que as pessoas devem ser protegidas dos potenciais riscos para a saúde dos...

Em declarações, Ana Figueiredo, da comissão de tabagismo da Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP), explicou que os dados que se vão acumulando em relação aos malefícios dos cigarros electrónicos provam que “poderão, eventualmente, fazer mal”.

Desta forma, defendeu que, pelo facto de não haver certezas, é necessário “as pessoas serem preservadas desse risco”, e daí dever ser aplicada aos cigarros electrónicos com nicotina a mesma legislação que é aplicada aos cigarros tradicionais.

De acordo com a edição de hoje do Jornal de Notícias, o Ministério da Saúde quer proibir o consumo dos cigarros electrónicos com nicotina em espaços públicos fechados, ou seja, aplicar a mesma regra dos cigarros normalizados, tendo a proposta chegado já ao Conselho de Ministros, que a irá avaliar “dentro de dias”.

“As substâncias podem ser inócuas enquanto analisadas mas, quando são aquecidas, vão sofrendo transformações e aparecendo substâncias que podem ser tóxicas”, explicou a responsável, adiantando não haver estudos fiáveis, até ao momento, e sublinhando a necessidade de estudos a longo prazo, como aconteceu com os cigarros normalizados.

Ana Figueiredo lembrou o facto de só após vários anos de estudo se ter chegado à conclusão de que as substancias contidas no fumo do cigarro podiam provocar danos na saúde, salientando ser necessário fazer o mesmo com os cigarros electrónicos.

“Quando vemos, num local público, alguém a fumar ou ‘vapear’, como se diz, nós não sabemos se é um cigarro ou um cigarro electrónico. Estar a transformar o ensinamento da população ao criar a legislação que faz com que as pessoas não fumem em lugares públicos, que se torne numa norma, e permitir que se usem os cigarros electrónicos, é estarmos a contrariar esta norma e a criar uma confusão nas pessoas que não é saudável”, sublinhou.

A especialista avançou ainda que a “opção ideal” para esta situação seria adoptar aquilo que outros países e alguns Estados norte-americanos já fizeram ao aplicar a mesma legislação aos cigarros normais e aos cigarros electrónicos.

A Organização Mundial de Saúde recomendou em Agosto passado a proibição da venda de cigarros electrónicos a menores de idade, por considerar que o consumo acarreta “graves ameaças” para adolescentes e fetos.

Os peritos da OMS aconselham também que seja proibida a utilização destes cigarros em espaços públicos fechados, de acordo com um documento publicado pela OMS.

A OMS alega que as provas existentes mostram que os cigarros electrónicos “não são apenas vapor de água”, como argumentam frequentemente os fabricantes.

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