Carência no SNS
A Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos avisou hoje que faltam “mais de 100 anestesiologistas” nos hospitais da região...

“Nas unidades do Serviço Nacional de Saúde (SNS) da região Centro faltam mais de 100 médicos anestesiologistas para cumprir tempos operatórios, consultas de anestesia, consultas de dor crónica ou de analgesias de parto, escala em unidades de cuidados pós-anestésicos ou serviços de cuidados intensivos, entre outras atividades”, denuncia a Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos (SRCOM) em comunicado enviado à agência Lusa.

Segundo a nota, “o rácio de anestesiologistas da região Centro é de 10 por 100.000 habitantes, bem abaixo da média nacional de 12 anestesiologistas por 100.000 habitantes, e ao nível do que se regista, por exemplo, nos Açores, demonstrando uma preocupante assimetria na distribuição destes profissionais”.

A realidade é “de tal forma preocupante” que a SRCOM reuniu os diretores de serviço de anestesiologia das unidades hospitalares da região, incluindo o Instituto Português de Oncologia, para identificar as necessidades conhecidas através do Censos de Anestesiologia 2017 elaborado pelo Colégio de Anestesiologia da Ordem dos Médicos.

"Estamos a enfrentar graves dificuldades nos hospitais da região Centro, face ao défice acentuado de anestesiologistas. Há hospitais que têm de cancelar até um terço das cirurgias programadas ou que simplesmente não as conseguem marcar por falta de anestesiologistas. A situação é muito grave. Há até relatos de falta de anestesistas para assegurar os serviços de urgência", denuncia Carlos Cortes, presidente da SRCOM.

O responsável, citado na nota, refere que “os anestesiologistas sentem de forma muito particular as falhas do SNS, uma vez que têm cada vez mais competências e desafios, quer na prestação de cuidados para cumprir tempos operatórios, seja na realização de meios complementares de diagnóstico e terapêutica, nos partos, na emergência pré e intra-hospitalar, dor aguda, dor crónica, entre outros”.

“Os anestesiologistas são uma peça central do SNS. Sem anestesiologistas cancelam-se tempos operatórios, não se asseguram escalas em unidades diferenciadas nem se asseguram consultas. O impacto é devastador para os cuidados de saúde", declara Carlos Cortes.

O dirigente considera ainda que "é urgente o Ministério da Saúde resolver este problema - que já é do conhecimento da ministra da Saúde”.

Segundo o presidente da SRCOM, “cada dia que passa representa dezenas de cirurgias canceladas”.

“Para além deste problema, as condições de trabalho e de prestação de cuidados degradam-se a cada dia, com instalações ultrapassadas e falta de espaço para desenvolver a atividade em vários serviços. Cabe ao Ministério da Saúde solucionar urgentemente estes problemas que provocam cada vez mais dificuldades aos doentes e aos próprios profissionais", remata.

Tumores
Apesar das opções terapêuticas terem evoluído bastante nas últimas décadas, o cancro do Colo-retal c

O Cancro colo-rectal (termo que inclui cancro do colon e/ou do reto) é o terceiro tipo de cancro mais frequente em Portugal, logo a seguir ao cancro da mama e da próstata. Estima-se que em 2018 sejam diagnosticados 10 270 novos casos. No entanto é o segundo que mais mata (4214 mortes em 2018), logo a seguir ao cancro do pulmão.

Origem, fatores de risco, rastreio, sintomas e diagnóstico

Estes dois cancros (colon e reto) têm origem no mesmo tipo de células e por isso são denominados, muitas vezes, como cancro colo-retal. Estas células constituem o revestimento interior do colon e do reto, que, devido a várias agressões, e a acumulação de “erros” na sua divisão ao longo do tempo, ficam alteradas, dividindo-se de forma rápida e anómala. Estas, começam por originar “tumores” benignos chamados pólipos. Alguns pólipos, com o passar do tempo, podem sofrer alteração do ADN (código genético da célula) e tornarem-se lesões malignas. Inicialmente as lesões são superficiais mas podem crescer e infiltrar a parede do colon e do reto, ganhando acesso a vasos sanguíneos e linfáticos, podendo originar metastização local (gânglios linfáticos locais) ou à distância, para outros órgãos, como o fígado ou o pulmão (mais comuns). 

Fatores de risco

Mais de 90% dos casos de cancro colo-retal são diagnosticados em idade superiore a 50 anos. Além da idade há outros fatores risco intrínsecos como a doença intestinal inflamatória (Doença de Crohn e colite ulcerosa), história familiar e síndromes genéticos (Polipose adenomatosa familiar e síndroma de Lynch). No entanto grande parte dos fatores de risco relacionam-se com o estilo de vida e, podem ser minimizados com a sua alteração. Entre eles salienta-se o sedentarismo, dieta pobre em frutas e vegetais, obesidade e excesso de peso, dietas pobres em fibras e ricas em gorduras, uso de tabaco e consumo de álcool. Estima-se, por exemplo, que no Reino Unido, cerca de 42% dos cancros de colon e reto seriam evitados se o estilo de vida fosse alterado.

Rastreio

Sendo uma doença com grande incidência e mortalidade, os programas de rastreio vieram trazer um grande impacto na redução da incidência, da morbilidade associada e da mortalidade. Em Portugal, está implementado o rastreio, na generalidade da população, a partir dos 50 anos, com um teste simples, a pesquisa de sangue oculto nas fezes, na população assintomática, até aos 74 anos. Nos doentes com exame positivo, está então preconizada a colonoscopia. A Direção Geral de Saúde estima que este método (a pesquisa de sangue oculto nas fezes) tenha diminuído a mortalidade por cancro colo-retal em cerca de 16%. Podem também ser propostas outras modalidades de rastreio, logo através da retossigmoidoscopia/colonoscopia.

Se tem mais de 50 anos e nunca fez teste de rastreio, ou tem história familiar de cancro colo-retal, deve dirigir-se ao seu médico assistente e colocar as suas dúvidas.

Sintomas e diagnóstico:

O principal exame de diagnóstico de cancro colo-retal é a colonoscopia. Podem, no entanto, ser necessários outros exames para avaliar a extensão da doença.

Os principais sintomas relacionam-se com a presença de sangue nas fezes, alterações nos hábitos intestinais, dores abdominais e perda de peso inexplicada. Na presença destes sintomas deve dirigir-se ao seu médico assistente.

Tratamento

Apesar de este ser um dos cancros mais diagnosticados e responsável por uma grande mortalidade em Portugal, as opções terapêuticas têm evoluído nas últimas décadas. Estas vão desde terapêutica endoscópica (em estádios iniciais), cirurgia, radioterapia,  quimioterapia e imunoterapia (em casos selecionados), sendo muitas vezes multimodal, com necessidade de uma abordagem multidisciplinar, necessária para a boa prática do tratamento dos doentes Oncológicos. Esta evolução multimodal, e dos tratamentos de quimioterapia e imunoterapia, veio também mudar o paradigma da doença metastizada, tentando tornar o cancro colo-retal numa doença “crónica”, com alguns ensaios clínicos a revelarem sobrevivências superiores a 30 meses.

No entanto importa relembrar, que o tratamento deve ser individualizado, tendo em conta as características de cada doente em particular.

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Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Taxas de cura ultrapassam os 85% quando são detetados precocemente
A Associação Portuguesa de Urologia (APU) assinala, entre os dias 5 e 30 de novembro, o Mês de Alerta para as Doenças do Homem...

Assintomático numa fase inicial, o cancro da próstata é o tumor maligno mais frequente no homem adulto. Contudo, a possibilidade de cura é de 85% quando detetado precocemente. Os tumores do testículo também são altamente curáveis em mais de 95% dos casos após tratamento.

“O homem não pode estar à espera que surjam sintomas para consultar o médico assistente ou urologista”, sublinha Luís Abranches Monteiro, Presidente da APU, acrescentando que “o estigma e o medo associados a algumas doenças e aos exames de despiste deverão ser combatidos uma vez que, só dessa forma, é possível enfrentar este tipo de patologias e diminuir o número de mortes que elas provocam”.

Embora o cancro da próstata seja a doença mais conhecida e temida entre as que envolvem a Saúde do Homem, também a prostatite (inflamação da próstata), a Hipertrofia Benigna da Próstata (HBP) e as disfunções sexuais têm elevada prevalência.

A HBP atinge metade dos portugueses com 60 anos e 90% com 80 ou mais anos. É uma patologia que se agrava com o tempo se não for tratada. A retenção urinária parcial progressivamente crescente pode levar a infeções urinárias, incontinência, cálculos na bexiga e mesmo insuficiência renal.

As causas das disfunções sexuais – alterações na ereção, na ejaculação ou no orgasmo – podem ser as mais diversas e devem ser investigadas para determinar a sua melhor terapêutica. Apesar de benignas, têm um grande impacto na qualidade de vida do homem e do casal.

 

 

Ordem dos Médicos
O bastonário da Ordem dos Médicos disse hoje que o problema da ala pediátrica do São João só não se revolve se o governo não...

"Só não se revolve se o governo não quiser. O governo tem vários mecanismos para resolver esta situação (...) Porque o governo com muita facilidade é capaz de injetar umas centenas de milhões de euros num banco, mas com muita dificuldade é capaz estas questões de proximidade para as pessoas que é terem acesso às escolas e aos hospitais", considerou Miguel Guimarães.

Em declarações à Lusa, Miguel Guimarães defendeu que "não chega dizer que vai haver mais 200 milhões de euros para o Serviço Nacional de Saúde ou 500 milhões para a Saúde", é necessário, de facto, "resolver as situações que estão mal" e no caso da pediatria do Hospital de São João, no Porto, assegura, "não é tão complexo assim, passar as crianças para dentro do hospital. Existe espaço".

O bastonário teme que, como até aqui, a situação se continue a arrastar no tempo e avisa que se assim for, a contestação pode subir de tom.

"Se o governo não tomar uma decisão, ou melhor, não resolver a situação rapidamente é bem possível que isto, a curto prazo, possa ser um foco de protesto muito forte do norte do país. O norte do país são três milhões e meio de habitantes, não são propriamente meia dúzia de pessoas", afirmou.

Miguel Guimarães considera mesmo que o primeiro-ministro devia falar aos portugueses e garantir que as promessas que têm sido feitas são cumpridas.

"Acho que o governo devia ter atenção a isto, devia cumprir aquilo que disse, porque isso é o que é importante neste momento, e acho que o primeiro-ministro devia falar com os portugueses. Como ele uma vez disse, ele não tem que falar com as ordens profissionais, mas tem que falar os portugueses e tem que ouvir aquilo que os portugueses têm para dizer", sustentou.

O bastonário da Ordem dos Médicos critica ainda a atuação dos deputados nesta matéria e diz que até que Marcelo Rebelo de Sousa devia intervir em matérias como esta.

"Vejo também os políticos todos muito parados. Os deputados da Assembleia da República é que aprovam o orçamento (...) portanto têm oportunidade, no seu conjunto, de obrigarem o governo a introduzirem algumas coisas no orçamento (...) Acho até que o próprio Presidente da República devia ter uma intervenção nestas matérias", considerou.

Para Miguel Guimarães o mais importante agora é resolver a situação, seja por ajuste direto ou não, deste que seja feito o mais rapidamente possível.

"Esta situação deve-se é resolver o mais rápido possível. Nós percebemos que é preciso algum tempo, têm que ser feitas obras. Agora se nós não iniciamos as obras não saímos do zero, continuamos na estaca zero. Se o tal concurso público internacional tem que ser novamente relançado, tem que partir tudo da estaca zero, nem daqui a um ano as obras começam", defendeu.

A 24 de outubro, o primeiro-ministro disse que o reforço do orçamento da Saúde permitirá "avançar com o lançamento" do concurso para a nova ala pediátrica do Hospital de S. João, ao passo que a nova ministra da tutela, Marta Temido, afirmou ainda não haver data para o procedimento.

Mensagem do Presidente
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, apelou hoje para que se vençam “preconceitos e obstáculos institucionais” à...

Numa mensagem publicada na página da Presidência da República na Internet a propósito do Dia do Cuidador, que se assinala hoje, Marcelo Rebelo de Sousa sustentou que a criação de um estatuto próprio “é uma causa que é nacional”, que “reúne o apoio de todos os partidos” e frisou que a continuará a defender “até que seja uma realidade”.

“Assinalo, pois, este dia, renovando o apoio a esta causa e o apelo para que se faça mais, vencendo preconceitos e obstáculos institucionais à criação do Estatuto do Cuidador Informal. É uma causa que sei ser de todos. É uma causa que merece o esforço de todos”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.

O chefe do Estado defendeu que o país “não pode continuar à espera, sob pena de estar a perpetuar um erro imperdoável, confundindo prioridades, atropelando a defesa da dignidade humana”.

Em Portugal, assinalou, a grande maioria dos cuidados prestados a pessoas dependentes, sejam idosos, pessoas com deficiência, demências ou doenças crónicas “é prestado por cuidadores informais e não através das redes formais”.

“Não podemos continuar a fingir que não existem milhares de compatriotas que são pais, filhos, netos, sobrinhos, primos, vizinhos, amigos, cuidadores de tantos e tantos outros portugueses”, acrescentou.

Marcelo Rebelo de Sousa observou que há “milhares de cuidadores informais e cada vez haverá mais”, defendendo que “não podem continuar invisíveis” ou ignorados, "sem vencimentos, folgas, férias, reformas e direitos sociais".

No passado dia 09 de setembro, no encerramento do I Encontro regional de cuidadores informais, em Vila Nova da Cerveira, o Presidente da República já tinha afirmado acreditar que até ao final da legislatura será votado no parlamento a criação do Estatuto do Cuidador Informal, considerando que se isso não se verificar será “um erro imperdoável”.

Em março passado, diplomas do BE, PCP, CDS-PP e PAN para reforçar medidas de apoio ao cuidador informal e às pessoas em situação de dependência baixaram, sem votação, à comissão de Trabalho e Segurança Social.

A criação de um estatuto próprio tem sido reclamada por grupos de cidadãos que prestam aquele tipo de cuidados e, em junho passado, foi criada a Associação Nacional de Cuidadores Informais.

Visitas ao domicílio
Um projeto pioneiro da Unidade Local de Saúde do Litoral Alentejano (ULSLA), que monitoriza um conjunto de doentes crónicos no...

“O objetivo é a estabilização clínica do doente, mantendo-o em casa, porque estamos a falar de pessoas com quatro ou cinco doenças crónicas, que circulam nos vários níveis de cuidados médicos”, explicou à agência Lusa Adelaide Belo, médica coordenadora do programa.

O "Programa de Gestão de Caso para Doentes Crónicos com Multimorbilidade" apoia 80 pacientes com doenças crónicas, entre os 52 os 80 anos, nos concelhos de Santiago do Cacém, Sines (Setúbal) e Odemira (Beja) e permitiu reduzir também os internamentos e as consultas médicas.

Para melhorar a qualidade de vida destes doentes e reorganizar os serviços, foram criadas equipas compostas por médicos de medicina geral e familiar, medicina interna, enfermeiros e assistentes sociais, que, em conjunto, gerem “a situação global” dos pacientes com visitas frequentes aos seus domicílios.

“Temos um paciente, de 80 anos, com nove doenças crónicas, que, num ano, foi 18 vezes ao serviço de urgência, esteve cinco vezes internado, fez 12 consultas com o médico de família e tem na sua lista à volta de 400 análises ao sangue e 200 aos rins. Não houve falta de assistência, mas não é esta a resposta que ele precisa”, exemplificou.

De acordo com Adelaide Belo, numa primeira fase do projeto, que arrancou em 2017, foi necessário “criar compromissos” e “insistir na aprendizagem” dos doentes e seus cuidadores que “tiveram de ser capacitados” e que “precisavam de algo organizado”.

“Aprenderam a tomar a medicação, perceberam que uma doença crónica não tem cura e quais os sinais de alerta para, quando se acende a 'luz vermelha', saberem ligar para o gestor de caso, que, no nosso programa, é o enfermeiro, o elo de ligação entre as equipas e os pacientes”, acrescentou.

O trabalho realizado permitiu “reduzir em 50% o internamento” de 45 doentes, monitorizados ao longo de seis meses.

Segundo Adelaide Belo, "os que não conseguem evitar o internamento nunca chegam tão descompensados”, em resultado do trabalho que é desenvolvido pelas equipas junto dos doentes e cuidadores nos seus domicílios".

“Foi possível reduzir em 66% as idas ao serviço de urgência do Hospital do Litoral Alentejano, em Santiago do Cacém, mais de 70% ao Serviço de Urgência Básica (SUB) de Odemira e metade do internamento", relatou.

A coordenadora do programa indicou que também foi reduzido o número de consultas ao médico de família (-50%) e de consultas hospitalares (-20%), em comparação com os 365 dias antes de terem entrado no projeto.

O programa, que permitiu ainda “uma poupança de 2.558 euros” por doente/ano, vai apostar, em 2019, na telemonitorização com o objetivo de “alavancar” o número de doentes crónicos da região que podem vir a beneficiar.

Para que tal aconteça, Adelaide Belo disse que são necessários “mais enfermeiros”, o “reforço” das equipas e o alargamento do programa aos concelhos de Grândola e Alcácer do Sal, também no litoral alentejano.

Obra é urgente
A associação pediátrica do Hospital de São João defende o “ajuste direto” da Ala Pediátrica, alertando que o concurso público...

“Ninguém consegue garantir uma data. Mas quanto mais depressa a obra começar, mais depressa está pronta. Antes de abril, o arquiteto não vai ter o projeto revisto. Depois, é preciso começar a obra. Nisso é que queremos o ajuste direto. É a única forma de avançar de imediato”, afirmou Jorge Pires, porta-voz da APOHSJ – Associação Pediátrica Oncológica, em declarações à Lusa.

O pai critica o internamento pediátrico em contentores "miseráveis" naquele hospital do Porto, alertando que, com o concurso público previsto pelo Governo, “ninguém pode aferir uma data concreta ou dizer se demora meses ou anos” a concluir a Ala Pediátrica.

“Podemos estar a falar de quatro, cinco, seis ou sete anos”, avisou.

“Queremos que isto se faça. Não queremos perder tempo. Isto é o jogo do empurra: vemos os políticos dizer ‘foi o outro governo, foi este governo’... Nós não temos nada a ver com estas guerras”, frisou.

Em causa está “o internamento das crianças todas e de uma parte sensível das crianças com cancro” em contentores provisórios há cerca de sete anos, num hospital que acolhe menores “de todo o Norte” do país.

“A nossa luta é que a obra se faça o mais rapidamente possível e a única forma é um ajuste direto”, descreveu.

“Criamos esta associação para irmos à Assembleia da República [AR] mostrar a urgência em fazer obra e a resposta que temos, do primeiro-ministro e da ministra da Saúde, é ‘vamos fazer um concurso mas não sabemos a data’”, lamentou.

Jorge Pires refere-se às declarações feitas a 24 de outubro pelo primeiro-ministro a dizer que o reforço do orçamento da Saúde permitirá "avançar com o lançamento" do concurso para a ala pediátrica, ao passo que a nova ministra da tutela, Marta Temido, afirmou ainda não haver data para o procedimento.

Jorge Pires admite criar um “movimento do país real” para se candidatar a eleições, “se for preciso já nas próximas eleições legislativas [em 2019] caso não avance a Ala Pediátrica.

A intenção é “ter uma voz ativa na política”.

“As crianças continuam lá, vão morrendo, e vêm outras e as pessoas estão descrentes. Temos a obrigação de fazer alguma coisa para mudar”, afirmou.

Segundo Jorge Pires, as “7.500 assinaturas” necessárias para criar um movimento que se candidate a eleições são “o mais fácil”.

“Pessoas de vários setores de atividade em Portugal têm falado comigo sobre como se sentem injustiçadas pela forma de fazer política em Portugal”, descreveu.

O pai lembra ainda que, no Parlamento, “o PS desafiou oposição a criar regime de exceção para a ala pediátrica do São João, mas o PSD fez a resolução e foi reprovada pelo PS, BE e PCP”.

No debate quinzenal da AR de 27 de setembro, o líder parlamentar do PSD, Fernando Negrão, acusou o primeiro-ministro de "insensibilidade social" por não avançar imediatamente com as obras, criticando o concurso por poder demorar anos até à conclusão.

O primeiro-ministro, António Costa, desafiou o PSD a aprovar uma lei que autorize o Governo a dispensar o visto do Tribunal de Contas e o concurso público, permitindo que a empreitada se inicie imediatamente.

A 19 de outubro, uma resolução do PSD para que o Governo adotasse "todos os procedimentos e medidas necessárias para que se proceda à construção, no mais curto espaço de tempo possível”, da ala pediátrica, foi chumbada com votos contra de PS, BE, PCP e PEV.

O parlamento aprovou um projeto de resolução do PCP a recomendar ao executivo socialista "que desbloqueie a construção da nova ala pediátrica do São João".

APOHSJ – Associação Pediátrica Oncológica
A associação de pais de crianças tratadas no Hospital de São João acusa a ministra da Saúde de deixar “na gaveta” o memorando...

“A nova ministra da Saúde disse que não há data para o avanço do concurso da Ala Pediátrica. Mas assinou um memorando em que a obra é considerada urgente. Puseram o memorando na gaveta. Se é urgente, têm de arranjar forma de a fazer”, criticou Jorge Pires, porta-voz da APOHSJ – Associação Pediátrica Oncológica.

O memorando, a que a Lusa teve acesso, aponta a conclusão do investimento de 23,8 milhões de euros para 2019, e reconhece a necessidade de “criar as condições adequadas” para serviços “a funcionar há anos em espaços provisórios e degradados”, com “risco de repercussão na qualidade dos cuidados prestados”.

De acordo com o documento, de 01 de junho de 2017, as partes acordavam “promover a articulação necessária” para “desencadear o processo de renovação das instalações do Centro Pediátrico Integrado” do São João e “concretizar o projeto de edificação e apetrechamento” num “prazo estimado de três anos”.

Nesse dia, o presidente da administração daquela unidade hospitalar, António Oliveira e Silva, revelou à Lusa que as instalações de pediatria, a funcionar desde 2011 em contentores, deviam ter novas instalações a funcionar em 2020, de acordo com o referido memorando de entendimento.

A associação de pais critica ainda o presidente da Câmara do Porto, os deputados eleitos pelo distrito e a administração hospitalar “por nada fazerem” pela nova Ala Pediátrica.

“O Hospital de São João recebe crianças de todo o Norte. Esta é uma questão de saúde pública e não vemos o presidente da Câmara do Porto vir publicamente manifestar preocupação e a tentar mediar a resolução do problema”, lamentou.

“Não é aos pais que compete andar preocupados com isto. Não vemos, na cidade, ninguém a fazer nada. Os deputados eleitos pelo Porto não dão a cara por isto”, acrescentou.

O responsável criticou também “a administração do hospital, que é quem mais devia a vestir a camisola para resolver o problema”, por “não dizer ao Governo, pelo menos publicamente, que se vai embora porque não a deixam fazer a missão que lhe compete, que é dar condições às crianças”.

Jorge Pires lamenta ainda a ausência de “preocupação das figuras públicas do Porto, que têm tempo de antena mediático e não lutam por uma causa do Porto”.

“Não vemos ninguém a dar a cara por isto. Tiveram de ser os pais”, afirmou.

Jorge Pires critica ainda os “deputados eleitos pelo círculo do Porto”, que não vê “a lutar por esta causa”.

Em abril deste ano, o administrador do São João admitiu que as condições do atendimento pediátrico são “indignas” e “miseráveis”, lamentando que a verba para a construção da nova unidade ainda não tenha sido desbloqueada.

O responsável falava aos jornalistas a propósito de queixas de pais de crianças com doenças oncológicas sobre a falta de condições de atendimento dos seus filhos em ambulatório e também na unidade do ‘Joãozinho’ para onde as crianças são encaminhadas quando têm de ser internadas.

A 24 de outubro, o primeiro-ministro disse que o reforço do orçamento da Saúde permitirá "avançar com o lançamento" do concurso para a ala pediátrica, ao passo que a nova ministra da tutela, Marta Temido, afirmou ainda não haver data para o procedimento.

“As crianças têm tempo para isto. São crianças que lutam contra o tempo e muitas vezes o tempo não existe”, resume Jorge Pires.

Contactado pela Lusa, o Ministério da Saúde disse, através de fonte oficial, que não vai "fazer comentários além dos esclarecimentos que já foram prestados".

O Centro Hospitalar de São João disse à Lusa que "não comenta o assunto".

Açores
Uma massagem na ilha Terceira feita exclusivamente com produtos biológicos da região, como café, mel e leite de burra, está a...

“Notamos que nos dias em que chove os turistas recolhem-se ao spa. Vão fazer um trilho e no dia a seguir procuram o 'spa'”, adiantou, em declarações à agência Lusa, a proprietária do Luxus Day Spa, situado em Angra do Heroísmo, nos Açores.

Andreia Meneses tinha apenas 16 anos quando abriu a sua primeira clínica de estética e spa na Praia da Vitória, na ilha Terceira, mas quando os militares americanos e as suas famílias começaram a deixar a base das Lajes, há sete anos, decidiu expandir o negócio à cidade vizinha.

“Tínhamos muita afluência dos americanos. Começam os americanos a sair de cá e eu começo a tentar arranjar uma estratégia para continuar com a parte de spa e abrir o primeiro ‘day spa’ na ilha”, salientou.

A ideia de criar uma massagem com produtos açorianos e biológicos surgiu, nessa altura, no âmbito de um curso de gestão de 'spa' que frequentou.

Depois de vários anos a testar o produto, lançou este ano a primeira massagem do Azorean Spa Concept, a primeira na região a receber o selo "Marca Açores".

Embora alguns locais já o tenham experimentado, são sobretudo os turistas e os emigrantes a procurar este produto, principalmente desde que os voos ‘low cost’ chegaram à ilha.

“Até é a mais cara que nós temos, mas eles querem é aquela, porque é aquela que é diferente”, salientou Andreia Meneses.

Para os emigrantes, os odores da massagem, como o cheiro a óleo de funcho que é utilizado na fase de relaxamento, trazem memórias da infância e das sopas das mães.

“As pessoas recuam no tempo com o cheiro do óleo do funcho”, revelou a empresária.

A Azorean Bio Massage começa com uma purificação, em que o corpo é regado com chá Gorreana, um produto “anticético, calmante e antioxidante”.

Segue-se a exfoliação com uma luva vegetal ecológica, em que são utilizados café e óleo de criptoméria japónica.

“O café tem vitamina D, tem potássio, é um exfoliante natural. Eu tentei reunir ingredientes que tivessem efeitos fisiológicos benéficos para o nosso organismo”, apontou Andreia Meneses.

O terceiro passo na massagem, que tem uma duração de duas horas, é a hidratação e nutrição da pele com mel, o “hidratante mais potente do mundo”, e leite de burra, um antioxidante que a empresária conhece desde criança.

“Quando era pequena ingeri leite de burra porque tinha tosse convulsa”, lembrou, sublinhando que também se ouve dizer que Cleópatra se banhava neste produto.

A massagem termina com o relaxamento, feito com óleo de funcho, “que é calmante e tem sais minerais”.

Todos os ingredientes são biológicos e produzidos nos Açores e a massagem tem também “algumas técnicas diferentes”, por isso Andreia Meneses acredita que será possível exportar o conceito para outros 'spa' do país, com um pacote que inclua produtos e formação.

Segurança Alimentar
A Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) vai avançar com um projeto-piloto inicialmente na restauração, para...

“Quando é realizado um ato inspetivo, o operador ou tem uma infração e corre o risco de ter um processo de contraordenação”, referiu Pedro Portugal Gaspar, ou não tem nenhuma prova “de que foi visitado pela ASAE e está tudo bem”.

Para o líder da organização, “a tradição inspetiva é penalizar pela negativa […] e a ideia do selo é dar um incentivo pela positiva”, salientou. Assim, os estabelecimentos em que a ficha de fiscalização, que orienta os inspetores, for cumprida na totalidade terão direito a esta distinção.

Este tipo de medida “já existe no norte da Europa”, disse Pedro Portugal Gaspar e foi divulgado em primeiro lugar no Orçamento do Estado para 2019.

No dia em que a ASAE completa 13 anos, o inspetor-geral reconhece que há muitos desafios no futuro a que a organização tem que fazer face: "Há um ponto muito importante para o futuro que é a vigilância do mercado online. Passa a ser um novo desafio”.

Em declarações à Lusa, o responsável explicou que é preciso conhecer as “condições de venda do estabelecimento virtual e o conteúdo das transações que são feitas”.

A ASAE já está a atuar no mercado do alojamento local e da venda de bilhetes para grandes eventos, por exemplo.

“Outro desafio é o branqueamento de capitais e financiamento do terrorismo na área não financeira”, avançou Pedro Portugal Gaspar. Os setores mais sensíveis são aqueles em que há transações elevadas em dinheiro como stands de automóvel, leiloeiras, galerias de arte ou ourivesarias, disse o inspetor-geral.

Para fazer face a estes desafios, está a ser reforçada a formação, ao mesmo tempo que são implementadas alterações na carreira dos inspetores, para facilitar as operações. A colaboração com a Academia Europeia de Polícia, a Cepol, é um dos eixos desta estratégia.

Neste momento, a ASAE conta com 235 funcionários que atuam nas inspeções, com o líder da entidade a não rejeitar um aumento do número de trabalhadores.

Inspeções
A Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) desenvolveu 44.196 inspeções em 2017 e aplicou coimas de 8,6 milhões de...

Em entrevista, Pedro Portugal Gaspar, inspetor-geral da ASAE, adiantou que em 2018 a organização realizou - até ao dia 15 de outubro - 33.292 ações inspetivas e cobrou mais de sete milhões de euros em coimas, um valor apurado no final de setembro.

Num balanço dos 13 anos de atividade da organização, o responsável defendeu que “importa diversificar [as ações] pelas diversas áreas temáticas e cobrir vários setores considerados prioritários”, adiantando que 65% das atividades inspetivas “têm que ser nas áreas definidas como prioritárias, ou seja contrafação, jogo ilícito, segurança alimentar”

O inspetor-geral destacou ainda que “a existência da ASAE é um marco em termos de atividade económica e de segurança alimentar na sociedade portuguesa”.

Pedro Portugal Gaspar deu conta de uma mudança de mentalidades que já se nota no balanço dos 13 anos de atividade: “Eu diria que nos primeiros cinco, seis anos [de existência da ASAE], a taxa média de incumprimento situava-se acima dos 25%. Nestes últimos sete anos situa-se abaixo desses 25%, até uma tendência nos últimos quatro anos abaixo dos 20%, de 18%".

Para o responsável, estes dados mostram que também as campanhas de sensibilização dos operadores económicos estão a dar frutos.

“Nestes últimos quatro a cinco anos houve um esforço grande, e que penso terá um contributo, com sessões públicas de divulgação sobre as novas exigências do quadro legal, portanto uma lógica preventiva e informativa, com FAQ (Perguntas Frequentes) colocadas no site e as fichas de fiscalização. Isto implica que é dado a conhecer a principais obrigações que no fundo servem de guião para a parte inspetiva”, adiantou Pedro Portugal Gaspar.

A ASAE está também a apostar em prestar informação aos operadores estrangeiros, com informação em mandarim e ações com a comunidade indiana. “Claro que o desconhecimento da lei não aproveita a ninguém, mas queremos dar a conhecer e não ficar só numa posição passiva”, avançou o inspetor-geral.

Saiba como
Saiba o que são acidentes de trabalho e o que pode fazer para os prevenir.
Capacete e outro equipamento de proteção para ilustrar a prevenção de acidentes de trabalho

A definição de acidente de trabalho está estipulada no Decreto-Lei nº 99/2003, de 27 de Agosto, artigos 281 a 301. É acidente de trabalho o sinistro, entendido como acontecimento súbito e imprevisto, sofrido pelo trabalhador que se verifique no local e no tempo de trabalho.

A consciencialização e a formação dos trabalhadores no local de trabalho são a melhor forma de prevenir acidentes, a que acresce a aplicação de todas as medidas de segurança colectiva e individual inerentes à actividade desenvolvida. O ISHST - Instituto para a Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho é o organismo público que fornece toda a informação nesta área.

Prevenir, quer na perspectiva do trabalhador quer na do empregador, é a melhor forma de evitar que os acidentes aconteçam. As acções e medidas destinadas a evitar acidentes de trabalho estão directamente dependentes do tipo de actividade exercida, do ambiente de trabalho e das tecnologias e técnicas utilizadas.

Causas habituais

Os acidentes de trabalho mais frequentes em Portugal são as quedas e os soterramentos, sendo que as principais causas destes acidentes são não seguir as regras de segurança e não utilizar os dispositivos de segurança ou utilizá-los de forma desadequada.

No entanto, podem também contribuir para o surgimento de acidentes de trabalho a ingestão de bebidas alcoólicas; as hipoglicémias, que podem provocar lipotímias (desmaios) por falta de alimentação (por exemplo, quando os trabalhadores não tomam o pequeno-almoço) e a fadiga, por não se ter dormido o suficiente ou quando se trabalha por turnos, em especial se o trabalho incluir lidar com máquinas perigosas.

Como prevenir

As acções e medidas destinadas a evitar acidentes de trabalho dependem directamente do tipo de actividade exercida, do ambiente de trabalho e das tecnologias e técnicas utilizadas.

Porém, tenha em atenção o seguinte:

  • Faça com que o seu local de trabalho seja confortável;
  • Tenha muito cuidado e siga todas as regras de segurança na realização de actividades mais perigosas;
  • Organize o local de trabalho ou o seu posto de trabalho, não deixe objectos fora dos seus lugares ou mal arrumados. Se tudo estiver no seu lugar não precisa de improvisar perante imprevistos e isso reduz os acidentes;
  • Saiba quais os riscos e cuidados que deve ter na actividade que desenvolve e quais as formas de protecção para reduzir esses riscos;
  • Participe sempre nas acções ou cursos de prevenção de acidentes que a empresa lhe proporcionar;
  • Aplique as medidas e dispositivos de prevenção de acidentes que lhe são facultados, designadamente o uso de vestuário de protecção adequado, como as protecções auriculares para o ruído, óculos, capacetes e dispositivos anti-queda e equipamento de protecção respiratória, entre outras;
  • Não receie sugerir à empresa onde trabalha a realização de palestras, seminários e acções de formação sobre prevenção de acidentes.

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Por proposta da comunidade científica
O mundo assinalou esta semana pela primeira vez o Dia Mundial da Gripe, efeméride proposta pela comunidade científica para...

Outro dos objetivos é acelerar a inovação científica que leve, nomeadamente, a uma vacina universal contra a gripe, segundo explicou à revista The Lancet um dos promotores desta iniciativa, George Gao, diretor do Centro de Prevenção e Controlo de Doenças da China.

Ao contrário de outras campanhas oficiais e globais na área da saúde, como outros dias mundiais que são essencialmente designados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a proposta do Dia Mundial da Gripe, que foi assinalado na quinta-feira, foi impulsionada por cientistas e peritos que trabalham na área.

O primeiro Dia Mundial da Gripe foi escolhido para coincidir com o centenário da pandemia de gripe de 1918/1919, que ficou conhecida como "gripe espanhola" e matou dezenas de milhões de pessoas em todo o mundo, incluindo dezenas de milhares em Portugal.

Segundo George Gao, a criação deste dia serve igualmente para “pressionar para uma vontade política global mais forte” no sentido de se prosseguir e intensificar o apoio à prevenção e controlo da doença.

A gripe é uma doença contagiosa que infeta todos os anos cerca de 10% dos adultos e um terço das crianças e, geralmente, apresenta uma evolução benigna. Contudo, pode trazer complicações associadas, tais como a pneumonia e a descompensação de doenças subjacentes, sobretudo em pessoas com doenças crónicas ou mais de 65 anos.

Segundo a Organização Mundial da Saúde, a gripe é responsável por cerca de meio milhão de mortes todos os anos.

Nos anos mais recentes a maior atividade gripal tem sido observada entre dezembro e fevereiro. Este ano, por exemplo, Portugal está ainda com uma atividade gripal esporádica.

A gripe é a doença mais frequente dos adultos e pode ser prevenida pela vacinação, segundo as autoridades de saúde.

Os vírus da gripe estão em constante alteração e a imunidade provocada pela vacina não é duradoura, sendo por isso necessária uma vacinação anual.

A vacinação contra a gripe é “fortemente recomendada” pela Direção-Geral da Saúde a pessoas com mais de 65 anos, a doentes crónicos e imunodeprimidos, grávidas e profissionais de saúde ou outros prestadores de cuidados.

A campanha de vacinação em Portugal começou este ano a 15 de outubro.

ONU
Apesar do rápido crescimento económico, a região Ásia-Pacífico tem quase 500 milhões de pessoas a passar fome e os programas de...

Quase uma em dez crianças no sudeste da Ásia e cerca de 15% das crianças no sul da Ásia passam fome, com as inevitáveis consequências de doenças graves e risco de morte.

Mesmos em cidades prósperas, como Banguecoque (Tailândia) ou Kuala Lumpur (Malásia), as famílias mais pobres não conseguem alimentar os filhos, diz um relatório preparado por quatro agências ligadas à Organização das Nações Unidas (ONU).

“Depois de anos de conquistas no combate à fome e à desnutrição na Ásia e no Pacífico, estamos agora praticamente paralisados”, afirmou o diretor-geral regional da agência da ONU para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e uma das organizações envolvidas na elaboração do estudo, Kundhavi Kadiresan.

A ONU reconhece que os programas de combate à fome estão a perder eficácia e alertam que, para atingir em 2030 a meta de fome zero, 110 mil pessoas precisam de ser retiradas diariamente da situação de desnutrição.

O relatório hoje divulgado indica que o número de pessoas desnutridas começou a aumentar nos últimos anos, especialmente no leste e no sudeste asiático.

As taxas de desnutrição caíram de 18% em 2005 para 11% em 2017, mas a desnutrição provocada pela fome está a piorar, devido à insegurança alimentar e a sistemas de saneamento inadequados.

Mesmo as crianças com excesso de peso estão frequentes vezes desnutridas, sobretudo quando as famílias dependem de alimentos de rua, oleosos, ricos em amino doces, insalubres e inseguros.

As agências da ONU envolvidas no relatório agora divulgado dizem que é urgente fornecer água potável e saneamento adequados, para prevenir doenças, especialmente nas crianças.

Acabar com defecação a céu aberto, que é uma prática generalizada na Índia, por exemplo, é outro objetivo prioritário.

O relatório elogia os esforços de alguns países para garantir que os moradores das cidades tenham acesso a mercados de alimentos frescos, mas considera que os problemas de saneamento anulam muitas das vantagens produzidas.

Na Indonésia, por exemplo, um estudo citado no relatório constatou que a prevalência de nanismo relaciona-se de perto com o acesso a latrinas melhoradas.

As crianças cujas famílias dependem da água não tratada têm muito mais probabilidade de sofrer de atraso de crescimento quando as casas não possuem latrinas.

O relatório indica ainda que, na região da Ásia e Pacífico, parte importante da população mais pobre conta com água engarrafada, considerada potável, mas que, na verdade, está muitas vezes contaminada.

Estudo
Doentes deprimidos com elevados níveis de ácido úrico no sangue poderão estar em vias de desenvolver doença bipolar, de acordo...

"Uma investigação portuguesa, publicada recentemente na prestigiada revista científica internacional ‘Bipolar Disorders', mostrou que doentes internados por depressão com níveis altos de ácido úrico no sangue apresentam maior risco de progressão para uma outra doença psiquiátrica, a chamada ‘doença bipolar'", refere um comunicado do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC).

Pedro Oliveira, um dos autores citado na nota, salienta que "este achado inovador, apesar de necessitar de maior investigação, poderá revolucionar a abordagem e tratamento dos doentes deprimidos".

Segundo o especialista, esta descoberta permite "uma melhor resposta ao tratamento, a identificação de formas iniciais de doença bipolar e intervenção numa fase mais precoce para minimizar o impacto da doença na vida do doente".

Os autores do estudo (Pedro Oliveira, Vítor Santos, Manuel Coroa, Joana Ribeiro e Nuno Madeira), médicos psiquiatras do CHUC e investigadores no Instituto de Psicologia Médica da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, salientam que "não existia até agora nenhum exame acessível no dia-a-dia capaz de identificar indivíduos em risco de desenvolver doença bipolar".

A doença bipolar é caracterizada por episódios persistentes de tristeza, semelhantes ao que se verificam na depressão, mas também por fases de euforia e energia aumentada, "os chamados episódios maníacos".

"Esta doença é, na maioria dos casos, tratável com recurso a antidepressivos. No entanto, em certas formas de depressão, como em indivíduos com doença bipolar, o tratamento com antidepressivos é pouco eficaz e poderá agravar o prognóstico da doença", refere o comunicado.

O diagnóstico da doença bipolar é frequentemente tardio, "sendo frequente que, durante bastantes anos, os doentes sejam considerados como tendo apenas depressão".

De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a depressão já é a principal causa de incapacidade no mundo e um em cada quatro portugueses sofrerá da doença ao longo da sua vida.

Níveis abaixo do recomendado preocupam especialistas
Essencial para a manutenção do normal funcionamento do sistema imunitário ou para crescimento dos de

Conhecida como a vitamina do sol, a vitamina D é um nutriente lipossolúvel – que se dissolve na gordura - essencial para o bom funcionamento do nosso organismo nas suas mais variadas funções.

No entanto, ao contrário do que pensamos, ela é na realidade uma pro-hormona, que pode ser sintetizada pelo organismo. Até 1970, altura em que se descobriu que afinal esta podia ser produzida pela pele, através da exposição aos raios ultravioletas, os investigadores acreditavam que a vitamina D só poderia ser obtida através da ingestão de certos alimentos.

Hoje sabe-se que a exposição solar é fundamental para garantir níveis adequados de vitamina D no organismo, uma vez que a alimentação, por si só, não é suficiente para suprir as necessidades desta vitamina. Contudo, é a combinação das duas que nos permite garantir o aporte necessário de vitamina D.

De acordo com a nutricionista Catarina Soares de Oliveira, “para o organismo, mais precisamente a pele, conseguir produzir uma dose adequada (cerca de 80%) de vitamina D é necessária a exposição solar, sem protetor solar, durante cerca de 15 minutos, pelo menos 3 vezes por semana”, bem como a ingestão de alimentos ricos em vitamina D, tais como o leite e seus derivados, o óleo de fígado de bacalhau ou os peixes gordos como o salmão, cavala, sardinha ou atum. Também a gema de ovo ou o marisco são boas fontes desta vitamina.

No entanto, saiba que a utilização de alguns medicamentos e a ingestão de bebidas alcoólicas podem dificultar e ou até mesmo impedir a absorção da vitamina D, comprometendo o seu aporte.

Principais “efeitos” na saúde

Uma das principais funções da vitamina D, e talvez a mais conhecida, é ser responsável por regular o metabolismo ósseo. Esta vitamina é essencial para o desenvolvimento saudável e para a manutenção dos ossos e dentes. Por um lado, promove e otimiza a absorção do cálcio, por outro lado, evita a eliminação renal do cálcio.

Mas o papel da vitamina D na nossa saúde não fica por aqui. As diversas funções que desempenha em distintos tecidos e órgãos fazem da vitamina D essencial para a saúde do nosso organismo.

Para além de desempenhar um papel importante ao nível muscular, ao nível do sistema imunológico, ela ajuda a prevenir o declínio cognitivo. Parece ainda haver uma forte relação entre níveis baixos de vitamina D e a ocorrência de depressão ou outras perturbações mentais.

Relativamente ao sistema cardiovascular, os especialistas defendem que a vitamina D ajuda a reduzir o risco de enfarte, de doença coronária e de insuficiência cardíaca.

Por outro lado, e uma vez que tem a capacidade de melhorar a sensibilidade à insulina, a vitamina D apresenta ainda um efeito preventivo na obesidade e na diabetes.

Quanto ao trato respiratório, são muitos os especialistas que defendem a sua importância na prevenção de algumas infeções. “A sua associação à eficiência do sistema imunológico e ao desenvolvimento do pulmão, ainda durante a vida fetal, poderá justificar esta associação”, explica a pediatra Carla Rêgo.

Carência de vitamina D nem sempre apresenta sintomas

Os sintomas de carência desta vitamina são, habitualmente, “subtis, pelo que a maioria das pessoas não se apercebe, e resultam da interferência da vitamina D na função dos diferentes órgãos e sistemas orgânicos”, esclarece a médica pediatra Carla Rêgo.

Uma maior susceptibilidade a infeções (víricas ou bacterianas), fadiga excessiva e cansaço fácil, dores ósseas e fraturas frequentes, depressão ou alterações de humor são alguns dos sinais que indicam, no entanto, um aporte deficiente desta vitamina.

Raquitismo (nas crianças), osteomalácia ou osteoporose são algumas das principais complicações associadas.

O risco de carência de Vitamina D é maior nos indivíduos pouco expostos ao sol e que passam poucas horas ao ar livre, nas crianças, nos idosos, e ainda durante a gravidez e menopausa.

Deste modo, a suplementação é aconselhada para aqueles que estão em risco sempre sob recomendação e avaliação médica.

As doses diárias para ingestão alimentar recomendadas desta vitamina variam de acordo com a idade. “Durante o primeiro ano de vida são de 400 UI/dia, dos 1 aos 70 anos entre 600 a 800 UI/dia e a partir dos 70 anos de 800 UI/dia”, revela a especialista.

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Gare do Oriente
No próximo dia 6 de novembro, a Associação Portuguesa para o Estudo da Dor marca presença, pela primeira vez, na Check-Up, que...

No âmbito da campanha “Movimento para o Futuro”, que pretende sensibilizar a população portuguesa para a importância da introdução de mais movimento na rotina diária de forma a prevenir e tratar estados de dor crónica músculo-esquelética, a Associação Portuguesa para o Estudo da Dor (APED) esclarecerá ao longo do dia os benefícios do movimento como forma de prevenção para a dor. Ao mesmo tempo, realizará rastreios que avaliam a dor dos doentes, analisando alguns parâmetros essenciais como a intensidade, a duração, a localização, os sintomas, entre outros, como forma de verificar a sua prevalência.

Segundo a Dra. Ana Pedro, Presidente da APED, “A dor crónica é um problema de saúde significativo que afeta mais de três milhões de portugueses e, por isso, o controlo da dor deve ser encarado como uma prioridade. A presença da APED nesta feira permite estabelecer uma comunicação de proximidade com a população, esclarecer dúvidas e passar uma mensagem de prevenção. É o momento ideal para transmitir a importância de incutir hábitos de vida saudáveis e incentivar para a prevenção, diagnóstico e terapêutica desta doença.”

Na edição anterior foram realizados cerca de 1.300 rastreios, bem como sessões de aconselhamento personalizado, em colaboração com várias associações e sociedades médicas.

Saiba mais sobre esta edição e as anteriores em http://checkup.com.pt/.

Com a chegada do frio
O serviço é mais procurado entre as 18 e as 22 horas e aos fins-de-semana. Além do aconselhamento clínico, utentes podem marcar...

Entre Setembro do ano passado e Setembro deste ano, o serviço de triagem, aconselhamento e encaminhamento do centro de contacto do Serviço Nacional de Saúde — SNS 24 atendeu 1,13 milhões de chamadas. Uma média mensal de 87.378. De acordo com dados fornecidos pelos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS), este é o serviço mais usado pelos utentes do SNS 24. É a ele que muitas pessoas recorrem quando se sentem doentes, escreve o jornal Público.

Através de protocolos, que estabelecem várias perguntas a fazer a quem liga, os enfermeiros distinguem os sintomas e aconselham cuidados que podem passar pelo tratamento em casa ou pelo encaminhamento para o centro de saúde ou hospital. Tudo depende da gravidade.

Já o serviço informativo e administrativo atendeu 108 mil chamadas neste último ano. E recebeu uma média mensal de 10.322 emails. Aqui, os utentes podem esclarecer dúvidas sobre o funcionamento do Portal do SNS, por exemplo, e marcar consultas ou exames.

Cerca de 60% dos utilizadores do SNS 24 são mulheres e 30% das chamadas estão relacionadas com crianças até aos nove anos. O serviço é mais procurado entre as 18h e as 22h e aos fins-de-semana. O número de contactos cresce nos meses mais frios, acompanhando o pico da gripe. De resto, “à semelhança de anos anteriores, a operadora está neste momento a recrutar enfermeiros para responder à subida de chamadas típicas do período de Inverno que se avizinha”, diz Micaela Monteiro, responsável do SNS 24.

Em Dezembro
Serviço é dirigido a pessoas com 75 e mais anos em situação de vulnerabilidade. Projeto arranca já em Dezembro em dois...

A linha sénior, apoio telefónico prestado a pessoas com 75 ou mais anos pelo centro de contacto do Serviço Nacional de Saúde — SNS 24, vai ser reativada três anos depois de ter deixado de funcionar. O "serviço biopsicossocial" vai arrancar em Dezembro. Começará por contactar 65 mil idosos de dois agrupamentos de centros de saúde (ACES), um no Norte e outro em Lisboa e Vale do Tejo.

O novo arranque do serviço está previsto para a “primeira quinzena de Dezembro”, com os primeiros contactos a serem feitos aos idosos inscritos nos ACES Oeste Sul e ACES Porto Oriental, explicou ao jornal Público a responsável pelo SNS 24, referindo que a intenção é alargar o programa, “progressivamente, para outras zonas do país”. “O serviço iniciar-se-á com uma primeira fase de aferição de ‘fragilidade’ do idoso na qual serão contactadas 65.000 pessoas."

Micaela Monteiro adiantou que nesta primeira fase irão contactar toda a população com idade igual ou superior a 75 anos pertencente aos dois ACES que integram o projeto. “Com a autorização do próprio, será feita uma avaliação para aferir a sua vulnerabilidade.” Os idosos identificados como "vulneráveis" serão convidados para participar no programa.

A partir daí, haverá um acompanhamento telefónico regular dos idosos vulneráveis pelo SNS 24, que articula sempre com os cuidados de saúde primários. Estes intervêm de acordo com as necessidades de saúde e, sempre que necessário, articulam com as forças de segurança em redes de intervenção local existentes”, acrescentou a responsável, referindo que quer os ACES como a GNR e a PSP foram envolvidos no desenho deste modelo de intervenção.

Os contactos com os idosos integrados no programa serão semanais. "Uma das peças basilares da nova estratégia é entender o SNS24 como prestador de serviços de saúde à distância, por telefone ou acesso digital, mas em estreita articulação com os serviços presenciais, como os cuidados de saúde primários, os hospitais, os lares, etc." Trabalhando em rede, acredita Micaela Monteiro, é mais fácil responder aos "problemas cada vez mais complexos de uma população em envelhecimento".

Cuidados para o Inverno
A linha sénior foi criada em Abril de 2014 e chegou a contactar 20 mil idosos, com chamadas quinzenais. Mas acabou suspensa em Dezembro de 2015. Na altura a Direcção-Geral da Saúde alegou necessidade de mobilizar recursos para fazer face ao aumento da procura da Linha Saúde 24 devido à gripe, mas também por questões orçamentais. Em Janeiro de 2016 uma resolução da Assembleia da República recomendou ao Governo a reativação do serviço.

Nessa primeira versão cabia aos idosos tomarem a iniciativa de telefonar para o call center do SNS e dizerem que pretendiam passar a ser acompanhados. Agora será um pouco diferente. “Não se prevê que o próprio se inscreva, até porque queremos ser proactivos e identificar os que mais precisam: aqueles que se encontram num estado de maior vulnerabilidade.”

Os protocolos que os enfermeiros vão usar no novo "serviço biopsicossocial sénior" já estão desenvolvidos. Nesta fase inicial, “a intervenção irá incidir em conteúdos relacionados com os cuidados a ter durante o Inverno: nutrição, prevenção de acidentes, baixas temperaturas e síndrome gripal”. Micaela Monteiro ressalvou que este aconselhamento aos idosos não deve ser confundido com a triagem, aconselhamento e encaminhamento para centros de saúde ou hospitais que o SNS 24 faz de forma geral a toda a população, essencialmente em situações de doença aguda. 

“Ao longo do projeto serão utilizados instrumentos de avaliação que permitirão sinalizar necessidades e riscos individuais do idoso. Possibilitarão, assim, uma intervenção dirigida e personalizada”, afirmou. O caderno de encargos, válido para os três anos de contrato que a Serviços Partilhados do Ministério da Saúde tem com a Altice (operadora vencedora), prevê que possam ser abrangidos por este apoio biopsicossocial até 100 mil idosos.

Outros serviços
O mesmo caderno de encargos prevê também a criação de serviços de acompanhamento a grávidas e puérperas e a doentes com diabetes, podendo abranger até 20 mil utentes. Está igualmente previsto apoio aos fumadores que queiram deixar de fumar, que também poderá chegar aos 20 mil beneficiários. O SNS 24 já prestou este apoio, mas aquém do que era desejado.

Nenhum destes serviços está ainda em funcionamento. Micaela Monteiro explicou que “têm que ser pensados e desenhados de modo integrado com as restantes respostas do SNS”. E neste último ano “têm sido desenvolvidos outros serviços específicos que se enquadram dentro das tipologias previstas em caderno de encargos, nomeadamente serviços informativos de saúde oral, sobre sangue e transplantação e vale-cirurgia”. Houve também a integração do serviço de saúde pública que anteriormente estava com as administrações regionais de saúde.

Estudo
Análise epidemiológica envolveu 1,6 milhões de indivíduos na Suécia e demonstrou que a remoção do apêndice está associada à...

É comum dizer-se que o apêndice vermicular não serve para nada (ou para muito pouco) e que só nos lembramos que existe quando infecta e nos leva às urgências com uma apendicite que se resolve com a sua remoção. Mas, afinal, este pequeno órgão do corpo humano poderá ser mais importante do que se pensava. Segundo um estudo divulgado na revista científica Science Translational Medicine, o apêndice poderá estar implicado no início do desenvolvimento da doença de Parkinson. Para chegar a esta conclusão, escreve o jornal Público, uma equipa de cientistas realizou um estudo epidemiológico de larga escala que envolveu a análise de registos de mais de 1,6 milhões de pessoas na Suécia.

Tudo indica que não estamos perante uma mera coincidência. É provável que duvide se lhe dissermos apenas que este estudo revela que a remoção do apêndice está associada à redução do risco de doença de Parkinson (DP) em quase 20% dos casos. Mas como? Porquê? O que é que este pequeno e aparentemente inútil órgão tem a ver com uma doença neurodegenerativa? Primeiro que tudo, saiba que o apêndice não é assim tão inútil. De facto, pode-se viver bem sem ele, mas há vários estudos que demonstram que também pode desempenhar um papel importante para o nosso sistema imunológico e não só. Dito isto, avancemos para a tal aparente “coincidência”.

Na verdade, o apêndice e a doença de Parkinson partilham um importante elo comum: a alfa-sinucleína. Já se sabia que existe uma proteína chamada alfa-sinucleína que se acumula (de forma tóxica) no cérebro dos doentes de Parkinson e de outras doenças neurodegenerativas. Porém, ainda não se percebeu por que é que essa acumulação acontece. De acordo com este novo artigo, o apêndice atua como um importante reservatório para alfa-sinucleína, que está intimamente ligada ao início e à progressão de Parkinson.

“Os nossos resultados apontam para o apêndice como um local de origem para Parkinson e fornecem um caminho para o desenvolvimento de novas estratégias de tratamento que alavanquem o papel do tracto gastrointestinal no desenvolvimento da doença”, refere Viviane Labrie, investigadora no Instituto de Investigação Van Andel, sediado em Grand Rapids no estado norte-americano de Michigan, num comunicado de imprensa sobre o estudo. E confirma: “Apesar de ter uma reputação de algo completamente desnecessário, o apêndice desempenha um papel importante no nosso sistema imunológico, na regulação da composição de nossas bactérias intestinais e agora, como mostramos com o nosso trabalho, na doença de Parkinson.”

Viviane Labrie e a sua equipa encontraram aglomerados de alfa-sinucleína em apêndices de pessoas saudáveis de todas as idades, bem como pessoas com Parkinson. A alfa-sinucleína é considerada uma marca da doença de Parkinson e pensava-se que só estivesse presente em pessoas com a doença. Os dados para o estudo foram recolhidos a partir de uma “caracterização profunda e visualização de formas de alfa-sinucleína no apêndice, que revelou uma notável semelhança com as encontradas no cérebro na doença de Parkinson”.

25% nas zonas rurais
Mas vamos a números. O estudo envolveu a análise de um conjunto de dados epidemiológicos, com informações demográficas e estatísticas de doença de Parkinson, de 1,6 milhão de pessoas na Suécia. Concluiu-se que a apendicectomia (remoção do apêndice) reduziu o risco global de desenvolver Parkinson em 19,3%. Dizemos o risco global porque, na verdade, foram encontradas algumas especificidades. No caso das pessoas a viver em zonas rurais, os investigadores concluíram que a diminuição do risco chegava até aos 25%. 

O vasto conjunto de informações sobre os cidadãos foi cedido pelo Registo Nacional de Doentes Sueco, um banco de dados único que contém diagnósticos médicos e históricos cirúrgicos para a população sueca iniciado em 1964, e pela agência governamental sueca responsável pelas estatísticas nacionais. A equipa do Instituto de Investigação Van Andel colaborou com especialistas da Universidade de Lund, na Suécia, para “vasculhar” os registos de 1.698.000 pessoas.

A investigadora Viviane Labrie
Um segundo conjunto de dados de 849 pacientes com Parkinson revelou ainda que a apendicectomia estava associada a um início tardio da doença numa média de 3,6 anos mais tarde na vida. O diagnóstico desta doença é geralmente feito já numa fase avançada, quando existem já os óbvios sintomas motores, como a rigidez ou os tremores, e quando se pode sentir já outro tipo de danos como a perda de memória.

A análise a apêndices de indivíduos saudáveis permitiu perceber que continham alfa-sinucleína “quimicamente ativa que era propensa a agregação prejudicial”. Assim, mais do que uma remoção do apêndice quase profiláctica, com os riscos que uma cirurgia implica sempre, os investigadores sugerem que as terapias que visam a acumulação de alfa-sinucleína no apêndice e no intestino sejam investigadas como uma estratégia de intervenção precoce para reduzir o risco de desenvolver doença de Parkinson. Convém ainda sublinhar que esta aparente relação íntima entre o apêndice e Parkinson não foi encontrada nalguns casos específicos da doença.

“As apendicectomias não mostraram nenhum benefício aparente em pessoas cuja doença estava ligada a mutações genéticas transmitidas através das suas famílias, um grupo que compreende menos de 10% dos casos”, refere o comunicado de imprensa. Os autores sublinham ainda que a “remoção do apêndice após o início do processo da doença não teve qualquer efeito na sua progressão”.

Escusado será dizer que os cientistas sublinham que é necessário realizar mais estudos epidemiológicos e ainda mais alargados para se confirmar definitivamente o efeito da apendicectomia no risco de desenvolver Parkinson. Mas, para já, este estudo deixa uma nova pista. “As nossas descobertas adicionam uma nova camada à compreensão desta doença incrivelmente complexa”, refere Bryan Killinger, primeiro autor do estudo a realizar o pós-doutoramento no laboratório de Viviane Labrie, citado no comunicado. O investigador concluiu ainda: “Mostrámos que o apêndice é um centro para o acúmulo de formas agregadas de proteínas alfa-sinucleína, que estão implicadas na doença de Parkinson. Esse conhecimento será inestimável à medida que exploramos novas estratégias de prevenção e tratamento”.

Viviane Labrie admite que a equipa ficou surpreendida ao perceber que “as formas patogénicas da alfa-sinucleína estavam presentes nos apêndices de pessoas com e sem Parkinson”. Assim, prossegue a investigadora, “parece que esses agregados – embora tóxicos quando existem no cérebro – são bastante normais no apêndice. Isso claramente sugere que a presença deles, por si só, não pode ser a causa da doença”. E Viviane Labrie já antevê o passo seguinte. “A doença de Parkinson é relativamente rara, afectando menos de 1% da população. Então, tem que haver algum outro mecanismo ou confluência de eventos que permita que o apêndice afecte o risco de Parkinson. Isso é o que planeamos observar a seguir: qual será o factor ou factores a influenciar de forma decisiva o desenvolvimento de Parkinson?” Como sempre, na Ciência, não há resposta que não gere (pelo menos) uma nova pergunta.

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