Estudo
Cerca de dois terços de uma amostra de pessoas com mais de 65 anos, residentes em Portugal, avalia o seu estado de saúde como...

Os resultados são de um estudo de Maria Piedade Brandão, docente da Escola Superior de Saúde da Universidade de Aveiro (ESSUA) e investigadora do CINTESIS – Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde e de Margarida Fonseca Cardoso, do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS). 

O trabalho analisou e comparou as perceções das ameaças à saúde e ao bem-estar entre os idosos de Portugal e da Polónia, dois países europeus que estão abaixo da média em medidas como o rendimento e a riqueza.

De acordo com as investigadoras, 69,2 por cento dos idosos portugueses classificaram o seu estado de saúde como razoável ou mau e 66,5 por cento dos idosos polacos disseram o mesmo. No nosso país, o género e o estado civil estão relacionados com as suas perceções nesta área. Assim, as mulheres têm mais tendência para avaliarem a sua saúde como razoável ou má, enquanto as pessoas viúvas têm mais tendência para se considerarem não saudáveis.

Nos dois países, não ter dinheiro suficiente até ao fim do mês aumenta a probabilidade de percecionar o seu estado como não saudável. Entre a amostra portuguesa, cerca de um quarto dos idosos declararam chegar ao final de cada mês sem dinheiro para as suas despesas, uma percentagem superior à encontrada na Polónia (14,8 por cento). O estudo refere o baixo grau de instrução entre os mais velhos como uma das possíveis explicações para esta disparidade.

Entre as variáveis analisadas, a dor está presente em mais de 80 por cento dos idosos estudados que se dizem não saudáveis. Feitas as contas, conclui-se que os idosos portugueses com dor têm um risco nove vezes maior de reportar um estado de saúde razoável ou insatisfatório.

Também a falta de ar durante atividades do dia a dia e problemas mentais, como a solidão e a perda de memória, estão claramente associadas a perceções mais negativas sobre o estado de saúde e bem-estar. A solidão é mesmo uma das mais importantes ameaças a ter em conta. Segundo este estudo, 71,9 por cento dos idosos avaliados que não se consideram saudáveis, dizem que se sentem sós e mais de metade dos que se consideram saudáveis referem este sentimento.

Com um total de 480 adultos acima dos 65 anos de idade (247 portugueses e 233 polacos), este estudo vem demonstrar que problemas de visão, dor, perda de memória, dificuldade em respirar e solidão são ameaças à perceção da saúde e do bem-estar por parte dos idosos dos dois países, apesar das diferenças sociodemográficas existentes entre eles.

Para Maria Piedade Brandão, estes resultados poderão ajudar a detetar, prevenir e combater as principais ameaças associadas ao envelhecimento, assim como poderão contribuir para o desenvolvimento de estratégias de saúde a nível nacional e europeu.

Dados da OCDE – Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico indicam que os idosos com mais de 65 anos representam já mais de 20 por cento da população portuguesa. Na Polónia, essa percentagem é de 15 por cento.

Estudo
O recurso a bactérias e fungos para aumentar a resiliência das plantas às alterações climáticas e reduzir o uso de agroquímicos...

A investigadora do Centro de Ecologia Funcional da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) Inês Rocha desenvolveu e testou “um método simples que usa bactérias e fungos, em separado ou de forma combinada, para aumentar a resiliência das plantas às alterações climáticas e, em simultâneo, reduzir o uso de agroquímicos”, anunciou hoje aquela faculdade.

O método, desenvolvido no âmbito da tese de doutoramento de Inês Rocha, orientada por Rui Oliveira, consiste essencialmente em “inocular plantas com bactérias presentes na rizosfera (na zona da raiz) e fungos micorrízicos”, explica a FCTUC, numa nota enviada hoje à agência Lusa.

“Estes dois tipos de micro-organismos possuem diferentes mecanismos de ação direta na planta”, através, designadamente, da absorção de nutrientes e do fornecimento de água ou por ação indireta (protegendo a planta de pragas ou melhorando a estrutura do solo, por exemplo).

O processo de inoculação traduz-se por “incorporar micro-organismos que promovam o crescimento das plantas de uma forma mais resistente, permitindo a sua sobrevivência independentemente da degradação ambiental”, refere a FCTUT.

Até obter uma “fórmula eficiente e sustentável” – sublinha a FCTUC –, este estudo compreendeu várias fases, entre as quais a “identificação de micro-organismos promotores de crescimento vegetal em culturas agrícolas e a seleção de fungos e bactérias com o potencial mais elevado para garantir o sucesso do método”.

Os resultados obtidos até agora “são promissores, demonstrando vantagens na aplicação do método desenvolvido”, afirma Inês Rocha.

“Nos ensaios de avaliação do stress hídrico, as bactérias tiveram um efeito positivo no rendimento da cultura e os fungos foram responsáveis pelo aumento da absorção de nutrientes”, acrescenta a investigadora, citada pela FCTUC.

Já nos testes de fertilização, em que as plantas inoculadas foram cultivadas com quantidades reduzidas de fertilizantes químicos, verificou-se “um aumento de biomassa e de nutrientes”, revela a mesma nota da FCTUC, adiantando que “a próxima fase passa por avaliar o comportamento das plantas em cultivo ao ar livre, em campos agrícolas”.

Com o problema das alterações climáticas, “esta abordagem apresenta-se como uma solução eficiente e de baixo custo para promover uma agricultura sustentável através da redução do uso de agroquímicos e do aumento da sobrevivência das plantas face a stresses ambientais, como os problemas das secas, inundações e salinização dos solos”, sublinha a investigadora da FCTUC.

O projeto, iniciado em 2015, é financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia.

Estudo
A maioria dos portugueses já ouviu falar em psoríase, mas há ainda mitos associados à doença que importa desmistificar, revela...

Os mais de 400 questionários realizados pela PSOPortugal, uma associação que defende, apoia e dá voz aos doentes de psoríase, revelam que 72% dos inquiridos conhece ou já ouviu falar sobre a psoríase, ainda que mais de um em cada dez continue a acreditar que esta se trata de um problema contagioso.

De acordo com o mesmo estudo, escreve o Sapo, 86% dos inquiridos revelou saber que esta é uma doença que não tem cura, com 2% a acreditar que se trata de um problema potencialmente mortal.

Para além destes dados, serão ainda apresentados os resultados de um estudo que avalia os principais impactos da doença na qualidade de vida de quem dela sofre.

Os olhares de terceiros
Um outro estudo intitulado "My Dear Diary: A minha vida com Psoríase", que recolheu, ao longo de 28 dias, as referências dos doentes em vários domínios, fica clara a importância deste problema: 58% do total de registos recolhidos (280) apresentam referências negativas à doença, aos quais se juntam mais de um terço (36%) de registos que dão conta dos "olhares de terceiros" associados à psoríase.

Ainda que prevaleça o otimismo entre os doentes, com 50% a revelarem uma atitude "construtiva/positiva" face à doença, ao todo, três em cada dez pessoas com psoríase (30%) apresentam uma atitude "instável" perante o problema, mais negativa do que positiva, com 20% a revelarem-se "conformados", demonstra esta investigação também da PSOPortugal.

O que é a psoríase?
A psoríase, doença que afeta cerca de 250 mil pessoas em Portugal, é uma doença crónica da pele, não contagiosa, que pode surgir em qualquer idade.

Caracteriza-se geralmente, pelo aparecimento de lesões vermelhas, espessas e descamativas, habitualmente nos cotovelos, joelhos, região lombar e couro cabeludo. Nos casos mais graves, estas lesões podem cobrir extensas áreas do corpo.

"Sendo uma doença pouco conhecida, é necessário informar e desmistificar quem lida com ela direta e indiretamente", alerta a PSOPortugal em comunicado.

Estudos revelam
Todos os anos há 6 mil novos casos de cancro da mama em Portugal, mas nem tudo são más noticias.

Apesar da elevada incidência de cancro da mama em Portugal, os últimos estudos científicos publicados pela revista Lancet colocam-nos no pelotão da frente em relação às taxas de sobrevivência na Europa. No topo da tabela, escreve a TSF, Portugal surge ao lado de países como a Suécia e a Noruega. Neste Dia Nacional de Prevenção do Cancro da Mama os especialistas lembram que a prevenção e o diagnóstico precoce continuam a ser as melhores armas na luta contra a doença.

"É um dado muito importante que os portugueses devem saber porque, em Portugal, esta doença está a ser devidamente tratada, corretamente diagnosticada e as medidas de rastreio e sensibilização pública estão a ser adequadas", garante o oncologista Joaquim Abreu de Sousa.

O oncologista, que é também coordenador da Clínica de Mama do Instituto Português de Oncologia (IPO) do Porto, considera que Portugal está no caminho certo e que a taxa nacional de sobrevivência, ao fim de cinco anos de diagnóstico, é muito positiva. "Estamos a falar de uma taxa de sobrevivência global de 85% aos cinco anos. São notícias muito boas, que devem servir para encorajar as pessoas a continuarem alerta, a terem consciência de que é uma doença que se pode tratar."

E se há fatores de risco que podem ser corrigidos, como o consumo de álcool e a falta de exercício físico, há outros mais difíceis que é preciso não esquecer, como a idade da primeira menstruação, a idade da menopausa, o número de gestações, a idade da primeira gestação, o uso de anticoncecionais orais, o uso de terapêuticas hormonais de substituição, entre outras.

Função pública
No final de 2017 havia mais de 54 mil aposentados que não descontavam por terem pensões inferiores ao salário mínimo. Isenções...

A subida do salário mínimo tem vindo a influenciar o número de aposentados isentos de descontar para a ADSE que, no ano passado, atingiu um valor recorde. Em 2017, 54.112 beneficiários estavam dispensados de fazer o desconto mensal para beneficiarem do sistema de assistência na doença da função pública por terem uma pensão inferior ao salário mínimo, o número mais elevado desde que esta isenção foi criada e um aumento de 14,7% em relação ao ano anterior.

Os números a que o jornal Público teve acesso mostram que a evolução dos aposentados titulares isentos de contribuições tem vindo a aumentar a um ritmo significativo. Em 2014, havia 42.218 isentos; no ano seguinte o número aumentou 2,7% (para 42.342 pessoas) e, desde então, o ritmo de crescimento tem vindo a acelerar. Em 2016, o número de aposentados isentos cresceu 11,4% (para 47.173) e, em 2017, a subida foi de 14,7%, totalizando 54.112 pessoas. Em 2018, os dados mais recentes a que o jornal Público teve acesso dão conta de cerca de 57 mil pensionistas isentos de descontos.

Esta evolução deve-se em grande parte à subida do salário mínimo nacional que é usado como referência para determinar se os aposentados têm ou não de fazer o desconto mensal de 3,5%. Na prática, e de acordo com a lei, os aposentados ficam dispensados de pagar se, após o desconto, a sua pensão ficar abaixo da remuneração mínima. Ora, como o salário mínimo tem vindo a aumentar de forma significativa – em 2017 estava nos 557 euros, em 2018 nos 580 euros e, em 2019, chegará aos 600 euros – isso faz com que mais aposentados preencham o critério e sejam dispensados de contribuir.

Quando esta isenção foi criada, em 2006, os organismos públicos ainda financiavam o sistema de assistência na doença dos funcionários e aposentados do Estado. O problema, como tem alertado o Conselho Geral e de Supervisão (CGS) da ADSE, é que desde 2015 são os beneficiários que financiam o sistema, estando a suportar uma política de ação social que deveria ser da responsabilidade do Orçamento do Estado.

Nas auditorias à ADSE, o Tribunal de Contas já tinha alertado para o problema e, desde 2015, os 30 a 40 milhões que estas isenções representam são contabilizadas como dívida do Estado ao sistema.

“As isenções devem manter-se, mas não faz sentido que sejam os restantes beneficiários a financiar uma medida de ação social que devia ser responsabilidade do Estado”, lembra Eugénio Rosa, vogal do conselho diretivo do instituto que gere a ADSE indicado pelos beneficiários.

O assunto tem sido recorrente nos pareceres do CGS (onde estão representados beneficiários, sindicatos e membros do Governo). No parecer de Novembro de 2017, este conselho concorda que a isenção de desconto para os aposentados com pensões inferiores ao salário mínimo deve manter-se. “Todavia, esta é uma medida clara de solidariedade pelo que, analogamente ao que acontece com Regime não Contributivo da Segurança Social, o seu custo deve ser suportado pelo Orçamento de Estado”, acrescenta.

A 10 de Maio de 2018, o assunto voltou a ser abordado pelos conselheiros que consideravam que “não é aceitável a recusa do Estado em subsidiar as contribuições dos atuais isentos, tanto mais que apenas se propôs um valor de cerca de 40 % do total das despesas com estes beneficiários (13 milhões de euros a pagar pelo Estado e mais de 17 milhões de euros pagos pelos restantes beneficiários da ADSE)”.

Em Agosto, quanto se pronunciou sobre o orçamento da ADSE para 2019, o CGS deu nota positiva ao facto de estar prevista uma receita de 13,8 milhões de euros, a transferir pela Caixa Geral de Aposentações, para financiar a proteção dos reformados com rendimentos mais baixos.

Mas essa solução, segundo José Abraão, representante da Federação de Sindicatos da Administração Pública no CGS, não é suficiente. “O Orçamento do Estado tem de assumir as responsabilidades passadas, desde que a ADSE passou a ser financiada pelos descontos dos seus beneficiários, e futuras”, desafia.

Neurociências
O investigador Henrique Veiga-Fernandes, do Laboratório de Imunofisiologia do Centro Champalimaud, conquistou um prémio de 1,5...

É a primeira vez que este prémio é atribuído a um investigador em Portugal, afirma a Fundação Champalimaud em comunicado.

O prémio Allen Distinguished Investigator foi atribuído pelo trabalho desenvolvido sobre a forma como o sistema nervoso e o sistema imunitário interagem no corpo humano para o proteger das infeções.

Veiga-Fernandes realizou “estudos pioneiros que lhe permitiram identificar, com a sua equipa, unidades de células neuroimunes em diversas partes do corpo”, incluindo o intestino, os pulmões, a gordura e a pele, segundo a instituição.

“Trata-se de regiões especializadas onde os neurónios e células imunitárias se juntam e comunicam de forma a influenciar a maneira como o organismo responde a ameaças exteriores tais como vírus e bactérias”, explica a fundação.

O montante do prémio destina-se a um projeto a três anos e financiará o desenvolvimento de duas novas técnicas que permitirão medir como se processa a interação e comunicação celular.

Os cientistas vão criar marcadores fluorescentes especiais para ver quais são os neurónios que interagem com certo tipo de células imunitárias e desenvolver “uma etiqueta” específica para seguir certas células e ver o que acontece depois de terem interagido com neurónios.

“Estas técnicas deverão fornecer novas pistas sobre a forma como os neurónios influenciam diretamente o sistema imunitário”, esperam os cientistas.

Henrique Veiga-Fernandes é investigador principal no Centro Champalimaud, estudou medicina veterinária em Lisboa e em Milão, doutorou-se em Imunologia em Paris e fez o pós-doutoramento em Londres.

Em 2009, regressou a Portugal para fundar o seu próprio grupo de investigação no Instituto de Medicina Molecular, em Lisboa.

O prémio, de periodicidade anual, destina-se a financiar pesquisas de “excepcional criatividade e impacto potencial”, destacando ideias e esforços pioneiros, em áreas de fronteira, com um impacto transformador em biomedicina.

Os galardoados foram escolhidos por Paul Allen e um grupo de conselheiros científicos. Desde 2010 (incluindo esta última edição) foram atribuídos 69 prémios.

Além de Veiga-Fernandes, foram também seleccionados nove cientistas a trabalhar em oito projectos nos EUA e Canadá. Os projectos – nas áreas do linfoma, das neurociências, do sistema imunitário, do envelhecimento, do desenvolvimento e da biologia fundamental – recebem um total de 13,5 milhões de dólares (11,9 milhões de euros).

Tudo o que precisa saber sobre a doença
Estima-se que uma em cada 9 mulheres desenvolverá cancro da mama ao longo da vida, se viver até aos

Dados epidemiológicos

Em 2018, a nível Mundial, o cancro da mama é a 2ª neoplasia mais comum, com 2 088 849 (11.6%)/18 078 957 novos casos de cancro, sendo a 5ª causa de morte por cancro. Nas mulheres, o cancro de mama é a neoplasia mais diagnosticada com 2 088 849 (24.2%) / 8 622 539 novos casos de cancro, sendo responsável pelo maior número de mortes por cancro.

Em 2018, em Portugal, o cancro da mama é a 2ª neoplasia mais comum com 6974 (12%)/58 199 novos casos de cancro, sendo a 4ª causa de mortalidade por cancro. Nas mulheres é a neoplasia mais diagnosticada com 6974 (27.1%)/25 724 novos casos de cancro, e a 2ª neoplasia responsável pela mortalidade por cancro. 

Fatores de risco

A causa para o desenvolvimento desta neoplasia é multifatorial, ou seja, não se prende apenas com um fator de risco, mas sim com vários, destacando-se alguns como:

  • idade avançada
  • obesidade (IMC > 30)
  • inatividade física
  • consumo excessivo de álcool
  • história familiar de cancro de mama
  • tempo de exposição a estrogénios prolongado (primeira menstruação precoce ou menopausa tardia, primeira gravidez após os 30 anos de idade ou nunca ter engravidado, o uso de terapêutica hormonal de substituição)

Cancro de mama hereditário

Alterações genéticas hereditárias aumentam o risco de cancro de mama. Mulheres e homens com mutações nos genes BRCA1 e BRCA2 apresentam elevado risco de desenvolverem cancro da mama ao longo da vida e em idades mais jovens. Contudo, estas mutações são raras e apenas 5 a 10% das doentes com cancro da mama apresentam estas alterações hereditárias.

Alguns exemplos de apresentações que podem estar mais associadas a hereditariedade são: o cancro de mama no homem, o diagnóstico de cancro da mama abaixo dos 30 anos de idade, o diagnóstico de cancro de mama e ovário na mesma pessoa, 3 ou mais casos de cancro da mama na família em familiares mais chegados, o diagnóstico de um determinado subtipo de cancro de mama (triplo negativo) abaixo dos 50 anos de idade.

Prevenção

5 Passos e 2 ações podem ajudar na prevenção do cancro da mama:

  1. Manter peso corporal saudável
  2. Manter estilo de vida ativo
  3. Limitar o consumo de álcool
  4. Amamentar se possível
  5. Pesar os riscos e benefícios do tratamento hormonal para os sintomas da menopausa

+ Ter consciência de alterações que podem ocorrer na sua mama

+ Consultar o médico assistente para obter informação sobre a realização de exames de rastreio (ecografia mamária e mamografia)

Sintomas e sinais

Os sintomas e sinais que podem fazer suspeitar da presença desta doença são:

  • Aparecimento de um nódulo, espessamento ou alteração de novo na mama que não desaparece ou aumenta ao longo do tempo. 80 a 90% dos nódulos não são cancro;
  • Inversão do mamilo de novo;
  • Corrimento através do mamilo;
  • Desenvolvimento de pele casca de laranja com sinais inflamatórios.

O diagnóstico, estadiamento e tratamento do cancro da mama é multidisciplinar, ou seja, envolve discussão em equipa composta por clínicos de várias especialidades, nomeadamente: Oncologia Médica, Imagiologia, Senologia (Cirurgia da Mama), Anatomia-patológica, Medicina Nuclear, Radioterapia.

Diagnóstico

Na presença de características clinicas suspeitas os exames a realizar são: ecografia mamária e mamografia. Em caso destes exames revelarem alterações suspeitas de cancro, procede-se à biópsia (colheita de tecido), cuja análise ao microscópio (exame anátomo-patológico) define o diagnóstico. A realização de ressonância magnética só toma lugar em caso de suscitarem dúvidas na ecografia ou mamografia. 

Tipos

Existem pelo menos 5 subtipos diferentes de cancro da mama. Este subtipo é definido por marcadores que são realizados na análise anatomo-patológica da biópsia – recetores hormonais, HER2, ki 67%. A definição do subtipo de cancro de mama é essencial para definir o plano de tratamento oncológico. 

Estádio

O estádio descreve a extensão do cancro, ou seja, se está localizado apenas na mama e/ou nos gânglios da axila – estádio precoce – ou se atinge também outros órgãos à distância – estádio avançado. A classificação TNM (T-tamanho do tumor, N-gânglios linfáticos na axila, M-metástases à distância) é a utilizada a nível mundial. O estádio pode variar entre 0 e IV. Quanto mais avançado o estádio, pior o prognóstico.

Estadio 0 – tumor não invasivo (in situ)

Estadio I – tamanho do tumor primário >/= 2 cm, sem afetar os gânglios linfáticos axilares

Estadio II – tamanho do tumor >2cm e <5cm, podendo os gânglios linfáticos axilares estarem afetados

Estadio III – tamanho do tumor >5cm ou envolvimento de gânglios linfáticos axilares

Estadio IV – o tumor da mama espalhou-se para outros órgãos ou gânglios linfáticos longe do seu local de origem (ex.: fígado, pulmão, osso...)

Tratamento

O tratamento do cancro da mama deve ser individualizado caso a caso e depende principalmente do estádio da doença e do subtipo de cancro da mama.

ESTÁDIOS INICIAIS

Cirurgia

Nos estádios iniciais em que o tumor está contido na mama e/ou gânglios linfáticos da axila, a cirurgia é o componente mais importante do tratamento e normalmente é a terapêutica inicial. O objetivo é sempre conseguir uma cirurgia que conserve a mama afetada – cirurgia conservadora. Em alguns estádios iniciais pode ser necessário iniciar tratamento por quimioterapia de forma a conseguir reduzir o tumor de forma a atingir uma cirurgia conservadora da mama. Em casos mais particulares não é possível conservar a mama, por exemplo, quando há vários focos de tumor em todos os quadrantes da mama.

Tipos de cirurgia da mama

Tumorectomia – remove o tumor e uma pequena margem de tecido normal envolvente. A esta cirurgia segue-se Radioterapia de forma a prevenir que o tumor volte na mama que ficou conservada.

Mastectomia – remove a mama toda.

Normalmente o primeiro local para onde o cancro de mama se espalha são os gânglios linfáticos que se encontram na região da axila do mesmo lado da mama afetada. Nesta fase o tumor ainda é operável.

Tipos de cirurgia dos gânglios da axila:

Biópsia do gânglio sentinela – neste procedimento é injetado um contraste na mama, antes da cirurgia, que ajuda o cirurgião a identificar os gânglios que possam estar afetados pela doença. É feita a análise ao microscópio. Se não houver gânglios linfáticos que contenham doença não é necessário remover mais gânglios linfáticos, poupando, assim, a doente ao esvaziamento axilar.

Esvaziamento axilar – reservado para as situações em que haja gânglios linfáticos na axila afetados pela doença. Quando estes gânglios linfáticos são removidos podem surgir sequelas normalmente irreversíveis como: a drenagem dos líquidos nessa zona fica comprometida o que aquando dos esforços repetidos pode levar ao chamado linfedema (aumento do volume do braço); dificuldade em determinados movimentos do braço, dor ou sensação de formigueiro. Nestes casos é essencial o exercício da fisioterapia.

A necessidade de realizar Radioterapia, Quimioterapia e/ou Hormonoterapia é normalmente decidida baseada na informação da análise ao microscópio da peça obtida na cirurgia.

Radioterapia 

A Radioterapia é um tratamento local (dirigido à mama e/ou gânglios linfáticos da axila) à base de radiação que impede o crescimento das células tumorais, tendo ao mesmo tempo preservar os tecidos normais adjacentes. É um procedimento indolor em que a doente está deitada numa máquina durante 2-5 minutos. Nos estádios iniciais é utilizado após as cirurgias conservadoras e em alguns casos após a mastectomia.

Quimioterapia

A quimioterapia são um conjunto de fármacos que matam as células tumorais. Nos estádios iniciais da mama pode estar indicada antes ou após a cirurgia. Antes da cirurgia (neoadjuvante) é utilizada de forma a reduzir o tumor e permitir a cirurgia ou então nos casos em que não seria possível a cirurgia logo e inicio. Após a cirurgia (adjuvante) pode estar indicada conforme os resultados da análise da peça operatória. A duração do tratamento decorre entre 3 e 6 meses. Quando é realizada em contexto adjuvante, normalmente inicia-se pela quimioterapia e só depois se passa para a fase de radioterapia e/ou hormonoterapia.

Hormonoterapia

A hormonoterapia está indicada após a cirurgia (adjuvante) em todos os tumores que apresentem recetores hormonais positivos (ver diagnóstico). É feita em comprimidos e a duração do tratamento pode variar entre 5 a 10 anos. Não é utilizada em conjunto com a quimioterapia, mas a sua utilização é segura ao mesmo tempo que a radioterapia.

Anticorpos

Em cerca de 15 a 20% dos tumores há uma alteração num recetor tumoral chamado HER2 (ver diagnóstico). Nestes casos, e consoante o estádio da doença, normalmente há a indicação para realização de quimioterapia associada a um ou mais anticorpos – tratamento anti-HER2. Este tratamento é iniciado com a quimioterapia e tem a duração total de 1 ano.

ESTÁDIOS AVANÇADOS

Nos estádios avançados da doença, ou seja, quando o tumor se espalhou para outras localizações do corpo, o principal objetivo do tratamento é o prolongamento do tempo de vida com o máximo de conforto possível. Nesta fase da doença os tratamentos mais utilizados são a hormonoterapia, quimioterapia, anticorpos ou outras moléculas alvo. A escolha da terapêutica a utilizar depende essencialmente do subtipo de cancro de mama e da presença ou não de sintomas. Normalmente, a duração do tratamento é feita até enquanto o doente estiver a responder ao tratamento ou até o doente deixar de o tolerar. 

Nesta fase da doença a radioterapia é reservada para controlo pontual de sintomas como por exemplo a dor ou hemorragia. O papel da cirurgia é controverso e só é ponderado em casos muito selecionados.

Vigilância

Nos estádios iniciais da doença, após os tratamentos, inicia-se um programa de vigilância. Este programa é baseado em avaliações clinicas com consultas em que o médico assistente averigua se há algum sintoma ou sinal de novo e realiza a observação da doente. Os exames de vigilância passam, essencialmente, pela realização de ecografia mamária e mamografia anual. Este programa pode ter variações em casos selecionados.

Nos estádios avançados é feita a avaliação de resposta regular (a cada 2-4 meses), tanto a nível clinico na consulta com o oncologista assistente, como com exames dirigidos aos locais onde existe doença.

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Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Estudo
Um estudo da Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica revela que medicamentos inovadores, avaliados em entre 60 e 80 mil...

O estudo “O valor do medicamento em Portugal”, elaborado pela consultora ‘McKinsey & Company’, a pedido da Apifarma, coligiu e analisou dados referentes à realidade portuguesa, visando "apresentar uma perspetiva holística sobre o valor dos medicamentos em Portugal", analisando o seu valor humano, social e económico.

Para avaliar o impacto dos medicamentos nestas três dimensões, o estudo selecionou oito doenças (cancro do pulmão, cancro colorretal, esquizofrenia, VIH/sida, insuficiência cardíaca, diabetes, artrite reumatoide, doença pulmonar obstrutiva crónica), que representam 15% do peso total de doença em Portugal.

A investigação concluiu que "os medicamentos inovadores acrescentaram valor significativo em Portugal” e trouxeram benefícios superiores à despesa total do país em fármacos.

Desde 1990, evitaram mais de 110 mil mortes, “comparáveis à população total do município de Setúbal em 2017”, contribuíram para o aumento da esperança de vida até 10 anos e acrescentaram dois milhões de anos de vida saudável, 180 mil em 2016, que representam “mais de três vezes os perdidos em ferimentos resultantes de acidentes rodoviários”.

“O valor dos anos de vida saudável ganhos nas oitos doenças representa entre cinco a sete mil milhões de euros anuais, acima do gasto total em medicamentos (3,8 mil milhões de euros)”, refere o estudo, que será hoje apresentado em Lisboa no congresso da Apifarma “Compromisso com as Pessoas. Mais e Melhor Vida”.

Para chegar a estes números, os investigadores compararam o número efetivo de mortes por estas doenças e os anos de vida não saudável (DALYs) de cada doente com o número projetado.

“Para cada doença, a projeção teve por base uma análise da evolução da prevalência da doença e dos encargos impostos em média a cada paciente entre 1991 e 2016. Assim, em cada doença, procurámos entender que medicamentos inovadores foram introduzidos ou popularizados em cada ano e se isso refletiu-se no número de mortes e DALYs”, explicou a consultora numa resposta escrita à agência Lusa.

Por exemplo, para a diabetes o momento de inflexão aparece por volta de 2002 com a introdução dos medicamentos DPP-4, mas a inovação continuou com as categorias GLP-1 e SGLT-2 e regimes de insulina basal ao longo da década seguinte e o impacto destes medicamentos inovadores ainda se faz sentir hoje, adiantou a consultora.

No caso do VIH/sida, as terapias inovadoras transformaram “uma doença fatal numa doença crónica e controlável, salvando até 22.000 vidas, e no cancro colorretal evitaram até 28 mil mortes", sublinha o estudo.

Os medicamentos inovadores também permitiram aos doentes continuarem a ser produtivos, gerando cerca de 280 milhões de euros anuais em rendimento adicional para as famílias nas oito doenças (1.000 euros por mês por família afetada), e contribuíram para reduzir hospitalizações e outros custos diretos com saúde em cerca de 560 milhões de euros anuais.

Para analisar a produtividade dos pacientes em idade ativa, foram avaliados diversos estudos nacionais e internacionais que comprovaram um aumento, seja por adiamento da reforma ou dias de baixa evitados.

Para a Artrite Reumatoide foi possível quantificar este efeito em 240 milhões de euros anuais de aumento de produtividade, exemplificou a consultora.

O estudo indica ainda que a indústria farmacêutica acrescentou mais de 1,5 mil milhões de euros ao PIB português em 2016, face a 2000, “o suficiente para cobrir todo o orçamento para a Ciência, Educação e Tecnologia”.

"A indústria é um motor de crescimento global do PIB, crescendo um pouco mais rapidamente do que a economia (2,7% vs. 2,3% p.a.), e é criadora de emprego em Portugal”, empregando cerca 10 mil pessoas diretamente e 40 mil direta e indiretamente.

Segundo a investigação, Portugal fica atrás da maioria dos países da União Europeia no acesso a medicamentos inovadores, com o acesso dos doentes a demorar até 38 meses.

A investigação aponta que "aumentar o valor aportado pelos medicamentos em Portugal" passaria por "inovar no atendimento ao doente", reforçando a prevenção e o diagnóstico, integrando cuidados e alavancando tecnologia, por "acelerar o acesso a medicamentos inovadores", simplificando a aprovação de reembolso, e por "atrair investimento da indústria farmacêutica".

Projeto ficou conhecido hoje
O Centro Hospitalar de Leiria (CHL) apresentou hoje o projeto estratégico 2018-2022, que defende o reforço de recursos humanos...

“Este documento é uma reflexão estratégica do que vai ser o CHL nos próximos anos. É um objetivo ambicioso, mas, avaliando o percurso que tem sido feito, só podemos continuar a dar o nosso melhor no trabalho de servir mais e melhor os cidadãos”, afirmou o presidente do Conselho de Administração (CA) do CHL, Helder Roque.

O responsável salientou que o CHL “deu um salto muito grande” e a “estratégia na diferenciação, quer na questão existencial, quer infraestrutural, teve reflexos na qualidade e quantidade dos serviços prestados”.

Considerando que o CHL “conquistou respeito e estatuto”, Helder Roque salientou que a capacidade de crescimento e diferenciação da instituição “não está esgotada”.

O projeto estratégico, apresentado hoje, pretende abrir “um novo ciclo” para o CHL e assenta em oito eixos estratégicos, onde se destaca a importância do reforço nos recursos humanos da instituição e da oferta de mais valências médicas, evitando a transferência dos utentes para outras unidades hospitalares.

O CHL, que integra os hospitais de Alcobaça, Leiria e Pombal, serve uma população de 400 mil habitantes, em que se “combina uma parte de utentes muito idosa e outra muito jovem e laboriosa”.

“Queremos ser uma referência para toda a área de influência, sermos o mais eficientes para responder à nossa procura. Tendo a perspetiva de crescer nos próximos anos, pretendemos um reforço do internamento e da área ambulatória”, sublinhou o vogal executivo do CHL, Licínio Carvalho.

Criar uma Unidade de Angiologia e Cirurgia Vascular, um Serviço de Doenças Infecciosas e um Polo Assistencial de Nefrologia, em articulação com o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), são alguns dos objetivos deste plano.

Outros desafios apresentados são a criação de uma consulta descentralizada de VIH, de uma Unidade de Cuidados Intermédios e de um Serviço de Reumatologia, essencialmente centrado no ambulatório, mas que deverá ter acesso a internamento, hospital de dia, laboratório, imagiologia e reabilitação.

Licínio Carvalho informou que o CHL pretende cobrir “80 a 85% das necessidades da população” da área de influência e ainda que “esteja dotado dos equipamentos e das estruturas para estas novas funções e serviços”.

Aumentar a lotação do internamento, remodelar o bloco operatório, criar uma unidade de cuidados paliativos em Alcobaça e uma unidade de convalescença em Pombal são objetivos a cumprir.

No caminho deste projeto, o CHL admite aumentar as instalações do hospital criar a hospitalização domiciliária e garantir a sustentabilidade económica e financeira.

Licínio Carvalho reforçou que pretende que o “CHL seja reconhecido como um centro mais eficiente e mais humano” e “aumentar a acessibilidades dos utentes aos serviços”.

“O que queremos é garantir excelentes condições de tratamento para os nossos doentes e excelentes condições para os nossos trabalhadores”, acrescentou, revelando que o CHL passou de um orçamento de 50 milhões para cerca de 90 milhões de euros em oito anos.

Nova ferramenta de diagnóstico
O hospital de Évora passou a estar equipado com um sistema de diagnóstico laboratorial de microrganismos único no país, ao...

Segundo o Hospital do Espírito Santo de Évora (HESE), trata-se de “uma solução única e inovadora implementada, até à data, exclusivamente neste hospital”, no que respeita ao setor público.

O sistema consiste em “novas ferramentas de diagnóstico ‘in vitro’ [em ambiente controlado, no laboratório] que permitem uma maior rapidez na identificação de microrganismos, em particular bactérias”, referiu a unidade hospitalar.

Contactada pela agência Lusa, a diretora do Serviço de Patologia Clínica do HESE, Filomena Baptista Caldeira, explicou que esta solução integra, no total, “três equipamentos”.

“Neste momento, há mais um hospital que já tem algum destes equipamentos, mas os três juntos somos o único”, disse, referindo que o sistema foi fornecido por uma empresa, “contra consumo dos reagentes”, pelo que envolve “muito pouco gasto” por parte da unidade.

Segundo a diretora da Patologia Clínica, uma das ferramentas é um sistema de biologia molecular “multiplex”, que deteta o ADN “de várias bactérias e vírus” ao mesmo tempo, enquanto outra faz com que seja “mais rápido” obter uma “hemocultura positiva”, isto é, “deteta mais rapidamente o crescimento dos microrganismos”.

A terceira ferramenta, acrescentou, é uma outra técnica que permite igualmente acelerar a identificação dos microrganismos no sangue, “depois das colónias já crescidas”, quando não se recorre ao sistema de biologia molecular “multiplex”.

Com esta solução, instalada no HESE, torna-se possível identificar bactérias e vírus num prazo de aproximadamente 24 horas, quando, normalmente, este processo requer, pelo menos, o dobro desse tempo.

Antes, “no mínimo”, os resultados “demorariam 48 horas, se tudo corresse muito bem”, mas, “neste momento, para dizermos qual é o microrganismo, desde o momento em que positiva a hemocultura”, são “eventualmente, 24 horas, é uma grande diferença”, frisou.

“Com a identificação mais rápida e maior precisão, torna-se também mais rápido diagnosticar patologias e, por isso, adequar a terapêutica às necessidades concretas do doente, com vista a um tratamento mais eficaz”, disse a diretora da Patologia Clínica.

Filomena Baptista Caldeira precisou que o médico, munido destes resultados, pode prescrever um antibiótico “mais dirigido”, ou seja, mais específico para determinada bactéria ou vírus, “em vez de dar um de muito largo espetro e que dá para muitos microrganismos”.

E, acrescentou, como os equipamentos, revelam “algumas das resistências aos antibióticos” por parte dos microrganismos detetados, essa é outra das vantagens.

“Não dá todas as resistências, mas dá algumas”, o que permite ao médico adequar a “prescrição do antibiótico”, sublinhou a diretora do Serviço de Patologia Clínica do HESE, o único laboratório público nesta área no distrito de Évora.

Fique a conhecer
O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é uma emergência médica que se carateriza pela súbita diminuição

Existem dois tipos de AVC, o AVC isquémico provocado pelo bloqueio/obstrução de uma artéria, vulgarmente conhecido por “trombose”, e o AVC hemorrágico, provocado pela rutura do vaso, denominado “derrame cerebral”.

O AVC hemorrágico é menos frequente e representa cerca de 15% do total dos acidentes vasculares cerebrais, sendo, no entanto, potencialmente mais grave.

Ambos requerem uma resposta rápida assim que os sinais de alerta forem percecionados, uma vez que quanto maior for o tempo entre o início do AVC e a intervenção médica, maior é a probabilidade de surgirem lesões potencialmente irreversíveis no doente.

Entre os sintomas mais comuns está um conjunto de manifestações comumente conhecido pelos “3 F’s”. São eles: a face descaída, dando uma sensação de assimetria do rosto; a diminuição da força num braço ou numa perna (ou ambos), que pode ser acompanhada por uma sensação de desequilíbrio; e a dificuldade na fala, fala arrastada, dificuldade em ter qualquer tipo de conversação ou existência de discurso pouco compreensível e sem sentido. A alteração da visão, nomeadamente a diminuição abrupta de visão num ou em ambos os olhos, uma forte dor de cabeça ou dificuldade em coordenar ou movimentos, são também sintomas frequentes. Sempre que estes sinais surgirem, deve contactar o 112 e dirigir-se ao hospital mais próximo.

Ao contrário do AVC isquémico, em que o internamento em unidades diferenciadas e os tratamentos na fase aguda (nas primeiras horas após início de sintomas) contribuíram para a diminuição de mortalidade e do grau de dependência dos doentes, no AVC hemorrágico esse efeito não se conseguiu. Os tratamentos de fase aguda não são tão eficazes e estes doentes não têm muitas vezes acesso a cuidados específicos em unidades diferenciadas.

É no sentido de combater este paradigma que o Núcleo de Estudos da Doença Vascular Cerebral (NEDVC) da Sociedade Portuguesa da Medicina Interna tem incentivado à investigação e formação na área. Para debater este e outros temas relacionados com prevenção, avaliação e tratamento dos doentes com doença vascular cerebral, diversos Internistas e outros profissionais de saúde irão reunir-se no 19º Congresso do NEDVC, que se realiza nos dias 23 e 24 de novembro, no Hotel Crowne Plaza, na cidade do Porto.

Para além da vertente científica, o NEDVC também se tem preocupado em sensibilizar a população para este problema, principalmente no que toca à prevenção. Mesmo que fatores de risco como a genética, a idade ou o género (o AVC é mais frequente nos homens) sejam incontornáveis, existem outras formas de reduzir exponencialmente o risco de sofrer um AVC, tais como controlar a pressão arterial, a glicemia e o colesterol, adotar uma alimentação saudável, pobre em gorduras e sal, praticar exercício físico regularmente, não fumar, nem consumir bebidas alcoólicas em excesso.

São estas pequenas ações que, certamente, farão a diferença na qualidade vida de cada indivíduo.

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OMS
A poluição atmosférica causa todos os anos a morte de cerca de 600 mil crianças com menos de 15 anos em todo o mundo, devido a...

A poluição do ar é o "novo tabaco", sublinhou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, no `site´ da organização que promove hoje e na terça-feira em Genebra a primeira conferência mundial sobre "A poluição do ar e a saúde".

A OMS publicou um relatório que indica que todos os dias cerca de 93% das crianças com menos de 15 anos em todo o mundo respiram ar poluído, que prejudica gravemente a sua saúde e o seu desenvolvimento.

Segundo estimativas da OMS, mais de 91% dos habitantes do planeta respiram ar poluído, o que provoca sete milhões de mortes anualmente.

"Esta crise de saúde pública merece uma maior atenção, mas existe um aspeto particularmente negligente: A forma como a poluição afeta particularmente as crianças", refere o relatório da OMS.

Em 2016, a poluição do ar no interior das casas e no exterior provocou a morte de 543 mil crianças com menos de cinco anos e de 52 mil crianças com idades compreendidas entre os 5 e os 15 anos em consequência de infeções graves das vias respiratórias, divulga ainda o relatório.

O estudo explica também que as mulheres grávidas expostas a ar poluído são mais suscetíveis de terem partos prematuros e de darem à luz bebés com baixo peso.

A poluição do ar afeta igualmente o desenvolvimento neurológico e as capacidades cognitivas das crianças. Assim, as crianças expostas a níveis mais elevados de poluição correm o risco de desenvolver doenças crónicas e problemas cardiovasculares em idade adulta.

Uma das razões porque as crianças são especialmente vulneráveis aos efeitos da poluição atmosférica é a de que respiram mais rapidamente do que os adultos, absorvendo com maior facilidade os agentes poluentes.

Os recém-nascidos e as crianças são igualmente vulneráveis à poluição do ar no interior das casas, uma vez que o uso regular de instrumentos tecnológicos e de combustíveis para cozinhar afetam a qualidade do ar.

Na opinião da diretora do departamento de Saúde Pública da OMS, Maria Neira, a prioridade da comunidade internacional terá de ser acelerar a transição para fontes de energia limpas e renováveis.

Maior contratação da região
A Ordem dos Enfermeiros nos Açores manifestou-se hoje satisfeita com o anúncio pelo presidente do Governo regional da...

“Esta é uma importante notícia para todo o setor da saúde na região. Trata-se da maior contratação de enfermeiros, de uma só vez, nos últimos quatro anos, sendo justo reconhecer o esforço do executivo açoriano com este anúncio”, considerou o presidente do conselho diretivo regional da Ordem, Luís Furtado.

Citado numa nota de imprensa enviada às redações, o responsável destacou que “esta contratação ao nível dos três hospitais da região permitirá, por um lado, atenuar os défices estruturais existentes e, por outro, permitir o ingresso na carreira a um importante número de enfermeiros”.

O chefe do executivo açoriano, o socialista Vasco Cordeiro, anunciou na semana passada, no âmbito das jornadas parlamentares do PS/Açores, que até ao final do ano serão contratados cerca 140 profissionais de saúde para os hospitais da região.

Segundo o presidente do conselho diretivo regional, as contratações agora anunciadas fazem parte de "uma das reivindicações mais importantes e antigas" da Ordem dos Enfermeiros.

"Desde há vários anos a esta parte que temos insistido junto da tutela para o necessário cumprimento dos requisitos da dotação segura de enfermeiros nas várias instituições e, assim, assegurar que os nossos cidadãos teriam acesso às melhores condições de saúde possíveis, naquilo que aos cuidados de enfermagem diz respeito. Nem tudo está resolvido, mas estas contratações constituem-se claramente como um grande passo dado nesse sentido", referiu.

A Ordem lembra que "já este ano, um despacho do vice-presidente do Governo dos Açores determinava a contratação de 40 enfermeiros" para as unidades de saúde da região, elevando para aproximadamente 120 contratações o total previsto para o corrente ano".

"Este é um claro exemplo de que se trabalharmos juntos, alcançamos mais facilmente os resultados que todos pretendemos. Lembro que, em 2015, assinamos com a Secretaria Regional da Saúde um acordo de cooperação relativo à dotação segura de enfermeiros nos Açores. Esse acordo permitiu que se fizesse um levantamento exaustivo e que se passasse efetivamente a conhecer as reais necessidades das nossas instituições", sustentou Luís Furtado.

Especialista em congresso
Especialistas deixam o alerta e demonstram que o valor da saúde está na complementaridade das várias áreas.

Pela primeira vez, realizou-se um congresso nacional transdisciplinar de saúde, para debater “A Qualidade de Vida do Doente Oncológico”. Inserido na programação Outubro Rosa e organizado pelo Gabinete de Apoio Oncológico (G.A.O.), o evento decorreu no passado dia 20 de Outubro, no Altice Fórum Braga.

Além do tratamento da doença, o objetivo é ajudar o utente a um regresso rápido e funcional à sua vida diária pessoal, familiar e profissional.

Inseriram-se na discussão as várias vertentes vitais juntamente com os seus profissionais para uma melhor qualidade de vida do doente, como médicos, fisioterapeutas, técnicos de exercício físico, nutricionistas, entre outros. O evento foi dividido em três grandes painéis, tendo cada um uma mesa redonda no fim para debater os tópicos abordados:

Medicina e Investigação

Luís Castro, do Hospital de Braga, e João Oliveira do IPO Lisboa, alertaram que cada vez mais o Cancro será uma doença crónica, e será como uma gripe. Deste modo, afirmam que temos que ter consciência e mudar o modo como vemos o Cancro e aprender a viver com o mesmo, reduzindo ao máximo as limitações que a doença e seus tratamentos possam causar. Daí a importância da intervenção da Psicologia, que deveria estar presente logo no momento em que o diagnóstico é dado.

Atividade Física, Exercício Físico e Nutrição

Sendo o Cancro da Mama feminino um dos cancros mais prevalentes na mulher em Portugal, estudos científicos comprovam que o aparecimento desta doença está, entre outros fatores, fortemente relacionado com o estilo de vida atual, nomeadamente a alimentação pobre e o sedentarismo. Estudos científicos como o projeto  “Quality Onco Life Program” demonstram que o exercício físico reduz de forma eficaz a pronúncia dos efeitos secundários sentidos com a quimioterapia.

Contudo, o Eurobarómetro da Atividade Física de 2017 indica que 68% da população portuguesa não faz qualquer tipo de exercício físico, o que coloca Portugal entre os três países da Europa com piores resultados, a par da Grécia e Bulgária. Mas a situação é ainda mais preocupante pelo facto de apresentarmos, em 2017, mais quatro pontos percentuais de inatividade face ao mesmo estudo realizado em 2013.

É esta realidade que levou a que vários médicos, de entidades públicas e privadas, alertassem para a necessidade de se atuar perante o desinteresse e mudar de forma radical o atual estilo de vida. Aliás a Professora Maria João Cardoso, da Unidade da Mama da Fundação Champalimaud, afirma mesmo que “mais de um terço das doenças oncológicas seriam perfeitamente evitáveis se a população portuguesa adotasse um estilo de vida saudável”. Não se refere apenas a hábitos alimentares, mas também e principalmente a atividade física.

Psicologia e Cuidados

De acordo com os psicólogos, Paulo Coelho e Jorge Monteiro, o problema está no estigma criado pela própria sociedade face ao Cancro, como sendo uma doença sempre mortal e um fim de linha. Tal faz com que logo haja um sentimento por grande parte das pacientes de desistir antes mesmo de iniciar a luta. A estrutura familiar, particularmente os filhos menores, erradamente são “protegidos” desta realidade, como explica Beatriz Moura. O doente, face a este estigma, vive a doença com preconceito, escondendo-a e tornando-a num fardo demasiado pesado que leva a uma redução da taxa de sucesso dos tratamentos.

A eficácia dos tratamentos, e principalmente o regresso a uma vida “normal” e funcional das utentes, está efetivamente relacionada com este trabalho de complementaridade.

A grande conclusão do Congresso passa sobre a atividade física ser um aliado de excelência na prevenção da doença oncológica, mas também essencial durante o tratamento e particularmente necessário para o regresso à vida ativa (cientificamente demonstrado na intervenção da Professora Marília Cravo, do Hospital da Luz).

Por outro lado, Mafalda Noronha, da Comissão de Nutrição Clínica da Ordem dos Nutricionistas, referiu que “não adianta mudar apenas os hábitos alimentares e recorrer aos tratamentos mais avançados”, se o paciente não recuperar a funcionalidade do seu corpo, e o mesmo só é possível com a intervenção dos técnicos de exercício físico.

Falhas nos sistemas de informação do SNS
A Federação Nacional dos Médicos (FNAM) pediu hoje a substituição da equipa dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde,...

“As aplicações informáticas não podem constituir obstáculos à relação médico-doente, nem podem desviar-se da sua função principal como sistemas de apoio”, mas o que tem acontecido coloca em risco a qualidade dos cuidados de saúde prestados aos doentes, afirma a FNAM em comunicado,

A federação dos médicos sublinha que “a implementação dos sistemas de informação no SNS tem-se caracterizado pela total displicência, uma ausência de respeito pelos profissionais, graves atentados à privacidade dos cidadãos e por um nepotismo tutelar que colocam em grave risco a qualidade dos cuidados de saúde prestados aos nossos doentes”.

Desde o início da informatização do Serviço Nacional de Saúde tem sido constante a incapacidade dos sucessivos governos em “informatizar sem perturbar” e vários são os relatos de falhas, tanto nos centros de saúde como nos hospitais, sustenta.

Diariamente, os médicos têm à sua frente distintos programas informáticos para prestar cuidados a um só doente, refere a FNAM, dando como exemplo o ‘PEM’ para passar receitas ou o ‘SClinic’ para registar informação médica no internamento e consulta.

Para registar informação no serviço de urgência, os médicos têm o sistema ‘ALERT/SIRIU’, para registo de saúde eletrónico têm o ‘SER’ e o SGTD para requisitar transporte de doentes, elucidou.

Os médicos têm “aplicações para consultar análises, aplicações para emitir pedidos de meios complementares de diagnóstico (cada tipo de exame tem a sua aplicação) e assim por diante… o que corresponde a dezenas de ‘cliques’ por consulta, a minutos de espera e a um desespero total”, vinca a Federação Nacional dos Médicos.

A juntar a esta situação, os programas frequentemente “vão abaixo”, bloqueiam ou simplesmente não funcionam, afirma, adiantando que usar papel poderia ser uma opção, mas este “foi ‘proibido’ e assim o médico e o utente ficam completamente reféns do sistema”.

Perante esta situação, a FNAM pede responsabilidades à gestão dos sistemas de informação, os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS), “pela sua conduta inconsequente” e pede “a rápida intervenção da Ministra da Saúde e a substituição da atual equipa dos SPMS”.

Doença não é contagiosa
A Psoríase é uma doença muito antiga que deriva da palavra grega “psora” que significa prurido (comi
Comichão em mão provocada pela psoríase

10 coisas que deve saber sobre a psoríase:

  1. A psoríase não é contagiosa. Não se pega nem é causada por um micróbio. Portanto, pode-se abraçar, tocar uma pessoa com psoríase, pode estar na mesma piscina, no mesmo cabeleireiro porque a psoríase não se transmite por contacto.
  2. A psoríase tem um fundo genético. Isto significa que é mais frequente numas famílias do que noutras (falamos de probabilidade de vir a ter psoríase na mesma família) embora possa aparecer sem antecedentes familiares (não é hereditária). Também sabemos que alguns medicamentos, infeções (amigdalites, por ex.), agressões da pele (queimaduras solares, por ex.) podem desencadear o aparecimento de lesões de psoríase.
  3. Manifesta-se por manchas avermelhadas na pele associadas a descamação branca e, por vezes, aumento da espessura (placas) em áreas específicas da pele (cotovelos, joelhos, região lombar, pés, couro cabeludo), com ou sem comichão. Também pode aparecer só nas unhas (manchas amareladas e descolamento das mesmas) e é confundida com frequência com fungos.
  4. Há formas ligeiras, moderadas e graves. As mais frequentes são as formas ligeiras (80%) pelo que a maioria das pessoas tem poucas lesões e são fáceis de controlar. É uma doença frequente em Portugal: 3% das pessoas tem uma forma de psoríase.
  5. Nas formas mais graves, a extensão da pele atingida é grande e pode inclusive aparecer outro tipo de lesões, como pústulas e bolhas, nos pés e mãos. Pode ser necessário ser internado no hospital para tratamento. Também está associada a doenças como diabetes, doença cardíaca e a depressão.
  6. Uma forma grave de psoríase é a forma articular. Caracteriza-se por dores articulares (mãos, pés, coluna) e inflamação das mesmas que, se não tratadas, pode levar a deformações e incapacidade permanente.
  7. O diagnóstico é feito no dermatologista pela observação clínica. Por vezes são necessários exames para confirmar a doença (biópsia de pele) ou para avaliar as doenças associadas (análises e RX).
  8. A psoríase não se cura, mas trata-se. Sabemos que a nível imunológico há sinais errados, enviados pelas células do nosso sistema imune, que fazem acelerar o crescimento das células da pele. Isto significa que ainda não somos capazes de eliminar essas alterações genéticas do nosso sistema imune mas temos vários medicamentos que as conseguem controlar.
  9. Existem muitos medicamentos para a psoríase. Cremes, pomadas, loções para formas ligeiras, comprimidos para formas moderadas e mesmo injeções para formas graves. O que importa reter é que o dermatologista escolherá o melhor regime terapêutico para si, o mais fácil e eficaz, e aquele com menos efeitos secundários. E lembrar que a psoríase é uma das doenças que melhora com a exposição da pele ao sol – portanto aproveitar as horas de exposição solar e ir para a praia (nas horas adequadas, e sem escaldão, claro), é uma boa escolha.
  10. Em resumo, a psoríase é uma doença crónica e, tal como muitas outras (hipertensão, diabetes, …), controla-se. As formas graves são raras e com os medicamentos disponíveis hoje em dia, tratáveis. O dermatologista é o médico indicado para estabelecer o regime terapêutico adequado ao seu caso.

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O que a pele revela sobre a sua saúde

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Descoberta pode ser alternativa ao tratamento convencional
Cientistas descobriram nas células humanas uma 'arma mortífera' que pode causar o seu “suicídio” quando se tornam...

Os resultados da descoberta, feita por investigadores da Universidade Northwestern, nos Estados Unidos, foram hoje publicados na revista científica Nature Communications.

Nas células, a 'arma' está incrustada nos ARN, moléculas que codificam as proteínas, e nos microARN, pequenos ARN não codificantes.

"Agora que conhecemos o 'código da morte', podemos desencadear o mecanismo sem usar a quimioterapia e sem mexer no genoma [toda a informação genética]. Podemos utilizar estes pequenos ARN diretamente, introduzi-los nas células [cancerígenas] e acionar o interruptor para as matar", afirmou o autor principal do estudo, Marcus E. Peter, citado em comunicado pela Universidade Northwestern, assinalando que a quimioterapia tem vários efeitos secundários, como gerar novos cancros, uma vez que ataca e altera o genoma.

O investigador acredita que poderão ser desenhados microARN artificiais "muito mais poderosos" para matar células cancerígenas do que os microARN "desenvolvidos pela própria natureza", mas usando o "mecanismo que a natureza desenvolveu".

Num estudo anterior, publicado em 2017, a equipa de Marcus E. Peter descreve que os tumores malignos morrem na presença de pequenas moléculas de ARN e que as células cancerígenas tratadas com essas moléculas de ARN nunca se tornam resistentes porque as moléculas eliminam ao mesmo tempo vários genes que este tipo de células necessita para sobreviver.

Na altura, os cientistas desconheciam qual o mecanismo que provocava a autodestruição dos tumores. Apenas sabiam que o que fazia com que os microARN se tornassem tóxicos para as células cancerígenas era o facto de terem uma sequência de seis nucleótidos (moléculas orgânicas que são os blocos construtores de ARN e ADN).

As moléculas orgânicas em causa são a guanina, a citosina, a adenina ou a timina (constituintes do ADN, que contém instruções genéticas) e o uracilo (ARN).

Numa nova investigação, Marcus E. Peter testou 4.096 combinações de bases de nucleótidos na sequência de seis moléculas identificadas nos microARN tóxicos e descobriu que a combinação mais mortífera é rica em guanina.

Posteriormente, o investigador verificou que os microARN expressos no organismo para combater o cancro usam a mesma sequência para matar células cancerígenas.

Além disso, o seu grupo de trabalho constatou que as próprias células 'cortam' em pequenos pedaços um gene envolvido no seu crescimento anómalo. Estes 'pedaços', sustentam os cientistas, atuam como se fossem microARN e são muito tóxicos para o cancro.

Doença afeta 30 mil pessoas por ano
A incapacidade de um doente com acidente vascular cerebral (AVC) pode ser reduzida quando ao tratamento medicamentoso se...

Em declarações à Lusa, Manuel Ribeiro, coordenador da unidade de Neurorradiologia de Intervenção do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia e Espinho (CHVNG/E) e um dos médicos envolvidos na adaptação do estudo em Portugal, explicou que, para além de “reduzir a incapacidade dos doentes”, o estudo, também comprova ser possível “ter níveis de poupança elevados para o Estado”.

“Este estudo era uma necessidade porque, apesar de ser algo que toda a gente sabe, era algo que era preciso de fazer no nosso país. A trombectomia [remoção cirúrgica de trombos que bloqueiam a circulação sanguínea] é muito eficaz e permite que os doentes tenham uma maior probabilidade de recuperação. Se conseguirmos que mais doentes sejam independentes aos três meses (indicador utilizado), esses doentes vão gastar menos em cuidados de saúde”, salientou.

O estudo, designado “Cost-Effectiveness of Solitaire +IV t-PA versus IV t-PA alone”, avaliou a relação custo/benefício da trombectomia e concluiu que o Estado pode obter uma poupança total de quase oito mil euros por doente ao recorrer a esta intervenção, do que apenas ao tratamento com medicação.

Manuel Ribeiro explicou ainda que a associação desta intervenção ao tratamento medicamentoso, apenas se aplica em 10% dos casos de doentes em Portugal com AVC, visto que são “os casos mais graves”.

“Apenas 10% dos doentes com AVC tem indicação para fazer este tipo de tratamento, porque são casos graves, cerca de 25% tem indicação para fazer o tratamento medicamentoso e os restantes tem apenas indicação para estarem internados”, contou à Lusa.

Segundo o neurorradiologista, em Portugal, apesar de existirem seis centros de referência hospitalar no tratamento desta doença, dois no distrito do Porto, um em Coimbra e três em Lisboa, “há ainda muito a ser feito”.

“Há muito a melhorar e temos de evoluir na organização pré-hospitalar. Temos de funcionar em rede, não podemos ter intervenção em todas as unidades hospitalares, mas temos de ser rápidos a transportar o paciente para o hospital correto, porque, efetivamente tempo é cérebro e é essa uma das máximas do tratamento do AVC”, sublinhou Manuel Ribeiro.

Também Miguel Veloso, coordenador da unidade de AVC do CHVNG/E e um dos médicos envolvidos no estudo, revelou à Lusa que “falta uma rede de referenciação bem definida” em Portugal.

“Neste momento o que falta é essencialmente uma rede de referenciação bem definida das regiões e dos hospitais para onde tem de ser enviados os doentes, articulando, claramente isso com o INEM para o transporte imediato dos doentes”, afirmou.

Segundo o neurologista, desde que o Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia e Espinho passou a ser um dos seis centros de referência a realizar trombectomias em Portugal, “dois terços dos doentes passaram a ficar independentes”, contrariamente aos cerca de “um terço anteriormente registados”.

“Este estudo comprova que apesar do investimento inicial ser maior, principalmente em equipamentos, esse investimento vai ser recuperado, visto que o internamento é mais curto, os doentes recuperam e a qualidade de vida é enorme”, acrescentou.

Hoje assinala-se o Dia Mundial do Acidente Vascular Cerebral, doença que afeta cerca de 30 mil pessoas por ano em Portugal, sobretudo na população com menos de 65 anos.

Revisão de carreira
Os técnicos de diagnóstico e terapêutica iniciaram às 00:00 de hoje uma greve de 24 horas para exigir a revisão da carreira e...

A greve, a quarta este ano, visa protestar contra as “últimas propostas apresentadas pelo Governo, que não vão ao encontro da reivindicação deste grupo profissional, relativamente à regulamentação da carreira”, disse à agência Lusa o presidente do Sindicato Nacional dos Técnicos Superiores de Saúde das Áreas de Diagnóstico e Terapêutica, Luís Dupont.

De acordo com os sindicatos, a paralisação irá afetar praticamente todos os serviços de saúde, com “especial incidência” nos blocos operatórios, altas e internamentos hospitalares, diagnósticos diferenciados, planos terapêuticos em curso e distribuição de medicamentos.

A greve prevê o cumprimento de serviços mínimos, abrangendo tratamentos de quimioterapia e radioterapia e situações de urgência.

Tal como aconteceu nas greves nacionais anteriores, realizadas em maio, junho e julho, os sindicatos esperam “uma forte adesão e uma forte participação dos trabalhadores” à paralisação, bem como à manifestação que está agendada para as 14:00 no Marquês Pombal, em Lisboa, de onde seguirão para a Assembleia da República, disse Luís Dupont.

Para o dirigente sindical, a manifestação "tem condições para superar a última manifestação realizada a 24 de maio em frente ao Parlamento e que foi uma das maiores alguma vez realizada por este grupo profissional".

A greve é convocada pelo Sindicato Nacional dos Técnicos Superiores de Saúde das Áreas de Diagnóstico e Terapêutica, pelo Sindicato dos Técnicos Superiores de Diagnóstico e Terapêutica, pelo Sindicato dos Fisioterapeutas Portugueses e pelo Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública e de Entidades com fins públicos.

Os sindicatos protestam contra “a intenção do Governo de encerrar o processo negocial da revisão da carreira” sem acordo com as associações sindicais e exigem uma tabela salarial que respeite as suas habilitações profissionais e a sua aplicação a 01 de janeiro de 2018.

Reclamam ainda ao Governo que aceite as regras de transição para a nova carreira, “o correto descongelamento das progressões” e o “fim de todas as bolsas de horas ilegalmente constituídas, sem o acordo escrito do trabalhador, com o pagamento integral como trabalho extraordinário”.

Os técnicos de diagnóstico e terapêutica são constituídos por 19 profissões e abrangem áreas como as análises clínicas, a radiologia, a fisioterapia, num total de cerca de 10 mil profissionais que trabalham nos serviços públicos de saúde.

Relatório
O ar que se respira nas cidades europeias está poluído com substâncias perigosas que terão provocado centenas de milhares de...

O organismo europeu assinala "lentas melhorias", mas destaca que "a poluição do ar continua a ultrapassar os limites e diretivas da União Europeia e da Organização Mundial de Saúde", baseando-se em dados recolhidos em 2.500 postos de recolha de dados durante o ano de 2016.

Os transportes rodoviários são uma das principais causas da poluição, emitindo partículas nocivas e gases como dióxido de azoto e ozono que são "um perigo para a saúde humana e para o ambiente", sobretudo nas cidades.

O ozono que se acumula junto ao solo é o poluente a que uma maior percentagem da população urbana da União Europeia está exposta: se se medir pelos critérios mais restritos estabelecidos pela Organização Mundial de Saúde, 98% da população esteve exposta a doses superiores ao limite recomendado durante 2016.

No entanto, se a bitola for o limite decidido pela União Europeia, só 12% recebeu doses superiores ao recomendado, um decréscimo em relação a 2015, (30% da população, nesse ano), mas ainda acima dos 7% registados em 2014.

A exposição ao ozono terá contribuído para a morte prematura de cerca de 17.700 pessoas em 41 países da Europa.

Mas são as micropartículas poluentes (considerando as que têm um diâmetro igual ou inferior a 2,5 milésimas de milímetro) as mais mortíferas, podendo atribuir-se-lhes cerca de 422 mil mortes antes do tempo em 2015, 391 mil delas no espaço da União Europeia.

O panorama é, mesmo assim, melhor do que o que se passava em 1990, quando se estima que mais de meio milhão de pessoas morria anualmente por exposição a partículas poluentes, o que se atribui no relatório à aplicação de medidas locais e nacionais para reduzir a poluição provocada pelos carros, pelas indústrias e pelas centrais elétricas.

De acordo com os limites decididos na União Europeia, 6% terão estado expostos a elas, mas, novamente, se se tiver em conta o estabelecido pela Organização Mundial de Saúde, cerca de 74% da população urbana na Europa respirou ar contaminado com partículas acima do recomendado.

Quanto ao dióxido de azoto, 7% da população vivia em 2016 em zonas com concentrações acima dos limites quer da União Europeia quer da OMS, menos do que os 9% registados em 2015 mas ainda o suficiente para causar cerca de 79 mil mortes prematuras.

A poluição do ar tem custos elevados, desde logo porque mata, mas também porque faz aumentar os gastos com cuidados médicos e prejudica a produtividade devido às doenças que provoca e os dias de baixa que implica.

Além dos seres humanos, os ecossistemas, solos, florestas, lagos, rios e campos agrícolas também são afetados.

"A poluição do ar é um assassino invisível e temos que aumentar os esforços para acabar com as suas causas. As emissões dos transportes rodoviários são mais nocivas que as das outras origens, uma vez que acontecem ao nível do solo e são piores nas cidades, onde estão as pessoas", afirmou o diretor da agência ambiental, Hans Bruynickx.

O impacto na saúde caracteriza-se por infeções pulmonares, ataques cardíacos, acidentes vasculares e cancro do pulmão.

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