Doença do legionário
O tribunal de Vila Franca de Xira começou ontem a julgar o primeiro pedido de indemnização apresentado por uma das vítimas do...

Estima-se que serão cerca de três dezenas as vítimas que terão instaurado autonomamente ações cíveis em tribunais no âmbito deste surto.

Ontem, no tribunal Judicial da Comarca de Lisboa Norte em Vila Franca de Xira iniciou-se o julgamento da primeira ação cível do processo de legionella contra a empresa Adubos de Portugal (ADP), sendo que a vítima, um homem de 67 anos, reclama uma indemnização de 200 mil euros por danos morais e patrimoniais.

Em declarações à agência Lusa, o advogado desta vítima, Varela de Matos, contou que nesta primeira sessão foi ouvida uma inspetora chefe da Polícia Judiciária (PJ) e técnicas do Instituto Ricardo Jorge, responsável pela realização das análises clínicas.

Segundo adiantou o defensor, a inspetora da PJ terá declarado ao tribunal que "a manutenção das torres não foi feita adequadamente e que não tem dúvidas que a contaminação tem origem nas torres dos Adubos de Portugal".

A próxima sessão deste julgamento ficou agendada para o dia 24 de setembro, pelas 09:30.

Além das vítimas da legionella, também a Câmara Municipal de Vila Franca de Xira reclama uma indemnização cível por danos patrimoniais relacionados com os gastos que fez durante o surto e os prejuízos para a sua imagem.

Em março de 2017, foi proferida uma acusação do Ministério Público (MP) que indiciou sete pessoas e duas empresas (a Adubos de Portugal [ADP] e uma firma responsável pelo tratamento de água) pelos crimes de infração de regras de conservação e ofensas à integridade física.

O MP sustenta que o surto de legionella no concelho de Vila Franca de Xira foi causado pela "manifesta falta de cuidado" dos arguidos, que não cumpriram "um conjunto de regras e técnicas na conservação/manutenção" de uma das torres de refrigeração da ADP.

No entanto, o MP só conseguiu apurar nexo de causalidade em 73 das pessoas afetadas e em oito das 12 vítimas mortais.

Inconformadas, 58 vítimas das 330 que ficaram fora deste "nexo causalidade" decidiram requerer a instrução do processo e pedir uma indemnização.

Em declarações à Lusa, o presidente da Associação de Apoio às Vítimas de Legionella de Vila Franca de Xira, Joaquim Ramos, manifestou-se impaciente com a "demora processual".

"Está tudo parado. Já passaram quatro anos e ainda não foi feita justiça. Já pedimos mais esclarecimentos ao Ministério Público, mas não obtivemos resposta", lamentou.

Relativamente ao processo que teve hoje início, Joaquim Ramos explicou que se tratou de uma vítima que decidiu avançar sozinha para a justiça e que não pediu ajuda à associação.

"De qualquer forma, como não poderia deixar de ser, fizemos questão de estar presentes e de dar o nosso apoio", sublinhou.

O surto, o terceiro com mais casos em todo o mundo, teve início a 07 de novembro de 2014 e foi controlado em duas semanas. Na ocasião, o então ministro da Saúde, Paulo Macedo, realçou a resposta dos hospitais, que "trataram mais de 300 pneumonias".

A doença do legionário, provocada pela bactéria 'Legionella pneumophila', contrai-se por inalação de gotículas de vapor de água contaminada (aerossóis) de dimensões tão pequenas que transportam a bactéria para os pulmões, depositando-a nos alvéolos pulmonares.

Ordem dos Médicos
O diretor clínico e os 51 chefes de equipa do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho, que se demitiram, abandonam...

“A partir de dia 06 de outubro, se o Governo não mostrar nenhum sinal positivo, os clínicos deixam de exercer as suas funções de chefia, o que trará consequências muito graves ao centro hospitalar”, anunciou o bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, na sequência de informações obtidas junto de alguns dos demissionários.

É “fundamental” que quem detém o poder político na área da Saúde dê um “sinal positivo” de que vai haver mudanças e, caso esse seja dado, os profissionais demissionários suspendem a sua decisão, referiu.

Segundo Miguel Guimarães, “um dos sinais positivos” seria substituir o presidente do Conselho de Administração que, considerou, “nada fez” para alterar a atual situação de degradação do centro hospitalar.

“Ele nem sequer está solidário com os médicos, o que me deixa muito desagradado”, comentou.

Outros dos indícios de que “a mudança vem caminho” seria consagrar no Orçamento de Estado para 2019 algumas das obras necessárias a realizar no centro hospitalar, afirmou.

Neste momento, o Governo tem a “faca e o queijo na mão”, considerou, acrescentando ter “várias possibilidades” para dar “sinais positivos”.

O bastonário lembrou que é necessário renovar equipamentos, alguns deles já ultrapassados, falando a título de exemplo na necessidade de adquirir um angiógrafo ou de modernizar alguns ecógrafos, assim como possibilitar contratações diretas, à semelhança do que aconteceu noutros centros hospitalares do país.

“Há aqui sinais que podem, desde já, ser dados. Se não for dado nenhum sinal fica tudo na mesma e os profissionais não têm condições para continuar a chefiar os serviços”, referiu.

Miguel Guimarães considerou que os problemas são antigos e que não podem ser resolvidos de um dia para o outro, mas lembrou que se não se resolverem pioram, que é o que já está a acontecer.

Frisando que os médicos “não estão a brincar” e que a situação é “muito séria”, o bastonário ressalvou que estes não tomaram esta decisão de “ânimo leve”, estando em causa a prestação de melhores cuidados de saúde aos doentes e não melhores vencimentos.

Em tom de alerta, o bastonário avisou que “mais novidades vêm a caminho”, sendo possível que “mais alguma coisa venha a acontecer” nos próximos dias.

Se o primeiro-ministro não fizer nada, disse, as demissões vão repetir-se em mais hospitais do país porque os médicos não estão satisfeitos e estão a fazer um “esforço enorme” para manter os serviços a funcionar.

“Os médicos estão numa situação complicada porque estão a ser demasiado desconsiderados, não podendo António Costa desprezar o que se está a passar”, entendeu.

Ordem
A zona Centro possui o rácio mais baixo do país de nutricionistas nos cuidados hospitalares, denunciou a bastonária da Ordem...

"É factual que o rácio de nutricionistas na região Centro é o mais reduzido dos cuidados continuados de saúde do nosso país e, em concreto, é mesmo o mais reduzido nos cuidados hospitalares", disse a dirigente à agência Lusa.

Segundo a bastonária, "importa ter esta noção, falar com quem de direito e visitar todos os estabelecimentos de saúde da zona para se reverter esta situação e se aumentar o número de nutricionistas nos cuidados hospitalares, mas também nos cuidados de saúde primários".

A nível nacional, nos cuidados de saúde primários, existe um nutricionista para mais de 84 mil utentes, quando o indicado pela Ordem é de um para cada 20 mil habitantes.

"Estamos muito aquém daquilo que é apontado pela Ordem", desabafa Alexandra Bento.

Na região Centro, o panorama é mais grave e, nos cuidados hospitalares, existe apenas um nutricionista para cada 180 camas, quando o rácio considerado satisfatório é de um por 50 ou 75 camas, consoante a diferenciação do hospital.

"Os números falam por si e podemos dizer que, no Centro, estamos numa zona do país muito desfavorecida em nutricionistas", sublinhou a bastonária.

No entanto, a especialista pretende também salientar estratégias muito positivas, como o projeto de redução do consumo de sal implementado pela da Administração Regional de Saúde do Centro, que é "pioneiro em Portugal".

A Bastonária dos Nutricionistas inicia esta terça-feira uma visita de três dias por instituições do Serviço Nacional de Saúde (SNS) da região Centro.

"Vai ser um périplo intenso, com visitas a centros hospitalares e centros de saúde, onde vou alertar para a situação da falta de nutricionistas, mas também observar o que de melhor estes profissionais fazem para dar dimensão ao seu trabalho e replicar as boas práticas", frisou Alexandra Bento.

O primeiro dia da iniciativa ‘Ciclo de Visitas da Bastonária' começa com uma reunião com a presidente da Administração Regional de Saúde do Centro (ARSC), Rosa Reis Marques, seguindo-se visitas ao Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) do Baixo Mondego e ao Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra.

"Estaremos no terreno para salientar o que de bem se faz pela mão dos nutricionista, mas também para o que não está tão bem ou mal, porque se o objetivo é melhorar devemos fazê-lo em conjunto com as autoridades de saúde e numa perspetiva construtiva", disse a bastonária.

Em Portugal há quatro vezes mais homens a suicidarem-se
O presidente da Sociedade Portuguesa de Suicidologia reiterou hoje o alerta de que as notícias sobre suicídio não devem conter...

Em declarações à Lusa, o presidente da Sociedade Portuguesa de Suicidologia, no âmbito do Dia Mundial de Prevenção do Suicídio, afirma que o efeito de imitação no suicídio existe e que a comunicação social não deve dar nem pormenores, nem explicar o método realizado para concretizar o suicídio nas notícias que veicula, referindo que o caso do vocalista dos Nirvana provocou outros por imitação.

Kurt Cobain suicidou-se em 1994 aos 27 anos e seguiu-se uma “onda de suicídios em todo o mundo”, por imitação e por identificação com o vocalista dos Nirvana, recordou Fausto Amaro, salientando que o papel da comunicação social é essencial para não realçar pormenores sobre o método.

Outros fenómenos da Internet, como por exemplo os desafios na Baleia Azul ou Momo, que podem provocar autolesões, são assuntos para a sociedade estar atenta, porque também “funciona como fenómeno de identificação e de imitação”.

Segundo Fasto Amaro, há um acordo com a Entidade Reguladora da Comunicação social e uma espécie de ‘gentleman agreement’ (acordo de cavalheiros), em que a comunicação social tem toda informação disponível.

“Se nós dermos o suicídio de forma sensacionalista, realçando o método do suicídio, relatando pormenores que são escudados na notícia, provocamos mais suicídios, porque está absolutamente demonstrado na investigação desde o século XVIII que existe o suicídio por imitação e por moda”, insiste.

Fausto Amaro refere ainda que a “ocasião faz o ladrão”, e sugere às autoridades locais que encontrem soluções para prevenir o acesso das pessoas a sítios altos, dando como exemplo que a Ponte de Luís I, no Porto, podia ter uma rede em baixo ou nas laterais. “A pessoa, se não tiver oportunidade, pode ser que já não pense nisso segunda vez”, afirmou.

No Dia Mundial de Prevenção do Suicídio foi criado em 2003 pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Fausto Amaro recorda que em Portugal há registo de cerca de mil pessoas por ano a suicidarem-se e que no sul do país há “mais do dobro de suicídios do que no norte”.

Em Portugal há quatro vezes mais homens a suicidarem-se, em comparação com as mulheres, e os mais idosos, principalmente a partir dos 75 anos, põem mais vezes termo à vida do que os mais jovens.

Ainda segundo Fasto Amaro, há três grandes mitos relacionados com o suicídio e um deles é de que quem fala de suicídio não se suicida.

“Isso é falso e por isso os pais, os profissionais, os colegas de trabalho, os taxistas, os ‘barmen’, os chamados porteiros sociais, pessoas que podem encaminhar pessoas, devem estar atentos. Se a pessoa verbaliza ideias de se matar ou de que era melhor não viver, temos de dar atenção a isso”, alertou o presidente da SPS, referindo a existência de linhas telefónicas de ajuda.

Outro mito é que quem já tentou um suicídio não tenta uma segunda vez. “É falso”, diz Fausto Amaro, referindo cerca de 50% de pessoas que fazem tentativas acabam por se suicidar.

O terceiro mito é que o suicídio seja uma questão de doença mental. “É falso no sentido de que há muitos suicídios que não têm a ver com a doença mental”, explica Fausto Amaro, embora refira que também haja doenças mentais que propiciam ou aumentam a probabilidade da pessoa suicidar.

Fausto Amaro conta que não há propriamente sintomas ou sinais de que a pessoa se vai suicidar, mas é preciso atenção à “verbalização da ideia de morte ou a ideia de que não vale a pena viver, ou a ideia que está farto da vida que tem e que se deve dar atenção”.

Entre 2014 e 2016 os suicídios em Portugal têm baixado ligeiramente e, embora seja “uma pequena variação”, é já considerada uma redução positiva, porque os números têm por base “registos mais rigorosos” do que no passado, onde existiam mortes classificadas como “causa incerta”.

Dados da OMS indicam que todos os anos se suicidam cerca de 800 mil pessoas no mundo, havendo muitas outras pessoas que tentam pôr termo à vida.

A Sociedade Portuguesa de Suicidologia realizou hoje uma sessão científica e de divulgação, integrada nas iniciativas da International Association for Suicide Prevention (IASP) sob o lema “Trabalhar em conjunto para prevenir o suicídio”.

A iniciativa contou com a colaboração da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto, e com o apoio institucional da Direção-Geral da Saúde e da Ordem dos Psicólogos Portugueses.

O Congresso da Sociedade Portuguesa de Suicidologia em 2019 vai decorrer em Beja (Alentejo).

Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados
A Comissão Nacional de Coordenação da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados esclareceu hoje que a nova portaria que...

A portaria que define as condições de instalação e funcionamento da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI) foi publicada na quinta-feira em Diário da República e suscitou críticas da Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos e do CDS-PP, afirmando que o diploma exclui da rede os doentes com necessidades paliativas.

Num comunicado hoje divulgado, a Comissão Nacional de Coordenação da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados afirma que a portaria “não exclui a prestação de ações paliativas por parte das unidades e equipas da Rede Nacional Cuidados Continuados Integrados, incluindo os doentes seguidos pelas equipas específicas de Cuidados Paliativos.

A nova portaria “não veio impedir nem alterar a admissão de doentes seguidos pelas equipas específicas de Cuidados Paliativos na RNCCI, desde que o problema predominante na admissão seja a dependência e não a necessidade de Cuidados Paliativos em internamento de UCP ou UCP-RNCCI”.

Pelo contrário, “reforça os procedimentos seguidos pelas unidades e equipas da RNCCI na sua articulação com a Rede Nacional de Cuidados Paliativos”, sublinha o comunicado assinado pelo presidente da comissão, Manuel Lopes.

As reações à nova portaria deveram-se à alínea “e” do n.º 8 do artigo 19.º que a comissão nacional esclarece que o que constitui como critério de não admissão nas unidades e equipas da RNCCI é a necessidade de cuidados paliativos complexos, “não se encontrando assim prejudicada a prestação de ações paliativas a pessoas com limitação funcional, em processo de doença crónica ou na sequência de doença aguda, em fase avançada ou terminal, ao longo do ciclo de vida e com necessidades de cuidados de saúde e de apoio social seguidos pelas equipas de Cuidados Paliativos”.

Sublinha ainda que as equipas intra-hospitalares de suporte em cuidados paliativos asseguram assessoria na área dos cuidados paliativos a profissionais de saúde designadamente dos cuidados de saúde primários, hospitalares e continuados integrados, da respetiva área de influência da instituição de saúde onde a equipa está integrada.

Também as equipas comunitárias de suporte em cuidados paliativos asseguram o apoio e aconselhamento diferenciado, em cuidados paliativos, às unidades de cuidados de saúde primários, às unidades e equipas da rede nacional de cuidados continuados integrados e a outras instituições onde o doente resida.

Segundo a Comissão Nacional, as equipas de cuidados paliativos podem solicitar a integração do utente numa unidade da RNCCI, mediante prévia autorização da Equipa Coordenadora Regional da rede, sempre que clinicamente seja considerado adequado.

A Associação Nacional de Cuidados Continuados saudou hoje, em comunicado, as alterações introduzidas na portaria, afirmando que vão ao encontro de alguns pontos que tem vindo a defender, considerando que “vêm contribuir para um melhor funcionamento” da rede.

Lamenta, no entanto, que continuam “a persistir problemas gravíssimos” no funcionamento da rede, sobretudo em duas das suas quatro tipologias, nomeadamente problemas financeiros devido ao subfinanciamento das Tipologias de Longa Duração e Manutenção e de Média Duração e Reabilitação.

A ANCC enviou uma carta ao primeiro-ministro em que pede uma audiência urgente e demonstra, através da auscultação junto dos seus associados, que as Unidades de Longa Duração dão um prejuízo, em média, de 11,62 euros dia/utente e que as Unidades de Média Duração dão um prejuízo, em média de 0,58€/dia/utente.

Risco cardiovascular é duas a seis vezes superior nas pessoas com diabetes
“É má prática não tratar com os novos fármacos, que diminuem o risco e a mortalidade cardiovascular, os doentes com diabetes...

A SPD recomenda a procura do tratamento ideal para cada pessoa com diabetes tendo em conta as características individuais  e as patologias que tem associadas, em particular as doenças cardiovasculares. Esta proposta encontra-se em discussão pública até ao dia 20 de setembro.

“Se temos fármacos que tratam a diabetes tipo 2 ao mesmo tempo que reduzem o risco cardiovascular e a consequente mortalidade ou favorecem a perda de peso e isso é comprovado pelos estudos, devemos recorrer a eles para tratar a pessoa com diabetes de forma mais individualizada, promovendo a sua saúde geral”, aconselha o Dr. Rui Duarte, presidente da SPD.

“Sabemos, por exemplo, que uma pessoa com diabetes tem um risco de mortalidade por eventos cardiovasculares duas a seis vezes maior do que uma pessoa que vive sem a patologia, portanto, é uma má prática olhar só para a hiperglicemia e não tratar com os novos fármacos uma pessoa que já teve um enfarte, por exemplo. É uma má prática tratar a hiperglicemia sem recorrer aos novos fármacos que atuam nas patologias associadas e que podem reduzir o risco de novos eventos e até a mortalidade”, alerta.

De acordo com dados do Observatório Nacional da Diabetes (OND), a diabetes é uma das principais causas de morte em Portugal. As doenças cardiovasculares estão associadas a um impacto económico significativo, uma vez que levam a mais internamentos hospitalares e a maiores custos com o tratamento das comorbilidades da diabetes tipo 2, sendo responsáveis pela maioria da despesa em saúde com a diabetes.

Tendo em conta os estudos mais recentes sobre a eficácia e a segurança dos novos fármacos para o tratamento da diabetes tipo 2 e dos seus efeitos nas comorbilidades associadas à diabetes tipo 2, e no sentido de promover a individualização terapêutica na diabetes, a SPD publicou na sua página a Proposta de Atualização das Recomendações para o tratamento da hiperglicemia na Diabetes tipo 2 – 2018.

Esta proposta é uma atualização das recomendações nacionais da SPD para o tratamento da hiperglicemia na diabetes tipo 2 publicadas em 2013 e atualizadas em 2015, foi redigida por profissionais de saúde como Rui Duarte, Miguel Melo, J. Silva Nunes, Pedro Melo, João Raposo e Davide Carvalho e encontra-se atualmente em discussão alargada dentro do Grupo de Estudo de Recomendações Terapêuticas da SPD.

Além de a correção do estilo de vida e a educação da pessoa com diabetes, que devem ser promovidas ao longo de toda a evolução da doença e da terapêutica de fundo com metformina como tratamento de 1ª linha, é de destacar que a decisão clínica deve basear-se nas características individuais de cada pessoa e nos mecanismos de ação, na segurança e eficiência dos vários fármacos disponíveis. A decisão clínica deve dar especial atenção à doença cardiovascular, à obesidade, à doença renal, à presença de multimorbilidades e aos idosos em situação frágil. O tratamento da hiperglicemia deve ser individualizado e centrado na pessoa com Diabetes tipo 2 e não na doença – a diabetes -  em abstrato.

O documento final, além das recomendações gerais, inclui, assim, documentos de individualização terapêutica na diabetes para pessoas com excesso de peso, com insuficiência cardíaca, com doença renal crónica ou idade avançada. Seguirá para publicação na Revista Portuguesa de Diabetes durante o mês de Outubro e  será atualizado à medida que surgirem novos dados relevantes.

Revela Entidade Reguladora da Saúde
A Entidade Reguladora da Saúde detetou problemas e constrangimentos no acesso a consultas de cardiologia no Centro Hospitalar...

A partir de uma reclamação apresentada em setembro de 2017 sobre consultas de cardiologia sucessivamente adiadas a uma utente, a Entidade Reguladora da Saúde (ERS) detetou outras queixas relativas a dificuldades de acesso a consultas de cardiologia no Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental (CHLO), que integra os hospitais São Francisco Xavier, Santa Cruz e Egas Moniz.

“A ERS tomou conhecimento de reclamações relativas a dificuldades de acesso a consultas de cardiologia no Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental (CHLO), no decurso do ano de 2017, tendo constatado que, por motivos unicamente imputáveis ao prestador, os utentes aguardaram mais de um ano pelas consultas de seguimento de que necessitavam, o que se revela manifestamente incongruente com a necessidade de prestação tempestiva de cuidados de saúde”, refere uma deliberação do regulador que hoje foi tornada pública.

A situação que motivou a abertura de um processo de avaliação por parte da ERS foi a “sucessiva desmarcação de uma consulta de seguimento da especialidade de cardiologia a uma utente, que veio a falecer no serviço de medicina interna do CHLO, por aparente quadro de insuficiência cardíaca”.

O regulador dá conta de outras cinco reclamações de doentes que esperaram mais de um ano por consulta de seguimento de cardiologia. Das cinco reclamações, os utentes esperaram entre 596 dias e 791 dias por uma nova consulta.

De acordo com a deliberação da Entidade Reguladora, o próprio hospital reconhece que a redução do seu quadro médico ao longo dos últimos anos “pode, em determinados períodos do ano, comprometer a assistência médica programada nas suas atividades de rotina da consulta externa de cardiologia e de realização” de exames.

Contudo, para o regulador, o hospital tem de “garantir de forma cabal o acesso, em tempo útil” à prestação continuada de cuidados.

Assim, a ERS emitiu uma instrução ao CHLO para “garantir, em permanência” que “são respeitados os direitos e interesses legítimos dos utentes, nomeadamente, o direito aos cuidados adequados e tecnicamente mais corretos”, que devem ser prestados “com prontidão e num período de tempo clinicamente aceitável”.

Dia Mundial da Prevenção do Suicídio
O suicídio é um flagelo da sociedade atual, tornando-se num problema de saúde pública.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que o suicídio é a 13ª causa de morte no mundo, sendo uma das principais causas de morte de adolescentes e adultos até aos 35 anos. De forma a dar resposta a esta realidade a OMS e a Associação Internacional para a Prevenção do Suicídio, criaram o Dia Mundial da Prevenção do Suicídio com o objetivo de prevenir este ato através da adoção de estratégias específicas pelos diversos países.

É importante perceber que este dia é simbólico, isto é, as ações desenvolvidas não se devem restringir apenas a este dia, mas devem sim, ser continuadas ao longo do tempo.

A abordagem à prevenção do suicídio deve ser multidisciplinar e abrangente, sendo que todos os grupos da sociedade deverão ter um papel ativo. A Família tem um papel fundamental na prevenção e na deteção precoce de ideações suicida, bem como a escola e o local de trabalho.

Os Media e as Redes Sociais assumem também um papel com grande peso no que diz respeito a este tema. Estamos numa era digital, em que a informação é rapidamente difundida e em que a influência dos conteúdos e da informação é massiva na população, sobretudo na mais jovem.

Não podemos esquecer o papel dos profissionais de saúde que é fundamental na detecção precoce do suicídio, na prevenção e posvenção do mesmo.

São múltiplas as causas que podem estar na origem do suicídio. Falamos de fatores biológicos, sociais, ambientais e sobretudo de fatores psicológicos, agravados por experiências pessoais negativas ao longo da vida.

Estudos apontam para uma correlação muito elevada entre as pessoas que cometem suicídio e as pessoas que apresentam Depressão ou outro transtorno mental/emocional. O problema é que estas mesmas pessoas, raramente procuram ajuda de um profissional de saúde mental, mesmo nos países mais desenvolvidos. Por isso, a importância de “um olhar atento sobre a dor silenciosa” das pessoas que sofrem diariamente sozinhas.

Os psicólogos e os psicoterapeutas assumem um lugar de destaque e de grande relevância no que concerne a esta temática. São os profissionais mais capacitados para trabalhar com os sentimentos mais comuns, entre as pessoas com ideação suicida, são eles o desamparo, o desespero, a desesperança e a depressão. A escuta ativa deve ser privilegiada, de forma ao psicólogo/psicoterapeuta compreender o que está na base desses sentimentos. Após este processo, a intervenção Psicoterapêutica faz todo o sentido pois irá ajudar a pessoa a entender os seus pensamentos, emoções e comportamentos de modo a ultrapassar aquilo que a bloqueia e a aprisiona no sofrimento.

O objetivo da Psicoterapia é fazer com que a pessoa reencontre o seu equilíbrio emocional através de técnicas específicas que potenciam uma gestão emocional eficaz e o retorno ao controlo da sua própria vida.

Mas para que este trabalho seja possível de desenvolver, junto daqueles que sofrem em silêncio, é necessário não ter medo de assumir que estamos tristes, deprimidos, sem vontade de viver. Pedir ajuda não é sinal de fraqueza, mas sim de coragem.

Nós, na Clínica da Mente desenvolvemos uma campanha, #eudigonaoaoestigma, justamente para combater os preconceitos associados à saúde mental e deste modo facilitar o acesso das pessoas aos serviços de apoio psicológico.

Não sofra em silêncio! Fale, procure apoio, diga NÃO AO ESTIGMA.

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Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
No dia 22 de setembro
O evento é promovido pela Associação Diab(r)etes e é dirigido a pessoas com diabetes, familiares e amigos.

No próximo dia 22 de setembro, a Associação Diab(r)etes realiza a segunda edição do Encontro Nacional de Pessoas com Diabetes, que se realiza no Concelho da Sertã, no distrito de Castelo Branco.

O evento é dirigido a pessoas com diabetes, familiares e amigos e é composto por um programa de mais de oito horas de atividades, entre as quais uma caminhada pelo trilho do rio Zêzere, canoagem, escalada e zumba, bem como outras atividades desportivas, que serão intervaladas por um piquenique, no qual os participantes terão a oportunidade de se conhecer e interagir.

A participação no Encontro está aberta a todos os interessados mediante inscrição, que tanto pode ser feita online, em  https://goo.gl/forms/ABSlonDe3zrbnnEB2, como na Casa da Cultura da Sertã, até ao dia 20 de setembro.

As atividades iniciam-se na Senhora da Confiança, em Pedrogão Pequeno, local que servirá de ponto de encontro para todos os participantes, nomeadamente os interessados que fizerem a viagem através dos autocarros especiais, que vão partir de Braga, Lisboa e Portimão.

De acordo com Sérgio Louro, representante da organização, “pretende-se com este evento proporcionar o contacto de pessoas que convivem com a diabetes e dar-lhes a oportunidade de usufruir de um conjunto de experiências inesquecíveis, dentro dos limites que a diabetes impõe. Nesta segunda edição do evento, esperamos conseguir superar os 200 participantes da primeira edição.”

A iniciativa tem o apoio da Câmara Municipal da Sertã, da Câmara Municipal de Portimão, da Federação Portuguesa de Associações de Pessoas com Diabetes e das empresas Abbott, Roche e Wellion.

 

Parecer conjunto
A Ordem dos Médicos e a Ordem dos Psicólogos Portugueses pronunciaram-se contra a criação da profissão de psicoterapeuta, na...

Num parecer conjunto, as duas ordens, que representam a larga maioria dos psicoterapeutas em atividade, afirma que a sua posição tem por base “a evidência científica e a salvaguarda e proteção da saúde pública e dos interesses dos cidadãos que procuram os serviços de psicoterapia”.

“A prática psicoterapêutica abusiva, inadequada e sem a devida formação e regulação, acarreta riscos para a saúde mental dos utentes. Estes riscos não são acautelados pela facilitação económica e mercantilização do acesso através da criação da profissão” ou atividade económica de Psicoterapeuta, salientam no documento.

Em declarações à agência Lusa, o bastonário dos médicos, Miguel Guimarães, afirmou que “não é preciso, nem é necessário, nem sequer é útil ter a profissão de psicoterapeuta”, uma “profissão independente” à margem da Ordem dos Médicos (OM) e do Colégio de Psiquiatria e da Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP).

Para o bastonário da OM, “a intenção de criar uma nova profissão nesta área não é de facto uma situação que garanta a qualidade e a segurança, porque para ser psicoterapeuta é preciso ter uma formação de base” na área da psicologia ou da psiquiatria.

Para Miguel Guimarães, esta formação de base é “importante para garantir a qualidade da psicoterapia e a segurança dos doentes”.

Esta posição é partilhada pelo bastonário da OPP, Francisco Miranda Rodrigues, afirmando que “não há necessidade de regulação” da atividade, porque esta já está regulada. “O que há é a necessidade de, quanto muito, fazer cumprir em termos de fiscalização, inclusivamente com a regulação”.

Por isso, frisou o bastonário dos psicólogos, a OPP opõe-se "frontalmente a esta possibilidade” que “seria um retrocesso relativamente a tudo o que tem sido feito em prol da saúde em Portugal”.

Segundo Francisco Miranda Rodrigues, o que se pretende é que os profissionais que estão a exercer estas práticas estejam “devidamente qualificados” e que deem provas disso, o que já fazem porque “a atividade de psicoterapia já decorre no seio de profissões reguladas e o Governo deve preocupar-se” para que seja assim.

Por outro lado, também é importante que as pessoas verifiquem “muito bem” quando procuram um psicoterapeuta se este tem formação de base na profissão de saúde e se está inscrito numa das ordens de saúde tem a atividade regulada.

“Se não for assim, os riscos a que estão a submeter-se são elevados e devem dar nota disso às autoridades, disse o bastonário dos psicólogos, contando que já chegaram situações dessas à OPP, que as enviou para o Ministério Publico para que possa atuar em conformidade.

No parecer, as duas ordens sublinham que “a psicoterapia corresponde a um conjunto de técnicas e procedimentos e que, nesse sentido, não pode ser entendida como uma profissão, mas sim como um método de intervenção utilizado por diferentes profissões/profissionais”.

“Cumpre então recentralizar a profissão de psicoterapeuta na atividade clínica (de médicos e psicólogos, com eventual extensão a profissionais que com eles colaboram), com o controlo normativo, ético e científico das respetivas Ordens profissionais”, defendem.

Os psicólogos são a única classe profissional com uma especialidade específica na área da Psicoterapia, com cerca de 1.300 especialistas.

Meteorologia
Seis distritos do continente e o arquipélago da Madeira estão hoje em risco muito elevado de exposição à radiação ultravioleta ...

Em risco muito elevado estão os distritos da Guarda, Santarém, Lisboa, Setúbal, Évora e Beja, no continente, o arquipélago da Madeira e as ilhas Terceira e Faial, nos Açores.

Os distritos de Viana do Castelo, Braga, Porto, Aveiro, Vila Real, Bragança, Viseu, Coimbra, Leiria, Castelo Branco, Portalegre e Faro, no continente, e as ilhas das Flores e S. Miguel, nos Açores, estão com níveis elevados.

Para as regiões com risco muito elevado e elevado, o IPMA recomenda a utilização de óculos de sol com filtro UV, chapéu, ‘t-shirt’, guarda-sol, protetor solar e evitar a exposição das crianças ao Sol.

O índice ultravioleta varia entre 1 e 2, em que o risco de exposição à radiação UV é baixo, 3 a 5 (moderado), 6 a 7 (elevado), 8 a 10 (muito elevado) e superior a 11 (extremo).

O IPMA prevê para hoje no continente céu pouco nublado ou limpo, apresentando-se muito nublado e com neblina ou nevoeiro no litoral Centro até final da manhã e aumento de nebulosidade nas regiões do interior Centro e Sul durante a tarde.

A previsão aponta também para vento fraco a moderado predominando de nordeste, soprando de noroeste no litoral oeste durante a tarde, e sendo moderado a forte nas terras altas até final da manhã e a partir do final da tarde.

Está também prevista uma pequena subida de temperatura, em especial da máxima e nas regiões do litoral oeste.

As temperaturas mínimas no continente vão oscilar entre os 13 graus (Bragança e Guarda) e os 21 graus (em Faro) e as máximas entre os 26 graus (Guarda e Viana do Castelo) e os 35 (em Santarém).

Para a Madeira o IPMA prevê períodos de céu muito nublado, aguaceiros fracos nas vertentes norte e terras altas, vento moderado de nordeste, soprando forte nas terras altas e no extremo leste da ilha e uma pequena subida de temperatura nas terras altas.

No Funchal as temperaturas vão variar entre os 20 e os 27 graus Celsius.

Nas ilhas das Flores e Corvo (grupo ocidental) prevê-se períodos de céu muito nublado com boas abertas, aguaceiros durante a manhã e vento sudoeste bonançoso a moderado.

O IPMA prevê para as ilhas Graciosa, S. Jorge, Terceira, Faial e Pico períodos de céu muito nublado com boas abertas, possibilidade de aguaceiros fracos e vento fraco.

Nas ilhas de S. Miguel e Santa Maria prevê-se céu muito nublado com boas abertas, aguaceiros e vento fraco.

Em Santa Cruz das Flores as temperaturas vão variar entre os 21 e os 28 graus, na Horta e em Angra do Heroísmo entre os 21 e os 27 graus e em Ponta Delgada entre os 21 e os 26.

A partir do dia 23, o abate está proibido
A Associação Nacional de Médicos Veterinários dos Municípios alerta para a escolha que as câmaras municipais terão de fazer,...

Ricardo Lobo, membro da direção da Associação Nacional de Médicos Veterinários dos Municípios (ANVETEM), falou à agência Lusa a propósito do final do prazo de dois anos para adaptação à lei que determina a proibição de “abate ou occisão de animais em centros de recolha oficial”.

A partir do dia 23, o abate está proibido, mas o representante afirmou ser “impossível” cumprir a recolha de todos os animais abandonados na rua sem que haja lugar a abate.

“Ou recolhemos e para isso temos de abater - porque, de facto, o número de animais é estupidamente absurdo e muito maior do que a capacidade de adoção - ou então vamos deixar os animais na rua. Isto é uma questão meramente de opção”, afirmou.

“Por um lado, temos dois decretos-lei que obrigam os municípios a recolher os animais da rua e depois temos agora uma lei que impede o abate e os municípios têm de ver. As duas são impossíveis de cumprir ao mesmo tempo, portanto uma destas disposições legais vão ter de incumprir. Têm de escolher qual”, acrescentou.

De acordo com Ricardo Lobo, médico veterinário municipal, num ano chegam “cerca de 60.000 animais aos centros de recolha oficiais” (CRO), quase todos cães, sendo adotados em média 14.000.

“O número de 14.000 animais adotados já nos parece um número bastante elevado, bom e razoável. Mais do que isso, em termos de adoção, as famílias portuguesas não conseguem atingir, não têm capacidade de adoção para 60.000 animais num ano, replicando isto todos os anos, porque é uma situação que se repete”, destacou.

Segundo o representante, a diferença entre os animais que chegam aos canis e os que são adotados “não deixa margem para qualquer preparação da parte dos municípios”.

“Temos um diferencial brutal de animais que continuam a chegar aos canis que não deixa margem para qualquer preparação, construção de um equipamento com uma lotação máxima maior, porque este é um número que não se compadece com nenhuma preparação por parte de nenhum município. Não há forma de uma pessoa se preparar para isto”, disse.

De acordo com os números da Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV), em 2017 foram abatidos cerca de 10.000 cães nos canis municipais de Portugal continental e foram adotados 14.000, gerando uma diferença de 10.000 cães, que ocupam atualmente os centros de recolha.

Para Ricardo Lobo, esta diferença nos números, de 10.000 cães a mais em 2017 nos CRO, não corresponde à capacidade de alojamento que existe em Portugal.

“Com este desequilíbrio de números, se os canis não puderem recorrer ao abate para criar espaço, a grandessíssima maioria deles vai ter que deixar de recolher animais e vai deixar animais na rua”, insistiu.

Para ANVETEM, a solução passará por “combater o número absurdo” de animais vadios, o que não acontecerá em pouco tempo, poe se tratar de uma questão cultural: o abandono, que é crescente, continua a ser a raiz do problema.

A associação não descarta a possibilidade do fim do abate nos canis, mas afirma que para tal é necessária uma estratégia que permita mudar a mentalidade da população e terminar com o abandono de animais de estimação.

“É possível deixar de abater animais nos canis municipais, é preciso é fazer um trabalho grande, um plano estratégico para combater isto, de facto, e encarar isto como um todo através da sociedade. Não são os municípios que têm de se preparar. Não são os municípios que abandonam os cães, temos de deixar de culpar o Estado por tudo, não são as autarquias e os municípios que são culpados dos animais que andam na rua. Temos é que entender isso, que isto é um problema de todos, um problema social nosso, cultural”, afirmou Ricardo Lobo.

A Lusa contactou o secretário de Estado das Autarquias Locais, Carlos Miguel, e a Associação Nacional de Municípios Portugueses, que não se pronunciaram sobre o assunto.

Abandono dos animais
O bastonário da Ordem dos Médicos Veterinários, Jorge Cid, acusa o Governo de “irresponsabilidade brutal” por ter sido aprovada...

O bastonário, que falou à agência Lusa a propósito da proibição do abate nos canis municipais a partir do próximo dia 23, considera que imediatamente após a aprovação da lei deveria ter sido criado um grupo de trabalho.

“Para mim é uma irresponsabilidade brutal. Como é que uma lei é aprovada em 2016 e até hoje ninguém estudou este problema do não abandono dos animais? […]. A sensação que eu tenho é que se aprova uma lei, que tem dois anos para ser implementada, mas até lá ninguém faz nada. Tudo assobia para o lado e espera que o problema se resolva por ele, quando imediatamente deveria ter sido criado um grupo de trabalho para perceber o que era preciso”, afirmou.

Segundo Jorge Cid, poderá haver soluções que não passem pelo abate e que deveriam estar pensadas há dois anos.

“Há soluções e podemos equacionar soluções se nos perguntarem, com as pessoas que estão dentro do assunto. É evidente que poderá haver soluções que não passem pelo abate, mas essas soluções vão ser sempre de recurso e à última da hora, quando já deviam estar pensadas há dois anos. Mas este é o Portugal que temos e é assim que as coisas se passam”, disse.

De acordo com o responsável, a questão central devia ser “o porquê de as pessoas abandonarem os animais” e quais as medidas a serem tomadas para que não abandonem, já que, ao ritmo a que isso acontece, “nunca haverá espaço para todos os cães abandonados”.

Para o representante, é preciso inverter a metodologia e o pensamento atuais, estudando o fenómeno.

“Basta ver os números no ano passado. Embora oficialmente tenham dito que rondava os 36.000, nós sabemos que foram entre 50.000 a 60.000 [animais abandonados]. Foram adotados só 15.000, portanto basta fazer uma conta simples para ver quantos animais é que há [nas ruas]”, disse.

Em vigor desde 23 de setembro de 2016, a lei que aprova medidas para a criação de uma rede de centros de recolha oficial de animais e estabelece a proibição do abate de animais errantes como forma de controlo da população define um período transitório de dois anos, que termina neste mês.

Fica assim proibido o “abate de animais em centros de recolha oficial de animais por motivos de sobrepopulação, de sobrelotação, de incapacidade económica ou outra que impeça a normal detenção pelo seu detentor”.

O bastonário acusou o Governo de ter “cruzado os braços” e não ter estudado a problemática depois de se ter aprovado uma lei no parlamento “sem pensar como resolvia o problema”.

“É muito bonito fazer uma lei, foi votada unanimemente por todos os partidos, é evidente, porque os animais hoje dão votos e ninguém quer tomar medidas que não sejam populares. Sessenta por cento dos lares portugueses têm animais de companhia e isto mexe com os sentimentos da população, portanto, limitaram-se a votar a favor, mas ninguém se lembrou como é que vamos resolver este assunto”, insistiu.

Para a Ordem, a taxa de Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) a 23% em todos os tratamentos médico-veterinários, mesmo os que são obrigatórios por lei, deveria ser também alvo de revisão.

“As pessoas continuam a pagar 23% de IVA pelos tratamentos dos animais, alguns deles a que o Estado obriga, nomeadamente a vacina da raiva e o ‘microchip’. O Estado obriga as pessoas que têm um cão a fazer estas profilaxias e depois taxa com 23% todos os atos médico-veterinários. É a única profissão na área da saúde que é taxada, ainda por cima à taxa máxima, o que mostra que não há vontade política de base para resolver esta problemática e as coisas vão andando”, lamentou Jorge Cid.

Veterinários
A saúde pública pode estar em causa com o fim do abate nos canis municipais, alerta o bastonário da Ordem dos Médicos...

De acordo com Jorge Cid, que falou à agência Lusa a propósito da proibição do abate nos canis municipais a partir do próximo dia 23, o expectável aumento de animais nas ruas – por falta de espaço nos centros de recolha - representa “um perigo para o bem-estar animal e a segurança dos cidadãos”.

“Pode ser um problema de saúde pública, de segurança dos cidadãos, para não falar do péssimo aspeto que é ver cães a vaguear pelas ruas num país que se quer desenvolvido e está a apostar muito no turismo. O péssimo exemplo que dá haver animais que andam a vaguear nas ruas, tornando-se um perigo para a saúde pública”, afirmou.

No seu entender, haverá um “problema gravíssimo” partir do dia 23: “por um lado, as câmaras e veterinários municipais são obrigados a recolher os animais errante; por outro lado, não têm sítio onde os pôr”.

Segundo o responsável, a existência de um número muito elevado de animais abandonados nas ruas dará lugar à propagação de zoonoses, doenças infeciosas de animais capazes de ser naturalmente transmitidas ao ser humano.

“É um perigo para o bem-estar animal e para a segurança do cidadão e depois toda a patologia e todas as doenças que podem transmitir-se dos animais às pessoas e que podem daqui advir. É obrigatório todos os cães serem vacinados para a raiva, têm de ser ‘microchipados’. Há sarna, leptospirose, tinha, várias patologias e um animal abandonado, como é obvio, não é sujeito ao controlo médico e não é vacinado, nem ‘microchipado’”, disse.

Para o bastonário, é “inevitável” que se tome “uma decisão” relativa a esta lei, aprovada por unanimidade no parlamento em 09 de junho de 2016.

“Alguém vai ter de tomar uma decisão e essa decisão tem de ser política, não pode ser outra […]. O problema é que há leis que podem ser corretas na sua génese, mas podem ter efeitos perfeitamente ao contrário e isto é um caso que eventualmente pode ter, se não se arranjar uma solução rápida”, afirmou.

A Ordem dos Médicos Veterinários lançou um programa de parceria com centros veterinários, em todo o país, para ajudar os municípios na esterilização e no tratamento de animais, mas, de acordo com o representante, “apenas 12 câmaras municipais aderiram”.

“Lançámos este programa nacional, do Minho ao Algarve, com os veterinários a aderirem de uma forma maciça a esta problemática, dando na sua generosidade e boa vontade o seu trabalho ‘pro bono’. Curiosamente só 12 câmaras municipais é que aderiram a este programa, em que é debitado à câmara apenas o material que se gasta nas esterilizações e, portanto, evitaria que as câmaras municipais tivessem que fazer investimentos grandes em clínicas e centros de cirurgia”, explicou.

Do lado da prestação dos serviços aderiram a esta iniciativa 205 centros de atendimento médico-veterinário, em 100 municípios do país.

O programa continua disponível para candidaturas dos municípios e das freguesias, com trabalho gratuito dos profissionais, para evitar “um processo que pode correr bastante mal”.

Jorge Cid afirmou que a solução para o problema passaria por fazer “um esforço do não-abandono”.

“Este ano, dos dados que tínhamos em agosto já havia à volta de 15.000 animais recolhidos e apenas 5.000 adotados. Estamos sempre a falar no máximo de 30% de animais adotados. Esta situação não se vai inverter por mais que as pessoas queiram fazer campanhas. Se não se inverteu até agora, não se vai inverter”, lamentou.

Por isso, defendeu, é preciso estudar bem as causas do abandono e tentar resolver o problema de raiz, para não “começar a casa pelo telhado”.

Segundo a lei, o Estado "assegura a integração de preocupações com o bem-estar animal no âmbito da Educação Ambiental desde o 1.º ciclo do ensino básico" e, em conjunto com o movimento associativo e as organizações não-governamentais de ambiente e de proteção animal, "dinamiza anualmente" campanhas contra o abandono.

Para o bastonário, a campanha lançada em março pelo Governo para combater o abandono foi “extremamente insuficiente” e apenas “um passo num percurso grande”.

“Foi um passo, mas o percurso era grande e não é só com um passo que se percorre esse percurso, portanto não é com campanhas de sensibilização. É evidente que essas tem de haver, mas é um problema muito mais vasto, começa logo na escola na educação das pessoas e depois com várias medidas”, afirmou.

Em vigor desde 23 de setembro de 2016, a lei que aprova medidas para a criação de uma rede de centros de recolha oficial de animais e estabelece a proibição do abate de animais errantes como forma de controlo da população define um período transitório de dois anos, que termina neste mês.

Fica assim proibido o “abate de animais em centros de recolha oficial de animais por motivos de sobrepopulação, de sobrelotação, de incapacidade económica ou outra que impeça a normal detenção pelo seu detentor”.

À margem do 1º encontro nacional de cuidadores informais
O Presidente da República disse esperar que, até final da legislatura, seja votado o estatuto do cuidador informal,...

"Em 2018, em pleno Estado Social, fazer de conta que não existem os cuidados informais e os que por eles são acompanhados é, não só, um erro imperdoável, é um atropelo incompreensível a um valor fundamental que se chama respeito pela dignidade humana. Eu acredito que, antes do final da legislatura, haverá um estatuto do cuidador aprovado na Assembleia República", disse Marcelo Rebelo de Sousa na sessão de encerramento do primeiro encontro regional de cuidadores informais, que decorreu em Vila Nova de Cerveira.

O chefe de Estado reforçou que "seria uma oportunidade perdida e uma omissão socialmente pesada não olhar para estes cuidadores e tentar conjugar o seu necessário estatuto com o setor social existente".

"Será uma vitória da Constituição, do Estado Social, da Justiça, de um Portugal menos desigual e mais justo", frisou.

O primeiro encontro nacional de cuidadores informais, promovido pela Associação Nacional de Cuidadores Informais, criada em junho passado, "visa o reconhecimento do papel do cuidador informal e que defende a criação do estatuto específico".

Para o Presidente da República, é uma associação que "fazia falta como instrumento de defesa daquelas e daqueles que têm sido algumas e alguns dos mais ignorados em Portugal".

Marcelo Rebelo de Sousa não poupou elogios à eurodeputada do Bloco de Esquerda Marisa Matias, pelo apoio que tem dado à "luta" dos cuidadores informais, e renovou o seu apoio a "uma causa nacional".

"Aqui estou e aqui estarei as vezes que forem necessárias para lutar por esta causa", disse, adiantando que não pode continuar a ser "uma causa adiada".

"Não podemos ficar à espera, indefinidamente, pelo debate sobre a lei de bases da saúde, porque pode atirar qualquer decisão, mesmo como primeiro passo, para o Orçamento do Estado [OE] de 2020 e já de 2019".

Para o chefe de Estado, "a dimensão do problema não cessa de aumentar", acrescentando que, atualmente, o número de camas de Cuidados Continuados atinge as 8.200, mas, até final de 2019, serão desejáveis 14.000".

Segundo a Associação Nacional de Cuidadores Informais, "a proposta do grupo de trabalho do Governo, para uma nova Lei de Bases da Saúde, já integra o Estatuto para Cuidadores Informais".

O documento, "elaborado pela equipa de Maria de Belém Roseira, estabelece que deve ser promovido o papel da família, das pessoas próximas e da comunidade na saúde e no bem-estar das pessoas com doença, dependência, parcial ou total, cabendo ao Estado, através dos Ministérios da Saúde e da Segurança Social, definir as medidas necessárias de apoio aos cuidadores e à pessoa cuidada, com vista a assegurar a melhoria de qualidade de vida de ambos".

Este processo "foi desencadeado há cerca de dois anos, com o lançamento de uma petição para a criação de um estatuto que enquadrasse as suas funções".

Em março passado, no parlamento, o tema "desceu para discussão em sede de comissão, dando início a uma fase de auscultação das 20 associações de doentes".

Recrutamento
O secretário regional da Saúde dos Açores, revelou que, por cada sete enfermeiros no Serviço Regional de Saúde que transitam de...

“Para este último trimestre, os hospitais estão a proceder à contabilidade da passagem das 40 para as 35 horas para apurar a necessidade de recrutamento de novos enfermeiros porque, à partida, por cada sete enfermeiros que transitem é necessário um enfermeiro”, disse Rui Luís.

O titular da pasta da Saúde no Governo Regional dos Açores, em declarações após a vinculação profissional de cerca de 30 enfermeiros, em Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, considerou que vai ser possível recrutar profissionais de enfermagem “ainda este ano”, por forma a que todos aqueles que possuem contrato individual de trabalho possam transitar para as 35 horas semanais.

A 09 de agosto, foi anunciado que o Governo dos Açores e o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses chegaram a acordo para equiparação dos profissionais com contrato individual de trabalho, que irão passar a cumprir 35 horas semanais em alternativa às 40.

O titular regional da pasta da Saúde considerou, na altura, que foi dado um importante passo em matéria de equiparação de regimes entre enfermeiros vinculados através de contrato individual de trabalho e os seus colegas com vínculo de emprego público.

O acordo alcançado harmoniza os níveis e posições remuneratórias, a regulação de procedimentos concursais, a possibilidade de constituição de reservas de recrutamento pelos hospitais e a equiparação em matéria de avaliação de desempenho, além da passagem das 40 para as 35 horas semanais dos enfermeiros com contrato individual de trabalho, a partir de 01 de janeiro de 2019.

Rui Luís adiantou que “estão a decorrer procedimentos” para a admissão de 70 profissionais, havendo ainda que acrescer outros profissionais para “acautelar a questão das 35 horas”.

Confrontado com as palavras da Bastonária da Ordem dos Enfermeiros, Ana Rita Cavaco, na cerimónia de hoje, segundo as quais há “gente [profissionais da classe] paga a preço de saldo para salvar vidas” no Serviço Regional de Saúde, Rui Luís referiu que todos os procedimentos são “feitos pela carreira normal dos enfermeiros”.

Na cerimónia, o responsável pela pasta da Saúde no arquipélago declarou que os “desafios que se colocam na área da prevenção de comportamentos de risco e na promoção de hábitos de vida saudáveis não dispensam o papel dos enfermeiros”, que “são, em grande parte, o garante da implementação das metas” do Plano Regional de Saúde e de outras ações políticas.

Cada projeto vai receber até 100 mil euros
Dois projetos de investigação biomédica portugueses, que incluem soluções para infeções ósseas crónicas e infeções bacterianas...

Os dois projetos, desenvolvidos pelo Instituto Nacional de Engenharia Biomédica, no Porto, foram selecionados ao abrigo do programa CaixaImpulse, anunciou a fundação em comunicado.

Cada projeto vai receber até 100 mil euros, verba destinada à "execução dos planos de valorização e comercialização".

Um dos projetos é o "HECOLCAP", uma "solução eficiente" para tratar infeções ósseas crónicas que facilita, através de uma só cirurgia, a "libertação local do antibiótico em concentrações adequadas, de uma forma que é capaz de destruir as bactérias em três semanas e erradicar a infeção", refere o comunicado da fundação.

O material usado no dispositivo "simula a estrutura do osso" e "promove a regeneração óssea no local da lesão", acrescenta a nota, sem especificar o material.

A Fundação La Caixa assinala que as infeções ósseas crónicas "afetam cerca de quatro milhões de pessoas por ano em todo o mundo e estão associadas à úlcera do pé diabético, implantação de próteses e fraturas expostas".

A atual terapêutica baseia-se em pelo menos duas cirurgias, tratamento com antibióticos e internamento no hospital "durante grandes períodos", havendo o risco elevado de "infeção descontrolada" que pode levar a amputações ou a uma septicemia (infeção generalizada no corpo).

O segundo projeto de investigação português selecionado, o "AntiBioCoat", é descrito como "um revestimento repelente muito eficiente contra um amplo espetro de bactérias, especificamente desenhado para reduzir as infeções" relacionadas com o uso de cateter (tubo ou sonda para drenar ou injetar líquidos no organismo).

O revestimento baseia-se num "polímero natural derivado de uma microalga" e, segundo os seus criadores, é uma alternativa ao uso de antibióticos convencionais, aos quais as bactérias têm ganhado resistência.

Lançado em 2015, o programa CaixaImpulse visa facilitar a entrada de projetos científicos no mercado.

Perspetivas financeiras
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, considerou hoje que “vale a pena esperar” pela execução do Orçamento de...

“Estamos na apreciação, na ponta final de preparação do Orçamento de Estado e uma das componentes importantes será, certamente, os meios que poderão ser afetados ao domínio da saúde, vale a pena esperar não apenas por aquilo que é a execução do Orçamento de Estado deste ano, mas pelas perspetivas financeiras para o ano que vem”, afirmou à margem de um debate, no Porto, sobre Demografia.

Questionado sobre as recentes demissões em centros hospitalares do país, tendo a última ocorrido em Vila Nova de Gaia, na quarta-feira, o Chefe de Estado frisou que um Presidente da República “não entra na apreciação de situações pontuais" no Serviço Nacional de Saúde.

Na passada quarta-feira, o diretor clínico e 51 diretores e chefes de serviço do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho, no distrito do Porto, apresentaram a sua demissão apontando como justificação a falta de meios humanos, equipamentos e recursos financeiros.

No anúncio desta decisão, em conferência de imprensa, o bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, adiantou que as demissões em hospitais portugueses poderiam repetir-se “dentro de pouco tempo”.

Pelas mesmas razões, no passado mês de agosto, os chefes de equipa do serviço de urgência de obstetrícia e ginecologia no Hospital Amadora-Sintra, distrito de Lisboa, apresentaram também um pedido de demissão.

Em julho foram os chefes de equipa de medicina interna e cirurgia geral do Centro Hospitalar de Lisboa Central (que integra o hospital de S. José e outras cinco unidades) a avançaram com medida semelhante.

Antes, em maio, já 33 médicos e coordenadores de serviço do Centro Hospitalar Tondela-Viseu tinham apresentado a sua demissão.

 

A linha de ajuda para prevenção do suicídio SOS Voz Amiga disponibiliza desde o dia ontem atendimento contínuo, para assinalar...

Hoje assinala-se o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio "e um pouco por todo o mundo, onde quer que existam linhas telefónicas de apoio, neste dia procuramos dar visibilidade ao nosso esforço para contrariar este flagelo do suicídio", disse Francisco Paulino.

Em Portugal, a linha SOS Voz Amiga irá disponibilizar "48 horas de atendimento contínuo", sublinhou, saudando o esforço dos voluntários.

"É um esforço razoável da parte dos nossos voluntários, pois habitualmente, e porque não temos voluntários para mais, fazemos apenas oito horas diárias, entre as 16:00 e as 24:00", adiantou o presidente do serviço.

Fundada há 39 anos, a SOS Voz Amiga foi a primeira linha telefónica em Portugal de apoio em situações agudas de sofrimento causadas pela solidão, ansiedade, depressão e risco de suicídio.

O número de apelos quase triplicou entre 2013 e 2016, passando de 1.271 para 3.701, mas baixou para 3.335 no ano passado (menos 10%) devido à falta de voluntários, segundo Francisco Paulino.

Em 2017, a linha recebeu, em média, 278 chamadas por mês, a maioria (67%) feita por mulheres. A maior parte dos utentes tem entre 36 e 55 anos (46%).

As situações mais relatadas foram solidão/angústia (31%), doenças psíquicas, sobretudo depressão (22%), relações afetivas (9%) e relações familiares (9%).

Cerca de 7% das chamadas foram feitas por jovens até aos 25 anos, sendo as situações mais relatadas a automutilação, 'bullying', sexualidade e violência no namoro.

A ameaça de suicídio representou cerca de 5% das chamadas, sendo que destas 75% foram feitas por "pessoas com ideia de morte" e 15% por pessoas que já tinham "um plano de suicídio".

"Felizmente na maioria das situações, temos conseguido que o desenlace não se dê, disse o responsável.

O Dia Mundial de Prevenção do Suicídio foi criado em 2003 pela Associação Internacional para a Prevenção do Suicídio e pela Organização Mundial de Saúde, com o objetivo de prevenir o ato do suicídio, através da adoção estratégias pelos governos dos vários países.

A nível mundial, todos os anos morrem em média cerca de um milhão de pessoas por suicídio e ocorrem entre 10 a 20 milhões de tentativas de suicídio por ano.

A Organização Mundial de Saúde estima que o suicídio seja a 13.ª causa de morte no mundo, sendo uma das principais entre adolescentes e adultos até aos 35 anos. A taxa de suicídio é maior nos homens do que nas mulheres.

Os últimos dados divulgados pela Direção-Geral da Saúde (DGS) indicam que o número de suicídios em Portugal mantém-se estável, situando-se em cerca de mil casos por ano.

Segundo o relatório do Programa para a Saúde Mental 2017, o número de suicídios é mais significativo no Alentejo e a taxa de mortalidade por suicídio tem maior incidência na faixa etária igual ou superior a 65 anos.

O relatório da DGS refere que o suicídio verifica-se sobretudo em pessoas com doenças mentais graves, na sua maioria tratáveis e integra o grupo de mortes potencialmente evitáveis.

 

Opinião
Para assinalar o Dia Mundial da Fisioterapia, Sérgio Loureiro Nuno escreve sobre aquela que ainda é

No dia 8 de Setembro, celebra-se o dia Mundial da Fisioterapia. De facto, escrevo hoje sobre a minha profissão de saúde, com a sensação que ainda há um longo caminho a percorrer. Vou contar um diálogo (caricato) que tive durante o meu dia de trabalho há alguns dias atrás e que revela o que disse anteriormente.

“Sabe, adoro a sua profissão”, desabafava um paciente. “O que é que necessito de saber para também ser fisioterapeuta?” Respondi: “Então, basta ter o 9º ano de escolaridade e candidatar-se a fazer este trabalho, é fácil.” Estranhamente, começou a acreditar que isto seria possível (para meu espanto, como é óbvio).

A explicação perante tamanha falta de informação, nem sempre é fácil de ser feita, mas acaba por ser o meu testemunho neste dia Mundial da Fisioterapia.

“A minha profissão começou há muitos anos atrás. Já Hipócrates (460 a.C. – 370 a.C.) dizia: “Um homem sensato, considera a saúde, como a sua maior bênção” e “Não se pode estudar uma doença isolada, mas sim o paciente como um todo.” Apesar de não ter sido aí que começou a profissão, mas acaba por ser uma das razões para ser tão importante atualmente. Os antigos Gregos compreenderam também que a capacidade para o movimento era um elemento vital para a saúde e para o bem-estar geral.

Em 1851, Gleich usou pela primeira vez o termo Fisioterapia. Foi numa altura em que se procuravam cuidados de saúde mais eficazes e que voltou a ter mais repercussão, por volta da 1ª e 2ª Guerra Mundial. A existência de um grande número de pessoas com problemas físicos graves, maioritariamente em idade jovem, trouxe novamente a necessidade de dar outro tipo de cuidados de saúde à população, privilegiando a funcionalidade das pessoas.

A criação oficial da Escola de Saúde de Alcoitão em 1966 (já lá vão 52 anos...) foi um grande marco para a Fisioterapia em Portugal. Neste momento, existem 19 instituições de ensino superior em Portugal com cursos de Fisioterapia.

Antes de tudo, não é fisioterapeuta quem quer, mas quem tem capacidades para ingressar com média suficiente no curso, no ensino superior. Após o curso de formação base, que tem a duração de 4 anos, o fisioterapeuta sente (quase sempre) necessidade de participar em inúmeras formações. Em média, uma formação simples de atualização, de apenas 2 dias, pode rondar os 300/400 euros. Para além disso, são cada vez mais os fisioterapeutas que já possuem mestrado, pós-graduações, doutoramento e até, pós-doutoramento. A Fisioterapia é, certamente, das áreas de saúde com maior investimento académico. Ainda quer ser fisioterapeuta? Caso tenha também vocação, espero que sim. É inexplicável conseguir melhorar a qualidade de vida das pessoas, mas também terá de estudar muito para isso...

Ao longo de todo o percurso evolutivo da Fisioterapia, a formação de nível superior foi um dos pilares essencias da construção da identidade desta comunidade científica, em Portugal. A evolução dos cuidados de saúde permite atualmente aos fisioterapeutas trabalhar cada vez mais de forma segura e independente, sempre enquadrados numa equipa multidisciplinar.

O projeto-lei da Ordem dos Fisioterapeutas já foi aprovado na generalidade há vários meses e espera-se que seja discutido na especialidade. A criação de uma Ordem de Fisioterapeutas, prevê ser a solução para que os cuidados de Fisioterapia certificados sejam garantidos. Parece ser uma verdade de La Palice, mas o meu voto em dia Mundial da Fisioterapia é: “Fisioterapia, só com fisioterapeutas.”

Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.

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