Doentes com VIH tratados com células estaminais
Uma investigação conjunta do Hospital Gregorio Marañon e do Instituto "IrsiCaixa de Barcelona” comprovou a cura de 6...

A investigação, publicada na prestigiada revista científica  Annals of Internal Medicine, confirma que os 6 doentes  que receberam transplantes de células estaminais têm o vírus indetectável no sangue e tecidos. Há inclusivamente um doente que não revela sequer anticorpos, o que indica que o VIH poderá ter sido eliminado do seu organismo.

Os doentes mantêm o tratamento antirretroviral, contudo, os investigadores crêem que a procedência das células estaminais (sangue do cordão umbilical e medula óssea), assim como o tempo decorrido para atingir a substituição completa das células do doente paciente pelas do dador (18 meses num dos casos), poderão ter contribuído para o desaparecimento do VIH, o que abre uma nova porta para levar a cabo novos tratamentos para curar a SIDA.

“Estes dados vêm comprovar o potencial das células estaminais do cordão umbilical além das aplicações que já hoje são conhecidas. Este é um campo onde os estudos a decorrer e as descobertas futuras têm um peso muito forte”, acrescenta João Sousa, Diretor de Qualidade do Laboratório Bebé Vida. 

A investigadora da IrsiCaixa, Maria Salgado, autora do artigo juntamente com Mi Kwon, hematologista do Hospital Gregório Marañon, explicaram que o motivo pelo qual os fármacos atuais não curaram o doente infetado com VIH está relacionado com o “reservatório” viral formado por células infetadas pelo vírus, que permanecem em estado latente não podendo ser detetadas nem destruídas pelo sistema imunitário. Este estudo permitiu identificar alguns factores associados ao transplante de células estaminais que poderão contribuir para a eliminação do referido “reservatório viral” no organismo.

Aos dias de hoje, o transplante de células estaminais servia exclusivamente para tratar doenças hematológicas graves.

O estudo baseou-se no caso do “Paciente de Berlim” – Timothy Brown – um indivíduo infetado com VIH que em 2008 se submeteu a um transplante de células estaminais para tratar uma leucemia. O dador tinha uma mutação chamada CCR5 Delta 32 que fazia com que as suas células sanguíneas fossem imunes ao VIH, evitando a entrada do vírus nas células.

Timothy Brown  deixou de tomar a medicação antirretroviral e atualmente o vírus está indetectável no sangue, sendo considerado a única pessoa no mundo curada do VIH. Desde então, os cientistas investigam possíveis mecanismos de erradicação do VIH associados ao transplante de células estaminais.

O estudo incluiu 6 participantes que já haviam sobrevivido a pelo menos 2 anos  após receber o transplante e todos os dadores teriam que ter  a mutação CCR5 Delta 32 nas suas células.

“Selecionamos estes casos porque queríamos centrar-nos nas outras possíveis causas que poderiam contribuir para a eliminação do vírus”, referiu Mi Kwon. Depois do transplante, todos os participantes mantiveram o tratamento antirretroviral e conseguiram a remissão da sua doença hematológica depois da retirada dos fármacos imunosupressores.

Depois de diversas análises, os investigadores constataram que cinco dos doentes não apresentavam um reservatório detetável no sangue e nos tecidos e que no sexto doente, e sete anos após o transplante, os anticorpos virais desapareceram completamente.

Segundo a investigadora Maria Salgado, “este feito poderia ser uma prova de que o VIH já não está no sangue, contudo isto só se poderá confirmar parando o tratamento e comprovando se o vírus reaparece ou não”. O passo seguinte será fazer um ensaio clínico, controlado por médicos e investigadores, para interromper a medicação antirretroviral  em alguns destes doenes e administrar-lhes novas imunoterapias para comprovar se se verifica o "reboot" viral e confirmar se o vírus foi ou não erradicado do organismo.

Investigação em Cardiologia premiada
A Associação Portuguesa de Intervenção Cardiovascular acaba de atribuir o Prémio Jovens Cardiologistas de Intervenção a Marta...

Marta Tavares da Silva foi distinguida pela apresentação de um caso clínico onde foi utilizada uma técnica percutânea singular no tratamento de um pseudoaneurisma gigante da aorta. Com este caso clínico concluiu-se que “esta complicação rara, mas potencialmente fatal da cirurgia torácica, tem potencial de ser tratada recorrendo a dispositivos de encerramento não dedicados, de forma segura e eficaz. Trata-se mesmo de uma mais-valia no tratamento de doentes que de outra forma não teriam tratamento”, explica a médica.

Já Manuel de Oliveira Santos apresentou um trabalho sobre a intervenção coronária percutânea guiada por simulação específica com impressão 3D. “Testámos uma abordagem inovadora em que o processo de tratamento do doente, por cateterismo cardíaco, foi totalmente simulado previamente com recurso a um modelo específico do doente impresso em 3D”. Espera-se no futuro que “a tecnologia de simulação específica de doente com impressão 3D seja utilizada para melhorar os resultados dos tratamentos percutâneos de patologia cardíaca” afirma o médico Manuel de Oliveira Santos.

A Associação Portuguesa de Intervenção Cardiovascular (APIC) atribui todos os anos o Prémio Jovens Cardiologistas de Intervenção aos melhores trabalhos apresentados na sua Reunião Anual. Este ano concorreram ao Prémio 87 trabalhos de internos de cardiologia e jovens cardiologistas, de todas as regiões do país. A Reunião Anual da APIC realizou-se, este ano, entre 11 e 13 de outubro, no Centro de Congressos de Tróia.

A Associação Portuguesa de Intervenção Cardiovascular (APIC), uma entidade sem fins lucrativos, tem por finalidade o estudo, investigação e promoção de atividades científicas no âmbito dos aspetos médicos, cirúrgicos, tecnológicos e organizacionais da Intervenção Cardiovascular. Para mais informações consulte: www.apic.pt.

Em Lisboa
Os Prémios Pfizer distinguem este ano investigações sobre a divisão celular nas bactérias e a resistência a antibióticos e o...

Os galardões são atribuídos anualmente pela Sociedade de Ciências Médicas de Lisboa e pela farmacêutica Pfizer, nas categorias de "investigação básica" e "investigação clínica", cada uma premiada com 20 mil euros.

Este ano, os prémios distinguem a equipa liderada pela cientista Mariana Pinho, do Instituto de Tecnologia Química e Biológica António Xavier, na categoria "investigação básica", e o grupo de Céu Figueiredo, do i3S – Instituto de Investigação e Inovação em Saúde, na categoria "investigação clínica".

Mariana Pinho tem estudado o ciclo celular das bactérias para perceber de que forma são mais ou menos suscetíveis à ação dos antibióticos durante o processo de divisão que dará origem a duas bactérias.

No trabalho premiado, a equipa da investigadora focou-se num dos "passos do processo", na formação da 'parede' que divide a célula-mãe em duas.

A espécie de bactéria que serviu de modelo foi a "Staphylococcus aureus", que causa vários tipos de infeções, como as cutâneas e as endocardites (que afetam a camada mais interna do coração).

A investigadora explicou à Lusa que "há antibióticos que só atuam numa fase muito breve da formação da parede celular", enquanto que outros, como a penicilina, "atuam durante um período muito mais longo do ciclo celular".

As diferentes respostas das bactérias aos antibióticos durante a divisão celular podem, a seu ver, abrir caminho para "novos compostos" antibacterianos.

A outra investigação premiada, da equipa de Céu Figueiredo, do i3S – Instituto de Investigação e Inovação em Saúde, concluiu, a partir de um estudo com doentes, que as bactérias no estômago dos doentes com cancro gástrico são diferentes das que existem nos doentes que têm inflamação crónica do estômago (gastrite crónica).

A alteração do perfil bacteriano no estômago poderá vir a ser relevante no seguimento dos doentes com lesões pré-cancerosas e contribuir para a prevenção do cancro do estômago, segundo os cientistas.

De acordo com Céu Figueiredo, nos doentes com cancro do estômago há uma "diminuição da abundância da 'Helicobater pylori'", bactéria que desempenha um papel importante nas fases iniciais do processo que leva ao desenvolvimento de cancro, e aparecem "bactérias que produzem substâncias químicas capazes de causar danos" no ADN (material genético) das células.

Os Prémios Pfizer, a mais antiga distinção na investigação biomédica em Portugal, são concedidos anualmente a trabalhos de investigação básica e clínica realizados total ou parcialmente em instituições nacionais por cientistas portugueses ou estrangeiros.

A farmacêutica Pfizer financia os prémios e a Sociedade de Ciências Médicas de Lisboa coordena a avaliação das candidaturas.

A entrega das distinções deste ano, em Lisboa, será antecedida pela conferência "Sociedades inteligentes ou sociedades sustentáveis", a cargo da cientista Elvira Fortunato, 'mãe' do papel eletrónico.

Estudo
A migração a partir da Europa disseminou a principal estirpe da tuberculose existente atualmente, primeiro para a Ásia e depois...

O estudo, publicado no boletim Science Advances, sugere também que a resistência a medicamentos evoluiu de forma diferente em várias regiões, devido a adaptações locais da doença, pelo que o tratamento pode ser mais eficaz se feito individualmente por cada país.

No ser humano a tuberculose é uma doença causada pela bactéria “Mycobacterium tuberculosis”, também conhecida como “bacilo de Koch”, que afeta principalmente os pulmões. Existem sete estirpes sendo a mais disseminada a estirpe quatro.

Segundo a Associação Americana para o Avanço da Ciência, que publica o boletim Science Advances, a investigação envolveu a análise de 1.669 genomas da estirpe mais comum em 15 países, da Europa, África e Américas.

Os investigadores descobriram que o ancestral mais recente da estirpe quatro existia por volta do ano 1096 e que terá tido origem na Europa. A migração no período colonial levou à dispersão da estirpe, com a primeira vaga em direção ao sudeste asiático, começando no século XIII, e a segunda dirigida para África no século XV. Seguiu-se a América, com a chegada dos primeiros colonos europeus, a partir de 1492.

Maioria entra na menopausa por volta dos 50 anos
No dia 18 de Outubro comemora-se a nível internacional um marco de relevância fisiológica e clínica,

A Menopausa define-se particularmente como o dia da data da última menstruação da mulher, e o período seguinte designa-se a Pós-Menopausa.

O diagnóstico pode fazer-se retrospectivamente se a mulher tiver um ano sem menstruar na idade média de tal acontecer ou por avaliação laboratorial.

A idade média da menopausa é entre os 48 - 53 anos, com a maioria das mulheres a entrar na menopausa aos 50-51 anos.

Assim a menopausa pode ser fisiológica se ocorrer nessa idade ou ocorrer antes dos 40 anos, e por isso considerada precoce. Pode ter assim várias etiologias desde idiopática, iatrogénica a tratamentos cirúrgicos, quimioterapia ou radioterapia ou secundária a infecções ou doenças auto-imunes.

Como principais sintomas temos os afrontamentos (sintomatologia vasomotora) que se definem como calores superiores que ascendem, com vasodilatação cutânea da parte superior do tronco, cabeça e pescoço, sensação súbita de calor, sudorese profusa, palpitações, assim como as irregularidades menstruais.

Os outros sintomas intermédios são os sintomas geniturinários, alterações de humor e do padrão do sono. Tardiamente surge a perda de massa óssea, alterações cognitivas e doença cardiovascular.

O alívio da sintomatologia associada passa por alteração do estilo de vida, redução do sedentarismo, incentivo ao exercício, cessação tabágica e redução do consumo de álcool. As mulheres devem ser incentivadas a vestirem-se por camadas de modo a aliviar os calores despindo algumas peças de roupa, assim como frequentarem ambientes frescos e beberem bebidas frias.

As mulheres devem então ser vigiadas regularmente pelo ginecologista e se tiverem indicação iniciar terapêutica hormonal para alívio de 75-80% da sintomatologia vasomotora ou optarem por terapêutica sintomática dirigida a cada uma das queixas.

A terapêutica hormonal instituída perto da menopausa tem um impacto positivo a nível médico a longo prazo no risco cardiovascular e na mortalidade das mulheres.

Aquando da instituição da terapêutica hormonal deve iniciar-se a menor dose possível para controlo da sintomatologia e no maior curto espaço de tempo.

A Menopausa trata-se, quando fisiológica, do fim da fertilidade e de um processo biológico natural e perfeitamente normal da vida da mulher.

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Jovens não estão preparados para as adversidades
O suicídio e a depressão serão os dramas do futuro numa sociedade incapaz de lidar com a adversidade e que requer intervenções...

A iniciativa promovida pela Sociedade Portuguesa de Enfermagem de Saúde Mental junta profissionais ligados à problemática durante dois dias no Instituto Politécnico de Bragança, com a reivindicação de mais investimento na promoção e prevenção em Portugal.

O presidente do Congresso, Carlos Sequeira, alertou que “o suicídio e depressão vão ser um drama no futuro”, que requer “muita intervenção” precoce com os estudos a apontarem já para um aumento das taxas de tentativa de suicídio que o responsável atribui à “dificuldade de as pessoas lideram com a adversidade”.

Carlos Sequeira, que é também investigador da Escola de Enfermagem do Porto, apontou o exemplo do estudo ali realizado junto de estudantes dos 18 aos 24 anos, 40% dos quais consumia “psicotrópicos (ansiolíticos, tranquilizantes, hipnóticos) porque eles não conseguem encontrar estratégias por eles para poder lidar com situações adversas”.

“Nós temos estudantes, por exemplo, que quando a gente lhes diz que estão a fazer uma coisa mal ou que têm uma negativa, se metem na casa de banho a chorar”, observou.

Na opinião do investigador, ao contrário do que acontecia antigamente, as vivências das atuais gerações não lhes proporcionam ferramentas e recursos próprios para lidar com situações adversas.

“E quando são confrontados com o mundo real, a vida tem muitas adversidades (a doença, insucesso) e os jovens de hoje não estão preparados para estas adversidades e, por isso, é que a Organização Mundial de Saúde diz que a depressão vai ser, em 2022, a doença mais incapacitante do mundo”, concretizou.

Carlos Sequeira salientou que “há uma associação grande entre a depressão e o suicídio” e, segundo estudos realizados em alguns países, “o número de suicídios por dia é muito similar aos acidentes rodoviários”.

O que se fez com as campanhas rodoviárias de prevenção, devia ser feito na área da saúde mental, como defendeu, apontando que “não se faz quase nada em Portugal e nem sempre implicaria investimento financeiro”.

“Ao nível da intervenção das pessoas com doença mental, as coisas estão mais ou menos, mas ao nível da promoção e da prevenção faz-se muito pouco e pode-se fazer mais nas escolas, nas empresas, nos centros de saúde”, defendeu.

Trabalhar o autoconceito, a capacidade de resiliência dos jovens, a capacidade de eles lidarem com as emoções, a capacidade de eles estabelecerem relações interpessoais satisfatórias e não estarem 24 no telemóvel, são algumas das propostas.

“Há jovens hoje que não conseguem estabelecer, iniciar um contacto com um estranho, nós notamos isso nos cursos de jovens com 18, 19 anos, que bloqueiam quando estão perante uma pessoa”, observou.

Carlos Sequeira alertou ainda que “hoje as adições das redes sociais, do “online”, são quase tão importante como as outras adições antigas da droga, do álcool” e defendeu que é necessário “começar a trabalhar isto antes que surjam os problemas”.

Baixas doses de radiação
O Hospital do Espírito Santo de Évora (HESE) revelou hoje ser “o único serviço público” de saúde no sul do país com “tecnologia...

Segundo a unidade hospitalar, no âmbito da sua atualização de equipamentos e “hardware”, o Serviço de Imagiologia atualizou o equipamento de TAC, o que permitiu a diferenciação desta tecnologia.

O equipamento possui, agora, “funcionalidades que permitem uma melhoria da qualidade destes exames, ao nível das imagens e da comodidade para os doentes e para os profissionais”, enquanto, em termos da segurança, “esta tecnologia reduz a dose de radiação, monitorizada em tempo real, para proteção do doente”, indicou o HESE.

 

Opinião
Por que razão países europeus com boa capacidade de vacinação, de vigilância epidemiológica e de dia

Apesar de o sarampo reunir as condições para erradicação, pelas características do vírus incluindo a sua transmissão exclusivamente inter-humana e pela disponibilidade de uma vacina eficaz, segura e economicamente acessível, temos assistido ao ressurgimento de epidemias que põem em risco os sucessos já conseguidos por países como Portugal.

O sarampo é uma das infeções mais contagiosas, ou seja, com maior capacidade de gerar casos secundários o que exige elevadas coberturas vacinais para interromper a circulação do vírus e controlar a doença na comunidade através da imunidade de grupo. É, habitualmente, benigno mas pode ser grave e mesmo letal.

Em 1980, antes do uso generalizado da vacina, estimou-se, a nível mundial, 2,6 milhões de óbitos por sarampo. Em 1998, a OMS e UNICEF implementaram medidas e recomendações para a eliminação da doença. Entre 2000 e 2008, a redução da letalidade foi de 75%, contribuindo para 23% da redução da mortalidade infantil (todas as causas) entre 1980 e 2008.

Então, por que razão países europeus com boa capacidade de vacinação, de vigilância epidemiológica e de diagnóstico, têm comprometido o objetivo, sucessivamente adiado, de eliminação do sarampo na Região Europeia?

Verifica-se desde 1998, em alguns países, uma menor confiança na vacina VASPR, após a sua indevida e fraudulenta associação ao aparecimento de colite e de autismo. A cobertura vacinal baixou e os casos de sarampo aumentaram mesmo depois dos estudos que excluíram definitivamente aquela associação.

Apesar dos surtos, a situação epidemiológica atual não é comparável à da era pré- vacinal. Muitos profissionais de saúde na Europa nunca lidaram com um caso de sarampo, o que pode atrasar o diagnóstico, facilitar o contágio, protelar o rastreio dos contactos e a implementação das medidas de controlo. Nesse sentido, os casos que ocorreram em Portugal permitiram a aquisição de maior suspeita diagnóstica para o sarampo.

As últimas grandes epidemias de sarampo em Portugal ocorreram em 1987, com cerca de 12.000 casos notificados e 40 óbitos, e em 1993/1994, com cerca de 3.000 casos notificados. Desde 2003 que não existe sarampo endémico em Portugal. A boa situação epidemiológica portuguesa deve-se a uma consistente aplicação do Programa Nacional de Vacinação (PNV) com coberturas vacinais >95% para as duas doses de VASPR, associada a campanhas e atividades adicionais de vacinação sempre que adequado. Esta taxa elevada de vacinação gerou imunidade de grupo, com proteção adicional dos não vacinados, nomeadamente as crianças de idade inferior a 12 meses, idade em que é recomendada a 1ª dose.

Mas mesmo países com grande investimento na vacinação, com coberturas vacinais elevadas e com eliminação do sarampo certificada pela OMS, podem ter surtos originados em casos importados, como aconteceu em Portugal em 2017 e 2018. Em Portugal verificou-se que cada caso em pessoas não vacinadas gerou um número mínimo de casos, demonstrando que a imunidade da população é elevada. Em populações não vacinadas cada caso de sarampo pode gerar até 18 casos secundários. Os casos que ocorreram em adultos vacinados (que cresceram numa sociedade vacinada e sem doença, ou seja, sem os reforços naturais por contacto com o vírus) foram clinicamente benignos e não geraram cadeias de transmissão, demonstrando que a vacina protege contra as formas graves de doença e tem grande valor em Saúde Pública.

Também os meios de comunicação social e a população acompanharam a evolução da situação, com a maioria das pessoas a defender a vacinação concretizando um dos objetivos estratégicos da OMS 2012: “Que os indivíduos e as comunidades entendam o valor das vacinas e as procurem como um direito e com responsabilidade”.

O movimento antivacinas: quais os "fundamentos"?

As dinâmicas subjacentes à hesitação em vacinar estão intimamente ligadas às estruturas sociais, às representações e às mentalidades. Os movimentos e posturas antivacinais existem desde a 1ª vacina, a vacina contra a varíola. E, no entanto, a varíola foi a 1ª doença a ser erradicada, o que por muitos é considerado o feito mais importante da história da Medicina e a “prova inequívoca do poder da ação coletiva na melhoria da condição humana” (Margaret Chan, Diretora da OMS).

Em Portugal, as coberturas vacinais elevadas indicam que a vacinação é muito bem aceite, mas mesmo alguns dos pais que vacinam os filhos têm dúvidas e têm medos. Devido ao controlo das doenças, decorrente do sucesso da vacinação, esta não é percebida como uma medida preventiva necessária e a sua segurança é questionada. Surgem mitos e inversão da percepção de risco com mais medo das vacinas do que das doenças.

O artigo de Andrew Wakefield, publicado na revista Lancet em 1998, associava a vacina VASPR a colite e autismo, tendo tido ampla divulgação. Em consequência a cobertura vacinal desceu e, em 2003, começaram a registar-se surtos de sarampo no Reino Unido, que rapidamente se estenderam a outros países da Europa. Em 2004 demonstrou-se que o artigo padecia de erros graves na amostra e na análise estatística; muitos estudos posteriores não demonstraram a associação. Em 2004 o Lancet retirou o artigo dos arquivos e em 2010 Wakefield foi excluído do General Medical Council. Em 2013, na região europeia da OMS houve 29.000 casos de sarampo, a maioria dos quais em pessoas não vacinadas.

Na Europa os objetivos de eliminação do sarampo têm sido sucessivamente adiados, havendo muitos países em que a doença ainda é endémica como, por exemplo, a Bélgica, a França, a Itália, a Roménia, a Ucrânia.

A importância da internet é cada vez maior. A liderança dos grupos antivacinais nos países ocidentais é feita por pessoas diferenciadas, classe média ou alta, pais de crianças “lesadas” pelas vacinas, exigindo compensação da indústria ou do Estado ou ainda praticantes de terapêuticas não convencionais. Têm uma estratégia de marketing agressiva através da Internet em que se assumem como não sendo antivacinas, mas a favor de “vacinas seguras”, “decisão informada”, “vacinas verdes” e utilizam nomes neutros, que parecem websites de informação sobre vacinas. Nos sites antivacinais apela-se à emoção, com narrativas que são extremamente poderosas porque causam uma enorme sensação de ameaça pelas vacinas. Referem-se alianças ocultas entre companhias farmacêuticas e Estados (teoria da conspiração). Verifica-se a tendência, muito reforçada pela internet, para atribuir qualquer evento após a vacinação à(s) vacina(s) recebida(s), por exemplo a morte súbita do lactente ou doenças neurológicas que se manifestam no 1º ano de vida em que o timing da primo vacinação permite a coincidência temporal que não é definitivamente uma associação causal.

Assistiu-se também a um aumento, desejado, da literacia em saúde que levou a uma alteração das relações de poder médico/enfermeiro-doente/utente e trouxe novos desafios: os profissionais de saúde deixaram de ser os únicos a tomar decisões e os doentes/utentes querem, e bem, ser sujeitos ativos e participar das decisões em saúde.

Neste cenário, é cada vez maior o problema da confiança no sistema que disponibiliza as vacinas, na competência dos serviços e dos profissionais e nas motivações dos decisores sobre as vacinas que são necessárias.

Há que ter em conta influências de contexto, nomeadamente religiosas (calvinistas do Bible-belt da Holanda) ou filosóficas (antroposofia), ambas sem grande expressão em Portugal. Existem também grupos com uma visão particular do mundo no que refere à saúde, em que as pessoas optam pela medicina não convencional, preferem a “imunidade natural” conferida pelos alimentos, defendem que a boa higiene e os hábitos de vida tornam a vacinação desnecessária ou que as doenças evitáveis pela vacinação são necessárias para o desenvolvimento de um sistema imunitário forte. Na verdade, a melhoria da higiene e acesso a água potável controlaram muitas doenças mas não evitam a circulação dos micro-organismos causadores de doenças evitáveis pela vacinação, nomeadamente as que se transmitem por via aérea. E mesmo com boas condições de higiene, interromper ou diminuir a vacinação pode levar ao reaparecimento de doenças evitáveis pela vacinação, como é o caso dos surtos de sarampo em muitos países europeus.

Nas especificidades da vacina ou da vacinação há várias questões a considerar:

A qualidade dos serviços, a acessibilidade à vacinação e a capacidade do cidadão, como a literacia ou o entendimento da língua, têm grande influência na adesão.

O esquema vacinal, com a administração simultânea de múltiplas vacinas tem sido problemático nalguns países, levando a recorrer a esquemas alternativos, o que pode adiar a proteção e comprometer a imunidade de grupo. Mesmo nas pessoas que aderem à vacinação uma dúvida frequente é a sobrecarga do sistema imunitário. No entanto, o PNV atual, com a quantidade de vacinas que o constitui, confere uma carga antigénica menor, comparativamente ao verificado entre 1965 e 1980, apenas com a vacina antivariólica e a vacina de célula completa contra a tosse convulsa.

A segurança das vacinas é também questionada. Ao contrário dos outros medicamentos, destinados a pessoas doentes, as vacinas são aplicadas a pessoas saudáveis para prevenção de doenças, pelo que a tolerância da sociedade às reações adversas, especialmente em lactentes e crianças, é muito baixa. As vacinas são submetidas a avaliações de segurança e eficácia muito rigorosas. O processo inicia-se com o desenvolvimento pré-clínico, que inclui a identificação dos antigénios relevantes para a vacina e testes de eficácia em tubo e em animais de laboratório. Segue-se o desenvolvimento clínico, com testes em humanos, segundo princípios éticos rigorosos e consentimento informado, que decorre em várias fases:

  • Fase I - Ensaios clínicos em pequena escala, para avaliar a segurança (deteção de reações adversas graves) e o tipo de resposta imunológica;
  • Fase II – Ensaios clínicos maiores e mais prolongados (alguns meses até três anos) para avaliar a eficácia e determinar a melhor dose e o número de doses necessárias para que o candidato a vacina seja efetivo e seguro;
  • Fase III – Ensaios clínicos de larga escala que podem durar alguns anos e decorrem geralmente em vários locais diferentes, para avaliar a eficácia e segurança em condições naturais. Em função dos resultados a vacina poderá ser, ou não, licenciada/comercializada;
  • Fase IV – Também chamada vigilância pós-comercialização. Tem por objetivo detetar reações adversas raras que não tenham sido detetadas antes do licenciamento.
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Mais um caso
Uma terceira pessoa contraiu dengue em Espanha, segundo confirmam as análises realizadas, confirmaram fontes do Ministério da...

Trata-se de uma mulher residente na Comunidade Autónoma de Madrid que já tinha apresentado sintomas da doença e estava à espera da confirmação do diagnóstico, depois de dois membros da sua família terem contraído a mesma enfermidade.

Os três infetados já tiveram alta do hospital onde foram tratados.

Os casos foram detetados em pessoas da mesma família, que estiveram em municípios da província de Cádiz e Murcia durante o período em que poderão ter contraído a infeção, segundo fontes citadas pela à agência Efe.

O dengue é uma doença produzida por um vírus (flavivirus) que geralmente tem efeitos ligeiros e que se transmite por picada de mosquitos infetados, e não de pessoa a pessoa.

Entre os infetados, dois residem em Múrcia (Espanha) e o outro, uma mulher, na Comunidade de Madrid.

O Centro nacional de Microbiologia do Instituto de Saúde Carlos III, em Madrid, confirmou na passada quinta-feira os dois primeiros casos de infeção por vírus de dengue em adultos residentes em Espanha e que não tinham viajado para zonas de risco.

As três pessoas, que começaram a ter sintomas na segunda quinzena de agosto, evoluíram de forma favorável “e atualmente estão de boa saúde”.

O único vetor que pode transmitir o vírus em Espanha é o ‘Aedes albopictus’ (mosquito tigre), muito propagado em Espanha, particularmente no litoral mediterrânico.

 

Alternativa alimentar
Quatro estudantes portugueses vão representar Portugal, na ECOTROPHELIA Europe, uma iniciativa que promove a inovação alimentar...

“Estamos muito atentos às tendências do mercado, e há uma grande tendência em aumentar o consumo de proteína vegetal, em vez do consumo de proteína animal. Por isso, pensamos em adaptar uma refeição tradicional portuguesa a estas tendências”, contou Patrícia Soares, líder da equipa vencedora da edição nacional do Prémio ECOTROPHELIA.

A equipa, composta por três estudantes da Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica do Porto e um estudante da Escola de Economia e Gestão da Universidade do Minho, vai representar Portugal na competição do Prémio ECOTROPHELIA Europe [uma iniciativa que premeia a inovação alimentar], que decorre este fim de semana, na feira internacional SIAL Paris, uma das maiores feiras agroalimentares da Europa.

Ao utilizar produtos nacionais como o feijão, enchidos vegetais (morcela vegetariana e tofu), cogumelos e couve para elaborar esta refeição, os jovens cumpriram o seu objetivo, que segundo Patrícia Soares foi “elaborar uma refeição alternativa ao consumo de carne e de peixe, mas que refletisse todo o seu sabor, textura e alimentos”.

“Tivemos de refletir na escolha dos ingredientes, em quais podíamos utilizar, tivemos de balancear o valor energético, o teor de proteínas e de gorduras, contudo, o nosso grande desafio foi encontrar uma forma de conseguir transmitir o sabor característico da feijoada sem qualquer ingrediente de origem animal”, salientou.

Para a estudante universitária, esta não é “uma refeição exclusiva a vegetarianos”, mas sim “uma refeição que motiva as pessoas a consumirem mais leguminosas”

A equipa, que se encontra “totalmente focada na competição”, não exclui a hipótese de futuramente dar “continuidade a este projeto e adaptar este conceito a outras refeições”.

“Efetivamente, temos a noção de que este não é um projeto que vai ficar por aqui, afinal de contas também gostaríamos de continuar, mas ainda não temos definidas perspetivas”, acrescentou.

No Prémio ECOTROPHELIA Europe competem 17 equipas de estudantes do ensino superior por quatro prémios: ouro no valor de cinco mil euros, prata no valor de três mil euros, bronze no valor de dois mil euros e estratégia de comunicação no valor de 500 euros.

Dieta rica em gordura
Um estudo desenvolvido por investigadoras da Faculdade de Medicina do Porto e do CINTESIS concluiu que uma dieta rica em...

Ou seja, segundo as investigadoras responsáveis por este estudo, que hoje foi apresentado no Porto, “uma dieta rica em gordura pode conduzir a uma alteração da flora intestinal e à forma como esta se relaciona com o metabolismo”.

De acordo com Eva Lau, endocrinologista do Centro Hospitalar do Porto e investigadora da Faculdade Medicina da Universidade do Porto, e Cláudia Marques, do CINTESIS/NOVA Medical School, “várias doenças e mecanismos fisiológicos estão diretamente associados à perturbação do equilíbrio da microflora intestinal – também designada como microbiota”.

As investigadoras da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) e do CINTESIS – Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde analisaram a forma como uma dieta rica em gordura pode influenciar a microbiota e as consequências que podem surgir dessas alterações, com o objetivo de, no futuro, obterem novas abordagens terapêuticas.

Assim, foi possível concluir que, quando comparadas com dietas regulares, estas podem conduzir “a um aumento de reações inflamatórias e, ainda, a uma resistência à ação de insulina, aumentando, assim, o risco associado a pacientes com diabetes tipo 2”.

“Trata-se de uma interação complexa que, quando corretamente explorada, nos permitirá moldar a forma como os tratamentos são administrados, especialmente em casos de obesidade e distúrbios metabólicos”, explicam, salientando o facto de vivermos numa era em que se registam “aumentos significativos nos níveis de obesidade e de distúrbios metabólico”.

Os resultados deste estudo, que foi coordenado pela investigadora Conceição Calhau (CINTESIS/NOVA Medical School), foram hoje apresentados na 10.ª edição do Simpósio em Metabolismo, uma iniciativa promovida pelo departamento de Biomedicina da FMUP que visa promover a troca de conhecimento entre os vários participantes.

Nesta edição, o Simpósio em Metabolismo foi dedicado ao imunometabolismo, tendo sido abordados temas como inflamação crónica, doenças metabólicas, imunidade no cancro e microbiota.

 

«Gravidez Mês a Mês»
Na gravidez e durante a maternidade a pele torna-se mais sensível e mais “fina” e, por isso, os cuid

Para cuidar e prevenir estas alterações, a escolha de produtos a utilizar deve ser ponderada, pois alguns dos seus constituintes podem ser nocivos para a grávida e para o bebé. Assim, deve optar por produtos suaves e hipoalergénicos, evitar fragrâncias intensas, óleos essenciais e substâncias como a hidroquinona, os corticóides, o retinol e os alfa-hidroxiácidos, frequentemente presentes nos cremes anti-envelhecimento e anti-manchas.

O aparecimento de manchas escuras, principalmente no rosto é muito frequente e está associado ao aumento da produção de melanina, o pigmento que dá cor à nossa pele. As situações mais comuns são o “pano da gravidez” (melasma), caracterizado pelo aparecimento de manchas escuras no rosto, e a linha negra, que descreve uma linha vertical escura que atravessa o umbigo. Uma vez que é contraindicado o uso de despigmentantes, a chave é prevenir o aparecimento de manchas com a utilização de protetor solar diariamente.

O ideal será utilizar um fator de proteção elevado, preferencialmente contendo filtros físicos (mineral) que não são absorvidos pela pele e fazem de barreira contra a radiação ultravioleta. Estão disponíveis protetores minerais com cor e sem cor, consoante a preferência.

A hidratação do rosto é também muito importante e deve ser selecionado um produto que se adapte quer ao tipo quer ao estado da pele. Relativamente à sua aplicação deve ser feita diariamente antes do protetor solar e à noite.

Também as estrias são muito comuns na gravidez. Resultam do “esticar” da pele, devido ao aumento de peso. As zonas mais afetadas são a barriga, as nádegas, as coxas e os seios. A altura da gravidez em que surgem estas alterações não é previsível e, habitualmente, não desaparecem após o parto.

Como tal, há cuidados a ter desde o primeiro mês de gravidez para prevenir. A hidratação é fundamental, passando por beber muita água e pela aplicação de um creme ou óleo hidratante com propriedades anti-estrias adaptado a grávida e ao trimestre de gravidez, duas vezes por dia. Assim, na hora de comprar, escolha produtos seguros com substâncias como o óleo de rosa mosqueta, jojoba, karité, abacate, óleo de gérmen de trigo, extrato de centelha asiática. A aplicação destes produtos é tão importante como os “ingredientes” e deve ser feita com uma massagem circular para aumentar a penetração na pele. Estes cuidados devem ser mantidos mesmo depois do bebé nascer.

Mais uma consequência das alterações hormonais é a celulite, difícil de combater durante a gravidez, pois o cuidado anti-celulítico são contraindicados na gravidez devido à presença de cafeína na sua composição. Por isso, deve beber água, fazer exercício físico ligeiro (caminhadas) e esfoliação suave, com massagem circular.

A acne surge como consequência das alterações hormonais, sobretudo durante o primeiro trimestre da gravidez. Para minimizar este efeito, devem utilizar-se produtos de higiene e hidratação do rosto específicos para pele acneica, sem álcool e oil-free. O creme e protetor solar com cor voltam a ser dois aliados para camuflar e minimizar o desconforto associado a esta alteração.

Durante o mês de outubro poderá esclarecer todas as dúvidas quanto a esta fase nos Workshops “Gravidez Mês a Mês” disponíveis na sua farmácia.


Ao longo deste mês, as farmacêuticas Dina Velez, Sandra Santos e Catarina Silva explicam-lhe tudo o que precisa saber sobre os cuidados a ter 

 

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As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
No Porto
O Rastreio Nacional da Voz Artística vai realizar-se, a partir de quinta-feira, no Porto, com o objetivo de “sensibilizar os...

Em declarações, Luís Sampaio explicou que o rastreio, que passa nos dias 18, 19 e 20 de outubro pela Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados da Carvalhosa, no Porto, apesar de ser “dirigido à comunidade artística” é também “aberto a toda a população e aos restantes profissionais que usam a voz como instrumento de trabalho”.

“A voz é o instrumento principal para muitos de nós, portanto, este rastreio é também importante para uma parte significativa da nossa população. Por isso, pareceu-nos útil aderi-lo à comunidade e daí, ser um dia aberto também à população em geral”, salientou.

Com o propósito de dar a “possibilidade aos artistas de terem acesso aos cuidados de saúde específicos e diferenciados”, o rastreio, que conta com o apoio do Ministério da Saúde e da Unidade de Voz do Hospital Egas Moniz - Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental, permite “detetar precocemente doenças do aparelho vocal”, assim como “encaminhar os profissionais para especialistas que os ajudem a proteger a voz”.

“Infelizmente, não temos muito cuidado com a voz porque também não estamos atentos aos cuidados que devemos de ter, e este rastreio tem também esse objetivo, chamar à atenção e sensibilizar para a sua importância”, frisou.

Para Luís Sampaio, o rastreio é “igualmente importante para fumadores”, visto que permite fazer “a deteção atempada” e possibilita uma “intervenção com sucesso” de problemas, como o cancro da laringe.

“Já tivemos casos neste rasteiro que tiveram a triste notícia de que tinham cancro, contudo, acaba por ser uma boa noticia, porque se não tivessem feito o rastreio, este problema poderia vir a ser fatal”, contou.

O Rastreio Nacional da Voz Artística começou a realizar-se em 16 de abril de 2017 e, desde então, já passou pelas unidades de saúde primários do distrito de Vila Real, Bragança, Beja, Portalegre, Faro, Évora, Setúbal, Santarém, Leiria e Viana do Castelo, tendo deixado, segundo o vice-presidente da GDA, “um rasto de sensibilização junto dos profissionais e responsáveis de saúde”.

“Em média, pelos distritos que passamos, conseguimos fazer 70 exames e tivemos diferentes tipos de resultados, desde artistas que ficaram a conhecer melhor o seu aparelho vocal, a pessoas que detetaram anomalias, mas que conseguiram corrigir atempadamente os problemas que tinham. Por isso, é fundamental promovermos a cultura da voz, visto que é uma marca única e que é aquilo que nos distingue e faz parte da nossa personalidade”, acrescentou Luís Sampaio.

PAN
A Assembleia Municipal de Lisboa aprovou ontem por unanimidade uma recomendação do PAN que visa criar uma campanha de...

No documento, o PAN nota que, com a entrada em vigor da lei que proíbe o abate de animais como medida de controlo da população, a esterilização e a adoção passam a ser privilegiadas.

Assim, o partido propõe “a realização anual de campanhas de esterilização de cães e gatos, nomeadamente de famílias em situação de carência económica ou que comprovadamente aufiram baixos rendimentos, e ainda para as associações de proteção animal com sede em Lisboa que não tenham capacidade para prestar cuidados médico-veterinários”.

O PAN pretende ainda “o reforço das campanhas de sensibilização e educação levadas a cabo pelo município, incentivando não apenas a adoção e a esterilização, como a observância de outros deveres, mas também a identificação eletrónica, o registo e os cuidados de saúde e bem-estar animal”.

A recomendação relembra que está em curso “um projeto tendente à necessária ampliação da Casa dos Animais de Lisboa”, mas defende que “a capacidade destes espaços não é inesgotável”, sendo por isso “necessário, por um lado, a realização de campanhas de sensibilização e educação da população, que promovam uma sociedade mais consciente e que não abandone e, por outro, que estas sejam acompanhadas das necessárias campanhas de esterilização, sobretudo dos animais de companhia da população mais vulnerável, contribuindo assim para evitar a reprodução descontrolada de animais de companhia”.

Alimentação
A maior parte dos portugueses, 80%, ignora os prazos de validade dos produtos que compra, o que contribui para o desperdício...

No âmbito do Dia Mundial da Alimentação, que se assinalou ontem, a Comissão Nacional de Combate ao Desperdício Alimentar (CNCDA) organizou uma conferência sobre o tema, na qual o ministro da Agricultura, Luís Capoulas Santos, garantiu que o combate ao desperdício alimentar será também uma prioridade no próximo ano.

Na conferência, Pedro Queiroz, diretor geral da Federação das Indústrias Portuguesas Agro-Alimentares (FIPA), disse que a informação que existe indica que apenas 20% a 30% dos portugueses vê o prazo de validade dos produtos na hora de os comprar, e que apenas 05% olha para a lista de ingredientes, apenas no caso de ter uma preocupação específica.

Depois, acrescentou, a informação não é claramente percetível, entre o “consumir de preferência até” ou o “consumir até”, além de que “o fenómeno das promoções” tem ajudado ao desperdício alimentar, porque leva as pessoas a comprarem grandes quantidades de produtos, havendo mais probabilidade por isso de se gerar desperdício.

E no mundo, um terço dos alimentos é perdido ou desperdiçado, lembrou o coordenador da CNCDA, Eduardo Diniz, referindo também que a produção alimentar tem de aumentar 70% nos próximos 30 anos para fazer face ao aumento da população mundial.

Graça Mariano, subdiretora-geral de Alimentação e Veterinária, que também pertence à CNCDA, lembrou ainda outros números, os 88 milhões de toneladas (20% do que é produzido) que são desperdiçados anualmente na União Europeia, o que representa 173 quilos por habitante, e o milhão de toneladas que em Portugal também é desperdiçado em cada ano, o que representa 96,8 quilos por pessoa.

A Comissão propôs 14 medidas contra o desperdício alimentar, com destaque para campanhas de informação, para formação e para mobilização, sendo exemplo uma campanha lançada ontem pela Direção-Geral do Consumidor como título “Poupe, diga não ao desperdício alimentar”.

Mas evitar o desperdício não é fácil, como ficou patente na conferência, com Susana Leite, pela Associação de Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal a admitir que não é fácil aos restaurantes preverem a quantidade de comida que vão servir. E Pedro Queiroz a adiantar outro dado: “as pessoas raramente veem as condições de utilização e conservação do que compram”.

O Ministério da Agricultura “está empenhado, em todos os seus serviços, na luta contra do desperdício alimentar”, disse no final Capoulas Santos, lembrando que o Ministério foi criado há 100 anos, precisamente “sob a égide da alimentação”.

Changchun Changsheng
A empresa farmacêutica chinesa envolvida no escândalo de vacinas com defeito ocorrido no verão terá de pagar uma multa...

Os serviços de Saúde chineses detetaram em julho um processo de produção ilegal de vacinas contra a raiva num laboratório da província de Jilin, no nordeste da China, e o caso provocou controvérsia junto da opinião pública do país.

A empresa autora do crime, Changchun Changsheng, falsificou registos de produção e modificou parâmetros de fabrico. Quinze pessoas foram detidas.

"O montante total do dinheiro apreendido e das multas infligidas atingirá os 9,1 mil milhões de yuans (1,1 mil milhões de euros)", indicaram em comunicado conjunto a Administração Estatal dos Medicamentos e o Departamento de Controlo dos Produtos Alimentares e Farmacêuticos da província de Jilin, onde se situa a sede do laboratório.

Este montante inclui nomeadamente a apreensão de 1,89 mil milhões de yuans de receitas geradas pela venda das vacinas com defeito.

No comunicado, o laboratório é acusado de ter modificado centrifugadoras, de ter misturado mal as soluções-base durante a produção e ainda de ter "destruído discos duros e provas para esconder os seus atos ilegais".

Um total de 14 dirigentes, entre os quais a presidente do conselho de administração, Gao Junfang, não poderão mais trabalhar na indústria farmacêutica.

A multa anormalmente pesada imposta à Changchun Changsheng surge num contexto de extrema sensibilidade sobre as questões da saúde infantil da opinião pública na China.

Devido à política de redução dos nascimentos, a maior parte dos casais só tem um filho.

Logo no início do escândalo, o Presidente chinês, Xi Jinping, juntou-se aos protestos, condenando as práticas "desprezíveis e chocantes" da empresa farmacêutica.

Em agosto, muitos responsáveis políticos e de organismos de controlo dos medicamentos foram demitidos das respetivas funções, e iniciou-se uma inspeção nacional aos laboratórios de fabrico de vacinas, mas muitos pais dizem que deixaram de ter confiança nas doses produzidas na China.

As autoridades chinesas impõem com alguma frequência multas a empresas culpadas de irregularidades, mas os montantes raramente alcançam mil milhões de euros.

Em março, o organismo que fiscaliza os mercados bolsistas infligiu uma sanção de 5,5 mil milhões de yuans (690 milhões de euros) a uma firma acusada de manipulação de preços.

A subsidiária chinesa da marca automóvel norte-americana General Motors teve de pagar, em 2016, 201 milhões de yuans (25 milhões de euros) por concertação ilegal de preços com concessionários.

No ano anterior, uma ‘joint venture' da McDonald's na China, que fornecia à marca norte-americana de ‘fast food' batatas fritas, foi condenada ao pagamento de uma multa de 566.500 euros por poluição da água.

A gigante farmacêutica britânica GlaxoSmithKline (GSK) teve, em 2014, que pagar três mil milhões de yuans (375 milhões de euros) por corrupção.

Em 2008, um enorme escândalo relacionado com leite em pó para bebés contaminado (seis crianças morreram, mais de 300.000 foram contaminadas) causou grande indignação. A empresa Sanlu, então uma das joias da indústria nacional de laticínios, foi condenada a pagar uma multa de 50 milhões de yuans (6,2 milhões de euros).

Associação ZERO
Brinquedos e acessórios de cozinha e de cabelo feitos com plástico reciclado à venda em Portugal estão contaminados com...

Uma guitarra de brincar analisada em Portugal apresentou, entre mais de 400 amostras, o valor mais alto de éteres difenílicos polibromados, substâncias usadas como retardadores de chamas, refere em comunicado a ZERO, que participou no estudo, que abrangeu 18 países europeus.

Em 430 artigos analisado no total, cerca de um quarto continha químicos perigosos, indica a associação, que pede o fim do duplo critério da União Europeia que "permite que os plásticos reciclados possam conter concentrações mais elevadas de substâncias tóxicas do que os materiais virgens".

A ZERO enviou para análise dois brinquedos e três acessórios de cabelo e todas as amostras tinham químicos tóxicos usados como retardadores de chamas associados aos resíduos eletrónicos, que "estão a chegar ao mercado português em produtos de consumo que incorporam material reciclado".

Se os produtos analisados em Portugal fossem feitos de plástico virgem, dois deles não respeitariam a legislação europeia para a concentração de químicos nesse material.

Os retardadores de chamas bromados afetam a função da tiroide e "causam problemas neurológicos e défice de atenção em crianças", afirma a ZERO, acrescentando que costumam encontrar-se em resíduos de equipamentos elétricos e eletrónicos.

"Estão a contaminar produtos de consumo um pouco por toda a Europa através da reciclagem dos plásticos neles usados", refere a associação.

"É urgente que a UE legisle no sentido de proteger os cidadãos e promover uma economia circular não-tóxica", defende, indicando que os retardadores de chama bromados estão entre as substâncias mais tóxicas conhecidas e que "apenas a União Europeia e cinco países no mundo" admitem isenções para materiais reciclados que as contenham.

Dia mundial da alimentação
Hipertensão arterial e Diabetes continuam a ser fatores de risco ignorados pelos portugueses.

Num estudo recentemente levado a cabo pela Sociedade Portuguesa de Cardiologia, 42% dos inquiridos, numa amostra de 1583 participantes, assume ter excesso de peso, 46% assume ser sedentário, porém, só 19% revela ter uma má alimentação, 22% hipertensão arterial e 8% diabetes, o que nos diz que, a consciência, o conhecimento e a literacia sobre números associados aos fatores de risco para a doença cardiovascular é, ainda, um caminho a trabalhar. Ora se, sabemos que é na má alimentação, à base do consumo de gorduras, açúcar e sal, que está uma das maiores causas para o desenvolvimento da diabetes e da hipertensão arterial, e se 42% dos inquiridos nos diz que pratica uma má alimentação, temos um dado indicativo do risco associado a estas patologias maior do que aquele que é revelado pelos participantes.

Já há quem designe o século XXI como “o século tamanho XXL”. A verdade é que, de acordo com os dados relativos ao consumo alimentar da população portuguesa, obtidos através do Inquérito Alimentar Nacional e apresentados no relatório anual do consumo alimentar e do estado nutricional apresentado pelo Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável, da Direção-Geral da Saúde, é possível concluir que o consumo de bolos, doces, bolachas, snacks salgados, pizzas, refrigerantes, néctares e bebidas alcoólicas representam cerca de 21% do consumo total. Ora, estes alimentos têm, invariavelmente, sal e açúcar em excesso!

No Dia Internacional da Alimentação, a Sociedade Portuguesa de Cardiologia alerta para a importância de monitorizar a ingestão de sal e açúcar na alimentação. Um dos grandes desafios da política alimentar e nutricional portuguesa, para os próximos anos, será devolver a tradição alimentar mediterrânica ou uma adaptação. O programa nacional para as doenças cérebro-cardiovasculares destaca, como um dos objetivos a atingir em 2020, a redução do consumo de sal, 3-4% ao ano.

Impacto da redução do consumo de açúcar e sal na saúde cardiovascular:

Em Portugal, a obesidade infantil, apresenta números elevados face à média europeia, e a obesidade em idade adulta continua a aumentar, constituindo um dos principais problemas de saúde pública com o qual Portugal terá que lidar nos próximos anos.

Cerca de 14% das crianças portuguesas, entre os 7 e 9 anos de idade, são obesas. Nos adultos, a prevalência da obesidade é de 22%, a nível nacional, sendo superior no sexo feminino e com maior expressão nos indivíduos idosos. Relativamente ao excesso de peso, também designado de pré-obesidade, tem uma prevalência de 35%.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), reduzir a ingestão de açúcar para menos de 10% e ingerir menos de 5g de sal por dia, são hábitos alimentares que designam uma dieta saudável e que reduzem o risco de obesidade, de hipertensão, de diabetes e, consequentemente, de doença cardiovascular.

Além do sal (ou cloreto de sódio) que adicionamos à comida, há que ter em atenção que muitos dos alimentos que já têm um elevado teor de sódio. Por exemplo, por cada 100 gramas, o leite tem 50 miligramas de sódio, os ovos 80 e o pão 250. Os níveis de sódio elevados associam-se a um aumento do risco cardiovascular, sublinha a OMS.

Neste dia, a Sociedade Portuguesa de Cardiologia deixa um desafio: Controle e monitorize o que come e bebe, porque o SAL E AÇÚCAR, em excesso, são DOIS INIMIGOS DO CORAÇÃO! Não deixe nas mãos de terceiros o que consome e escolha com cuidado os alimentos que compra para a sua casa e para a sua família.

Dia Mundial da Coluna
No dia em se assinala o Dia Mundial da Coluna (16 de outubro), damos-lhe alguns exemplos de cuidados

O que é a coluna vertebral?

A coluna vertebral é constituída por 26 ossos, discos entre eles e um conjunto de articulações, músculos e ligamentos que a sustêm e permitem mantermos a postura erecta e proteger o encéfalo e medula. Divide-se em cinco regiões e destas três são mais rígidas e nascem connosco (coluna dorsal, sagrada e coccígea) e as outras duas (cervical e lombar) que durante o crescimento invertem a curvatura de modo a que possamos olhar para o mundo à nossa volta e caminhar.

Alguns cuidados:

  1. Estar sentado implica uma adaptação da curva da coluna a uma posição diferente e menos confortável do que em pé. Quando estamos sentados, a pélvis roda para trás, a inclinação sagrada (relação do osso sacro com o plano vertical) diminui e a curvatura lombar também. Nesta posição, ocorre um aumento de pressão nos discos intervertebrais, tornando-se mais provável a dor lombar. Para a evitar, coloque-se de modo a que o peso do tronco seja mais suportado sobre as coxas do que sobre a região isquiática (zona do osso ilíaco).
  2. Escolha uma cadeira com dimensões apropriadas para o seu corpo. O assento deve ser suficientemente firme e profundo para suportar as coxas sem forçar o ângulo posterior dos joelhos
  3. Mantenha também o monitor do computador ao nível dos olhos e os cotovelos à altura da mesa.
  4. O apoio lombar na cadeira é favorável desde que acompanhe a curvatura da coluna e permita que o peso seja suportado sobretudo pela coxa.
  5. Faça intervalos frequentes, por exemplo de 50 em 50 minutos para aliviar a tensão acumulada, levante-se e dê alguns passos.
  6. Procure ajustar a altura da cadeira de modo a que os pulsos e antebraços estejam ao mesmo nível do teclado. Use um tapete para o rato do computador que tenha suporte para o pulso.
  7. Faça alongamentos diários, sobretudo ao nível dos braços, pescoço e costas. Uma das melhores defesas para suportar vícios de posicionamento ou muito temo numa procissão é ter músculos fortes.
  8. Caso precise de transportar objetos pesados, segure-os junto ao corpo e tente dividir a carga equilibradamente. Ao levantar um objeto, procure fletir as pernas, mantendo as costas direitas e a cabeça em posição neutra ou até ligeiramente para trás.
  9. Quando estiver sentado use um apoio para os pés e alterne esse apoio.
  10. Pratique desporto regularmente.
  11. Mantenha uma alimentação cuidada para evitar ganhos de peso, que aumentam a carga sobre a coluna e articulações de carga (anca, joelhos…)
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As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Estudo
Mais de metade (54%) dos doentes operados à coluna nos hospitais do Serviço Nacional de Saúde entre 2011 e 2016 são mulheres,...

“A patologia incapacitante da coluna parece afetar sobretudo o sexo feminino e em idade ativa, com cerca de 54% das cirurgias entre 2011 e 2016 realizadas em mulheres”, afirma Manuel Tavares de Matos, presidente da Sociedade Portuguesa de Patologia da Coluna Vertebral (SPPCV) que, a par da Sociedade Portuguesa de Neurocirurgia (SPNC) e da Sociedade Portuguesa de Ortopedia e Traumatologia (SPOT), foi uma das promotoras deste estudo.

Os dados revelam também que metade dos doentes operados entre 2011 e 2016 (55%) são doentes em idade ativa no momento da cirurgia. “As patologias de coluna são altamente incapacitantes e fonte de um decréscimo de qualidade de vida dos doentes. O tratamento cirúrgico pode promover o mais rápido retorno à atividade deste grupo com evidentes ganhos não só psicossociais, mas também económicos” explica Manuel Tavares de Matos.

Este primeiro estudo sobre cirurgia à coluna nos hospitais públicos portugueses analisou dados de 2011 a 2016, com o objetivo de avaliar tendências e conhecer a realidade nacional e regional, “para que possam ser identificadas as políticas de saúde necessárias nesta área”, explica Paulo Pereira, Presidente da Sociedade Portuguesa de Neurocirurgia.

Os três procedimentos com maior taxa de realização são as artrodeses (46%), as discectomias (27%) e as descompressões (22%), facto que se justifica “por refletirem o tratamento das patologias da coluna mais frequentes. Os outros procedimentos são mais diferenciados ou específicos de outras patologias menos comuns”, explica Manuel Tavares de Matos.

O estudo mostra que no período temporal de 2011 a 2016 os hospitais públicos portugueses trataram 42.750 doentes. Destes, 46% tiveram lugar no Norte do país. “Estes dados espelham um maior número de acidentes de trabalho na região Norte do país, onde o trabalho no setor secundário é causa comum de hérnias discais agudas”, explica Nelson Carvalho, Coordenador da Secção de Coluna da Sociedade Portuguesa de Ortopedia e Traumatologia.

A região de Lisboa e Vale do Tejo ocupa o segundo lugar, com 37% dos procedimentos, seguindo-se o Centro, com 15% das cirurgias, o Alentejo e Algarve, onde o Serviço Nacional de Saúde (SNS) registou apenas 2% das cirurgias. “As assimetrias geográficas não são exclusivas do nosso país, mas neste estudo em particular as taxas reais de cirurgia podem estar a ser muito influenciadas pela oferta do setor privado, uma vez que o estudo só contabiliza dados de cirurgias no SNS”, explica Paulo Pereira. Já Manuel Tavares de Matos acrescenta que “em algumas regiões as taxas de procedimentos, francamente abaixo da média, podem explicar-se pela eventual escassez de recursos técnicos para a sua execução e também pelas dificuldades dos colegas de Medicina Geral e Familiar em referenciar as patologias da coluna”.

As taxas de procedimentos muito acima da média registam-se particularmente junto de centros de tratamentos, o que se poderá explicar “pela proximidade geográfica aos centros, já que as cirurgias à coluna podem representar procedimentos invasivos e com período de internamento prolongados, o que pode afastar os doentes que residem mais longe dos centros tratamento”, explica Nelson Carvalho.

“Faltam guidelines sobre cirurgia de coluna”, acrescenta o presidente da SPNC, sublinhando que “são necessários protocolos de orientação e referenciação dos doentes e políticas de saúde, alinhadas com a necessidade da população e os recursos disponíveis, para que cada doente com uma patologia da coluna possa ter a orientação mais adequada à sua situação”.

A acrescentar às linhas orientadoras para os tratamentos, a aposta em planos de formação para os cirurgiões é outra das recomendações das sociedades médicas envolvidas no estudo.

Os dados analisados refletem os procedimentos de artrodeses, artroplastias, discectomias, fixações dinâmicas, vertebroplastias, cifoplastias e descompressões realizados nos hospitais do SNS entre 2011 e 2016. O estudo foi elaborado pela IASIST, uma entidade privada independente que se dedica à realização de estudos de benchmarking na área das organizações prestadoras de cuidados de saúde.

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