Associação Nacional dos Estudantes de Medicina
A Associação Nacional dos Estudantes de Medicina vai entregar ao Ministério da Saúde um abaixo-assinado a contestar a escolha...

Segundo explicou o presidente da Associação Nacional dos Estudantes de Medicina (ANEM), a Ordem dos Médicos decidiu que a prova nacional de acesso à especialidade, que se realiza em Novembro, devia ser feita com base na 19ª edição do livro “Harrison’s Principles of Internal Medicine”, que só esteve disponível este mês.

Ora os estudantes lembram que começaram a estudar para a prova há cerca de seis meses com base na 18ª edição da mesma obra, que tem alterações significativas, o que “pode ter consequências nefastas na preparação dos estudantes”.

Contactado, o bastonário da Ordem dos Médicos sublinhou que a regra, obrigatória pelo Código Deontológico, é que seja usada na prova a edição mais recente daquela obra.

“Os médicos têm de estar actualizados. Os jovens que vão realizar a prova vão iniciar o seu trabalho como médicos um mês depois de fazerem o exame. A Ordem dos Médicos não pode compactuar com comodidades e não embarcamos em facilitismos. O que esperamos, e o que os estudantes devem fazer, é estudar durante todo o curso de medicina sempre pela bibliografia mais actualizada”, declarou o bastonário José Manuel Silva.

O presidente da Associação Nacional de Estudantes de Medicina vinca que “até há uma semana a 19º edição não estava disponível em Portugal”.

Além disso, Alberto Abreu da Silva refere que a nova bibliografia tem um custo de cerca de 200 euros “que não é comportável para muitos estudantes dado o investimento já feito na bibliografia da edição anterior”.

“Os estudantes usam a bibliografia recomendada para o seu percurso académico. Tendo sido a 18ª edição uma bibliografia utilizada durante o 6º ano é coerente que permaneça como a fonte bibliográfica para a prova nacional de acesso”, que será feita por cerca de 1800 estudantes,

A ANEM diz concordar com os argumentos da Ordem dos Médicos sobre a necessidade de actualização científica, mas considera que, neste caso concreto, não está a ser respeitado o esforço, o tempo e o dinheiro investido pelos estudantes.

Uma vez que a Ordem aconselha a Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) sobre a bibliografia recomendada, a associação de estudantes recolheu assinaturas para pedir à ACSS que não acolha as recomendações.

Segundo Alberto Abreu da Silva foram conseguidas cerca de duas mil assinaturas que serão entregues na sede da ACSS em Lisboa, pedindo a esta autoridade que defina, até segunda-feira, qual a bibliografia recomendada e exigindo que seja assumida a 18ª edição do “Harrison’s Principles of Internal Medicine”.

Associação traça o retrato da Enfermagem Oncológica no país
A Associação de Enfermagem Oncológica Portuguesa desenvolve o estudo “Enfermagem Oncológica em Portugal”, que analisa hospitais...

“Através deste estudo, é-nos possível caracterizar a Enfermagem Oncológica em Portugal, identificando o número de profissionais nesta área, onde se encontram, a sua experiência e as actividades que desempenham. Neste momento, temos um total de 1.681 enfermeiros oncologistas, dos quais 1.183 trabalham no Instituto Português de Oncologia e 498 nos restantes hospitais”, esclarece Jorge Freitas, vice-presidente da Associação de Enfermagem Oncológica Portuguesa (AEOP).

“As principais conclusões, que na maioria resultam do contacto a hospitais públicos, mostram que a maioria dos enfermeiros oncologistas têm menos de 20 anos de actividade (85%) e desempenham as suas funções em cerca de 2 Unidades/ Serviços. O número mais significativo destes profissionais está alocado a Unidades Clínicas, principalmente na Oncologia Médica, Hospital de Dia e Quimioterapia. A cidade de Lisboa tem um maior número de enfermeiros de oncologia (150)”, continua Jorge Freitas.

De forma a caracterizar-se a enfermagem oncológica em Portugal, foi realizada uma listagem exaustiva de todos os hospitais Nacionais, públicos e privados, de acordo com a informação disponível no Portal da Saúde – 123 hospitais. Foram contactados 97 Hospitais Nacionais, públicos e privados, tendo sido possível obter informação relativamente a 60 Instituições (61,9%) .

O estudo decorreu em hospitais de 7 regiões do país – Norte, Centro, Lisboa, Sul, Região Autónoma dos Açores e Região Autónoma da Madeira.   

“Com este estudo, a AEOP ganha mais uma ferramenta que auxilia a definição de estratégias de abordagem mais abrangentes, com vista à dinamização e uniformização da enfermagem oncológica em Portugal”, finaliza o vice-presidente.

O Estudo vai ser apresentado durante Reunião Nacional da AEOP, dia 22 Maio, em Monte Real.

Região

Nº de enfermeiros Oncologistas

Mediana

Mín-Máx

Norte (N=14)

120

7

3-25

Centro (N=14)

104

7

1-19

Lisboa (N=20)

150

7

2-30

Sul (N=8)

74

6,5

3-27

 

Entrevista - Dia Mundial da Asma
No dia em que se assinala a efeméride da asma o Atlas da Saúde esteve à conversa com Helena Pité e J

Atlas da Saúde (AdS): Como se caracteriza a asma?

A asma é uma doença respiratória crónica, que se caracteriza por sintomas como a tosse, pieira/chiadeira (“gatinhos no peito”), falta de ar ou uma sensação de peso ou aperto no peito. São queixas que se repetem no tempo, com intervalos livres ou com poucos sintomas, mais ou menos longos, até surgir uma nova crise. A asma resulta da inflamação mantida das vias aéreas e manifesta-se por uma maior sensibilidade a estímulos diversos, nomeadamente infecções respiratórias, alergias, exercício físico, stress emocional, ar frio, fumos, poeiras ou cheiros intensos. Poderemos comparar a inflamação brônquica a um lume brando e silencioso que pode facilmente ficar fora de controlo, dando origem aos sintomas…

AdS: Há estudos em Portugal que indiquem qual a prevalência da asma? Qual a população mais afectada: crianças, adultos, homens, mulheres....?

Os dados mais recentes apontam para cerca de um milhão de pessoas com asma em Portugal, ou seja, aproximadamente 10% da população nacional. E 300.000 tiveram uma crise no último ano. Os primeiros sintomas de asma surgem frequentemente na infância (quase 80% dos casos manifestam-se antes dos 10 anos de idade), mas a doença pode manifestar-se em qualquer idade. Até 1/3 dos doentes poderão desenvolver asma já em idade adulta.

Na infância, a asma afecta mais os rapazes do que as raparigas, mas após a adolescência o padrão inverte-se e a asma torna-se mais frequente no sexo feminino. As alterações hormonais poderão ter aqui um papel relevante.

AdS: Quais as principais causas da asma?

A asma resulta de factores genéticos (que herdamos da nossa família) e factores do ambiente em que vivemos. É frequente haver outros elementos da família com asma ou com doenças relacionadas, como a rinite ou o eczema, mas os factores ambientais contribuem de forma decisiva para o desenvolvimento e gravidade da asma. Entre estes, destacamos o tabagismo, a poluição ambiental, a exposição a alergénios e as infecções respiratórias. A obesidade merece uma atenção especial por estar implicada no aumento do número de casos de asma, sobretudo nas crianças, assim como na gravidade da doença. Da mesma forma, não podemos deixar de alertar para os perigos do tabaco, que não afecta só quem fuma, mas também quem está exposto ao fumo dos outros: em crianças expostas ao fumo de tabaco, o risco de sintomas de asma aumenta 2 vezes e o risco de crises graves com internamento hospitalar aumenta 6 vezes. Apesar de ser este o principal factor de risco para a gravidade da asma na infância, estima-se que 40 a 65% das crianças estejam expostas ao fumo de tabaco. Estes são graves problemas de saúde pública que requerem da sociedade uma resposta empenhada.

AdS: É possível falar de cura, ou apenas de doença controlada?

A asma é uma doença crónica e as doenças crónicas geralmente não têm cura. No entanto, é possível ter asma sem sintomas. Tal como sucede com outras doenças crónicas, como a hipertensão ou a diabetes, o objectivo do tratamento da asma é o controlo da doença. Contudo, cerca de metade dos asmáticos portugueses não têm a sua asma controlada. A desvalorização dos sintomas pelo doente e/ou familiares, os mitos sobre efeitos adversos da medicação, as dificuldades económicas e falhas técnicas na utilização dos inaladores da asma, erradamente chamados “bombas”, são algumas das explicações para este problema.

AdS: Como é, habitualmente, feito o controlo da doença?

A asma, como as doenças alérgicas em geral, é uma doença inflamatória crónica e deve ser tratada como tal. Se compararmos a asma com um iceberg e entendermos que os sintomas são apenas a “ponta” do problema, rapidamente percebemos que a única forma de controlar a doença é tratar aquilo que está escondido, ou seja, a inflamação das vias aéreas. Tratar os sintomas com a medicação de alívio é fundamental mas só resolve parte do problema. A origem do problema é a inflamação e é essa que precisamos combater diariamente com a medicação preventiva. Os tratamentos inalados (respirados) são a opção mais eficaz e segura. Os corticóides inalados constituem a principal ferramenta no combate à asma e devem ser iniciados o mais precocemente possível. Em casos mais complicados poderá ser necessário associar um broncodilatador de acção prolongada para melhor controlar a doença. Os anti-leucotrienos, por via oral, são também uma opção a considerar, sobretudo em doentes que também sofram de rinite alérgica. As vacinas antialérgicas são outra arma muito interessante. Para saber mais sobre esse assunto, não deixe de falar com o seu alergologista.

Além da medicação diária, todos os asmáticos devem ter medicação de alívio para as crises. Os broncodilatadores de início rápido são uma ajuda essencial nestes momentos.

As medidas gerais mais importantes são sobretudo não estar exposto ao fumo de tabaco ou outros poluentes, evitar infecções respiratórias e reforçar as defesas do organismo com vacinas anti-infecciosas, como por exemplo a vacina da gripe (recomendada para todos os asmáticos) e outros imunoestimulantes orais, e combater a obesidade através de uma alimentação equilibrada e diversificada e uma prática desportiva regular. Relativamente às alergias, existem algumas medidas úteis de controlo do meio ambiente, mas sempre ajustadas ao tipo de alergia identificado em cada caso (por exemplo, as medidas anti-ácaros do pó são muito diferentes dos cuidados a ter quando há alergia a pólenes).

AdS: Durante tempos havia o mito que as pessoas com asma não podiam praticar exercício físico porque agravava a sua condição. É verdade ou é mesmo mito?

Os asmáticos podem e devem praticar desporto tal como qualquer outra pessoa! Se a prática de exercício físico origina queixas de asma (tosse, pieira, falta de ar, sensação aperto ou peso no peito), isso significa que a asma não está bem controlada e é motivo para procurar ajuda junto do seu médico, e não para desistir da actividade física. O desporto faz parte de uma vida saudável e deve ser sempre estimulado, tanto nas aulas de educação física, como em desportos de lazer ou mesmo de alta competição. Além disso, o asmático tem o direito de praticar todos os deportos. Entre os famosos com asma, salientamos os exemplos de Rosa Mota (atletismo), David Beckham (futebol), Nuno Marques (ténis) ou Michael Phelps (natação).

AdS: Existem cuidados especiais que um doente com asma deve ter?

O asmático deve ter uma vida normal; os cuidados especiais devem ser no sentido de controlar a doença, isto é, de diminuir a frequência e a gravidade dos sintomas e das crises. A asma pode afectar muito a qualidade de vida de todos, mas não deve ser assim. Deste modo, é importante evitar os factores que podem agravar a asma (como as infecções, o tabaco ou as alergias) e fazer correctamente a medicação preventiva, adaptado a cada caso. Para isso, as pessoas com asma devem ter um esquema escrito do seu tratamento, incluindo o que fazer se houver uma crise. É fundamental uma avaliação regular pelo seu médico, para verificar o melhor tratamento para cada situação. Os dispositivos para tratamento inalado têm de ser correctamente utilizados e quaisquer dúvidas devem ser esclarecidas com o seu médico e outros profissionais de saúde experientes, como farmacêuticos, enfermeiros ou técnicos. Sendo uma doença que afecta o funcionamento normal dos pulmões, são muito importantes os exames respiratórios que avaliam a capacidade respiratória, que podem ser feitos em qualquer idade, adaptados a cada pessoa. E, por fim, não esquecer que muitas vezes a asma surge em conjunto com outras doenças alérgicas na mesma pessoa, sobretudo a rinite (inflamação do nariz, que causa queixas repetidas de comichão no nariz, espirros, pingo ou nariz tapado) ou o eczema (inflamação crónica que provoca pele seca, vermelha, com comichão). São doenças que se associam à asma e que a podem tornar mais difícil de controlar, pelo que devem ser tratadas em conjunto – não podemos esquecer nenhuma delas para obtermos os melhores resultados.

AdS: Uma notícia recente dizia que "apenas 30% das crianças com asma chegam à adolescência sem sintomas da doença". Isso deve-se a que factores?

Um dos maiores problemas que enfrentamos, ainda nos dias de hoje, é o mito de que a asma passa com a idade. O estudo nacional que deu origem a essa notícia acompanhou, durante 13 anos, mais de 300 crianças que tiveram crises de tosse, pieira ou falta de ar ainda antes de entrarem para a escola, e veio mostrar que a maioria dessas crianças continua com asma na adolescência. A asma é uma doença crónica; não devemos esperar que passe com o crescimento.

O estudo mostrou também que as crianças que têm rinite e as que têm alergias apresentam maior risco de continuar com asma na adolescência. Em Portugal, mais de 30% das crianças com idades entre os 3 e os 6 anos têm frequentemente queixas de comichão no nariz, espirros, pingo ou nariz tapado (“parece que passa a vida constipado…”), que são sintomas típicos de rinite, que incomodam muito mas que, apesar disso, não são adequadamente valorizados. Ter rinite aumenta em pelo menos 3 vezes o risco de desenvolver asma e estas queixas devem ser tratadas desde os primeiros anos de vida, em todas as crianças.

Da mesma forma, as alergias também condicionam muito a evolução da asma. Os testes na pele são realizados pelo médico alergologista e permitem estudar as alergias, mesmo em crianças pequenas (não há um limite de idade para poderem ser feitos). Nas crianças com queixas de asma, estes testes podem ajudar no diagnóstico e no tratamento. Mas é importante que o tratamento seja iniciado mesmo sem saber o resultado dos testes; o tratamento da asma não deve ser adiado com o pretexto de realizar exames.

AdS: Na sua opinião, qual o principal esclarecimento que a população precisa sobre a doença?

A asma afecta pessoas de todas as idades mas é possível controlar completamente a doença e viver com asma mas sem sintomas!

Bebés com queixas repetidas de tosse, pieira ou dificuldade em respirar ao longo da infância provavelmente têm asma, que está mal controlada (e não são “bronquiolites de repetição”); mas a doença pode aparecer pela primeira vez na idade adulta.

 Não devemos ter medo do diagnóstico, nem do tratamento e muito menos esperar que passe com o tempo. Não tratar é deixar a doença evoluir livremente, é correr o risco de prejudicar os pulmões e perder capacidade respiratória, é não dormir bem e ter limitações nas atividades do dia-a-dia, é ter dificuldades na escola ou no trabalho, é ter mais idas às Urgências e mais internamentos, é mais medicação, mais custos e menos qualidade de vida. Existem tratamentos para a asma, para todas as idades, que não são perigosos e bem usados garantem os melhores resultados. Devemos ser exigentes e procurar o controlo da asma.

AdS: Qual a importância de ter um dia dedicado à asma?

A asma é ainda hoje uma doença pouco valorizada. Ainda há muitas pessoas que não estão correctamente diagnosticadas e tratadas, constituindo problemas sérios que enfrentamos diariamente. Apesar do impacto que a asma pode ter na vida dos doentes (por exemplo, faltas à escola e ao trabalho, dificuldades nas actividades diárias mais simples como subir escadas ou correr, idas ao serviço de urgência e internamentos hospitalares) muitas são as pessoas (em especial crianças) que continuam sem ter a doença diagnosticada. Este dia é mais um passo na luta para alcançar o controlo da asma. Um passo que precisamos firmar e perpetuar para conseguirmos melhorar a nossa saúde respiratória.

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Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro e/ou Farmacêutico.
Após meses esgotado
O antibiótico Lentocilin, que esteve esgotado durante alguns meses, voltou ao mercado há cerca de duas semanas, segundo a...

O Lentocilin é um antibiótico pertencente ao grupo das penicilinas, cuja substância aCtiva é a benzilpenicilina benzatínica, sendo usado para o tratamento de infeCções do trato respiratório superior, sífilis, febre reumática ou difteria, entre outras doenças.

Desde Janeiro deste ano que o Lentocilin se encontrava esgotado em farmácias e hospitais porque o laboratório que o produzia deixou de o fazer.

Em causa estava a ruptura do fornecimento da substância activa deste fármaco, mas foi depois encontrado e autorizado um novo fabricante, o que permitiu regularizar o abastecimento a partir de dia 20 de Abril, segundo uma comunicação enviada aos profissionais de saúde pelo titular de introdução no mercado.

Contudo, na carta enviada a 22 de Abril, o laboratório avisou os profissionais de saúde de que, “devido aos baixos níveis de ‘stock’”, o fornecimento poderia sofrer ainda alguns atrasos numa fase inicial.

Opinião
A aplicação do conhecimento científico teve um efeito avassalador nos cuidados de saúde, possibilita

Mas, a verdade é que a morte continua a ensombrar esses avanços… e apesar de vivermos até mais tarde, os últimos tempos são, por vezes, vividos com alto grau de dependência, de sofrimento, de fragilidade. É, também, frequente que a fase final de vida seja vivida sem “consciência” ou capacidade de decisão sobre as nossas ações e sobre o tipo de cuidados a que queremos estar sujeitos, ficando, nestes casos, os familiares com a responsabilidade de decidir o que fazer ou não fazer…incorrendo sempre no dilema de poder não saber o que o sujeito doente quereria nessa situação. Foi em resposta a estas situações que em Portugal se legislou recentemente as “Diretivas Antecipadas de Vontade”, também designadas como “Testamento Vital”.

Não se trata de dizer quando e como quer morrer

Testamento Vital é a possibilidade de, a qualquer momento, a pessoa consciente e maior de idade redigir um documento no qual manifesta antecipadamente a sua vontade no que concerne aos cuidados de saúde que deseja receber, ou não deseja receber, em caso de se vir a encontrar incapaz de expressar a sua vontade. Convém esclarecer que não se trata de dizer quando e como quer morrer, mas sim quais os tratamentos que entende aceitáveis ou não nos últimos tempos da sua vida. Assim, cada pessoa passa a poder decidir que futuramente não quer ser submetido a tratamentos como o suporte artificial das funções vitais (ventilação assistida); não prolongar tratamentos dolorosos que se estejam a revelar fúteis (ex. quimioterapia ou radioterapia), ou recusar medidas de alimentação e hidratação artificiais que apenas visem retardar o processo natural de morte. Por outro lado, pode também deixar expresso que pretende “receber os cuidados paliativos adequados” de modo a ver respeitado o seu direito a um fim de vida com dignidade e livre de sofrimento desnecessário.

Aliviam-se familiares de conflitos éticos e morais

Nesta nova possibilidade legal encontramos alguns pontos positivos destacando, desde logo, a possibilidade de aliviar os familiares do conflitos ético/morais motivados pela necessidade de tomar decisões sobre a vida de alguém, que na maioria das vezes lhes é querido, mas para as quais não estão preparados. Nestes casos sofre-se quase sempre de um claro conflito de “interesses” entre a dor de deixar partir alguém que lhes é querido e a possibilidade de prolongar a sua vida mas num estado que talvez o próprio não considerasse digno. Neste sentido, o Testamento Vital pode permitir “respeitar a noção de dignidade que cada um tem, aceitar que perante a doença grave ou a grave diminuição da qualidade de vida, tanto é legítima a esperança fundada da pessoa doente, como a sua desistência igualmente fundada” (Santos, L.2011).

O Estado poderá não conseguir cumprir cuidados paliativos pedidos

Mas há também pontos negativos… Em primeiro lugar parece-nos existir uma clara desigualdade na possibilidade de cumprimento dos tratamentos recusados em relação aos tratamentos pedidos. Se recusar medidas de suporte artificial, por exemplo, é fácil de cumprir, já o mesmo não poderemos dizer do pedido de cuidados paliativos adequados, pois a rede de cuidados paliativos é claramente deficitária e só permite o acesso a uma pequena percentagem dos doentes que deles necessitam, pelo que é uma obrigação moral do legislador fazer tudo para aumentar a possibilidade de acesso a este tipo de cuidados de modo a não parecer ter-se criado uma lei com o objetivo de recusar tratamentos.

Necessária campanha grande de informação e reflexão

Por fim, parece-nos que esta lei deveria estar associada a uma grande campanha de informação e de reflexão de modo a que as futuras decisões venham a ser de facto conscientes… todos temos ao longo da vida opiniões sobre como quereremos ser tratados, sobre o que nos parece aceitável ou não num fim de vida, mas na verdade, só quando passamos pelas situações é que sabemos como reagimos, como sofremos e quais as prioridades que orientam as nossas decisões. Neste sentido, o Testamento Vital não deverá reduzir-se ao preenchimento solitário de um formulário e, é neste ponto, que nos parece que os Profissionais de Enfermagem podem, pelo menos humanizar esta lei, funcionando como interlocutores, consultores, de quem quer formular este documento. São estes profissionais quem mais horas passa à cabeceira de doentes terminais, aliviando o seu sofrimento, ouvindo os seus desabafos, os seus últimos desejos…esta experiência dota-os de uma compreensão ímpar da vulnerabilidade humana e da realidade do ser humano face à morte e, por isso, talvez fosse interessante que cada cidadão antes de tomar as suas decisões pudesse conversar, esclarecer as suas dúvidas com um Enfermeiro.

 

Carlos Torres, Enfermeiro e Professor Adjunto da Escola Superior de Enfermagem de Vila Real - UTAD

 

Referências Bibliográficas:

Santos, L. (2011). Testamento vital. O que é? Como elaborá-lo? Porto: Sextante Editora.

Lei nº 25/2012, de 16 de junho. Regula as diretivas antecipadas de vontade, designadamente sob a forma de testamento vital, e a nomeação de procurador de cuidados de saúde e cria o Registo Nacional do Testamento Vital (RENTEV). Diário da Republica, 136. Série I.

 

Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro e/ou Farmacêutico.
Doença de Gaucher
A Genzyme - A Sanofi company, premiou com uma bolsa de investigação, no valor de 140 mil dólares, a Professora da Secção...

O prémio faz parte do Gaucher Generation Awards Program de 2014, um programa anual que visa distinguir projectos de investigação sobre doença de Gaucher, uma doença rara que afecta um em cada 100 000 habitantes.

O projecto premiado intitula-se “Characterization of glucosylceramide specific invariante Natural Killer T cells and B lymphocytes in Gaucher Disease: implications in disease pathology”, tem como objectivo compreender as consequências da acumulação do lípido glucosilceramida em doentes com doença de Gaucher no sistema imunitário, mais especificamente em linfócitos T específicos para lípidos e em linfócitos B. É expectável que este trabalho contribua para uma melhor compreensão do risco acrescido que estes doentes têm de desenvolver mieloma e linfoma do tipo B bem como aprofundar o conhecimento do efeito do tratamento para a Doença de Gaucher sobre o sistema imunitário.

Fátima Macedo, a investigadora premiada, afirma que “foi com enorme agrado que recebi a notícia da atribuição deste prémio internacional pela Genzyme. Quero agradecer publicamente a todas as pessoas envolvidas no projecto, quer no laboratório quer nos vários hospitais participantes (Hospital de São João, Porto; Hospital de Santo António, Porto; Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra; Hospital de Santa Maria, Lisboa). O facto de ser um prémio internacional atribuído pela segunda vez consecutiva a investigadores a trabalhar em Portugal realça a qualidade da investigação realizada no nosso país.”

O programa Gaucher Generation Awards da Genzyme financia projectos de investigadores de todo mundo com o objectivo de estimular e apoiar o desenvolvimento do conhecimento médico sobre esta patologia.

“O Gaucher Generation Program (http://www.gauchercare.com/healthcare/generation.aspx) representa o compromisso da Genzyme para melhorar o apoio e cuidados prestados à comunidade de portadores de doença de Gaucher de todo o mundo. E é com enorme satisfação que, pelo segundo ano consecutivo, vemos mais um projecto de investigação desenvolvido no nosso país ser reconhecido internacionalmente pelo seu valor científico e potencial terapêutico”, afirma Filipe Assoreira, Director-Geral da Genzyme em Portugal.

A Doença de Gaucher é a mais comum do grupo das doenças lisossomais de sobrecarga. As manifestações clínicas desta patologia apresentam-se ao nível do sangue, órgãos internos (especialmente fígado e baço) e ossos, podendo ocorrer em qualquer idade. Divide-se em 3 tipos principais: O tipo 1 é o único que não tem alterações neurológicas; o tipo 2 tem uma forma neuropática aguda grave que surge na criança e o tipo 3, com uma forma neuropática crónica, é uma doença inflamatória crónica e multi-sistémica. O estudo genético das pessoas com esta doença tem especial importância para o rastreio e aconselhamento das famílias.

Dia Internacional do Controlo de Infecções
“Lave as mãos, salve vidas” é o lema da Organização Mundial de Saúde para o Dia Internacional do Controlo de Infecções, que se...

Neste Dia Internacional do Controlo de Infecções, a Direcção-Geral da Saúde apresenta casos de sucesso da campanha da higiene das mãos no Serviço Nacional de Saúde. Doze hospitais portugueses querem reduzir taxa de infecção para metade em três anos.

“Lave as mãos, salve vidas” é o lema da Organização Mundial de Saúde (OMS) para o Dia Internacional do Controlo de Infecções, que se assinala hoje. Para os médicos, lavar as mãos é um gesto quase automático.

Há muito que os lavatórios são parte integrante de um consultório. O que mudou nos últimos anos foi, sobretudo, a informação visível nos centros de saúde e o acesso aos desinfectantes.

Rui Nogueira, presidente da Associação de Médicos de Medicina Geral e Familiar, diz que tem notado diferenças no comportamento dos utentes. “Aprenderam a tossir usando o antebraço em vez de pôr a mão. Isso é um hábito correcto”, refere, em declarações à Renascença.

Mas lavar ou desinfectar as mãos não foi um hábito que ficou, acrescenta, lamentando que os dispositivos de desinfectante estejam muitas vezes vazios. “Esgotam-se com facilidade.”

As alterações nos hábitos de higiene, as mudanças nas casas-de-banho públicas e as campanhas de informação fizeram com que as infecções baixassem. Mas ainda são a principal preocupação nos cuidados primários de saúde.

A taxa nacional de infecção hospitalar anda na ordem dos 10,5%. Na União Europeia é de 6%. Este ano, 12 hospitais portugueses iniciaram um programa da Fundação Calouste Gulbenkian que visa a redução para metade da taxa de infecção hospitalar em três anos. Uma das unidades aderentes é o IPO do Porto.

Desde 2008 a lutar contra as infecções

É muito elevado o risco de contrair uma infecção hospitalar no IPO do Porto. Em 2013, a taxa foi de 18,1% e, no ano passado, deverá ter aumentado. Os valores estão muito acima da média nacional e são justificados pela directora do serviço de medicina interna, Rosário Rodrigues, com o tipo de doentes e de cirurgias a que são sujeitos os seus doentes.

O IPO do Porto é um dos 12 hospitais envolvidos no programa da Fundação Gulbenkian para a redução da taxa de infecção hospitalar para metade. O projecto vai incidir nos serviços mais problemáticos e está no início.

Mas o Instituto de Oncologia do Porto não tem estado parado. Em 2008, aderiu à campanha de higienização das mãos lançada pela Organização Mundial de Saúde e, segundo Rosário Rodrigues, tem das taxas de cumprimento mais elevadas.

Agora que a campanha se alargou à protecção pessoal e à limpeza de superfícies, a formação continua.

Lavar as mãos é essencial, diz a directora do serviço de medicina interna do IPO. Mas também usar máscara, batas e luvas adequadas e limpar todas as superfícies à volta dos doentes. Só assim poderemos sair da lista dos piores da Europa em termos de infecção hospitalar.

Neste Dia Internacional do Controlo de Infecções, a Direcção-Geral da Saúde realiza um evento nacional onde vão ser apresentados casos de sucesso da campanha da higiene das mãos no Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Infarmed
O fabricante Invacare identificou, recentemente, um problema de qualidade de um fornecedor que afecta os concentradores de...

Em alguns casos, a rotura do condensador provocou o derrame do óleo, ocasionando a combustão do interior do concentrador. O fogo, no entanto, foi rapidamente extinto não tendo sido necessária a intervenção de bombeiros.

A empresa Invacare verificou que a rotura é originada pelo desenho inadequado dos interruptores (PSI - Pressure Sensitive Interrupter) dos condensadores fornecidos antes de Julho de 2012. Os interruptores em causa foram utilizados em produção, de Março de 2010 a Agosto de 2012, numa das fábricas da Invacare.

Os lotes dos concentradores afectados estão identificados no Anexo I.

Para corrigir o problema é necessário que os condensadores sejam substituídos o mais cedo possível. A substituição poderá ser realizada na próxima manutenção, mas deverá ocorrer até Novembro de 2015.

Embora em Portugal não tenha sido notificado qualquer incidente relacionado com esta situação, atendendo à dificuldade em localizar todos os equipamentos afectados distribuídos no nosso país, o Infarmed recomenda que:
- Os utilizadores contactem com o distribuidor ao qual adquiriram os dispositivos ou, caso não o consigam, directamente com a empresa Invacare Portugal – Telf: 225193360.
- Quaisquer incidentes ou outros problemas relacionados com este dispositivo sejam notificados à Unidade de Vigilância de Produtos de Saúde do Infarmed através dos contactos: tel.: +351 21 798 71 45; fax: +351 21 798 7367; e-mail: [email protected].

Dados do Observatório Nacional das Doenças Respiratórias 2014
O Observatório Nacional das Doenças Respiratórias apresentou ontem, 4 de Maio, na sede da Fundação Portuguesa do Pulmão o...

O Relatório do Observatório Nacional das Doenças Respiratórias (ONDR) 2014 revela que nas últimas duas décadas a saúde respiratória dos portugueses se está a deteriorar com agravamentos na ordem dos 30% na mortalidade e nos internamentos. Em 2013 morreram mais de 13 mil pessoas* por doença respiratória, mais 30% do que há cerca de 15 anos (1998), sendo que as patologias cuja evolução é mais preocupante são as pneumonias, com um aumento de mortalidade de mais de 50% e as neoplasias do aparelho respiratório, com mais 30% de mortes verificadas.

Artur Teles de Araújo, presidente do ONDR e da Fundação Portuguesa do Pulmão, comenta que “ao fazermos uma análise abrangente, verificamos que, em 20 anos, a saúde respiratória dos portugueses piorou de uma forma preocupante. Chegados a 2014, constatamos que os internamentos por todas as doenças respiratórias aumentaram cerca de 30% em 20 anos, salientando-se o aumento de 171,1% nas pneumonias, 90,1% na Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC) e 60,1% no cancro no aparelho respiratório. Se tivermos em consideração os custos médicos de internamentos por doença respiratória concluímos que o Estado está a gastar mais 30 milhões, por ano, só com internamentos nesta área”.

Em 2013 existiram 68.613 internamentos por doença respiratória (-2,7% do que em 2012, mas mais 9,0% do que em 2010). As três principais causas de internamento, por doenças respiratórias foram as pneumonias (41.796 casos), a DPOC (8.239 casos) e os cancros (6365 casos) com um aumento de 9% face ao ano anterior.

Para Teles de Araújo “a gravidade das doenças respiratórias que necessitam de internamento é bem expressa pelas taxas de mortalidade, superiores à da média dos doentes do foro da medicina internados.” A Asma tem uma taxa de mortalidade de 6,3%, a DPOC de 9,9%, os cancros do aparelho respiratório de 30,5% e as pneumonias de 20,9%. As taxas de mortalidade não se têm reduzido significativamente e, em 2013, subiram na DPOC e nas Neoplasias.

O Relatório mostra que um número significativo de óbitos verifica-se logo nas primeiras horas da chegada ao hospital. Para o Presidente do ONDR “esta realidade sugere que muitos doentes chegam ao hospital já demasiado tarde, tendo ser de encarar a hipótese de atraso do diagnóstico e referenciação dos doentes com pneumonia”.

Para o especialista “estes são números pouco animadores e que claramente indicam que estamos a falhar na prevenção e na implementação de políticas de saúde adequadas à gravidade do problema. É necessário equacionar razões que potenciam estes valores e investigar a melhor forma de melhorar os indicadores de saúde”.

O Relatório ONDR 2014 alerta para um acentuado deficit na promoção da saúde e na prevenção da doença e para falhas na educação para a saúde e aponta caminhos para melhorar a saúde respiratória em Portugal, como a criação de Redes Nacionais de Espirometria, de Cuidados Respiratórios e de Reabilitação Respiratória, acabando assim com lacunas existentes em todas as fases da doença, desde o diagnóstico, ao acompanhamento e tratamento.

Para Teles de Araújo o caso da Reabilitação Respiratória é urgente, “verificamos que apesar de a evidência científica recomendar que seja parte integrante do tratamento de doentes respiratórios crónicos, em Portugal apenas 0,1% dos doentes têm acesso a Reabilitação Respiratória”.

O Relatório desmistifica ainda a ideia de que existem médicos em excesso em Portugal e reforça a certeza de uma gritante carência de enfermeiros.

O Relatório do ONDR conta com a colaboração de 41 especialistas de renome da área da pneumologia e do sector da saúde em Portugal.

*17.171 óbitos (16,8% do total de óbitos) se contabilizarmos outros cancros que não os acima especificados e outras doenças respiratórias não infecciosas, tais como, fibroses pulmonares, embolias pulmonares, insuficiência respiratória, entre outras.

Este é o link através do qual pode aceder ao Relatório:

http://www.fppulmao.org/oijokwefwoiw/10_Relatorio_ONDR.pdf

Especialistas indicam
Cerca de um milhão de portugueses sofre de asma, doença que em 2013 causou 122 mortos e mais de 2.600 internamentos, mas a...

No Dia Mundial da Asma, que hoje se assinala, Portugal é apontado como tendo indicadores favoráveis em relação à taxa de internamentos por este doença, embora nos últimos anos tenha havido aumento de internamentos.

Segundo os dados do relatório do Observatório Nacional das Doenças Respiratórias, apresentado na segunda-feira em Lisboa, o número de internamentos por asma em 2013 subiu 50% em relação a 2004.

Ainda assim, os especialistas consideram que o número de internamentos por asma é baixo, o que traduz “um bom controlo dos asmáticos no ambulatório”.

Em relação aos óbitos, a mortalidade por asma tem vindo a decair, registando um decréscimo de 40% em relação há 10 anos.

“Admite-se que a asma brônquica atinja cerca de um milhão de portugueses e todos os indicadores apontam no sentido de que a seu peso tenderá a aumentar”, refere o relatório.

De acordo com o Observatório, a asma atinge uma população jovem. Em 2013, foram internados por asma 1.159 doentes com menos de 18 anos (44,3% dos internamentos por essa patologia).

Os dados mostram ainda variações regionais na prevalência da asma, com as regiões com maior número de doentes internados a serem as de Lisboa e Vale do Tejo, região Centro e Norte.

Em 2013, último ano analisado por este relatório, estavam registados nos centros de saúde 203 mil doentes com o diagnóstico de asma, um aumento de 47% face ao ano anterior, mas ainda assim muito abaixo do um milhão de doentes estimados.

Interpol
A Interpol emitiu um alerta mundial sobre um produto de dieta, também conhecido no universo do culturismo, que causou a morte...

“Um alerta mundial foi emitido pela Interpol sobre o 2,4-dinitrofenol (DNP), uma substância ilícita e potencialmente mortal utilizada como produto de dieta e de ajuda ao desenvolvimento de músculos”, anunciou a organização internacional de cooperação policial em comunicado.

Trata-se de um “alerta laranja”, destinado a alertar a polícia, os organismos públicos e as organizações internacionais, na sequência “da morte de uma mulher no Reino Unido e de um francês ter ficado gravemente doente após ter consumido esta substância”.

Habitualmente vendido sob a forma de um pó amarelo ou em cápsulas, o DNP encontra-se igualmente em creme, fazendo ainda parte da composição de alguns explosivos.

Os riscos ligados à sua utilização são aumentados pelas suas condições de fabrico ilegais, segundo a Interpol.

É produzido em laboratórios clandestinos “que não aplicam quaisquer normas de higiene”, expondo “os consumidores a um risco acrescido de ‘overdose’ devido à sua falta de competências especializadas”, adverte a Interpol.

Nos anos 1930, o DNP era utilizado para estimular o metabolismo e ajudar à perda de peso, mas foi retirado do mercado depois de ter causado várias mortes.

Divulgado a pedido do Departamento Central de Luta contra os Atentados ao Ambiente e à Saúde Pública (OCLAESP), do Ministério do Interior francês, o alerta foi difundido nos 190 países membros da Interpol.

5 de Maio - Dia Mundial da Asma
Afecta 1 milhão de portugueses, mais de 10% das crianças são asmáticas, sendo uma doença crónica cada vez mais frequente em...

Afecta 1 milhão de portugueses, mais de 10% das crianças são asmáticas, sendo uma doença crónica cada vez mais frequente em Portugal. A asma é uma doença inflamatória crónica dos brônquios que se inicia, habitualmente, na infância, mas que pode surgir em qualquer idade. Os sintomas são variados e passam por tosse, pieira, falta de ar, aperto no peito, cansaço, levando a dificuldade em fazer diversas tarefas do quotidiano.

O diagnóstico precoce é extremamente importante pois permite desenvolver um programa de prevenção e controlo, permitindo ao asmático realizar as actividades diárias, sem limitações na qualidade de vida. É com esse objectivo que, no próximo dia 5 de Maio, Dia Mundial da Asma, os Hospitais CUF Descobertas, CUF Infante Santo e CUF Cascais realizam um rastreio gratuito e aberto a toda a população, da criança ao adulto. Das 9h00 às 12h00, o rastreio tem lugar nos Hospital CUF Descobertas e CUF Infante Santo, entre as 15h e as 18h no Hospital CUF Cascais. Nesta iniciativa são aplicados inquéritos de avaliação dos sintomas e do controlo da asma, testes cutâneos para detecção de alergias, sendo ainda avaliados parâmetros funcionais respiratórios.

“A asma não tem cura, mas pode ser controlada. Falta, com frequência, o diagnóstico, isto é, o reconhecimento das queixas que poderiam levar à indicação de um programa de prevenção que pode passar pela utilização de medicamentos, bem como indicar muitas outras medidas, como por exemplo evitar os alergénios, tais como os ácaros do pó, animais domésticos, pólenes, a exposição a irritantes, como o tabaco ou outros poluentes, prevenir as infecções respiratórias ou fazer exercício físico regularmente”, explica Mário Morais de Almeida, coordenador do Centro de Alergia do Hospital CUF Descobertas.

Recentemente premiado, em conjunto com os médicos deste Centro, com o “Prémio Sociedade das Ciências Médicas de Lisboa/ MSD em Epidemiologia Clínica” pelo estudo de investigação, pela primeira vez realizado no nosso país, que acompanhou 300 crianças ao longo de treze anos para perceber como evoluem os sintomas de asma ao longo do tempo, Mário Morais de Almeida refere ainda os riscos de uma evolução não controlada da asma, explicando que “a asma pode levar a alterações irreversíveis das vias aéreas e este fenómeno pode ocorrer ainda na infância. 80% dos casos de asma surgem antes dos 10 anos de idade, sendo que mais de 50% das crianças com asma persistente, ou seja, com sintomas frequentes, vão continuar com sintomas durante várias décadas. O diagnóstico precoce na idade pediátrica, baseado essencialmente nos sintomas, permite devolver qualidade de vida à criança e à sua família”.

O Centro de Alergia do Hospital CUF Descobertas é um dos centros nacionais com maior número de casos tratados em todos os grupos etários, sendo um dos poucos centros do nosso país a quem é reconhecida a capacidade total para formação de especialistas nesta área médica. As unidades de Imunoalergologia dos Hospitais CUF Infante Santo e CUF Cascais funcionam em estreita coordenação com o Centro de Imunoalergologia do hospital CUF Descobertas.

Santa Casa da Misericórdia de Lisboa
A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa abre, a partir de 5 de Maio, as candidaturas para a 3ª Edição dos Prémios Santa Casa...

São 400 mil euros para a investigação em neurociências que são distribuídos, anualmente, por dois Prémios de 200 mil euros cada: o Prémio Melo e Castro, para as lesões vertebro-medulares, e o Prémio Mantero Belard, para doenças neurodegenerativas associadas ao envelhecimento. As candidaturas decorrem até ao dia 15 de Setembro, através do site www.candidaturasneurociencias.scml.pt

Criados em 2013 pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, os Prémios SANTA CASA Neurociências destinam-se a promover a investigação médica e científica de excelência, na área das neurociências. Enquadram-se numa política de saúde ambiciosa da instituição que visa encontrar as respostas mais adequadas às necessidades da população, no século XXI.

O Prémio Melo e Castro distingue a investigação ligada à recuperação e tratamento de lesões vertebro-medulares, território em que Santa Casa foi pioneira no país, com a abertura do Centro de Medicina de Reabilitação de Alcoitão, em 1966.

O Prémio Mantero Belard promove a investigação em doenças neurodegenerativas associadas ao envelhecimento, como as doenças de Parkinson e de Alzheimer, que afectam já 153 mil portugueses, um número que se estima duplicar até 2030.

O médico neurocirurgião João Lobo Antunes preside ao júri dos prémios, do qual fazem parte Alexandre de Mendonça (Soc. Port. de Neurologia), Catarina Aguiar Branco (Soc. Port. de Medicina Física e de Reabilitação), Catarina Resende Oliveira (Univ. Coimbra), George Perry (College of Sciences, Univ. Texas), Grégoire Courtine (Swiss Federal Institute of Technology), Nuno Sousa (Soc. Port. Neurociências), Maria João Saraiva (Univ. Porto) e Thomas Gasser (EU Joint Programme - Neurodegenerative Diseases Research).

Os vencedores do Prémio Mantero Belard 2014 foram o investigador Rodrigo Cunha e a sua equipa do Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra, com um projecto relativo a uma nova terapêutica baseada na cafeína para a redução dos défices de memória na doença de Alzheimer. O investigador Moises Mallo e a sua equipa do Instituto Gulbenkian de Ciência foram distinguidos com o Prémio Melo e Castro 2014, por um projecto sobre novos substratos celulares para terapias de regeneração espinal.

Os prémios serão atribuídos aos melhores projectos desenvolvidos em Portugal, sendo aceites parcerias ou colaborações com instituições ou investigadores de outras nacionalidades, de acordo com o regulamento. As candidaturas podem ser submetidas através do site www.candidaturasneurociencias.scml.pt

Associação americana de doentes de cancro
Uma equipa de investigadores do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto e do Instituto Superior...

Em comunicado, o Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto (IPATIMUP) explicou que o projecto em causa “visa melhorar a capacidade de interpretação funcional de mutações germinativas” do gene da caderina-E, ligada ao cancro gástrico.

A investigadora do IPATIMUP Raquel Seruca disse ser uma “honra imensa que uma associação de doentes americana reconheça uma equipa portuguesa para fazer testes não só para os EUA como oferecer estes testes mundialmente”.

Raquel Seruca explicou que os testes em causa, oferecidos gratuitamente a qualquer instituição mundial que o peça, permitem avaliar o valor das mutações germinativas numa pessoa e, assim, “se vão ou não causar cancro”.

“O cancro gástrico é a quarta causa mais comum de cancro no mundo e o cancro hereditário é uma forma genética de cancro do estômago. Apesar de não ser muito frequente é clinicamente obrigatório identificar possíveis portadores genéticos da doença”, acrescentou o comunicado do IPATIMUP.

De acordo com o instituto, em cerca de 20% dos casos “os testes genéticos não dão uma resposta conclusiva e os clínicos não podem aconselhar as famílias adequadamente”, daí que este trabalho procure agora “colmatar essa limitação”.

No ano passado, a No Stomach For Cancer havia já premiado a investigadora Carla Oliveira, também do IPATIMUP, num projecto conjunto com um investigador do Canadá.

Agora, pela primeira vez, é distinguida uma equipa composta apenas por elementos portugueses: Raquel Seruca e Joana Paredes, do IPATIMUP, e João Sanches, do Instituto de Sistemas e Robótica e do Departamento de Bioengenharia do Instituto Superior Técnico da Universidade de Lisboa.

Em 2015
O Brasil registou este ano, até 18 de Abril, 745.900 casos de febre dengue, 229 deles mortais, o que significa uma situação de...

A Organização Mundial da Saúde considera existir uma epidemia quando para cada grupo de 100 mil habitantes, a incidência da doença supera os 300 casos. No Brasil, o índice é de 367,8.

Os mais de 745 mil casos registados em 2015 representam um aumento de 234,2% no número de infectados com dengue em relação ao mesmo período de 2014, mas 48,6% inferior ao registado em 2013.

O estado brasileiro que registou mais mortes devido à febre dengue foi São Paulo, com 169 óbitos.

O número de registos de dengue por cada 100 mil habitantes foi maior nos estados de Acre (1.064,8), Goiás (968,9), São Paulo (911,9), Mato Grosso do Sul (462,8) e Tocantins (439,9).

O Ministério da Saúde brasileiro anunciou que desde Janeiro foram distribuídos pelos estados fundos calculados em 150 milhões de reais (43,70 milhões de euros) destinados a acções de combate aos mosquitos transmissores de dengue e chikungunya.

Relatório do Observatório Nacional das Doenças Respiratória
Menos de 1% dos doentes respiratórios crónicos têm acesso a reabilitação respiratória, que os peritos consideram urgente...

“A reabilitação respiratória é virtualmente inexistente em Portugal. A ela apenas têm acesso menos de 1% dos doentes que dela beneficiariam”, refere o relatório do Observatório Nacional das Doenças Respiratória apresentado.

Os especialistas do Observatório e da Fundação Portuguesa do Pulmão recomendam a criação “urgente” de uma rede nacional de reabilitação respiratória, sublinhando que a evidência científica recomenda que esta reabilitação seja parte integrante do tratamento dos doentes crónicos.

A reabilitação respiratória tem por objectivo a redução dos sintomas, a melhoria da capacidade funcional e da participação nas actividades da vida quotidiana, estabilizando ou revertendo outros problemas associados à doença, como disfunções musculares ou desnutrição.

Durante a apresentação do relatório, os responsáveis do Observatório sublinharam ainda as “dificuldades na acessibilidade aos cuidados primários” que, no caso dos doentes respiratórios, “tem consequências gravosas”.

Para os pneumologistas, a falta de profissionais de saúde é um dos indicadores dos problemas no acesso aos cuidados de saúde, com especial destaque para a carência de enfermeiros.

O médico Carvalheira Santos sublinhou, durante a sessão de apresentação do relatório, que a crise financeira trouxe uma diminuição dos recursos, mas, ao mesmo tempo, um aumento das doenças transmissíveis, das doenças respiratórias e, por isso, mais procura de recursos de saúde.

No que se refere às doenças respiratórios, em 2013 Portugal registou mais de 13 mil óbitos entre as seguintes patologias: pneumonia, cancro, asma, tuberculose e doença pulmonar obstrutiva crónica.

Caso sejam contabilizadas outras doenças, como a gripe ou as fibroses pulmonares, o número de mortos pode mesmo elevar-se a 17 mil.

Cova da Beira
Um projecto na área da Patologia que está a ser desenvolvido no Centro Hospitalar da Cova da Beira, na Covilhã, já permitiu...

Miguel Castelo Branco esclareceu que este projecto - que deverá dar origem ao serviço de Telepatologia - é pioneiro em Portugal e começou a ser desenvolvido em 2013, permitindo, numa combinação de meios humanos e informáticos, que todo o processo de diagnóstico com base na análise de amostras recolhidas nos doentes seja realizado no Centro Hospitalar da Cova da Beira (CHCB) mediante acompanhamento à distância de especialistas do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular (Ipatimup) da Universidade do Porto.

Anteriormente, e à semelhança do que acontece em quase todos os hospitais do país que não têm médicos de Anatomia Patológica, esta unidade optava por enviar as amostras para o exterior, o que tinha implicações em termos de tempo e de qualidade.

"Com a metodologia antiga, tínhamos de esperar quase duas semanas pelo resultado, enquanto neste momento e com a nova solução estamos a conseguir resultados em menos de uma semana, isto é, reduzimos os tempos de espera em mais de 50% e provavelmente ainda iremos melhorar mais", sublinhou.

A consequente rapidez na resposta dada ao doente em termos de tratamento, bem como o aumento da qualidade do próprio exame, ou o facto de já não ter de se recorrer a um "complicada logística de transporte e respectivo risco de perda ou extravios de amostras" foram outras das mais-valias apontadas por Miguel Castelo Branco e pela anatomopatologista do Ipatimup, que também é responsável pelo laboratório de Anatomia Patológica do CHCB.

Catarina Eloy especificou esta solução permite ainda ultrapassar o problema da falta de médicos especialistas nesta área, mantendo assim toda a qualidade do serviço que, apesar dos 250 quilómetros de distância, funciona como se fosse mais um laboratório dentro do Ipatimup.

"Temos aqui técnicos de excelente qualidade, altamente especializados e diferenciados que nos dão as melhores garantias. Além disso, apesar de estarmos no Porto, conseguimos ver e acompanhar cada passo do que é feito aqui e como estamos [os médicos especialistas] em grupo também conseguimos dar uma resposta independentemente da área específica da amostra", disse Catarina Eloy.

A médica sublinhou que esta aposta representa uma melhoria franca dos serviços e poderá vir a abranger os hospitais da Guarda e Castelo Branco, aos quais já foi manifestada a disponibilidade para que venham a integrar o projecto.

"Esperamos uma resposta", referiu Catarina Eloy, que também lembrou que o processo é auditado mensalmente e que os indicadores de qualidade são excelentes.

Em 2014, este projecto foi distinguido com o prémio "Boas Práticas em Saúde" pela Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Hospitalar e, em Março, levou a Direcção-Geral da Saúde a publicar a Norma de Orientação Clínica para a prática da Telepatologia.

Entre 2009 e 2013
O número de locais com consultas de cessação tabágica reduziu para cerca de metade entre 2009 e 2013, uma situação que os...

“Verificamos que passamos de 223 consultas em 2009 para 116 em 2013, o que significa uma redução para cerca de metade, algo que é obviamente preocupante”, refere o relatório do Observatório Nacional das Doenças Respiratórias de 2014 que foi apresentado em Lisboa.

A diminuição dos locais com consultas para deixar de fumar foi mais visível na região Norte, que passou de 85 locais em 2009 para 32 em 2013, embora tenha havido uma redução em todas as administrações regionais de saúde do país.

“Parece-nos indiscutível que esta quebra acarretará um aumento na dificuldade do acesso”, indica o Observatório.

Aliás, os dados apresentados sobre o total de consultas de cessação tabágica efectivamente realizadas mostram uma redução entre 2009 e 2013.

Na análise desses cinco anos, passou-se de 25.765 consultas realizadas em 2009 para 21.577 em 2013. Ainda assim, em 2013 registaram-se mais consultas do que nos anos de 2010, 2011 e 2012.

O pneumologista Carvalheira Santos, membro do Observatório, considerou que a diminuição dos locais com consultas de cessação tabágica está relacionada com o decréscimo de profissionais de saúde.

O especialista considerou essencial melhorar o acesso dos doentes a estas consultas, bem como uma comparticipação dos medicamentos para deixar de fumar.

Lembrando que o tabagismo é considerado uma doença, também o presidente do Observatório, Teles de Araújo, sublinhou a necessidade de reforçar as consultas para deixar a fumar e a comparticipação dos medicamentos para “ajudar no complexo processo de desabituação tabágica”.

Além da comparticipação dos medicamentos, outra das medidas defendidas pelo Observatório e pela Fundação Portuguesa do Pulmão é a inclusão da vacina contra a pneumonia (conhecida pelo nome comercial de Prevenar) no Plano Nacional de Vacinação.

Em 15 anos
As mortes por doenças respiratórias em Portugal aumentaram cerca de 30% em 15 anos, com a mortalidade por pneumonias a registar...

Os dados foram apresentados em Lisboa e constam do relatório de 2014 do Observatório Nacional das Doenças Respiratórias.

Segundo o documento, em 2013 morreram mais de 13 mil pessoas por doença respiratória, quando em 1998 os óbitos foram pouco acima dos 10 mil.

Para os responsáveis do Observatório, a evolução “mais preocupante” foi a das pneumonias, com um aumento da mortalidade superior a 50%, seguindo-se os cancros do aparelho respiratório (pulmão, traqueia e brônquios), com um aumento de 33%.

Relativamente às pneumonias, o número de mortes em 2013 foi de 5.935, o que dá uma média de 16 óbitos por dia.

Em comparação com o ano de 1998, quando se registaram 3.886 óbitos, o número de mortos por pneumonia aumentou 52,7% em 2013.

Segundo o presidente do Observatório, Artur Teles de Araújo, em 2013 foram internados por pneumonia 41.796 portugueses, o segundo número mais elevado desde 2004, logo a seguir ao ano de 2012.

Numa comparação de 10 anos, o número de internamentos por pneumonia cresceu 14,1%.

A Fundação Portuguesa do Pulmão encontra-se, em parceria com a Universidade do Minho, a estudar as causas e razões da elevada mortalidade por pneumonia em Portugal.

O médico António Carvalheira Santos, do Observatório das Doenças Respiratórias, explicou que está a ser analisada a mortalidade entre os doentes internados, uma vez que se verifica que a taxa de mortalidade intra-hospitalar nas pneumonias é de 20,9%.

“Até agora, o que nos parece é que os doentes que mais morrem são os que têm menos tempo de internamento. Parece que terão recebido mais tarde cuidados de saúde, parece-nos que os cuidados pré-internamento foram tardios”, adiantou Carvalheira Santos.

Artur Teles de Araújo reforçou também a ideia de que os doentes com pneumonia possam estar a chegar aos hospitais já demasiado tarde, admitindo a possibilidade de atraso no diagnóstico e referenciação destes pacientes.

Os especialistas consideram que é necessários apostar na políticas de prevenção das doenças respiratórias, nomeadamente no reforço da vacinação contra a gripe e contra a pneumonia, bem como no reforço das medidas de combate ao tabaco.

Dia Mundial do Cancro do Ovário
De todos os cancros ginecológicos, o do ovário é aquele que regista a taxa de sobrevivência mais bai
Cancro do Ovário

Celebrado pela primeira vez em 2013, o Dia Mundial do Cancro do Ovário foi criado para alertar a população feminina “para uma situação que, embora rara, tem tanta gravidade e tão elevada taxa de mortalidade”, refere Fernanda Águas, presidente da Sociedade Portuguesa de Ginecologia. O Dia Mundial do Cancro de Ovário celebra-se anualmente no dia 8 de Maio. Para esta data está previsto o lançamento de um livro sobre cancro do ovário, da iniciativa do Grupo Português de Estudos do Cancro do ovário, bem como a participação em iniciativas públicas de esclarecimento.

Em Portugal e segundo o Registo Oncológico de 2008 a incidência anual (número de novos casos) é de 7 casos por cada 100 mil mulheres. De todos os cancros ginecológicos, o do ovário é aquele que regista a taxa de sobrevivência mais baixa.

Fernanda Águas diz que “a taxa de mortalidade é elevada, aproximadamente 60% e está directamente relacionada com a fase da doença em que é feito o diagnóstico. Os estádios iniciais apresentação recorrência em 20% dos casos e os estádios avançados apresentam recorrência em 80% dos casos”.

Por isso o diagnóstico precoce é importante, uma vez que é determinante para o prognóstico. A realidade é que “aproximadamente 75% dos carcinomas do ovário são diagnosticados num estádio avançado daí a mortalidade ser tão elevada”. O diagnóstico deste tumor não é fácil, não só pelo facto de não haver forma eficaz de proceder ao seu rastreio, mas também porque os sintomas do cancro do ovário são inespecíficos: “distensão abdominal persistente, sensação de enfartamento, dor abdominal ou pélvica e em fases avançadas a percepção de uma massa/tumefacção abdominal”.

A especialista recorda para a necessidade de estar alerta a estes sinais/sintomas e procurar o médico logo que possível. “É certo que as consultas regulares de Ginecologia são sempre importantes, contudo relativamente ao cancro do ovário, não podem ser consideradas determinantes para um diagnóstico precoce”.

O cancro do ovário é menos frequente na mulher a quem se removeu o útero, mas a remoção dos ovários é a única forma certa de redução de risco do cancro depois da menopausa.

Factores de risco
Nem sempre é possível explicar o porquê de algumas mulheres sofrerem de cancro do ovário e outras não. Contudo, sabe-se que uma mulher com determinados factores de risco está mais predisposta a ter este tipo de cancro.

“Existe um componente de hereditariedade estando o risco de transmissão genética associado a 5 a 10% dos casos”, explica a presidente, acrescentando que, “as mulheres nulíparas têm um risco aumentado comparativamente às que já tiveram filhos e também as estimulações dos ovários associadas a tratamentos de infertilidade poderão ser responsáveis pelo aumento de risco da doença”. Também a obesidade é um factor de risco a ter em consideração, já pelo contrário o uso de contraceptivos hormonais confere protecção para a doença.

Prevenção
As hormonas produzidas pelos ovários são muito importantes para a mulher nomeadamente no que se refere à saúde cardiovascular e óssea mas também noutros órgãos ou sistemas.

As doenças oncológicas têm, em geral, um aumento de incidência com o avançar da idade e existem ainda problemas ginecológicos associados à falência de funcionamento dos ovários e ao envelhecimento dos tecidos componentes do aparelho genital. Razões que Fernanda Águas considera suficientes para a manutenção da vigilância ginecológica. Até porque a forma clássica de cancro do ovário, de alto grau, é um doença maligna ab initio e tem uma curta janela de intervenção, desde que surge no ovário até que se manifesta, no estádio avançado.

A especialista refere ainda que, “em geral os ‘quistos’ ou tumores benignos não evoluem para cancro embora dados actuais sobre a carcinogénese cancro do ovário, possam sugerir esta possibilidade nalguns casos sobretudo em mulheres mais velhas. Daí que, depois da menopausa, seja dada especial atenção aos quistos do ovário detectados pela ecografia”.

E a prevenção de forma radical, com a retirada dos ovários, tal como Angelina Jolie, actriz norte-americana, decidiu fazer recentemente? Bom, segundo a especialista, “nas mulheres com risco genético, comprovado por estudo específico, é recomendada a remoção dos ovários e trompas até aos 40 anos. Na mulher que é submetida a cirurgia ginecológica por patologia uterina benigna, recomenda-se actualmente que se removam as trompas com o objectivo de reduzir risco de cancro do ovário. Ainda nas mulheres submetidas a cirurgia uterina por patologia benigna, a remoção dos ovários a título profilático deve ser discutida com a doente e devem ser ponderados os eventuais benefícios versus riscos”.

Sem constrangimentos, o tratamento do cancro do ovário tem revelado maior eficácia, embora o diagnóstico continue a ser tardio. Fernanda Águas refere “a importância da qualidade da cirurgia inicialmente efectuada. É importante que as doentes sejam operadas em centros de referência com experiência no tratamento desta doença. Há aproximadamente 20 anos que se mantém o esquema de quimioterapia de primeira linha. Recentemente, foi introduzido um fármaco com propriedades antiangiogénicas, que trouxe alguma melhoria de prognóstico, em casos seleccionados”.

Em jeito de conclusão, a especialista deixa a mensagem “para um tomar de consciência da gravidade da doença e alertar para os sintomas que devem valorizar para procurar o médico e realizar os exames complementares necessários para o diagnóstico ou sua exclusão”.

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As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro e/ou Farmacêutico.

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