Associação Portuguesa do Ambiente
O alerta é feito pela Agência Portuguesa do Ambiente adiantando que os esforços para aumentar a reciclagem não estão a funcionar.

De acordo com Agência Portuguesa do Ambiente o investimento para aumentar a reciclagem no país está muito longe de alcançar os resultados desejáveis. Segundo o relatório anual sobre resíduos urbanos, dificilmente as metas estipuladas vão ser atingidas.

Os portugueses estão há quatro anos seguidos a produzir mais lixo (+2% em 2017), mas o maior problema é que, ao contrário do que já era uma tendência, diminuíram os resíduos recicláveis recuperados: menos cerca de 50 mil toneladas numa descida de 9%.

O relatório fala mesmo numa "significativa diminuição" destes números fruto da queda na seleção do lixo pelos portugueses, mas também pela seleção mecânica nos centros de tratamento, escreve a TSF.

A seleção de resíduos feita diretamente pelos portugueses e empresas também caiu de 11% para 10% do total de lixo produzido no país.

Por outro lado, aumentaram, em 2017, os resíduos depositados em aterro, numa "inversão na tendência de decréscimo que poderá comprometer os objetivos definidos" para 2020 no Plano Estratégico para os Resíduos Urbanos.

De acordo com algumas instituições do setor, cada português produz, em média, 40 quilos de resíduos por mês. Por ano, o país tem mais quase cinco milhões de toneladas de resíduos, o equivalente de três pontes Vasco da Gama.

 

Modelo transforma dejetos em fertilizante
O filantropo norte-americano Bill Gates apresentou hoje uma sanita que não necessita de água ou ligação a sistemas de...

O fundador da Microsoft mostrou o novo modelo ao público em Pequim, numa exposição dedicada a novas soluções sanitárias, visando "reinventar as sanitas" e acelerar a adoção e comercialização de sistemas inovadores.

"Esta exposição apresenta, pela primeira vez, tecnologia e produtos de saneamento descentralizados e totalmente novos, e prontos a serem comercializados", afirmou Bill Gates, em comunicado.

Este novo modelo, que não precisa de estar ligado a um sistema de saneamento ou de água e transforma os dejetos humanos em fertilizante, está a ser testado na cidade sul-africana de Durban, onde também estão a ser testados outros modelos, que se alimentam de energia solar, explicou Gates.

O multibilionário explicou que a rápida expansão destes novos produtos e sistemas de saneamento que não necessitam de estar conectados a nenhuma rede poderá reduzir drasticamente o número de mortos e o impacto da falta de higiene na saúde da população nos países mais pobres.

A fundação de Bill Gates e da sua mulher, Melinda Gates, gastou 200 milhões de dólares desde 2011 para promover a investigação e o desenvolvimento de tecnologia sanitária segura.

Segundo a Unicef, quase 900 milhões de pessoas não têm escolha senão fazer as suas necessidades ao ar livre. Só na Índia, estima-se que sejam 150 milhões.

A mesma fonte estima que 480.000 de crianças com idade inferior a cinco anos morrem todos anos de diarreia, muitas vezes por beberem água ou comerem comida contaminada pelos esgotos.

O Presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim, destacou que o saneamento é uma das prioridades para a sua organização, que se vai aliar com a Fundação Bill e Melinda Gates para levar instalações sanitárias seguras a todas as partes do mundo.

"Os sistemas que se podem difundir com rapidez e proporcionar um saneamento seguro e sustentável às comunidades são fundamentais para a qualidade de vida e desenvolvimento do capital humano", afirmou Jim, citado no comunicado.

 

Quatro anos depois
Quatro anos após o surto de 'legionella' e um ano e oito meses após o Ministério Público acusar nove arguidos, o...

Em março de 2017, o Ministério Público (MP) deduziu acusação contra as empresas Adubos de Portugal e General Eletric e outros sete arguidos por responsabilidades no surto, que teve início há exatamente quatro anos, em 07 de novembro de 2014, e causou 12 mortes e infetou mais de 400 pessoas.

Um ano e oito meses após a acusação, o processo mantém-se em Vila Franca de Xira, sem data prevista para seguir para o Tribunal de Loures, no qual irá decorrer a fase de instrução, que já foi requerida pelos arguidos e por mais de meia centena de pessoas afetadas pelo surto, mas que o MP não considerou como vítimas, por não se ter provado o “nexo de causalidade”.

Fonte judicial explicou à agência Lusa que o processo permanece no Tribunal de Vila Franca de Xira devido aos muitos requerimentos de abertura de instrução apresentados, às dezenas de pedidos para a constituição de assistentes no processo e à necessidade de se cumprirem, nestas situações, os prazos previstos na lei.

Segundo a fonte, é previsível que os autos sigam para o Tribunal de Loures ainda este ano, para que no decorrer de 2019 se realize a instrução, fase facultativa em que um juiz vai decidir se o processo segue ou não para julgamento e em que moldes.

Paralelamente, em 10 de setembro deste ano, o Tribunal Cível de Vila Franca de Xira começou a julgar o primeiro pedido de indemnização civil apresentado por uma das vítimas, um homem, de 67 anos, que exige 200 mil euros à empresa Adubos de Portugal, não havendo, até hoje, uma decisão judicial.

Em declarações à agência Lusa, o presidente da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, Alberto Mesquita, lamentou a “lentidão do processo” e pediu mais celeridade.

“É com grande frustração que vemos que passados quatro anos não haja, efetivamente, resultados das investigações que foram feitas. Alguns processos já avançaram em tribunal, mas quatro anos é muito tempo para quem foi afetado. Esperemos que a justiça seja mais célere”, afirmou o autarca socialista.

Alberto Mesquita sublinhou que o próprio município interpôs uma ação para ser ressarcido pelos prejuízos causados pelo surto, nomeadamente a nível da sua imagem: “A nossa advogada está à espera de ser contactada para poder responder em sede própria”, apontou.

O surto de 'legionella' de novembro de 2014 afetou, sobretudo, as freguesias de Vialonga, Póvoa de Santa Iria e Forte da Casa, provocou 12 mortes e infetou mais de 400 pessoas. No entanto, o MP só conseguiu apurar nexo de causalidade em 73 das pessoas afetadas e em oito das 12 vítimas mortais.

Na acusação do MP, deduzida em março de 2017, são arguidos um administrador, o diretor e o supervisor do setor da produção da Adubos de Portugal (ADP).

Segundo o despacho de acusação do MP, além de João Cabral, José Carvalhinho e Eduardo Ribeiro, são também acusados neste processo quatro funcionários, todos engenheiros químicos, da General Eletric (GE), empresa contratada pela ADP Fertilizantes para fiscalizar e monitorizar as torres de refrigeração.

De todos os casos notificados à Direção-Geral da Saúde, o MP só conseguiu estabelecer o nexo de causalidade em 73 situações, uma vez que nas restantes foi “inviável a recolha de amostras clínicas” ou “não foi identificada estirpe ou a estirpe identificada era distinta da detetada nas amostras ambientais recolhidas”.

Assim, o MP arquivou parcialmente o inquérito quanto a possíveis responsabilidades criminais por falta de provas indiciárias, relativamente a mais de 300 pessoas afetadas.

O MP proferiu ainda despacho de arquivamento quanto à eventual prática de um crime de poluição, por falta de legislação.

O MP sustenta que o surto de 'legionella' no concelho de Vila Franca de Xira foi causado pela "manifesta falta de cuidado” dos arguidos, que não cumpriram “um conjunto de regras e técnicas na conservação/manutenção” de uma das torres de refrigeração da ADP.

A ADP, a GE e os restantes sete arguidos estão acusados de um crime de infração de regras de construção, dano em instalações e perturbação de serviços. Os três responsáveis da ADP e os quatro funcionários da GE, Ricardo Lopes, Maria Viana, Liliana Correia e Nélio Moreira, respondem, ainda, cada um, por 20 crimes de ofensa à integridade física por negligência.

O MP relata que “todos os arguidos e cada um deles agiram com manifesta falta de cuidado, que o dever geral de previdência aconselha, porquanto omitiram ações importantes aquando da negociação, celebração e execução do contrato entre as sociedades arguidas ADP e GE”.

A procuradora Helena Leitão concluiu que, caso as ações tivessem sido realizadas, “seriam determinantes para que o desenvolvimento microbiológico, nomeadamente da bactéria 'legionella', não tivesse ocorrido e propagado, por aerossolização, nos termos em que o foi".

Ministra da Saúde
A ministra da Saúde admitiu que a proposta de Lei de Bases da Saúde entregue ao Governo ainda pode ser aperfeiçoada, remetendo...

“Recebemos e analisámos com todo o cuidado os trabalhos da comissão que foi nomeada para proceder à revisão da Lei de Bases da Saúde”, liderada por Maria de Belém Roseira, que “pretendemos que sirva os portugueses e o Serviço Nacional de Saúde para as próximas décadas”, disse Marta Temido aos jornalistas, no final da discussão na especialidade da proposta de Orçamento do Estado para 2019 na área da Saúde, que durou quase seis horas.

Por esta razão, o documento terá de ter “por parte dos titulares da pasta da Saúde uma análise muito cuidada”, para que seja prestado “um bom serviço”, referiu a ministra.

Marta Temido destacou “todos os contributos que foram dados” e o “trabalho rigorosíssimo da comissão designada, e que tem contributos extraordinários”, designadamente em termos da visão que tem para os direitos dos doentes, para as questões da informação da saúde e para a informatização.

“Vem alertar-nos para todo um conjunto de aspetos que são muitos importantes para perspetivar a Lei de Bases do futuro”, mas há outros temas que também deverão ser equacionados”, disse Marta Temido, salientando que é nesse aspeto que estão a trabalhar.

O objetivo é “poder ter um documento que seja aquela Lei de Bases que tem as soluções para muitos dos problemas para o futuro”, vincou ainda.

Para Marta Temido, a versão final do documento deve representar “as várias sensibilidades”, mas tem de ter “respostas muito claras” em alguns aspetos, como combinação público-privada, direitos dos doentes e profissionais de saúde.

Nesse sentido, o que está “em cima da mesa ainda pode ser aperfeiçoado”, reconheceu

A aprovação da Lei de Bases chegou a estar prevista para o final de setembro, mas Marta Temido explicou nem chegou a Conselho de Ministros porque recebeu propostas da reunião de secretários de Estado, que é uma etapa que antecede a reunião de Conselho de Ministros.

Marta Temido pretende levar o documento o mais depressa possível a reunião de Conselho de Ministros, o que só acontecerá depois da aprovação do Orçamento do Estado, no próximo dia 29.

Legitimidade tem de ser avaliada
O Ministério da Saúde está a fazer uma análise jurídica à greve prolongada dos enfermeiros em preparação em vários blocos...

Em declarações aos jornalistas no final de mais de seis horas de debate parlamentar sobre o orçamento para a saúde para 2019, Marta Temido afirmou que tem de ser avaliada “a legitimidade de greve na forma” como está a ser desenhada, sublinhando que “há questões jurídicas que têm de ser acauteladas”.

Questionada sobre se estaria em causa a legalidade da greve, a ministra optou por referir que o que tem de ser avaliado é a legitimidade da paralisação nos moldes em que está a ser pensada.

“Teremos de ver os moldes em que a greve é decretada. E que o direito à greve não se sobrepõe ao direito à saúde”, afirmou, ressalvando, contudo, que respeita o direito legítimo a uma greve.

Marta Temido já tinha assumido perante os deputados a sua preocupação com a greve dos enfermeiros que, a partir de dia 22 deste mês, ameaça paralisar blocos operatórios em cinco hospitais públicos até ao fim do ano.

A ministra considera que a greve tem “medidas extremas” e que é “extraordinariamente agressiva”.

Aos jornalistas, Marta Temido voltou a considerar que a greve a ser equacionada tem aspetos extremos e que estão a ser “analisadas as implicações do pré-aviso” da paralisação e de que forma é que o exercício do direito à greve entra ou não em conflito com os direitos dos doentes.

Além de prolongada no tempo, uma vez que a greve está programada para durar mais de um mês, esta greve de enfermeiros apresenta um aspeto inovador em paralisações em Portugal, uma vez que um grupo de enfermeiros constitui um fundo para financiar os trabalhadores que cumpram a greve.

Trata-se de um fundo aberto a qualquer pessoa que queira contribuir com dinheiro, uma questão sobre a qual Marta Temido escusou comentar.

Até hoje já foram angariados mais de 350 mil euros, sendo que a meta era conseguir 300 mil para cumprir greve em três blocos operatórios: Centro Hospitalar Universitário de Coimbra, São João, no Porto, e Santa Maria, em Lisboa.

O movimento de enfermeiros prolongou a recolha de fundos para alargar a paralisação a mais dois blocos operatórios: Setúbal e Centro Hospitalar do Porto.

Os enfermeiros reclamam nomeadamente melhores remunerações e uma carreira digna, notando que não progridem há 13 anos.

Os dois sindicatos que emitiram o pré-aviso que permite esta paralisação, que inicialmente partiu de um movimento de enfermeiros espontâneo, indicam que a greve será de dia 22 de novembro até final de dezembro.

Reforço
O Centro Hospitalar Barreiro Montijo (CHBM) anunciou a contratação de dez novos médicos para diversas especialidades, que já...

“Centrado na sua missão principal, a prestação de cuidados de saúde aos utentes da nossa área de influência, o Centro Hospitalar Barreiro Montijo reforçou a sua equipa de médicos, contratando dez novos profissionais que iniciaram funções durante os meses de outubro e início de novembro”, refere o CHMB em comunicado.

Decorrente de procedimento concursal desenvolvido no mês de julho, as especialidades de Neurologia, Medicina Interna, Anestesiologia, Ortopedia, Cirurgia Geral, Pediatria e Psiquiatria da Infância e da Adolescência vão contar com mais um médico, enquanto que a Psiquiatria verá a sua equipa reforçada em dois elementos.

A estes nove médicos, junta-se mais um profissional contratado diretamente pelo CHBM que vai reforçar a equipa da Cirurgia Geral.

“Espera-se que este grupo de jovens profissionais possa enriquecer as equipas onde serão integrados”, adianta o centro hospitalar, que deseja ser uma “instituição verdadeiramente acolhedora das suas aspirações profissionais”.

 

Greve nos três maiores blocos operatórios
A ministra da Saúde admitiu estar muito preocupada com a eventual greve prolongada de enfermeiros em blocos operatórios,...

Em resposta a questões do PSD no parlamento, Marta Temido considerou que a greve de enfermeiros em preparação em blocos operatórios de cinco hospitais “não pode deixar de ser uma preocupação muito grande para o Ministério da Saúde”.

Apesar do “direito constitucional à greve”, a ministra considera que o pré-aviso de greve já emitido por dois sindicatos contém termos preocupantes e que configuram uma “extraordinariamente agressiva forma de luta”.

“Estamos a trabalhar no sentido de evitar o extremar do conflito. Pedimos a constituição de mesa negocial com as duas estruturas sindicais [que emitiram o pré-aviso de greve]”, afirmou Marta Temido, avisando, contudo, que as reivindicações são complexas.

O Ministério da Saúde tentará “perceber até que ponto” pode ir na resposta às expectativas da diferenciação remuneratória dos enfermeiros especialistas.

Marta Temido referiu que o Governo introduziu já um suplemento remuneratório para os enfermeiros especialistas, que representa 17 milhões de euros por ano.

“Não estamos a falar de opções simples. Ir mais além será seguramente complicado”, afirmou.

Os enfermeiros reclamam nomeadamente melhores remunerações e uma carreira digna, notando que não progridem há 13 anos.

O movimento de enfermeiros que tem em preparação uma greve prolongada a partir de dia 22 deste mês em vários blocos operatórios recorreu a uma angariação de fundos para ajudar os profissionais que adiram à paralisação, que ficarão sem vencimento.

A meta era atingir os 300 mil euros para conseguir uma greve nos três maiores blocos operatórios dos hospitais públicos: Centro Hospitalar Universitário de Coimbra, São João, no Porto, e Santa Maria, em Lisboa.

Este objetivo foi atingido no final da semana passada, levando o movimento de enfermeiros a prolongar a recolha de fundos e a alargar a paralisação a mais dois blocos operatórios: Setúbal e Centro Hospitalar do Porto.

Hoje ao início da noite o movimento de enfermeiros já tinha conseguido recolher mais de 350 mil euros.

Os dois sindicatos que emitiram o pré-aviso que permite esta paralisação indicam que a greve será de dia 22 de novembro até final de dezembro.

A ministra da Saúde está hoje a ser ouvida no parlamento sobre a proposta de Orçamento do Estado para a Saúde para 2019, numa audição que já dura há quase seis horas.

Ministra
A ministra da Saúde, Marta Temido, assegurou que, até ao final da legislatura, vão abrir novas 40 Unidades de Saúde Familiar ...

“O que procuraremos [para diminuir os tempos máximos de resposta garantidos (TMRG) dos tempos de espera] é que o nosso sistema esteja cada vez mais estruturado em torno dos cuidados de saúde primários de forma a que a pressão sobre os cuidados hospitalares, onde há mais constrangimentos em termos de resultados dos tempos de espera, sejam aliviados”, afirmou Marta Temido no debate da proposta do Orçamento do Estado para 2019 da área da Saúde.

Atualmente, há cerca de 60 USF em funcionamento, disse a ministra, adiantando que até ao final do ano serão criadas as 20 que já estão “em trânsito” e em 2019 serão constituídas mais 20, ultrapassando assim “ligeiramente aquilo que é a meta do programa do Governo”.

Relativamente à falta de médicos de famílias nos cuidados de saúde primários, Marta Temido lembrou que o Governo conseguiu “passar de mais de um milhão de portugueses sem médico de família para cerca de 580 mil”, que ainda constituem uma preocupação.

“Preocupamo-nos com os que ainda não estão cobertos e é para esses 580 mil que queremos assegurar a colocação” dos “novos especialistas de medicina geral e familiar, e não só, e com isso esperamos atingir uma cobertura, no final do ano, que se situe entre 94% e 96%, dependendo do nível de aposentações”, afirmou Marta Temido, que substitui Adalberto Campos Fernandes no cargo há cerca de um mês.

A nota explicativa do Orçamento do Estado para 2019 prevê “um aumento da atividade assistencial nos Cuidados de Saúde Primários, transversal a todas as tipologias, com particular destaque para o crescimento de 1,5% nas consultas médicas”, com as projeções a apontarem a realização de 31.020.000 consultas em 2019 e 31.475.00 em 2019.

Estima ainda um aumento da atividade programada que permita responder à procura crescente de resposta do SNS, com respeito pela atualização registada nos TMRG, nomeadamente em termos de consultas médicas hospitalares, que se estima que aumentem 0,8%,

As primeiras consultas hospitalares deverão crescer 2,3%, bem como a atividade cirúrgica programada, em que se prevê um crescimento de 1,5% (incluindo o aumento da cirurgia de ambulatório em 2,1%).

O documento prevê ainda a redução da atividade de urgência (-0,9%) e da atividade de internamento, nomeadamente dos internamentos médicos evitáveis (associados a patologias que podem e devem ser prevenidas ou tratadas ao nível dos cuidados de primeira linha, tais como asma, diabetes, DPOC, hipertensão arterial, insuficiência cardíaca).

A questão do rastreio do cancro do colo do útero e da mama também foi levantada pelos deputados no debate do Orçamento do Estado com a secretária de Estado da Saúde, Raquel Duarte, a defender a importância da sua harmonização,

“Além do aumento da cobertura geográfica, que é extremamente importante, é igualmente importante a harmonização destes rastreios oncológicos”, afirmou Raquel Duarte.

Assim, adiantou a secretária de Estado, “o que se prevê no final de 2018 e 2019 é a harmonização nacional destes rastreios de modo a que hajam critérios uniformes de rastreio em todas as ARS [Administrações Regionais de Saúde] e sobretudo uma monitorização destes rastreios”.

Secretário de Estado
O Ministério da Saúde estima fechar o ano com uma dívida dos hospitais aos fornecedores entre 400 e 450 milhões de euros,...

O secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Francisco Ramos, apontou para que no fim deste ano a dívida em atraso do Serviço Nacional de Saúde a fornecedores se reduza para entre 400 e 450 milhões de euros, quando no fim do terceiro trimestre a dívida se situava acima dos 860 milhões de euros.

No final do mês passado, o Ministério da Saúde estimava que o valor das dívidas em atraso no Serviço Nacional de Saúde se reduzisse para 350 milhões de euros no fim de dezembro de 2018.

O valor apresentado pelo secretário de Estado Adjunto e da Saúde no parlamento é superior a uma previsão avançada pelo Ministério da Saúde num comunicado em que anunciava a aprovação de 500 milhões de euros para os hospitais pagarem dívidas.

Segundo Francisco Ramos já foram pagos 100 milhões de euros e até ao fim do ano devem ser pagos os restantes 400 milhões.

A transferência de 500 milhões serve exclusivamente para pagar dívidas em atraso, sendo que a distribuição foi realizada por todos os hospitais de forma transversal.

 

Web Summit
Bases de dados que ajudem os agricultores contra os efeitos das alterações climáticas ou sistemas operativos que contornem uma...

Sob o mote “Feed the world. Make it a better place” (“Alimentar o mundo. Torná-lo num lugar melhor”, na tradução em português), especialistas internacionais reuniram-se ontem num dos palcos da Web Summit e confirmaram perante uma plateia cheia que a capacidade de a humanidade se alimentar no presente e no futuro apresenta-se como um dos grandes desafios mundiais.

E fizeram questão de recordar que atualmente há cerca de 821 milhões de pessoas no mundo a passar fome, número que aumentou pelo terceiro ano consecutivo.

A explosão da população mundial (segundo as antevisões da ONU deverá atingir os 9,8 mil milhões em 2050), a crescente urbanização (população em áreas urbanas vai atingir os 2,5 mil milhões de pessoas em todo o mundo em 2050), as alterações climáticas e o desperdício alimentar foram alguns dos vários problemas identificados sobre esta temática por Christiana Figueres, uma diplomata costa-riquenha que chefiou as negociações para o Acordo de Paris sobre o clima, aprovado sob os auspícios da ONU na capital francesa em dezembro de 2015.

Para Christiana Figueres, a comunidade tecnológica poderá desempenhar um papel importante na abordagem deste desafio, nomeadamente através da criação de sistemas operativos que contornem a ineficácia observada atualmente na oferta, na procura e na distribuição dos alimentos.

Mas a diplomata, uma vegetariana convicta, também confrontou a plateia com ideias que classificou como mais provocatórias para conseguir uma agricultura mais sustentável (com mais áreas de cultivo e menos áreas de pasto) e uma alimentação mais responsável.

Entre elas, a hipótese de os restaurantes adotarem as regras aplicadas atualmente aos fumadores às pessoas que desejem consumir carne.

“Se querem comer carne têm de ir para uma zona exterior”, afirmou Christiana Figueres, que também propôs, entre outras ideias, a produção de fertilizantes orgânicos através de desperdícios alimentares.

Para o diretor de Inovação e Gestão de Mudança do Programa Alimentar Mundial (PAM) da ONU, Robert Opp, a criação de base de dados, produtos e sistemas que ajudem os agricultores a antever e a contornar os efeitos das alterações climáticas podem ser uma grande mais valia para os anos futuros. Por exemplo, sistemas que consigam analisar os ciclos das chuvas ou a sua ausência.

A criação de novas tecnologias que ajudem a distribuição dos alimentos, “um grave problema” dos tempos atuais segundo Robert Opp, ou que permitam uma relação mais direta entre os agricultores e o mercado também foram referidos pelo representante da organização com sede em Roma.

A cimeira tecnológica, de inovação e de empreendedorismo Web Summit nasceu em 2010 na Irlanda e mudou-se em 2016 para Lisboa, devendo permanecer na capital portuguesa até 2028.

A edição deste ano realiza-se até quinta-feira no Altice Arena (antigo Meo Arena) e na Feira Internacional de Lisboa (FIL), em Lisboa.

Segundo a organização, nesta terceira edição do evento em Portugal, participam cerca de 70 mil pessoas de mais de 170 países.

União das Misericórdias
Os acordos de cooperação com as instituições sociais deveriam ser revistos e aumentados de modo a incluir os custos dos...

Em declarações à agência Lusa na véspera das Jornadas de Cuidados Continuados Integrados, que se realizam em Fátima em 07 e 08 de novembro, Manuel Caldas de Almeida apontou que na Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI) o valor que é pago pelo Estado não é suficiente para garantir os padrões de qualidade exigidos.

“Quando o Estado faz novas exigências tem de perceber que as novas exigências custam dinheiro e adaptar o preço que paga, que, aliás, tem sido o problema com a rede de cuidados continuados”, apontou.

Nesse sentido, deu como exemplo as Unidades de Longa Duração, em que o pagamento por dia “é muito parecido com o pagamento de um hotel de duas estrelas”.

“Como é que se pode querer que com aquilo que nós pagamos num hotel de duas estrelas, que a única coisa com tem de se preocupar (…) é com a lavagem dos lençóis e do quarto e o pequeno-almoço, como é que queremos que com o mesmo preço, com o mínimo da qualidade hoteleira, se dê, além disso, cuidados de enfermagem, de fisioterapia, cuidados de terapia ocupacional, medicamentos, etc”, criticou.

Caldas de Almeida afirmou que “os valores estão totalmente desadequados e a causar problemas muito graves” e defendeu que sejam reavaliados e reajustados de modo a incluir as soluções necessárias ao acompanhamento das pessoas com demência.

O responsável defendeu também que não basta o Estado regulamentar e depois não comparticipar financeiramente, sublinhando que os lares são unidades de longa duração, onde os utentes precisam de fisioterapia, cuidados de enfermagem ou médicos.

Caldas de Almeida frisou que esses cuidados “custam mais 200 ou 300 euros” do que aquilo que os utentes ou o Estado pagam, uma “situação que para muitas misericórdias é insustentável”.

Por outro lado, salientou que o problema do envelhecimento está a agravar-se em Portugal, o que obriga a que haja uma solução inteligente e eficaz.

Nesse sentido, defendeu que não podem ser as entidades do setor social a ter este esforço financeiro, apontando que muitas delas não têm sustentabilidade e que são poucas as que conseguem ter atividades de onde tiram recursos para amortizar as perdas na área social.

“Não se pode estar sempre à espera que nos paguem os produtos por um preço inferior ao custo deles porque a médio prazo muitas unidades não vão aguentar e vão começar a ir à falência, o que é pior”, avisou, lembrando que em muitas comunidades as misericórdias são o primeiro ou segundo maior empregador.

O responsável adiantou que a União das Misericórdias tem um plano de formação totalmente preparado, tanto na área da fragilidade como na área da demência, da doença crónica ou dos cuidados paliativos e que essa “é a grande aposta” da organização.

Caldas Almeida disse que o Estado tem um papel regulador e que deveria ser ele a organizar estas formações, não no sentido de ser o Estado a dar as formações, mas antes dizendo quais as formações obrigatórias, algo que também deveria ser contemplado no valor das comparticipações pagas pelo Estado às instituições.

Nas jornadas vão ser apresentadas boas práticas das misericórdias no campo das demências, nomeadamente duas unidades com centro de dia para pessoas com demência, uma das quais em Mogadouro que acompanha 30 famílias, além de unidades com apoio domiciliário.

Caldas de Almeida defendeu que os centros de dia para pessoas com demência seria “uma resposta excelente em Portugal”, desde que com cobertura alargada e com atividades de neuroestimulação, apontando que, com custo muito reduzido, as famílias poderiam ter a pessoa com demência em casa durante muito mais tempo.

Orçamento do Estado
A ministra da Saúde afirmou ontem que não dormirá tranquila enquanto o problema da nova ala pediátrica do hospital de São João...

“[A nova ala pediátrica do São João] é um tema que merece do Ministério da Saúde um incondicional respeito pelas crianças e pelos seus pais. A ministra da saúde não dormirá tranquila enquanto este problema não estiver resolvido”, afirmou Marta Temido hoje no Parlamento, no debate da proposta de Orçamento do Estado para 2019 da área da saúde.

Contudo, a ministra não se comprometeu com datas quanto ao avanço da obra, indicando que “não é possível lançar um procedimento concursal sem ter a revisão do projeto”, que está em curso por parte da administração do hospital.

“Queremos uma solução rápida, mas não uma que seja pior a emenda que o soneto”, indicou, frisando, contudo, que “não vale um ajuste direto”.

Marta Temido falava em resposta a questões do deputado social-democrata Ricardo Batista Leite, que lembrou que há cerca de três semanas foi discutido um projeto do seu partido para que a obra da nova ala pediátrica avançasse por ajuste direto, o que acabou por ser rejeitado, com votos contra do PS.

Batista Leite lamentou a falta de respostas concretas e de prazos por parte do Ministério da Saúde e considerou que é inadmissível que as crianças passem outro inverno “naquelas condições” na ala pediátrica do São João.

Sobre a nova Lei de Bases de Saúde, também em resposta a questões do PSD, a ministra da Saúde, que está em funções há cerca de um mês, disse que a atual equipa ministerial considera que o Ministério da Saúde deve ter “o seu documento final”, dando a entender que a versão da comissão que esteve a rever a lei de bases poderá não ser a final.

 

A Diabetes ainda está subdiagnosticada em Portugal
Em Portugal a prevalência desta doença tem apresentado um crescimento marcado e estima-se que 12,4% dos portugueses sofra desta...

Nas últimas décadas têm-se observado níveis crescentes de obesidade infantil e juvenil, verificando-se, também, o aumento da incidência de Diabetes Mellitus tipo II abaixo dos 18 anos. Esta realidade é decorrente do aumento global da prevalência de obesidade, sedentarismo e de um maior consumo de calorias, factos que predispõem ao desenvolvimento de Diabetes. 1 em cada 10 mulheres e 1,5 em cada 10 homens tem diabetes. Ou seja, mais de 1 milhão de portugueses, com idades entre os 20 e os 79 anos, sofre desta patologia. Estima-se que em 2025 existirão cerca de 300 milhões de diabéticos em todo o mundo.

É considerado um grave problema de Saúde Pública devido à elevada morbilidade e mortalidade relacionadas com as suas complicações, das quais se destacam as doenças cardiovasculares que são a principal causa de morte num diabético. 

Diversos fatores de risco cardiovasculares, como a hipertensão arterial, a dislipidemia e a obesidade, estão habitualmente associadas à Diabetes que, por sua vez, potencia o risco atribuído a estes mesmos fatores. No diabético a probabilidade de ocorrência de eventos cardiovasculares, tais como Insuficiência Cardíaca, Enfarte Agudo do Miocárdio, Acidente Vascular Cerebral e Doença Arterial Periférica (o atingimento das artérias dos membros inferiores por aterosclerose).

A maioria dos casos de Diabetes resultam da incapacidade do organismo utilizar corretamente esta hormona, pois existe resistência à sua ação, o que é potenciado pela obesidade e pelo sedentarismo. É a insulina que permite a entrada de glicose (açúcar no sangue) para o interior das células, fornecendo-lhes assim a energia necessária ao seu funcionamento. A falta de insulina ou a resistência à sua ação aumenta os níveis de glicemia no sangue, com repercussão ao nível de todos os órgãos e sistemas do organismo.

No Dia Mundial da Diabetes, a Sociedade Portuguesa de Cardiologia alerta para a importância de manter um estilo de vida saudável, baseado em atividade física regular, alimentação saudável e controlo do peso corporal. Além destes cuidados, é também necessário o controlo de outros fatores de risco associados às doenças cardiovasculares, como tabagismo, hipertensão e hipercolesterolemia. Tudo isto é necessário para diminuir a prevalência de Diabetes Mellitus na população em geral e para melhorar os níveis elevados de glicemia nos diabéticos, reduzindo desta forma a morbilidade e a mortalidade associada.

Para a Sociedade Portuguesa de Cardiologia, "a diminuição da prevalência da Diabetes Mellitus na população portuguesa, particularmente em jovens adolescentes, deve ser um desígnio nacional, para evitar um aumento da mortalidade cardiovascular nas futuras gerações".

Cobertura
O programa de médico dentista “Saúde para todos” teve início nos centros de saúde de Santa Marta de Penaguião, Ribeira de Pena...

Segundo a ARS-Norte, estes serviços, que passaram a estar disponíveis junto das equipas de saúde familiar, “vão evitar deslocações desnecessárias, dispendiosas, especialmente para as pessoas mais carenciadas, e penosas para as pessoas de idade mais avançada e/ou mais vulneráveis”.

A administração referiu que, através do programa para a saúde, o atual Governo estabeleceu "como prioridade expandir e melhorar a capacidade de resposta da rede dos cuidados de saúde primários, designadamente, pela via da ampliação da cobertura do Serviço Nacional de Saúde na área da saúde oral".

 

 

Conselho de Administração
O Conselho de Administração do IPO de Coimbra esclareceu hoje que "aplica escrupulosamente a regulamentação em vigor"...

"O IPO de Coimbra esclarece que relativamente ao processo de descongelamento da carreira de enfermagem aplica escrupulosamente a regulamentação em vigor sobre esta matéria", refere o Conselho de Administração do Instituto Português de Oncologia de Coimbra, numa curta nota enviada à agência Lusa.

Na segunda-feira, os enfermeiros do IPO de Coimbra exigiram o descongelamento das progressões das carreiras e afirmaram que estão a ser "discriminados de forma negativa" relativamente a outros trabalhadores da administração pública.

Em declarações aos jornalistas, Paulo Anacleto, dirigente do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), considerou "inaceitável que o IPO de Coimbra" não tenha ainda concedido "qualquer ponto" aos enfermeiros com contrato individual de trabalho (CIT), além de "não atribuir corretamente" os pontos aos que são titulares de contrato em funções públicas.

Numa altura em que o parlamento já aprovou na generalidade o Orçamento do Estado (OE) para 2019, a administração da unidade local do Instituto Português de Oncologia (IPO) "aguarda ainda o entendimento da tutela" sobre uma matéria associada ao cumprimento do OE de 2018, criticou na segunda-feira Paulo Anacleto.

"A administração discrimina negativamente os enfermeiros em função da tipologia do contrato de trabalho", acusa o SEP, num documento que um grupo destes trabalhadores distribuiu na segunda-feira aos utentes do hospital.

Os enfermeiros do IPO, "independentemente do vínculo laboral, reivindicam o justo descongelamento das progressões, que já devia estar concretizado desde janeiro".

"Senhor utente, exiga ao IPO mais e melhores cuidados e apele à não discriminação negativa", pedem os enfermeiros.

Na instituição, enfermeiros com 22 anos de serviço, por exemplo, "têm o mesmo salário que outros colegas em início de funções", segundo o mesmo texto.

Noutra nota, a Direção Regional de Coimbra do SEP refere que o IPO de Coimbra, "ao invés de outras instituições, resolveu excluir da atribuição dos pontos os enfermeiros detentores de um CIT e excluir muitos enfermeiros com contrato de trabalho em funções públicas da justa e correta contagem" dos pontos para efeitos do descongelamento das progressões.

Regiões Autónomas
O Governo da Madeira investiu 120 milhões de euros em novos medicamentos entre 2015 e 2018, dos quais mais de 50% em terapias...

"A percentagem da terapêutica inovadora, aquela que nos causa maiores desafios atualmente, passou de 8% em 2015 para 30% nos três primeiros trimestres de 2018", disse Pedro Ramos, sublinhando que este dinheiro é "bem despendido", uma vez que "o utente é o centro do sistema".

O governante falava durante a assinatura de um acordo com a Associação Nacional de Farmácias (ANF), no Funchal, através do qual os utentes do Serviço de Saúde da Madeira (SESARAM) podem recorrer aos estabelecimentos comunitários quando a farmácia do Hospital Central não dispuser de certos medicamentos de distribuição gratuita.

"O protocolo abrange uma série de medicamentos importantes, nomeadamente na área dos doentes oncológicos, insuficientes renais e transplantados", referiu Pedro Ramos, lembrando que, por vezes e por constrangimentos vários, tais fármacos não se encontram disponíveis na farmácia do hospital.

"Os medicamentos, principalmente os medicamentos inovadores, tem sido um constante desafio para os sistemas de saúde nacional e regional, face às novas doenças e às novas fases das doenças, e a necessidade de terapêuticas poderosas obriga a um esforço suplementar dos programas de saúde", disse o governante, vincando que o acordo com a ANF constitui mais um passo no sentido de garantir qualidade nos tratamentos médicos.

O presidente da Associação Nacional de Farmácias, Paulo Cleto Duarte, disse, por seu lado, que o objetivo da instituição é contribuir para um serviço regional de saúde "mais sólido e mais centrado nas pessoas" e sublinhou a importância da aproximação ao hospital e aos cuidados hospitalares.

"Pela primeira vez na região autónoma, ligámos diretamente o hospital às farmácias da comunidade, em casos muito concretos, devidamente controlados", referiu, vincando que as farmácias querem ser sempre parte da solução e nunca parte dos problemas do serviço de saúde.

 

Alexandre Abrantes é médico
O secretário-geral da Cruz Vermelha Portuguesa, Alexandre Abrantes, foi hoje eleito em Bruxelas coordenador da Cruz Vermelha na...

Em declarações à agência Lusa, Alexandre Abrantes indicou que Portugal, a Finlândia e o Luxemburgo vão assumir a coordenação do escritório da Cruz Vermelha na União Europeia, sendo que Portugal foi o país mais votado, com 11 votos.

Os coordenadores da Cruz Vermelha na União Europeia terão como funções acompanhar a estratégia da Cruz Vermelha em relação à UE, definindo como é que a instituição pode integrar programas europeus no que diz respeito, por exemplo, aos refugiados, à proteção social ou ao alívio da pobreza.

Alexandre Abrantes é médico, doutorado em saúde pública e é professor na Escola Nacional de Saúde Pública.

 

Opinião
As birras fazem parte do desenvolvimento normal de qualquer criança na construção da sua identidade
Criança triste devido a birra

Todos nós já experienciamos uma birra do filho ou de uma outra criança. Estes episódios mais ou menos frequentes, imprevisíveis e de difícil controlo, apesar de fazerem parte de um desenvolvimento psicoafectivo normal e saudável, devido ao pensamento egocêntrico da criança, podem tornar-se numa fonte de preocupação e angústia para os pais.

 

Definição

As birras são uma expressão de uma multiplicidade de sentimentos, caracterizadas por uma grande variedade de comportamentos, como o choro, gritos, grande agitação motora, sapatear, lançar objetos ou rebolar-se no chão e são sempre a manifestação de um episódio emocional.

Episódios que podem ocorrer em qualquer lugar e em qualquer contexto que a criança esteja.

As birras podem ser definidas como episódios extremos de angústia e/ou raiva1 ou como episódios emocionais breves, mas intensos e são caraterizadas por serem explosivas, impulsivas e por demonstrarem emoções descontroladas2. São sempre reações emoções desajustadas e temporárias a determinadas situações e surgem quando a criança não consegue controlar os seus impulsos, resultando numa perda de controlo e desrespeito por regras comportamentais previamente aceites.

Epidemiologia

As birras surgem em igual proporção nos dois sexos e em crianças com idades compreendidas entre o ano e meio e os quatro anos, havendo autores que defendem que pode ir até aos cinco anos de idade, com um pico entre os dois e os três anos3. Estas birras são típicas do período de desenvolvimento em que a criança está a adquirir autonomia e a dominar o meio ambiente, razão pela qual é por vezes considerada a primeira infância4. Assim entre os dois e os três anos de idade cerca de 1/5 das crianças fazem birras pelo menos uma vez por dia e mais de metade pelo menos uma vez por semana3.

Relativamente à duração das birras, a maioria dos autores defende que ela dura um geral entre um e quatro minutos, havendo quem considere que podem durar até dezasseis minutos.

Manifestação

As birras envolvem duas emoções independentes, mas sobrepostas, a raiva e a angústia e surgem sempre após um evento precipitante (perder algo, não alcançar o que deseja, pretender um brinquedo, entre outros). A probabilidade de ocorrerem expressões físicas de raiva são na fase inicial e vão diminuindo.

Para melhor compreender a raiva quanto à sua intensidade, podemos dividi-la em três níveis. O nível mais elevado manifesta-se por gritos e pontapés, enquanto o bater e o adotar uma postura rígida são elementos mais variáveis5. Por outro lado, atirar objetos, empurrar, enquadram-se no nível intermédio, enquanto bater o pé e agitar as mãos definem o nível mais baixo5.

Quanto à angústia está associada ao choramingar, ao chorar, ao procurar conforto e ao deixar-se cair no chão5. Estes últimos dois tendem a aumentar ao longo da birra.

Pode-se concluir que as emoções estão associadas às cognições, ou seja, quando a criança percebe que irá ser contrariada pelos pais sente raiva, mas continua com a esperança de conseguir o que pretende. Quando percebe que não obtém os resultados pretendidos com raiva surge a angústia5.

Este tipo de comportamento de oposição desempenha um papel essencial na distinção e afirmação do “eu” em relação aos outros, desenvolvendo assim a autonomia2.

Causas

As birras nestas idades são a consequência lógica da falta de mecanismos para lidar com a frustração, associada a uma linguagem verbal ainda escassa, dificuldade no processamento da informação, incapacidade para entender o futuro e adiar as suas vontades e pouca capacidade de coping para lidar com os problemas e saber resolve-los.

As birras inicialmente são utilizadas com o intuito de atraírem sobre si a atenção dos pais/adultos e, posteriormente, quando já dominam melhor a linguagem falada, a partir dos três anos, como forma de manipulação dos adultos4.

Fatores desencadeantes

De entre os diversos fatores que favorecem o aparecimento das birras destacam-se o cansaço, o sono, a fome e certas situações como a refeição, a hora de deitar, as idas ao supermercado ou a falta de atenção3.

Sinais de alarme

Como foi referido as birras fazem parte do desenvolvimento psicoafectivo considerado normal da criança, onde a sua total ausência traduz um sinal de alarme, por ser o reflexo da existência de dificuldades a nível do processo de separação/individuação da criança. Assim, os pais devem ainda pedir ajuda a profissionais quando as birras aumentam de frequência, duração e intensidade e o seu controlo não é possível; sempre que durante a mesma a criança se magoe ou magoe alguém, destrua objetos/brinquedos, ocorra na escola e empeça a sua aprendizagem ou ainda quando os pais reagem com agressividade às birras4.

As birras como patologia do neurodesenvolvimento

Quando as birras persistem para além da idade considerada habitual podem acompanhar alguma perturbação do neurodesenvolvimento. Nomeadamente o défice cognitivo, perturbação da linguagem, perturbações do espetro do autismo, perturbação de défice de atenção e hiperatividade, perturbações da visão e audição e as dificuldades escolares6. Podem ainda fazer parte do quadro clínico de algumas síndromes de causa genética, como a síndrome de Prader-Willi ou Síndrome do X Frágil7.

Prevenção

As birras causam enorme constrangimento aos pais, sobretudo quando acontecem em lugares públicos. O que faz a diferença é o modo como estes lidam com elas, podendo transformar birras esporádicas em frequente, pelo que devem ser aconselhados no sentido de adquirirem ferramentas para as saber controlar ou evitar. Sendo assim a melhor maneira de lidar com as crianças que fazem birras é evitar que elas surjam, para tal é essencial conhecer os fatores que as desencadeiam para os evitar.

Neste contexto deve ser respeitado as necessidades do sono da criança e se for caso disso devem fazer a sesta; evitar que sinta fome, respeitando os horários; os brinquedos/objetos “proibidos” não devem estar ao alcance da sua visão e devem ser adequados à sua idade, para não provocarem frustração; dar a possibilidade de escolha à criança, sempre que possível, a roupa, sapatos ou o tipo de alimentos e impor limites/regras, ou seja, avisar previamente que assim que termine o jogo, o programa de televisão ou a leitura da história vai para a cama dormir.

Intervenção

No início da birra, sempre que for possível, é essencial desviar a atenção da criança, deslocando-a para outro local (sair do supermercado ou ir para outra divisão da casa), para evitar o seu descontrolo emocional e sempre que esta tem tendência para bater com cabeça, evitar que tal aconteça para não se magoar, contendo-a3.

Uma vez iniciada a birra, existem alguns procedimentos básicos. Assim, é essencial manter a calma, afastar-se e ignorar esse mau comportamento, pois só assim ela vai entender que essa atitude não lhe confere qualquer privilégio. Evite ainda chamá-la à razão, castigá-la ou recompensá-la, pois tal facto vai exponeciar o seu descontrolo. Só uma vez a birra terminada explique com clareza que tal comportamento não a vai beneficiar em nada e como é importante haver regras pré-estabelecidas, não ameace, deve manter-se firme e aplicar o devido castigo e de imediato, para que esta associe o comportamento ao castigo.

Crianças que fazem birras difíceis, com o intuito de melhor planear a sua prevenção e controle, deve-se fazer um diário de ocorrências, onde será registado os fatores que as desencadeiam, o local onde ocorreu, a duração, a descrição de cada birra, as estratégias utilizadas no controlo e respetiva eficácia e o que ocorreu após a mesma.

Bibliografia:
1DANIELS, E; MANDLECO, B & LUTHY, BE (2012). Assessment, management and prevention of childhood temper tantrums. J Am Acad Nurse Pract; 24 (10): 569-73
2CORDEIRO, M (2011). O grande livro dos medos e das birras. Lisboa: Esfera dos livros.
3POTEGAL, M & DAVIDSON, RJ (2003). Temper tantrums in young children: 1. Behavioral composition. J Develop Behav Pediat. 24 (3): 140-7.
4HARRINGTON, RG. Temper tantrums: guidelines for parents. NASPResources, 2004. Disponível em. http://ww.nasponline.org [acedido em 25/10/2018].
5POTEGAL, M [et al.] (2009). Rages or temper tantrums? The behavioral organizational, temporal característics and clinical significance of abgry-agitated outbursts in child psychiatry inpayients. Child Psy Hum Develop; 40: 621-636
6KASTNER, T & WALSH, K (2005). Mental Retardation: behavioral problems. In: PARKER, S; ZUCKERMAN, B & AUGUSTYN, M. Developmental and Behavioral Pediatrics: a handbook for primary care. Philadelphia, PA: Lippincott Williams and Wilkins. 52: 234-7.
7CASSIDY, SB & DRISCOLL, DJ (2008). Prader-Willi syndrome. Eur J Hum Genet. 17 (1): 3-13.

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Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Estudo
Em 2015 estima-se que tenham existido 1.158 mortes, com grande parte a ter ligações a unidades de saúde. Crianças e idosos são...

Portugal é o quarto país na lista do Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC, na sigla inglesa), que divulgou o mais recente estudo sobre a mortalidade e incapacidades provocadas nos doentes por infeções provocadas por bactérias resistentes a antibióticos, revela a edição do jornal “Público” desta segunda-feira.

Em 2015 o estudo estima que tenham existido em Portugal, 24.021 infeções e 1.1158 mortes. Os resultados indicam também que a nível europeu, a maioria destas infeções se manifestou em hospitais ou centros de estabelecimento de saúde, sendo o caso de 63,5% das infeções totais e 72,4% das mesmas resultaram em morte.

A mortalidade é mais representativa nos bebés com menos de um ano e em pessoas com mais de 65 anos. Uma realidade que tem vindo a agravar-se desde 2007, liderada pela Itália e Grécia, seguidas pela Roménia e Portugal.

O estudo conclui que por ano existem cerca de 672 mil infeções que resultam em cerca de 33.110 mortes, ou seja na Europa, por cada 100 mil habitantes, há, aproximadamente 131 infeções.

 

Enfermeira terá perdido licença de parteira
Olivia Augusta apresenta-se como líder ritual e parteira internacional, cobra 2.500 euros por parto e exerce de forma ilegal em...

De acordo com a imprensa, esta mulher chegou a ser detida pelas autoridades norte-americanas por causa da morte de, pelo menos, um bebé.

Feita a denúncia, a Ordem dos Enfermeiros contactou o Ministério Público, que abriu um inquérito para investigar Olivia Augusta que diz estar fazer tudo para ver reconhecida a sua formação e, assim, obter licença para trabalhar em Portugal. Até lá, Olivia Augusta continua a trabalhar ilegalmente.

Denúncia chegou dos Estados Unidos

A denúncia chegou à Ordem dos Enfermeiros (OE) num e-mail enviado em maio por uma médica norte-americana que dava conta de "uma mulher com quem costumava trabalhar" e que estaria a exercer em Portugal sem licença.

"Ela não é enfermeira e perdeu a licença de parteira nos Estados Unidos e no Uganda", referia a queixa, escrita em inglês, que acrescentava que, nos EUA, a mulher chegou a ser "detida depois da morte de vários bebés". "Esta mulher é perigosa e estamos muito preocupados", acrescentou a médica.

Perante a denúncia, a bastonária da OE, Ana Rita Cavaco, comunicou o caso à Procuradoria-Geral da República (PGR). "Não temos possibilidade legal ou meios para identificar a referida parteira", admite a bastonária, que pedia à, então, Procuradora-Geral, Joana Marques Vidal, para investigar o caso.

Este caso está para já nas mãos do Ministério Público.

 

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