Insuficiência Cardíaca atinge meio milhão de portugueses mas sintomas são negligenciados

Não fosse a insuficiência cardíaca (IC) uma patologia que afeta cerca de meio milhão de portugueses, e cerca de 26 milhões de pessoas em todo o mundo, com uma taxa de mortalidade superior à de alguns tipos de cancro como leucemia, cancro da mama, próstata e cólon, não fosse estimado que 1 em cada 5 portugueses irá desenvolver IC em algum momento ao longo da vida, números estes que, de acordo com o estudo The current and future burden of heart failure in Portugal, realizado por um grupo de investigadores nacionais, estimam que a mortalidade por IC sofra um incremento de 73% nos próximos 20 anos (com 8.112 mortes por IC em 2036) e que os anos de vida perdidos aumentem em 47,3% (atingindo 16.788 em 2036), e não se justificaria a urgência de lançar uma campanha sobre esta síndrome, já considerada uma epidemia à escala mundial, a que se associa o envelhecimento da população e sua longevidade. Em Portugal, o Ministério da Saúde reconheceu o impacto da insuficiência cardíaca e decidiu, recentemente, criar um grupo de trabalho dedicado a implementar uma gestão integrada da doença no país.
Acresce o facto de, em Portugal, a IC representar a principal causa de internamento hospitalar de pessoas com mais de 65 anos de idade, é uma doença subdiagnosticada e cujos sintomas se confundem com sinais do envelhecimento, pelo que são frequentemente negligenciados. Daí a campanha ter como assinatura "sinais do coração, não deixe a viagem acabar cedo de mais." O que a Sociedade Portuguesa de Cardiologia pretende com esta campanha é, assim, colmatar duas das grandes fragilidades associadas ao diagnóstico e tratamento desta doença: O reconhecimento precoce dos sinais e sintomas, e a importância de se diagnosticar atempadamente, prevenindo os internamentos e reduzindo assim a mortalidade associada à IC.
Para que cada português com Insuficiência Cardíaca possa seguir viagem mais tempo, com o devido acompanhamento e segurança, para que cada português possa aprender os sinais e prevenir esta doença, a SPC lança uma campanha multimeios, online e offline, e que conta com uma ação de ativação.
Numa parceria com a Câmara Municipal de Lisboa e com o Metropolitano de Lisboa, será instalado um coração na sua forma anatómica e gigante na Alameda D. Afonso Henriques, em Lisboa, nos dias 25 e 26 de janeiro, e no dia 28 do mesmo mês na estação de metro de São Sebastião, em Lisboa. A apadrinhar esta ação de sensibilização estará o cantor Salvador Sobral que enquanto embaixador da campanha, marcará presença na abertura do evento no dia 25 de janeiro do 12h às 14h, junto ao coração, na Alameda D. Afonso Henriques, ao lado do Presidente da SPC, João Morais. De recordar que o vencedor do Festival Eurovisão da Canção 2017 foi submetido a um transplante cardíaco há cerca de um ano em resultado de uma IC muito grave e apadrinha a ação por acreditar o quão importante é reconhecer a doença, os seus sintomas e poder assim tratá-la atempadamente.