Alerta é do Grupo de Investigação do Cancro Digestivo (GICD)
O Grupo de Investigação do Cancro Digestivo (GICD), membro do Pancreatic Cancer Europe, alerta que é preciso fazer mais para...

O presidente do GICD aponta para a necessidade da melhoria da estratégia nacional face ao cancro do pâncreas e uma maior aposta no diagnóstico precoce e na informação dos profissionais de saúde e população. Para fazerem passar a mensagem vão iluminar de roxo o Cristo Rei, em Lisboa, a cor do Cancro do Pâncreas.

Estima-se que em Portugal haja cerca de 1300 novos casos de cancro do pâncreas todos os anos o que o torna a quarta principal causa de morte por cancro, sendo o único cancro em que se regista um aumento da mortalidade.

O presidente do Grupo de Investigação do Cancro Digestivo, Hélder Mansinho avança que “Portugal e a Europa têm que começar a mudar a forma como olham para o cancro do pâncreas e desafiar a estratégia existente neste cancro em particular. As pessoas continuam a chegar muito tarde ao médico e desvalorizam os sintomas da doença, o que leva a diagnósticos mais tardios e menor possibilidade de tratamento e sobrevida. Os doentes com cancro do pâncreas perdem 98% da sua esperança de vida no momento do diagnóstico, uma vez que é associado a uma sentença de morte, sendo a sobrevivência aos 5 anos inferior a 5%. Um diagnóstico e tratamento precoce podem levar ao aumento da sobrevivência. Mas todos temos um papel a desempenhar nesta mudança.”

O GCID junta-se à Pancreatic Cancer Europe, que desenvolve várias iniciativas na Europa para alertar a população, profissionais de saúde e decisores políticos sobre o impacto do cancro do pâncreas. Assim, a 15 de novembro, dia em que se assinala o Dia Mundial do Cancro do Pâncreas, o Cristo Rei ilumina-se de roxo.

“O diagnóstico precoce pode mudar o prognóstico da doença e que pode ter impacto na estratégia terapêutica e na sobrevivência dos doentes. É pelos doentes que todos temos de intervir e mudar o amanhã para que possam olhar para o seu futuro de forma mais positiva” acrescenta o presidente do Grupo de Investigação do Cancro Digestivo.

Cor amarelada da pele (icterícia), dor abdominal, dor na coluna dorsal, aparecimento de diabetes, perda de peso inexplicável, alterações os hábitos intestinais e náuseas são alguns dos principais sintomas do cancro do pâncreas. Os fatores de risco para desenvolvimento da doença são a idade, o tabagismo que é responsável por um terço dos casos da doença, o histórico familiar de incidência desta doença, a ingestão excessiva de bebidas alcoólicas e sucessivas pancreatites.

 

Informar, aconselhar e sensibilizar
A associação ambientalista Quercus vai criar o SOS Amianto, um grupo de apoio a vítimas, anunciou hoje a organização...

A iniciativa é apresentada como o primeiro grupo de apoio às vítimas do amianto.

A Quercus quer estender o apoio às famílias das vítimas e trabalhar em três frentes: informar, aconselhar e sensibilizar.

O objetivo é conhecer as histórias das pessoas, saber se estão e receber acompanhamento médico, denunciar situações de exposição involuntária, manuseamento inadequado ou gestão incorreta dos resíduos que contêm amianto.

De acordo com a responsável pelo projeto, Carmen Lima, é necessário promover o debate sobre o tema e pressionar os diversos organismos para a realização de um levantamento aos edifícios públicos e privados com amianto.

A apresentação pública decorre no 1.º Encontro Internacional sobre Amianto, a realizar no Instituto Superior Técnico, em Lisboa, na quinta e na sexta-feira, com o apoio da Fundação Portuguesa do Pulmão e da Associação de Médicos pelo Direito à Saúde.

Está prevista a participação de especialistas e ativistas, com participantes do Brasil, como Leonardo Amarante, advogado responsável por centenas de processos de indemnização a pessoas expostas a amianto, segundo a informação divulgada pela Quercus.

Testemunhos de empresas de França e da Alemanha, profissionais habilitados para o fornecimento de equipamentos destinados a remover corretamente o amianto fazem igualmente parte do programa.

Para a Quercus, o amianto não é um problema do passado. “É um problema do presente e tem consequências no futuro, sendo a segunda maior causa de contaminação ocupacional do mundo”.

Materiais que contêm amianto, indica a Quercus em comunicado, continuam a ser exportados para o mundo inteiro e a ter uma vasta utilização.

“A magnitude dos produtos que incorporam amianto é muito grande, pelo que é fundamental identificar e referenciar a totalidade dos mesmos, que se estima rondarem 3.000 diferentes tipos”, diz a organização.

Os dados citados pelos ambientalistas indicam que os homens têm uma maior exposição ocupacional ao amianto em trabalhos em fábricas, na construção, metalomecânica, eletricidade e na remoção destes materiais, enquanto as mulheres estão sujeitas à exposição ambiental em escritórios, contacto com produtos e materiais em casa, bem como às fibras que os maridos levam do trabalho.

“Não há concentração segura para o amianto, abaixo da qual não há risco de exposição, mesmo que existam limites estabelecidos pela legislação”, alerta a Quercus. A única solução, garante, é a “erradicação e eliminação total”.

Estudos sugerem reforço deste mineral
Presente em alimentos como o mexilhão, brócolos, tomate ou cogumelos, há várias evidências que suste

Em Portugal estima-se que existam cerca de três milhões de pessoas com diabetes ou pré-diabetes e que a prevalência da Diabetes Mellitus tipo 2, uma patologia que “há alguns anos era típica da população idosa”, venha a aumentar, atingindo cada vez mais adultos jovens. Sedentarismo, excesso de peso e uma alimentação pouco cuidada, rica em gordura e açúcar, têm sido apontados como os grandes responsáveis pelo desenvolvimento da doença.

“A Diabetes é uma patologia caracterizada essencialmente por uma alteração no metabolismo da insulina e glicose. Sempre que comemos, a nossa glicemia ou «açúcar no sangue» aumenta”, começa por explicar Margarida Guerreiro. “Este açúcar tem de ser captado pelas células, de modo a que possa ser utilizado para obter energia ou criar reservas”, e é aqui que entra em cena a insulina, produzida e libertada pelo pâncreas após as refeições. De acordo com a especialista é esta hormona que facilita a captação do açúcar pelas nossas células.

No doente diabético, o pâncreas é incapaz de produzir insulina (diabetes mellitus tipo 1) ou apresenta resistência a esta hormona (diabetes mellitus tipo 2). Neste último caso “a insulina é produzida e libertada normalmente pelo pâncreas, viaja e liga-se às células mas estas deixam de responder adequadamente à sua presença e tornam-se ineficazes na captação da glucose em circulação”, explica Margarida Guerreiro.

As causas da DM1 não estão, como refere a especialista, claramente descritas e não serão, provavelmente, modificáveis. Trata-se de uma patologia de natureza autoimune “e que se manifesta geralmente numa fase precoce da vida (infância ou adolescência, embora possa manifestar-se mais tarde) ”. Já no caso da DM2, apesar de existir uma componente genética associada, o estilo de vida tem uma influência muito significativa. “Um padrão alimentar incorreto, o sedentarismo, excesso de peso e um perímetro abdominal elevado (que indica excesso de gordura visceral) são alguns dos principais fatores de risco para a diabetes mellitus tipo 2”, revela a nutricionista que aconselha um acompanhamento médico regular e a realização de análises de rotina para o diagnóstico precoce da doença.

A par da terapêutica farmacológica, a adoção de um estilo de vida mais saudável é essencial não só no que diz respeito ao seu tratamento como em matéria de prevenção. E aqui a alimentação tem também um papel fundamental.

Iniciar as refeições principais com sopa de legumes e inclui-los também no prato; alternar o consumo de carne e peixe; evitar produtos à base de farinhas refinadas e preferir cereais integrais ou fazer pequenas refeições, ao longo do dia, baseadas em alimentos pouco processados, como a fruta ou os frutos secos, são algumas das principais recomendações.

“Incluir a atividade física na rotina semanal é indispensável: cada pessoa deve encontrar um tipo de atividade que lhe dê prazer e que consiga praticar de forma consistente”, acrescenta Margarida.

Diabéticos têm frequentemente carência de crómio, dizem alguns estudos

Essencial para o organismo, com várias funções relacionadas com a ação da insulina e com a manutenção da normalidade do açúcar no sangue, o Crómio é apontado, em alguns estudos, como essencial ao controlo da diabetes.

Presente no solo, água e alimentos, é obtido através da alimentação ou, quando necessário, da suplementação.

“Uma vez ingerido, o crómio é absorvido a nível intestinal e transportado até às nossas células, onde é utilizado para formar um molécula chamada Cromodulina” e que funciona em equipa com a insulina, “sendo essencial para receber a mensagem que esta hormona envia para o interior da célula” permitindo que os canais de glucose se abram para que o açúcar em circulação seja captado de forma eficaz.

Quando existe carência de crómio, “a síntese de Cromodulina é comprometida e as células tornam-se menos eficazes a responder à insulina e a regular a glicemia”, explica Margarida Guerreiro.

Uma vez que alguns estudos sugerem que os diabéticos apresentam, com alguma frequência, carência deste mineral, a suplementação poderá ser a resposta para melhorar esta função.

“A suplementação pode ser importante e necessária para grupos da população cujas necessidades de crómio são superiores, como é o caso dos indivíduos diabéticos ou daquelas que, embora não tenham diabetes, apresentam já alguns sinais de resistência à insulina e alteração na glicemia – a chamada pré-diabetes”, adianta a especialista, referindo que vários estudos apontam um melhor controlo glicémico, redução nos triglicéridos e aumento do colesterol HDL em doentes que recorrem ao reforço deste mineral.

No entanto, a especialista chama a atenção para alguns cuidados. “Idealmente, a escolha do suplemento deve ser apoiada por um profissional de saúde competente, nomeadamente um farmacêutico”, devendo ser feita uma escolha criteriosa do suplemento a utilizar.

“Geralmente, os suplementos de crómio são vendidos sob a forma de comprimidos, mas o tipo de molécula presente vai influenciar a sua qualidade, eficácia e segurança”, revela aconselhando a prestar atenção às características dos produtos.

“De acordo com um parecer emitido pela Autoridade Europeia de Segurança Alimentar, os suplementos que contém levedura enriquecida em crómio apresentam uma percentagem de absorção e um perfil de segurança bastante mais favorável relativamente aos suplementos com Cloreto de Crómio ou Picolinato de Crómio”, explica.

Apesar de ser necessário em quantidades mínimas – em Portugal, a legislação estabelece um valor de referência diário de 40 microgramas – a verdade é que o défice deste micronutriente é mais comum do que pensamos. “Alguns estudos publicados acerca do aporte alimentar de crómio dizem-nos que, numa dieta equilibrada tipicamente ocidental, dificilmente atingimos uma ingestão adequada de crómio”, justifica Margarida Guerreiro. 

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Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Dado INSA
Cerca de 640 mil portugueses (9,9%) sofriam de diabetes em 2015, uma doença mais frequente nos homens e nas pessoas sem...

Os dados fazem parte do Inquérito Nacional de Saúde com Exame Físico (INSEF), realizado pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), que analisou o estado de saúde da população residente em Portugal, em 2015, com idade entre os 25 e os 74 anos.

Segundo os dados, divulgados a propósito do Dia Mundial da Diabetes, que hoje se assinala, 641 mil portugueses (9,9%) foram classificados como diabéticos.

A diabetes foi mais frequente nos homens (12,1%), no grupo etário dos 65-74 anos (23,8%), nas pessoas sem atividade profissional (20,6%) e com menos escolaridade (20,1%).

Estes dados foram obtidos a partir das medições da hemoglobina glicosilada efetuadas e de dados obtidos por questionário.

Foram considerados diabéticos as pessoas (não incluindo mulheres grávidas) que tinham hemoglobina glicosilada igual ou superior a 6,5%, que reportaram a toma de medicação para a diabetes nas duas semanas anteriores à entrevista ou que disseram ter diabetes.

O primeiro INSEF foi desenvolvido em 2015 para recolha de informação epidemiológica sobre o estado, determinantes e cuidados de saúde da população portuguesa.

Foram estudadas 4911 pessoas, na sua maioria em idade ativa (84,3% com idade entre os 25 e os 64 anos), quase dois terços (63,4%) dos quais “sem escolaridade ou com escolaridade inferior ao ensino secundário” e 11,2% desempregados.

“Este Inquérito teve como mais-valia o facto de conjugar informação colhida por entrevista direta ao indivíduo com dados de uma componente objetiva de exame físico e recolha de sangue”, refere o INSA.

O INSEF tem como finalidade contribuir para “a melhoria da saúde dos portugueses, apoiando as atividades nacionais e regionais de observação e monitorização do estado de saúde da população, avaliação dos programas de saúde e a investigação em saúde pública”.

Destinado a profissionais
Destinado a nutricionistas, é um importante apoio em consultas a pessoas com Diabetes Mellitus, dando a conhecer técnica de...

Para assinalar o Dia Mundial da Diabetes, 14 de novembro, Associação Portuguesa de Nutrição recorda a disponibilização do «Manual de Contagem de Hidratos de Carbono na Diabetes Mellitus – para profissionais de saúde». Um manual cujo objetivo é uniformizar os procedimentos associados à aplicação da técnica de contagem de hidratos de carbono por parte de pessoas com Diabetes, em especial Diabetes Mellitus tipo 1.

Desenvolvido pela Associação Portuguesa de Nutrição, contou com os seguintes apoios institucionais: Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável e o Programa Nacional para a Diabetes da Direção Geral da Saúde (DGS), Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal (APDP), Sociedade Portuguesa de Diabetologia (SPD), Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo (SPEDM) e Sociedade Portuguesa de Endocrinologia e Diabetologia Pediátrica (SPEDP).,

A Associação Portuguesa de Nutrição, atual designação da antiga Associação Portuguesa dos Nutricionistas, é uma associação técnico-científica que tem como um dos eixos de atuação a produção de materiais para nutricionistas com base em conhecimento técnico-científico, como é o caso do «Manual de Contagem de Hidratos de Carbono na Diabetes Mellitus – para profissionais de saúde».

Manual disponível para download gratuito no website da APN em: http://www.apn.org.pt/documentos/manuais/Manual_Contagem_HC.pdf

Ou disponível em papel, mediante aquisição previamente solicitada para [email protected].

Congresso Latino-Americano de Nutrição
Evidências mais recentes não revelam efeito adverso na sensibilidade à insulina ou na saúde geral dos adoçantes sem ou de...

Usados de forma segura há mais de um século pelos consumidores em todo o mundo para manter o sabor doce dos alimentos sem adição de energia a partir de açúcares, os adoçantes sem ou de baixas calorias “foram cuidadosamente revistos e aprovados periodicamente, com a consequente aprovação pelas agências de saúde reguladoras em todo o mundo, incluindo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a agência Food and Drug Administration dos Estados Unidos (FDA) e a Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA)”, explica Susana Socolovsky, Presidente da Associação Argentina dos Profissionais de Tecnologia e Segurança Alimentar (AATA).

Por esta razão, “graças ao rigoroso quadro regulamentar e requisitos toxicológicos existentes no mundo inteiro, pode ser confirmado que os adoçantes sem ou de baixas calorias são aditivos alimentares seguros na população em geral”, conclui a especialista, com doutoramento em química pela Universidade de Buenos Aires, responsável por liderar o debate sobre a segurança destes aditivos, realizado no âmbito do XVIII Congresso Latino‑Americano de Nutrição (SLAN) 2018, que se realiza de 11 a 15 de novembro no México.

“A segurança dos adoçantes de baixas ou sem calorias é um assunto de interesse contínuo entre a população”, refere Aranceta‑Bartrina, presidente do Comité Científico da Sociedade Espanhola de Nutrição Comunitária (SENC), responsável pela organização da mesa temática centrada no “Interesse dos adoçantes sem ou de baixas calorias na redução do consumo de açúcar”, juntamente com o Grupo Latino-americano de Nutrição Comunitária (GLANC).

Adoçantes e microbiota

Ángel Gil Hernández, professor de Bioquímica e Biologia Molecular na Universidade de Granada e Presidente da Fundação Ibero-Americana de Nutrição (FINUT), participou na discussão mostrando os resultados de uma investigação recente sobre as evidências disponíveis, em que analisou a relação existente entre os adoçantes sem ou de baixas calorias e a microbiota.

Após a seleção de 133 artigos, Gil-Hernández observa que “os adoçantes sem ou de baixas calorias, nas quantidades usadas para adoçar alimentos e bebidas, não causariam mudanças significativas na microbiota”. Por outro lado, tendo em conta o tipo de adoçante analisado, “vale a pena destacar que os adoçantes do tipo poliol (como isomaltose, maltitol, lactitol ou xilitol) comportam-se como prebióticos, já que observamos um aumento no número de bifidobactérias em animais e em humanos”, conclui.

Consenso Ibero-Americano sobre adoçantes sem ou de baixas calorias

Os adoçantes sem ou de baixas calorias podem melhorar o controlo glicémico no lugar do açúcar e, em programas de controlo de peso, também podem favorecer a redução da ingestão total de energia e perda de peso, como comentou Lluis Serra-Majem, professor catedrático de Medicina Preventiva e Saúde Pública da Universidade de Las Palmas de Gran Canaria e presidente da Fundação para a Investigação Nutricional (FIN).

É isso mesmo que conclui o “Consenso Ibero-Americano sobre adoçantes sem ou de baixas calorias”, que reuniu mais de 60 especialistas internacionais e que foi recentemente publicado na revista internacional Nutrients. O objetivo deste documento, que analisa as evidências em relação ao papel dos adoçantes sem ou de baixas calorias na alimentação, a sua segurança e inocuidade, a sua regulação e os aspetos nutricionais e dietéticos do seu uso em alimentos e bebidas, é “fornecer informações úteis com base em evidências científicas para contribuir para a redução do consumo de açúcares adicionados em alimentos e bebidas, em consonância com as recomendações propostas pelas autoridades internacionais de saúde pública”, diz Serra-Majem.

O XVIII Congresso Latino-Americano de Nutrição (SLAN) 2018, que decorre na cidade de Guadalajara, Jalisco, México, até 15 de novembro de 2018, sob o lema “Alimentação Saudável para um Planeta Sustentável”, foi organizado pela Sociedade Latino-Americana de Nutrição (SLAN). O Congresso contou com a colaboração de outras instituições como a UNICEF, o Instituto Nacional de Saúde Pública do México, o Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia (CONACYT), a Universidade de Guadalajara, a Associação Jalisco de Nutricionistas, A.C. (AJANUT), a Universidade Jesuíta de Guadalajara, o Tecnológico de Monterrey e a União Internacional de Ciências da Nutrição (IUNS).

Opinião
Desde 1991 que a Federação Internacional da Diabetes (IDF) e a Organização mundial de Saúde (OMS) co

O número de pessoas afetadas em todo o mundo com DM reflete a magnitude do problema. Segundo os dados da IDF, existem atualmente cerca de 425 milhões de pessoas com diabetes em todo o mundo. Em Portugal, segundo a mesma fonte, estima-se que a prevalência de diabetes na população adulta seja de 13,9%. Isto significa que mais de um milhão de portugueses neste grupo etário tem DM.

A DM é uma doença caracterizada por uma hiperglicemia crónica resultante de deficiência na secreção e/ou ação da insulina. A DM tipo 1 ocorre em 5-10% dos doentes com DM e é devida a uma destruição autoimune das células beta pancreáticas. A DM tipo 2 (DM2) é responsável por cerca de 90 a 95% dos casos de DM, mas a sua etiologia não é completamente conhecida: sabe-se que não há destruição autoimune das células beta pancreáticas e que os doentes não têm outra causa conhecida de diabetes (doenças do pâncreas exócrino, destruição pancreática, fármacos…).

A DM2 pode permanecer não diagnosticada por muitos anos: a hiperglicemia desenvolve-se gradualmente e, em estados iniciais, não é suficientemente grave para o doente apresentar sintomas. Isto contribui para que, em todo o mundo, uma em duas pessoas com diabetes ainda não esteja diagnosticada. Desde o início da doença até ao desenvolvimento dos sintomas, estes doentes apresentam um elevado risco de desenvolverem complicações micro e macrovasculares. A deteção precoce, o diagnóstico e o tratamento podem salvar vidas e prevenir ou retardar significativamente as complicações devastadoras relacionadas com esta doença como a doença renal crónica, a retinopatia, a neuropatia, a doença cardíaca e a doença cerebrovascular, nomeadamente o acidente vascular cerebral (AVC).

Atualmente, há evidência de que, em muitos casos, a DM2 pode ser prevenida e tratada adotando-se um estilo de vida saudável: (1) uma alimentação saudável, focando-se na qualidade dos alimentos ingeridos – substituir hidratos de carbono (HC) refinados por HC complexos; preferir como fonte de proteínas o peixe, as aves e as leguminosas, evitando as carnes vermelhas; evitar gorduras saturadas e gorduras trans e aumentar o consumo de ácidos gordos ómega 3 e 6; (2) redução da ingestão de sal, principalmente em doentes com DM e HTA, (3) redução do consumo de álcool, (4) abstinência tabágica e (5) atividade física no mínimo de 150 minutos semana de exercício moderado a intenso. O principal objetivo destas alterações é diminuir a adiposidade visceral e, deste modo, diminuir a insulinorresistência, o que permite melhorar o perfil glicémico, lipídico e metabólico. Para a maioria dos doentes com DM, o grande desafio é, precisamente, esta mudança no estilo de vida, pelo que é fundamental o empoderamento do doente.

A comemoração do Dia Mundial da Diabetes surge como um alerta, porque muito pode ser feito para prevenir, melhorar a qualidade de vida e reduzir a morbidade e mortalidade das pessoas que vivem com DM.

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As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Até obras estarem concluídas
O presidente da Associação Portuguesa de Bioética, Rui Nunes, defendeu hoje a mudança da pediatria do hospital de S. João, no...

“Seria uma forma de minimizar o sofrimento de doentes e respetivas famílias", sublinhou.

Em comunicado, Rui Nunes, também professor da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, considera que, “independentemente do percurso histórico e das responsabilidades que venham a ser apuradas, importa agir de modo a resolver uma situação humana e socialmente insustentável".

Para o presidente da Associação Portuguesa de Bioética (APB), essa "seria a solução ideal”, tendo em conta que a construção da nova ala pediátrica implica “não apenas a existência de recursos, mas também o escrupuloso cumprimento das regras da contratação pública, podendo não ser de resolução imediata".

Perante tal cenário, Rui Nunes sublinha que "a solução lógica, no plano de uma moderna gestão pública, é otimizar a capacidade instalada enquanto se aguarda por uma solução de fundo que vá de encontro às expectativas dos doentes e das suas famílias".

Assim, em seu entender, a solução eficaz no curto prazo seria "realojar a pediatria noutro setor do hospital, nomeadamente em pisos recentemente construídos e que facilmente podem ser adaptados para o efeito”.

“Isto implicaria, naturalmente, que os serviços que agora aí se encontram fossem realojados em outros espaços existentes", acrescenta.

Rui Nunes refere que esta opção "não carece de recursos que não estejam à disposição do hospital e permitiria aliviar o sofrimento dos doentes, das suas famílias e dos próprios profissionais de saúde que, com tanto empenho, se dedicam a estas crianças".

"A única pergunta a colocar é quando é que esta solução será implementada", frisa.

O docente da FMUP critica ainda "o estado em que se encontra a pediatria, sobretudo tendo em conta que estamos a falar não apenas de um dos melhores hospitais do país, mas sobretudo do hospital de referência do Norte de Portugal".

Acrescenta que “importa investigar, retrospetivamente, as causas desta lamentável situação. Nomeadamente em relação ao planeamento estratégico da saúde da mulher e da criança ao longo das duas últimas décadas".

"Aquando da discussão pública em torno da criação do Centro Materno-Infantil do Norte, alguns, entre os quais me incluo, alertaram para o facto de que a construção da nova unidade iria centralizar este tipo de cuidados, dado que nem o país nem a região têm dimensão ou escala para comportar mais do que uma unidade hospitalar com estas características", recorda.

Na ocasião, frisa, "muitos pensavam que os recursos eram ilimitados e que o Estado, mesmo sobre-endividado, podia continuar a despender acima das suas posses. O resultado foi o que se viu, com a necessidade de intervenção externa, o que originou grandes sacrifícios para a população. E o ‘Joãozinho’ – o hospital pediátrico do São João – não foi construído".

Em 2016, cerca de um ano depois de ter começado, a obra que decorria em terrenos do Hospital de São João por iniciativa da Associação Joãozinho parou.

A administração do centro hospitalar defendeu na ocasião que a empreitada só seria possível com investimento público, devido ao “desfasamento entre as verbas angariadas [pela associação] e o orçamento total da obra”.

A empreitada de cerca de 25 milhões de euros era suportada por fundos privados angariados pela associação “Um Lugar Pró Joãozinho”, que até então tinha reunido cerca de um milhão de euros.

Em janeiro de 2017, o Ministério da Saúde aprovou a construção da ala pediátrica, anunciando um investimento de cerca de 20 milhões de euros.

O Governo autorizou em 19 de setembro a administração do Centro Hospitalar Universitário de São João a lançar o concurso para a conceção e construção das novas instalações do Centro Pediátrico.

Diabetes atinge um milhão de portugueses
O Dia Mundial da Diabetes assinala-se hoje e pretende sensibilizar a população para o seu impacto na família, na gestão,...

“O aparecimento de diagnóstico de uma doença em qualquer família tem um grande impacto, mas esse impacto é muito maior quando a família é chamada a ser atuante no próprio tratamento, como é o caso da diabetes, principalmente nas crianças”, disse à Lusa o presidente da Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal (APDP), que, juntamente com a Câmara de Lisboa, organiza hoje a conferência “Diabetes e Família”, o mote deste ano da efeméride.

No caso das crianças, é “uma situação muito dramática para a família, muitas vezes com sentimento de culpa, sem qualquer justificação, porque não há qualquer culpa”, disse José Manuel Boavida.

O aparecimento da doença “provoca modificações importantes” no dia-a-dia das famílias, algumas boas, como melhores hábitos de vida, e outras más, devido “ao ‘stress’ causado à vida das pessoas”.

“Nas crianças é todo o problema, desde o controlo e o medo permanente de qualquer ocorrência que possa acontecer, nomeadamente a hipoglicémia", mas também "a sensação horrível de ter que as picar com a insulina ou para determinar a glicemia”.

Nos adultos, “há uma preocupação permanente para saber se as pessoas estão bem” e se não sofrem as complicações mais graves da diabetes, como cegueira ou amputações, disse o endocrinologista.

É todo este quadro que "acaba por ser um peso enorme” para as famílias que têm de adaptar-se à nova realidade.

Para José Manuel Boavida, esta "adaptação” tem de ser apoiada, para "aliviar toda a carga quotidiana" do tratamento desta doença "muito especial", que implica atitudes diárias por parte das pessoas, como ajustar a medicação, a alimentação, a atividade física para evitar as complicações da doença.

Este apoio é "uma das grandes reivindicações" que a associação pretende que "venha ao de cima" neste dia mundial. "Os familiares das pessoas com diabetes são cuidadores informais”, apesar de “pouco reconhecidos”, e evitam “imensos internamentos”, devendo por isso ser apoiados, dando-lhes formação.

"O controlo rigoroso dos fatores de risco é essencial, assim como o maior envolvimento da família, o que significa abrir as consultas aos familiares e criar sessões a eles dirigidas, ajudando-os a compreender a complexidade da diabetes", defendeu.

A formação deve estender-se aos profissionais de saúde “no sentido de perceberem o papel da família e o impacto que a família tem quando aparecem pessoas com diabetes na família”, defendeu José Manuel Boavida.

Além do congresso, a APDP vai realizar uma marcha pelos miradouros de Lisboa e lançar a campanha "Seja mais rápido que o seu risco", que apela aos diabéticos para terem "mais atenção à relação perigosa entre a doença e outras comorbilidades, uma vez que têm maior risco de hipertensão arterial, doença vascular, enfarte, obesidade, entre outras".

A Federação Portuguesa das Associações de Pessoas com Diabetes também promove hoje o circuito de “Pré-Diabetes ou Diabetes”, na praça de Navegantes no Colombo, em Lisboa, para consciencializar a população para esta doença, que matou 12 pessoas por dia em 2015, segundo o último relatório do Observatório Nacional da Diabetes.

Estudo
Um estudo sobre a violência pelo parceiro íntimo durante a gravidez concluiu que mais de 40% das mulheres na região Centro de...

Envolvendo mais de um milhar de mulheres, a pesquisa, desenvolvida por Rosa Maria dos Santos Moreira, investigadora na Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC), revela também que 14% das grávidas são forçadas pelos companheiros a manterem práticas sexuais.

De acordo com uma nota da ESEnfC enviada à agência Lusa, os dados da pesquisa agora divulgados foram “recolhidos entre 2012 e 2013, por meio de questionário respondido por 1.219 puérperas (após o parto)”, no âmbito do doutoramento de Rosa Moreira, intitulado ‘Violência por parceiro íntimo na gravidez e consequências perinatais’.

Por ordem decrescente de prevalência, a agressão psicológica foi a mais assinalada pelas inquiridas (41,6%), seguida da coerção sexual (13,7%) e do abuso físico sem e com sequelas (8,4% e 2,5%, respetivamente).

Quanto à repetição das formas de violência pelo parceiro íntimo, “os atos de coerção sexual foram os mais frequentes (9,16%)”, revela ainda o estudo, que foi desenvolvido com “o contributo voluntário de puérperas internadas em hospitais de apoio perinatal e apoio perinatal diferenciado”, em Coimbra, Aveiro, Covilhã, Castelo Branco, Guarda e Leiria.

“Tem sido difícil provar a associação direta da violência pelo parceiro íntimo com os maus desfechos perinatais”, mas, salienta a investigadora, citada pela ESEnfC, algumas investigações destacam, “a este nível e como principais problemas durante a gravidez, a hemorragia genital, a rotura prematura de membranas, a diminuição dos movimentos fetais” e, ainda, hipertensão arterial, diabetes gestacional, anemia e descolamento prematuro da placenta, entre outros.

Trabalhos recentes “continuam a mostrar evidência de resultados adversos, como baixo peso ao nascer, recém-nascido pequeno para a idade gestacional, parto e nascimento prematuros e incidência de morte fetal, perinatal e neonatal”, acrescenta a docente da ESEnfC e especialista em saúde materna e obstétrica.

“A maioria das mulheres que participou neste estudo” frequentou consultas pré-natais, “sendo que nos casos de agressão psicológica houve mais idas a estas consultas do que nas situações em que foram reportadas outras formas de violência”, destaca Rosa Moreira.

Registou-se, por outro lado, “maior probabilidade de ocorrência de agressão psicológica quando o início das consultas foi tardio, após o segundo mês de gestação, e maior probabilidade de abuso físico com e sem sequelas quando o início das consultas ocorreu antes do segundo mês de gestação”.

Rosa Moreira salienta igualmente, entre outros aspetos, a “associação entre a violência pelo parceiro íntimo e alguns comportamentos de risco comprometedores da saúde materna e fetal, como o hábito de fumar e o consumo de álcool durante a gravidez”.

Neste parâmetro, verificou-se “uma prevalência maior de comportamentos de violência pelo parceiro íntimo entre as mulheres que assumiram hábitos tabágicos e consumiram bebidas alcoólicas durante a gravidez, comparativamente com as que não tiveram esses hábitos de consumo, em todas as dimensões estudadas”.

Mas os estudos desenvolvidos em Portugal sobre este tema “ainda são insuficientes para que se compreenda a dimensão do problema”, sublinha Rosa Moreira, considerando que “o atraso na sistematização de recolha de dados tem condicionado o acesso a indicadores específicos relativos à violência pelo parceiro íntimo durante a gravidez e seus fatores associados”.

Efeitos secundários
A Autoridade Nacional do Medicamento (Infarmed) aconselha cuidados especiais no uso de medicamentos para as dores contendo...

Esta recomendação do Infarmed surge na sequência de um alerta da Autoridade para o Medicamento Espanhola para a utilização de medicamentos com metamizol, na sequência da morte de 10 britânicos que compraram o medicamento em Espanha.

Em outubro, a Agência Espanhola de Medicamentos e Produtos Sanitários (AEMPS) atualizou a ficha técnica do metamizol para alertar para o risco de efeitos adversos como a agranulocitose (doença aguda do sangue caracterizada pela falta ou acentuada redução de glóbulos brancos).

Em comunicado disponível hoje, o Infarmed indica que o metamizol é um medicamento utilizado para o tratamento da dor e febre há cerca de 40 anos. Em Portugal, os medicamentos comercializados contendo metamizol são o Nolotil, Dolocalma e Meramizol Cinfa.

O Nolotil está indicado na dor aguda e intensa, incluindo dor espasmódica e dor tumoral, e na febre alta, que não responde a outras terapêuticas antipiréticas.

“A utilização de medicamentos contendo esta substância [metamizol] pode causar uma reação adversa – a agranulocitose – que, apesar de grave, é muito rara”, explica também o infarmed.

A Autoridade do Medicamento esclarece que em “Portugal foram notificados ao sistema de farmacologia, entre 2008 e 2018, um total de 11 casos de agranulocitose potencialmente associados à utilização de metamizol, com uma frequência de um a dois casos por ano (o que se encontra dentro da frequência expectável de uma reação rara)”.

Para minimizar os riscos de agranulocitose associado à utilização de metamizol, o Infarmed recomenda que o seu uso deve ser restrito a um período temporal (máximo de sete dias) e a monitorização através dos valores do hemograma se for por mais tempo.

“Estes medicamentos não devem ser utilizados em doentes com reações hematológicas prévias ao metamizol, em tratamento com imunossupressores ou outros medicamentos que possam causar agranulocitose. Deve ser tida particular atenção à prescrição destes medicamentos em doentes idosos”, destaca o Infarmed.

Os doentes a quem foi prescrito metamizol, salienta o Infarmed, não devem interromper o tratamento, mas sim consultar o médico caso surjam sintomas de discrasia sanguínea, tais como mal-estar geral, infeção, febre persistente, hematomas, hemorragias ou palidez.

Aos médicos prescritores e restantes profissionais de saúde, o Infarmed solicita especial atenção para a prevenção e/ou deteção precoce do aparecimento deste ou de outros efeitos indesejáveis.

“Estes medicamentos mantêm uma relação benefício-risco positiva, desde que, sejam cumpridas todas as condições, incluindo as indicações de uso do metamizol”, é referido.

O infarmed indica ainda que vai continuar a acompanhar e divulgar todas as informações pertinentes relativas a esta matéria.

Administradores
Os hospitais públicos tiveram nos últimos três anos mais 600 milhões de euros de despesa, enquanto a receita aumentou menos de...

As contas são expostas pelo presidente da Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares, Alexandre Lourenço, que recorda, em entrevista à Lusa, que o financiamento dos hospitais não compensou nos últimos três anos a pressão sobre a despesa, nomeadamente com recursos humanos, com a passagem às 35 horas semanais, a contratação de profissionais para suprir as horas repostas e a reposição salarial.

Em entrevista à Lusa a propósito do Fórum do Medicamento que a Associação dos Administradores Hospitalares promove na sexta-feira em Lisboa, o responsável assinala que os custos operacionais dos hospitais EPE (Entidades Públicas Empresariais) aumentaram perto de 600 milhões nos anos de 2015 a 2017, sendo que os proveitos operacionais aumentaram menos de 300 milhões de euros.

O resultado foi que em 2017 os hospitais EPE encerraram o ano “com o pior resultado económico de sempre”.

E ainda assim, refere Alexandre Lourenço, mesmo sem “uma compensação orçamental adequada”, os hospitais tiveram de acomodar o crescimento dos seus custos, como com a passagem às 35 horas ou com as reposições remuneratórias.

O responsável considera que a “forte restrição orçamental” tem condicionado a capacidade dos hospitais para melhorar o seu desempenho e eficiência.

Alexandre Lourenço nota ainda que as transferências do orçamento para o SNS em percentagem do PIB têm vindo em queda nos últimos dez anos, sendo este ano de 2018 “o mais baixo”, colocando Portugal abaixo da média dos países da OCDE.

Contudo, o financiamento acaba por existir, mas não é colocado nos orçamentos dos hospitais em tempo devido e de modo a permitir uma gestão mais adequada.

Alexandre Lourenço recorda que o anterior ministro da Saúde anunciou no fim do ano passado uma dotação de 1,4 mil milhões de euros de verba adicional, mas esse dinheiro devia ter sido colocado nos hospitais no início de 2018, o que não aconteceu. Aliás, só agora começa a chegar às unidades a última tranche de 500 milhões de euros.

“A relação dos hospitais com os fornecedores seria diferente se o dinheiro estivesse colocado no início de um ano orçamental, porque lhes permitiria comprar bens e serviços a um preço mais baixo”, afirmou, estimando que os hospitais do SNS poderiam poupar mais de 100 milhões em redução de preço só por pagarem aos fornecedores a tempo e horas.

Tema em debate no Fórum do Medicamento
O presidente da Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares, Alexandre Lourenço, defende a criação de vias verdes na...

Este vai ser um dos temas em debate no Fórum do Medicamento, que decorre na sexta-feira em Lisboa, iniciativa da Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares, segundo disse à agência Lusa o presidente do organismo, Alexandre Lourenço.

“Vamos debater o acesso atempado a cuidados de saúde na oncologia através da criação de vias verdes. Entre o diagnóstico e o momento em que iniciamos um tratamento existe um longo período, um período demasiado grande”, afirmou.

Em entrevista à Lusa, Alexandre Lourenço explicou que um dos casos concretos em discussão será a criação de uma via verde para o cancro do pulmão, uma patologia em que é “completamente crucial” iniciar o tratamento o mais cedo possível.

“Na prática, trata-se de encontrar mecanismos no sistema de saúde e formas de referenciação imediata dos doentes quando existe alguma sintomatologia, encaminhando para o hospital o doente no mais curto espaço de tempo”, indicou.

Para Alexandre Lourenço, ainda é “demasiado alargado” o tempo de espera entre o médico de família e a consulta de especialidade hospitalar, mesmo nos casos oncológicos, porque há dificuldade de aceder a consultas de especialidade.

Os administradores hospitalares reconhecem que no caso da oncologia o acesso a consultas é menos dificultado do que noutras especialidades, mas os tempos de espera “continuam a ser exagerados”.

No caso do cancro do colo e do reto, por exemplo, Alexandre Lourenço afirmou que continuam a registar-se dificuldades no acesso aos exames, às colonoscopias.

“Dentro dos hospitais públicos, apesar da melhoria substantiva nos últimos anos, continua a existir uma restrição muito elevada ao acesso [às colonoscopias]. Por falta de anestesiologistas, por falta de especialistas em gastroenterologia, por falta de equipamentos ou equipamentos obsoletos”, indicou.

O presidente da associação dos administradores hospitalares defende que é necessário fazer a medição do tempo que separa o diagnóstico do início do tratamento, o que não acontece: “Nem sequer conseguimos medir esse tempo. Fazemos uma suposição desses tempos por sabermos o tempo [de espera] para consultas de especialidade e para tratamento”.

Muito se advoga sobre a deteção precoce dos cancros, que Alexandre Lourenço subscreve como sendo essencial, mas alerta, contudo, que isso não basta: “Importa encurtar os tempos entre o momento em que o diagnóstico é feito e se inicia o tratamento”.

No Fórum do Medicamento que começa na sexta-feira em Lisboa será ainda debatida a questão da equidade no acesso aos tratamentos oncológicos, uma área que continua a ter “grandes variações”.

“Continuamos com enorme variabilidade no acesso à melhor resposta possível. Continuamos com problemas quer no acesso à radioterapia, ao medicamento ou a consultas de especialidade, com grandes variações.

No Fórum deverá ainda ser explorado o projeto-piloto em curso no Instituto Português de Oncologia do Porto que visa desenvolver um modelo de financiamento centrado nos resultados obtidos e que vai ser focado no cancro do pulmão.

 

Situação "muito preocupante"
O presidente da Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares, Alexandre Lourenço, classifica como “muito preocupante”...

Dois sindicatos de enfermeiros convocaram uma greve a partir de dia 22 de novembro, e com duração superior a um mês, que deve incidir em pelo menos três blocos operatórios de grandes hospitais, uma ideia de paralisação que partiu inicialmente de um movimento de enfermeiros e que recolheu já mais de 350 mil euros num fundo destinado a compensar os profissionais que ficarão sem salário.

Alexandre Lourenço considera que esta greve “pode causar muitos constrangimentos” e “lesar os cidadãos que necessitem de cuidados de saúde”, apelando ao Governo e às organizações profissionais que travem esta paralisação pela via negocial, através de acordo entre as partes.

Em entrevista à Lusa a propósito do Fórum do Medicamento que a Associação dos Administradores Hospitalares promove na sexta-feira em Lisboa, o responsável considerou que “não é relevante” o meio encontrado para compensar os grevistas, através de uma recolha de fundos que já conseguiu mais de 350 mil euros.

“Só é relevante no sentido de perceber que, para se chegar a este ponto, é preciso que as coisas não estejam bem. É algo de muito atípico. Mas mais atípico é a previsão de termos uma greve por um tempo tão longo”, afirmou Alexandre Lourenço.

O representante dos administradores hospitalares lembra que “há fatores que desencadearam um descontentamento generalizado e que justifica a crispação existente”.

Apesar da recuperação das 35 horas semanais de trabalho ou da “melhoria de salários”, Alexandre Lourenço frisa que “o mal-estar sentido pelos profissionais é justificado pelas condições de trabalho atuais no Serviço Nacional de Saúde (SNS)”.

“Importa ter em consideração que existem menos recursos humanos do que existiam em 2010, particularmente na enfermagem, nos assistentes operacionais e nos assistentes técnicos há uma sobrecarga de trabalho e uma frustração em algumas profissões que não verificam a valorização na sua profissão”, disse.

No caso dos enfermeiros, Alexandre Lourenço deu ainda o exemplo da diferença de critérios aplicados pelos hospitais públicos quanto às progressões nas carreiras. Há hospitais que atribuem 1,5 pontos por ano de serviço para a progressão, enquanto outros atribuem um ponto.

“Temos comportamentos diferentes [por parte dos hospitais] sem que exista uma instrução clara por parte dos ministérios das Finanças e da Saúde. Uns enfermeiros progridem mais depressa e outros mais devagar. Isso também cria um desconforto grande, quer nos profissionais, quer nas administrações”, exemplificou.

O Ministério da Saúde já anunciou que está a fazer uma análise jurídica à greve prolongada dos enfermeiros em preparação em vários blocos operatórios.

Até hoje já foram angariados mais de 350 mil euros no fundo de recolha impulsionado por um movimento de enfermeiros independente dos sindicatos, sendo que a meta era conseguir 300 mil para cumprir greve em três blocos operatórios: Centro Hospitalar Universitário de Coimbra, São João, no Porto, e Santa Maria, em Lisboa.

O movimento de enfermeiros prolongou, entretanto, a recolha de fundos para alargar a paralisação a mais dois blocos operatórios: Setúbal e Centro Hospitalar do Porto, mas o dinheiro para estes dois blocos adicionais ainda não foi conseguido até hoje.

Os enfermeiros reclamam nomeadamente melhores remunerações e uma carreira digna, notando que não progridem há 13 anos.

A greve arranca no dia 22 de novembro e prolonga-se até final de dezembro.

Apoio
A Assembleia Municipal de Lisboa (AML) aprovou hoje uma proposta do CDS-PP que pretende a criação de uma rede de cuidadores...

O documento, dividido em cinco pontos, mereceu nos dois primeiros os votos contra do PCP e PEV, a abstenção do PS e BE, e os votos favoráveis do PSD, CDS-PP, PAN, MPT, PPM e de sete deputados independentes.

Já os últimos três pontos da proposta contaram com os votos contra do PCP e PEV e os votos a favor dos restantes partidos.

Os centristas querem que o município lisboeta, liderado pelo socialista Fernando Medina, “promova a criação de uma rede de cuidadores do concelho, a primeira no país, com o objetivo de combater o isolamento e apoiar as pessoas idosas, pessoas com deficiência ou dependentes de terceiros por outras razões”, dá conta a proposta.

Os eleitos do CDS-PP pretendem também “que esta rede de cuidadores formais e informais inclua e enquadre os cuidadores que, de modo informal e isolado, já prestam este serviço a muitos familiares, amigos e vizinhos e que seja um estímulo a que muitas outras pessoas assumam este papel”.

A rede de cuidadores deverá trabalhar “a capacitação e literacia dos seus membros para que a sua ação seja mais gratificante, legítima e eficaz”, pode ler-se na proposta, que solicita também “que a CML [Câmara Municipal de Lisboa] reforce o seu papel dinamizador na articulação entre todos os organismos, públicos e privados, que já atuam no apoio a estas pessoas, criando uma verdadeira rede com o objetivo de identificar as necessidades, a oferta já existente e a forma de a reforçar e alargar estas respostas”.

O grupo municipal do CDS-PP pede ainda que a autarquia “estimule os serviços municipais, juntas de freguesia e instituições sociais a realizarem em conjunto um levantamento detalhado da situação das pessoas com dependência, seja pela idade, seja por deficiência, do município de Lisboa”.

Intervindo na sessão, o deputado do PS Manuel Lage defendeu que os cuidadores informais devem ter formação: “Nós não podemos ter uma rede de cuidadores informais que, de repente, não tem qualquer tipo de formação e vai tratar dos nossos entes queridos”, reforçou.

No mesmo sentido, Isabel Pires, do BE, notou que parte do que é proposto pelo CDS-PP “já é hoje em dia feito” e destacou que “o cuidador informal precisa de uma rede de apoio, mas de cuidadores formais”.

A eleita do PCP Graciela Simões advogou que “deve ser dada uma resposta pública” aos cuidadores informais.

Por seu turno, várias forças políticas destacaram a importância da valorização destes cuidadores informais, manifestando concordância com a proposta dos centristas.

Na sessão plenária de hoje, foi também aprovada uma proposta do CDS-PP, que visa a disponibilização de manuais escolares gratuitos para o ensino profissional público, com os votos contra do PCP, PEV e um deputado independente, a abstenção do BE e os votos favoráveis das restantes forças políticas.

Neste sentido, o PSD apresentou uma proposta de alteração à apresentada pelos centristas, com o objetivo de alargar a “gratuitidade dos manuais escolares a todos os alunos residentes no município e que frequentem o ensino obrigatório na rede particular, cooperativa ou com contrato de associação e ensino profissional, bem como instituições de educação e formação, reconhecidas pelas entidades competentes”.

O documento foi rejeitado com os votos contra do BE, PEV, PCP, sete deputados independentes e PS e a abstenção do PAN.

Simulação de sinistros
O Ministério Público (MP) acusou 11 pessoas que alegadamente burlaram seguradoras em mais de dois milhões de euros, imputando...

Segundo informação disponibilizada na página na internet da Procuradoria-Geral Distrital de Lisboa (PGDL), os arguidos, “em data não concretamente apurada do ano de 2007, decidiram constituir-se num grupo organizado, de modo a celebrarem contratos de seguros de vida, ou de acidentes pessoais, em seu nome e em nome de identidades fictícias por eles criadas”.

A PGDL adianta que o objetivo dos arguidos era o “de participarem sinistros simulados e, com recurso a documentação falsa, acionarem as apólices de seguro e receberem as respetivas indemnizações”.

De acordo com a mesma informação, os suspeitos “forjaram documentos que permitissem a terceiros atestar acidentes simulados, visando que as companhias de seguros pagassem as indemnizações correspondentes, beneficiando de parte dela”.

O MP sustenta que “os arguidos obtinham, assim, rendimentos com o qual provinham à sua subsistência, ao seu sustento e aos proventos necessários para a sua vida, fazendo destas práticas modo de vida”.

“No âmbito da atividade desenvolvida, os arguidos participaram mais de 20 sinistros simulados a pelo menos 13 companhias de seguros, logrando obter pagamentos indevidos (indemnizações), subjacentes às apólices contratadas previamente com esse objetivo, em valor superior a 2.150.550,00 euros”, sustenta a acusação.

O MP requereu o julgamento por tribunal coletivo.

Segundo a nota da PGDL, um dos arguidos viu a medida de coação de prisão preventiva ser alterada para prisão domiciliária.

Em 05 de outubro, a Polícia Judiciária (PJ) anunciou que, além do arguido sujeito a prisão domiciliária, outros dois estavam obrigados a apresentar-se periodicamente às autoridades.

Os três são considerados os “principais mentores e executantes do plano”, segundo a PJ.

O processo, declarado de excecional complexidade, foi dirigido pelo MP na 1.ª secção do Departamento de Investigação e Ação Penal de Oeiras/Comarca de Lisboa Oeste com a coadjuvação da PJ.

 

Dia Mundial da Diabetes
O Núcleo de Estudos de Diabetes Mellitus (NEDM) da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI) vai desafiar amanhã as...

“O desafio passa por convidar as famílias a realizar uma experiência de um dia em que não consumam alimentos açucarados, tais como bolos, doces, cereais, refrigerantes, bebidas alcoólicas, entre muitos outros”, explica Estevão Pape, coordenador do NEDM.

Com esta iniciativa, acrescenta o internista, “esperamos conseguir, de uma forma interativa, sensibilizar a população a adotar um estilo de alimentação mais saudável, de modo a reduzir o risco de desenvolver diabetes, uma doença que afeta, em média, um a três portugueses adultos”.

Para João Araújo Correia, presidente da SPMI, “através destas ações de consciencialização da população, conseguimos não só contribuir para uma melhoria da saúde de todos nós, como inclusive destacamos o papel do especialista de Medicina Interna no contexto hospitalar e na promoção da discussão pública e científica ligada às diversas temáticas da saúde”.

A diabetes é uma doença crónica que se carateriza pelo aumento dos níveis de glicemia (açúcar no sangue), que provoca a deterioração dos vasos sanguíneos. As suas consequências são diversas, nomeadamente o maior risco de desenvolver doenças cardiovasculares, como o enfarte agudo do miocárdio ou a angina de peito, insuficiência renal ou cegueira.

Segundo o Observatório da Diabetes em Portugal, há 1 milhão de pessoas com diabetes no país e 500 mil pessoas que não sabem que têm a doença. Já no panorama mundial, cerca de 500 milhões de pessoas estão diagnosticadas com diabetes, um número que se prevê aumentar exponencialmente nos próximos anos.

Falta de especialistas
O presidente do Conselho Regional do Sul da Ordem dos Médicos referiu hoje, em visita ao Hospital Garcia de Orta, em Almada,...

Nos últimos anos, a unidade hospitalar de Almada, no distrito de Setúbal, perdeu 40% dos especialistas em anestesia para o setor privado, no entanto, Alexandre Valentim Lourenço afirma, em declarações à Lusa, que este pode não ser caso único.

“Esta situação em termos de anestesia é transversal a toda a coroa metropolitana de Lisboa e por isso, se nós tentarmos resolver o problema pontual neste hospital [Garcia de Orta], vamos destapar o lençol noutro hospital qualquer. Temos que ser capazes de captar médicos anestesistas competentes que estejam fora deste sistema. Ir buscá-los ao Garcia de Orta para meter no Fernando da Fonseca e depois ir buscar para meter em Cascais o que estaria no hospital de Santa Maria não nos resolve o problema”, afirmou.

Para o responsável da Ordem dos Médicos, é preciso “quebrar este ciclo negativo” que faz com que haja menos profissionais nos hospitais públicos, até porque a falta de anestesistas “põe em risco a capacidade de assistência na urgência”.

Neste sentido, Alexandre Valentim Lourenço alertou para a necessidade de avaliar a “capacidade de formar especialistas”.

“Quanto menos médicos houver nos hospitais, nas suas funções de rotina, menos capacidade têm estes hospitais de fazer a formação. E por isso a Ordem dos Médicos está muito atenta aos níveis de formação e aos níveis de segurança mínimos definidos tecnicamente”, explicou.

O presidente do conselho da administração do Hospital Garcia de Orta, Daniel Ferro, também avançou à Lusa que “o ritmo de formação nos últimos dez anos foi muito insuficiente”.

Em comunicado, a unidade hospitalar de Almada realçou que nos últimos dez anos abriram mais de dez hospitais públicos e privados, mas “manteve-se basicamente o mesmo ritmo de formação”.

“No Hospital Garcia da Horta em dez anos poderiam ter-se formado o triplo dos anestesistas. Até 2015, formava-se um anestesista por ano, com um corpo clínico de 25 anestesistas. Mais de 50% dos anestesistas formados nos últimos dez anos ingressaram nos hospitais privados, deixando os hospitais públicos numa situação de carência”, refere o documento.

 

Portuguesa distinguida
A médica Ana Paiva Nunes recebeu o primeiro prémio de um registo internacional de tratamentos em AVC na terapêutica da...

A informação sobre o prémio consta do ‘site’ do SITS (na sigla inglesa), que é um sistema de registo independente baseado no Instituto Karolinska, na Suécia, uma iniciativa médica que pretende melhorar o tratamento do AVC, reduzindo a sua carga global e melhorando os tratamentos.

Em declarações à agência Lusa, a médica Ana Paiva Nunes explicou que em Portugal não existe obrigatoriedade de fazer o registo dos doentes submetidos a tratamentos de reperfusão. No seu caso, a médica do hospital São José começou a fazer o registo de todos os doentes submetidos a trombectomia, que é a remoção do vaso ou do trombo, que é o método geralmente indicado em coágulos grandes.

Sobre o prémio, entregue na segunda-feira na Suécia, a médica sublinhou que não se trata de uma comparação quanto ao tratamento dos doentes com AVC, mas antes é relativo à inclusão e registo de pessoas submetidas a um determinado tratamento.

Em concreto, o São José, hospital integrado no Centro Hospitalar de Lisboa Central, foi distinguido como centro com o maior registo de doentes e com melhor qualidade de dados.

Para Ana Paiva Nunes, o registo dos doentes, que é obrigatório nalguns países, “é a única forma” de um hospital se comparar com outros centros, sobretudo em Portugal, onde não existe um registo nacional.

Só um registo nacional permitira saber, por exemplo, quantos doentes com AVC foram submetidos a trombólise ou a trombectomia.

 

 

Falta de recursos preocupa especialistas
O Hospital Garcia de Orta, em Almada, no distrito de Setúbal, perdeu cerca de 40% dos anestesistas nos últimos anos para o...

“Existe uma necessidade extrema de anestesia. De facto, o hospital perdeu nos últimos anos cerca de 40% dos recursos de anestesia. Perdeu estes recursos naturalmente porque não tem capacidade de competir com o setor privado para onde eles têm transitado de forma contínua e o ritmo de formação não tem sido suficiente para fazer face a estas substituições”, avançou à agência Lusa Daniel Ferro.

Segundo o responsável, a falta de recursos humanos afeta a capacidade de realizar cirurgias e o segredo tem sido a “colaboração das pessoas, que se desdobram para fazer muitas vezes o trabalho de três ou quatro”.

O principal problema, de acordo com o responsável, é a falta de regulação para impedir que um hospital público-privado faça recrutamento de anestesistas dos hospitais públicos.

A unidade hospitalar avançou, neste sentido, que perdeu 13 anestesistas nos últimos anos, o “mesmo número recrutado por dois hospitais público-privados da margem norte”.

“É uma situação que conseguimos aguentar por um curto período de tempo, mas não num período dilatado e o apelo que nós temos feito é no sentido de esta situação ter resolução imediata”, frisou o presidente do conselho de administração.

Daniel Ferro deixou, no entanto, uma palavra de tranquilidade para a população, afirmando que “nenhuma cirurgia urgente tem sido adiada ou não feita”.

“Nenhuma situação de cirurgia programada prioritária tem deixado de ser feita, a única situação que tem sido percolada são situações de cirurgias menos urgentes e mesmo para essas estamos a procurar operar fora do hospital, com os nossos cirurgiões. Mas não é uma situação desejável para os doentes, tem incómodo para os doentes”, referiu.

O presidente do Conselho Regional do Sul da Ordem dos Médicos, Alexandre Valentim Lourenço visitou hoje esta unidade hospitalar da margem sul para “conhecer ‘in loco’ as queixas que têm surgido sobre o funcionamento da urgência e dos problemas de anestesia”.

Em declarações à Lusa, o responsável referiu que a falta de anestesistas nas equipas de urgência faz com que haja “repercussão nas cirurgias eletivas e em toda a produção cirúrgica de todas as especialidades que dependem da anestesia”.

“Isto significa que muitos dos médicos que são deslocados para fazer o seu trabalho de rotina têm que o fazer à base da urgência. A medicina baseada na urgência não é boa para a saúde dos portugueses”, afirmou.

Alexandre Valentim Lourenço revelou ainda que esta situação se tem agravado nos últimos quatro anos e que “é preciso quebrar com este ciclo negativo que faz com que haja menos profissionais nos hospitais públicos”.

Os próximos passos da Ordem dos Médicos serão, assim, continuar a reafirmar “a necessidade de se cumprir os níveis mínimos de segurança em cada especialidade” e “fazer pressão” junto das entidades competentes para que o problema seja resolvido.

Também o secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos, Roque da Cunha, denunciou a “extrema carência de serviços humanos” no hospital de Almada.

“Não é admissível que um hospital que cobre umas centenas de milhares de cidadãos portugueses tenha períodos de espera de vários meses para as mais diversas consultas”, frisou.

Neste sentido, afirmou que “não é por acaso” que se demitiram dois dos diretores de serviço, “o da anestesia e o da pediatria”.

“Este é o nosso alerta, para que o Ministério da Saúde cumpra aquilo que foi eleito para fazer, resolver o problema da saúde dos portugueses”, referiu.

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