Entrevista
Portugal é o 4º país da UE com mais mortes devido a infeções por bactérias resistentes.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde, mais de metade dos antibióticos são prescritos de forma inadequada. Quer isto dizer que não só a população não está sensibilizada para a questão da resistência aos antibióticos, como os médicos também «abusam» quanto à sua recomendação… Ora, isto não é um contrassenso? Como se justifica esta posição?

Até meados do século passado, as doenças infeciosas eram a primeira causa de morte a nível global. A utilização generalizada dos antibióticos, iniciada durante a segunda guerra mundial, permitiu tratar infeções anteriormente mortais, como a sépsis nos soldados feridos em combate, a pneumonia ou a tuberculose. Sendo eficazes, além de bem tolerados, estes fármacos passaram a ser vistos como uma “bala mágica” contra a doença. Esta confiança desmedida instalou-se de forma transversal na sociedade, abrangendo quer o cidadão utente dos serviços de saúde quer os próprios médicos. Progressivamente fomos utilizando mais antibióticos em mais situações, esquecendo o perigo, conhecido desde o início, da generalização de microrganismos resistentes, contra os quais os antibióticos tendencialmente foram perdendo eficácia. Atualmente, grande parte da população e muitos médicos têm ainda uma imagem inadequada dos antibióticos, promovendo a sua utilização em situações nas quais não têm qualquer benefício ou por períodos desnecessariamente prolongados. O problema é que, ao contrário de outros fármacos, os antibióticos, se inapropriadamente utilizados, promovem a redução da sua própria eficácia, mercê do aumento dos microrganismos resistentes.

Neste sentido, o que são e para que servem os antibióticos? Quais as regras gerais para a sua utilização?

Os antibióticos são medicamentos eficazes para tratar infeções provocadas, em geral, por bactérias. Cada grupo de antibióticos é eficaz face a determinadas bactérias. Há antibióticos, chamados de espetro de ação estreito, que são eficazes para matar poucos tipos de bactérias. Outros, designados de largo espetro, têm efeito sobre vários tipos de bactérias. Por sua vez, as bactérias podem ser sensíveis à ação de vários grupos de antibióticos ou resistentes a essa ação. Algumas são mesmo multirresistentes, isto é, as infeções que provocam só são tratáveis por um número muito reduzido de antibióticos. Como as bactérias mais sensíveis vão sendo mortas por diversos antibióticos, são selecionadas as mais resistentes que continuam a proliferar e a causar infeções mais difíceis de tratar.

Os antibióticos não são eficazes contra vírus. Portanto, não têm qualquer utilidade em situações como as gripes ou constipações. A primeira regra é não utilizar antibióticos em situações nas quais não têm qualquer utilidade, como a gripe, ou quando o benefício é irrelevante, como nas situações agudas de tosse e expetoração no jovem saudável.

Quando um antibiótico está indicado, a segunda regra é utilizá-lo apenas durante o tempo necessário, nem mais nem menos. Cabe aos médicos aconselharem os seus doentes, esclarecendo o porquê da indicação, ou não, para a toma destes medicamentos em cada situação. Para que cumpram esta função, os médicos têm que ter tempo suficiente em cada consulta e manter o nível de conhecimentos adequado sobre a matéria, o que lhes deverá ser garantido pelos grupos locais já existentes para o efeito, mas dotados de recursos humanos suficientes.

Uma terceira regra é não tomar o antibiótico que foi útil para um familiar, vizinho amigo ou para o animal de companhia, nem adquirir antibióticos sem receita médica.

Tendo em conta que a resistência bacteriana é hoje considerada um dos problemas de saúde pública mais relevantes a nível global, pedia-lhe que nos esclarecesse quanto às principais consequências do uso indiscriminado de antibióticos.

O uso indiscriminado de qualquer medicamento é errado, já que todos eles podem ter efeitos adversos, prejudicando a saúde se mal utilizados. Mas, no que respeita aos antibióticos, as principais consequências prendem-se precisamente com a seleção de bactérias cada vez mais resistentes e que provocam infeções mais difíceis de tratar. Nas últimas décadas, envolvemo-nos num ciclo vicioso no qual utilizámos antibióticos contra as bactérias existentes, aos quais essas bactérias se tornaram resistentes, após o que utilizámos antibióticos contra essas, que, por sua vez, se tornaram resistentes, e passámos a utilizar outros antibióticos. O problema é que as bactérias geram resistências mais depressa do que novos antibióticos são descobertos e, nos últimos anos, devido às regras de mercado, instalou-se mesmo uma escassez de novos antibióticos. Sobram, assim, bactérias resistentes e faltam antibióticos eficazes. É como se nos estivéssemos a dirigir, retrogradamente, para os anos em que não tínhamos antibióticos para matar as bactérias. Este caminho tem que ser invertido!

E qual o impacto social e económico das infeções causadas por bactérias resistentes a antibióticos?

Como já sabíamos, e o voltam a demonstrar os estudos agora publicados, o impacto é enorme. Socialmente, as projeções existentes e globalmente citadas calculam que, se nada de diferente for feito até lá, no ano 2050 morrerão 10 milhões de pessoas por ano, em todo o mundo, (390.000 na Europa) por infeções devidas a estas bactérias. A ser assim, seria esta a primeira causa de morte nesse ano. Mas já hoje, são 700.000 por ano as mortes por este motivo a nível global. Em Portugal, os estudos apontam para mais de 3 mortes por dia, atualmente, e 40.000 mortes até 2050, por esta causa.

Mas para quem considere mais importantes os aspetos financeiros, e não sendo conhecidos números da realidade nacional, calcula-se que estas infeções determinavam, já no ínício desta década, uma despesa acrescida de 20.000 milhões de dólares, só em 2015, nos EUA. No orçamento federal norte-americano para 2016, a administração Obama dotou a rúbrica relativa ao combate a estas infeções com uma verba de 1.200 milhões de dólares. Segundo um relatório do Banco Mundial, publicado no mesmo ano, estas infeções, por si só, terão uma repercussão superior a 5% do PIB nos países com menos recursos e provocarão consequências graves nos níveis de pobreza, nos custos da saúde, na produção alimentar, e mesmo no comércio mundial.

Quais os grupos mais vulneráveis a estas infeções? Quem está em risco?

Os grupos mais vulneráveis e que estão em maior risco, como é natural, são as pessoas com saúde mais precária, designadamente aquelas com doenças que comprometem as defesas imunitárias e com frequentes contactos com os cuidados de saúde. Principalmente nos episódios de hospitalização, a situação destas pessoas obriga a que os profissionais de saúde cumpram rigorosamente boas práticas de prevenção da transmissão da infeção.

No entanto, este é um problema que pode afetar qualquer pessoa, quando contrai uma infeção, mesmo as infeções mais comuns e adquiridas na comunidade. A tendência de aumento da resistência aos antibióticos tem-se manifestado mesmo em bactérias responsáveis por infeções que ocorrem fora dos hospitais.

Isto não quer dizer que a maior parte das pessoas, nomeadamente quando contactam com os cuidados de saúde, adquiram uma infeção por bactérias multirresistentes. O número dos que contraem infeções até tem diminuído, mesmo no nosso país, embora seja ainda elevado, cerca de 8% dos internados. O que se passa também é que têm aumentado as infeções provocadas pelas bactérias mais resistentes e, portanto, o risco de contrair uma destas infeções tem aumentado.  

Relativamente ao estudo publicado na revista The Lancet Infectious Diseases, que incide sobre esta matéria, que dados relativos a Portugal preocupam as autoridades competentes?

Se me permite, direi que essa pergunta deve ser endereçada às autoridades competentes.

Na minha opinião, e na opinião de muitos profissionais do controlo de infeção e das resistências aos antibióticos, os números agora conhecidos vêm confirmar a persistência de um problema grave, para o qual temos vindo, com sucesso limitado, a tentar sensibilizar os decisores. Acontece que nos últimos anos se verificou em Portugal um inflexão em alguns indicadores que anteriormente vinham piorando, nesta área. Isto é verdade. Em algumas bactérias tem-se verificado uma diminuição das resistências, embora limitada. O número de infeções hospitalares diminuiu. O consumo de antibióticos diminuiu, a meio desta década. Só que na maior parte dos casos estas evoluções são lentas, comparativamente com o que aconteceu em países que empenharam recursos suficientes, essencialmente humanos, nesta área. Em Portugal, o consumo de antibióticos voltou a subir nos últimos anos, aguardando-se a divulgação dos dados relativos a 2017. E, mais importante, têm proliferado as bactérias mais resistentes, cuja prevalência tem aumentado perante o pouco rigor nas práticas de prevenção seguidas em diversas instituições.

Na minha opinião, independentemente do que possa ter melhorado, e algumas coisas melhoraram, mais de 3 mortes por dia, hoje, e 40.000 previsíveis até 2050, faz deste um problema não escamoteável. Quem pretenda, ou consiga ignorá-lo, torna-se necessariamente corresponsável perante as vítimas, as suas famílias, e toda a sociedade.

Na sua opinião, que medidas deveriam ser tomadas para reverter esta tendência?

As medidas estão estudadas e são conhecidas, existem recomendações claras a nível mundial. A primeira, relaciona-se com a necessidade de dotar esta frente de trabalho de recursos humanos, médicos, farmacêuticos, enfermeiros, outros técnicos, que possam implementar as estratégias adequadas. Estas estratégias devem ser dirigidas à promoção da utilização adequada dos antibióticos, a qual passa principalmente por uma prescrição correta, mas não deve limitar-se a esta etapa. Por outro lado, a promoção de boas práticas de prevenção da transmissão da infeção nos hospitais e outras unidades de saúde, evitando situações nas quais a utilização de antibióticos de largo espetro é mais prevalente, concorre para e diminuição da seleção de bactérias resistentes.

Outra ação fundamental é o aumento da literacia em saúde das populações, com destaque para uma maior noção da importância do uso racional do antibiótico, à imagem do que já se conseguiu, por exemplo, nos países do norte da Europa.

As medidas são perfeitamente conhecidas. Cabe aos gestores, aos decisores a nível local e nacional, a sua implementação.

Para além do uso racional dos antibióticos, os especialistas afirmam que tem de existir um melhor controlo das infeções hospitalares. Como poderia isto ser feito?

As boas práticas de prevenção e controlo das infeções hospitalares são também conhecidas e recomendadas a nível europeu e mundial. Em Portugal, a implementação destas práticas é função dos grupos coordenadores locais, regionais, e da direção nacional do Programa de Prevenção e Controlo de Infeções e da Resistência aos Antimicrobianos (PPCIRA), programa prioritário da DGS. Mas esta implementação exige que sejam alteradas muitas das rotinas de trabalho, incorretas, dos profissionais de saúde, pelo que estes grupos devem ser dotados de recursos humanos que lhes permitam desenvolver a sua atividade e atingir este objetivo de otimização das práticas nesta área, única forma de garantir a segurança das pessoas internadas. Esses recursos estão legalmente previstos, mas na generalidade das unidades de saúde estas disposições legais não são cumpridas e os meios atribuídos à prevenção e controlo da infeção são claramente insuficientes. Ou seja, esta área não é, na prática, considerada uma das prioridades na gestão das unidades de saúde portuguesas.

Para terminar, e ainda no âmbito do estudo apresentado, que outras considerações gostaria de fazer?

Os números falam por si. Em termos materiais e financeiros, temos que atribuir recursos à resolução deste problema, não por sermos um país rico mas precisamente porque não nos podemos dar ao luxo de manter esta despesa, ao nível do que já referi, com estas infeções. Mas, principalmente, não podemos achar normais, sem incrementarmos o nível de esforço, os números agora divulgados, e recordo, mais de 3 mortes por dia, mais de 1150 por ano, devido a infeções por microrganismos multirresistentes – Uma epidemia silenciosa.

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As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Investigadores norte-americanos
Cientistas nos Estados Unidos decifraram pela primeira vez a função de estruturas no cérebro à volta dos neurónios e acreditam...

Segundo um estudo divulgado hoje, as chamadas redes perineuronais foram descobertas pela primeira vez em 1893 pelo neurobiólogo italiano Camillo Golgi, mas a sua função não era bem conhecida até a equipa do instituto Carilion, da universidade estadual da Virginia, ter agora concluído que regulam os impulsos elétricos no cérebro.

Quando estas redes são destruídas, podem acontecer ataques epiléticos, como descobriram quando investigaram cérebros de ratos com tumores cerebrais muito agressivos chamados glioblastomas.

Trata-se do único cancro que não consegue espalhar-se porque está limitado pelo crânio. Por isso, segrega em grandes quantidades um neurotransmissor chamado glutamato que mata as células à volta para permitir ao tumor crescer.

Os cientistas da Virginia Tech também verificaram que o tumor ataca as redes, dissolvendo-as, o que torna difícil regular os impulsos elétricos no cérebro, que pode então sofrer ataques epiléticos.

O investigador especializado em epilepsia H. Steven White afirmou que as conclusões estudo da equipa liderada pelo biólogo Harald Sontheimer se podem aplicar a outras formas de epilepsia adquirida.

"Este estudo sugere uma possível forma de modificar o desenvolvimento e a progressão da epilepsia, o que diminuiria o transtorno para os pacientes", indicou.

Mais de 50 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem de epilepsia, de acordo com a Organização Mundial de Saúde. Cerca de um terço dos doentes não responde aos tratamentos existentes.

 

Opinião
O sono é mais do que a ausência do estado de vigília, o não estar desperto.

Entre a variedade existente, podemos destacar a promoção de processos anabólicos, a produção hormonal, a termorregulação central, a “desintoxicação” cerebral e a consolidação da memória nos processos de aprendizagem. Para além disso, promove a autorregulação dos comportamentos e das emoções, e é o substrato dos sonhos.

Importa referir que o sono se altera ao longo do desenvolvimento do indivíduo na infância e na adolescência. Segundo dados da Fundação Americana do Sono (em inglês National Sleep Foundation), as necessidades de sono diminuem ao longo do crescimento: os recém-nascidos (0-2 meses) necessitam entre 12 e 18 horas de sono diárias; os bebés (3-11 meses) de 14 a 15 horas; as crianças (1-3 anos) de 12 a 14 horas; as crianças em idade pré-escolar (3-5 anos) de 11 a 13 horas; as crianças em idade escolar (6-10 anos) de 10 a 11 horas; e os adolescentes (10-17 anos) de 8,5 a 9,25 horas.

A evidência científica demonstra que alterações na quantidade e na qualidade do sono têm impacto nas funções cognitivas, emocionais e, de forma geral, nas funções psicológicas do indivíduo, independentemente da idade.

Um dos elementos mais importantes para um sono saudável é um horário de deitar e de acordar regular. O estabelecimento desta rotina no padrão de sono otimiza o “ter sono sempre à mesma hora”, assim como ajuda a regularizar o ritmo circadiano de cada indivíduo.

Outro aspeto importante para um sono saudável envolve dar oportunidade adequada a cada criança de dormir. Com isto, pretendo esclarecer que apesar de existir um número médio de horas necessárias para cada faixa etária durante o crescimento, cada criança tem necessidades de sono individuais e cada pai deve estar atento às pistas que sugerem que o filho não está a dormir o suficiente, nomeadamente quando a criança tem dificuldade em acordar de manhã e/ou que dorme mais ao fim de semana e durante as férias escolares, do que durante a semana.

Como apostar na qualidade de sono através da Higiene do Sono

É comum ouvir-se a referência à importância da Higiene do Sono, a qual corresponde a um conjunto de recomendações comportamentais que têm grande impacto positivo no sono. Destas destaco:

Ir para a cama dormir sempre à mesma hora;

  • Dormir sozinho/a na cama;
  • Não fazer sestas antes de dormir, nem consumir produtos com cafeína;
  • Ter uma rotina prévia ao deitar que permita ao organismo diminuir a agitação: evitar luzes brancas, não utilizar dispositivos digitais tecnológicos entre 30 a 60 minutos antes do deitar, procurar atividades relaxantes como ler uma história aos mais pequenos, ou sugerir aos mais crescidos que leiam um livro;
  • Não ter televisão no quarto;
  • Evitar que a criança adormeça noutro local que não a sua cama, situação que obriga o pai ou a mãe a transportar a criança durante o sono;
  • Acordar e levantar da cama diariamente sensivelmente à mesma hora;
  • Evitar que as crianças e os adolescentes utilizem a cama durante o dia para atividades que não sejam dormir. É comum, em particular nos adolescentes, tentarem passar o tempo disponível no quarto em cima da cama a ver séries, jogar no computador ou telemóvel, ou a utilizar as redes sociais. Estes são exemplos vivamente desaconselhados, pois o nosso corpo aprende com os hábitos rotineiros. Assim, se o ensinarmos a usar a cama para tudo, não haverá clara noção que aquele espaço serve para dormir e descansar.

À partida, se colocar em prática as diretrizes apresentadas acima, tem menos probabilidade de ter uma criança com problemas ou perturbação do sono-vigília, e estará a promover, igualmente, o correto desenvolvimento do seu filho.

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As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Lesão do ligamento cruzado anterior é uma das lesões mais comuns
Um estudo afirma que 15% a 23% dos jovens atletas com menos de 25 anos que sofreram uma lesão do ligamento cruzado anterior do...

Em entrevista à Lusa, Rogério Pereira, fisioterapeuta desportivo e um dos autores do estudo, explicou hoje que apesar de os programas nacionais para a promoção da atividade desportiva terem “feito uma pressão positiva”, sobretudo, junto dos pré-adolescentes e adolescentes, isso tem vindo a representar “um aumento no número de lesões desportivas”.

“É bem possível que 15 a 23 em cada 100 jovens atletas que sofreram uma lesão do ligamento cruzado anterior, que é uma das lesões mais comuns do joelho, e que voltaram ao desporto, possam ter uma segunda lesão”, salientou.

O estudo, designado “MRI-Based Laxity Measurement”, e desenvolvido por uma equipa de especialistas portugueses em medicina desportiva, integra um dos capítulos do livro “Return to Play in Footbal”, lançado em abril.

Segundo Rogério Pereira, também professor na Escola Superior de Saúde da Universidade Fernando Pessoa, no Porto, é necessário “transladar a evidência científica” e promover a prevenção de lesões musculares para a “realidade dos clubes e das associações desportivas”.

“A medicina desportiva passa pela prevenção de lesões e pelo desenvolvimento das capacidades atléticas. Na verdade, melhorar a qualidade do movimento ajuda a ser melhor desportista e, ao mesmo tempo, ajuda a prevenir. Portanto, é só mesmo falta de conhecimento, falta de cultura e falta de vontade política dentro dos clubes”, afirmou.

O fisioterapeuta mencionou também que as raparigas têm um risco “duas a oito vezes superior” do que os rapazes de sofrer lesões musculares nos joelhos, que representam um terço de todas as lesões desportivas.

“As pré-adolescentes e adolescentes têm um comportamento diferente dos rapazes, no sentido em que não são capazes de assegurar um padrão de movimento seguro e correto, ao não terem capacidade muscular suficiente para reposicionar o corpo. E daí surgem as lesões, porque colocam o joelho numa situação de risco que leva à lesão dos ligamentos”, contou.

Para o professor universitário, “a boa notícia” é que a “intervenção de um fisioterapeuta com prescrição de exercício” pode mudar essa realidade.

“Um programa de prevenção eficaz consistiria, tal como o programa da FIFA – Eleven Plus, em cerca de 12 exercícios de fortalecimento, aprendizagem motora e de pleumetria [exercícios de contacto muito breve com o solo]. Estes programas, se forem realizados duas vezes por semana, em cerca de 20 minutos, conseguem relacionar o controlo motor, a força, a mobilidade e ainda por cima, substituir o aquecimento normal”, sublinhou.

Rogério Pereira acrescentou ainda que é fundamental “os pais indagarem as entidades onde confiam os filhos para as práticas desportivas se tem medidas preventivas”, assim como “as federações das modalidades darem indicações às associações distritais e fazer-se uma formação a nível nacional”.

Doenças respiratórias
O pneumologista Carlos Robalo Cordeiro, do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), elogiou hoje as campanhas...

"As campanhas tiveram algum efeito em vários aspetos, por exemplo promoveram bastante a vacinação, que aumentou muito nos últimos anos, sobretudo contra a gripe, obviamente também com a gratuitidade das vacinas para pessoas acima dos 65 anos", salientou à agência Lusa o diretor do Serviço de Pneumologia A do CHUC.

Segundo Carlos Robalo Cordeiro, não é apenas a população com mais de 65 anos que se vacina contra a gripe nesta altura do ano, é também a população com doenças crónicas ou profissionais de saúde.

Nestes setores, a vacinação "também aumentou significativamente e isso foi também resultado das campanhas", acrescentou o especialista, que hoje apresenta o livro SPP - Uma Estratégia de Comunicação, no Algarve, no decorrer do XXXIV Congresso Nacional de Pneumologia.

Na quinta-feira à noite, na sessão de abertura, Carlos Robalo Cordeiro recebeu a medalha de ouro da Sociedade Portuguesa de Pneumologia, da qual foi presidente entre 2010 a 2015.

"O livro [Uma Estratégia de Comunicação] retrata, de alguma forma, aquilo que aconteceu durante os seis anos em que fui presidente, tem muito a ver com um modelo ou paradigma de comunicação que foi decisivo para colocar a doença respiratória e a promoção da saúde na agenda mediática e na agenda estratégica da saúde em Portugal", explicou.

Além da prevenção vacinal, o pneumologista considera que se melhorou também "significativamente na prevenção tabágica, com os dados a apontarem para uma diminuição, ainda que os números sejam envergonhados, mas há uma diminuição".

Salientando que houve melhorias, o médico refere que "ainda há muito a fazer", sobretudo a este nível, em "que Portugal está um pouco atrasado, ao contrário de outros países, com uma legislação um pouco envergonhada, porque também se começou tarde a olhar para esta situação".

Segundo Carlos Robalo Cordeiro, se se "olhar para países em que a legislação tem sido mais arrojada, na proibição tabágica e de outros dispositivos em locais públicos, como é no Canadá, Austrália e Irlanda, os resultados da diminuição da prevalência de fumadores na população desses países e a repercussão em doença é muito notório".

"Devo dizer que a indústria tabaqueira é muito ardilosa e inteligente nesta derivação do tabaco para estas novas formas, em que não deixam de ser consumidas substâncias nocivas para a saúde, eventualmente em menor dose", disse.

Ao nível da pneumonia, Carlos Robalo Cordeiro fala em "números assustadores, sobretudo acima dos 65 anos, em que a diferença é enorme acima ou abaixo dessa idade. Portanto, na população mais idosa e se caminharmos para grupos etários mais avançados, é ainda mais gritante a repercussão na mortalidade, nomeadamente ao nível hospitalar".

"É acima dos 75, dos 80 e dos 85 a principal causa de morte nos hospitais. Pensa-se que possam morrer por dia cerca de 20 pessoas por dia com pneumonia em Portugal, o que é um peso bastante significativo".

São necessários mais médicos
A renovação de médicos de família preocupa a Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, mas o secretário regional da...

“Estamos a viver uma situação particular, que é a renovação geracional: uma saída de um grande número de médicos de família e por sua vez a capacidade de termos novos médicos de família em exercício nos próximos anos”, explicou hoje o presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, Rui Nogueira, à saída de uma reunião com o secretário regional da Saúde dos Açores.

Rui Nogueira referia-se a uma situação que é comum a todo o país, uma vez que, a nível nacional, um terço dos médicos de família vão mudar nos próximos cinco anos, apontando como grande desafio desta mudança “a reestruturação das unidades de saúde”, que deve ser feita “tendo em conta as novas realidades, os novos desafios, as novas necessidades da população, tendo em conta também aquilo que é a evolução da medicina”.

O secretário regional da Saúde, Rui Luís, reconhece o problema, afirmando que, neste momento, os concelhos de Praia da Vitória e Angra do Heroísmo, na ilha Terceira, e Ponta Delgada, em São Miguel, têm falta de médicos de família, mas garante que “a perspetiva para o futuro parece ser bastante risonha”, uma vez que o executivo tem vindo a “apressar e acelerar os concursos” e que a região tem conseguido “algum poder” de atração para médicos de Medicina Geral e Familiar.

"Nós temos, neste momento, cerca de 43 internos de Medicina Geral e Familiar nos Açores e estamos a conseguir algum poder de atratibilidade, porque todos os anos estão a entrar mais médicos de família do que aqueles que estão a fazer o internato", esclareceu o governante.

Rui Luís mostrou-se agradado com a notícia da reativação da delegação da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, “que irá permitir, juntamente com a Direção Regional da Saúde, estabelecer alguns protocolos, principalmente a nível da formação, que é essencial para os médicos de família”.

O dirigente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar anunciou, ainda, que o próximo Fórum Internacional de Médicos de Família Rurais (EURIPA) irá realizar-se em Ponta Delgada, de 07 a 09 de novembro de 2019.

Serviços Partilhados do Ministério da Saúde
Os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS) confirmaram hoje a existência de problemas nos sistemas de informação do...

"Nos últimos dias ocorreram alguns problemas nos sistemas de informação centrais do Ministério da Saúde que provocaram, em alguns momentos, instabilidade na utilização dos mesmos, condicionando o trabalho dos profissionais e das instituições de saúde sobretudo ao nível dos Cuidados de Saúde Primários", afirmam os SPMS em comunicado.

Segundo os SPMS, estes constrangimentos registaram-se, sobretudo, na prescrição de Meios Complementares de Diagnóstico e Terapêutica, resultante do crescimento exponencial do projeto dos Exames Sem Papel.

"Diariamente são prescritos mais de 91.703 Exames. Ontem [quarta-feira], apesar dos constrangimentos registados, o número de Receitas Sem Papel emitidas manteve-se e o número dos Exames Sem Papel chegou aos 27% do total nacional. Estes números exigem alterações e melhorias constantes nos sistemas de informação para garantir o crescimento sustentável deste projeto", afirmam no comunicado.

O esclarecimento dos serviços partilhados surge na sequência de denúncias feitas pela Ordem dos Médicos e pela Federação Nacional dos Médicos (FNAM), em que alertavam para "o caos" que esta situação está a causar nos centros de saúde e hospitais, e que levaram hoje o Bloco de Esquerda a questionar o Ministério da Saúde.

Os SPMS adiantam que o problema tem tido um acompanhamento constante no terreno por "parte das equipas técnicas, procurando as melhores soluções de modo a reduzir o impacto nas unidades de Cuidados Saúde Primários".

"As redes locais com mais de 15 anos têm sido identificadas como as causas principais em muitos casos de reportes, falha de resposta e velocidade, em vários 'softwares', que em alguns casos sofrem com a existência de muitos postos trabalho ainda com versões 'Windows XP' e 'Windows 7', sendo conveniente o 'upgrade' das mesmas nas substituições dos Cuidados de Saúde Primários pelas Administrações Regionais de Saúde", refere o comunicado.

O documento assegura ainda que os SPMS estão "a trabalhar na evolução, consolidação e melhoria dos sistemas" e empenhados "antecipar-se aos problemas e procurar as melhores soluções informáticas para profissionais de saúde, garantindo uma estabilização progressiva dos sistemas e, simultaneamente, alcançar uma curva descendente no registo de problemas".

Administração
O Centro Hospitalar do Oeste (CHO) vai usar os sete milhões de euros que recebeu ao tornar-se Entidade Pública Empresarial para...

Questionada pela agência Lusa, Elsa Banza afirmou que os sete milhões de euros injetados no capital social do CHO “vão ser exclusivamente para pagar dívida” que, no total, é de 35 milhões de euros.

Em maio, o Governo alterou o estatuto jurídico do centro hospitalar de Setor Público Administrativo (SPA) para Entidade Pública Empresarial (EPE), o que vem facilitar a contratação de profissionais.

A presidente do novo conselho de administração, nomeado em setembro na sequência da alteração do estatuto, adiantou que espera vir a contratar pelo menos 20 médicos, 35 enfermeiros e 40 assistentes operacionais “para colmatar necessidades e repor recursos que se foram perdendo ao longo dos anos”.

Elsa Banza anunciou também que o CHO lançou concurso para obras no hospital de Peniche, onde vai ser criada uma ala psiquiátrica, com nove camas de internamento.

O investimento de meio milhão de euros, com financiamento comunitário a 85%, deverá ficar concluído no final de 2019.

A administradora falava à margem da cerimónia de entrega de duas Viaturas Médicas de Emergência e Reanimação (uma para o hospital de Caldas da Rainha e outra para Torres Vedras) pelo Instituto Nacional de Emergência Médica.

As VMER entraram em funcionamento em 2002 e 2009 e foram agora renovadas.

O Centro Hospitalar do Oeste integra os hospitais de Torres Vedras, Caldas da Rainha e de Peniche e detém uma área de influência constituída pelas populações daqueles três concelhos, Óbidos, Bombarral, Cadaval e Lourinhã, e de parte dos concelhos de Alcobaça (freguesias de Alfeizerão, Benedita e São Martinho do Porto) e de Mafra (com exceção das freguesias de Malveira, Milharado, Santo Estevão das Galés e Venda do Pinheiro).

A população abrangida é de 292.546 pessoas, número que sobe para mais de 300 mil pessoas devido a eventos sazonais e aos doentes referenciados pelos centros de saúde.

INEM
A rede de Viaturas Médicas de Emergência e Reanimação (VMER) está "estabilizada", com 44 viaturas, depois de terem...

“A rede VMER está estabilizada, com 44 viaturas, 20 das quais adquiridas em 2016, 22 em 2017 e duas este ano”, afirmou Luís Meira, que admitiu que o INEM está ainda a “fazer esforços para reforçar alguns pontos”.

“Em 2016, tínhamos viaturas a prestar este serviço com uma média de idades superior a 10 anos e neste momento todas as VMER são recentes e foram adquiridas através de um processo iniciado em 2016”, acrescentou.

O presidente do INEM falava durante a cerimónia de entrega de duas VMER ao Centro Hospitalar do Oeste (CHO), em Torres Vedras, no distrito de Lisboa, ficando uma em Caldas da Rainha e outra em Torres Vedras.

A aquisição das 44 novas VMER corresponde a um investimento superior a dois milhões de euros.

As VMER são acionadas em média 250 vezes por dia em todo o país.

Das 44 viaturas em funcionamento, 14 estão no norte do país, dez no centro, e 20 no sul, 17 das quais na região de Lisboa e Vale do Tejo e Alentejo e três na região do Algarve.

As VMER são veículos de intervenção pré-hospitalar destinados ao transporte rápido de uma equipa médica até ao doente, atuando na dependência direta dos Centros de orientação de Doentes Urgentes do INEM.

O seu principal objetivo consiste na estabilização pré-hospitalar e no acompanhamento médico durante o transporte de vítimas de acidente ou doença súbita em situações de emergência, assumindo um papel preponderante no apoio às populações.

O CHO, com hospitais em Caldas da Rainha, Peniche e Torres Vedras, serve 293 mil habitantes dos concelhos do Bombarral, Cadaval, Caldas da Rainha, Lourinhã, Óbidos, Peniche, Torres Vedras e parte de Alcobaça e de Mafra.

Jovens diabéticos
A Associação de Jovens Diabéticos de Portugal (AJDP) promove no sábado, em Santarém, um evento de informação e partilha de...

Paula Klose, presidente da AJDP, disse à Lusa que o evento se foca na diabetes tipo 1, a que tem merecido menos atenção pública, sublinhando as diferenças em relação à diabetes tipo 2, sobretudo porque não resulta de comportamentos voluntários (como sedentarismo ou hábitos alimentares) nem de fatores genéticos.

“Aqui não existe ‘culpa’. A doença surge, sem que se saiba ainda porquê, apesar dos muitos estudos científicos, afetando pessoas de todas as idades”, disse, salientando que, “com uma série de cuidados”, o dia-a-dia dos portadores desta doença é perfeitamente normal.

Para Paula Klose, ela própria portadora de diabetes tipo 1, o conhecimento que estas pessoas adquirem sobre o seu corpo e a alimentação, dada a necessidade de fazer a contagem regular de hidratos de carbono e de saber dosear a insulina de que necessitam, até ajuda a que “possam ser mais saudáveis”.

No evento que irá decorrer ao longo de todo o dia de sábado, na Casa do Campino, várias pessoas que vivem com a diabetes tipo 1 vão partilhar o seu testemunho, mostrando “como não são definidas pela doença e referindo os principais desafios que têm enfrentado, nomeadamente por preconceitos da sociedade”.

Entre os testemunhos estarão os de uma pessoa com 83 anos, Raúl Teodoro, que vive com a doença há 60 anos, um jovem ator, Miguel Ruivo, com a doença desde os 10 anos, e um fisiologista do exercício, João Almeida, 22 anos, com diabetes desde os 15 anos.

A AJDP tem em curso a campanha “Somos o que queremos ser”, em que várias pessoas dão a cara para mostrar como a doença não as impede de fazer o que quer que seja, nomeadamente a prática de exercício físico, mesmo em competição.

Ao longo do dia, especialistas falarão de situações em que ainda persiste o estigma, nomeadamente na escola, com relatos de casos em que a falta de conhecimento levou a atuações menos corretas para com as crianças, ou mesmo nas instituições de saúde, dada a prevalência de uma abordagem que se “foca mais nos números do que no relacionamento pessoal”.

A importância do desporto na diabetes será outro dos temas a abordar, estando previsto um treino para ensinar alguns exercícios e uma aula de artes marciais.

As inovações nesta área, nomeadamente, o designado “pâncreas artificial”, que permite a medição contínua e a injeção automática da insulina, serão outro assunto em análise.

“A ideia de que a diabetes pode limitar a vida e as escolhas dos jovens e crianças que vivem com esta doença crónica continua a estar presente na mente de pais e professores”, afirmou Paula Klose, lamentando que ainda existam “escolas que não aceitam crianças que vivem com diabetes por não saberem como dar-lhes o apoio de que necessitam e por não terem profissionais disponíveis para acompanhar estas crianças”.

Apontou ainda que alguns professores, em especial de educação física, “continuam a proibir alunos que vivem com diabetes de realizar as aulas, por pensarem que estes não as podem realizar”.

Afirmando que a diabetes tipo 1 afeta 3.327 jovens em Portugal, a presidente da AJDP salientou a importância de dar a conhecer a estes jovens que “podem ter uma vida plena, saudável e sem limitações, desde que façam o tratamento adequado, que passa pelo controlo diário dos níveis de glicemia no sangue, uma alimentação saudável e a prática regular de exercício físico”.

A diabetes tipo 1 é uma doença crónica, que se desenvolve quando o pâncreas para de produzir a insulina de que o corpo necessita e, consequentemente, os níveis de açúcar no sangue sobem.

Perigos da exposição
O Conselho de Ministros aprovou um diploma que transpõe para a lei nacional as normas europeias de segurança e proteção contra...

Os objetivos das normas europeias são aumentar a proteção contra as radiações ionizantes em contexto médico, industrial e ocupacional.

Os efeitos da radiação ionizante no corpo humano são complexos e dependem da intensidade da energia usada, mas esta radiação tem várias aplicações com largos benefícios, como a radioterapia ou os raios-X.

No contexto industrial, as aplicações são igualmente vastas, sendo exemplo a esterilização por irradiação.

O comunicado do Conselho de Ministros de hoje indica que foi aprovado um decreto-lei que transpõe as normas europeias e que abrange “todo o espetro de aplicações das radiações ionizantes, incluindo as utilizações médicas, as utilizações industriais e diversas situações de exposição (exposição ocupacional, exposição do público e exposição médica a radiações ionizantes)”

 

Estudo
Uma droga utilizada no tratamento de hepatite C crónica também é eficaz contra o vírus da chikungunya e da febre-amarela,...

O estudo é parte de uma tese de doutoramento de vários alunos do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP), sob a orientação do Professor Lucio Freitas-Junior, e foi financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa Estado de São Paulo (Fapesp).

"As células humanas infetadas por chikungunya foram tratadas com a droga sofosbuvir, que eliminou o vírus sem prejudicar as células. A droga foi 11 vezes mais eficaz contra o vírus", afirmou uma das autoras do estudo, Rafaela Milan Bonotto.

Já o professor Lucio Freitas-Junior, destacou que o sofosbuvir já é aprovado para uso humano, o que reduz o tempo em que a droga poderá estar disponível no mercado para tratar a chikungunya, um fator que também baixa os custos do tratamento.

"O sofosbuvir é uma droga que passou todo o processo de aprovação para uso humano que permite que ele seja usado contra a chikungunya entre um e três anos. O custo da pesquisa clínica, estimado em 500 mil dólares (437,8 mil euros), seria muito menor também", afirmou Freitas-Junior.

O pesquisador lembrou que a chikungunya é uma doença grave não só durante a infeção, mas também pelas sequelas que pode deixar como dores articulares capazes de incapacitar pessoas infetadas por meses ou anos.

A chikungunya é um dos vírus transmitidos pelo mosquito Aedes aegypti, também responsável pela transmissão da dengue, da febre-amarela e do vírus zika.

Na sua fase aguda, a doença produz sintomas semelhantes aos da dengue como dores de cabeça e muscular, febre ou náusea.

"Sofosbuvir é um elemento específico que pode tornar-se uma ferramenta poderosa para combater este vírus. Os resultados da nossa pesquisa permitem que as instituições eventualmente interessadas iniciem ensaios clínicos", acrescentou Freitas-Junior.

Os mesmos pesquisadores apontaram o Sofosbuvir também serve para o tratamento de casos de febre-amarela e disseram que devem apresentar outro estudo mostrando a eficácia da droga no tratamento desta doença em breve.

A chikungunya foi a doença mais letal transmitida pelo Aedes aegypti no Brasil em 2017 e só pode ser combatida com prevenção já que ainda não há uma vacina ou medicamento específico aprovado.

 

À margem 34.º Congresso de Pneumologia
Especialistas alertaram para a importância de esclarecer os jovens para o impacto neurológico e respiratório do consumo de...

O facto de esta droga psicoativa poder ser também usada para fins medicinais conduz a que se instale “alguma confusão”, levando a “uma perceção reduzida dos riscos” cerebrais, sobretudo entre os adolescentes, defendeu Teresa Summavielle, investigadora na área da Biologia da Adição, no 34.º Congresso de Pneumologia, que decorre até sábado em Albufeira.

Já o presidente da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, José Miguel Chatkin, alertou para os efeitos adversos do consumo de canábis no sistema respiratório, sublinhando, contudo, que ainda não ter foi possível provar a relação entre o seu consumo e o aumento da probabilidade de desenvolver cancro do pulmão.

De acordo com a investigadora do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto, o consumo continuado de canábis pode levar ao desenvolvimento de doenças psiquiátricas e de comportamentos similares aos que são observados nos doentes com esquizofrenia.

"Era muito importante fazer, desde cedo, nas escolas, uma política clara para a aprendizagem dos efeitos destes componentes: do tabaco, da canábis e de outras drogas", defendeu Teresa Summavielle, em declarações à Lusa, sublinhando que os adolescentes têm "uma perceção muito reduzida" dos riscos cerebrais associados.

Por outro lado, refere a investigadora, apesar de se desconhecerem os mecanismos que produzem esta interação, o consumo de nicotina potencia o efeito do álcool e também dos canabinóides, o que significa que, tomadas em conjunto aquelas substâncias ganham ainda efeitos mais nocivos.

Apesar de os efeitos psicoativos do consumo da canábis serem imediatos, os seus componentes acumulam-se no tecido cerebral, mas também no tecido adiposo, o que faz com que a sua presença no organismo se prolongue por mais tempo, podendo ser detetada até quase um mês após a sua utilização, num consumidor regular.

O pneumologista José Miguel Chatkin, avisou, por seu turno, para o impacto do consumo de canábis no sistema respiratório, que pode, dependendo da frequência do consumo, ser tão nocivo como o consumo de tabaco.

Segundo o especialista, para além de os consumidores de canábis aspirarem o fumo de forma mais profunda, tendem a retê-lo mais tempo nos pulmões do que os consumidores de tabaco, além de, geralmente, a substância ser fumada sem filtro.

Os especialistas falavam durante uma conferência sobre tabagismo, no 34.º Congresso de Pneumologia, que decorre até sábado num hotel em Albufeira.

Conferência
Médicos e investigadores internacionais reúnem-se a partir de hoje em Lisboa para debater o uso da canábis para fins...

A conferência internacional “Lisbon Medical Cannabis 2018” é promovida pela Cannativa – Associação de Estudos sobre Canábis e resulta, segundo a associação, da “enorme necessidade de informação que existe em Portugal” sobre esta matéria.

“A canábis medicinal, apesar de já ter sido legalizada em Portugal, ainda não está regulamentada, e tanto os médicos como os pacientes ainda não têm informação que lhes permita saber o que é a canábis medicinal, como e quando utilizá-la e em que dose”, disse à Lusa Laura Ramos, editora da Canapress, o órgão de informação da Cannativa, que pretende contribuir para “o debate sobre a canábis com rigor e isenção”.

Do contacto com os doentes, a associação também percebeu que estes estavam com “muitas dificuldades” em ter aconselhamento e acompanhamento médico.

“Tivemos todas as situações, médicos que incentivaram o consumo de canábis, por exemplo, em doentes oncológicos, mas também tivemos médicos que nem querem ouvir falar disso e que disseram a pais de crianças com epilepsia ‘você vai drogar o seu filho’”, referiu Laura Ramos.

Foi perante estes relatos, que a associação sem fins lucrativos considerou que “era urgente e necessária mais informação, tanto para os pacientes e para o público em geral, como para os profissionais de saúde para que no futuro possam acompanhar melhor os pacientes e ter mais informação”, adiantou.

A utilização de medicamentos, preparações e substâncias à base de canábis foi aprovada pelo Parlamento em 15 de junho na votação final global de um texto da comissão parlamentar de saúde, originado por projetos de lei do Bloco de Esquerda e do partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN), e promulgada pelo Presidente da República a 10 de julho.

Segundo o texto, terá de ser um médico a prescrever medicamentos ou preparações à base desta planta, em que são consideradas substâncias que vão desde os óleos até à flor desidratada, mas só se outras terapêuticas convencionais tiverem efeitos adversos ou indesejados.

A discussão no Parlamento desta medida gerou “algum debate” na sociedade, mas é preciso que esse debate não pare: “é preciso fazer com que aconteça mais vezes para que mais pessoas” possam perceber, por exemplo, os benefícios que o óleo de canabidiol pode ter numa criança com epilepsia, fazendo com que, “em vez de ter 50 convulsões por mês possa ter quatro ou cinco”, disse Laura Ramos.

Com estes “resultados fantásticos (…) nós enquanto associação pensamos quantas crianças não poderiam estar bem melhores e quantas famílias não poderiam ter muito mais qualidade de vida se pudessem ser tratadas com canábis e é nesse sentido que achamos que é urgente que haja debate, informação, conferências, encontros, seja o que for, desde que se estimule o debate e que se difunda a informação”, sustentou.

Afirma especialista internacional
A tecnologia veio “alterar profundamente” as cirurgias e tornou-as “mais inteligentes”, defendeu hoje na Web Summit o cirurgião...

“A robótica veio alterar profundamente o campo das cirurgias. Houve mudanças profundas nos últimos 15 anos”, argumentou Dorry Segev, cirurgião da área da transplantação e professor na universidade norte-americana Johns Hopkins.

Segev apontou como exemplo da laparoscopia, a cirurgia minimamente invasiva, área que a robótica “trouxe e elevou a um outro nível”.

Uma das grandes vantagens da robótica, segundo Dorry Segev, é conseguir uma “redução total” das tremuras das mãos de um cirurgião.

“Com a robótica, controlamos o robot, que faz os movimentos conseguindo uma redução total de tremuras”, afirmou o cirurgião, lembrando que quase um terço das cirurgias atuais nos Estados Unidos já são feitas com recurso à robótica.

Dorry Segev mostra-se convicto de que a inteligência artificial pode trazer ainda muitos contributos em contexto cirúrgico, eventualmente até passando por, no futuro, permitir compreender o âmbito das conversas num bloco operatório, fornecendo informação útil à situação concreta.

Para o futuro próximo, o cirurgião não foi capaz de dizer se a tecnologia permitirá realizar cirurgias à distância, mas não descarta que, se a tecnologia estiver correta, um cirurgião possa sentar-se no seu escritório e operar como se estivesse no bloco.

A conferência "Tornando as cirurgias inteligentes uma realidade" decorreu no âmbito das conferências sobre saúde na Web Summit, cimeira que decorre desde segunda-feira em Lisboa e que hoje termina.

Web Summit
Mais de 30 milhões de pessoas usam uma aplicação móvel para meditar, a Headspace, que tem como objetivo pôr a tecnologia ao...

Megan Jones Bell, responsável da Headspace, esteve hoje numa conferência na cimeira Web Summit, em Lisboa, a promover a ideia de que todos devem ter acesso à meditação, como forma de proteger a saúde mental e fortalecer a resiliência. Segundo a responsável, a aplicação já ultrapassou os 30 milhões de utilizadores.

“A ideia é promover a saúde mental antes de ela se tornar um problema”, afirmou Megan Jones Bell, indicando que estão a trabalhar nos Estados Unidos e também no Reino Unido para integrar a meditação nos cuidados de saúde.

“Tentamos, trabalhando com vários profissionais de saúde, encontrar formas de integrar a meditação e promovê-la em doentes com depressão ou mesmo em doentes oncológicos”, afirmou a responsável da aplicação Headspace, que já se submeteu a validação científica por parte da FDA, o regulador norte-americano.

Aliás, para Megan Jones Bell, a validação científica contínua é essencial numa aplicação que pretende ter influência na saúde das pessoas.

A Headspace tem em curso mais de 60 estudos clínicos a ser desenvolvidos por centros académicos para avaliar o impacto da própria aplicação, o que pode “ajudar a maximizar o seu impacto”.

A aplicação pretende ajudar qualquer pessoa a meditar, lembrando a empresa que há milhares de estudos que já mostraram que a meditação pode ter impacto positivo na saúde física e mental, reduzindo o 'stress', aumentando a concentração e promovendo boas noites de sono.

Um estudo promovido pela própria empresa que detém a aplicação terá mostrado que a utilização da Headspace por 10 dias consegue reduzir o 'stress' em 14%, além de reduzir a irritabilidade em mais de 25%.

Segundo a própria aplicação disponível em telemóveis e outros dispositivos, a meditação não pretende transformar uma pessoa: “A meditação não é tornar-se uma pessoa diferente, uma nova pessoa, nem sequer uma pessoa melhor. Trata-se de treinar em consciência e ter uma perspetiva saudável. Não se tenta desligar os pensamentos ou as emoções. Aprende-se a observá-los sem julgamento. E eventualmente pode-se compreendê-los também melhor”.

A aplicação, que nasceu há meia dúzia de anos, pode ser experimentada de forma gratuita, na sua versão mais básica, mas requer depois uma subscrição para se continuar com programas mais avançados de meditação e ‘mindfulness’.

Especialista esclarece
As doenças surgem em pessoas com inflamação silenciosa. A alimentação tem um papel essencial no nos
Prevenir inflamação com alimentação

A inflamação crónica é patológica, perigosa para a saúde, diferente dos processos inflamatórios agudos que são normais e constituem um sistema defensivo do nosso organismo, sendo uma resposta essencial para combate dos agressores e defesa do organismo.

Os sinais de inflamação aguda (uma inflamação de curto duração) incluem vermelhidão, dor, calor e inchaço. No entanto, a inflamação crónica (de longa duração) é muitas vezes silenciosa e ocorre sem a manifestação de sintomas visíveis.

Por exemplo, quando consumimos produtos industrializados, cheios de aditivos e com proteínas para as quais não temos a capacidade de digerir, o corpo reage desencadeando a mobilização de células imunitárias, que atuam como mensageiras do sistema imunitário. Ou seja, este reage gerando uma resposta inflamatória.

O problema surge quando a inflamação é mantida. Inflamação aumenta a libertação de citoquinas inflamatórias que alteram o metabolismo do corpo e que está na origem de muitas doenças

A inflamação crónica promove um desequilíbrio do sistema imunitário podendo assim, levar o desenvolvimento de doenças, tais como, síndrome metabólica, diabetes tipo II, doença cardiovascular, défices nutricionais, problemas de sono, depressão, cancro, doenças autoimunes e degenerativas, entre outras doenças e distúrbios.

Porque surge a inflamação e o papel da alimentação

A inflamação surge em resposta a uma exposição crónica e exagerada a agentes agressores. Entre estes podemos destacar: uma má alimentação, tóxicos, poluição eletromagnética, stresse, sedentarismo. O problema surge quando a inflamação é mantida. Inflamação aumenta as citoquinas que alteram o metabolismo do corpo e que está na origem de muitas doenças.

No que diz respeito à alimentação existem determinados alimentos que podem promover a inflamação, tais como:

  • Produtos industrializados: devido às substâncias químicas utilizados no processo de produção, como os corantes, conservantes e aromatizantes.
  • Hidratos de carbono refinados: como o pão branco, massas, trigo.
  • Alimentos ricos em açúcar: como bolachas, produtos de pastelarias, cereais de pequeno-almoço.
  • Carnes vermelhas em excesso
  • Leite e derivados.
  • Refrigerantes e bebidas alcoólicas.

Como combater / prevenir a inflamação

Para o combate e prevenção da inflamação é essencial começar por identificar os agentes agressores e eliminar/reduzir a exposição aos mesmos, passando também pela adoção de uma dieta anti-inflamatória.

Uma dieta anti-inflamatória, em conjunto com a prática de uma atividade física, sono adequando e controlo/redução do stresse, pode proporcionar diversos benefícios, como:

  • Melhoria dos sintomas de doenças autoimunes, como artrite.
  • Diminuição do risco de obesidade, doenças cardiovasculares, diabetes, depressão, cancro.
  • Redução dos marcadores inflamatórios.
  • Melhoria dos níveis de açúcar no sangue (glicémia).
  • Melhoria dos níveis de energia.

Uma dieta anti-inflamatória passa pela redução da ingestão de alimentos inflamatórios e aumento da ingestão de alimentos anti-inflamatórios.

Os 8 alimentos que o podem desinflamar:

  1. Açafrão: possui propriedades anti-inflamatórias, sendo que quando conjugado com outros alimentos anti-inflamatórios, aumenta a sua ação
  2. Azeite: rico em gorduras monoinsaturados, que contribui para a redução do colesterol LDL, assim como para o bloqueio da produção de elementos químicos promotores de processos inflamatórios no organismo.
  3. Frutos oleaginosos: neste grupo incluem-se as nozes, as amêndoas, avelãs, nozes da macadâmia, entre outros. Estes são ricos em antioxidantes, que ajudam a combater os radicais livres e a reparar os danos causados pela inflamação. Por exemplo, as nozes contêm ómega-3, um ácido gordo essencial, que reduz a inflamação.
  4. Peixes gordos: como o salmão, a cavala, a sardinha, o atum e o arenque. Devido ao seu elevado teor em ómega-3 ajudam a reduzir os processos inflamatórios no organismo. O seu consumo deve de rondar as 3 vezes por semana.
  5. Fruta: sendo de destacar os frutos vermelhos, como os morangos, amoras, mirtilos e framboesas muito ricos em antioxidantes. Também a presença de antocianinas, pigmentos que conferem cor, ajudam a combater as inflamações crónicas.
  6. Vegetais de folha verde-escura: estes vegetais são muito ricos em vitamina E que é essencial para o combate aos processos inflamatórios. Temos como exemplos, os espinafres, brócolos e vários tipos de couves.
  7. Tomate: rico em licopeno, antioxidantes, fósforo e potássio, que ajuda no fortalecimento do sistema imunológico.
  8. Gengibre: este é rico numa substância ativa, o gingerol, que possui propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias, ajudando a reduzir os níveis de inflamação, seja aguda ou crónica.

Em suma, podemos controlar e evitar a inflamação. Para tal é essencial a realização de uma alimentação cuidada, procurando privilegiar os alimentos anti-inflamatórios, utilizando-os o mais próximo seu estado natural, sendo também de preferir, sempre que possível os alimentos biológicos ou da horta.

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Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Universidade de Aveiro
Chama-se ácido oleanólico, está presente em muitas frutas e vegetais e tem propriedades antioxidantes, anticancerígenas, anti...

A pensar nas indústrias farmacêutica e do azeite, o método de extração desenvolvido promete dar um valor acrescentado aos milhares de toneladas de folhas que o país produz todos os anos.

“O interesse no ácido oleanólico deve-se às suas propriedades benéficas para a saúde humana, nomeadamente as propriedades antioxidantes, anticancerígenas, anti-inflamatórias e antialérgicas, apresentando assim um grande interesse para a indústria farmacêutica”, explica a investigadora Ana Cláudio que, juntamente com Emanuelle Faria, Armando Silvestre e Mara Freire do CICECO – Instituto de Materiais de Aveiro e do Departamento de Química da UA, assina o trabalho.

As folhas de oliveira são um resíduo proveniente da indústria do azeite, uma das indústrias mais relevantes em Portugal e que, ao nível mundial, gera anualmente cerca de 1 milhão de toneladas de folhas.  Atualmente este resíduo é normalmente queimado para gerar energia já que para se extrair o ácido oleanólico o método até agora existente não é sustentável e recorre à utilização de solventes orgânicos voláteis, muitas das vezes tóxicos e carcinogénicos.

Trabalho a pensar nas indústrias nacionais

Na UA, os investigadores descobriram ser possível extrair o ácido oleanólico com a utilização de soluções aquosas de líquidos iónicos a temperaturas próximas do ambiente, substituindo a utilização de solventes orgânicos voláteis e as elevadas temperaturas para o efeito. 

“Este trabalho surgiu com o intuito de valorizar este subproduto através da extração e recuperação de compostos de valor acrescentado presentes nas folhas de oliveira, tais como os ácidos triterpénicos [onde o ácido oleanólico se insere]”, explica Ana Cláudio cujo trabalho contou também com a colaboração da Universidade Tecnológica de Viena (Áustria).

Especificamente utilizaram-se soluções aquosas de líquidos iónicos como solventes alternativos, permitindo o desenvolvimento de um processo de extração seletivo e mais sustentável. Para além de água, aponta a investigadora, “utiliza-se apenas uma pequena quantidade de líquidos iónicos, sendo que estes últimos apresentam uma pressão de vapor desprezável e, portanto, diminuem a poluição atmosférica”.

No final deste novo processo de extração do ácido oleanólico, os investigadores garantem ainda ser possível reutilizar quer os líquidos iónicos, quer as folhas de oliveira para gerar energia, contribuindo também este método para o desenvolvimento de um processo integrado em biorefinaria.

O processo desenvolvido pode ser utilizado em grande parte das indústrias nacionais que produzam resíduos agroflorestais ou resíduos alimentares que apresentem na sua composição compostos de valor acrescentado, sendo apenas necessário ajustar as propriedades físico-químicas dos líquidos iónicos utilizados e demais condições operacionais.

Universidade de Coimbra
Uma dieta que inclua o cogumelo "Coriolus versicolor" estimula os neurónios e poderá contribuir para prevenir...

Uma equipa de investigação do Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNC) e do Instituto de Investigação Clínica e Biomédica de Coimbra (iCBR) da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC) descobriu que o "Coriolus versicolor" aumenta a complexidade dos novos neurónios formados no hipocampo adulto, uma área do cérebro ligada à memória.

"A nossa descoberta sugere que este cogumelo poderá contribuir para o fortalecimento da reserva neurogénica e possivelmente da ‘reserva cognitiva'" aponta Ana Cristina Rego, investigadora do CNC, docente da FMUC e corresponsável pela coordenação da investigação.

Frederico Costa Pereira, investigador do iCBR, docente da FMUC e corresponsável por este estudo, acrescenta que "uma dieta que inclua este suplemento pode fazer parte de uma estratégia que favoreça o envelhecimento saudável, incluindo a prevenção de défices cognitivos associados ao processo de neurodegenerescência".

Este investigador avisa, contudo, "que mais estudos pré-clínicos terão de ser realizados".

Publicado na revista "Oncotarget", o estudo foi realizado em murganhos (ratinhos) submetidos a uma dieta com a biomassa do cogumelo, tendo-se verificado um aumento significativo do tamanho e arborização das dendrites (prolongamentos dos neurónios que permitem que estes comuniquem entre si) de novos neurónios formados no hipocampo adulto.

O estudo teve como primeiras co-autoras Elisabete Ferreiro (investigadora do CNC) e Inês Pita (investigadora do iCBR) e envolveu ainda Sandra Mota (do CNC), Carlos Fontes-Ribeiro (do iCBR) e Nuno Ferreira (da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra).

Durou cerca de 18 meses e contou com o patrocínio da Mycology Research Laboratories (www.mycologyresearch.com), empresa britânica focada em produtos de nutrição baseados em cogumelos, que mantém colaborações com várias universidades portuguesas.

O grupo de investigação contou ainda com a colaboração da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra, da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de Lisboa, do Achucarro-Centro Basco de Neurociência (Espanha) e do Departamento de Ciências Biomédicas e Biotecnológicas da Escola de Medicina da Universidade de Catania (Itália).

William Ahern, diretor-geral da Aneid Produtos Farmacêuticos, que representa a farmacêutica britânica em Portugal, "mostra-se otimista com os resultados", sublinhando que "mais investigação básica (a nível laboratorial) e clínica terá de ser efetuada para demonstrar um aumento da ‘reserva cognitiva'", segundo uma nota divulgada hoje pela Universidade de Coimbra.

Especialistas reunidos em evento em Macau
Especialistas da Organização Mundial da Saúde (OMS) defendem a padronização internacional dos termos da medicina tradicional...

A padronização internacional dos termos desta medicina “é muito importante para promover a sua internacionalização” sendo esta a base para “integrar a medicina tradicional chinesa no sistema de serviços de saúde”, afirmou o diretor do Centro de Cooperação de Medicina tradicional da OMS, Choi Peng Cheong, durante uma reunião em Macau de especialistas em termos técnicos no âmbito de medicina tradicional da OMS, citado hoje em comunicado pelas autoridades do território.

Além da OMS, estão reunidos neste evento, que termina na sexta-feira, especialistas e académicos do interior China, Hong Kong, Macau, Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, Alemanha, Suíça, África do Sul, Austrália, Singapura e Tailândia, de acordo com a mesma nota.

“A padronização é fraca a nível internacional”, apontou Choi Peng Cheong.

Os especialistas e académicos estão a discutir “mais de 4.000 termos e definições internacionais padronizadas no âmbito de medicina tradicional chinesa”, sublinhou o chefe substituto do Serviço de Medicina Tradicional Complementar do Departamento de Funcionamento e Segurança dos Serviços de Saúde da OMS, Liu Wei.

A promoção da padronização internacional dos termos desta medicina tem de ser promovida de forma a permitir o crescimento da "produção, elaboração e disseminação" da medicina tradicional chinesa, sublinhou.

As exportações de artigos de medicina tradicional chinesa subiram em 2017 para as 358 mil toneladas, de acordo com a Câmara de Comércio da China para Importação e Exportação de Medicamentos e Produtos de Saúde.

Em 2017, a China vendeu 358 mil toneladas de produtos ligados à medicina tradicional chinesa, um aumento de 0,7% em relação ao ano anterior.

O valor das exportações foi de 3,6 mil milhões de dólares (3,07 mil milhões de euros), um aumento de 2,1%, segundo o mesmo organismo.

Em 2016, o comité central do Partido Comunista Chinês (PCC) e o Conselho de Estado lançaram um plano estratégico de saúde de longo prazo (2016-2030), alicerçado em torno da medicina tradicional chinesa, tendo apostado em Macau como plataforma para a promover junto dos países europeus e lusófonos.

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