Dados do Observatório Nacional das Doenças Respiratórias 2014

Mortes por doença respiratória aumentam 30% em 16 anos

O Observatório Nacional das Doenças Respiratórias apresentou ontem, 4 de Maio, na sede da Fundação Portuguesa do Pulmão o Relatório de 2014 com dados da situação actual de Portugal no que concerne às doenças respiratórias. Na 10ª edição do Relatório é feito um balanço negativo da evolução da mortalidade e dos internamentos por doenças respiratórias.

O Relatório do Observatório Nacional das Doenças Respiratórias (ONDR) 2014 revela que nas últimas duas décadas a saúde respiratória dos portugueses se está a deteriorar com agravamentos na ordem dos 30% na mortalidade e nos internamentos. Em 2013 morreram mais de 13 mil pessoas* por doença respiratória, mais 30% do que há cerca de 15 anos (1998), sendo que as patologias cuja evolução é mais preocupante são as pneumonias, com um aumento de mortalidade de mais de 50% e as neoplasias do aparelho respiratório, com mais 30% de mortes verificadas.

Artur Teles de Araújo, presidente do ONDR e da Fundação Portuguesa do Pulmão, comenta que “ao fazermos uma análise abrangente, verificamos que, em 20 anos, a saúde respiratória dos portugueses piorou de uma forma preocupante. Chegados a 2014, constatamos que os internamentos por todas as doenças respiratórias aumentaram cerca de 30% em 20 anos, salientando-se o aumento de 171,1% nas pneumonias, 90,1% na Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC) e 60,1% no cancro no aparelho respiratório. Se tivermos em consideração os custos médicos de internamentos por doença respiratória concluímos que o Estado está a gastar mais 30 milhões, por ano, só com internamentos nesta área”.

Em 2013 existiram 68.613 internamentos por doença respiratória (-2,7% do que em 2012, mas mais 9,0% do que em 2010). As três principais causas de internamento, por doenças respiratórias foram as pneumonias (41.796 casos), a DPOC (8.239 casos) e os cancros (6365 casos) com um aumento de 9% face ao ano anterior.

Para Teles de Araújo “a gravidade das doenças respiratórias que necessitam de internamento é bem expressa pelas taxas de mortalidade, superiores à da média dos doentes do foro da medicina internados.” A Asma tem uma taxa de mortalidade de 6,3%, a DPOC de 9,9%, os cancros do aparelho respiratório de 30,5% e as pneumonias de 20,9%. As taxas de mortalidade não se têm reduzido significativamente e, em 2013, subiram na DPOC e nas Neoplasias.

O Relatório mostra que um número significativo de óbitos verifica-se logo nas primeiras horas da chegada ao hospital. Para o Presidente do ONDR “esta realidade sugere que muitos doentes chegam ao hospital já demasiado tarde, tendo ser de encarar a hipótese de atraso do diagnóstico e referenciação dos doentes com pneumonia”.

Para o especialista “estes são números pouco animadores e que claramente indicam que estamos a falhar na prevenção e na implementação de políticas de saúde adequadas à gravidade do problema. É necessário equacionar razões que potenciam estes valores e investigar a melhor forma de melhorar os indicadores de saúde”.

O Relatório ONDR 2014 alerta para um acentuado deficit na promoção da saúde e na prevenção da doença e para falhas na educação para a saúde e aponta caminhos para melhorar a saúde respiratória em Portugal, como a criação de Redes Nacionais de Espirometria, de Cuidados Respiratórios e de Reabilitação Respiratória, acabando assim com lacunas existentes em todas as fases da doença, desde o diagnóstico, ao acompanhamento e tratamento.

Para Teles de Araújo o caso da Reabilitação Respiratória é urgente, “verificamos que apesar de a evidência científica recomendar que seja parte integrante do tratamento de doentes respiratórios crónicos, em Portugal apenas 0,1% dos doentes têm acesso a Reabilitação Respiratória”.

O Relatório desmistifica ainda a ideia de que existem médicos em excesso em Portugal e reforça a certeza de uma gritante carência de enfermeiros.

O Relatório do ONDR conta com a colaboração de 41 especialistas de renome da área da pneumologia e do sector da saúde em Portugal.

*17.171 óbitos (16,8% do total de óbitos) se contabilizarmos outros cancros que não os acima especificados e outras doenças respiratórias não infecciosas, tais como, fibroses pulmonares, embolias pulmonares, insuficiência respiratória, entre outras.

Este é o link através do qual pode aceder ao Relatório:

http://www.fppulmao.org/oijokwefwoiw/10_Relatorio_ONDR.pdf

Fonte: 
Hill+Knowlton Strategies Portugal
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro e/ou Farmacêutico.